TECNOLOGIAS
DE INFORMAÇÃO
ESTE SUPLEMENTO FAZ PARTE INTEGRANTE DA VIDA ECONÓMICA Nº 1370, DE 12 NOVEMBRO DE 2010,
E NÃO PODE SER VENDIDO SEPARADAMENTE
II
TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO
sexta-feira, 12 Novembro de 2010
Está planeada a criação de um centro de competência
Unit4 investe em Portugal para chegar aos PALOP
Para aumentar as receitas em Portugal a Unit4, fabricante
holandês de software ERP para empresas de médio porte, vai
proceder a uma série de investimentos na estrutura local –
sede e infra-estruturas assim como o aumento dos recursos
humanos – consultoria e suporte, nas competências e formação das equipas e no investimento na estrutura de vendas &
marketing. Ricardo Marques mencionou ainda a criação de
um centro de competência para os PALOP e na fundação de
subsidiárias em países com maior crescimento no investimento de TIC, do qual a abertura da subsidiária em Moçambique
é o primeiro passo.
Ultrapassar a natural reacção de “retracção” dos potenciais clientes a qualquer investimento – mesmo que este signifique
uma melhoria nos processos internos de
negócio, na redução de custos de operação
e na melhor preparação para enfrentar as
necessidades do negócio no futuro – vai ser
o grande desafio que a Unit4, fabricante
de software ERP para empresas de médio
porte, terá de enfrentar no futuro próximo.
Ricardo Marques, director comercial da
Unit4, em declarações à “Vida Económica”, assume que o actual período económico veio efectivamente diminuir o número
de empresas com capacidade para investir na melhoria de processos do negócio
através das Tecnologias da Informação e
Comunicação. No entanto, o responsável
enaltece que isto significa que a mensagem da Unit4, da atenção aos custos reais
dos sistemas de TI e a preocupação com o
TCC – Total Cost of Change (“Custo total
de Mudança”), é mais actual e entendível
do que no passado. Aliás, Ricardo Marques diz que o mercado global dos ERP continua a ser dinâmico e consequentemente a crescer. “Em
termos do grupo Unit4, a nossa presença
neste mercado evolui a um ritmo superior
à média”.
O grupo tem apresentado um ritmo de
crescimento consistente quer em termos
de licenças quer de serviços, diz o responsável, embora os sectores da administração
local, da educação e dos serviços sejam os
sectores com o ritmo de crescimento mais
significativo (superior a 20% ao ano). “Em
Portugal, têm sido dois anos marcados
pelo processo de consolidação dos clientes nacionais e internacionais, registo de
clientes em novos sectores e sobretudo um
maior reconhecimento da nossa marca e da
visão”. Administração local e serviços
acima das expectativas
Apesar de tudo, numa perspectiva global, os objectivos estão abaixo das expectativas iniciais definidas pelo grupo com o
investimento em 2006 na presença directa
em Portugal. “Mas temos áreas como a administração local e os serviços com resultados acima das expectativas”.
Para se desatacar da concorrência, o responsável explicou à “Vida Económica” que
a diferenciação vem pela oferta de soluções
“Embracing Change”, “capazes de se adaptar aos processos dos clientes durante todo
o ciclo de vida do ERP, sem a necessidade
dos custos de suporte ou manutenção associados às aplicações tradicionais”. Esta visão e esta oferta “é melhor recebida e tem aplicabilidade em empresas
sujeitas à necessidade de adaptação contínua a novos processos, seja por crescimento consistente ou processo de fusões, por
alterações legais ou forte concorrência”.
Os clientes e sectores mais representativos
para a Unit4 são a administração local, os
serviços – comerciais e consultoria – e da
educação. TERCEIRO TRIMESTRE COM RESULTADOS
ACIMA DO PREVISTO
Há mais de 20 anos que a Unit 4 Agresso
se move no mercado de desenvolvimento
de software. Tem uma oferta especialmente
vocacionada para empresas de serviços e
para sector público através da disponibilização de soluções integradas de dados,
processos e entrega para as organizações que vivem em mudanças constantes
(BLINC). Conta com mais de 3500 colaboradores espalhados por 14 escritórios na
Europa e mais cinco noutros continentes,
tendo uma presença directa na Alemanha,
Bélgica, Dinamarca, Espanha, França, Holanda, Irlanda, Noruega, Portugal, Reino
Unido, Suécia, Canadá e Estados Unidos,
para além de um vasto grupo de parceiros
em diversos países.
A sede é em Sliedrecht, na Holanda, e
está cotada na Bolsa de Amesterdão (Euronext). O terceiro trimestre de 2010 acabou com resultados acima do previsto e um
Criação de centro de competência
está em vista
Os objectivos para os próximos anos
passam por “crescer em receitas de licenças
e serviços, de crescer os clientes nas áreas
estratégicas do grupo e no crescimento dos
recursos humanos”. Para o mercado nacional a estratégia para
o aumento das receitas pressupõe o investimento na estrutura local – sede e infraestruturas assim como o aumento dos re-
Os quatros elementos
de uma boa estratégia de informação
Os dados recolhidos pelas empresas são,
provavelmente, o seu activo mais valioso.
Todos os dias, as empresas recolhem grandes quantidades de informação corporativa,
que precisam de ser tratadas para o rápido
recuperar das actividades operacionais como,
por exemplo, emitir facturas ou listas de materiais, cortar pagamentos ou elaborar folhas
de balanço.
Os ambientes das aplicações
Os ambientes das aplicações empresariais e
planeamento de recursos das empresas (ERP)
gerem muitas destas funcionalidades. Contudo, à medida que se recolhe, processa, transforma e aproveita mais e mais informação, as
empresas tendem a implementar quatro fases de desenvolvimento de soluções que lhes
permitam obter informação útil e fiável, para
utilizá-la na tomada de decisões mais inteligentes.
Primeiro elemento: business
intelligence
Tradicionalmente, o BI era usado por
analistas de negócio, que procedem a uma
manipulação sofisticada dos dados. Embora
este tipo de BI analítico seja crucial para uma
estratégia de informação, a maioria das empresas deram-se conta, agora, de que o efeito
do Business Intelligence pode ser multiplicado se os dados corporativos também forem
disponibilizados aos trabalhadores de primeira linha, aos clientes e aos parceiros de negócio externos. É aquilo a que, actualmente,
se chama “costumer-facing-BI” – o Business
Intelligence ao serviço dos clientes.
No entanto, chegar a um grande número de colaboradores operacionais apresenta
os seus próprios desafios. À medida que a
informação chega a utilizadores de todo o
mundo, alcançar e manter uma segurança
eficaz é muito mais complicado. Se o BI vai
integrar todas as facetas de uma empresa
chegando não só a cada processo interno,
como também àqueles que estão fora desta,
a solução que o suporta deve cumprir certos
critérios.
