PSICOPEDAGOGIA
REVISTA DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA • Nº 98 • 2015 • ISSN 0103-8486
EDITORIAL / EDITORIAL.................................................................................................... 115
ARTIGOS ORIGINAIS / ORIGINAL ARTICLES
• A construção e a desconstrução do rótulo do TDAH na intervenção psicopedagógica..... 118
• Avaliação da memória em crianças e adolescentes com histórico de acidente vascular
cerebral e crianças com queixas de dificuldades escolares............................................. 128
• Aplicativos para tablets sensíveis ao toque para melhorar vocabulário,
processamento auditivo central e habilidades de interação social entre pré-escolares..... 136
• Habilidades sociocomunicativas e de atenção compartilhada em bebês típicos
da primeira infância.......................................................................................................... 150
RELATO DE EXPERIÊNCIA/ EXPERIENCE REPORT
• Criança com dificuldade de aprendizagem: o processo de construção de uma guia de
encaminhamento de alunos com queixas escolares a serviços de saúde...................... 158
ARTIGOS DE REVISÃO / REVIEW ARTICLES
• A importância das Neurociências na formação do professor de inglês.......................... 168
• Psicopedagogia em foco: caracterização do status atual dos estudos no Brasil............. 182
• Contribuições de David Ausubel para a intervenção psicopedagógica........................... 191
PONTO DE VISTA / POINT OF VIEW
• Rede de apoio social na vida do indivíduo com transtorno de déficit de atenção
e hiperatividade e seus cuidadores.................................................................................. 200
RESENHA / REVIEW
• As crianças mais inteligentes do mundo: e como elas chegaram lá...............................205
ANAIS / PROCEEDINGS
• Apresentação e Programação do X Congresso Brasileiro de Psicopedagogia - 2015.......208
VOLUME
32
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Vitor da Fonseca
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Espanha
Espanha
Argentina
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Maria Célia Malta Campos Maria Cristina Natel
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Marisa Irene Siqueira Castanho
Mônica H. Mendes
Nádia Bossa
Neide de Aquino Noffs
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Regina Rosa dos Santos Leal
Rosa M. Junqueira Scicchitano
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Vânia Carvalho Bueno de Souza SP
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PSICOPEDAGOGIA – Órgão oficial de divulgação
da Associação Brasileira de Psicopedagogia – ABPp
é indexada nos seguintes órgãos:
1) LILACS - Literatura Latino-Americana e
do Caribe em Ciências da Saúde BIREME
2) Clase - Citas Latinoamericanas en Ciencias Sociales y Humanidades. Universidad
Nacional Autónoma de Mexico
3) Edubase - Faculdade de Educação, Unicamp
4) Bibliografia Brasileira de Educação - BBE
CIBEC / INEP / MEC
5) Latindex - Sistema Regional de Información en Línea para Revistas Científicas
de América Latina, El Caribe, España y
Portugal
6) Catálogo Coletivo Nacional – Instituto
Brasileiro em Ciência e Tecnologia –
IBICT
7) INDEX PSI – Periódicos – Conselho
Federal de Psicologia
8) DBFCC – Descrição Bibliográfica
Fundação Carlos Chagas
9) PEPSIC – Periódicos Eletrônicos em
Psicologia
Editora Responsável: Maria Irene Maluf
Revisão e Assessoria Editorial:
Rosângela Monteiro
Editoração Eletrônica: Rudolf Serviços Gráficos
O conteúdo dos artigos aqui publicados é de
inteira responsabilidade de seus autores, não
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parcial, sob penas da lei.
Psicopedagogia: Revista da Associação Brasileira de Psicopedagogia /
Associação Brasileira de Psicopedagogia. - Vol. 10, nº 21 (1991). São
Paulo: ABPp, 1991Quadrimestral
ISSN 0103-8486
Continuação, a partir de 1991, vol. 10, nº 21 de Boletim da
Associação Brasileira de Psicopedagogia.
1. Psicopedagogia. I. Associação Brasileira de Psicopedagogia.
CDD 370.15
Acesse a revista na íntegra: www.revistapsicopedagogia.com.br
Diretoria da Associação
Brasileira de Psicopedagogia
TRIÊNIO 2014/2016
Presidente
Luciana Barros de Almeida (GO)
1ª Secretária Administrativa
Maria Teresa Messeder Andion (SP)
Vice-Presidente
Edimara de Lima (SP)
2ª Secretária Administrativa
Heloísa Beatriz Alice Rubman (RJ)
1ª Tesoureira
Quézia Bombonatto (SP)
1ª Assessora Científica
Marisa Irene Siqueira Castanho (SP)
2ª Tesoureira
Ana Paula Loureiro e Costa (RJ)
2ª Assessora Científica
Evelise Maria Labatut Portilho (PR)
Assessorias
Assessora de Publicações Científicas
Maria Irene Maluf (SP)
Assessoras de Relações Públicas
Débora Silva de Castro Pereira (Ba)
Galeára Matos de França Silva (Ce)
Marilene Ribeiro de Azevedo (Go)
Assessoras de Comunicação e Divulgação
Iara Caierão (Rs)
Maria José Weyne Melo de Castro (Ce)
Maria Katiana Veluk Gutierres (Rj)
Conselheiras Vitalícias
Beatriz Judith Lima Scoz
Edith Rubinstein
Leda Maria Codeço Barone
Maria Cecília Castro Gasparian
Maria Célia Malta Campos
Sp
Sp
Sp
SP
Sp
Assessora de Formação e Regulamentação
Neide De Aquino Noffs (SP)
Maria Irene Maluf
Sp
Mônica H. Mendes
Sp
Neide de Aquino Noffs
Sp
Nívea Maria de Carvalho Fabrício
Sp
Quézia BombonattoSP
Conselheiras Eleitas – Gestão 2014/2016
Ana Paula Loureiro e Costa
Clarissa Farinha Candiota
Débora S. de Castro Pereira
Evelise Maria Labatut Portilho
Fabiani Ortiz Portella
Francisca Francineide Cândido
Galeára Matos de França Silva
Iara Caierão
Joyce Maria Barbosa de Pádua
Luciana Barros de Almeida
Luciana Queiroz Bem Portela
RJ
RS
BA
PR
RS
CE
CE
RS
PI
GO
CE
Márcia Alves Simões Maria Cristina Natel
Maria José Weyne M. de Castro
Maria Teresa Messeder Andion
Marisa Irene Siqueira Castanho
SP
SP
CE
SP
SP
Suplentes
Edimara de Lima
Heloisa Beatriz Alice Rubman
Jozélia de Abreu Testagrossa
Márcia Alves Affonso
SP
RJ
BA
SP
sumário
EDITORIAL / EDITORIAL
• Irene Maluf....................................................................................................................................115
ARTIGOS ORIGINAIS / ORIGINAL ARTICLES
• A construção e a desconstrução do rótulo do TDAH na intervenção psicopedagógica
The construction and the desconstruction of a label of ADHD in the psychopedagogical
intervention
Vera Helena Peres Jafferian; Leda Maria Codeço Barone..........................................................118
• Avaliação da memória em crianças e adolescentes com histórico de acidente vascular cerebral
e crianças com queixas de dificuldades escolares
Memory test on children and teenagers with stroke history and children with difficulties in
scholar learning
Janaina Aparecida de Oliveira Augusto; Sylvia Maria Ciasca...................................................128
• Aplicativos para tablets sensíveis ao toque para melhorar vocabulário, processamento
auditivo central e habilidades de interação social entre pré-escolares
Multitouch tablet applications for ennhancing vocabulary, central auditory processing
and prosocial skills among preschoolers
Cristina de Andrade Varanda; Eva Cristina de Carvalho Souza Mendes;
Nilva Nunes Campina; Maria da Graça Giordano de Marcos Crescenti Aulicino;
Rita de Cássia Gottardi van Opstal Nascimento; Cláudia Maria Fernandes Marczak;
Karla Regina de Jesus Grilo; Fernanda Mello; Renata Cristina Borges Corrêa;
Elaine Cristina Diogo; Fernanda Dreux Miranda Fernandes.....................................................136
• Habilidades sociocomunicativas e de atenção compartilhada em bebês típicos da primeira infância
Socio comunicative skills and shared attention in typical babies first childhood
Andréa Carla Machado; Suzelei Faria Bello................................................................................150
RELATO DE EXPERIÊNCIA/ EXPERIENCE REPORT
• Criança com dificuldade de aprendizagem: o processo de construção de uma guia
de encaminhamento de alunos com queixas escolares a serviços de saúde
Children with learning disabilities: the process of building a routing guide of students
with school issues to health services
Francisco Frederico Neto; Andréa Cristina Cardoso; Harumi Nemoto Kaihami;
Kátia Osternack; Gabriela Viegas Stump; Marina Emiko Ivamoto Petlik;
Carolina Luísa Alves Barbieri ......................................................................................................158
ARTIGOS DE REVISÃO / REVIEW ARTICLES
• A importância das Neurociências na formação do professor de inglês
The importance of Neurosciences in English language teachers’ training
Daniella Soares Portes...................................................................................................................168
• Psicopedagogia em foco: caracterização do status atual dos estudos no Brasil
Highlights of the educational psychology: characterizing Brazilian studies
Karina da Costa; Janaína da Silva Gonçalves Fernandes; Márcia Siqueira de Andrade;
José Maria Montiel; Daniel Bartholomeu....................................................................................182
• Contribuições de David Ausubel para a intervenção psicopedagógica
Contributions of David Ausubel process for psycho educational intervention
Rafaela Regina Distler...................................................................................................................191
PONTO DE VISTA / POINT OF VIEW
• Rede de apoio social na vida do indivíduo com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade
e seus cuidadores
Social support network in the life of individuals with attention deficit disorder and hyperactivity
and their caregivers
Alexandra Amadio Belli; Mauro Muszkat; Silvana P. Cracasso..................................................200
RESENHA / REVIEW
• As crianças mais inteligentes do mundo: e como elas chegaram lá
The smartest kids in the world: and how they got there
Itale Cericato..................................................................................................................................205
ANAIS / PROCEEDINGS
• Apresentação e Programação do X Congresso Brasileiro de Psicopedagogia - 2015............... 208
EDITORIAL
À
s vésperas do X Congresso de Psicopedagogia, “Releituras de Conceitos
e Práticas Psicopedagógicas - o Aprender em diferentes contextos”, de
outubro 2015, podemos dizer que, a 98ª edição da revista Psicopedagogia traz o mesmo olhar multidisciplinar e indagador sobre o conhecimento
contemporâneo que moveu a escolha de temas e os convites aos mais renomados
palestrantes desse evento trianual.
O primeiro artigo original que abre este número, “A construção e a desconstrução do rótulo do TDAH na intervenção psicopedagógica”, é de autoria de Vera Helena Peres Jafferian e Leda Maria Codeço Barone. Trata-se de
uma análise construtiva-interpretativa a partir de fragmentos de atendimentos
psicopedagógicos retrospectivos, considerados tanto em relação às entrevistas
iniciais com os pais, professores e pacientes, enfatizando o efeito de destino
do diagnóstico como em relação à intervenção psicopedagógica, ressaltando
o efeito de desconstrução do rótulo.
Segue-se a importante pesquisa de Janaina Aparecida de Oliveira Augusto
e Sylvia Maria Ciasca, “Avaliação da memória em crianças e adolescentes
com histórico de acidente vascular cerebral e crianças com queixas de dificuldades escolares”, um trabalho cujo objetivo foi avaliar a memória de curto
e longo prazo e memória operacional em crianças/adolescentes com histórico
de acidente vascular cerebral, comparando o desempenho desse grupo com
crianças/adolescentes com e sem queixas de dificuldades escolares. Trata-se de
um assunto pouquíssimo discutido em nossa área, mas de grande relevância,
como se poderá verificar.
Uma interessante contribuição para profissionais de diversas áreas, nos foi
enviado por Cristina de Andrade Varanda, Eva Cristina de Carvalho Souza
Mendes, Nilva Nunes Campina, Maria da Graça Giordano de Marcos Crescenti Aulicino, Rita de Cássia Gottardi van Opstal Nascimento, Cláudia Maria
Fernandes Marczak, Karla Regina de Jesus Grilo, Fernanda Mello, Renata
Cristina Borges Corrêa, Elaine Cristina Diogo e Fernanda Dreux Miranda
Fernandes, “Aplicativos para tablets sensíveis ao toque para melhorar vocabulário, processamento auditivo central e habilidades de interação social
entre pré-escolares”. Essa pesquisa objetivou detectar e intervir em dificuldades de linguagem e comportamento em crianças frequentando pré-escolas,
para prevenir problemas futuros, como o baixo desempenho acadêmico. A
devolutiva e a observação dos autores sugerem que essas atividades aumentaram os comportamentos pró-sociais, como colaboração e maior apreciação
para atividades sociais, e forneceram às crianças formas novas de expressão,
englobando habilidades de discriminação auditiva e vocabulário.
Um outro tema de grande interesse na atualidade, “Habilidades sociocomunicativas e de atenção compartilhada em bebês típicos da primeira
infância”, de Andréa Carla Machado e Suzelei Faria Bello, teve como objetivo
apresentar dados referentes às habilidades sociocomunicativas e de atenção
compartilhada em bebês típicos na primeira infância, buscando identificar as
duas habilidades citadas e evidenciadas nos bebês em quatro distintos períodos
observados, bem como as diferentes configurações em cada idade. A pesquisa
concluiu que aquisições de comunicação intencional e os diferentes contextos 
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 115-7
115
EDITORIAL
 de atenção compartilhada redirecionam e ampliam o curso das interações,
em cada idade. Este estudo contribui para a discussão relativa à cognição social
infantil, com ênfase nas relações entre atenção compartilhada, comunicação
intencional e aquisição da linguagem.
O relato de experiência “Criança com dificuldade de aprendizagem: o
processo de construção de uma guia de encaminhamento de alunos com
queixas escolares a serviços de saúde”, de Francisco Frederico Neto, Andréa
Cristina Cardoso, Harumi Nemoto Kaihami, Kátia Osternack, Gabriela Viegas
Stump, Marina Emiko Ivamoto Petlik e Carolina Luísa Alves Barbieri, aponta
para um problema de nossa realidade. Atualmente, assiste-se a um aumento
de crianças com queixas escolares encaminhadas a profissionais de saúde,
havendo uma comunicação pouco eficiente entre escola e serviço de saúde.
Este artigo buscou compartilhar a experiência de construção de uma guia de
encaminhamento de alunos com queixas escolares, aperfeiçoado até chegar
a um modelo mais ágil e racional de comunicação que facilitasse a troca de
informações entre profissionais da educação e saúde.
Interessante e oportuno é também o artigo de revisão “A importância das
Neurociências na formação do professor de inglês”, de Daniella Soares Portes, que discute a importância das Neurociências na formação do professor
de inglês, visto que este, assim como outros profissionais da Educação, lida
diretamente com o órgão da aprendizagem, o cérebro.
Outro trabalho de fundamental relevância para os psicopedagogos é de
autoria de Karina da Costa, Janaína da Silva Gonçalves Fernandes, Márcia
Siqueira de Andrade, José Maria Montiel e Daniel Bartholomeu, “Psicopedagogia em foco: caracterização do status atual dos estudos no Brasil”. O
objetivo do estudo foi identificar e analisar as publicações sobre a temática
psicopedagogia em periódicos científicos indexados na base de dados SciELO
e Pepsic, no período compreendido entre 2009 e 2014. Os autores concluíram
que é importante que mais estudos sejam desenvolvidos, de modo a ampliar
as discussões descritas neste trabalho e, especialmente, no que se refere à
atuação do psicopedagogo nos diferentes campos de inserção.
“Contribuições de David Ausubel para a intervenção psicopedagógica”,
de Rafaela Regina Distler, é outro artigo de revisão, que teve como objetivo
compreender os conceitos de David Ausubel e a sua interferência na aprendi­
zagem enquanto construção cognitiva, no campo da Psicopedagogia. A pesquisa oferece uma reflexão sobre o referencial teórico, a fim de trazer benefícios
para a prática profissional psicopedagógica.
