ESTATÍSTICA SOCIAL: MOVIMENTO DIDÁTICO DA MATEMÁTICA EM SALA
DE AULA NO ENSINO MÉDIO
Ronan Fernandes de Arruda1
UEMS
Sonner Arfux de Figueiredo2
UEMS
Resumo: Constituído através de uma expectativa de aplicação da Matemática em sala, o
projeto objeto desta pesquisa começou a ser desenvolvido com pesquisas envolvendo as
entidades governamentais que poderiam possibilitar coletas dos dados necessários.
Nasce então, Projeto Trânsito é Vida com objetivo de combater os índices de acidentes
de trânsito em Nova Andradina e Bataiporã, cidades pertencentes à região sudeste do
estado de Mato Grosso do Sul. Sua base é o resgate da postura de cidadania no trânsito,
utilizando-se de alternativas que mudem o comportamento dos indivíduos, resultando
numa vivência harmônica, preventiva e defensiva no cotidiano nas ruas e estradas, visto
que são dez (10) km entre estas duas cidades, que envolve diretamente a BR que liga
Nova Andradina à Bataiporã. Para isso, manteve-se inter-relação com os órgãos destas
cidades. Buscando estabelecer alianças e cooperação entre estas duas regiões,
observando as características e peculiaridades locais. São parceiros ideais, além das
autoridades constituídas, as instituições de ensino e educação, os meios de
comunicação, os clubes de serviços, as associações de classe e de moradores e outras
que possam, em conjunto, tornarem-se pólos irradiadores do conceito de trânsito seguro,
em função da preservação da vida.
Palavras-Chaves: Coleta de dados; comportamento dos indivíduos; preservação da
vida.
Introdução
Ação conjunta e unificada dos órgãos de trânsito do estado e do município que
fazem parte do projeto, com o integral apoio da Escola Estadual Luiz Soares de
Andrade, possam impulsionar o Projeto “Trânsito é Vida – Transitando na Escola”
dentro da escola visando a análise dos dados e programas que possam reduzir o número
de acidentes no trânsito da região que envolvem a cidade citada acima, pois, a um
grande fluxo de carros circulando dentro desta cidade, próximo ao bairro centro
1
Professor de Matemática na Rede Estadual de Ensino, Pós-Graduando em Educação
Matemática pela UEMS – Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul –
[email protected].
2
Professor de Matemática na Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul – unidade de
Nova Andradina – [email protected].
educacional acabam tornando-se um trânsito único. Assim trabalhou-se a divulgar as
normas do Código de Trânsito Brasileiro e as recomendações para a segurança no
trânsito aos cidadãos nova andradinense e bataiporaense.
1.
Reforçar a ação educativa junto aos alunos das outras salas e de outros
períodos dentro da escola.
2.
Propiciar uma educação no trânsito envolvendo a Matemática e a conscientização dos
números de acidentes e vítimas fatais e não-fatais no trânsito.
3.
Alertar para a obrigação legal que exercida por cada cidadão nas ruas e estradas.
Segundo Chevallard (2001, 46):
O didático se identifica, assim, como tudo aquilo que está relacionado
com o estudo e com a ajuda para o estudo da matemática,
identificando-se, então, os fenômenos didáticos com os fenômenos
que surgem de qualquer processo de estudo da matemática,
independentemente de que tal processo esteja voltado para a utilização
da matemática, para aprendê-la, ensiná-la ou para a criação de uma
nova matemática. A didática da matemática é definida, portanto, como
a ciência do estudo da matemática.
Na ação estão envolvidos os alunos dos 1º anos do ensino médio, que foram
divididos em 5 grupos em cada sala, ou seja, 10 grupos no total. Num primeiro
momento eles foram atrás dos órgãos responsáveis para que coletassem os dados via de
regra Policia Militar, Policia Civil, Corpo de Bombeiros, DENATRAN, e o Detranzinho
municipal na procura da identificação dos dados, o diagnóstico, elaboração e
implantação de ações corretivas serão apresentados por meios de tabelas estatísticas
envolvendo os dados coletados e gráficos de modo que a clientela ouvinte, os alunos de
outras series, possam diagnosticar o problema e analisando a proposta que será
apresentada por cada grupo envolvido no projeto, visando a prevenção de acidentes de
trânsito nas áreas urbanas e Br destas cidades citadas.