Deve ser fácil e intuitivo para que os colaboradores sem perfil técnico possam aceder
à informação instantaneamente. Deve ser
rentável, para reduzir ao máximo os custos
relativos a licenças e a formação. Deve ser
personalizável, para que os utilizadores individuais possam ajustá-lo às suas necessidades
específicas. Devem incorporar ferramentas
que permitam aceder em tempo real, para
dar resposta às necessidades de informação
no nível operacional. Por último, a solução
de BI deve proporcionar uma segurança
suficientemente flexível, para que funcione
com as infra-estruturas existentes, mas com
potência para encarregar-se da segurança individual e proteger a informação sensível ou
confidencial, a todo o momento.
grande volume de encomendas em todas as
suas subsidiárias, anunciaram em comunicado de imprensa. “Sobretudo os projectos
realizados para o sector público do Reino
Unido e de Espanha contribuíram para que
as expectativas fossem amplamente excedidas. Adicionalmente, o Grupo fechou
também um importante leque de contratos
na região da Ásia Pacífico”.
As receitas do terceiro trimestre ascenderam aos 99,1 milhões de euros, um crescimento de 10% por comparação com os
resultados alcançados no mesmo período
de 2009. “Este é um crescimento muito
significativo, sobretudo tendo em conta
que as receitas provenientes da área dos
serviços não são significativas, por causa
das diversas reorganizações que ocorreram
entretanto, e que se traduziram na diminuição do número de consultores nalguns
países”.
cursos humanos – consultoria e suporte,
nas competências e formação das equipas e
no investimento na estrutura de vendas &
marketing. Ricardo Marques mencionou
ainda a criação de um centro de competência para os PALOP e na criação de subsidiárias em países com maior crescimento no
investimento de TIC, do qual a abertura
da subsidiária em Moçambique é o primeiro passo.
SUSANA MARVÃO
[email protected]
MANUEL DEL PINO
Director de Pré-venda
da Information Builders
Ibéria
Segundo elemento: gestão do
desempenho
Uma solução de gestão do desempenho
pode ligar, de um modo eficaz, objectivos
financeiros estratégicos com iniciativas operacionais chave ou tácticas, e medir e comunicar efectivamente a concretização destes
objectivos para melhorar o desempenho
corporativo geral. No entanto, muitas soluções abordam os requisitos da gestão de desempenho apenas numa perspectiva apenas
financeira. Alcançam fazer uma monitorização eficaz do progresso dos seus resultados,
como a rentabilidade e o benefício, mas não
podem entrar facilmente nos sistemas que
contêm informação realmente útil sobre as
actividades-chave que contribuem para o alcance destes objectivos.
Ver versão integral:
www.vidaeconomica.pt
TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO
Os cinco mitos
da segurança
informática
A Panda Security resolveu
questionar a sua comunidade de
utilizadores, através do Facebook
e Twitter, sobre que ideias preconcebidas têm das empresas de
segurnaça informática. O primeiro mito a encabeçar a lista é “as
empresas de antivírus são quem
cria os vírus”, uma frase que a
Panda admite ter ouvido imenso
ao longo dos 20 anos neste sector.
A empresa considera a afirmação
“absurda” e “defende-se” dizendo
que recebem amostras de cerca
de 55 mil novos vírus diariamente nos laboratórios. “A motivação financeira leva os hackers a
dedicarem cada vez mais tempo
ao aperfeiçoamento de ameaças e
esquemas fraudulentos para roubar dados bancários e informação
confidencial aos utilizadores”, explicam em comunicado.
O segundo grande mito é que
as empresas de segurança contratam hackers. A empresa de segurança afiança que conscientemente nunca contratou ninguém que
se enquadrasse nos denominados
hackers “black hat”. “No entanto
já contratámos (e estamos sempre
à procura de novos) hackers “white hat” (basicamente os “hackers
bons”, cujos conhecimentos e capacidades técnicas são utilizados
para combater a programação
com fins maliciosos)”.
Depois, vem a questão de não
existirem vírus para Mac, Linux nem plataformas utilizadas
em telemóveis. “Todos gostaríamos que isto fosse verdade!”,
diz a Panda. Mas a verdade é
que existem vírus desenvolvidos
para estas plataformas. O que
acontece é serem em menor volume de ameaças em circulação
quando comparado com o das
desenvolvidas para Windows.
Em quarto lugar surge a ideia
de que ser um hacker, desenvolver vírus e infiltrar-se em sistemas
exige conhecimentos avançados.
A Panda diz que se em alguns
casos isso até pode ser verdade,
em muitos outros não. A empresa explica que há alguns anos era
difícil desenvolver vírus, worms,
Trojans, entre outros, pelo knowhow técnico que era necessário.
Mas ao que tudo indica, actualmente isto já não é necessário.
“Hoje em dia vendem-se kits
pela Internet que permitem a
qualquer amador, gerar e configurar malware. Não afirmamos
propriamente que qualquer um
conseguirá fazê-lo, mas com o
mínimo de conhecimentos e dedicação é possível construir, por
exemplo, uma botnet capaz de
infectar 13 milhões de computadores em todo o mundo”.
Por último, o mito de que não
trabalham mulheres em empresas de segurança. Esta suposição,
apesar de frequente, é tida como
“totalmente irreal”, sendo que na
Panda mais de 30% da força de
trabalho é feminina, e muitas trabalham directamente nas áreas técnicas ou da gestão. “Esta é inclusivamente uma tendência crescente,
já que são cada vez mais as mulheres que se dedicam à formação e
especialização em sectores como o
da segurança informática”.
sexta-feira, 12 Novembro de 2010
III
Em Portugal, Bruno Morais diz que desafio vai ser lidar com medidas de austeridade
Software AG elege concorrência
e crise financeira mundial
como grandes desafios a superar
“Uma maior concorrência e a crise financeira mundial são dois desafios com que certamente nos iremos debater”, garantiu à “Vida Económica” Bruno
Morais, director-geral da Software AG Portugal. No
nosso país, diz o responsável, o desafio vai ser grande
em especial pelas medidas de austeridade que estão
a ser tomadas, que certamente terão impacto negativo no nível de investimento. “No entanto, esta
pode também ser uma oportunidade pelo facto de as
empresas focarem os seus investimentos na optimização de processos, área onde a Software AG é líder
de mercado”.
Vida Económica (VE) – Como explicam
que no actual período economicamente
menos favorável tenham obtido resultados
como os divulgados?
Bruno Morais (BM) – O crescimento de
29% apresentado no terceiro trimestre deve-se
principalmente ao segmento de serviços, que
cresceu 55%, e ao segmento de Business Process Excelence (soluções webMethods e ARIS),
que cresceu 27%. Temos participado em projectos cada vez mais críticos e consequentemente de maior dimensão, factor que justifica em
grande parte este crescimento.
VE – E no mercado português, como foi a
prestação?
BM – No mercado nacional o crescimento
foi superior ao apresentado globalmente tendo sido o segmento de Software de Business
Process Excelence o principal responsável por
este crescimento. Já o crescimento de serviços
foi mais modesto do que foi anunciado globalmente, pelo facto de o nosso modelo de negócio em Portugal assentar sobre parcerias estratégicas com diversas consultoras, que asseguram
os serviços de implementação.
