O CONTROLO DA DOR NA ANTIGUIDADE
Desde o início da Humanidade que o flagelo da dor tentou ser explicado e tratado
pelo Homem.
Assim sendo, gostaria de recordar com os Colegas leitores deste Boletim, algumas datas
históricas na abordagem desta problemática
1.SUMÉRIA
No ano 4.000 a.C. os sumérios utilizavam o “Hulgil” (planta da alegria) para
combater a dor.
É a primeira referência ao uso do ópio que se conhece.
Por outro lado, os “SANADORES” (que se vestiam de peixe, pois este era o símbolo de
Ea, deus da magia) aplicavam massagens com que pretendiam expulsar “os demónios “
que causavam o mal.
2.MESOPTÂMIA
Recuando 3.000 anos , eis-nos na civilização Mesopotâmica (actual Iraque) onde
“ASU” era o “médico” encarregado de realizar exorcismos para aliviar a dor, que era
considerada um castigo divino.
Dizia orações para conseguir o perdão dos Deuses , utilizando no paciente folhas de
murta.
Hoje em dia conhecemos as suas propriedades analgésicas, pois contêm precursores do
acido acetilsalicilico.
Os tratamentos médico-cirúrgicos, e, respectivos honorários, estavam indicados no
Código de Hammurabi.
3.SÍRIA
Os Assirios realizavam circuncisões utilizando uma peculiar “técnica anestésica”
que consistia na compressão bilateral das carótidas a nivel do pescoço para produzir
isquémia cerebral e inconsciência (um aparente estado comatoso), o qual era
aproveitado para a cirurgia e para o alívio da dor.
4.ANTIGO EGIPTO
A dor era entendida nesta sociedade como um castigo dos deuses Sekhament e
Seth.
Consideravam o orificio nasal esquerdo e os ouvidos como via de entrada da doença e
da morte, pelo que o “tratamento” consistia em purgar a dor através desses orifícios.
Existem tambem referências ao uso do ópio para tratar as cefaleias do Deus RA.
As civilizações do Antigo Egipto começaram a usar narcóticos vegetais, como a
dormideira, a mandrágora e a cannabis, que se cultivavam na India e na Pérsia.
5.INDÍGENAS AMERICANOS
Cerca do ano 700 a.C os Incas Peruanos acreditavam que a folha de coca representava uma dádiva do Deus Capac, filho do Deus Sol.
Empaquetavam as folhas em forma de bola, chamada “cocada”. As cocadas eram
colocadas sobre a ferida cirúrgica, misturadas com cal ou cinza e a saliva do cirurgião,
para provocar analgesia.
Podemos considerar como o princípio da “anestesia local”, chegando a praticar
trepanações com esta técnica primitiva.
Os ARAUCANOS, no Chile, empregavam para a anestesia as flores de maia, “Datura
Ferox”, cujo princípio activo é a escopolamina, acompanhada de menores quantidades
de atropina.
De igual modo os MAIAS (México) usavam-na para aliviar a dor do parto.
6.ÍNDIA
Os Budistas do século V a.C. entendiam a dor como uma frustração dos desejos e,
assim, colocavam-na na alma.
Buda reconhecia que a dor é a causa de todos os sofrimentos, afirmando que “a dor é
universal. Ninguém pode libertar-se dela, desde o nascimento até à morte”.
É importante realçar que os hindus e os budistas foram os primeiros a assinalar a
importância da componente psicológica da dor, ainda que a sobrevalorizando.
7.CHINA
Os antigos Chineses acreditavam que a dor era causada por uma falta de equilíbrio
entre o yin e o yang, a dor residia no coração.
A base da medicina chinesa alicerçou-se, durante o reinado do Imperador Sheng Nung
(2.800 a.C) que se afirmou como autoridade médica, no bom uso de plantas medicinais.
Huang Ti (2.600 a.C) produzia analgesia dando haxixe aos seus pacientes e realizando
acupunctura nos 335 pontos, então identificados, ao longo dos 12 meridianos.
Iniciou-se o uso da moxibustão, queimando pequenas quantidades de artemísa sobre a
pele do paciente, para aliviar a dor.
8.GRÉCIA
Na Grécia antiga as pessoas afectadas por dores iam dormir nos templos de
Esculápio, deus da Medicina, onde os sacerdotes lhes ministravam poções e energias
místicas (ópio)
A primeira teoria organicista da dor foi elaborada por alguns sábios gregos, que
defendiam a tese que o cérebro era o orgão regulador das sensações e da dor.
Outro grande grupo, encabeçado por Aristóteles, defendia a teoria que a dor viajava
através da pele, pelo sangue, até ao coração.
9.ROMA
Roma substituiu a Grécia como grande centro nevrálgico social no mediterrâneo,
sendo fortemente influenciada pela medicina grega.
Galeno(130/200) nascido em Pergamun, capital da Ásia Menor, deu um forte contributo
para a compreensão dos mecanismos da dor com a descrição do sistema nervoso,
relacionando-o directamente com o cérebro, era uma teoria extremamente avançada
para a sua época.
Definia a dor como uma sensação originada no cérebro e utilizava as plantas e as folhas
para o seu tratamento.
Com ele nasce a polifarmácia
10.OUTRAS PARTES DO MUNDO
Avicena, médico persa, escreveu o importante tratado “CANON DE MEDICINA“
(séc XI) no qual realçava a anatomia dos receptores para a dor no ventrículo anterior,
esse texto foi utilizado durante mais de 600 anos nas escolas médicas
Deste brevissimo reumo ressalta que a dor foi e será uma das entidades a combater
pelos médicos que para tal, deverão conhecer e usar todas as técnicas terapêuticas ao
seu alcance
Victor Palhão
Bibliografia:
Valentin M Gonzalez, G6, Madrid
Cortés, Franco Alvarez, Madrid
Leriche R, Baltimore
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o controlo da dor na antiguidade - SPMA