Material e Métodos
O projeto terá abrangência municipal e contemplará toda rede estadual e
municipal de ensino que estejam interessadas no projeto, com as apresentações do
projeto pelos alunos que neles estão inseridos, 02 municípios, cujo processo de
conscientização no trânsito poderá ser de grande importância para a comunidade
escolar, levando em conta: estar integrado no Sistema Nacional de Trânsito, apresentam
elevados indicadores de mortalidade no trânsito. Com a implantação deste Projeto
dentro da escola efetiva-se nesses municípios, dentro da metodologia desenvolvida pelo
Projeto trânsito dentro da escola. que segundo Chevallard e um aspecto essencial da
atividade matemática, ou seja, componente expressivo desta metodologia são os dados
coletados e a participação dos órgãos de trânsito dos municípios e da SED - Secretaria
de Educação.
Para Chevalard (2001: 50):
Um aspecto essencial da atividade matemática consiste em construir
um modelo (matemático) da realidade que queremos estudar, trabalhar
com tal modelo e interpretar os resultados obtidos nesse trabalho, para
responder as questões inicialmente apresentadas. Grande parte da
atividade matemática pode ser identificada, portanto, com uma
atividade de modelagem matemática.
O Detranzinho se responsabiliza pela capacitação de pessoas visam o
acompanhamento técnico nas escolas municipais e estaduais da cidade, que envolve
principalmente crianças até 12 anos. Executado por seus profissionais que se deslocam
até as escolas da cidade para orientar e acompanhar os estudos implementados nos
termos da metodologia de tratamento proposta pelo Detranzinho. Ao município cabe
somente a orientação dos estudantes e não a identificação dos locais críticos, o
diagnóstico desses locais, a elaboração de soluções de engenharia e projetos executivos
e a execução de obras e serviços, viabilizando a diminuição dos fatores de riscos para a
população no geral.
Para que o projeto pudesse ter êxito na escola os estudantes foram visitar as
apresentações de orientações para os alunos menores tentando assim analisar o
encaminhando de projetos que pudessem, atingir de uma forma árdua a população
estudantil de Nova Andradina e Bataiporã. Estas visitas puderam identificar que as
coletas dos dados comprovam por alguns números que há de se trabalhar a
conscientização dos adolescentes através dos:
 Locais críticos identificados;
 Locais críticos diagnosticados e sem projetos elaborados;
 Projetos implantados ou em fase de implantação.
Segundo Chevalard (2000: 57):
Todo aquele que foi a escola sabe que os processos didáticos escolares
não começam nem acabam na sala de aula. O estudo que uma pessoa
empreendeu com um grupo de colegas e professor dentro de uma sala
de aula continua vivo ao sair da aula e ao voltar para casa. Terá de
fazer as lições, preparar-se para uma prova ou esclarecer alguma
duvida com a ajuda de um familiar ou um colega. Ao sair da aula, a
matemática que devemos estudar continua sendo a mesma e quem a
estuda também continua sendo a mesma pessoa. A única coisa que
mudou é que o professor, que coordena nosso estudo, não esta
fisicamente presente.
Também como benefícios alcançados, além da metodologia para tratamento de
locais críticos de acidentes, vale destacar as mudanças ocorridas na maioria dos locais
que possuem algum tipo de trabalho de conscientização no trânsito, visando sempre à
melhoria dos registros de acidentes de trânsito e a diminuição dos acidentes nestes
locais.
1. Boletins de Ocorrência
Estudando o conteúdo dos boletins de ocorrências (BO) destacados pelas
polícias militar e civil, objetivando trabalhar em parceria com a escola; houve grande
impacto nos estudantes, pois, a falta de atenção dos condutores – pedestres, ciclistas,
motoqueiros nas vias publicas geraram a grande maioria dos acidentes urbanos. Disto
trouxe a necessidade do estudo sobre as causas de acidentes de trânsito nas vias publicas
municipais.
No Boletim de Ocorrência de Acidente de Trânsito reúne, com clareza e
fidelidade, todas as informações necessárias à gestão do trânsito nas diversas maneiras
que deve ser trabalhado a consciência do condutor na cidade. Além do teste em campo,
a nova maneira de conscientização foi submetida à apreciação dos alunos da escola e
entidades setoriais que deram suas sugestões. DENATRAN – Departamento Nacional
de Trânsito, Detranzinho - Departamento de Trânsito nas escolas, Policia Militar,
Policia Civil.