Um ponto de vista e uma resenha encerram esta edição. “Rede de apoio social na vida do indivíduo com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade
e seus cuidadores”, de Alexandra Amadio Belli, Mauro Muszkat e Silvana P.
Cracasso, nos mostram um significativo trabalho. Trata-se de um estudo sobre
a rede de apoio social, que, por meio de intervenções, traz uma ênfase para
a importância da família na constituição e enfrentamento da criação de uma
criança com TDAH e não partindo apenas da situação de ambulatório e de uma
condição clínica. Nesse caso, o acolhimento individualizado e a ênfase sobre 
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 115-7
116
EDITORIAL
 a relação entre a aprendizagem e as emoções podem amenizar o sofrimento
das crianças e adolescentes com TDAH frente ao processo de aprendizagem
e aos relacionamentos interpessoais que se estabelecem no ambiente escolar.
É de Itale Cericato a resenha do livro “As crianças mais inteligentes do
mundo: e como elas chegaram lá”. Motivada pelo resultado da Finlândia na
primeira edição do PISA, a jornalista americana Amanda Ripley Ripley quis
saber o que esse país estava fazendo de tão especial no âmbito educacional e,
para tanto, empreendeu uma longa e ampla pesquisa envolvendo estudantes,
pais, gestores educacionais e professores. A autora dessa resenha destaca
que, apesar de não se tratar de uma pesquisa científica desenvolvida por
profissionais da área da Educação, os dados não podem ser desmerecidos,
porque despertam interessantes reflexões que se relacionam diretamente com
a qualidade da educação escolar oferecida para crianças e adolescentes. Assim,
tais dados podem se tornar ainda mais relevantes se pensados em relação ao
panorama educacional brasileiro, bastante comprometido, uma vez que nosso
país ocupa as últimas posições no PISA.
É sempre um motivo de alegria levar à publicação trabalhos dessa grandeza,
pois nossa revista, indexada em algumas das mais importantes bases de dados,
nacionais e internacionais, é lida não apenas no Brasil, mas em várias partes
do mundo, por pessoas interessadas em como a Psicopedagogia Brasileira vem
enfrentando os desafios e crescendo de um modo tão consistente.
A par disso, temos também neste número o anexo com as informa­ções
gerais e registros dos Trabalhos aprovados do X Congresso Brasileiro de
Psicopedagogia.
Boa leitura, excelente Congresso!
Irene Maluf
Editora
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 115-7
117
Jafferian
VHPORIGINAL
& Barone LMC
ARTIGO
A construção e a desconstrução do
rótulo do TDAH na intervenção
psicopedagógica
Vera Helena Peres Jafferian; Leda Maria Codeço Barone
RESUMO – Este trabalho tem como objetivo discutir o efeito que o
diagnóstico do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH)
pode ter sobre o sujeito e, também, como a intervenção psicopedagógica
pode contribuir para a desconstrução do rótulo, favorecendo o sujeito
a encontrar outro caminho que não seja a repetição do destino. Tratase de uma análise construtiva-interpretativa a partir de fragmentos de
atendimentos psicopedagógicos retrospectivos considerados em duas
dimensões. A primeira em relação às entrevistas iniciais com os pais,
professores e pacientes, enfatizando o efeito de destino do diagnóstico. A
segunda em relação à intervenção psicopedagógica, ressaltando o efeito
de desconstrução do rótulo. A análise dos dados sugere que o diagnóstico
tem o efeito de destino na vida do sujeito que fica sem autonomia e que,
com a intervenção psicopedagógica, o mesmo se desveste do rótulo e sai
do lugar que se encontrava.
UNITERMOS: Transtorno do Deficit de Atenção com Hiperatividade/
diag­nóstico. Transtornos de Aprendizagem. Criança.
Correspondência
Leda Maria Codeço Barone
Programa de Pós-Graduação em Psicologia Educacio­
nal – Centro Universitário FIEO
Av. Franz Voegelli, 300 –Vila Yara – Osasco, SP, Brasil –
CEP: 06020-190.
E-mail: [email protected]
Vera Helena Peres Jafferian – Pedagoga formada
pela Universidade Paulista (UNIP/SP), especialista
em Psicopedagogia Clínica e Institucional pelo Ins­
tituto Sedes Sapientiae/SP e Mestre em Psicologia
Educacional pelo Centro Universitário Fundação Ins­
tituto de Ensino para Osasco (UNIFIEO). Atua em
consultório particular e como assessora em escolas,
São Paulo, SP, Brasil.
Leda Maria Codeço Barone – Psicanalista pela So­
cie­dade Brasileira de Psicanálise (SBP/SP); Doutora
em Psicologia Escolar pela Universidade de São
Paulo (USP); Docente do Programa de Pós-graduação
em Psicologia Educacional do Centro Universitário
Fundação Instituto de Ensino para Osasco (UNIFIEO),
São Paulo, SP, Brasil.
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 118-27
118
A construção e a desconstrução do rótulo do TDAH na intervenção psicopedagógica
autores referem-se às mudanças na família, à
sofisticação do sistema de comunicação e ao
alto número de crianças e jovens por sala de
aula como sendo “alguns dos potenciais fatores
que podem contribuir para o desenvolvimento
de comportamentos de risco, os quais podem ser
precipitadamente classificados em diagnósticos
psiquiátricos”2.
O eixo de reflexão deste trabalho gira em torno de conceitos como “profecia autorrealizadora” estudada por Rosenthal & Jacobson3; “ganho
secundário da doença” e de “exceção” propostos
por Freud4,5 e toma a intervenção psicopedagógica levando em conta o sujeito que aprende e
não o sintoma. Dessa maneira, reiteramos que
o objetivo do trabalho é tão somente discutir o
efeito do diagnóstico sobre o sujeito e da intervenção psicopedagógica como desconstrução do
rótulo, e não a discussão do diagnóstico.
INTRODUÇÃO
Acima da responsabilidade, coloca-se a
questão do sujeito ou aquilo que determina o ser do sujeito. O que faz com que
eu seja o que sou? Quais determinismos
constituíram o meu destino, qual o encadeamento das causas das quais eu seria
o resultado?1
Este trabalho tem como objetivo refletir sobre
o efeito do diagnóstico do Transtorno de Déficit
de Atenção e Hiperatividade (TDAH) sobre
o sujeito rotulado. Parte da hipótese de que o
diagnóstico, muitas vezes, é percebido como um
rótulo que marca o destino do sujeito. O trabalho
pretende, ainda, refletir sobre o possível efeito
do atendimento psicopedagógico na desconstrução do rótulo. Ele toma como objeto para estudo
fragmentos de atendimentos psicopedagógicos,
retrospectivos, de crianças e adolescentes, aten­
didos em consultório, diagnosticados com TDAH.
Tais crianças e adolescentes, normalmente
diag­nosticadas por psiquiatras, neurologistas
e pediatras, são encaminhados para avaliação
e tratamento psicopedagógico. E, geralmente,
a queixa de pais e professores é de que tais
pa­cientes têm dificuldades de atenção, não se
interessam pelas atividades escolares, são desorganizados com seu material, além de serem
agitados. E, normalmente, relatam que tudo isto
que acontece com seus filhos e alunos é resultado do TDAH.
Por outro lado, tais crianças e adolescentes
relatam que a escola é chata, que não querem
fazer lição de casa e que gostam de jogar no
computador. Tudo isso indicando que deve haver
alguma divergência entre a observação de pais
e professores com a das crianças e adolescentes
a respeito do problema.
Na mesma linha desta observação, Santos &
Vasconcelos2 comentam que a alta frequência
dos diagnósticos de TDAH tende a conduzir a
uma reflexão crítica do processo de avaliação e
intervenção no acompanhamento de crianças e
adolescentes no sistema de educação, nas práticas educativas e na família. Ainda, os mesmos
O TDAH: Percurso Histórico
Desde o século XIX, segundo Ajuriaguerra6,
se estuda a instabilidade psicomotora, que é um
dos sintomas presentes hoje no TDAH. Esse tema
recebeu várias denominações ao longo do tempo,
tais como síndrome da criança com lesão cerebral, síndrome da criança hiperativa, disfunção
cerebral mínima, agitação e, mais recentemente,
transtorno de déficit de atenção e hiperatividade. O mesmo autor relata, ainda, que o termo
“Disfunção Cerebral Mínima (DCM)” foi criado
após várias discussões, sendo criticado por sua
natureza controversa e imprecisa, embora tenha
sido muito utilizado e aberto caminho para as
terapias farmacológicas, especialmente com o
uso do metilfenidato6.
Atualmente, como observam Leonardi et al.7,
o TDAH é o transtorno psiquiátrico mais comum
na infância, “cuja prevalência situa-se entre 3%
a 13% em crianças com idade escolar, sendo
mais frequente em membros do sexo masculino”.
Segundo os mesmos autores, o TDAH se caracteriza por desatenção, distração, hiperatividade
e impulsividade e, por isso, é um dos principais
problemas observados na criança no processo
pedagógico nos últimos dez anos.
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 118-27
119
Jafferian VHP & Barone LMC
Barkley & Murphy8 afirmam que TDAH é
“o termo atual para designar um transtorno desenvolvimental específico, observado tanto em
crianças quanto em adultos, com os sintomas
de déficits na inibição comportamental, atenção
sustentada e resistência à distração”.
Desde o DSM-II, o Manual de Diagnóstico e
Estatística das Perturbações Mentais – DSM, 2ª
edição, desenvolvido pela Associação Americana
de Psiquiatria (APA)9, começou a se falar em
hiperatividade, e na época, como era vigente a
hipótese do transtorno da Disfunção Cerebral
Mínima (DCM), o mesmo foi classificado pela
primeira vez nesse manual como “Reação Hipercinética da Infância”, enfatizando o papel da Hiperatividade na DCM. Na 3ª edição do DSM10,
o DSM-III, surge o termo Distúrbio de Déficit
de Atenção (DDA), e na 4ª edição11, o DSM-IV,
foram separados os critérios de déficit de atenção
dos critérios de hiperatividade e impulsividade,
e o distúrbio foi caracterizado como transtorno.
Recentemente, na 5ª edição do DSM12, o
DSM-V, a Associação Americana de Psiquiatria
(APA) usou o termo ADHD (TDAH em português), como denominação dos “distúrbios de
comportamento”, tendo em vista que as diretrizes diagnósticas americanas, após várias revisões de estudos a este respeito, denominaram o
TDAH como um transtorno que parece provocar
uma alteração no comportamento e na capacidade de manter a atenção. Desse modo, não se
trata de uma disfunção.
CID-10, define os critérios para o TDAH sob o
termo Transtorno Hipercinético13.
Na publicação do DSM-V12, os critérios diag­
nósticos do TDAH são similares aos do manual
anterior DSM-IV-TR14 e foi mantida a mesma
lista de dezoito sintomas, divididos entre desatenção, hiperatividade e impulsividade. Importante destacar que os pacientes com idade
máxima de 17 anos têm que apresentar até seis
dos sintomas listados no DSM-IV-TR e, os mais
velhos, até cinco sintomas. Quanto à exigência
no manual anterior que os sintomas estivessem
presentes até os 7 anos de idade, foi alterada
para os 12 anos no atual DSM-V, tendo em vista as mudanças comportamentais que podem
ocorrer e que podem ser confundidas com esse
transtorno de hiperatividade.
A Literatura sobre o TDAH
Na literatura, há muitos trabalhos escritos
sobre o TDAH, de diferentes teóricos, com diversas posições e informações a respeito, como
Reis & Santana15, que fizeram um levantamento bibliográfico de trabalhos de teóricos sobre
esse tema e relatam que alguns descrevem as
características do transtorno, outros teóricos
afirmam a não existência de tal transtorno por
se tratar de uma forma de camuflar o problema
que está na escola ou em casa. As mesmas autoras concluem que, nos diferentes trabalhos
analisados, não há um consenso entre as várias
teorias citadas e que, por tudo isso, os debates
a respeito desse assunto devem ser sustentados,
por serem de grande relevância para a ciência e
para um maior entendimento pela sociedade a
respeito desse transtorno, o qual vem tomando
grandes proporções, devido ao grande número
de crianças diagnosticadas.
Segundo Reis & Santana15, no Brasil, estima-se que há entre 5% e 8%, ou seja, de cada 20
crianças 1 tem TDAH.
Há muitas crianças e adolescentes diagnosticados com TDA e TDAH que são medicadas
com Ritalina (metilfenidato) e há diversos estudos na literatura sobre essa medicação. Alguns
artigos que concordam com a prescrição do
O Diagnóstico
O diagnóstico do TDAH é baseado nas manifestações comportamentais dos pacientes, a
partir de critérios diagnósticos determinados
pelos Manuais de Diagnóstico e Estatístico das
Perturbações Mentais (DSM) desenvolvidos
pela Associação Americana de Psiquiatria (APA),
atualmente na 5ª edição, o DSM-V lançado em
201312.
Há, também, diagnósticos que são baseados na Classificação Internacional de Doenças
(CID), desenvolvido pela Organização Mun­
dial de Saúde (OMS), que em sua 10ª edição, o
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 118-27
120
A construção e a desconstrução do rótulo do TDAH na intervenção psicopedagógica
metilfenidato e sua eficácia, como as pesquisas
de meta-análise realizadas com crianças, adolescentes e adultos com TDAH a curto e longo
prazo (Schachter et al., 2001; Faraone et al.,
2004; Faraone et al., 2006 apud Leonardi et al.7).
E outros estudos que discordam do uso do medicamento, como um dos trabalhos, que sugere
a piora na impulsividade (Neef et al., 2005 apud
Leonardi et al.7).
No entanto, há na literatura trabalhos de
di­versos autores que vão trazer elementos para
pensar o sujeito com o diagnóstico de TDAH de
outras maneiras e que sustentam argumenta­
ções que serão abordadas neste artigo, como
Goldstein & Goldstein16, que propõem um diag­
nóstico baseado na história de vida do sujeito
e que não o rotule; Leonardi et al.7 que, numa
abordagem comportamental, argumentam
sobre a etiologia desse transtorno, bem como
os aspectos dos comportamentos dos sujeitos
diagnosticados com TDAH; Moysés17 discute
os dados obtidos nas suas pesquisas realizadas
com “crianças-que-não-aprendem”. A partir
da Psicanálise, Crochik & Crochick18 abordam
esse transtorno como produto da cultura em que
vivemos; Janin et al.19 discorrem sobre o TDAH
e suas implicações na vida das crianças e propõem, com base em sua prática clínica, intervenções que possibilitem a construção da autonomia
desses sujeitos rotulados, e, finalmente, Levin20
argumenta sobre a hiperatividade da criança
enquanto possibilidade de ser olhada pela mãe.
conflitos que um aluno que não-aprende-na-­
escola gera”17.
Assim se inicia um processo de rotulação
na vida dessas “crianças-que-não-aprendem”,
que pode vir a ser um destino na vida delas. E
o rótulo muitas vezes é atribuído rapidamente,
tornando-se uma descrição exata dessa pessoa
e pode vir a ser um caminho sem volta, como
um destino, com danos que perduram na vida
do sujeito.
Como Oakes (apud Tauber21) observou “uma
vez que rotulamos uma pessoa, mudamos a nossa
opinião sobre esta pessoa. Isto afeta como nós
agimos e reagimos em relação a ela. Rotular é
fácil. Nós não temos como conhecer a pessoa. Nós
apenas supomos como a pessoa é”. Essa forma
de pensar está na base do preconceito porque
quando não se conhece bem alguém não se pode
saber o porquê de suas atitudes. Como quando
um aluno que não presta atenção na aula e não
faz lições, muitas vezes, é visto pelo professor
como desinteressado e assim será tratado como
tal, não mostrando suas capacidades.