VE – De que forma tem evoluído o mercado onde estão inseridos?
BM – O mercado de software e de serviços está cada vez mais competitivo, cada vez a
oferta é maior e os clientes são cada vez mais
exigentes. Em algumas áreas o software tem-se
tornado uma commodity, passando em algumas situações para regime de outsourcing. Esta
será uma tendência com forte crescimento. Já
em áreas críticas, como é o segmento principal
da Software AG, Business Process Excelence, a
tendência é inversa: as empresas entendem que
é nos processos que está o valor do seu negócio
e aqui querem manter as soluções inhouse e escolher o melhor software e os melhores implementadores de mercado.
VE – De que forma se pretendem destacar
da concorrência?
BM – A nossa diferenciação advém do alto
grau de especialização e foco da nossa empresa.
O Business Process Excelence é a nossa palavra
de ordem. Os nossos projectos permitem optimizar e controlar os processos de negócio mais
críticos de uma organização, numa óptica de
melhoria contínua. Essa optimização tem impacto na racionalização dos custos e no aumento de eficiência dessas organizações, dois factores de extrema importância nos dias de hoje.
VE – Quais os sectores onde melhor estão
implantados?
BM – Em Portugal, a administração pública,
sector financeiro e seguros e telecomunicações
são os sectores onde temos uma presença mais
significativa.
VE – Quais os objectivos para os próximos
dois anos?
BM – Queremos continuar a crescer com
base em crescimento orgânico e aquisições. Já
"O mercado de software e de serviços está cada vez mais competitivo", diz Bruno Morais, director-geral da Software
AG.
investimos mais de mil milhões de euros em
aquisições nos últimos quatro anos e hoje estamos a obter os benefícios dessa estratégia.
Continuamos a avaliar possíveis aquisições que
complementem o nosso portfolio no segmento
de Business Process Excelence que antecipamos
ser o motor do nosso crescimento.
VE – O que acreditam ir catapultar o vosso crescimento no próximo ano?
BM – A consolidação da aquisição da IDS
Scheer e da Data Foundations e a possibilidade
cross-selling nos diferentes clientes irão permitir mantermos a nossa ambição de crescimento
no próximo ano.
VE – Quais os grandes desafios que esperam enfrentar?
BM – Uma maior concorrência e a crise financeira mundial são dois desafios com que
certamente nos iremos debater. Em Portugal o
desafio vai ser grande em especial pelas medidas de austeridade que estão a ser tomadas, que
certamente terão impacto negativo no nível de
investimento. No entanto, esta pode também
ser uma oportunidade pelo facto das empresas
focarem os seus investimentos na optimização
de processos, área onde a Software AG é líder
de Mercado.
VE – Qual a estratégia da Software AG
para o mercado nacional?
BM – É nosso objectivo continuar a crescer
acima da média do mercado e daquilo que é definido globalmente na Software AG, tal como
aliás tem acontecido nos últimos dois anos.
Para o conseguirmos apostamos na excelência
pela abordagem que temos ao mercado onde
primamos pela diferenciação nas áreas de foco
em Portugal: Business Process Management,
Business Process Analysis, Process Intelligence
e Governance. Estas são as áreas que permitem
às organizações optimizarem os seus processos e
consequentemente aumentarem a sua eficiência
e racionalizarem os custos.
SUSANA MARVÃO
[email protected]
NO TOP 50 DAS 500 MAIORES EMPRESAS DE SOFTWARE
DO MUNDO
A Software AG passou a estar presente no
ranking das 500 maiores empresas de software e fornecedoras de serviços do mundo,
elaborado pela revista norte-americana Software Magazine. Na 28ª edição a empresa
ficou posicionada no 50º lugar do ranking,
com receitas de software na ordem dos 1,2
mil milhões de dólares e uma taxa de crescimento de 11,5%. Em 2009 a empresa tinha ficado cotada no 56º lugar e no 65º em
2008.
Os rankings 500 de software resultam do
apuramento das receitas totais mundiais de
software e serviços em 2009. Também no
gráfico das dez empresas com maior crescimento a Sogtware AG está presente, na categoria acima dos mil milhões de dólares de
receitas. “Esta posição confirma que a Sof-
tware AG é não só uma das 50 maiores empresas de software do mundo mas também
uma das que mais crescem”.
De acordo com Bruno Morais, “este é um
marco importante que demonstra o crescimento sustentado da Software AG e o sucesso das suas aquisições. A última aquisição
da Data Foundations irá certamente criar
condições para que a nossa performance
seja ainda superior no próximo ranking”.
O software 500 é um ranking baseado nas
receitas das maiores empresas de software
e fornecedores de serviços a nível mundial.
No seu público-alvo incluem-se médias e
grandes empresas, os seus profissionais de
TI, programadores e gestores de negócios envolvidos na compra de software e de serviços
associados.
IV
TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO
sexta-feira, 12 Novembro de 2010
Rui Martins, responsável comercial da Logitech para Portugal
Em período de crise as marcas líder saem reforçadas
O
mercado
informático e de electrónica de
consumo não escapou
às malhas da crise. A evolução
deste sector tem estado, e continuará a estar durante um período de tempo ainda indefinido,
sob o efeito de um período economicamente menos favorável.
Período esse que, por um lado,
tem resultado num menor nível
de consumo mas que, por outro
lado, também tem servido para
“limpar” o canal de marcas que
não trazem valor adicional, explicou à “Vida Económica” Rui
Martins, responsável comercial
da Logitech para Portugal. O
responsável assume que, desta
forma, a médio e longo prazo
“as marcas líderes como a Logitech sairão com certeza reforçadas”. Ainda assim, assume o
director comercial, a nível de
consumidor final estamos perante um perfil de utilizador
muito mais exigente e informado e que aposta em marcas
e produtos com uma elevada
relação qualidade preço. “Neste segmento a marca Logitech
está muito bem posicionada”,
afiançou.
“Obviamente que estes últimos anos têm sido muito complicados para o sector informático e de electrónica de consumo
em geral, especialmente para as
empresas que baseiam o seu negócio no segmento B2B”. Mas,
no caso da Logitech, em que actualmente quase 90% das vendas estão centradas no retalho
(B2C), o impacto no nosso negócio foi muito menor, garantiu
o responsável.
Reestruturação preveniu
crise
Para combater o facto de os últimos dois anos terem sido complicados para a generalidade das
empresas do sector, no início do
ano de 2009 a Logitech realizou
uma reestruturação “muito importante” a nível mundial, com
o objectivo de poder antecipar-se
às circunstâncias que se previam
difíceis “Nesta altura podemos
afirmar que foi uma boa decisão,
que nos permitiu enfrentar este
período de incerteza com excelentes perspectivas para o futuro”, comentou Rui Martins.