Com base nas sugestões a serem formuladas, serão efetuados alguns ajustes nos
projetos viabilizados por estas entidades. Os ajustes serão então desenhados e
publicados. O projeto, Trânsito é Vida, apresentarão novos relatos a estas parceiras
DENATRAN com o intuito de que ele seja usado como modelo base do projeto que
cada uma desenvolve por si só em todas as Unidades escolares dos municípios
participantes a fim de uniformizar a estatística municipal de acidentes de trânsito, pois a
coleta, organização e divulgação de dados de acidentes são fatores primordiais para que
os esforços envidados em prol da segurança de trânsito nestes municípios obtenham
sucesso.
A avaliação macro do projeto será feita com base na pesquisa quantitativa dos
dados obtidos com êxito pelas entidades acima mencionadas. Também pelos
responsáveis e funcionários da escola Nair Palácio de Souza e as escolas visitadas. As
opiniões positivas dos responsáveis e funcionários dos estabelecimentos onde foram
realizadas, e aos dados do DENATRAN/MS e Policia Militar que indicam a ligação
entre conscientização e bebida alcoólica e ocorrência de vítimas fatais em acidentes de
trânsito.
Garantindo também, aos diferentes costumes das cidades, características e
necessidades dos públicos das escolas de cada cidade onde foi realizada, mantendo a
forma básica padronizada do conceito e conteúdo; com isso atingindo a ampliação do
conceito do público-alvo para incluir os adolescentes na faixa etária acima dos 12 anos,
muito representada entre as vítimas fatais alcoolizadas destas cidades.
Houve uma ampliação do conhecimento do conteúdo educativo do material
distribuído por parte dos estudantes, ratificando mais uma vez a necessidade do caráter
permanente do projeto na escola e nas escolas que propuseram a nos ouvir em forma de
seminários com apresentações e discussões abertas com o público alvo – os
adolescentes.
De acordo com Chevallard (2001: 196):
Para realizar a tarefa problemática que têm nas mãos, os estudantes
podem recorrer à ajuda de um coordenador de estudo. No caso de que
aqueles que estudam sejam também alunos de uma escola, instituto ou
universidade, a função do coordenador de estudo costuma ser
desempenhada por um professor. Mas também pode acontecer que os
estudantes dispensem toda ajuda exterior. No primeiro caso, teremos
um sistema didático formado por uma grupo de estudantes, um
coordenador e uma questão matemática a ser estudada, enquanto que,
no segundo caso, teremos um sistema autodidático. O pesquisador que
se instrui sobre um tema matemático, para avançar em suas pesquisas,
ou o professor que estuda alguma questão de matemática, para poder
ensina-la melhor, fazem parte de sistemas autodidáticos.
Da mesma forma, o acerto de dirigir o projeto sobre trânsito especificamente
para os adolescentes constatou uma relevância que este público tem para consigo
mesmo.
Foram levantados também os maiores pontos de concentração de acidentes
envolvendo adolescentes, ressaltando as principais vias das cidades, regiões estas que de
fato, já haviam balizado outros projetos que envolviam ações diretas de abordagem
nesses pontos em outras campanhas de conscientização no trânsito.
Em seu papel formativo, a Matemática contribui para o
desenvolvimento de processos de pensamento e a aquisição de
atitudes, cuja utilidade e alcance transcendem o âmbito da própria
Matemática, podendo formar no aluno a capacidade de resolver
problemas genuínos, gerando hábitos de investigação, proporcionando
confiança e desprendimento para analisar e enfrentar situações novas,
propiciando a formação de uma visão ampla e científica da realidade,
a percepção da beleza e da harmonia, o desenvolvimento da
criatividade e de outras capacidades pessoais. (PCNs do Ensino
Médio: 1998; 42).
