XVI SEMINÁRIO DE PESQUISA DO CCSA
ISSN 1808-6381
ANÁLISE DO CICLO DE VIDA DO DESTINO TURÍSTICO NATAL/RN À LUZ DO MODELO DE
BUTLER
1
Christiano Henrique da Silva Maranhão - UFRN
2
Edilene Adelino Pequeno – UFRN
3
Jussara Danielle Martins Aires - UFRN
4
Pamela de Medeiros Brandão - UFBA
5
Shirley de Lima Cunha – UFRN
RESUMO
O turismo moderno caracteriza-se pelo fomento desenvolvimentista, de engenhosos planos e projetos
turísticos com o objetivo de captar mais divisas, mais fluxos e maior destaque internacional. Em face
deste panorama, poucos se propõem em monitorar e analisar o desempenho, as condições em que
se encontra e a vida útil desses destinos transformados em mercancias pelo sistema capitalista.
Desse modo o presente artigo se propõe a fazer uma análise do ciclo de vida do destino turístico
Natal/RN. Como metodologia, utilizou-se o modelo do ciclo de vida do produto de autoria de Butler
(1980), o qual se adjetivou como referencial para descrever os processos de evolução de destinos
turísticos. O modelo metodológico usado preconiza que o ciclo de vida de um destino turístico
corresponde a uma sucessão de fases distintas caracterizadas pela incidência de determinados
elementos de oferta e pela crescente resposta do mercado turístico a tais elementos em forma de
aumento de fluxo turístico ao longo do tempo. Conclui-se, pois, que o destino Natal encontra-se em
fase de desenvolvimento, conforme a análise proposta em seu ciclo de vida, enquanto produto do
turismo. Assim sendo, não se elimina a necessidade de intervenções e inovações por parte dos
agentes do turismo, que o negociam.
Palavras-chave: Turismo. Destino turístico. Ciclo de vida. Natal/RN.
1 INTRODUÇÃO
O turismo contemporâneo caracteriza-se pelo fomento de engenhosos planos e projetos turísticos
objetivando captar mais divisas, fluxos e com isso, alcançar maior destaque internacional. Somado a
isto, o surgimento do movimento pós–fordista, caracterizado pela flexibilidade (BARROS, 2004),
direciona o turismo para o lançamento, quase que diário, de novos produtos e segmentos ao
mercado, visando aperfeiçoar o consumo desta atividade que já movimenta grandes cifras em um
mundo globalizado e competitivo.
1
Graduado em Turismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Mestrando do Programa de Pósgraduação em Turismo pela mesma instituição. [email protected]
2
Graduada em Turismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Mestranda do Programa de Pósgraduação em Turismo pela mesma instituição. [email protected]
3
Graduada em Turismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Mestranda do Programa de Pósgraduação em Ciências Sociais pela mesma instituição. [email protected]
4
Bacharel e Mestre em Turismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), e Doutoranda do
Núcleo de Pós-Graduação em Administração da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Brasil.
[email protected]
5
Graduada em Turismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. [email protected]
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ISSN 1808-6381
Em face deste panorama, pouco se propõem a monitorar e verificar o desempenho, as condições
e a vida útil desses destinos transformados em mercancias pelo sistema capitalista de lógica
produção, distribuição e consumo. Dessa forma, com a mesma velocidade com que se lançam ao
mercado esses novos produtos, diretamente proporcional é a rapidez com que os descartam, junto
com suas histórias, pessoas e peculiaridades. A busca por novidades, que possam se transformar em
produtos retroalimenta o ciclo vicioso característico desse sistema capitalista mercantil.
Atualmente, observam-se muitos destinos turísticos em declínio e na maioria das vezes, a
necessidade de intervenções só é notória quando os mesmos já se encontram em fases terminais do
chamado “ciclo de vida do destino” e até mesmo de desenvolvimento. Em relação a essa idéia,
complementa Valls (2006, p. 41- 42): “os destinos estão submetidos a tensões cíclicas, dependentes
de fatores exógenos e endógenos que aparecem em cada cenário de desenvolvimento [...] o ciclo de
vida é o estágio de evolução do destino enquadrado em condições concretas de desenvolvimento.”
O modelo de Butler (1980) selecionado para esta averiguação propõe uma análise do
comportamento da demanda e da capacidade de carga dos centros turísticos, os quais prevêem
relação positiva entre o incremento do número de visitantes e o desenvolvimento turístico,
especialmente no quesito alojamento. O modelo adjetiva-se como flexível, em face da quantidade de
variáveis que podem se integrar, proporcionando a chance de obter resultados diversos.
É nesta lógica que este estudo busca respostas. Por isso se faz necessário perante a conjuntura
capitalista descrita, identificar em que fase do ciclo de vida se encontra, na atualidade, o destino
turístico Natal/RN à luz do Método de Butler, e esse constitui o objetivo principal do presente artigo.
A escolha da capital potiguar, Natal, como foco da averiguação, deve-se ao fato de esta ser a
porta de entrada dos turistas que visitam o Rio Grande do Norte (RN), sendo assim a mais equipada
em termos infra-estruturais para melhor receber visitantes. (SECRETARIA DE TURISMO DO RIO
GRANDE DO NORTE, 2010).