A Profecia Autorrealizadora, o Ganho Secundário e a Exceção
Na literatura, encontramos os estudos referentes à “profecia autorrealizadora” (selffulfilling
prophecy), de Rosenthal & Jacobson3, que, por
meio das pesquisas realizadas com professores
e alunos, mostram como a expectativa que o
professor tem de seu aluno vai influenciar o rendimento escolar deste sujeito nas situações escolares e sociais. Assim, a partir do que o professor
espera de seu aluno, é o que será mostrado por
ele. Os mesmos autores, em sua pesquisa denominada “Efeito Pigmalião”, mostram, ainda, que
o comportamento das pessoas é determinado por
regras e expectativas que podem prever como as
pessoas vão se comportar em dada situação. E, a
partir desse comportamento que se repetirá em
várias situações faz com que, naturalmente, esse
sujeito seja rotulado por quem convive com ele,
e esse rótulo poderá ocupar o lugar de destino
em sua vida.
O Rótulo
Na pesquisa realizada com “crianças-que-não-aprendem”, Moyses17 analisa a forma como
essas crianças são diagnosticadas como portadoras de alguma doença e que, por isso, serão
rotuladas e serão reféns de doenças inexistentes
e de fracassos que não são seus. A mesma autora
sugere que: “feito um diagnóstico, como em um
passe de mágica, cessam as pressões, como se o
diagnóstico bastasse, prescindindo do tratamento. O diagnóstico não é bastante para resolver o
problema, porém é suficiente para acalmar os
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 118-27
121
Jafferian VHP & Barone LMC
do conhecimento, mas sim do sujeito em sua
complexidade. A aprendizagem acontece tomando em conta a criança, a atividade que faz
e o psicopedagogo em diferentes momentos do
processo. O psicopedagogo atua como mediador
entre o aluno e a cultura na circulação do conhecimento, não ficando no lugar de autoridade. A
criança tem que saber que o professor sabe, mas
ela tem que ser a autora de seu saber.
Para Pain23, aprendizagem se dá como processo de apropriação construtiva do conhecimento
através das trocas humanas, e que ao aprender
reconhecemos o outro como possuidor de um
saber. Mas para o sujeito adquirir esse conhecimento do outro dependerá da confiança e do
vínculo que se constrói a cada encontro. Sendo
que o psicopedagogo trabalha com a aprendizagem, e não na transmissão do saber, assim a
partir da relação estabelecida entre paciente e
psicopedagogo o sujeito que não aprende poderá
expressar, pela linguagem, dos atos falhos e das
associações livres, suas angústias e desejos nas
sessões psicopedagógicas. Segundo Kupfer24,
“os atos falhos são pequenas manifestações que
emergem em nossa fala, às quais não se costuma dar muita informação”. Nesse papel de
mediador, o psicopedagogo poderá despertar no
paciente o desejo de aprender e de conhecer o
novo. Pretende-se, assim, que o sujeito comece a
se arriscar mostrando-se nas suas possibilidades
como autor de seu saber, se implicando, como
”sujeito de uma ação inteligente”23, que se apropria do conhecimento. E, ao tentar resolver uma
situação desafiante com interesse, com alegria
e com autonomia sabe que estamos juntos, mas
não para dar respostas, e sim, para encontrar
caminhos.
Na mesma linha, Janin19 propõe que, ao falar
de aprendizagem escolar, devemos levar em
conta as condições internas da criança, a relação
com o professor (transferência), o método da
escola e a valorização social da aprendizagem.
A mesma autora sugere que, aprender é como
entrar em lugares desconhecidos, algo como se
apropriar e se arriscar num movimento de busca,
de fazer perguntas, e que para querer saber deve
O conceito de profecia autorrealizadora, segundo Tauber21 foi usado pela primeira vez por
Merton22, que estudou como a influência sobre
algo que se diz faz com que aconteça. E o mesmo
autor chama a atenção sobre a importância de
se saber o que é essa profecia, sua definição e
de como esse “efeito Pigmalião” pode refletir na
vida das pessoas.
Dessa maneira, é importante que o profes­sor
esteja atento aos seus alunos para não criar expectativas falsas baseadas em alguns comportamentos deles, pois o aluno será visto pelo professor
como parece ser e não como é, assim poderá ficar
num lugar sem autonomia. As consequências
para esses alunos podem ser irreversíveis, modificando seu modo de se expressar socialmente
e cognitivamente.
Outra maneira de ver a questão vem da Psicanálise, no texto “as exceções” em que Freud4
coloca que o sujeito, por apresentar alguma deficiência ou má formação, culpa a natureza pelos
seus males, considerando-se assim uma exceção.
Por isso, aspira ser tratado como um eu ideal e
merecedor de todas as regalias, aproveitando-se
dessa situação mesmo que não seja construtiva
em sua vida. Conforme Freud cita, “sem dúvida
é verdade que cada um gostaria de se considerar
uma exceção e reivindicar privilégios em relação
aos demais”4. Num outro texto sobre “o ganho
secundário da doença”, Freud5 defende que,
apesar da dificuldade que a doença traz, há também um ganho, pois o doente recebe a atenção
e a preocupação do outro, como a criança com
TDAH que não quer fazer as suas obrigações na
escola e, por isso, os pais e professores, muitas
vezes, fazem por elas. Assim, a criança coloca-se no papel de exceção, parecendo obter um
ganho secundário, por ser considerada TDAH,
a despeito do ônus que isso lhe traz.
O Trabalho Psicopedagógico
O trabalho psicopedagógico, do ponto de vista deste artigo, se constitui como atividade que
trata do sujeito em situação de aprendizagem.
Tal postura indica que este trabalho não trata
diretamente do sintoma e nem da transmissão
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 118-27
122
A construção e a desconstrução do rótulo do TDAH na intervenção psicopedagógica
se referir ao doente que, por receber privilégios,
se acomoda no papel de doente e se fixa nele.
Também se discute como a intervenção psicopedagógica pode funcionar como intervenção
capaz de desconstruir o rótulo, favorecendo o
sujeito a encontrar outro caminho que não seja
a repetição do destino.
Inicialmente, o projeto de pesquisa foi sub­
metido à apreciação do Comitê de Ética em
Pesquisa do Centro Universitário FIEO – Osasco/SP, o qual foi aprovado com o nº CAAE
22156113.6.0000.5435, em 30/10/2013, pelo
parecer nº 441.321. Os representantes legais dos
participantes assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido apenas para autorizar o
uso dos dados dos atendimentos desses pacien­tes,
já que o trabalho psicopedagógico realizado com
tais pacientes já havia sido concluído.
Os materiais utilizados nesta pesquisa foram
os fragmentos de atendimentos dos quatro participantes das anotações das entrevistas realizadas com os pais e com os profissionais da escola,
com o paciente e as anotações dos atendimentos.
haver o desejo. Janin19 considera, ainda, que,
para aprender algo temos que prestar atenção,
nos concentrarmos nesse tema, sentir curiosidade por isso, para desarmá-lo, desvendá-lo,
quebrá-lo, para traduzi-lo em nossas próprias
palavras, reorganizando-o e apropriando-nos
dele para podermos usá-lo em diferentes circunstâncias.
Na visão de Kupfer24, o aluno-paciente deve
desarticular, retalhar, engolir e digerir todo o
conhecimento que foi transmitido pelo educador-psicopedagogo. E esse novo conhecimento se
entrelaça no desejo do educando dando sentido
para ele, e assim “pela via de transferência, o
aluno passará por ele, usá-lo-á, por assim dizer,
saindo dali com um saber do qual tomou verdadeiramente posse e que constituirá a base e o fundamento para futuros saberes e conhecimentos”.
Visto desse modo, o trabalho psicopedagógico
com crianças rotuladas preserva a relação com
o paciente, sendo que todo o trabalho acontece
no espaço psicopedagógico, e, por meio da trans­
ferência com o paciente, durante a interven­ção
psicopedagógica, ele sai de um lugar de dependente do outro, quebra-se o efeito do rótulo
e, aos poucos, reconhece-se como sujeito do
aprender e com autonomia. Essa ética promove a
desconstrução do diagnóstico-rótulo no trabalho
psicopedagógico que propomos aqui.
Procedimentos
Para efeito de melhor compreensão trata-se
dos fragmentos coletados considerando duas dimensões. A primeira reportando-se às entrevistas
com os pais, com a criança e com a escola, salientando o efeito de destino dado ao diagnóstico. A
segunda reportando-se à intervenção psicopedagógica, chamando a atenção para o efeito de
desconstrução do rótulo que ela pode ter.
Para a discussão, o embasamento teórico apre­
senta-se a partir do trabalho de Rosenthal & Ja­
cobson3, pelo conceito da profecia autorrealizadora, e também pelas contribuições da psicanálise,
de Freud4,5 pelo viés do sujeito, como exceção e
pelo ganho secundário da doença, e por demais
autores que suportaram este trabalho.
MÉTODO
Trata-se de um estudo a partir de fragmentos
dos atendimentos psicopedagógicos retrospectivos de quatro pacientes, diagnosticados com
TDAH, atendidos em consultório particular de
psicopedagogia.
A pesquisa é qualitativa com uma análise
construtivo-interpretativa e discute o efeito que
o diagnóstico pode ter sobre o sujeito, ou seja,
ele muitas vezes, à semelhança de profecia autorrealizadora, conforme estudo de Rosenthal &
Jacobson3, fixa um destino para o sujeito, que
acaba agindo conforme o que é esperado dele.
Nesse sentido, a criança muitas vezes se acomoda a esse destino, experimentando o “ganho
secundário da doença”, como coloca Freud5 ao
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Nos fragmentos em que há relatos referentes à fala dos professores e dos orientadores,
percebe-se que o professor não escuta a criança
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 118-27
123
Jafferian VHP & Barone LMC
e não vê o porquê dela não aprender e esse professor só reconhece a criança a partir do rótulo
que carrega. Assim, esses alunos rotulados ficam
no lugar de incapazes, sem autonomia e não
correspondem ao esperado pelos professores.
E isso pode ter como consequência a “profecia
autorrealizadora“, conforme Rosenthal & Ja­
cobson3, do aluno não ser ouvido como sujeito
e sim como sintoma.
Assim, a escola teria que ter como tarefa
entrar em contato com os alunos, mas a partir
do diagnóstico a tendência da escola é olhar
pela ótica do diagnóstico, conforme apareceu
nesta pesquisa pela fala de alguns professores
e orientadores:
• a orientadora de Ana relata: “Ana era
desatenta e não queria ficar na sala de
aula e saía da classe. Era hiperativa e
quando eu a chamava na minha sala para
conversarmos ela não ficava sentada e se
movimentava pela minha sala.” (sic)
• o professor de Lucas relata: “por ter o
laudo com diagnóstico do TDAH, Lucas
tinha privilégios como não entregar os
trabalhos.” (sic)
• o orientador de Marcelo relata: “agora
com o diagnóstico de TDAH ele vai ser
medicado com Ritalina, e daí vai ficar
mais adequado em sala de aula”. (sic)
• a professora de José relata: “sei que ele
é assim por causa do TDAH, coitadinho.
Mas eu o ajudo”. (sic)
Na maioria dos fragmentos, percebe-se que
os sujeitos recebem regalias por terem o diagnóstico de TDAH e, por isso, aproveitam dessa
situação, de doente, e ficam nesse lugar por
receberem privilégios, e não mostram o que são
capazes, o que vem de encontro ao que Freud
diz sobre “o ganho secundário da doença” que
o paciente não quer, inconscientemente, sair do
lugar de doente por receio de perder os privilégios que a doença proporciona.
Nos relatos de fragmentos referentes à desconstrução do rótulo do TDAH na intervenção
psicopedagógica, nota-se que algumas atitudes
da psicopedagoga, respeitando o ritmo e o tempo
de cada paciente, ajudou-os a interessarem-se
pelo aprender.
Fragmentos de relatos da psicopedagoga:
1- Nas sessões seguintes, foi observado que
Ana aproveitava o tempo das sessões pa­ra
brincar e fazer as atividades que eu pro­
punha, mas sem se movimentar muito
pela sala e, quando eu falava das regras
que ela tinha que obedecer, ela reagia
positivamente. Isto se devia ao nosso
vínculo que se fortalecia a cada sessão
e, também, por ela confiar nesse espaço
acolhedor. Assim foi combinado com a
professora de Ana, que ela a incentivasse
a tentar fazer as atividades, respeitando
o ritmo e o tempo dela. E, assim, Ana
estava começando a mostrar também na
escola o que já sabia. Ao agir dessa forma,
a professora estava abrindo espaços para
Ana começar a construir sua autonomia,
aceitando as regras e aprendendo a conviver com os colegas. Ana começava a
desvestir-se do rótulo, desconstruindo-o.
2- A professora de José relatava que ele não
aceitava regras e não tinha limites, atrapalhava a aula andando pela sala, cutucando
os colegas, e não aceitava quando errava
e desistia de fazer a atividade. Também
colocava que ultimamente ele estava
brigando com um colega. Eu intervinha
colocando limites e regras, trabalhando
com canais de expressão, propondo um
desenho e uma história escrita ou um
jogo de regras. E quando ele fazia coisas
que não eram adequadas, eu intervinha
na hora e conversava sobre as regras que
não foram obedecidas e das consequências
que aconteceriam por isso. Eu mostrava
para José os progressos dele ao aceitar as
regras do jogo, do mesmo modo que eu
fazia com Ana. Essa intervenção fez com
que eles começassem a acreditar no que
eram capazes, contendo sua impulsividade e elaborando o que não estava bom,
fazendo melhor. Eles tinham que viver a
frustração, saber que podiam perder.
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 118-27
124
A construção e a desconstrução do rótulo do TDAH na intervenção psicopedagógica
Desse modo, reconheceram-se nas suas pos­
sibilidades, saindo do lugar que estavam aprisionados desconstruindo o rótulo.
Tentei demonstrar pelos meus relatos que as
pessoas com o diagnóstico do TDAH apresentam
geralmente uma dificuldade em aceitar regras e
limites, que impedem uma organização neces­
sária para a apropriação do conhecimento. Portanto, a meu ver, essa é uma questão importante
a ser trabalhada na intervenção psicopedagógica
com pacientes que têm este transtorno, para que
eles consigam, em algum momento, sair do lugar que estavam presos e sem autonomia, como
propõe Moyses17: “Deste modo, ao desconstruir
o rótulo, poderá sair do lugar acomodado de
“criança-que-não-aprende” fracassada e ex­
propriada de seu saber, e, poderá mostrar-se como
autora de seu saber”.
Percebe-se que essas crianças e adolescentes
rotuladas que apresentadas nesta pesquisa têm
a oportunidade de verem-se como autoras de seu
saber, por meio da intervenção do psicopedagogo, em vários momentos de jogos, de atividades
pedagógicas e de desenhos e estórias durante
o acompanhamento psicopedagógico. Assim,
conseguem escolher pela construção de sua autonomia e não pelo determinismo do rótulo como
destino. Cabe ao psicopedagogo levar em conta o
sujeito, a sua história de vida e as suas angústias.
Tais atitudes como ajudá-los a encontrar modos
de melhorar o que não estava adequado, como
respeitar as regras propostas e aceitar os limites
colocados em cada situação vivenciada; fazer a
reescrita de seus textos, para que houvesse sentido no que escreviam e, em matemática, fazer cada
etapa do exercício proposto propiciaram neles um
movimento em busca do aprender.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A questão do TDAH deve ser amplamente
discutida com os profissionais da escola, diretores, orientadores e professores, tendo em vista
que, em muitas escolas, conforme dados obtidos
nesta pesquisa, o diagnóstico médico funciona
como destino da criança. Isto é, o laudo médico
vai ser o orientador do rumo da criança na escola como uma profecia autorrealizadora, como
posto neste trabalho. Visto desse modo, o sujeito
rotulado não terá oportunidade de mostrar-se
como sujeito do aprender, por ser subjugado em
suas capacidades.
