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QUESTÃO
DE CONSCIÊNCIA
UDR - Não
Pt P«CqMEWTACA
/. A Campanha da Fraternidade de 1986, lançada pela CNBB para todo o
Brasil teve como assunto principal a situação da terra: "Terra de Deus, Terra de
Irmãos". Temos 12 milhões de lavradores sem terra e muita terra fica sem cultivar.
Por causa disso cresce a fome, a morte de crianças e as migrações.
Muitos cristãos e muitas entidades democráticas se juntaram às organizações
de lavradores para dar força a sua luta pela Reforma Agrária. Contra este movimento apareceu uma organização poderosa de latifundiários que está conseguindo impor seus interesses ao governo, à Constituinte e paralisou a Reforma Agrária. Essa perigosa organização chama-sé UDR.
2. UDR. OQUEÊ?
1. Uma organização já registrada nacionalmente como uma entidade de defesa do latifúndio e dos latifundiários no Brasil.
2. Fundada em 12 de maio de 1985, em Goiânia-GO. Já conta com 172
regionais organizados (escritórios) em 13 Estados e com 20.000 associados (médicos, empresários, coronéis aposentados).
3. Objetivo: Organizar e unir a classe dos latifundiários, fazendeiros e pecuaristas em defesa da propriedade privada a todo e qualquer custo, proposital mente
contra a REFORMA AGRÁRIA EA ORGANIZAÇÃO DOS TRABALHADORES
RURAIS.
3. TÁTICA
1. Em relação aos fazendeiros:
a) Leilão de gado — para o sustento da entidade, compra de armas e pagamento de pistoleiros e jagunços.
b) Defender a propriedade, produção e produtores contra as invasões.
, c) Insuflando o terror contra a Igreja e a REFORMA AGRÁRIA.
d) Alianças com políticos de todos os partidos.
2. Em relação aos lavradores:
a) Ameaças e morte de POSSEIROS E PRESIDENTE DE SINDICA TOS.
b) Despejos e processos jurídicos coniventes com o Governo contra os TRABALHADORES.
c) Queimada de casas e morte de advogados dos LA VRA DORES.
d) Eliminação dos aliados (Igreja, CPT, CUT) aos LA VRADORES.
3. Em relação ao Governo:
a) Alianças de apoio aos políticos latifundiários nas Eleições e na Constituinte (200 deputados e senadores).
b) Atacar agressivamente o Governo naquilo que não a apoia.
c) Introduzir e aliciar funcionários nos órgãos e departamentos do Governo
(Federal, Estadual e Municipal) contra a REFORMA AGRÁRIA.
d) Aproveitamento da impunidade e da abertura do Governo para firmarem
seus interesses.
4. Em relação à Igreja:
a) Calúnia, difamação, ameaças de morte a padres, bispos e agentes de pastoral como culpados e causadores da violência no campo e na cidade.
b) Escândalos pelos meios de comunicação (rádios, TV, jornais e revistas),
manifestações contra a Igreja e padres.
c) Revelação do sigilo bancário das contas da Igreja e dos órgãos ligados aos
trabalhadores.
d) Agressões morais e intervenções até nas celebrações.
e) Tentativa de dividir a Igreja, os padres, bispos e o povo em conservadores e
progressistas.
f) A UDR constitui o braço armado da violência no campo através de pistoleiros, jagunços, ex-policiais, coronéis aposentados e TFP (Tradição, Família e Propriedade).
Vivemos, no momento, no Brasil, mais uma fase de acirramento ideológico.
As diferenças e o confronto entre as classes sociais são cada vez mais visíveis e
explosivos. O posicionamento sectário da UDR constitui um perigo iminente para
a paz social, estabilidade política.
A UDR: o grande desafio e inimigo do povo pobre, do lavrador, da Igreja
(CPT: Comissão Pastoral da Terra), do Clero e da Sociedade Justa e Igualitária que
queremos.