Como forma de justificar o estudo proposto, observa-se a maneira como ocorre o
desenvolvimento de destinos turísticos na atualidade, onde as fases de saturação e declínio logo se
inserem no ciclo de vida dos produtos, justificadas pela falta de monitoramento, que dificulta a tomada
de decisão e a intervenção corretiva na gênese dos problemas causados, justamente pela
inexistência de um planejamento estratégico de longo prazo. Há de se considerar a real importância
em se monitorar o principal destino turístico do estado, Natal, visando que não ocorra o seu
esgotamento, causando assim, várias perdas à sociedade e ao próprio recurso, enquanto natural,
social e econômico. Principalmente porque no estado do RN, o turismo se caracteriza como o grande
colaborador aos cofres do Estado (MARANHÃO, 2009). Destarte, o destino turístico que melhor
perceber a dinâmica do seu ciclo de vida, mais rápido poderá decidir por melhores estratégias
quando tender ao declíno e saturação e com isso poder almejar novos nichos de mercados e fidelizar
os já existentes, ou seja, se planejar melhor.
Metodologicamente este artigo apresenta-se como uma pesquisa documental e bibliográfica, de
fontes primárias e secundárias, almejando uma revisão literária sobre a temática e uma observação
de como Natal/RN comporta-se na conjuntura mercadológica atual. Como segundo passo, busca-se
avaliar informações estatísticas disponíveis e atuais do destino em questão. Ainda em se tratando de
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metodologia, o modelo teórico que será base para o estudo prestado, é o modelo do ciclo de vida do
produto de autoria de Butler (1980), o qual se adjetivou como referencial para descrever os processos
de evolução de destinos turísticos. “É a contribuição mais discutida e comentada sobre esta temática”
(AGUILAR, 2009.p.3).
A delimitação das fases do produto dada pelo modelo de Butler, como estabelecimento de fases
com características distintas para um dado destino, pode representar um importante exercício de
planejamento e monitoramento da sustentabilidade da atividade em um núcleo receptor. Cabe
salientar por fim, que não se pretende esgotar a temática com esse exame e sim despertar para
como anda o desenvolvimento do destino turístico Natal/RN e quais áreas precisam de intervenção.
2. ASPECTOS GERAIS, HISTÓRICOS E TURISTICOS DO DESTINO NATAL/RN
O estado do Rio Grande do Norte (RN) faz limite com o Oceano Atlântico e divisa com os estados
do Ceará e Paraíba. Situado de forma estratégica, na esquina do continente sul-americano, é o
estado brasileiro mais próximo aos continentes Africano e Europeu. (DANTAS, 2005). Sua Capital,
Natal, é conhecida como a “Cidade do Sol” e foi fundada em 1599. Durante os três primeiros séculos
de sua existência, ficou praticamente no anonimato, a não ser como um ponto de apoio para os
portugueses, uma vez que a Fortaleza dos Reis Magos se constituía em um espaço de proteção, ora
de portugueses, ora de holandeses em época de conflitos por território (GOMES E SILVA, 2000).
Atualmente o espaço da Fortaleza dos Reis Magos se constitui em um dos pontos turísticos mais
visitados da cidade.
Natal apresenta uma região litorânea de características ímpares, com um clima que a diferencia
das outras regiões, com temperaturas médias da água do mar de 27 º c, durante 300 dias ao ano.
Outro diferencial da cidade que pode ser citado é o Parque Estadual Dunas de Natal, com (1.172 ha),
segundo maior parque do país, ficando atrás somente para a floresta da tijuca no estado do Rio de
janeiro (RJ). (INSTITUTO DE DEFESA DO MEIO AMBIENTE DO RIO GRANDE DO NORTE, 2002).
Historicamente, a cidade também apresenta fatos importantes de sua colonização e inserção na
modernidade. De acordo com Gomes e Silva (2000) na década de 1920, Natal entra na rota dos vôos
internacionais, dado o fato de Parnamirim servir de campo de pouso para os aviões comerciais com
destino à Argentina. A freqüência deste fato suscitou a idéia da construção de um hotel já que por
algumas vezes, os apartamentos de luxo do hospital Miguel Couto, serviam de hospedagens para os
que na cidade tinham que pernoitar. Mas o hotel idealizado só foi inaugurado em 1939. Batizado de o
“Grande Hotel” e localizado em um dos bairros mais bucólicos da cidade, a saber, Ribeira. Foi o único
hotel da cidade de Natal até a década de 60. Os autores supracitados ainda corroboram dizendo que:
Somente no período da Segunda Guerra mundial é que Natal ganhou status de cidade
mundial, digamos assim, isto porque, com a instalação da base aérea americana a cidade
ganha uma visibilidade. O centro urbano de Natal foi totalmente modificado. Podemos dizer
que Natal participa "definitivamente" do moderno. (GOMES E SILVA, 2000. Não paginado).
Ainda de acordo com Gomes e Silva (2000), a realização de um Congresso Brasileiro em Natal,
no ano de 1969, pode ser vista como um marco importante para a inserção da cidade no turismo, pois
foi um momento importante para impulsionar as mudanças na configuração territorial da cidade,
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despertando nas autoridades e interessados a necessidade de se fomentar políticas voltadas para a
atividade. Assim sendo, pode-se assinalar que o referido congresso foi um importante instrumento na
construção da imagem do produto Natal para o desenvolvimento turístico. No entanto, a atividade do
turismo na cidade, consolida-se de forma mais organizada no ano de 1986, data inaugural dos
primeiros hotéis oriundos do Megaprojeto Parque das Dunas / Via costeira (PD/VC), tal política é
reconhecida como um “divisor de águas” dentre as iniciativas para o desenvolvimento do turismo em
Natal.