As observações desta pesquisa corroboram
com o que foi proposto por Rosenthal & Ja­
cobson3 referente às expectativas que os professores têm do aluno com TDAH e que refletirão
no modo como irão tratar os alunos em sala de
aula, a partir do que os professores acreditam
que eles sejam. Corroboram, também, com o
que Freud4,5 propôs sobre a pessoa sentir-se
como uma “exceção” e exigir regalias para se
conformar com a situação que vive e como ônus
obtém privilégios, como no “ganho secundário
da doença”, se fixando no lugar de doente para
não perder as regalias.
Evidencia-se, assim, a importância de os profissionais da educação e da saúde envolverem-se
em uma ética, colocando-se num lugar onde possam ver o sujeito, com suas outras capacidades
escondidas atrás do rótulo, colaborando para a
desconstrução desse rótulo que o impede de ser
um sujeito autônomo. Um dado importante que
pode surgir deste trabalho é que o professor não
se fixe tanto no sintoma e sim nas capacidades
do sujeito.
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 118-27
125
Jafferian VHP & Barone LMC
SUMMARY
The construction and the desconstruction of a label of ADHD
in the psychopedagogical intervention
The goal of this work is to discuss the effect that the diagnosis of Attention
Deficit Hyperactivity Disorder (ADHD) can have on the subject, as well as
how the pedagogical intervention can contribute to the deconstruction of
the label favoring the subject to find another way other than the repetition
of the destiny. It is a constructive-interpretative analysis from fragments of
retrospective psychopedagogic treatments considered in two dimensions.
The first dimension in relation to the initial interviews with the parents, the
teachers and the patients, emphasizing the target effect of the diagnosis.
The second dimension in relation to psychopedagogical intervention,
emphasizing the effect of deconstruction of the label. The data analysis
suggests that the diagnosis has an effect of destiny in the life of the subject,
who is without autonomy and that with the psychopedagogical intervention
the subject undresses label and gets out of place it was.
KEY WORDS: Attention Deficit Disorder with Hyperactivity/diagnosis.
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126
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Este artigo foi escrito a partir da pesquisa da dissertação
de mestrado “O diagnóstico como destino: a criança
com TDAH e a flexibilização necessária na clínica”
de Vera Helena Peres Jafferian, sob a orientação da
professora dra. Leda Barone, do Programa de PósGraduação em Psicologia Educacional do Centro
Universitário Fundação Instituto de Ensino para
Osasco (UNIFIEO), Osasco, SP, Brasil.
Artigo recebido: 22/5/2015
Aprovado: 13/7/2015
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 118-27
127
Augusto
JAOORIGINAL
& Ciasca SM
ARTIGO
Avaliação da memória em crianças
e adolescentes com histórico de
acidente vascular cerebral e crianças com
queixas de dificuldades escolares
Janaina Aparecida de Oliveira Augusto; Sylvia Maria Ciasca
RESUMO – O presente trabalho teve como objetivo avaliar a memória de curto
e longo prazo e memória operacional em crianças/adolescentes com histórico de
acidente vascular cerebral (AVC), comparando o desempenho deste grupo com
crianças/adolescentes com e sem queixas de dificuldades escolares. Os instrumentos
utilizados para coleta de dados foram: Figuras complexas de Rey, Bloco de Corsi,
RALVT e o Subteste Memória Operacional/WISC-IV (Dígitos e Sequência de
números e letras). Participaram deste estudo 32 crianças, sendo 7 crianças com
diagnóstico comprovado de AVC, 10 indivíduos com queixa de dificuldades escolares
e 15 crianças sem queixa de dificuldades escolares, divididas em três grupos com
idade entre 7 e 15 anos, frequentadoras do 1º ao 9º ano do Ensino Fundamental,
de ambos os sexos. Os resultados encontrados indicaram que, tanto crianças/
adolescente com histórico de AVC como indivíduos com dificuldades escolares
possuem prejuízos significativos no desempenho da memória, sendo observadas
grandes defasagens em memória operacional e de curto prazo. Além disso, tais
achados demonstraram que indivíduos pós-AVC tendem a ter maiores dificuldades
em reter informações ao longo do tempo, além de apresentarem alterações em
áreas importantes para o processo ensino aprendizagem, como as habilidades
visuo-motora e visuo-espacial. Destaca-se a necessidade da continuidade desses
estudos a curto e médio prazo com essa população, a fim de compreender o quanto
tais prejuízos interferem no processo de aprendizagem.
UNITERMOS: Acidente vascular cerebral. Criança. Aprendizagem. Memória.
Correspondência
Janaina Aparecida de Oliveira Augusto
Av. Nossa Sra. da Consolação, 432 – Jardim Aurélia –
Campinas, SP, Brasil – CEP 13033-140
E-mail: [email protected]
Janaina Aparecida de Oliveira Augusto – Aprimoranda
do Curso de Psicologia Clínica Aplicada à Neurolo­
gia Infantil – Universidade Estadual de Campinas e
especialização do curso Neuropsicologia Aplicada à
Neurologia Infantil, Campinas, SP, Brasil.
Sylvia Maria Ciasca – Professora livre-docente do
Departamento de Neurologia e Coordenadora do
DISAPRE – Laboratório de Pesquisa em Distúrbios
de Aprendizagem, Dificuldades de Aprendizagem
e Transtorno de Atenção, Universidade Estadual de
Campinas (Unicamp), Faculdade de Ciências Mé­
dicas, Campinas, SP, Brasil.
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 128-35
128
Avaliação da memória em crianças e adolescentes com histórico de acidente vascular cerebral
e crianças com queixas de dificuldades escolares
mântica, na linguagem, na compreensão e em
habilidades visuo-espacial9-11. Lesões do lado
direito costumam gerar prejuízo de imagem
cor­poral, atenção espacial e nas habilidades
visuo-motoras12.
Dessa forma, o presente estudo teve como
objetivo avaliar a memória de curto e longo prazo, além da memória operacional em crianças/
adolescentes com histórico de AVC, comparando
o desempenho desse grupo com indivíduos com
e sem queixas de dificuldades escolares. Diante
disso, as seguintes hipóteses foram consideradas: o desempenho de crianças/adolescentes que
tiveram AVC é significativamente inferior a de
sujeitos com dificuldades escolares em todos os
testes; maiores prejuízos em memória de trabalho são observados em crianças com dificuldades
escolares, quando comparadas a indivíduos sem
dificuldades escolares.
INTRODUÇÃO
A memória tem papel fundamental no desenvolvimento infantil, visto que é por meio dessa
função neuropsicológica que ocorre o armazenamento de informações, que posteriormente
poderão ser recuperadas1. Déficit na aquisição
de novos conteúdos está entre as principais
queixas escolares relatadas por professores. Tais
dificuldades podem estar presentes tanto em
indivíduos com histórico de lesões neurológicas
como em escolares sem dano cerebral prévio;
nesse sentido, a avaliação neuropsicológica
torna-se uma grande aliada de professores e
outros profissionais, oferecendo direcionamento
mais adequado para atender às demandas que
cada caso necessita.
Em quadros neurológicos como no acidente
vascular cerebral (AVC), déficits na memória são
frequentemente encontrados. Sabe-se que AVC
em criança é relativamente raro, no entanto,
suas consequências do ponto de vista cognitivo
costumam abranger diversas áreas envolvidas
no processo de aprendizagem2-5, o que justifica
a importância de avaliar o desempenho desses
indivíduos ao longo do período escolar.
A Organização Mundial da Saúde6 (OMS)
considera como AVC na infância os casos que ocorrem entre crianças de 29 dias a 18 anos6, contudo,
há estudos recentes que indicam sua ocorrência
durante a vida uterina7 (entre a 28ª semana de
gestação e 28 dias de vida, período no qual grande
parte dos AVCs acontece em tal população).
Com relação à incidência, a Secretaria da
Saúde do Estado de São Paulo8 publicou em seu
site um alerta informando que, no ano de 2008,
foram registrados 266 casos de AVC em crianças,
com 28 óbitos e, em 2009, foram registrados 177
casos, entre crianças até 14 anos de idade no
estado de São Paulo.
A respeito das áreas cerebrais afetadas pós-AVC, os déficits cognitivos apresentados de­
penderão da intensidade e gravidade da lesão,
assim como a lateralidade e a localização de tais
danos. Quanto à lateralidade, estudos indicam
que, quando ocorrem no hemisfério esquerdo,
podem acarretar prejuízos na memória se-
MÉTODO
Participaram desse estudo 32 crianças, sendo divididas em três grupos, 7 crianças com
diagnóstico comprovado de AVC (G1 – grupo
experimental), 10 indivíduos com queixa de dificuldades escolares (G2 – grupo experimental)
e 15 (G3 – grupo controle) crianças sem queixa
de dificuldades escolares. Os participantes do G2
e G3 foram escolhidos aleatoriamente basea­dos
em relatos de pais e professores.
Os critérios de inclusão para o estudo foram:
• G1 – ter o diagnóstico comprovado de
AVC e idade compatível com amostra (7
a 15 anos);
• G2 – apresentar queixas de dificuldades
escolares, estar dentro da faixa etária
pré-estabelecida, não apresentar lesões
neurológicas e queixas comportamentais
significativas;
• G3 – não ter dificuldades escolares, ter
idade compatível com os demais grupos e
não apresentar queixas comportamentais
significativas e lesões neurológicas.
Foram incluídos neste trabalho crianças e
adolescentes atendidos pelo Grupo CNPq Anormalidades Neurovasculares da Infância e Ado-
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 128-35
129
Augusto JAO & Ciasca SM
lescência (ANVIA) e no Laboratório de Pesquisa
em Distúrbio, Dificuldades de Aprendizagem
e Transtorno de Atenção (DISAPRE), ambos
vin­culados à Faculdade de Ciências Médicas
(FCM) da Universidade Estadual de Campinas
(Unicamp), além de crianças regularmente
matriculadas em duas escolas públicas dos municípios de Campinas e Limeira.
(TCLE) pelos pais ou responsáveis dos participantes e também da assinatura do Termo de
Assentimento por parte das crianças e adolescentes. Para coleta de dados nas escolas, primeiramente foram obtidos os consentimentos das
unidades escolares para realização da pesquisa
mediante carta de apresentação e autorização.
Para alcançar o objetivo do trabalho foram utilizados quatro testes descritos abaixo.
Figuras complexas de Rey13 – este teste avalia memória visual, memória de longo prazo,
habilidade visuo-espacial e algumas funções de
planejamento e execução de ações, foi proposto
por André Rey em 1942. Ele é composto por
uma figura geométrica complexa e abstrata, há
duas formas (A e B), a forma A é voltada para a
avaliação de sujeitos com idade entre 5 e 88 anos
e a forma B é destinada para indivíduos entre 4
e 7 anos de idade.
Bloco de Corsi14 – avalia memória de curto
prazo (ordem direta) e memória operacional (ordem inversa), além de habilidade visuo-espacial,
por meio de um tabuleiro de madeira, no qual
estão distribuídos de forma irregular 9 blocos
de dimensões iguais. Na ordem direta, o avaliador toca com o dedo indicador uma sequência
pré-estabelecida de blocos, logo em seguida, a
pessoa deve tocar os blocos na mesma ordem
em que foram realizados pelo examinador. Por
outro lado, na ordem inversa, o aplicador aponta
uma sequência de blocos e o examinando deverá
tocar os blocos na ordem inversa.
RAVLT15 – avalia a memória episódica, com
aspectos que se relacionam à memória de curto
prazo, à aprendizagem, à memória de longo prazo e à memória de reconhecimento. Ele é dividido em duas listas (A e B). A Lista A é lida cinco
vezes pelo avaliador, ao final de cada leitura, o
indivíduo deve falar o maior número de palavras
que lembrar (A1-A5). Posteriormente, é lida uma
lista de interferência (B) pelo aplicador, seguida
de nova evocação apenas para palavras da lista
B. Logo na sequência é pedida lembrança da
lista A, porém dessa vez sem apresentá-la (A6).
Depois de 20 minutos, solicita-se a evocação da
Aspectos Éticos
O presente estudo foi realizado no Ambula­
tório de Dificuldades de Aprendizagem e Transtornos da Atenção (DISAPRE) do Hospital de
Clínicas da Unicamp – Campinas – SP e em duas
escolas públicas do município de Campinas e
Limeira respectivamente, após aprovação pelo
Comitê de Ética da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp (parecer: 923.051 – 14/12/2014).
Após explicação sobre a importância e obje­
tivos da pesquisa, os responsáveis legais das
crianças/adolescentes atendidos no Laboratório
de Pesquisa em Distúrbios de Aprendizagem,
Dificuldades de Aprendizagem e Transtornos da
Atenção (DISAPRE) e dos estudantes do grupo
controle assinaram o Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido (TCLE) e os participantes assinaram o Termo de Assentimento para menores.
Estes são documentos que contêm informações,
bem como garantia aos participantes de sigilo,
benefícios, possíveis riscos e gastos, participação
voluntária com direito à desistência a qualquer
momento, sem qualquer prejuízo, além de garantia de esclarecimentos sobre a pesquisa sempre
que necessário e o uso dos dados somente para
fins científicos.
Como benefício direto desse estudo, foram
realizadas devolutivas com os responsáveis e
entrega de relatório contendo os resultados, além
disso, este estudo favoreceu a compreensão do
funcionamento dos tipos de memória avaliados
na população de crianças e adolescentes.
Procedimentos
A coleta de dados iniciou-se após a assinatura
do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 128-35
130
Avaliação da memória em crianças e adolescentes com histórico de acidente vascular cerebral
e crianças com queixas de dificuldades escolares
lista A (A7), sem repeti-la e, na sequência, faz-se
o reconhecimento no qual são lidas 56 palavras.
Subtestes que compõem o Índice de Me­
mó­­­ria Operacional/WISC-IV16 –Sequências de
Nú­­­meros e Letras (SNL) e Dígitos. O subteste
SNL envolve sequenciamento, agilidade mental,
atenção, memória auditiva de curto prazo, velocidade de processamento e imagens visuais e
espaciais. A atividade ocorre quando o aplicador
lê em voz alta para a criança uma sequência de
números e letras, imediatamente a criança deverá repeti-la colocando em uma série ordenada
nos números e as letras. O Dígito é dividido em
duas etapas, a primeira ordem direta e a segunda
a ordem inversa. A ordem direta está relacionada
principalmente com a aprendizagem por memorização, atenção, codificação e processamento
auditivo, dessa forma, a criança deverá repetir
os números que são lidos pelo aplicador em voz
alta. A ordem inversa engloba habilidades na
memória operacional, transformação de informações, agilidade mental dentre outras funções,
neste sentido, o indivíduo repetirá os números
que o aplicador acabou de ler em voz alta em
ordem decrescente.
ciam à classe B, 28% à classe C, 53% eram da
classe D e 3% da classe E.
Na avaliação do desempenho da memória
operacional, somente nos escores do subteste
SNL não foram encontradas diferenças estatísticas. Para os demais resultados, diferenças
significativas estiveram presentes, sendo que o
G1 apresentou números mais baixos do que o
G2 e o G3, nos dois testes que avaliavam essa
habilidade (Tabela 1).
Na comparação dos grupos quanto à avaliação da memória de curto prazo, é possível observar que o desempenho do G1 foi inferior aos
outros grupos. Quanto à análise de comparação
de pares, pode-se observar que, para os escores
CorsiOD, RAVLT - A1A5, houve aumento nos
escores do G1 para o G2, porém não houve aumento significativo do G2 para o G3 (Tabela 2).
Os resultados na memória de longo prazo
indicam que apenas no RAVLT A7 não foram
encontradas diferenças significativas. No entanto, é possível verificar que o G1 apresentou
resultados inferiores ao G2 e G3 nesse teste. No
Rey cópia, Rey reprodução e no RAVLT – A7A6,
ocorreram diferenças significativas entre os
grupos G1 e G2 e G1 e G3 (Tabela 3).