4. DIREÇÁO DA UNIÃO DEMOCRÁTICA RURALISTA
UDR /MINAS GERAIS
— Presidente: Udelson Nunes Franco
— Assessor de imprensa: Heitor Hartmann
— Diretor de Ação Financeira: Osvaldo Marcelino de Mendonça
PRONUNCIAMENTOS
1 — Bispos do Regional Leste 11 da
CNBB — Minas Gerais e Espírito
Santo
Por isso mesmo,
a) Propugnamos uma Reforma Agrária
que venha a favorecer os sem-terra e os
pequenos e médios proprietários que vivem do
seu trabalho e fazem seu solo produzir para a
comunidade.
b) De outra parte, julgamos que a
Reforma Agrária deve atingir o latifúndio
improdutivo, guardado para negócio, e que
impede inúmeros brasileiros sem terra de
exercer o seu legítimo direito de propriedade.
c) Não limitamos a Reforma Agrária a
uma simples divisão de terras, mas a desejamos
acompanhada de uma legislação agrária que
dificulte a alienação das terras recebidas, que
fixe o homem à terra, que o favoreça e impeça
o êxodo rural.
Em vista disso, não podemos aprovar a
insensibilidade demonstrada pela UDR com
relação a uma justa e necessária Reforma
Agrária, preocupada como está, em defender
apenas seus próprios interesses.
Deus nos apela a todos para a construção
de uma sociedade de irmãos, onde se aperfeiçoe
uma ordem que traga consigo a justiça social.
Por tudo isto, exortamos nossos fiéis a
não se deixarem enganar pela propaganda da
UDR, uma vez que ela se mostra inteiramente
contrária so ensinamentos da Doutrina Social
da Igreja, dificultando a promoção de uma
sociedade de irmãos, querida por Deus.
Por fim, repudiamos qualquer ideologia e
prática que adotem sistematicamente a luta
violenta de classes. A esse propósito lembramos
as palavras de João Paulo II: "Rejeitai o
raciocínio inspirado pelo egoísmo coletivo de
um grupo, de uma classe, ou baseado na
motivação do proveito material unilateral.
Recusai a violência como meio de resolver os
problemas da sociedade, pois a violência é
contra a vida e destruidores do homem". (João
Paulo 11, em Salvador, 7.7.80)
2 - CNBB
Recordamos também que a Igreja tem
repetidamente insistido sobre a urgência e a
abrangência de uma autêntica Reforma Agrária.
Prova dessa urgência é a multiplicação dos
acampamentos e ocupações por parte dos
agricultores sem terra. A doutrina católica não é
contra a propriedade, mas sim a favor de que
ela seja estendida a todos. Esta posição da Igreja
é radicalmente diversa da posição de pessoas e
organizações como a UDR (União Democrática
Ruralista), que defendem como direito absoluto
uma escandalosa concentração de terra pela
apropriação de grandes latifúndios, excluindo
assim do acesso à propriedade da terra aqueles
que querem dela viver e nela trabalhar. Estando
essa atitude em clara oposição aos ensinamentos
sociais da Igreja, alertamos os cristãos a que não
participem dessas entidades que, além domais,
vêm atacando sistematicamente trabalhadores
rurais e religiosos e obstruindo o caminho da
democratização da sociedade brasileira.
3 — Dom José Gomes — Bispo de
Chapecó — Santa Catarina
E o mais cruel é que os criadores de
núcleos da UDR, na região Sul, escondem suas
verdadeiras intenções, fazendo-se defensores
dos pequenos proprietários, dizendo que a
Reforma Agrária que se quer é uma Reforma
Agrária socialista, na qual todas as terras,
passam para o Estado.
Fonte: Dossiê — A Postura Antievista da UDR —
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra.
4 — Dom Benedito
"a reforma agrária no Triângulo Mineiro
vem esbarrando na ação exacerbada da UDR
(União Democrática Ruralista). Tanto que a
Igreja vem sendo ostilizada pelos que não
aceitam a reforma e procuram impedir o seu
trabalho de criar uma consciência da
necessidade dela servir como instrumento de
paz social".
Estado de Minas - 07.06.86 - p. 2
5 — Bispos do Centro-Oeste —
Comunicado ao Povo de Deus
Como, justificar que interesses de alguns
milhares se contraponham às necessidades mais
elementares de milhões de brasileiros? O poder
econômico dessa minoria tem sido usado para
impedir urgentes e indispensáveis mudanças
estruturais em nosso país, particularmente no
campo, onde a propriedade de terra vem se
tornando inacessível a um número crescente de
lavradores que dela necessitam para trabalhar
e não para negociar (CNBB "Igreja e problemas
daterra, n. 9, 1980).