Além disso, contemplou-se o apelo da população local que clamava por esse
tipo de projeto, tendo em vista o aumento consubstancial de acidentes no verão, ou seja,
quando os estudantes que moram em outras cidades, voltam para as casas de seus pais
que residem nestas cidades, principalmente os de classe media, que embora fomente
uma educação diferenciada acabam ingerindo bebidas alcoólicas de modo excessivo,
normalmente
vem
trazendo
problemas
relativos
ao
trânsito,
aumentando
substancialmente os índices de acidentes neste período.
O estudo detectou também que alguns aspectos da segurança no trânsito com
foco principal o cinto de segurança de passageiros, que devera ser mais intensamente
trabalhados. O estudo realizado por meio de avaliação do banco de dados do DETRAN
após o ano 2000 possibilitou um conhecimento mais profundo e fidedigno das causas de
acidentes nas vias publicas destas cidades, especificamente na cidade de Nova
Andradina, que apresenta um elevado índice de acidentes a partir destes anos, pois
envolve um crescente número de veículos de duas e quatro rodas. Essa análise detalhada
e comparada proporcionará ao projeto Trânsito é Vida a otimização e eficácia de suas
ações, visando a redução de acidentes e queda no índice de fatalidade nas vias públicas.
Essencial é a atenção que devemos dar ao desenvolvimento de valores, habilidades e
atitudes desses alunos em relação ao conhecimento e às relações entre colegas e
professores. A preocupação com esses aspectos da formação dos indivíduos
estabelece uma característica distintiva desta proposta, pois valores, habilidades e
atitudes são, a um só tempo, objetivos centrais da educação e também são elas que
permitem ou impossibilitam a aprendizagem, quaisquer que sejam os conteúdos e as
metodologias de trabalho. Descuidar do trabalho com a formação geral do indivíduo
impede o desenvolvimento do pensamento científico, pois o pano de fundo das salas
de aula se constitui dos preconceitos e concepções errôneas que esses alunos trazem
sobre o que é aprender, sobre o significado das atividades matemáticas e a natureza
da própria ciência. (PCNs do Ensino Médio: 1998; 44).
Dentre os resultados do estudo, constantes tanto do relatório quanto da
publicação, podemos destacar, por exemplo:
2. Dicas de segurança
2.1 Freadas
Muito cuidado ao frear tendo carros muito na sua traseira. Pesados, eles
percorrerão uma distância muito maior que um veículo vazio até parar completamente.
Não beba nem tome qualquer medicação que possa interferir nos seus sentidos.
2.2 Acidentes
Deparando-se com um acidente, antes de tentar prestar qualquer socorro,
respeite a sua própria segurança. Evite ser, também, mais uma vítima.
Se já houver outras pessoas prestando socorro no local, siga adiante e tente
avisar a autoridade mais próxima.
Se quem está com você não é médico ou paramédico, evite mexer nas vítimas e
nem permita que leigos removam as pessoas acidentadas. Aguarde o socorro apropriado
e evite o agravamento das lesões por manipulação inadequada.
Sua principal função será evitar o pânico, confortar os feridos, pedir o socorro
e sinalizar o local com triângulo, galhos ou lanternas.
2.3 Ultrapassagem
 Antes da ultrapassagem, certifique-se de que você tem uma visão total da via,
olhando também os retrovisores.
 Anuncie, por meio dos sinais convencionais (luzes e setas), sua intenção de fazer
a ultrapassagem.
 Nunca ultrapasse em trevos, lombadas, curvas e passagens de nível.
2.4 Dirigindo Na Chuva
Redobre a atenção para as condições da vias urbanas nessas ocasiões, é
possível a ocorrência de deslizamentos de outros carros.
Reduza a velocidade a um limite seguro.
Mantenha ligado os limpadores de pára-brisa.
Não fume para evitar o embaçamento do vidro.
2.5 Evite, freadas fortes.
Se o carro aquaplanar (deslizar sobre uma lâmina de água) não freie nem pise
na embreagem. Solte o acelerador e deixe o atrito com água reduzir a velocidade até
você sentir que as rodas adquiriu contato com o piso.
2.6 Animal na rua
Ao se deparar com animais não buzine nem sinalize com os faróis. Isto assusta
o animal que pode ter reações inesperadas.
2.7 Cinto de Segurança
A obrigatoriedade do uso do cinto de segurança é para todos os ocupantes dos
veículos, independente da via que esteja sendo utilizada.
Mantenha os cintos sempre em bom estado e nunca prenda-os enrolado ou
dobrado, para não reduzir sua eficiência.