Associado com todo esse panorama, o estado potiguar recebeu mais de um milhão e trezentos
mil turistas em 2008 (nacionais e internacionais) e obteve uma receita de mais de US$ 501.274.545
no mesmo ano (SECRETARIA DE TURISMO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE, 2008) e
dentre os destinos potiguares, a Cidade do Natal é responsável por atrair o maior fluxo turístico em
face de suas condições competitivas, principalmente no que se refere aos equipamentos turísticos e
as condições de infraestrutura de apoio e acesso à atividade. Em reconhecimento ao potencial da
capital potiguar, o Ministério do Turismo (Mtur) a considera entre os 65 destinos indutores do
desenvolvimento do turismo brasileiro, de maneira que passa a ser alvo das políticas públicas e de
seus programas de ação. Turisticamente, a cidade do Natal tem forte apelo e consegue atrair um
número vasto de visitantes, em busca das belezas naturais. A cidade possui um litoral de 20 km de
praias urbanas. A culinária dentro destes aspectos também merece destaque com seus pratos típicos
da região como a carne de sol, macaxeira e frutos do mar (SECRETARIA DE ESTADO DO TURISMO
DO RIO GRANDE DO NORTE, 2009).
3 O MODELO DE BUTLER (1980)
O modelo de análise desenvolvido por Butler (1980) sugere que o ciclo de vida de um destino
turístico corresponda a uma sucessão de fases distintas caracterizadas pela incidência de
determinados elementos de oferta e pela crescente resposta do mercado turístico a tais elementos
em forma de aumento de fluxo de turistas (PIRES E DIAS, 2009).
Percebe-se que entre o ciclo de vida dos produtos e as fases do ciclo de vida dos destinos
turísticos existe estreita relação com o aumento ou declínio da demanda por bens e serviços, e nesta
conjuntura, o termo “destino turístico” passa a ser entendido como:
[...] um espaço geográfico determinado, com características de clima, raízes, infra-estruturas e
serviços próprios; com certa capacidade administrativa para desenvolver instrumentos comuns
de planejamento; que adquire centralidade atraindo turistas mediante produtos perfeitamente
estruturados e adaptados às satisfações buscadas, graças à valorização e ordenação dos
atrativos disponíveis; dotado de uma marca e que se comercializa tendo em conta seu caráter
integral. (VALLS, 2006, p.16).
Os recursos naturais e patrimoniais constituem a razão das experiências dos destinos turísticos e
são sua matéria-prima. Sem eles não pode existir fluxo de visitantes, efeito multiplicador e nem
turismo. São estes recursos que resgatam os destinos do não-ser turístico. Como conseqüência, sua
manutenção e conservação, encadeiam-se como processos, em cada um dos momentos do ciclo de
vida do destino. (VALLS, 2006).
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Destarte, o modelo de Butler (1980) é caracterizado por seis estágios e algumas fases
subseqüentes. Na fase de exploração (primeiro estágio do modelo) há poucos turistas, que
“desbravam” os novos lugares, já que as instalações turísticas propriamente ditas, não existem.
Posteriormente, essa demanda vai crescendo, chegando ao segundo estágio, o de envolvimento,
caracterizado pela adesão do Estado e empresários locais nas ações de fomento à atividade turística.
A criação de facilidades (equipamentos e instalações) turísticas como forma de melhor receber a
demanda de turistas caracteriza o desenvolvimento (terceiro estágio) até enfim, atingir a fase de
consolidação (quarto estágio), que vem à tona com a consolidação do mercado definido, moldado
pela propaganda nos pólos emissores. (BUTLER, 1980). Neste estágio o número de turistas principia
a reduzir e caso prossiga essa redução, o destino atinge a fase de estagnação (quinto estágio),
restando a ele três alternativas possíveis: a tentativa de estabilização do número de turistas, o
rejuvenescimento (através do redirecionamento do destino para atrair segmentos de mercado pouco
ou ainda não explorados, o que o transporta à fase de exploração de um novo ciclo de vida) e por fim,
chega-se ao declínio (sexto estágio), quando a localidade desiste de explorar a atividade turística.
Aires (2009) acrescenta nessa conjuntura dizendo que:
De acordo com Butler (1980), [...] Um dos estágios possíveis é o de declínio, em que só há a
procura por turistas de um dia ou fim de semana e as instalações são reutilizadas (hotéis
transformados em clínicas, por exemplo). Outra possibilidade é o rejuvenescimento, a que se
chega mediante o investimento em novas tecnologias ou a reciclagem das existentes,
demandando intervenção de empresas privadas e do Estado. Entre os dois extremos, morte do
núcleo ou revitalização, há estágios intermédios que dependem de diferentes fatores
condicionantes (BARRETO, 2005). O ciclo de vida pode variar entre as localidades, pois
segundo Butler (1980) ele está a depender do fluxo turístico que ela atrai com tempo. (AIRES,
2009, p. 42-43).