Análise dos Dados
A fim de cumprir com o objetivo estabelecido,
os dados foram analisados no programa estatístico SPSS (v.20.0). Dessa forma, para comparação
dos desempenhos dos três grupos, foi realizado
o teste Kruskal-Wallis, em seguida, foi realizado
o Mann-Whitney para explicar as diferenças obtidas entre os grupos, sendo considerado o nível
de significância de 5%, isto é, p<0,05.
DISCUSSÃO
Os resultados obtidos neste trabalho indicam
que, nos subtestes que avaliaram a memória
operacional (SNL, DgOI e CorsiOI), os indiví­duos
do G1 e G2 apresentaram mais dificuldades para
realizá-los, sendo que participantes com histórico
de AVC tiverem os escores mais baixos. Nunest
el al.17, em sua pesquisa, encontraram os mesmos resultados, sugerindo possíveis alterações
neurológicas em áreas específicas nesse quadro.
Sabe-se que lesões do lado esquerdo pós-AVC tendem a interferirem no desempenho
da memória9-11. Dados obtidos, por meio de
levantamento de informações dos prontuários
dos participantes dessa pesquisa, demonstraram
que, em cinco participantes, o AVC ocorreu no
hemisfério esquerdo, corroborando com os resultados encontrados no presente estudo.
RESULTADOS
Participaram desse estudo 32 crianças, com
idade variando entre 7 anos e 15 anos, idade
média de 10 anos e 9 meses (DP = 2,4), que
frequentavam do 1º ao 9º ano do Ensino Fundamental. Quanto ao gênero, 69% (n= 22) da
amostra era composta por participantes do sexo
masculino e 31% (n= 10) do sexo feminino; com
relação ao nível socioeconômico, 16% perten-
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 128-35
131
Augusto JAO & Ciasca SM
Tabela 1 – Comparação do desempenho em memória de operacional entre os grupos.
Teste
Grupo
M
DP
pª
Diferenças entre os gruposb
SNL
G1
G2
G3
5,00
6,00
8,13
1,91
3,16
3,16
0,077
G1<G2;
G2<G3
DgOI
G1
G2
G3
6,14
5,70
9,53
0,69
3,06
1,55
<0,01**
G1<G3;
G2<G3
CorsiOI
G1
G2
G3
5,29
4,90
9,33
2,21
2,85
2,44
0,001**
G1<G3;
G2<G3
a
Kruskall-Wallis; bMann-Whitney; *p<0,05; **p<0,01; M: média; DP: desvio padrão; SNL: Sequência de números e letras;
DgOI: dígitos ordem indireta; CorsiOI: Bloco de Corsi ordem indireta.
Tabela 2 – Comparação do desempenho em memória de curto prazo entre os grupos.
Teste
Grupo
M
DP
pª
Diferenças entre os gruposb
DgOD
G1
G2
G3
6,00
5,50
9,80
2,24
2,99
2,14
0,001**
G1<G3;
G2<G3
CorsiOD
G1
G2
G3
5,57
6,00
8,33
1,40
2,58
2,66
0,037
G1<G2
RAVLT - A1A5
G1
G2
G3
22,59
28,40
38,33
2,98
9,26
8,41
0,001**
G1<G2
a
Kruskall-Wallis; bMann-Whitney; **p<0,01; M: média; DP: desvio padrão; RAVLT-A1A5: memória imediata: DgOD: dígitos
ordem direta; CorsiOd: Bloco de Corsi ordem direta.
Tabela 3 – Comparação do desempenho em memória de longo prazo entre os grupos.
Teste
Grupo
M
DP
pª
Diferenças entre os gruposb
RAVLT - A7A6
G1
G2
G3
0,71
0,96
1,03
0,36
0,16
0,17
0,041
G1<G2;
RAVLT - A7
G1
G2
G3
6,43
8,00
8,80
0,98
3,68
2,43
0,089
G1<G2;
Rey – cópia
G1
G2
G3
15,71
25,00
50,33
7,87
21,21
31,19
0,010*
G1<G2;
Rey – reprod
G1
G2
G3
11,43
30,00
45,33
3,78
27,49
31,65
0,022
G1<G2
Kruskall-Wallis; bMann-Whitney; *p<0,05; M: média; DP: desvio padrão; RAVLT-A7A6: velocidade de esquecimento; RAVLT-A7:
memória de longo prazo episódica; Rey - cópia: Figuras complexas de Rey cópia; Rey – reprod: Figuras complexas de Rey reprodução memória tardia.
a
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 128-35
132
Avaliação da memória em crianças e adolescentes com histórico de acidente vascular cerebral
e crianças com queixas de dificuldades escolares
A respeito do desempenho do G2 na memória operacional quando comparado ao grupo
controle (G3), os resultados são condizentes
com estudos prévios realizados por outros autores, que verificaram déficits significativos nessa
mo­dalidade mnemônica18,19, utilizando outros
instrumentos.
Alterações nessa memória implicam em prejuízos no processo de aprendizagem, principalmente em leitura e compreensão de texto, bem
como no raciocínio matemático. Sendo assim,
déficits de um ou mais integrantes da memória
de operacional relacionam-se diretamente com
dificuldades de aprendizagem e ao baixo rendimento escolar20.
Referente à memória de curto prazo imediata para material auditivo que corresponde aos
testes RAVLT A1-A5 e DgOD, também foram
verificadas diferenças significativas entre os
grupos, sendo que as crianças/adolescentes
pós-AVC tiveram maior dificuldade em lembrar
as palavras e números previamente lidos. Esses
dados corroboram com outros achados, que tam­
bém encontraram nessa mesma população dé­
ficits nessa modalidade2,21.
Além disso, ao longo da aplicação do instrumento RAVLT, qualitativamente foi observado
que os integrantes do G1 apresentaram oscilação
na quantidade de palavras lembradas, indicando
perda de informações no decorrer do tempo. Por
outro lado, os integrantes do G2 e G3 demonstraram um aumento no número de palavras a
serem repetidas.
Ainda sobre a memória de curto prazo imediata no bloco de Corsi ordem direta, essas diferenças também foram encontradas. No entanto,
essa atividade, além de avaliar memória, recebe
influências de habilidades visuo-espacial, que
no caso do G1, pesquisas apontam que é uma das
principais sequelas encontradas nesse quadro2-5.
Referente à velocidade de esquecimento
(RALVT A7/A6), por meio dos escores obtidos,
ob­serva-se que crianças/adolescentes com histórico de AVC tendem a esquecer mais rápido conteúdos expostos anteriormente, principalmente
quando na presença de outros estímulos. Já no
G2 e G3 não houve diferenças significativas
nesta atividade.
Na memória de longo prazo episódica
(RALVT A7), não foram observadas diferenças
estatísticas entre os grupos. Contudo, qualitativamente foi identificado que o número de
palavras recordadas pelo G1 após determinado
tempo foi menor do que os demais.
Os resultados do teste figuras complexas
de Rey, que avalia memória visual e de longo
prazo, indicaram que, tanto na cópia como na
reprodução, os participantes do G1, de maneira
geral, obtiveram escores mais baixos. É importante ressaltar que esse teste sofre interferência
visuo-espacial e motora. Tal achado foi verificado
em outro estudo, cujo objetivo era correlacionar
o desempenho desse teste com lesões neurológicas, principalmente as que ocorrem no lobo frontal e no parieto-occipital. Os autores afirmam
que os erros feitos por pacientes com déficits no
lobo frontal sugerem perturbações na capacidade de planejar a melhor forma de realizar a cópia
da figura, enquanto que pacientes com lesões
no parieto-occipital apresentam dificuldade na
organização espacial da figura11.
Além disso, a lateralidade hemisférica do dano
também influencia diretamente no desempenho desse instrumento, dessa forma, pessoas
com prejuízos no hemisfério esquerdo tendem
a copiar tal figura de forma simplificada e sem
detalhes cruciais, enquanto que danos no hemisfério direito podem ocorrer omissões completas
dos elementos11.
Considerando apenas lesões por AVCi pediátrico no hemisférico direto, diante de tarefas
que necessitam de habilidade visuo-espacial,
percebe-se a presença de déficits motores, pre­­­juí­
zos das capacidades práxico-gnósticas e déficits
perceptivos-espaciais22.
Destaca-se que pesquisas relacionando memória e AVC na infância são escassas. o que
dificulta a comparação com outros resultados
encontrados no estudo, contudo, os dados aqui
apresentados indicaram alguns padrões observados em lesões neurológicas que ocorrem em
mesma região cerebral. Tais achados reafirmam
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 128-35
133
Augusto JAO & Ciasca SM
a necessidade de avaliações voltadas para essa
função neuropsicológica, a fim de se traçar perfis a respeito do desempenho da memória para
população afetada por tal quadro, o que possibilitará intervenções pontuais e mais adequadas.
observadas grandes defasagens em memória
operacional e de curto prazo. Além disso, os resultados indicam que crianças/adolescentes com
AVC prévio tendem a ter maior dificuldade em
reter informações ao longo do tempo, além de
apresentarem alterações em áreas importantes
para o processo ensino aprendizagem, como
as habilidades visuo-motora e visuo-espacial.
Destaca-se a necessidade da continuidade desses
estudos a curto e médio prazo com essa população, a fim de compreender o quanto tais prejuízos interferem no processo de aprendizagem.
CONCLUSÕES
Diante dos resultados encontrados, conclui-se
que, tanto em crianças/adolescente com histórico
de AVC como em indivíduos com dificuldades
escolares, foram encontrados prejuízos significativos no desempenho da memória, sendo
SUMMARY
Memory test on children and teenagers with stroke history and
children with difficulties in scholar learning
This study aimed the evaluation of short and long-term memories, as well as
working memory, for children and teenagers with stroke history, by comparison
of the performance on this group with children and teenagers which claimed
difficulty at school, and with those who did not. The instruments applied for
data collection were: Rey–Osterrieth Complex Figures, Corsi block-tapping test,
RALVT and the WISC-IV subtest on working memory (using digits and sequences
of numbers and letters). The subjects that took part in the experience composed
a group of 32 children, 7 of them diagnosed in having a stroke history, 10 of them
with difficulty in learning, and 15 of them presenting no difficulties, divided in
three groups aging between 7 and 15 years, attending elemental and middle
school, male and female. The results indicated that both youngsters with a stroke
history and those with difficulty at school had a significant low handicap in their
memory performance, with a greater loss on working and short-term memories.
Furthermore, such results indicate that post-stroke subjects tend to experience
greater difficulty in retaining information on memory over the long term, in
addition to disturbances in relevant areas concerning the process of education
and schooling, such as visuomotor and visuospatial skills. The need to proceed
with the study under the short and medium term with the pattern stands out, in
order to examine how much of prejudice steps in the process of learning.
KEY WORDS: Stroke. Child. Learning. Memory.
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cias Médicas, Campinas, SP, Brasil.
Artigo recebido: 12/5/2015
Aprovado: 3/7/2015
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 128-35
135
VarandaORIGINAL
CA et al.
ARTIGO
Aplicativos para tablets sensíveis ao toque
para melhorar vocabulário, processamento
auditivo central e habilidades de
interação social entre pré-escolares
Cristina de Andrade Varanda; Eva Cristina de Carvalho Souza Mendes; Nilva Nunes Campina;
Maria da Graça Giordano de Marcos Crescenti Aulicino; Rita de Cássia Gottardi van Opstal Nascimento;
Cláudia Maria Fernandes Marczak; Karla Regina de Jesus Grilo; Fernanda Mello;
Renata Cristina Borges Corrêa; Elaine Cristina Diogo; Fernanda Dreux Miranda Fernandes
RESUMO – Esta pesquisa objetivou detectar e intervir em dificuldades
de linguagem e comportamento em crianças frequentando pré-escolas,
para prevenir problemas futuros, como o baixo desempenho acadêmico.
Foram avaliadas 195 crianças em diversos comportamentos, 193 em vo­
cabulário expressivo e receptivo e 187 em processamento auditivo central.
Assim, 88 delas constituem o grupo experimental e foram envolvidas em
uma intervenção para o desenvolvimento e refinamento de linguagem
Cristina de Andrade Varanda – psicóloga, mestre em
Psicologia Experimental pela USP, doutora em Ciências
pela Faculdade de Medicina da USP, Universidade de
São Paulo - Faculdade de Medicina - Departamento
de Departamento de Fisioterapia, Fonoaudiologia e Te­
rapia Ocupacional - Rua Cipotanea, São Paulo, SP;
Uni­versidade Paulista, Santos, SP, Prefeitura Municipal
de Santos - Secretaria de Educação, Santos, SP, Brasil.
Eva Cristina de Carvalho Souza Mendes – pedagoga,
doutora em Distúrbios do Desenvolvimento (Universidade
Presbiteriana Mackenzie), São Paulo, SP, Brasil.
Nilva Nunes Campina – pedagoga, doutora em Ciências
(Faculdade de Medicina – USP), Universidade Paulista,
Santos, SP, Prefeitura Municipal de Santos - Secretaria
de Educação, Santos, SP, Brasil.
Maria da Graça Giordano de Marcos Crescenti Au­li­
cino – psicóloga, mestre em Direito (Universidade Me­
tropolitana de Santos), Universidade Paulista, San­tos, SP,
Prefeitura Municipal de Santos - Secretaria de Educação,
Santos, SP, Brasil.
Rita de Cássia Gottardi van Opstal Nascimento – edu­
cadora, fonoaudióloga, mestre em Fonoaudiologia pela
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo,
SP, Brasil.
Cláudia Maria Fernandes Marczak – educadora, psi­
cóloga, especialista em Ética, valores e cidadania pela
Universidade de São Paulo, Prefeitura Municipal de
Santos - Secretaria de Educação, Santos, SP, Brasil.
Karla Regina de Jesus Grilo – educadora e com expe­
riência no uso de novas tecnologias em ambiente escolar,
Prefeitura Municipal de Santos - Secretaria de Educação,
Santos, SP, Brasil.
Fernanda Mello – educadora e fonoaudióloga, Prefeitura
Municipal de Santos - Secretaria de Educação, Santos,
SP, Brasil.
Renata Cristina Borges Corrêa – educadora e psicóloga,
Prefeitura Municipal de Santos - Secretaria de Educação,
Santos, SP, Brasil.
Elaine Cristina Diogo – educadora e especialista em
Psicopedagogia, Prefeitura Municipal de Santos - Se­
cre­taria de Educação, Santos, SP, Brasil.
Fernanda Dreux Miranda Fernandes – fonoaudióloga,
professor associado livre docente da Faculdade de
Medicina da Universidade de São Paulo - Departamento
de Departamento de Fisioterapia, Fonoaudiologia e
Terapia Ocupacional, São Paulo, SP, Brasil.
Correspondência
Cristina de Andrade Varanda
Rua Visconde de Faria, 199, apto 83 – Santos, SP,
Bra­sil – CEP 11075-711
E-mail: [email protected]
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 136-49
136
Aplicativos para tablets sensíveis ao toque para melhorar vocabulário, processamento auditivo central
e habilidades de interação social entre pré-escolares
e comportamento por meio de atividades desenvolvidas em aplicativos
usados em tablets e orientação fornecida a seus pais e professores por
uma equipe profissional de fonoaudiólogos, psicólogos e psicopedagogos.
As outras 99 crianças constituem o grupo controle. A fase de pós-teste
aconteceu no início de 2015. Para o desenvolvimento e refinamento de
vo­cabulário, processamento auditivo central e habilidades pró-sociais,
um conjunto de atividades baseadas em aplicações que funcionam em
tablets foram usadas e categorizadas em jogos, livros interativos por meio
do toque, personagens respondendo ou repetindo o discurso da criança,
discriminando e classificando diferentes sons e tarefas para lidar com
emoções e sentimentos. Durante a fase de intervenção, após cada sessão,
as crianças forneceram devolutivas sobre os aplicativos usados. Seus pais
também foram requisitados a comentar, por meio de um questionário
semiestruturado, sobre mudanças possíveis ou melhora no que se refere à
linguagem e às habilidades comportamentais. A devolutiva deles e nossa
observação sugerem que essas atividades aumentaram os comportamentos
pró-sociais, como colaboração e maior apreciação para atividades sociais, e
forneceram às crianças formas novas de expressão, englobando habilidades
de discriminação auditiva e vocabulário.