Uso de cinto de segurança no banco de trás também é obrigatório.
2.8 Direção Defensiva
Conscientizar a direção defensivamente traz para o condutor do veículo um
modo seguro para evitar qualquer tipo de acidente. Além dos procedimentos
fundamentais para realizar uma viagem segura, como respeitar a sinalização e os limites
de velocidade, utilizar cinto de segurança nos bancos dianteiros e traseiros, transportar
crianças em dispositivos adequados, outras dicas são importantes para a prevenção de
acidentes nas vias públicas.
Esse tipo de direção tem como principal finalidade mostrar que além de você,
existem outros condutores e pedestres, que também exigem cuidados. Portanto, lembrar
que dirigir defensivamente consiste em estar atento com você e com os outros ao seu
redor.
Um dos segredos de dirigir com segurança é saber visualizar tudo ao seu redor
corretamente. Nunca entre em excesso de velocidade numa esquina. Freie sempre antes.
2.9 Distância
Não manter a distância de filas de veículos é muito perigoso, principalmente
quando os carros estão colados. Qualquer freada mais brusca pode iniciar colisões
sucessivas. Quanto maior a velocidade do tráfego, maior deve ser a distância entre
carros. Só assim você pode acompanhar, com segurança e a tempo, as evoluções do
tráfego.
2.10 Os maus hábitos ao volante
Os maus costumes ao volante podem prejudicar o veículo, e acabam exigindo
uma manutenção precoce.
Segurar o automóvel na embreagem – Controlar o veículo com a embreagem
numa subida - Virar o volante com o veículo parado – Dirigir com a mão sobre a
alavanca do câmbio – Dirigir com o braço para fora do carro – Dirigir com o banco
deitado.
Segundo o PCN ensino médio de 1998 na pagina 47 diz que: O
desenvolvimento de projetos, conduzidos por grupos de alunos com a supervisão de
professores, pode dar oportunidade de utilização dessas e de outras tecnologias,
especialmente no Ensino Médio. Isso, é claro, não ocorre espontaneamente, mas sim
como uma das iniciativas integrantes do projeto pedagógico de cada unidade escolar,
projeto que pode mesmo ser estimulado pelas redes educacionais. Para a elaboração de
tal projeto, pode-se conceber, com vantagem, uma nucleação prévia de disciplinas de
uma área, como a Matemática e Ciências da Natureza, articulando-se em seguida com
as demais áreas.
Resultados Obtidos
Reconhecimento dos agentes da circulação (pedestres, ciclistas, motociclistas,
motoristas e passageiros) e a responsabilidade de cada um na divisão e na organização
do espaço viável. Foram analisados o porquê da escolha por uma determinada
modalidade de circulação e a conseqüência da escolha para si, para a cidade e a
coletividade. A Pesquisa em jornais, revistas, livros e vídeos sobre a circulação de
pessoas e mercadorias em diferentes espaços e tempos (identificação e comparação de
imagens - velho e o novo, as transformações, a preservação ou destruição dos espaços
públicos) teve êxito na pesquisa - iniciação da construção da cidadania por meio da
reflexão sobre as responsabilidade dos dirigentes e da população em cada momento
histórico da organização das cidades - significado da circulação com qualidade de vida.
Quando explorado a evolução das cidades e dos meios de transportes em
função da circulação das pessoas na busca do atendimento de suas necessidades
(alimentação, trabalho, moradia, lazer, enfim sobrevivência) pode ser observado a
importância do crescimento da circulação de veículos nestas vias. Para isso houve a
necessidade de realizar pesquisa com cinco ou seis familiares ou vizinhos de cada aluno.
Tabulando os dados gerando gráficos e relatórios apontando o número total de empenho
do papel de cada pessoa que são movidas pela necessidade de trabalho, quanto pela
escola, quanto pelo lazer etc.
Os alunos realizaram atividades em que os alunos pudessem experimentar
diferentes formas de locomoção sempre embasadas em questões tais como: Quais as
diferenças e semelhanças entre os trajetos e as formas de circulação? Quais os aspectos
positivos e negativos? Quais trajetos melhoram ou pioram minha segurança? Quais
possibilitam mais ou menos contato social? Porque temos determinadas formas de
circulação?