O modelo de ciclo de vida do produto proposto por Butler (1980), apesar de simplista é o mais
utilizado. Segundo Vera (et al p. 238, 1997
apud AGUILAR, p.9, 2009) , “… de hecho se ha
convertido en el modelo de referencia para describir los procesos de evolución de los destinos
turísticos y en la aportación más debatida y comentada en relación a esta cuestión”.
FIGURA 01: Modelo do ciclo de vida de uma destinação turística segundo Butler
Fonte: Butler (1980).
No modelo apresentado acima, é possível visualizar os seis estágios e suas fases consecutivas,
vistas como ações corretivas posteriores, em caso de declínio, como é o caso do rejuvenescimento.
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3 AS FASES DO CICLO DE VIDA DO MODELO DE BUTLER (1980) VIVENCIADAS PELO
DESTINO TURISTICO NATAL/RN.
3.1 Fase de Exploração - (1930-1964)
O turismo é visto nesse período, como uma atividade complementar ao comércio do estado. No
entanto algumas obras, apesar de centrar-se em outros objetivos econômicos, possibilitaram o
fomento dessa atividade de forma embrionária na cidade de Natal. Pode-se exemplificar que o campo
de pouso de Parnamirim (atual Aeroporto Internacional Augusto Severo) já recebia aviões de outros
países e tipos de aparelhos (1927); houve a inauguração do Cais das Docas (1932) que possibilitou o
desembarque marítimo, somado à ampliação das redes ferroviária e rodoviária, como conseqüência
do papel de intermediador da capital potiguar, com as demais regiões do Rio Grande do Norte (RN)
no trânsito de mercadorias (SANTOS 2005; CAVALCANTI, 1993).
Tais ações requereram de forma complementar, a construção de meios de hospedagem para
receber as pessoas que participavam dessas transações, “turistas em potencial”, que vinham por
motivo de negócios. Dessa forma, em 1938, inicia-se a construção, no governo do interventor Rafael
Fernandes Gurjão, o primeiro hotel de Natal, inaugurado em 1939 com o nome de “Grande Hotel”.
Somado a este panorama, ocorre a criação em 1953, das secretarias municipais de turismo, nas
cidades de Salvador e Recife, juntamente com a criação da Superintendência de Desenvolvimento do
Nordeste (SUDENE) em 1959 (DANTAS, 2005) .
A mesma autora salienta que a industrialização iniciada no país em 1930, começa a expandir-se
para a região Nordeste somente em 1959 e em âmbito estadual, induz o governo do RN a criar uma
infraestrutura urbana e turística adequada para comportar o crescente número de pessoas que já
circulavam no estado, devido ao intenso desenvolvimento industrial. Nessa época, foi criado um
programa de investimentos hoteleiros que, com recursos do próprio Estado, do Governo Federal, da
Aliança para o Progresso e do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), resultou na
construção de vários hotéis nas principais cidades do estado. Em Natal foi o famoso e hoje
desativado, Hotel Internacional dos Reis Magos.
3.2 Fase de Envolvimento (1964 a 1986)
Em 1966, com a criação da Empresa Brasileira de Turismo – EMBRATUR (atualmente intitulada
de Instituto Brasileiro de Turismo) se estabelece uma política nacional de promoção do turismo,
visando o crescimento da atividade em território nacional. No Rio Grande do Norte foi criada a
Empresa de Promoção e Desenvolvimento do Turismo S/A (EMPROTURN), de economia mista e
autonomia administrativo-financeira, com a função de coordenar e conduzir as ações governamentais
ligadas ao turismo. (DANTAS, 2005)
Dentre as ações principais empreendidas pela EMPROTURN, destaca-se a solicitação ao
consórcio Studia, em 1972, de um estudo de viabilidade turística na porção costeira do estado que
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abrangia de Baía Formosa à Areia Preta, objetivando identificar áreas onde pudessem ser
implantados complexos turísticos capazes de atrair investimentos e analisar o litoral de Natal,
especialmente a porção compreendida entre as praias de Areia Preta e Ponta Negra, que constituía
uma área-problema em decorrência da ocupação desordenada do solo que se alastrava pelas dunas.
(CAVALCANTI, 1993).
Um dado interessante é que até a década de 1970, grande parte das inversões em infraestrutura
hoteleira em Natal era realizada no centro da cidade, já que ali se localizava a área de maior
interesse para os turistas de negócios até então. Contudo, em 1975, o governo do RN, apoiado e
envolvido por políticas nacionais que privilegiavam o desenvolvimento urbano e, principalmente, o
desenvolvimento turístico na região Nordeste do Brasil, começa a discutir o projeto de uma espécie
de cluster turístico em um terreno costeiro de aproximadamente 9 quilômetros de extensão, que se
entendia desde a praia de Areia Preta até a Praia de Ponta Negra, no perímetro urbano da costa
natalense.
Dava-se início, então, no governo de Tarcísio Maia (1975-1979), as discussões sobre o
denominado Projeto Parque das Dunas – Via Costeira (PDVC), havendo o mesmo sido aprovado em
1980. Os primeiros hotéis inaugurados pelo projeto datam do ano de 1986, durante o governo de
José Agripino Maia. O que veio se constituir, em um marco para a abertura de uma nova perspectiva
para o desenvolvimento do estado sob o comando da atividade turística, de forma organizada.