Para fazer face à concorrência,
a empresa apoiou-se em três pilares fundamentais. O primeiro
foi no desenvolvimento dos seus
produtos, nomeadamente num
investimento muito forte em
investigação e desenvolvimento (I&D). Actualmente a empresa
tem mais de 500 engenheiros a nível mundial, “o que se traduz
no lançamento contínuo de tecnologias
i n ov a d o r a s” .
Outro aspecto enfatizado
por Rui Martins é o um design avançado, tanto a
nível funcional como a
nível estético, e, sobretudo, “uma facilidade de utilização que possa satisfazer
todos os utilizadores”.
Para os próximos dois anos,
um dos principais objectivos é
a de se consolidarem como uma
PUB
marca
que englobe soluções tecnológicas para o lar
do futuro, baseado
na integração de
ecrãs
de tamanho grande (TV e PC) e
de ecrãs de comunicações móveis,
sistemas digitais de Home Cinema, sistemas multimédia integrados no PC, reprodução de música
e vídeo através da internet, etc.…
“Tudo isto na procura de satisfazer
aos utilizadores mais exigentes”.
O crescimento no próximo ano
será assente, segundo Rui Martins, numa gama suficientemente
ampla “para satisfazer a segmentos
de consumidores muito distintos,
no lançamento de produtos muito
avançados que nos permitem destacar a marca a nível tecnológico e
linhas de produto dirigidas a um
consumidor atento às últimas
tendências da moda”.
Desafio é adequar
estrutura ao mercado
competitivo
O principal desafio, a curto
prazo, é fazer frente a uma situação económica que não é propriamente a mais favorável para
qualquer empresa de electrónica
de consumo. Quanto aos desafios
de médio e longo prazo, serão,
para Rui Martins, fundamentalmente adequar a estrutura organizativa e manter a relação com
os distribuidores e clientes num
mercado cada vez mais complexo, competitivo e exigente.
O mercado português, em relação a outros mercados europeus,
é muito provavelmente o que
tem um maior número de marcas a competir nos lineares das
lojas, muitas delas a preços realmente baixos, explana o director
comercial. “Como tal, a nossa
estratégia será a mesma que nos
permitiu manter a nossa posição
de liderança nos últimos anos:
uma excelente relação com os
nossos distribuidores e clientes,
um serviço de pós venda eficaz,
inovação constante e uma estratégia de comunicação cada vez
mais eficaz”.
SUSANA MARVÃO
[email protected]
TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO
sexta-feira, 12 Novembro de 2010
V
Madalena Bustorff-Silva Gávea, general manager da Rentsu
Renting é a solução mais lógica
em tempos de incerteza económica
É principalmente em épocas de crise e de maior incerteza
económica que as empresas são confrontadas com os problemas
de investimento em soluções e equipamentos tecnológicos. Como
tal, o renting, locação operacional, é uma solução lógica nestes
tempos de abrandamento económico devido às vantagens de
flexibilidade para a gestão financeira bem como a possibilidade de
renovação tecnológica. Madalena Bustorff-Silva Gávea, general
manager da Rentsu, explicou à “Vida Económica” que, apesar
de o cliente-tipo da empresa serem as PME, deverá ser o sector
público e as soluções para o canal HORECA que irão catapultar o
crescimento no próximo ano.
Desde Junho de 2006 que a Rentsu se
assume como empresa especializada em
renting de equipamentos informáticos. O
mercado de renting em Tecnologias da Informação teve um forte crescimento no triénio de 2006 a 2009, mas, no entanto, desde
o início de 2010 que se sente um abrandamento deste crescimento basicamente devido à pressão que o contexto económico
implicou, principalmente nas PME, obrigando as mesmas a repensar as suas estratégias de crescimento.
Madalena Bustorff-Silva Gávea, general
manager da Rentsu, disse à “Vida Económica” que, devido ao facto de o cliente-tipo
da Rentsu serem precisamente as pequenas
e médias empresas, a organização sentiu que
os últimos dois anos têm sido bastante difíceis para a maioria dos clientes.
A oferta da empresa agrega as componentes financeira, consultoria e prestação de
serviços de TI, actuando de forma transversal aos vários sectores de actividade. A responsável afiança que desde o início da sua
actividade a Rentsu tem não só alcançado
os objectivos de crescimento anual como
também suplantadas as expectativas de crescimento. “No entanto, devido às externalidades que a nossa economia está sujeita,
somos conservadores no que respeita ao
crescimento futuro”.
Embora a Rentu esteja maioritariamente
implementada no sector privado, o sector
público é igualmente um forte cliente, es-
OFERTA ESPECÍFICA PARA AS PME
Uma das ofertas disponibilizadas
pela Rentsu é especificamente para
as pequenas e médias organizações. O
objectivo final é que as Tecnologias de
Informação na empresa deixem de ter
um posicionamento de centro de custo,
passando a ser um elemento estratégico
da empresa, contribuindo e alavancando
o próprio negócio.
Através de um posicionamento transversal a toda a empresa, a Rentsu defende que o cliente alinha as TI pelos
objectivos estratégicos do negócio para
além de obter uma redução de custos de
selecção, aquisição, financiamento e implementação das soluções escolhidas. A
empresa afiança ainda haver uma clara
optimização dos fluxos de comunicação
e partilha de informação, potenciando a
satisfação de clientes e utilizadores. O
serviço vida ainda melhorar e assegurar
uma gestão correcta e mais eficaz de
entidades que prestem serviços em outsourcing junto do cliente e, por último,
identificar e implementar planos de redução de custos em TI.
pecialmente através da presença em escolas
e estabelecimentos de ensino. Aliás, para
2011, as autarquias vão ser uma forte aposta
da Rentsu. “Queremos consolidar a nossa
posição em termos de facturação e crescer
apostando fortemente no sector público. A
nossa oferta de soluções inovadoras de produtos e serviços, tal como a nossa solução
para as autarquias e outros canais específicos
como o canal HORECA”, vão catapultar o
crescimento no próximo ano.
Os principais desafios estão, para Madalena Bustorff-Silva Gávea, relacionados
com as parcerias a realizar com as instituições financeiras com que trabalham. “São
um factor chave para desenvolvimento do
nosso modelo de negócio”, disse a general
manager.
Relativamente à solução de renting oferecida pela Rentsu às autarquias, a responsável
salienta o facto de permitir a libertação das
verbas inscritas nos Planos Plurianuais de
Investimento, de modo a que os Municípios possam ter acesso contínuo à evolução
tecnológica.
“Do ponto de vista tecnológico, possibilitamos o acesso a soluções actuais de Tecnologias de Informação e a actualizações e
manutenção de licenciamento de software,
disponibilizamos equipamentos de substituição e seguro multirriscos. Numa perspectiva financeira também acrescentamos
valor a quem opte por uma solução de renting, seja através da libertação das linhas de
crédito, ou da inexistência de investimento
inicial, da garantia de fluxos de tesouraria
constantes durante o período contratado e a
possibilidade de reflectir os custos na conta
exploração e não em dívida no passivo”.