Explorando, assim, junto com os alunos quais dos meios de transportes que
eles utilizam em seus deslocamentos, em qual classificação e características se
encontram e aqueles aos quais não tem acesso. Confeccionando diferentes meios de
transportes com sucatas, isopor, cartolinas, dobraduras, podendo fazer montagem de
uma exposição na escola.
A reflexão sobre como seria a circulação se outro meio de transporte fosse
predominante ou se houvesse maior equilíbrio entre as modalidades.
Estudo sobre as regras de circulação e conduta em cada papel assumido na
circulação com maior foco para os papéis que o adolescente podem assumir. Utilizando
a situação vivenciada pelos alunos, já explorada no mapa para propor ações que
eliminem ou minimizem riscos em seus trajetos. Discussão da questão da divisão do
espaço viário uma vez que há um conflito e uma disputa verificada por pessoas em
diferentes papéis e, portanto em diferentes condições. Apontando os direitos e deveres
de cada um definir com clareza qual o papel de cada cidadão na busca de uma
circulação livre de tantos conflitos. Compreender as relações sociais na circulação
identificando direitos e deveres em cada papel. Assumir atitudes cidadãs na circulação,
moldadas pela ética, pela solidariedade e pelo respeito. Conhecer os meios de transporte
e locomoção, suas diferenças, semelhanças, potenciais e simbologia. Conhecer e
interpretar as sinalizações básicas, a infra-estrutura e a organização das vias e áreas de
pedestres, canaleta, praça, estacionamento, acostamento, ferrovia, hidrovia, ciclovia,
ciclofaixa, bicicletário, ponto de parada, ponto de táxi, ponto de carga e descarga,
estação rodoviária, cruzamento, canteiro central e outros. Compreender que as regras de
circulação e o entendimento de sua funcionalidade estão implícitas no exercício da
cidadania na circulação. Realização de passeios no entorno da escola com o objetivo de
observar e registrar as sinalizações existentes e suas localizações. Registro do
comportamento das pessoas diante das sinalizações e das situações de risco observadas.
As diferentes infra-estruturas foram observadas, registradas e refletidas por
intermédio de ações concretas, valores e conhecimentos relativos a cidadania na
circulação, que o aluno possa treinar o olhar para aprender a paisagem urbana do
sistema de trânsito tornando essas informações funcionais e significativas na conquista
de maior segurança no seu dia a dia, apontando sua responsabilidade ou a dos adultos
ou responsáveis envolvidos.
Multiplicando as informações e resultados na vida da comunidade escolar.
Definindo a circulação desejada para o pedestre e usuário dos transportes coletivos.
Aqueles que o educador eleger como melhor meio de apresentar as idéias.
Considerações Finais
A frieza dos números dos acidentes começa com a naturalização do acidente de
trânsito. Muitos motoristas o encaram como “natural”. Acidente de trânsito não tem
nada de natural. Pode ser comum, mas não “natural”.
Acidentes de trânsito são evitáveis em 99% dos casos e acontecem na maior
parte das vezes por falha humana, entre as quais imprudência, imperícia ou negligência
do motorista. A idéia de “normalidade” dos acidentes de trânsito vem da percepção do
senso comum de que virou rotina com a cidades em expansão como Nova Andradina e
Bataiporã onde os “acidentes acontecem mesmo”, e que se não houver vítimas e tudo
aconteceu por uma simples falta de atenção, “está tudo bem” e segue-se a vida
registrando cada vez mais boletins de ocorrência. Tudo muito simples.
O problema é que não é assim. Todo acidente de trânsito merece ser pensado e
discutido, tanto pelos envolvidos quanto pelos estudantes do nível médio quanto as
autoridades envolvidas. Um acidente sem vítima não pode ser encarado como “sem
gravidade”. Afinal, mesmo se um acidente não gerou vítimas por um ou outro fator,
aconteceu o acidente, e dele poderiam sair pessoas vitimadas não fosse obra da sorte,
vez que os resultados de um acidente não são previsíveis. O que os alunos perceberam,
ao analisar várias ocorrências de acidentes, é que os motoristas não demonstram
nenhuma preocupação em refletir sobre as causas dos acidentes em que se envolveram.
Ou melhor, na maioria das vezes, já chegam com um culpado de plantão: o ”outro”.