(CAVALCANTI, 2001 apud DANTAS, 2005).
3.3 Fase de Desenvolvimento do Destino (1986 - aos dias de hoje)
MOTIVO DE
VIAGEM
Lazer
Negócios
Convenções
Outros
1991
BRA
43,4
40,5
7,8
8,3
EST
88,8
7,9
1,2
2,1
1992
BRA
56,4
32,1
6,1
5,4
EST
75,6
18,7
1,9
3,8
1993
BRA
49,1
35,6
6,6
8,7
EST
94,0
4,1
0,6
1,3
1994
BRA
49,9
34,1
7,3
8,7
EST
93,3
4,1
1,7
0,9
1995
BRA
40,8
29,1
5,7
24,4
EST
88,5
8,7
1,3
1,5
1996
BRA
31,5
29,6
7,2
31,8
EST
81,3
15,0
2,7
1,0
O turismo em Natal, nesta fase, deixa de ser uma atividade periférica e passa a ser visto como
um setor econômico importante e direcionador do desenvolvimento. As viagens à Natal passam a ser
motivadas principalmente pelo lazer, e não mais por negócios. A tabela abaixo demonstra esta
tendência, evidente a partir de 1991, apenas cinco anos depois da data de início de funcionamento
das primeiras unidades hoteleiras do PD/VC.
TABELA 1 – Hóspedes (%) registrados nos meios de hospedagem classificados e em fase de classificação, segundo o motivo
da viagem. Grande Natal, 1991-1996. (BRA = Turistas Brasileiros e EST = Turistas Estrangeiros.)
Fonte: SECRETARIA DE TURISMO DO RIO GRANDE DO NORTE – SETUR-RN, 1999, p. 27.
De acordo com o ilustrado na tabela 1, percebe-se que em 1991, a maior parte dos hóspedes da
Grande Natal tinha sido motivada, sobretudo, pelo lazer, em especial os turistas estrangeiros. A partir
de 1995, entretanto, observa-se uma ligeira redução na proporção de viajantes atraídos por essa
motivação, tanto de brasileiros quanto de estrangeiros, em virtude não do turismo de negócios, mas
do aumento de convenções na região. As viagens motivadas pelo lazer se mantiveram
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ANO
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MOTIVO DE VIAGEM
TURISMO
BRA
EST
NEGÓCIOS
BRA
EST
CONVENÇÕES
BRA
EST
BRA
OUTROS
EST
2002
198.797
33.828
74.694
3.772
24.787
1.269
12.325
492
2003
201.001
54.093
65.364
3.273
16.076
1.051
11.896
536
2004
314.435
80.500
28.200
1.507
5.606
237
6.578
442
2005
354.683
98.273
31.401
1.226
7.461
236
9.283
331
2006
364.703
83.628
47.038
1.010
11.506
383
9.586
545
2007
376.982
72.745
49.580
1.460
7.621
389
8.836
554
2008
341.367
61.162
73.319
2.584
24.657
850
21.430
796
predominantes no estado durante os anos subseqüentes, conforme se pode observar na tabela
abaixo.
TABELA 2: Fluxo de entrada de hóspedes brasileiros e estrangeiros, segundo o motivo de viagem, Natal, 2002/2008.
Fonte: SECRETARIA DE TURISMO DO RIO GRANDE DO NORTE – SETUR-RN, 2008.
Apesar de a construção da Via Costeira ter sido iniciada em 1983, a hotelaria naquela área só
começou a funcionar a partir de 1986 com dois hotéis, entre os doze previstos pelo projeto original,
aumentando seu número para dez em 2005. O projeto global previa um total de vinte
empreendimentos turísticos como hotéis, equipamentos de lazer e entretenimento, restaurantes e
bares. Até dezembro de 2005, a Via Costeira contava com os seguintes equipamentos turísticos: 10
hotéis em funcionamento, 02 hotéis em construção, 01 hotel escola, 01 cervejaria, 01 restaurante e
01 centro de convenções. (DANTAS, 2005)
A implantação do PD/VC representou um trampolim para o salto inicial de um progresso
econômico experimentado pelo RN, e em especial pela capital Natal, por meio da atividade turística,
cujos efeitos podem ser observados através do aumento do fluxo de visitantes, da oferta hoteleira, do
número de agências de viagens e turismo, das receitas turísticas, do próprio setor de serviços, entre
outros. Os impactos diretos mais visíveis do turismo se manifestaram no aumento do fluxo de
visitantes. As estatísticas disponíveis relativas à década de 1980 permitem o vislumbre do
crescimento do número de hóspedes nos meios de hospedagem classificados pela EMBRATUR na
cidade de Natal, segundo a tabela abaixo:
ANO
FLUXO DE HÓSPEDES
HÓSPEDES
1984
79.534
1985
1986
1987
1988
1989
79.720
104.938
112.779
118.855
135.268
CRESCIMENTO
ANUAL (%)
..
0,23
24,0
6,95
5,11
12,1
CRESCIMENTO
ACUMULADO (%)
..
0,20
24,2
29,5
33,1
41,2
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TABELA 3 – Crescimento do número de hóspedes dos Meios de Hospedagem classificados em Natal – 1984-1989.