Outra das vantagens, a nível das autarquias, é a possibilidade de envolver parceiros
locais na implementação das soluções Rentsu (tanto a nível dos serviços de assistência
e manutenção prestados como a nível dos
equipamentos), “constituindo um motor de
dinamização da economia local”.
Esta oferta, para além das soluções em informática tradicional (computadores, portáteis, impressoras, multifunções, software),
contempla todas as áreas de intervenção das
autarquias, tais como obras e urbanismo,
cultura, trânsito, divisão escolar, apresentando soluções que vão desde os painéis
informativos ao equipamento de apoio a exposições, passando por projectores, quadros
interactivos, scanners, plotters, entre outros.
SUSANA MARVÃO
[email protected]
Antigo presidente-executivo da SAP já está em funções
Leo Apotheker assumiu presidência da HP
Leo Apotheker, antigo presidente-executivo da SAP, já assumiu o
cargo de CEO da HP, após Mark
Hurd ter renunciado ao cargo face
a uma investigação de denúncia
de assédio sexual. A imprensa internacional já começou a especular
quais serão as prioridades e que
foco irá dar à HP o homem que
durante 20 anos liderou os destinos da alemã SAP. Uma contratação que surpreendeu uma facção
da indústria e que inicialmente
causou até uma queda na cotação
das acções da maior empresa mundial de tecnologia em receita.
A InformationWeek norteamericana divulgou um “brief” de
uma conferência telefónica junto a
analistas convocada um mês após o
executivo ter sido anunciado como
novo director-executivo e presi-
dente da HP no qual está exposta
parte da sua agenda.
Relativamente ao facto de as
contas de software representarem apenas 3% da receita da HP,
o francês Apotheker refere que a
“HP deve ser mais valiosa do que
a soma das suas partes e, para que
isso ocorra, todos nós acreditamos
num compromisso de longa data.
O software é uma espécie de cola
para fazer isso acontecer, ajudando a diferenciar-nos do padrão da
indústria. É como podemos ter
certeza de que as diversas partes de
nossa tecnologia realmente se encaixam bem”.
O novo executivo da HP afiança que a empresa norte-americana
tem um portfólio diversificado de
negócios, produtos e serviços e
acredita estarem posicionados para
serem um forte player em todas as
frentes. “É um pouco cedo e seria
presunçoso dizer qual a parte exacta desses elementos somos bons ou
até mesmo iremos melhorar. Mas
estou certo de que teremos uma
grande oportunidade para discutir
o que vamos fazer no futuro.”
Sobretudo, disse que a primeira
coisa que queria fazer era ouvir e
aprender muito sobre as pessoas
da HP. “Farei isso nas próximas semanas, talvez meses. Viajarei pelo
mundo para conhecer tantos funcionários da companhia quanto
for possível. Quero aprender com
eles. Pretendo fazer a mesma coisa com os nossos clientes e, claro,
com os nossos accionistas. Esse
será meu primeiro foco”.
SUSANA MARVÃO
[email protected]
VI
TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO
sexta-feira, 12 Novembro de 2010
Como fazer de Portugal um caso de sucesso?
“Falta inovação social
à economia digital”
O comércio electrónico em Portugal está a crescer, mas há ainda um longo caminho a percorrer até
que o país atinja os níveis de mercados maduros como o do Reino Unido. Esta e outras conclusões
resultaram do Fórum para a Sociedade de Informação: Economia Digital Digital - Como fazer de
Portugal um caso de sucesso?
A
recessão económica levou ao
abrandamento de investimentos
em projectos que estimulem a
utilização das novas tecnologias de informação. Hoje, é fundamental aumentar a
literacia digital para que a Sociedade da
Informação e o negócio electrónico se
possam desenvolver em Portugal. Esta
foi a conclusão de Roberto Carneiro,
presidente do Instituto de Ensino e Formação à Distância da Universidade Católica Portuguesa e presidente da ACEPI,
durante a conferência Economia Digital,
promovida pela ACEPI e a UMIC no
âmbito da Portugal Internet Week 2010.
Segundo o responsável, “a inovação não é
apenas económica e financeira, mas também social”, pois a tecnologia deverá estar ao dispor de toda a população, desde
as franjas mais letradas até àquelas mais
resistentes a estas novas realidades.
De acordo com o responsável, estamos perante uma sociedade que está
“cada vez mais dividida entre três fossos digitais que se erigem em torno das
competências, do acesso e dos professores”. Nesse sentido, é preciso criar um
mix completo de capacidades, antecipar
necessidades futuras, promover a optimização da articulação entre as solicitações do mercado de trabalho e os requisitos dos recursos disponíveis. Estas
constituem aspectos que, conjugados,
poderão estar na base da génese de um
passaporte de qualificações, explicou. O
talento é outro dos pontos essenciais que
se perfila no âmbito das qualificações
digitais. “Todas as economias precisam
de talento, que se traduz na combinação de capital humano, competências e
empreendedorismo”. Se em 2006 cerca
de 47% das empresas de TI tinham dificuldades em recrutar trabalhadores, em
COMÉRCIO ELECTRÓNICO VALE MAIS DE 8% DO PIB
Segundo um estudo realizado pela Acepi - Associação do Comércio Electrónico e
Publicidade Interactiva, em parceria com
a IDC, o volume de negócio realizado em
2010 deverá ultrapassar os 17 mil milhões
de euros. Intitulado de Estudo sobre os In-
dicadores da Economia Digital em Portugal, o relatório revelou que mais de 50% da
população portuguesa tem um computador
pessoal. Sendo que a maioria são computadores portáteis. “Temos uma das mais altas
taxas de penetração”, assegura Alexandre
Nilo Fonseca, presidente da Acepi.
Também na banda larga Portugal demonstra ter uma maior adesão, assim como
na adopção do telemóvel e do multibanco.
A complexa rede que cobre o território
nacional faz com que o país tenha, nesta
categoria, um valor que é mais do dobro
da média europeia. A explicação, segundo
Alexandre Nilo Fonseca, reside na “desconfiança” do comércio electrónico via internet. A maioria das transacções é feita através da rede ATM. Os outros países, onde a
rede multibanco não permite a realização
destes serviços, recorrem à internet. Essa é
a explicação do presidente da Acepi para a
diferença de valores entre países europeus
- em Portugal cerca de 16% da população
já efectuou compras online através de um
PC. A média europeia ronda os 30%.
“O volume de negócios realizado na rede
multibanco, em Portugal, é superior a seis
mil milhões de euros”, referiu Alexandre
Nilo Fonseca. A este valor há que acrescentar mais de três mil milhões de euros
transaccionados no segmento Business to
Consumer (B2C) e cerca de nove mil milhões de euros realizados via Business to
Business (B2B). Feitas as contas, o valor
do comércio electrónico, nas suas várias
vertentes, deverá ultrapassar, no final de
2010, 17 mil milhões de euros.
No entanto nem tudo são boas notícias.