Nesse combate sistemático à reforma
agrária, a UDR tem conseguido o alinhamento,
muitas vezes, de pessoas bem intencionadas que
não se aperceberam da verdadeira natureza
dessa instituição, de médios e até pequenos
proprietários, nos quais se inculca o medo
absurdo de que pequenas áreas rurais venham a
ser desapropriadas para partilhar entre os sem
nenhuma terra. Iludidos e amedrontados por
essa inverdade, pequenos agricultores são
lançados contra seus irmãos de igual ou maior
infortúnio e tem se tornado, muitas vezes,
inocentes contribuintes para o "lobby" dos
latifundiários.
O que é inegavelmente notório —, e,
como pastores, não podemos deixar de
condenar — é a forma como a UDR, desde a sua
criação, tem atacado, em reuniões públicas e
pelos meios de comunicação, a organismos
pastorais, comunidades eclesiais, sacerdotes,
teólogos, bispos e a própria CNBB. A sua
política tem sido dividir a igreja para afastá-la
do seu compromisso com o povo mais sofrido e
injustiçado, contrapondo alguns bispos e padres
aos demais e cobrando dela um papel
puramente assistencialista e espiritualista.
Essa disposição à solidariedade e a serviço
da Justiça Social, de que fala João Paulo II, são
exigências de vida cristã. Lamentavelmente,
porém, muitos daqueles que se opõem a esse
caminho defendem a concentração da terra em
poucas mãos e se dizem "católicos praticantes".
Que prática é essa que condena os irmãos à
fome e à miséria? Pela boca de Isaias, o senhor
condena os que lhe rendem culto, mas
perseguem os pobres: "Estou farto de
holocausto de carneiros e de gordura de
bezerros cevados, do sangue de touros, de
cordeiros e de bodes, não tenho prazer. As
vossas mãos, estão cheias de sangue: lavai-vos,
purificai-vos. Tirai da minha presença as vossas
más ações. Cessai de praticar o mal". (Isaiais,
1.11.16).
Goiânia- 04.11.87
6 — Diocese de Jiparaná — RO
Esta diocese juntamente com a Paróquia
da Evangélica Confissão Luterana do Brasil de
Jiparaná, com os órgãos pastorais da mesma
diocese - CPT, CIMI, e CEPAMI diante de
tantas mentiras e calúnias levantadas quer
chegar junto ao povo de boa vontade com esta
posição:
1 — Condena a UDR pelas calúnias que
levantou contra a Conferência Nacional dos
Bispos do Brasil, contra sua Presidência, contra
os Bispos das dioceses por eles nomeadas,
contra nossos padres, nossas irmãs e nossos
cristãos engajados na luta pela justiça e pela
verdadeira Reforma Agrária.
2 — Declara que se excluem da comunhão
com a Igreja Católica os que apoiam esta
associação de qualquer forma que seja, porque
são católicos que não aceitam os legítimos
pastores da Igreja. Se não aceitam seus pastores
também não têm mais o direito de pedir os
serviços religiosos desta mesma Igreja.
7 - CPT, MST, CUT
Companheiros
pequenos
proprietários.
Não se iludam com a demagogia da UDR.
Um de seus objetivos é criar um partido
político que defenda os interesses dos grandes
latifundiários e arrastar com eles os pequenos
proprietários rurais. E, para alcançar esse
objetivo, usam os métodos mais violentos e
mentirosos possíveis.
Em defesa dos pequenos produtores
apoiamos a inclusão, na futura Constituição, de
um artigo que proiba a desapropriação de áreas
com menos de 500 hectares. Isso é necessário
para que fique bem claro que somente exigimos
a desapropriação dos grandes latifúndios
improdutivos.
Vejam companheiros: se o Governo
desapropriasse apenas o maior latifúndio de
cada Estado, ou seja, 25 grandes latifúndios,
só aí já seriam mais de 20 milhões de hectares,
o que daria para assentar mais de um milhão de
famílias de trabalhadores rurais sem terra.
Central Única dos
Trabalhadores (CUT)
Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra
Comissão Pasto/al da
Terra (CPT)
Fonte: UDR: A Violência do Latifúndio
DE QUE LADO VOCÊ VAI FICAR?
"É impossível servir a dois senhores: a Deus e ao dinheiro" Lc. 16,13
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"É impossível servir a dois senhores: a Deus e ao dinheiro" Lc. 16,13