EDITORIAL
Ética na Pesquisa Histórica em Enfermagem e Saúde - Perspectiva à Integridade
Científica
Ethics in Historical Research in Nursing and Health - Perspective to Scientific Integrity
Ética en Investigación Histórica en Enfermería y Salud - Perspectiva para la Integridad Científica
Maria Angélica de Almeida PeresI, Tânia Cristina Franco SantosI
I
Doutora em Enfermagem. Professora dos Cursos de Graduação e de Pós-Graduação da Escola de Enfermagem Anna
Nery / Universidade Federal do Rio de Janeiro. Membro do Núcleo de Pesquisa de História da Enfermagem Brasileira.
Rio de janeiro -RJ, Brasil.
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Como citar este artigo:
Peres MAA, Santos TCF. Ethics in Historical Research in Nursing and Health - Perspective to Scientific Integrity. Hist
enferm Rev eletronica [Internet]. 2015;6(1):1-3.
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Ética em Pesquisa em História da Enfermagem comporta o processo historiográfico, a
comunicação do conhecimento produzido e os limites dessa comunicação. Pensar em ética na
pesquisa histórica comporta também a realização de estudos cujos benefícios possam ser revertidos
para a sociedade, em termos sociais ou acadêmicos.
É sabido que o desenvolvimento da pesquisa em História da Enfermagem depende da
existência e da qualidade das fontes documentais e, sendo assim, os esforços devem ser
continuados no sentido de proteger a memória da profissão, mediante a recuperação, preservação
e produção de fontes históricas.
Essa consciência ética permite que se estude os diferentes momentos históricos de modo
adequado e responsável, sem danificar o documento, ou seja, os bens simbólicos legados pelo
passado e que fazem parte de nosso presente. A utilização adequada do documento histórico requer
o manuseio cuidadoso para não causar danos, bem como a produção de documentos levando em
consideração as pessoas envolvidas com o fato histórico que o documento abriga.
Portanto, a preservação da fonte histórica é um ato legítimo de respeito pelo passado que,
alicerçado pelo reconhecimento da estreita relação entre memória e identidade profissional se
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constituí em atitude ética do pesquisador, mediante sua responsabilidade com a transmissão dos
bens simbólicos às novas gerações.
A construção de versões históricas consistentes, balizadas e eruditas é possível quando
aspectos éticos norteiam o desenvolvimento da pesquisa, especialmente, quanto a coleta e
utilização das fontes históricas. Sendo assim, os acervos públicos ou privados consultados devem
ser mencionados, bem como a referência e a autorização para consulta e divulgação das fontes
utilizadas na pesquisa.
Diante da Nova História, as possibilidades de utilização de fontes para a pesquisa em História
da Enfermagem foram ampliadas, incluindo-se fotografias e depoimentos orais no corpus
documental dos estudos, o que coloca os pesquisadores diante de aspectos éticos que envolvem
seres humanos, tanto na utilização da imagem quanto na realização de entrevistas para a produção
da fonte oral.
Os aspectos éticos para a utilização de fontes na pesquisa histórica são regidos por legislação
que devem ser de conhecimento do pesquisador, uma vez que é sua a responsabilidade em não
causar constrangimento ou de reduzir quaisquer tipos de riscos que a pesquisa venha a oferecer.
Mesmo diante de fatos já ocorridos em um tempo histórico, a utilização de fontes orais
requer maior cuidado, uma vez que traz ao pesquisador o desafio de manter o anonimato dos
entrevistados, caso seja essa a vontade dos mesmos.
Exceto em casos de utilização de fontes orais pertencentes a acervos e, portanto, já com
acesso e utilização previamente autorizadas, deve-se pedir a autorização para a identificação do
entrevistado. Caso a mesma não seja concedida, cabe ao pesquisador o cuidado de não deixar o
mesmo identificável. Quando isso não for possível, não se deve utilizar esta fonte na pesquisa.
Os limites da pesquisa em história da enfermagem acompanham os direitos das pessoas em
ter sua imagem preservada, bem como as informações por elas fornecidas, o que inclui filmes,
fotografias e depoimentos escritos e orais.
Os projetos de pesquisa em história da enfermagem acompanham os aspectos éticos-legais
que regem as demais pesquisas, independente da sua classificação ser de risco mínimo ou de baixo
risco. Em ambos os casos, o projeto deve contemplar, quando couber, de acordo com as fontes
utilizadas, informações sobre os benefícios e riscos da pesquisa, bem como o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido, quando houver a produção de fonte oral.
O tema ética em pesquisa em História da Enfermagem é tão amplo que merece maior
discussão, uma vez que não se esgota no uso das fontes de pesquisa e estende-se para aspectos de
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impacto sobre a profissão e seus atores sociais. Além desses, o plágio e autoplágio nas pesquisas
em História da Enfermagem abarca questões éticas importantes, que muitas vezes levam adiante
informações históricas equivocadas, reproduzidas por estudos que não buscam as fontes primárias
e utilizam as fontes secundárias para afirmar posições e versões históricas já apresentadas à
sociedade.
Sendo assim, retorna-se ao início desse texto quando a preservação dos acervos físicos, das
fontes originais foi citada como principal atitude ética dos enfermeiros. É importante mencionar
que o documento digitalizado não substitui o original, diante de tantas possibilidades de se alterar
o que é digitalizado em programas para este fim. Imagens, assinaturas e textos, quando
digitalizados, podem sofrer alterações, o que ainda faz necessário a guarda da fonte original.
A Enfermagem cada vez mais é responsável pela sua história, o que inclui os cuidados éticos
na pesquisa e na guarda do seu acervo documental (escrito, iconográfico, museológico) em
múltiplas facetas de existência física e digital.
A identidade profissional em constante transformação depende da produção sobre sua
história para a construção de uma enfermagem cada vez mais consciente e participativa em prol do
desenvolvimento humano.
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