O estudo detectou também áreas em que
Portugal peca, nomeadamente ao nível da
iliteracia digital. O número de pessoas que
não se sente à vontade a trabalhar com um
computador ainda é elevado. Com a agravante de, nos dias de hoje, em que tudo
está ligado à rede, fomentar a infoexclusão. É, por isso, necessário aumentar a literacia digital dos portugueses, através de
uma maior aposta na formação. Simultaneamente dever-se-á continuar a investir no
desenvolvimento de redes da nova geração
e a incentivar as empresas a usar a internet
como forma de internacionalizarem os seus
negócios. “No negócio digital não há barreiras regionais e/ou temporais”, constatou
Alexandre Nilo Fonseca.
ALEXANDRA COSTA
2015 a falta de qualificações será ainda
maior. Um obstáculo que, também em
Portugal, continua por ultrapassar, tornando-se uma barreira à competitividade a nível mundial. Luís Magalhães, presidente da UMIC,
partilhando da mesma opinião, acabou
mesmo por admitir que Portugal está dividido em dois: “um país que está em crise e outro que está muito bem”. Trata-se
de uma realidade bipolar onde existe uma
elite com qualificações que se posiciona
e compete a nível mundial, mas também
existe um outro grupo de pessoas com baixas qualificações e incapaz de abraçar esta
realidade, o que conduz a uma bipolarização europeia, explicou este responsável.
Comércio electrónico e publicidade
online em maturação
O crescimento da penetração da internet nos lares e a massificação da banda
larga são factores de motivação para o
desenvolvimento do comércio electrónico e, consequentemente, também
da publicidade online. Na Europa, em
média, nove em cada 10 casas possuem
hoje acesso à internet. Quem o afirma
é Alison Fennah, directora executiva da
EIAA – European Interactive Advertising Association. É claro que, como explica a oradora, “há países mais maduros
do que outros”.
TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO
sexta-feira, 12 Novembro de 2010
VII
“PORTUGAL GASTA TANTO ONLINE COMO OUTROS MERCADOS MAIS MADUROS”
Alison Fennah, em entrevista à Vida Económica, referiu que Portugal é um país inovador e visionário ao nível das tecnologias da
informação. A directora executiva da EIAA – European Interactive Advertising Association disse ainda que o comércio electrónico
é uma oportunidade para as PME se tornarem globais e internacionalizarem os seus negócios, assim como para as marcas que
procuram promover os seus produtos e serviços online. Contudo, alerta, ainda é necessário educar o mercado e mudar algumas
mentalidades.
A.F. - Isso dependerá dos mercados. O
meu trabalho permite-me observar que
eles são todos muito diferentes. Alguns
são mais abertos ao e-commerce, outros
trilham caminhos muito seguros naquilo
que compram, outros ainda são mais aventureiros. Por isso imagino que naqueles
mercados onde as pessoas são muito abertas a comprar um leque muito variado de
produtos terão mais apetência por produtos
portugueses. O Reino Unido e a França, por
exemplo, adquirem um leque muito distinto de produtos. Os mercados de Leste, por
outro lado, são muito importadores porque
há muita coisa que ainda não têm. Da minha pesquisa pude observar que há muita
gente que usa a internet para pesquisar
sobre os produtos e que depois procura adquirir aquilo que não tem perto de si. Isto
mostra o verdadeiro potencial do futuro das
transacções transfronteiriças e a importância para os negócios serem capazes de lá
estar e de fazê-lo com segurança.
Vida Económica (VE) - Como vê o mercado português em termos de comércio electrónico?
Alison Fennah (AF) – Bom, na perspectiva do consumidor, diria que o mercado
português está dividido em dois grupos de
uma forma mais marcada do que acontece
noutros mercados europeus. Por um lado
temos consumidores muito maduros, bemeducados, com poder de compra, grandes
consumidores de internet e que gastam
muito dinheiro online. Daí que em termos
de comércio electrónico o mercado português gaste tanto dinheiro online como
outros mercados mais maduros. No entanto, os seus padrões de compra ainda não
são muito alargados. Passam muito tempo
online e estão a começar a usar a internet
móvel, mas a penetração é ainda relativamente baixa, à volta de 62%, o que me diz
que há ainda um grupo de utilizadores mais
velhos, com menos educação que ainda
não é muito assíduo na net nem tem ainda
capacidade para transaccionar online.
VE – O que pode fazer-se para alterar
esta realidade?
A.F. - Penso que iniciativas como esta
são realmente importantes para focar quer
a vertente empresarial quer a de consumo e
O Reino Unido é um dos líderes europeus a este nível, enquanto em Portugal
ainda há muito a fazer. Apesar da elevada
penetração de acesso à internet nos lares
nacionais que, segundo dados apresentados pela responsável da EIAA, rondam
os 62%, o comércio electrónico ainda
está a dar os primeiros passos. Alison explica, em entrevista à “Vida Económica”
(ver caixa), que o país se movimenta a
duas velocidades: aqueles que estão muito integrados na realidade cibernética e
que já transaccionam sem problemas, e
um outro grupo, numa faixa etária mais
elevada, que ainda “tem que ser educado
para se movimentar online”.
A publicidade online é outro dos fenómenos da internet para o qual Portugal
ainda não está bem desperto. A este nível
os países do Norte da Europa ocupam
uma posição de destaque, com a publicidade online a representar já cerca de
20% dos investimentos realizados pelas
empresas. Países como Portugal ou a Espanha, onde esta percentagem não ultra-
para ajudar a fazê-las migrar para o online.
Desta forma cria-se uma proposição de valor
quer para empresas, quer para o consumidor
final. E isto não é uma tarefa fácil, se feito
em simultâneo. Mas vejo que em Portugal
estão a ser tomadas muitas iniciativas para
promover estes dois lados do mercado. É
fundamental o que tem acontecido em Portugal que tem as empresas, os fornecedores
de e-commerce e o Governo todos a remar
na mesma direcção. É impressionante.
VE - Talvez não seja tão complicado por
ser um mercado pequeno…
A.F. – É verdade. Mas, por outro lado, é
um grande investimento. É óbvio que as
pessoas fizeram um esforço por investir
nisto, para fazer crescer o mercado. Este é
o tipo de pensamento inovador e visionário.
Penso que é também importante salientar
o que foi dito nesta conferência sobre as
pequenas empresas. O comércio electrónico é uma oportunidade de se tornarem globais, internacionalizarem os seus negócios,
e iniciativas como esta podem facilitar este
percurso.
VE - E estarão os outros mercados preparados / mentalizados para adquirir produtos
portugueses pela internet?
passa, em média, os 5%, surgem agora
como as grandes oportunidades de crescimento e de desenvolvimento para a publicidade interactiva no futuro imediato.
O segmento móvel é outra das oportunidades identificadas por esta oradora
no campo da publicidade interactiva.
“É uma estrela em ascensão. Cada vez
mais utilizadores recorrem aos seus telemóveis para aceder à internet, o que
transforma esta plataforma em mais um
meio para fazer publicidade”, explicou.