Fonte: EMPROTURN, 1991 apud CAVALCANTI, 1993, p. 221.
Diante da análise dos dados acima se pode ter uma idéia do impacto causado pela implantação
do PD/VC através do incremento observado de 41,2 % em 1989 do número de hóspedes em hotéis
classificados em Natal. O aumento constante no número de hóspedes continua a ser visualizado na
próxima, entre os anos de 2002 e 2008, com destaque apenas para um pequeno decréscimo nos
anos de 2003 e 2007. Ressalta-se que não foram encontrados dados referentes ao período de 1990 a
2001.
Ano
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
Hóspedes
416.004
414.501
493.622
564.836
581.805
579.153
582.357
HÓSPEDES NO PERÍODO
Crescimento anual (%)
...
-0,36
16,02
12,60
2,9
-0,45
0,55
Crescimento Acumulado
...
0,36
16,38
28,98
31,88
32,33
32,88
TABELA 4: Hóspedes no período, Natal, 2002-2008
Fonte: SECRETARIA DE TURISMO DO RIO GRANDE DO NORTE – SETUR-RN, 2009.
Segundo Law (2000) apud Pires e Dias (2009), o poder que as cidades têm de atrair visitantes
varia conforme os recursos turísticos que possuem (edifícios históricos, entretenimento, paisagem,
clima, etc.) e as formas de divulgação com que eles são trabalhados nos meios de comunicação.
Acrescenta-se que a cidade do Natal oferece alguns dos recursos citados acima, o que lhe confere
receber um bom número de turistas que contribuem para uma boa média na taxa de ocupação dos
hotéis, que inclusive tem crescido ao longo dos anos como pode ser vista abaixo.
ANO
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
TAXA MÉDICA DE OCUPAÇÃO (%)
46,86
49,05
56,13
60,38
54,02
52,55
53,31
TABELA 5: A taxa média de ocupação, Natal, 2002-2008
Fonte: SETUR-RN, 2009.
Destaca-se que embora o fluxo de visitantes que optam ficar em hotéis tenha crescido ao longo
dos anos, o número de pessoas que se utilizam de hospedagem extra-hoteleira também vem
aumentando como percebido na tabela que segue. Ressalva-se como “hoteleiro”: hotel, pousada,
pensão/hospedaria,
albergue
entre
outros;
enquanto
que
“extra-hoteleiros”
compreende:
casa/apartamento alugado, imóvel próprio, casas de parente/amigo e camping.
Ano
2002
Hoteleiro
Fluxo
%
654.400
65,46
Natal
Extra-hoteleiro
Fluxo
%
345.294
34,54
Total
Fluxo
999.694
%
100
XVI SEMINÁRIO DE PESQUISA DO CCSA
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2003
2004
2005
2006
2007
2008
664.164
773.142
905.062
895.355
883.041
898.544
10
65,97
64,31
66,76
65,20
65,35
64,58
342.602
429.069
450.618
477.878
468.086
492.607
34,03
35,69
33,24
34,80
34,65
35,42
1.006.766
1.202.211
1.355.680
1.373.233
1.351.127
1.391.151
100
100
100
100
100
100
TABELA 6: Estimativa do Fluxo Tur. Global por tipo de MH, Natal, 2002-2008.
Fonte: SECRETARIA DE TURISMO DO RIO GRANDE DO NORTE – SETUR-RN, 2009.
A quantidade de turistas na cidade não parou de crescer.
Os dados obtidos por pesquisas
realizadas pela SETUR (2008) no período de 2002 a 2007 demonstram o intenso crescimento
experimentado pela atividade turística em Natal, destacando um pequeno decréscimo nesse intervalo
de tempo.
ANOS
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
BRASILEIROS (2)
FLUXO
%
985.095
90,45
882.227
88,25
837.911
83,23
975.296
81,13
1.086.016
80,11
1.147.221
83,54
1.155.009
85,48
ESTRANGEIROS (2)
FLUXO
%
104.015
9,55
117.467
11,75
168.855
16,77
226.915
18,87
269.664
19,89
226.012
16,46
196.118
14,52
TOTAL
FLUXO
1.089.110
999.694
1.006.766
1.202.211
1.355.680
1.373.233
1.351.127
%
100,00
100,00
100,00
100,00
100,00
100,00
100,00
TABELA 07: Fluxo de Turistas (Natal) 2001-2007
Fonte: SECRETARIA DE TURISMO DO RIO GRANDE DO NORTE – SETUR-RN, 2008.
O aumento do número de visitantes requer uma expansão da oferta hoteleira para acompanhar tal
demanda. Esta dilatação do fluxo de turistas, de fato, se fez acompanhar do aumento do número de
hotéis classificados e em fase de classificação pela EMBRATUR em todo o estado. Segundo relata
Cavalcanti (1993), em 1985 a cidade do Natal contava com apenas 13 hotéis classificados e em fase
de classificação. Em 1986, esse número sobe para 15, com a construção e funcionamento dos dois
hotéis iniciais da Via Costeira. Em 1987, esse número ascende para 18 e, em 1988, para 27, o que
representa uma evolução de quase 50% com relação ao ano de 1985.