UNITERMOS: Linguagem. Comportamento. Avaliação. Tecnologia.
autoavaliação dizem respeito a diferentes dimensões de avaliação. Dentre os vários indicadores elencados, há, na avaliação da dimensão
multiplicidade de experiências e linguagens, os
seguintes indicadores: a) crianças construin­do
sua autonomia; b) crianças relacionando-se com
o ambiente natural e social; c) crianças tendo
experiências agradáveis e saudáveis com o
próprio corpo; d) crianças expressando-se por
meio de diferentes linguagens plásticas, simbólicas, musicais e corporais; e) crianças tendo
experiências agradáveis, variadas e estimulan­
tes com a linguagem oral e escrita e f) crianças
reconhecendo suas identidades e valorizando as
diferenças e a cooperação. Na avaliação da dimensão interações, os seguintes indicadores são
apontados: a) respeito à dignidade das crianças;
b) respeito ao ritmo das crianças; c) respeito à
identidade, desejos e interesses das crianças; d)
respeito às ideias, conquistas e produções das
crianças e e) interação entre crianças e crianças. Ainda dentro das dimensões cooperação e
INTRODUÇÃO
O Ministério da Educação, por meio da Secretaria de Educação Básica1, propõe alguns
indicadores de qualidade na educação infantil,
como forma de o governo, escolas e comunidades acompanharem o que acontece nas escolas,
por meio de processos de autoavaliação, com
vistas a garantir atendimento de boa qualidade.
Assim, o objetivo primordial dos indicadores
de qualidade sugeridos pelo Ministério da
Educação/Secretaria de Educação Básica1 é o
de pretender,
[...] ser um instrumento que ajude os
coletivos – equipes e comunidade – das
instituições de educação infantil a encontrar seu próprio caminho na direção
de práticas educativas que respeitem
os direitos fundamentais das crianças e
ajudem a construir uma sociedade mais
democrática1”.
Os indicadores sugeridos pelo Ministério
da Educação/Secretaria de Educação1 para a
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 136-49
137
Varanda CA et al.
troca com as famílias e participação na rede de
proteção social, os seguintes indicadores aparecem: a) respeito e acolhimento; b) garantia do
direito das famílias de acompanhar as vivências
e produções das crianças e c) participação da
instituição na rede de proteção dos direitos das
crianças. Há, ainda, outras dimensões para avaliação, como a formação e condições de traba­lho
das professoras e demais profissionais e espa­ços,
materiais e mobiliários e promoção da saú­de.
No entanto, cabe ressaltar que as dimensões
multiplicidade de experiências e linguagens, in­
terações e cooperação e troca com as famílias e
participação na rede de proteção social são as
que abarcam os indicadores de desenvolvimento
que têm, no caso específico das escolas da Rede
Municipal de Santos, apontado para os problemas e dificuldades apresentadas pelas crianças
atendidas e que não só comprometem seu pleno
desenvolvimento, mas interferem negativamen­­te
na aquisição de competências importantes para
a entrada no ensino fundamental.
No tocante à dimensão multiplicidade de
ex­periências e linguagens, muitas crianças que
frequentam a educação infantil na Rede Municipal de Santos podem apresentar déficits de
linguagem que comprometerão a aquisição da
competência em leitura e escrita mais tarde. A
Secretaria da Educação do Estado de São Paulo2
divulga os resultados do Sistema de Avaliação
de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo
(SARESP), que é uma avaliação externa em
larga escala da Educação Básica, aplicada a
cada ano desde 1996. Segundo os resultados do
SARESP 2010, 59% das escolas do município de
Santos apresentaram, na avaliação dos alunos
de 3º ano do Ensino Fundamental, desempenho
regular para leitura, conforme critério do teste,
qual seja, 43,17 de um total de 72 pontos. É importante lembrar que desempenho regular para
leitura implica em os alunos escreverem com
correspondência sonora alfabética; produzirem
texto com algumas características da linguagem
escrita, no gênero proposto (conto); e localizarem, na leitura, informações explícitas contidas
no texto informativo, que seriam competências
esperadas para alunos no início da aquisição da
leitura e da escrita, mas não no 3º ano. Assim,
os alunos de 1º ano não são bem sucedidos em
adquirirem as competências em leitura e escrita
e os resultados obtidos dois anos depois são fruto dessas dificuldades não sanadas na entrada
dessas crianças no ensino fundamental.
O desenvolvimento em competência em leitura e escrita de crianças em idade escolar está intimamente relacionado ao bom desenvolvimento
da linguagem e da habilidade de estar conscientemente atento aos sons da fala3,4. A habilidade
de estar atento aos sons da fala, que é indispensável ao bom desenvolvimento em leitura e
escrita, pode ser desenvolvida preventivamente,
quando as crianças estão na fase pré-escolar. Da
mesma forma, o desenvolvimento adequado da
linguagem se inicia quando a criança começa a
interagir com o mundo e tal habilidade pode e
deve ser aprimorada na entrada da criança na
pré-escola.
Desenvolvimento e aprimoramento da linguagem na educação infantil
Na pré-escola, os fatores preditores de habilidades em competências posteriores em leitura e
escrita incluem vocabulário expressivo e receptivo, habilidades de narrativa oral e habilidades
em consciência fonológica5.
Os vocabulários expressivo e receptivo dizem respeito à linguagem oral. A linguagem
oral implica na compreensão de palavras que
se inicia em torno do primeiro ano de vida,
aumentando com a chegada do segundo ano.
Segundo Gurgel et al.6
[...] O vocabulário receptivo é a base do
vocabulário expressivo, e o desenvolvimento da compreensão de palavras pre­
cede e ultrapassa o da produção de palavras. O vocabulário receptivo relaciona-se
mais diretamente ao desenvolvimento
cognitivo que à cultura, e o expressivo
de­monstra a efetividade das situações de
aprendizagem linguística6”.
Assim, a avaliação dos vocabulários expressivo e receptivo na pré-escola pode oferecer
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Aplicativos para tablets sensíveis ao toque para melhorar vocabulário, processamento auditivo central
e habilidades de interação social entre pré-escolares
indicadores seguros para o planejamento de
medidas preventivas e interventivas ainda em
idade precoce. Essa avaliação é de fundamental importância para a detecção precoce de
atra­sos e distúrbios de linguagem com vistas a
intervenção7-9.
Da mesma forma, transtornos de leitura estão
correlacionados com distúrbios do processamento auditivo e distúrbios de linguagem10. Assim,
testes que avaliem problemas no processamento
auditivo central das crianças ainda no maternal
poderão beneficiar futuras intervenções no jardim e na pré-escola, de tal sorte a compensar ou
minimizar tais problemas, atenuando os danos
na aquisição competente em leitura e escrita
no ensino fundamental. Para isso, a Avaliação
Simplificada do Processamento Auditivo pode
ser utilizada9. Segundo Toscano e Anastasio11
[...] na fase pré-escolar há um rápido
desenvolvimento das áreas sensório-motora, emocional e sociolinguística
que requerem escuta refinada no período
da pré-alfabetização e da alfabetização.
As habilidades auditivas de detecção,
localização e memória são importantes
na percepção auditiva e interferem no
desempenho e aprendizado escolar. Sabendo que as habilidades de localização
sonora, memória sequencial verbal e
não-verbal são processos importantes
ocorridos nos primeiros seis a sete anos
de vida e que contribuem para o conhecimento dos sons da fala, garantindo a
aquisição e o aprendizado do sistema de
linguagem, uma das maneiras de realizar um trabalho preventivo em crianças
em idade escolar seria a investigação das
habilidades auditivas, como detecção,
localização sonora e memória auditiva
em crianças de 4 a 6 anos de idade11”.
auditivo central, publicou um relatório técnico
em que define as habilidades envolvidas nesse
processo:
[...] localização e lateralização do som;
discriminação auditiva; reconhecimento
de padrões auditivos; aspectos temporais, incluindo: resolução, mascaramento e integração e ordenação temporal;
diminuição do desempenho auditivo
com sinais acústicos concorrentes; dimi­
nuição do desempenho auditivo com
sinais acústicos degradados12”.
As crianças em idade pré-escolar, muitas
vezes, apresentam um histórico de otites que poderia acarretar em privação sensorial justamente
em um momento importante do desenvolvimento
auditivo. Essa privação sensorial, mesmo que
temporária, contribui negativamente para o
processamento auditivo. Segundo Carvallo13,
[...] no caso de otite média nos primeiros
anos de vida, além da privação sensorial
(mesmo que leve), a assimetria sensorial
entre as orelhas e a flutuação da audição
concorrem para acentuar os danos ao
estabelecimento das habilidades auditivas necessárias ao processamento
au­diti­vo: localização auditiva, atenção
auditi­va, figura-fundo, memória auditiva, discriminação auditiva, análise e
sín­tese auditiva13”.
Assim, a avaliação tanto de vocabulário ex­
pressivo e receptivo como do processamento
auditivo central poderão fornecer informações
importantes sobre a escolha de estratégias educativas para desenvolver e aprimorar a linguagem na pré-escola.
Além das habilidades linguísticas necessárias
para a aquisição bem sucedida de competência
em leitura e escrita das crianças ao ingressarem
na educação básica, a aquisição de repertório
comportamental que favoreça a interação das
crianças com pares e professores de maneira
satisfatória permitirá que essas crianças tenham
maiores chances de sucesso em seu desempenho
acadêmico.
Em 1996, a Associação Americana de Fala,
Linguagem e Audição (American Speech-Language-Hearing Association – ASHA), depois de
coordenar uma força-tarefa para um consenso de
como se dá o desenvolvimento do processamento
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Varanda CA et al.
MÉTODO
Participaram deste estudo 195 crianças, com
idades entre dois anos e cinco meses e quatro anos
e quatro meses de idade, que foram avaliadas em
diferentes comportamentos; 193 em vocabulário
expressivo e receptivo e 187 em processamento
auditivo central. A pesquisa foi aprovada pelo
Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de
Medicina da USP (FMUSP), sob número 381/14,
e o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
foi assinado pelos responsáveis.
Os pais das 195 crianças responderam ao “Inventário de Comportamentos da Infância e Adolescência” – Child Behavior Checklist – CBCL16,17
na versão de 1 ½ a 5 anos18, para a verificação
da presença de comportamentos-problema. Os
resultados do Child Behavior Checklist – CBCL
abrangem dois diferentes domínios de comportamentos: internalizantes (reatividade emocional, ansiedade e depressão, queixas somáticas
e retraimento) e externalizantes (problemas
atencionais e comportamento agressivo). Os
com­portamentos presentes em uma lista de
100 situações comportamentais específicas são
classificados e pontuados pelos pais como “não
verdadeira” com a pontuação “0”, como “um
pouco verdadeira ou algumas vezes verdadeira”
com a pontuação “1” e “muito verdadeira ou
frequentemente verdadeira” com a pontuação 2.
Quanto maior a pontuação, maiores são os problemas comportamentais sinalizados pelos pais.
Para a avaliação de vocabulário expressivo e
receptivo, o Teste de Vocabulário Expressivo –
TVExp-100r e o Teste de Vocabulário Recepti­vo TVAud-A33o8, normatizados de 18 meses a 5
anos de idade, foram utilizados em 193 crianças,
uma vez que duas delas tiveram suas matrículas
canceladas.
Para a avaliação do processamento auditivo
central, a Avaliação Simplificada de Processamento Auditivo – ASPA19 foi utilizada, mas
apenas 187 crianças puderam ser avaliadas, uma
vez que seis crianças deixaram de participar da
pesquisa por não responder ao teste ou por serem transferidas de escola. Nessa avaliação, que
serve como um instrumento de rastreamento,
D’Abreu e Marturano14 investigaram a associação entre problemas de comportamento
externalizantes e baixo desempenho escolar no
ensino fundamental, no período de 1990 a 2006,
em uma meta-análise feita a partir de estudos
prospectivos e longitudinais e concluíram que
a co-ocorrência de baixo desempenho escolar e
problemas externalizantes indica a influência
de variáveis antecedentes, como condições
sociais adversas, por exemplo. Essa associação
poderá apontar para problemas futuros, como
desempenho acadêmico ruim e comportamento
antissocial.
Da mesma forma, problemas de comportamento vêm sendo associados a mau desenvolvimento da linguagem. Outros autores15 apresentaram achados de dois estudos longitudinais
que testaram se as habilidades de linguagem
têm um efeito independente sobre os problemas
de comportamento e a direção do efeito entre
a habilidade de linguagem e os problemas de
comportamento. Os autores concluíram que as
habilidades de linguagem previram problemas
posteriores de comportamento mais fortemente
do que os problemas de comportamento foram
capazes de prever as habilidades posteriores de
linguagem, sugerindo que a direção do efeito
pode ser das habilidades de linguagem para os
problemas de comportamento.
Dessa forma, um projeto de pesquisa que se
proponha a avaliar linguagem e detectar problemas de comportamento em crianças em idade
precoce e que, além disso, ofereça um plano de
intervenção para o desenvolvimento adequado
de linguagem e comportamentos poderá auxiliar
pais, professores e equipes técnicas das escolas
de educação infantil no manejo das dificuldades
oriundas de desenvolvimento inadequado dessas
habilidades. Da mesma forma, sugestões quanto
ao uso mais adequado dos aplicativos poderão
complementar as orientações sobre o uso do
material. Ao mesmo tempo, os resultados da
pesquisa poderão apontar para a adoção de um
programa de intervenção com vistas a prevenir
problemas acadêmicos mais tarde.
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 136-49
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Aplicativos para tablets sensíveis ao toque para melhorar vocabulário, processamento auditivo central
e habilidades de interação social entre pré-escolares
há três tipos diferentes de tarefas: localização
sonora, memória sequencial verbal e memória
sequencial não-verbal. As respostas esperadas,
em cada uma das tarefas são as seguintes: 1)
localização sonora: acertar pelo menos quatro
das cinco direções apresentadas; o erro esperado
está em uma das direções, ou à frente, ou acima ou atrás da cabeça; 2) memória sequencial
verbal: acertar pelo menos duas sequências das
três sílabas em três tentativas e 3) memória sequencial não-verbal: compreender a solicitação
e acertar pelo menos uma sequência de três sons
em três tentativas.
Dentre as 187 crianças, 88 constituem o grupo
experimental e foram envolvidas em uma intervenção para o desenvolvimento e refinamento de
linguagem e comportamento por meio de atividades desenvolvidas em aplicativos usados em
tablets (IPads), atividades com material concreto,
como jogos e uso de brinquedos e orientação fornecida a seus pais e professores por uma equipe
profissional composta por fonoaudiólogos, psicólogos e psicopedagogos. As outras 99 crianças
constituem o grupo controle. A fase de pós-teste
aconteceu no primeiro semestre de 2015.
Para o desenvolvimento e refinamento de
vocabulário, processamento auditivo central e
habilidades pró-sociais, um conjunto de atividades baseadas em aplicações que funcionam em
tablets sensíveis ao toque foram usadas. Essas
atividades foram categorizadas em jogos; livros
interativos por meio do toque; personagens respondendo ou repetindo o discurso da criança;
discriminando e classificando diferentes sons
e tarefas para lidar com emoções e sentimentos. Algumas sugestões de uso dos aplicativos
foram elaboradas, após o desenvolvimento da
intervenção.
A avaliação das crianças e a intervenção
foram realizadas na própria escola, em horário
escolar, na própria sala de aula, por uma dupla
de profissionais das áreas da Fonoaudiologia,
Psicologia e Educação, com a participação e
apoio do professor titular. Ainda nessa mesma
fase, pais e professores receberam orientações
quanto ao manejo de comportamentos-problema.