Mas, será que este “outro’ é assim tão culpado? Quem será este “outro”?
O “outro” é sempre aquele que exime um motorista da culpa pelo acidente.
Pode ser um “carro que me fechou”, “um carro que parou de repente e eu desviei” ou
mesmo o próprio trânsito em si. O “outro”, nos casos mais revoltantes, pode ser a
própria vítima, que segundo os relatos, “me fechou e eu bati”, “atravessou na minha
frente e eu atropelei”, “estava muito devagar e me fez ultrapassá-la”, entre outras
possibilidades. O outro é sempre alguém que não sou “eu”.
É na frieza dos números de acidentes e vítimas no trânsito que estão estes
“outros”. São as vítimas da imprudência, da imperícia e da negligência dos milhares de
“eus” que dirigem sem responsabilidade. Que bebem “um pouco” e se acham capazes
de dirigir, colocando a vida dos outros em risco; que não respeitam sinais de trânsito;
que excedem a velocidade; que ignoram que cada “outro” tem um rosto, uma família e
uma história triste para deixar.
Muitos motoristas ainda não perceberam que a distância entre ser o “outro” ou
ser o “eu” é apenas circunstancial. A luta por um trânsito mais organizado e pelo direito
de ir e vir com segurança passa pela conscientização de que os “outros” somos “nós” e
de que o a vitima ou as histórias dos envolvidos nos acidentes também pode ser a nossa
historia.
Como professor, apesar de todo o esforço de manter a minha conscientização e
o meu dever de cidadão e professor, considerar que faço parte desta triste cadeia de
acontecimentos, quando algumas vítimas, ainda dentro das ambulâncias dos serviços
públicos, nos pedem para avisar seus parentes ou quando somos obrigados a informar a
morte de alguém em razão de acidente. É neste momento que podemos ouvir a voz do
“outro”; daquele que até então não sabíamos que existia ou sua identidade mencionado
nos relatos dos irresponsáveis causadores dos acidentes, mas que tem um pai ou mãe, ou
marido, ou filhos, chorando no telefone, nos implorando por lhes dar mais detalhes e
mais informações que lhes possam reconfortar um pouco. E muitas vezes, nós não
temos essas informações e nem podemos dar o reconforto pedido. A missão é difícil de
dar uma notícia a um pai do falecimento de seu filho. Fazendo estas pessoas que
estavam muitas vezes vivendo momentos alegres, ficando embalados em um saco
fechado. Muitas pessoas, como se sabe, nem conseguem cumprir esta etapa e pedem
ajuda a outros colegas. A sensação é um misto de impotência, culpa e solidariedade
humana que nos dá vontade de chorar junto com pais, mães e familiares. E seguramos
esta vontade de chorar porque é preciso ajudar a família, dar orientações, e quando
conhecidos tomar providências burocráticas e administrativas que, se por um lado são
necessárias, não trarão de volta a vida do ente querido.
E depois que tudo termina a família vai para casa. Sabendo que aquele espaço
sempre continuara vazio mesmo que outras pessoas tentarem preencher. Porem, na
cabeça de quem presenciou o fato, permanece a imagem dos olhos tristes e molhados de
cada uma daquelas pessoas, como gritos silenciosos de socorro, como dores que
poderiam ter sido evitadas, como vidas que poderiam ter sido preservadas.
Bibliografia
BRASIL. Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Parâmetros Curriculares
Nacionais Ensino Médio: Matemática. Brasília, DF: MEC/SEF, 1998.
CHEVALLARD, Yves. Organizer L´Etude. 1. Strutures & Fonctions. In: DORIER, J.L
et al.(eds). Actes de la 11ª École d´Été de Didactique des Mathématiques-corps 21
-30 Août 2001, pp.3-22
_________. Estudar Matemática: O elo perdido entre o ensino e a aprendizagem / Ives
Chevallard, Marianna Bosch e Josep Gascón; trad. Daisy Vaz de Moraes – Porto
Alegre: Artmed Editora, 2001.
FREITAS, José Luiz Magalães de. Situações Didáticas.in : MACHADO, Silvia Dias
Alcântara, et.al. Educação Matemática : uma introdução. 2.ed. São Paulo : EDUC,
2000.
Download

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