Se por um lado as informações concernentes aos anos imediatamente subseqüentes à
construção da Via Costeira são escassas, por outro, verifica-se um hiato nas estatísticas oficiais de
turismo relativas ao período compreendido entre 1990 e 1997, impossibilitando, deste modo, uma
análise mais apurada do impacto da Via Costeira sobre a evolução da oferta alojativa global da
capital potiguar. Pode-se, no entanto, fazer uma imagem do intenso crescimento obtido pelo turismo
através do aumento do número de meios de hospedagem, comparando-se a quantidade existente de
hotéis classificados ou em fase de classificação em Natal em 1986, totalizando 15 unidades, com o
número de meios de hospedagem existentes em 2004, que figurava na ordem de 199 no mesmo
município. (DANTAS, 2005). Em 2007 houve um pequeno decréscimo e o número de meio de
hospedagens passou a 197.
É interessante ressaltar que o fato de Natal apresentar uma grande rede hoteleira, uma das
maiores da região Nordeste, influenciou na escolha da cidade como uma das sedes dos jogos da
Copa do Mundo que será realizado no Brasil em 2014. Conforme dados as SETUR (2009) a cidade
apresenta mais de vinte e seis mil leitos. A evolução da oferta alojativa em Natal durante os anos de
2001 a 2007 pode ser melhor visualizada na tabela 08.
XVI SEMINÁRIO DE PESQUISA DO CCSA
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ANOS
NATAL
MHS
179
186
179
199
(*)
(*)
197
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
UHS
6.548
6.834
7.162
7.653
8.814
9.000
8.991
11
LEITOS
16.506
19.721
20.234
22.015
24.733
25.000
2.606
RIO GRANDE DO NORTE
MHS
UHS
450
10.082
563
11.549
594
12.414
623
13.604
652
14.933
(*)
15.000
O
O
LEITOS
26.353
34.015
36.118
39.252
42.306
45.000
O
TABELA 08 – Hospedagens em Natal
Fonte: SECRETARIA DE TURISMO DO RIO GRANDE DO NORTE – SETUR-RN, 2008
(1) MHS = MEIOS DE HOSPEDAGEM; (2) UHS = UNIDADES HABITACIONAIS (quartos). (3) OS DADOS PARA 2005 E 2006
FORAM ESTIMADOS; (*) DADOS NÃO ESTIMADOS Nota: Em jan de 2008, a SETUR realizou o levantamento sobre a
capacidade dos MHS de Natal, quando se constatou que no período de 2004 a 2007, 33 MHS fecharam, num total de 390 UHS
e 1.006 leitos e 8 se tornaram apenas residenciais, totalizando 216 UHS e 565 leitos. Nesse período foram implantados 44
MHS num total de 1.944 UHS e 5.662 leitos, perfazendo a capacidade total, em Natal, de 197 MH, 8991 UHS e 26.106 leitos.
Natal ainda detém uma parcela bastante representativa do total de meios de hospedagem do RN;
por outro lado, os dados expostos em seqüência, nos permitem afirmar que, se o desenvolvimento do
turismo principiou de forma mais concentrada nessa cidade no ano de 1986, atualmente ele tende a
se espalhar cada vez mais pelas demais regiões do estado, ainda que continue circunscrito de
maneira prioritária às áreas litorâneas (DANTAS, 2005). Aumentam a oferta, a demanda e também os
rendimentos obtidos com a atividade turística. Nos dias de hoje, a renda gerada pelo turismo lhe
garante o papel de um dos principais segmentos da economia no RN. Ao final de 2004, a receita
estimada por esse setor figurava na ordem de US$ 416.724.733, segundo estatísticas da SETUR
(2005).
GRANDE NATAL
DISCRIMINÇÃO
DEMAIS
RIO GRANDE DO NORTE
MUNICÍPIOS
Brasileiros
RECEITA
215.869.717
%
51,80
RECEITA
54.717.023
%
13,1
RECEITA
270.586.740
%
64,93
Estrangeiros
132.667.484
31,84
13.470.509
3,2
146.137.993
35,07
TOTAL
348.537.201
83,64
68.187.532
16,3
416.724.733
100,00
TABELA 09 – Estimativa da receita turística total por turistas brasileiros e estrangeiros, RN, 2004 (US$ 1,0).
Fonte: SECRETARIA DE TURISMO DO RIO GRANDE DO NORTE – SETUR-RN, 2005, não paginado
Verifica-se que, para a receita turística total estimada, a Grande Natal contribui com 83,6% A
maioria deste valor provém dos gastos realizados pelos turistas brasileiros (65%), uma vez que
representam 88,2% do fluxo global de visitantes para o estado. Deste modo, pode-se afirmar que os
turistas estrangeiros contribuem em maior medida, proporcionalmente, com a receita turística
potiguar, já que, mesmo estando em desvantagem numérica de quase 1,3 milhão de indivíduos, são
os responsáveis por cerca de 35% das despesas realizadas por turistas no RN. O crescimento da
receita turística ao longo dos anos (2004 a 2007) pode ser observado na tabela que segue:
ANOS
2004
2005
BRASILEIROS
RECEITA
%
215.869.717
61.94
286.098507
62,15
NATAL
ESTRANGEIROS
RECEITA
%
132.667.484
38,06
174.252.733
37,85
TOTAL
RECEITA
%
348.537.201
100,00
460.351.240
100,00
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2006
2007
309.237.600
316.240.490
65,75
66,74
12
161.064.567
157.569.601
34,25
33,26
470.272.167
473.810.091
100,00
100,00
TABELA 10: Estimativa da Receita Turística – 2001 a 2007 .Valores em US$1,00 (2)
Fonte: SECRETARIA DE TURISMO DO RIO GRANDE DO NORTE – SETUR-RN, 2008.