Durante a fase de intervenção, após cada
sessão, as crianças foram orientadas a fornecer devolutivas específicas sobre as aplicações
usadas. Seus pais também foram requisitados a
comentar, por meio de um questionário semiestruturado (Anexo 1), sobre mudanças possíveis
ou melhora no que se refere à linguagem e às
habilidades comportamentais. A frequência de
respostas dadas para o período em que os pais
notaram diferenças com relação à linguagem e
comportamentos foi calculada.
Atividades desenvolvidas
As crianças desta amostra foram submetidas
a atividades com uso de equipamentos portáteis
(Ipads), em que foram disponibilizados alguns
aplicativos categorizados quanto à sua função:
jogos; livros interativos por meio do toque; personagens respondendo ou repetindo o discurso
da criança; discriminando e classificando diferentes sons e tarefas para lidar com emoções e
sentimentos.
Os livros interativos por meio do toque, disponibilizados por meio dos aplicativos Os Dez
Amigos20, Quem soltou o pum?21 e Millie livro
de história22 foram utilizados com o objetivo de
desenvolver e aprimorar a linguagem falada e
preparar para a entrada na escrita, além de discriminação auditiva e controle da agressividade
e ansiedade. As crianças são convidadas a reproduzirem a história e a contá-la mais uma vez,
utilizando os recursos interativos a cada página,
facilitando o resgate das informações principais
da memória. Os profissionais da equipe multidisciplinar exploraram a introdução de vocabulário
novo durante a leitura, além de se basearem
no modelo de quatro leituras, em que a leitura
compartilhada com as crianças deve ser feita em
quatro etapas diferenciadas: 1) primeira leitura:
explora-se o enredo do livro, perguntando-se às
crianças sobre o entendimento do título do livro,
dos personagens e sobre o que é importante
para entender a história; 2) segunda leitura:
exploração dos temas sociocognitivos, em que
os sentimentos, pensamentos, emoções, inten-
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Varanda CA et al.
Anexo 1
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 136-49
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Aplicativos para tablets sensíveis ao toque para melhorar vocabulário, processamento auditivo central
e habilidades de interação social entre pré-escolares
ções e desejos dos personagens são explorados,
discutindo-se, também, a interação que acontece entre os personagens; 3) terceira leitura:
correspondência com as experiências de vida
das crianças, em que se verifica como a criança
se sentiria se algo parecido acontecesse com
elas e 4) quarta leitura: as crianças recontam a
história, resumindo as leituras anteriores23. No
caso específico desta pesquisa, os profissionais
da equipe multidisciplinar, embora tenham utilizado estes princípios, fundiram a proposta de
quatro leituras diferenciadas em duas. Após a
primeira leitura, exploraram o enredo do livro, o
título, os nomes dos personagens e vocabulário
novo e na segunda leitura, exploraram os temas
sociocognitivos, a correspondência com a vidas
das crianças, pedindo, ao final que recontassem
a história.
A categoria de aplicativos classificados como
“personagens respondendo ou repetindo o discurso da criança” incluíram os aplicativos Tom,
o Gato Falante para iPad24; Pierre, O Papagaio
Falante para iPad25; Talking Tom & Ben News
para iPad26; Talking Larry27 e Meu Tom28, que
tinham como objetivos psicoeducativos o aprimoramento da linguagem (ouvir e reconhecer o
próprio discurso) e das habilidades de interação
social. Esses aplicativos exploram a habilidade
das crianças do ponto de vista emocional e de
linguagem em lidarem com o personagem que
repete o discurso das crianças. As crianças têm
de ser capazes de ouvir e entender o discurso
com sons distorcidos e concorrentes. O entendimento do discurso com sons concorrentes tem
como objetivo dessensibilizar as crianças quanto
à fala em presença de ruído (habilidade auditiva
de figura-fundo).
A categoria de aplicativos classificados como
“discriminando e classificando diferentes sons”
incluiu os aplicativos Baby Chords29, Turma da
Galinha Pintadinha HD30; Efeitos Sonoros31 em
que as crianças realizaram tarefas de discriminação e memória auditiva, sequência de sons não-verbais existentes na natureza e sons musicais.
Os aplicativos ABC Palavras32 e ABC Criança33
foram também classificados nesta categoria,
mas, neste caso, as tarefas se referem à identificação, discriminação, memória e sequenciação
de sons verbais (fonemas e nomes de letras).
Os aplicativos classificados como “tarefas
para lidar com emoções e sentimentos” incluem
Os Dez Amigos20, Quem soltou o Pum?21, Dora a
Aventureira34, Pip and Posy: Fun and Games35,
Animal Face36, Doodlecast for Kids37, Quero ser
da Turma da Mônica38, Millie livro de história22,
Meu Tom28 e câmera fotográfica do IPad. O aplicativo Os Dez Amigos20, por exemplo, permite
que as crianças associem os dedos das mãos
que aparecem na história com as pessoas (cada
dedo da mão é diferente, porém todos cumprem
papéis importantes, assim como as pessoas). O
aplicativo Pip and Posy: Fun and Games35, na
tarefa “Make a face”, sugere que as crianças
identifiquem as diferentes expressões faciais
de um personagem que é apresentado. Com o
uso da câmera fotográfica, as crianças também
podem se ver como em um espelho, imitando
as expressões faciais, nomeando os sentimentos
demonstrados nessas expressões. O aplicativo
Animal Face36 permite que as faces de animais
sejam colocadas em cima da face da fotografia
dos alunos em montagens interessantes que
possibilitem que as crianças falem de algumas
emoções e sentimentos comuns a elas.
Aplicativos, como Os Dez Amigos20, Pip and
Posy: Fun and Games35, Checkup – Calilou39,
Timokids40, foram classificados como jogos que
propõem atividades lúdicas com temas que
convergem tanto para o domínio da linguagem
quanto de comportamento. Assim, ao jogarem,
as crianças retomam os temas vistos nos mesmos
aplicativos ou em outros, de forma a tornarem
as rotas cognitivas utilizadas para essas tarefas
mais facilmente acionadas em situações futuras.
Atividades cujos objetivos eram desenvolver
e aprimorar a linguagem e minimizar prováveis
problemas de comportamento foram desenvolvidas por meio de jogos e material concreto
com temas semelhantes aos desenvolvidos nas
atividades desenvolvidas em tablets, porém a
descrição dessas atividades foge ao escopo do
presente relato.
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 136-49
143
Varanda CA et al.
o sono, problemas atencionais, comportamento
agressivo e outros problemas.
RESULTADOS
Caracterização da amostra e desempenho
em linguagem e comportamentos
Dentre as 187 crianças avaliadas, 50% são do
gênero feminino e 50%, do gênero masculino,
ten­do como caracterização as seguintes medidas
de tendência central das idades dos 187 sujeitos
da amostra: mínima 2,5; máxima 4,4; média 3,7
e desvio-padrão 0,33.
As 193 crianças avaliadas em vocabulário
obtiveram pontuação mínima de 3 e máxima
de 88 no Teste de Vocabulário Expressivo –
TvExp-100r8, com média de 60,5 e desvio-padrão
de 14,6. No Teste de Vocabulário Receptivo TVAud-A33o8, as 193 crianças obtiveram pon­
tuação mínima de 0 e máxima de 33, com média
25,9 e desvio-padrão 5,3.
A fase de pré-teste, 77,5% dos sujeitos apresentaram resultados para a tarefa de localização
sonora, dentro do esperado; 51,33% dos sujeitos
apresentaram resultados satisfatórios para a ta­
refa de memória para sons verbais e apenas 9,6%
apresentaram resultados na tarefa de memória
para sons instrumentais dentro do esperado, a
partir de parâmetros já publicados19.
No que se refere aos resultados obtidos no
CBCL, a Tabela 1 apresenta as medidas centrais
dos diferentes tipos de comportamento: emocionalmente reativo, ansiedade/estado depressivo,
queixas somáticas, retraimento, problemas com
Devolutivas de pais e crianças
Na escola experimental 1, 23 questionários
foram respondidos pelos pais. A Figura 1 apresenta a frequência de respostas dadas pelos
pais no que se refere ao início de percepção
de mudanças no repertório comportamental e
linguístico das crianças.
Na escola experimental 2, 19 questionários
foram respondidos e a Figura 2 apresenta a frequência de respostas dadas pelos pais da Escola
experimental 2 no que se refere ao início de
percepção de mudanças no repertório comportamental e linguístico das crianças.
Figura 1 – Frequência de respostas dos pais da Escola 1,
em relação ao início de mudanças comportamentais e de
linguagem percebidas pelos pais.
Tabela 1 – Medidas centrais dos diferentes tipos de comportamento
obtidas a partir da pontuação do CBCL.
Tipos de comportamento
N
Mínima
Máxima
Média
Desvio-padrão
Emocionalmente reativo
195
0
12
4,4
2,8
Ansiedade/estado depressivo
195
0
13
4,6
2,8
Queixas somáticas
195
0
10
2,6
2,3
Retraimento
195
0
11
1,9
2
Problemas com o sono
195
0
14
3,7
2,9
Problemas atencionais
195
0
9
3,2
2,1
Comportamento agressivo
195
0
34
14
6,4
Outros problemas
195
2
34
14,1
6,4
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 136-49
144
Aplicativos para tablets sensíveis ao toque para melhorar vocabulário, processamento auditivo central
e habilidades de interação social entre pré-escolares
A Tabela 2 apresenta a frequência de respostas dos pais da Escola 2, em relação ao início
de mudanças comportamentais e de linguagem
percebidas pelos mesmos.
A Figura 3 apresenta as frequências de respostas dos pais sobre quais as mudanças apresentadas pelos filhos por domínios.
As profissionais da equipe multidisciplinar
observaram o grande interesse e envolvimento
das crianças na execução das atividades propostas com uso dos IPads. Ao final de cada sessão de
intervenção, que durava 40 minutos, as crianças
sinalizavam que gostariam de continuar ou requisitavam a presença das profissionais no dia
seguinte.
DISCUSSÃO
As crianças desta amostra apresentaram média de 60,5 no Teste de Vocabulário expressivo
– TVExp-100o8, que está abaixo do resultado
bruto médio encontrado por Capovilla et al.8
em crianças de 3 anos de idade no Teste de
Vocabulário Expressivo em sua forma original
(TVExp-100o)8. Da mesma forma, apenas metade da amostra foi capaz de se sair bem na
memória de sons verbais e 10% dos sujeitos foram
capaz de realizar a tarefa de memória para sons
instrumentais com sucesso. Assim, as atividades
descritas neste trabalho que têm por objetivo
desenvolver as habilidades envolvidas no processamento auditivo central podem, juntamente
com a ampliação do vocabulário expressivo,
contribuir para o bom desenvolvimento da linguagem. Além disso, 52% das respostas dadas
pelos pais sobre as mudanças de desenvolvimento percebidas em seus filhos apontam para
o refinamento e desenvolvimento linguístico,
sendo que 14 respostas foram dadas indicando o
Figura 2 – Frequência de respostas dos pais da Escola 2,
em relação ao início de mudanças comportamentais e de
linguagem percebidas pelos pais.
Tabela 2 – Classificação das respostas fornecidas pelos pais das duas escolas experimentais
quanto a mudanças comportamentais, de linguagem e outros.
Domínio
Categorias de respostas
Número de respostas dadas
Vocabulário expressivo/auditivo
14
Habilidades conversacionais
24
Habilidades narrativas
6
Habilidades sintáticas
5
Articulação de palavras
5
Habilidades de interação social
14
Competência emocional
11
Cognitivo
Aprimoramento de habilidades cognitivas
6
Psicomotor
Aprimoramento da coordenação motora
1
Autocuidados
Autonomia para tarefas de autocuidados
6
Interesse por computador
1
Interesse por leitura
1
Linguagem
Fala
Comportamentos
Novos interesses
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 136-49
145
Varanda CA et al.
comportamento foram agrupadas neste domínio,
sendo que 14 respostas apontaram para habilidades de interação social e 11 respostas em
competência emocional, indicando que houve
aprimoramento das competências comportamentais das crianças, sob o ponto de vista dos
pais entrevistados. De novo, assim como em
linguagem, o instrumento utilizado no pré-teste
está, neste momento, sendo reaplicado, de tal
sorte que se avalie se houve, de fato, ganhos
significativos que se devam à intervenção, uma
vez que se trata de um estudo com delineamento
experimental.
Figura 3 – Gráfico com as frequências de respostas dos pais
agrupadas em domínios sobre as mudanças de padrões de
desenvolvimento percebidas.
crescimento e aprimoramento do vocabulário expressivo/auditivo, 24 respostas para habilidades
conversacionais, como ilustra uma resposta dada
por um dos pais: “ela está conversando muito,
fala sobre tudo”, seis respostas para habilidades
narrativas, sobre as quais os pais relatam que as
crianças “contam histórias, contam o que acontece na escola” e cinco respostas para habilidades
sintáticas, traduzidas em respostas como: “ela
forma frases direito com todas as palavras nos
lugares certos”. Os pais relatam as habilidades
de articulação adequada da fala como sendo
questões de linguagem, mas tais respostas foram categorizadas como mudanças na “fala”,
representando 5% das respostas. Esses números
indicam que, na opinião dos pais entrevistados,
as crianças mostraram avanço em linguagem.
No entanto, como a pesquisa se encontra na fase
de pós-teste, é preciso verificar se houve ganhos
significativos a partir da reaplicação dos mesmos
instrumentos utilizados no pré-teste.
No pré-teste, os problemas de comportamento mais sinalizados pelos pais foram os com­
portamentos agressivos. Os comportamentos
agressivos que fazem parte do domínio de comportamentos externalizantes dificultam o desenvolvimento de padrões de interação adequadas,
assim como interfere na capacidade atencional e
de organização, interferindo negativamente no
processo de aprendizagem e de relacionamento
com os pares e professores. No entanto, na fase
de intervenção, 27% das respostas ocorridas em
CONCLUSÃO
De maneira geral, e com base nas devolutivas
de pais, pode-se concluir que as atividades utilizadas nos aplicativos parecem ter contribuído
para a melhora das habilidades em linguagem
e comportamentos observadas por eles. Os aplicativos foram selecionados de forma a permitirem às crianças desenvolverem não somente as
habilidades-alvo da pesquisa, por exemplo, linguagem e comportamentos, mas também outras
habilidades como a capacidade para solucionar
problemas, tomar decisões, coordenação motora
fina, o que pode ter colaborado para a indicação
dos pais em ganhos cognitivos e coordenação
motora. Os interesses apontados pelos pais em
computador e leitura parecem estar atrelados
à disseminação das atividades utilizadas na
intervenção com a leitura de livros interativos
por meio do uso dos tablets.
A interatividade proporcionada pelos aparelhos e a proposta estimulante dos jogos facilitou
de forma contundente a adesão das crianças às
atividades sugeridas, o que poderá indicar que
o uso desses aplicativos pode, ainda, ser mais
amplamente testado. As observações dos pais
apontaram para ganhos em habilidades de linguagem e melhora do repertório comportamental
das crianças, o que corrobora, até o momento,
a indicação de mais pesquisas sobre o uso de
aplicativos para o desenvolvimento de tais habilidades em idade precoce.
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146
Aplicativos para tablets sensíveis ao toque para melhorar vocabulário, processamento auditivo central
e habilidades de interação social entre pré-escolares
SUMMARY
Multitouch tablet applications for ennhancing vocabulary,
central auditory processing and prosocial skills among preschoolers
This research aimed to detect and intervene in difficulties of language
and behavior in four-year old children, attending preschools to prevent future
problems such as academic underachievement. 195 children were evaluated
in behavior, 193 in expressive and receptive vocabulary and 187 in central
auditory processing. So, 88 constitute the experimental group and were
engaged in an intervention for the development and refinement of language
and behavior through activities developed in software used in tablets and
orientation provided to their parents and teachers by a professional team
of speech therapists, psychologists and psycho pedagogues. The other 99
children constitute the control group. Post-test phase took place in the
beginning of 2015. For the development and refinement of vocabulary, central
auditory processing and pro-social behavior skills, a set of activities based
on applications that run on multitouch tablets were used and categorized
into games; interactive touch books; characters responding or repeating the
children`s speech; discriminating and classifying different sounds and tasks
on dealing with emotions and feelings. During the intervention phase, after
each session, the children provided us with feedback on the applications
used. Their parents were also asked to comment, through a semi-structured
questionnaire, on possible changes or improvements regarding children’s
language and behavioral skills. So far, their feedback and our observations
suggest these activities increased pro-social behaviors such as collaboration
and augmented appreciation for social activities, and provided children
with novel forms of expression encompassing vocabulary and auditory
discrimination skills.