Referindo-se às redes sociais, e apesar
do seu potencial, Alison Fennah alertou
para os perigos de uma estratégia mal
definida neste segmento. “Os marketeers estão muito interessados nesta ferramenta, que realmente traz um mundo
de oportunidades, mas ainda é preciso
fazer muito trabalho para convencer as
empresas a investirem nesta área”.
Educar o mercado e alertar as empresas para as oportunidades comerciais geradas pela internet, é também uma das
responsabilidades, e dos desafios próxi-
VE - As redes sociais transformar-se-ão
em conselheiros para as compras na internet?
A.F. - Acho que há a necessidade de
gerir todas as várias formas de comunicação online. Por um lado, existe o “boca a
boca” online através das redes sociais, e
por outro lado, o apetite de usar a Net para
pesquisas. Depois há o facilitador através
das plataformas de e-commerce e há claramente a necessidade de gerir todo este
processo para manter a marca no topo das
mentes do consumidor. É um processo
muito complexo que se torna ainda mais
complexo quando pensamos na internet
móvel. As pessoas estão sempre online e a
comunicar. Penso que é uma grande oportunidade para as marcas porque significa
que elas podem crescer muito depressa e
em diferentes mercados, mas também uma
grande responsabilidade na gestão de todo
o processo.
VE - Quais os desafios para as empresas
portuguesas no que se refere à publicidade
online?
A.F. - Penso que um desafio importante é
a educação e formação de agências e anunciantes e de todas as partes intervenientes
no negócio de media, mostrando às pessoas
como os consumidores estão online e como
estão a usar a internet. As pessoas estão
a mudar os seus hábitos para tirar partido
destes novos meios e desta nova realidade.
mos, que Associações como aquela que
dirige têm perante si. “É fundamental
retirar a complexidade de tudo isto, para
que os mercados e as empresas se relacionem sem problemas”, concluiu.
Falta regulação no e-commerce
Susanne Czech, directora executiva da
EMOTA – European Ecommerce and
Mail Order Trade Association, entidade
que luta por um mercado livre na venda
à distância, defendeu durante o Fórum
para a Sociedade da Informação que um
dos principais entraves ao desenvolvimento do comércio electrónico entre os
países da União Europeia ainda é a falta
de regulação. Os cidadãos europeus, segundo explicou, ainda não se sentem à
vontade para adquirir produtos que vêm
de outros países. Falta confiança e algumas regras que lhes garantam um maior
nível de segurança em situações de reclamação, por exemplo. “Há uma clara
necessidade de uma acção legislativa a
VE - Quais são as principais diferenças
quando comparamos mercados mais maduros em termos de publicidade online com
Portugal?
A.F. - Em alguns países a penetração tem
sido mais elevada desde há mais tempo.
Por isso é tudo uma questão de maturidade. Outra questão é o tamanho global
do mercado publicitário em cada país. Se
olharmos, por exemplo, para o mercado publicitário do Reino Unido, ele é bastante
grande, por isso tem uma série de capacidades que podem ser transportadas de
um meio para outro. Podemos olhar para
as questões de media e para as questões
de e-commerce mas um elemento comum
é que é preciso ter fortes capacidades para
tornar o produto apelativo para o mercado
e usar a imaginação para atrair as pessoas,
levando-as a comprar online.
VE - Como fazer os anunciantes perceber
que a publicidade online não é o parente
pobre das suas estratégias?
A.F. - É importante usar casos de sucesso para demonstrar como certas empresas
colocaram o online no centro das suas campanhas e quais os benefícios que isso lhes
trouxe. É fundamental demonstrar a eficácia
e eficiência deste tipo de estratégia ou de
diversas campanhas em diferentes mercados pela Europa fora. Depois começar a
trabalhar com anunciantes para demonstrar
casos como estes. Às vezes não é fácil ter as
empresas a contar os seus casos de sucesso pois não querem revelar segredos. Esse é
também o nosso papel enquanto associação
de comércio, demonstrar que o que fizeram
é importante e que deve ser partilhado com
outros para que se lhes siga os exemplos. É
preciso mudar mentalidades e ter um espírito aberto a novas ideias e criatividade.
VE - Acredita que o online beneficiará da
crise económica actual?
A.F. - No Reino Unido, por exemplo,
temos dados que dizem que o comércio
electrónico cresceu em 2009 apesar da recessão, não obstante as pessoas terem menos rendimento disponível. Elas tentaram
fazer o melhor uso possível do seu dinheiro
comprando online. É preciso ter sempre em
mente as condições económicas globais,
mas pense nas oportunidades para o comércio electrónico: as pessoas vão procurar
sempre obter o melhor preço.
FÁTIMA FERRÃO
nível europeu, para que se possa evoluir
neste campo”, afirmou.
Mesmo assim, a oradora assegura que,
pelo menos, um terço dos cidadãos da
União Europeia se revelam dispostos a
comprar online noutro país. Facto que
revela um mercado potencial com uma
dimensão bem atractiva, sobretudo para
os pequenos retalhistas que pretendam
operar numa escala europeia. “É uma
grande oportunidade para crescer”, afirmou.
O desafio passa, por isso, por encorajar o desenvolvimento do e-commerce
na Europa. Contudo, antes de mais, é
preciso modernizar a legislação europeia
de protecção ao consumidor, eliminando barreiras nas transacções entre países. Será também necessário reforçar a
eficácia dos serviços de entrega, criando
mercados postais cada vez mais competitivos. Atingidos estes objectivos, a confiança do consumidor sairá reforçada.
ALEXANDRA COSTA, FÁTIMA FERRÃO E TÂNIA
NÓBREGA
VIII
TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO
sexta-feira, 12 Novembro de 2010
Paul Gullet, vice-presidente da NComputing
“As empresas têm de ser educadas”
PEDRO AREDE
redacçã[email protected]
O recém-eleito vice-presidente da NComputing acredita que as
empresas precisam de ser confrontadas com o potencial real de
investir em sistemas de Cloud Computing.
“Muito do trabalho que temos hoje ainda passa por fazer perceber
às empresas quais os benefícios de investir nesta área”, confessou à
“Vida Económica” Paul Gullet, vice-presidente para a EMEA da
NComputing.
C
om presença em 140 países, a
NComputing dedica-se ao mercado da virtualização de ambientes de trabalho com o objectivo de reduzir custos na área da computação através
dos denominados sistemas em nuvem ou
Cloud Computing.
Desta forma, através da computação
cloud, o objectivo da NComputing é ser
capaz, segundo Paul Gullet, vice-presidente para a EMEA (Europe Middle East &
Africa) da NComputing, de reduzir custos
“através do melhoramento das capacidades
de gestão e da redução do consumo e do
desperdício energético ”.
Questionado acerca das principais vantagens desta virtualização de ambientes de
trabalho, Paul Gullet salienta sobretudo
o facto de o Cloud Computing permitir
“uma maior centralização de informação e
das aplicações informáticas”. “Centralizar
a informação e as aplicações informáticas,
torna o acesso a estes conteúdos muito
mais fácil, quer seja para os funcionários
da empresa, quer mesmo para os clientes
ou parceiros de negócios”, concluiu.