Todo esse progresso da atividade revela a viabilidade para se desenvolver ainda mais o turismo
no estado, podendo ainda observar a consolidação da atividade turística no Rio Grande do Norte por
meio do número bem diversificado de visitantes que chegam ao estado, através das tabelas vistas
anteriormente, as quais mostram os números nacionais e internacionais (SECRETARIA DE ESTADO
DO TURISMO DO RIO GRANDE DO NORTE, 2009).
4 O DESTINO TURÍSTICO NATAL/RN, EM CONSONÂNCIA COM O MODELO DE CICLO DE VIDA
DE BUTLER (1980).
Diante do exposto, pode-se afirmar que dentre fases propostas pelo modelo de análise de Butler
(1980), Natal tem vivenciado três das seis fases em seu processo evolutivo enquanto destino
turístico, a saber: a fase do descobrimento (exploração) do potencial turístico, compreendida entre
1930 até 1964.
Butler estabelece que, geralmente, o comportamento evolutivo de um destino começa em uma
localidade pouco ou nada conhecida do mercado e segue-se por um movimento de procura
motivado pela expansão da propaganda boca a boca feita pelos primeiros turistas que
descobrem a destinação que ainda se apresenta ao mercado sem estrutura turística e serviços
especializados, mas com recursos naturais e culturais em alto nível de preservação e com forte
poder de atratividade. Em conseqüência, há um aumento do fluxo e a natural adaptação local
em termos de infra-estrutura e equipamentos para o atendimento dessa demanda. (PIRES E
DIAS, 2009. p.5).
Em seguida, a fase de envolvimento (1964 a 1986), caracterizada pela inclusão do turismo dentre
as metas dos agentes envolvidos com a atividade e por conseqüência de “tentativas de levar
Natal/RN ao conhecimento nacional”. Foi quando começaram movimentos mais explícitos da iniciativa
privada no sentido de organizar e criar uma oferta turística mais qualificada e organizada.
Tanto os governos municipais como os estaduais começaram a dar prioridades a projetos
urbanísticos que viabilizassem a atividade turística. Vários empreendimentos foram viabilizados
como sejam: criação de um centro de turismo [...]; a construção do Bosque dos Namorados,
localizado no parque das dunas; assim como a proteção ao cajueiro de Pirangi[...] Além disso,
foram realizadas obras que objetivavam atender às demandas de um novo sujeito que
começava a fazer parte da cotidianidade do território natalense, ou seja, o turista. Nesse intuito,
a cada dia o cenário urbano se modificava (GOMES e SILVA, 2000. Não paginado).
A fase atual, que abrange desde o ano de 1986 até os dias atuais, pode ser considerada como de
desenvolvimento do turismo na cidade, marcada pela relação dinâmica, capaz de proporcionar
benefícios econômicos evidentes por via dessa atividade, fazendo com que os agentes invistam na
ampliação da oferta turística, sobretudo nos meios de hospedagem e restaurantes. As intervenções
nessa nova fase devem ser empreendidas com base no desenvolvimento de um processo de
reestruturação planejado.
Em relação à fase de consolidação pode-se averiguar que Natal ainda não é um destino turístico
consolidado, pois ainda se encontra como dito anteriormente, em estágio de desenvolvimento
estimulado por investimentos tanto de fundos privados quanto de fundos públicos na infraestrutura
turística.
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Acrescenta-se ainda que as duas fases restantes (estagnação e declínio) não puderam ser
identificadas plenamente no destino, devido às mesmas se caracterizarem respectivamente, pela
paralisação do fluxo de turistas e por fim, a queda progressiva das taxas de ocupação. Apesar de
Natal, apresentar alguns dados que demonstrem semelhança com as situações supracitadas, não se
pode atribuir tais estágios, devido não haver regularidade nestes panoramas específicos.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante da conjuntura apresentada, se deduz que o estágio do ciclo de vida em que se encontra o
destino turístico Natal-RN conforme o modelo de Butler (1980) é o de desenvolvimento, devido ao
fato de este receber um fluxo representativo para a região Nordeste com perspectivas de melhora.
Mesmo apresentando uma das melhores infra-estruturas turísticas da região, é imperativo destacar
que esse destino deve priorizar ações fomentadoras de vantagens, tais como: inovações, campanhas
de marketing adequadas e fiéis com a realidade; melhores agenciamentos, buscando passos mais
competitivos, que fidelizam os clientes (turistas) que já aderem ao produto e captam novos mercados.
Sabendo que se uma destinação turística atrai cada vez mais turistas ao longo dos anos e não tem
planejamento, inteligência competitiva, inovação e controle governamental, ela vai passar por cada
uma das etapas do ciclo de Butler supracitadas até finalmente atingir seu declínio devido a
degradação de recursos e os seus ativos.
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