Por outro lado, para o vice-presidente
para a EMEA da NComputing, outra vantagem deste tipo de tecnologia é a optimização dos recursos existentes no interior
das organizações. “Ao melhorar o acesso
aos recursos de uma empresa, melhora-se a
sua eficiência e reduzem-se custos”.
Com um histórico já consolidado na
construção de equipas bem-sucedidas no
mercado europeu, onde chegou a ser Presidente da Tandberg (alcançando um crescimento ano após ano de 30%), Paul Gullet
refere ter como objectivo aumentar significativamente as vendas no mercado empresarial e desenvolver as transacções no sector da
educação e nos países em desenvolvimento.
Para além disso, responsável por pôr em
prática um programa de parceiros concebido para dar ao canal oportunidades de
aumentar as vendas no mercado da virtualização de ambientes de trabalho, o
vice-presidente da NComputing, afirma
que “várias empresas de pequena, média e
grande dimensão têm demonstrado interesse na tecnologia desenvolvida”.
“A NComputing está fortemente implantada nos mercados das PME e da educação”, referiu Paul Gullet. “A mudança
para uma computação de base cloud e web
transforma a nossa solução num factor
(…) crítico para permitir o correcto funcionamento deste novo ambiente informático”, conclui o responsável.
Metas de crescimento cumpridas
Já em termos de crescimento, Paul Gullet mostra-se satisfeito com a evolução dos
resultados desde que aceitou o cargo na
NComputing: “estou contente por dizer
que o objectivo ao qual fui proposto de duplicar o negócio nos próximos 12 meses e
de acelerar o crescimento da empresa, está
a ser cumprido”. “O negócio está a crescer
de forma irrepreensível e estamos focados
em continuar esse crescimento ao longo do
tempo”, rematou.
No entanto, para Paul Gullet, embora as
organizações comecem a estar mais conscientes da importância de adoptar um sistema de computação cloud, não é verdade
que todas se encontrem mobilizadas para
investir seriamente neste tipo de tecnologia. Assim, para Gullet, é necessário “fazer
perceber às empresas o benefício de investir em sistemas de Cloud Computing”. “As
empresas têm de ser educadas. Ainda por
cima, porque o retorno deste tipo de tecnologia é quase imediato”, apontou.
Tendo começado sobretudo por ter um
papel activo na área da educação, a NComputing actua, hoje dia, em diversos sectores
do mercado, das quais fazem parte inclusivamente empresas estatais. “Dadas as actu-
ais condições de mercado, cada vez mais os
governos a nível local ou até mesmo a nível
central têm vindo ter connosco para saber
como podem poupar dinheiro”, afirmou o
vice-presidente EMEA da NComputing.
“A NComputing está actualmente presente em sectores muito específicos da indústria tais como a indústria, o retalho, as
finanças e o sector da saúde”.
Questionado sobre quais os principais
desafios que a NComputing terá de enfrentar nos próximos anos, Paul Gullet
respondeu afirmando que “o principal é
conseguirmos dizer às pessoas que estamos
aqui e que possuímos esta tecnologia maravilhosa”.
NComputing em Portugal
A NComputing não tem representação
directa em Portugal, sendo que a sua presença no nosso país só pode ser sentida
através de alguns parceiros. “Actualmente,
a nossa representação em Portugal é feita
através de alguns parceiros muito fiáveis do
norte do país, a NCPT e a FINA”, explicou Paul Gullet.
No que diz respeito a uma futura presença da empresa no nosso país, o vicepresidente não descarta a hipótese e afirma
que irá estudar a situação “à medida que o
negócio for evoluindo”.
“Temos uma equipa da NComputing
sedeada em Madrid que trabalha de perto com os nossos parceiros portugueses.
Assim que o mercado crescer favoravelmente, e estamos muito confiantes
nesse ponto, veremos a oportunidade
de avançar para Portugal”, afirmou Paul
Gullet.
Estagnação do mercado português “obriga” a novas saídas
VisionWare mantém aposta em Cabo Verde
F
ace à estagnação do mercado interno, a VisionWare,
empresa especializada em
segurança de informação, continua a apostar nos mercados
internacionais, nomeadamente
em Cabo Verde, país no qual já
marca presença através de dois
escritórios, na cidade da Praia e,
mais recentemente, em Mindelo.
A empresa portuguesa está neste mercado desde 2005 e Bruno
Castro, CEO da VisionWare, admite que esta aposta “é o culminar da identificação do enorme
potencial económico e humano
que este mercado representa actualmente, da facilidade de integração no país devido à aproximação cultural, assim como da
sua excelente posição geográfica,
no cruzamento entre os mercados Europeus, Africanos e Americanos.”
O responsável afiança que Cabo
Verde representa actualmente um
nível de maturidade cultural e
organizacional que pode ser comparado a qualquer país da Comunidade Europeia. “Hoje, e face ao
enfoque do Governo na adopção
das indicações oriundas da UE,
revejo um movimento transversal
dos sectores da Administração Pública, Financeiro e algumas instituições do tecido empresarial em
promoverem a implementação
das melhores práticas e normas
internacionais em vigor na UE”.
No que respeita à VisionWare, é
“com orgulho pessoal que temos
vindo a apoiar a evolução substancial do nível de segurança e
implementação de normas internacionais da área com o ISO/IEC
27001 ou BS 25999 em algumas
das mais prestigiadas instituições
cabo-verdianas.”
O administrador explana que
tem-se vindo a assistir a um investimento exponencial neste
país por parte de grandes empresas – o principal mercado alvo
da Visionware – “com algumas
das quais temos excelentes referências com projectos de grande
dimensão e complexidade, nomeadamente no sector financeiro
e Administração Central, o que
atesta a nossa maturidade, com-
petência e solidez neste mercado
e especificamente, em Cabo Verde”.
Bruno Castro admite que o
mercado português está estagnado e deixou de ser suficiente
para a empresa lusa: “Vemos aqui
(Cabo Verde) a oportunidade de
dimensionar e expandir o nosso
negócio a nível internacional”.
Com o agravamento da crise
económica e falta de estabilidade
e confiança do tecido empresarial, sentida em maior escala nos
mercados europeus, a VisionWare tem vindo a reforçar a sua estratégia de internacionalização
nos mercados PALOP e Médio
Oriente, com a concretização
de um investimento na garantia
da presença efectiva em Cabo
Verde (a par de Bruxelas) com
o intuito de atingir objectivos
“maiores”. “Tendo em consideração as vantagens e sinergias que
identificamos
especificamente
em Cabo Verde (e que não reconhecemos em qualquer outro
país associado à nossa estratégia
de internacionalização), vemos
aqui a oportunidade de dimensionar e expandir o nosso negócio a nível internacional através
de novas abordagens estratégicas
de incursão em outros mercados
próximos, igualmente interessantes, assumindo a nossa delegação
de Cabo Verde como centro de
operações (comercial e operacional)”, refere Bruno Castro.
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