KEY WORDS: Language. Behavior. Evaluation. Technology.
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148
Aplicativos para tablets sensíveis ao toque para melhorar vocabulário, processamento auditivo central
e habilidades de interação social entre pré-escolares
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Trabalho realizado no Departamento de Fisioterapia,
Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional da Faculdade
de Medicina da USP, São Paulo, SP, Brasil.
Trabalho apresenta resultados parciais de pesquisa
financiada por: Fundação de Amparo à Pesquisa do
Estado de São Paulo (FAPESP) e Fundação Maria Ce­
cília Vidigal - Processo nº 2012/51634-7.
Artigo recebido: 16/6/2015
Aprovado: 5/8/2015
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 136-49
149
MARTIGO
achado AC
& Bello SF
ORIGINAL
Habilidades sociocomunicativas
e de atenção compartilhada em
bebês típicos da primeira infância
Andréa Carla Machado; Suzelei Faria Bello
RESUMO – A compreensão da habilidade de comunicação intencional em
bebês tem sido alvo de indagações e debates de pesquisadores que estudam a
cognição social infantil nos primeiros anos de vida. Assim, é importante investigar
habilidades sociocomunicativas e de atenção com­partilhada, bem como verificar as
intenções comunicativas dos bebês nas primeiras interações mãe-bebê, se os bebês
interpretam o comportamento do adulto como intencional e a potencial relação
entre contextos de atenção compartilhada, comunicação intencional e aquisição
da linguagem. O presente estudo teve como objetivo apresentar dados referentes
às ha­bilidades sociocomunicativas e de atenção compartilhada em bebês típicos na
primeira infância, buscando identificar as duas habilidades citadas e evidenciadas
nos bebês, em quatro distintos períodos observados, bem como as diferentes
configurações em cada idade. Participaram desse estudo quatro díades mãe-bebê.
Os bebês tinham idades de três, seis, quinze e dezoito meses. As observações vi­
deogravadas foram realizadas nas residências dos participantes, numa situação
de brincadeiras com brinquedos previamente selecionados, durante vinte minutos.
Nas análises das observações, foram identificados marcos na trajetória evolutiva
e diferentes configurações sociocomunicativas e de atenção compartilhada nas
díades. Verificou-se que as aquisições de comunicação intencional e os diferentes
contextos de atenção compartilhada redirecionaram e ampliam o curso das
interações, em cada idade. Este estudo contribui para a discussão relativa à
cognição social infantil, com ênfase nas relações entre atenção compartilhada,
co­municação intencional e aquisição da linguagem.
UNITERMOS: Relações mãe-criança. Comunicação. Lactente. Relações In­
terpessoais.
Correspondência
Andréa Carla Machado
Centro de Pesquisa e Desenvolvimento Infantil (CPEDi)
Rua Rui Barbosa, 416 – Centro – Neves Paulista, SP,
Brasil – CEP: 15120-000.
E-mail: [email protected]
Andréa Carla Machado – Psicopedagoga, Mestre e
Dou­tora em Educação Especial pela UFSCar. Pósdou­toranda na Universidade Federal de São Carlos –
UFSCar. São Carlos, SP – Brasil. Bolsista FAPESP. Centro
de Pesquisa e Desenvolvimento Infantil – CPEDi – Neves
Paulista, SP, Brasil.
Suzelei Faria Bello – Fonoaudióloga, Mestre, Doutora e
Pós-doutora pela Universidade Federal de São Car­los –
UFSCar. São Carlos, SP – Brasil. Docente da UNILAGO
– Faculdade da União dos Grandes Lagos. Centro de
Pesquisa e Desenvolvimento Infantil – CPEDi – Neves
Paulista, SP, Brasil.
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 150-7
150
Habilidades sociocomunicativas e de atenção compartilhada em bebês típicos da primeira infância
municação simbólica. É importante mencionar5,6
que já havia destacado a atenção como uma das
grandes funções da estrutura psicológica que
embasa o uso de instrumentos num contexto
social. Segundo ele, a habilidade para focalizar
a própria atenção é um determinante essencial
do sucesso ou não de qualquer operação prática,
pois a criança deve prestar atenção para poder
ver. A atenção, auxiliada pela fala:
“(...) cria condições para o desenvolvimento de um sistema único que inclui
elementos efetivos do passado, presente e futuro. Esse sistema psicológico
emergente na criança engloba, agora,
duas novas funções: as intenções e as
representações simbólicas das ações
propositadas”6.
INTRODUÇÃO
Antes mesmo de adquirirem a capacidade de
se comunicar verbalmente com outros integrantes de sua cultura, os seres humanos transitam
em contextos nos quais estão inseridos, por meio
de ferramentas comunicativas, tais como ações e
gestos. Esses instrumentos possibilitam as interações sociais, a desenvolver uma interpretação
compartilhada de suas atividades conjuntas, por
meio das trocas que se estabelecem com o outro,
já no primeiro ano de vida1.
Em torno desse recorte evolutivo, os bebês evi­­
denciam as seguintes habilidades: olhar na direção do olhar do outro; observar a face do outro,
quando estão em uma situação ambígua; mostrar
e compartilhar objetos com outros. Tais comportamentos destacam-se entre outras ações circunscritas denominadas atenção compartilhada.
Há um consenso entre os estudiosos no sentido
de que o fenômeno da atenção compartilhada ou
conjunta (AC) é um dos pilares da cognição social
e da aquisição da linguagem. Essa questão é abordada inicialmente a partir da delimitação daquilo
que vem sendo entendido por AC e cognição social infantil, fenômenos tidos como imbricados no
estudo sobre o desenvolvimento infantil.
Estudiosos2,3 dessa temática têm verificado
relações entre atenção conjunta e cognição so­­cial
infantil, a qual é investigada a partir de ha­bi­lidades
sociocomunicativas de bebês, desde a mais tenra
idade. A cognição social infantil envolve, mais
especificamente, a habilidade para compreender outras pessoas, abrangendo o conjunto de
capacidades perceptivas que habilita o bebê a
discriminar pessoas de objetos. Abrange, também,
o complexo inter jogo de pistas sociais, tais como
o contato visual, movimentos do corpo, tom de
voz e ex­pressões faciais, que auxiliam o bebê na
interpreta­ção de comportamentos do outro4.
Os rudimentos dessas habilidades podem ser
evidenciados em interações face a face mãe-bebê
nos primeiros meses e até nos primeiros dias
de vida. Elas são consideradas basilares para
desenvolver formas mais complexas de habilidades sociocognitivas, tais como interpretar os
comportamentos dos outros e utilizar uma co-
Nessa direção, alguns resultados extraídos
de pesquisas corroboraram os dados e premissas
de pesquisadores de referência nessa área7-9.
Destacam-se, principalmente, aqueles relacionados à ideia de que os episódios de atenção
compartilhada podem contribuir para o avanço
do vocabulário infantil, admitindo-se que há
uma variação e aumento do tempo de atenção
estabelecido entre as díades, em função da idade
de bebês e crianças.
Ainda sob a ótica desse autor, a atenção compartilhada pode ser entendida como uma habilidade de coordenar ações de atenção entre um
parceiro social ou um objeto de interesse comum8.
Dessa forma, com o enfoque na intencionalidade como intenções que afunilam para as trocas
dialógicas e fortalecem as interações sociais,
preditoras do desenvolvimento infantil compartilhado, os conceitos10 da intencionalidade
relacionados ao ato comunicativo que sustenta
a habilidade de atenção compartilhada.
Tais observações se fazem relevantes ao entender a comunicação como uma complexa interação entre dois ou mais sujeitos que necessitam
trocar turnos, codificar e processar a informação,
e então fortalecer o diálogo, mesmo que tenham
contribuições diferentes entre a comunicação
verbal e não-verbal. Diante do exposto, o que
se torna importante é a intenção de iniciar um
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 150-7
151
Machado AC & Bello SF
identificar as duas habilidades citadas e evidenciadas nos bebês em quatro distintos períodos
observados, bem como as diferentes configurações em cada idade.
diálogo, manter e ampliar e tais ações implicam
em compartilhar a atenção entre os mediadores
do sujeito.
Por isso, as condutas comunicativas de iniciar,
manter e rever o ato comunicativo cria movimentação para ampliar o desenvolvimento, o que
irá buscar uma competência comunicativa, ou
seja, a tarefa primordial de oferecer intenção à
comunicação do bebê, e, sobretudo às respostas
diversas, como choro, sorriso, levantar os braços,
balbucio será do cuidador que transformará a
intencionalidade em intenção de comunicação11.
Esses pressupostos comportamentais de interação do ato comunicativo também foram apontados12, com ênfase nas manifestações de sorriso
e balbucio, como deflagradores do contato social
e, por sua vez, dos atos comunicativos, pois os
bebes despertam nos adultos comportamentos de
atenção, ritmo de fala diferenciado, disposição
ao toque e à proteção.
Nos primeiros anos de vida, os sons rudi­
mentares13, que vão sendo incorporados e apri­
mo­rados pelas habilidades sociais de sorrir, ofe­
recer o contato visual, de tocar, de estender os
braços, superam o desejo das trocas e instauram
a comunicação não-verbal, que interpretada pela
díade oferece identidade às interações sociocomunicativas e qualificam os sinais do parceiro e
as funções progridem para meta representações
e experiências que levam para a evolução da
comunicação verbal.
Diante do exposto, este estudo teve o objetivo
de apresentar dados referentes às habilidades
sociocomunicativas e de atenção compartilhada
em bebês típicos na primeira infância, buscando
MÉTODO
Participantes
Participaram deste estudo quatro díades mãe-bebê nas idades de três, seis, quinze e dezoito
meses. As mães dos bebês eram casadas, moravam em suas próprias residências, tinham
idade média de 27 anos, (DP= 4,94) e nível de
instrução a partir do ensino médio completo.
Das mães participantes deste estudo, três eram
primíparas e uma das mães, a criança era a se­
gunda de três filhos. Segundo relato delas, os
bebês não apresentaram problemas de saúde
e nasceram a termo (idade gestacional maior
que 38 semanas). A participação de cada díade
ocorreu e foi autorizada mediante assinatura do
Termo de Consentimento e Livre Esclarecido.
Instrumentos
Para conhecer os comportamentos comunicativos intencionais dos bebês foram utilizados
uma câmera de vídeo e um roteiro com os itens
relacionados à linguagem e socialização14,15. As
díades foram observadas em suas residências,
em situação de brincadeira com brinquedos
previamente selecionados (Quadro 1). Esse tipo
de contexto pode aumentar a probabilidade
do surgimento de interação durante o evento,
consideradas vitais para mudanças no desenvolvimento.
Quadro 1 – Brinquedos utilizados para a interação das díades.
Idades/Meses
Habilidades
Sociocomunicativas
Habilidades de Atenção
Compartilhada
3 meses
6 meses
15 meses
18 meses
Brinquedo de convívio
diário da criança (mediado
pela fala da mãe)
Fantoches de
animais
Bonecas; bolas;
jogos de encaixe
Jogos de encaixe;
bolas
Chocalho
Fantoches de
animais
Jogos de
Jogos de panelinhas,
panelinha, telefone
telefone
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 150-7
152
Habilidades sociocomunicativas e de atenção compartilhada em bebês típicos da primeira infância
minuciosa dos tipos de interações que ocorreram
em cada episódio, na perspectiva de identificar
as principais habilidades sociocomunicativas e
atenção compartilhada evidenciadas pelos bebês e as possíveis modificações em cada idade
das referidas habilidades. O critério utilizado
para analisar as habilidades comunicativas dos
bebês foi a evidência comportamental, que in­
dica se a criança tem intenção de comunicar
algo em relação a um objeto ou ao parceiro. Foi
considerado um ato comunicativo o grupo de
condutas não-verbais e/ou verbais produzidas
por um emissor com a intenção de influenciar o
comportamento e/ou o estado mental do outro.
Exemplificam condutas intencionais nos bebês,
comportamentos (movimentos corporais, atenção
visual), vocalizações e formas de interação com
as mães que abrangem: chorar; pegar objetos
oferecidos pela mãe; estender os braços e tronco
em direção a algo na presença do outro. A habilidade da atenção compartilhada ou conjunta (AC)
se caracteriza como sendo os comportamentos
infantis que servem para coordenar a atenção
entre os parceiros da interação social, com o fim
de compartilhar uma consciência dos objetos/
eventos. É um sistema que integra o processamento da informação interna sobre seu próprio
campo de atenção visual e a informação externa
sobre o campo visual do seu interlocutor, como,
por exemplo, dirigir a atenção do outro por meio
do olhar (mesmo que não intencionalmente); seguindo objetos ou voz, mostrar um objeto para a
mãe; dar objetos espontaneamente; oferecer um
objeto ao parceiro deixando-o muito perto deste;
e apontar quais são importantes precursores do
desenvolvimento da linguagem.
O processo de análise dos dados das interações videogravadas iniciou-se com revisão de
cada sessão; durante as revisões cada cena ou
episódio foi revisto com o intuito de registrar de
forma minuciosa as interações e atividades que
surgiram a partir da situação de brincadeira e as
formas de comunicação verbal e não-verbal de
ambos os membros da díade. Na segunda etapa,
as sessões de cada díade foram marcadas no
roteiro com as categorias pré-definidas em cada
Procedimentos de coleta de dados
O contato com cada díade participante do
estudo foi feito a partir do conhecimento de
uma das pesquisadoras que conhecia as mães
e seus bebês que se enquadravam nos critérios
adotados, quais eram: díades mãe-bebê com as
crianças na idade inicial de três meses, sendo
as mães casadas, residentes em seus próprios
domicílios e com nível de instrução a partir do
ensino médio completo.
O primeiro contato com as mães foi feito por
rede social e, uma vez concedida à permissão
para a visita à casa da díade, foram coletadas
as primeiras informações. Conforme disponibilidade da mãe, realizaram-se as sessões de
observação. Na visita, as pesquisadoras expuseram os objetivos do estudo e solicitaram o
consentimento para a realização dos registros
das interações com o uso do vídeo.
Foi dada às mães somente uma instrução:
que “brincassem com seus filhos da maneira
como faziam usualmente”. Durante as sessões
de observação, estiveram presentes apenas as
pesquisadoras, a mãe e o bebê. As díades foram
observadas uma vez no mês referido (idade)
de cada criança, iniciando com um bebê aos
três meses, depois as crianças de seis meses e
concluindo com a criança com quinze meses de
idade, perfazendo um total de oitenta minutos
de observação. Em cada momento evolutivo, as
díades foram observadas durante 20 minutos
revistos para análise, sendo desconsiderados o
primeiro e o último minuto.
Este estudo teve o intuito de replicar alguns
dos procedimentos utilizados no trabalho de
Aquino e Salomão1, mas lançando mão de várias outros elementos/tarefas relacionados às
habilidades sociocomunicativas e de atenção
compartilhada.
Análise dos Dados
A análise dos dados derivados das interações
entre mães e bebês nos três períodos estudados buscou demonstrar os fluxos interativos
ca­racterísticos nas díades mãe-bebê em cada
período observado. Privilegiou-se uma leitura
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 150-7
153
Machado AC & Bello SF
idade para identificar ações do bebê de natureza
intencional e/ou não-intencional durante as interações. Por meio desse processo, foi possível identificar e caracterizar as principais modalidades
sociocomunicativas e de atenção compartilhada
dos bebês em cada período analisado.
Para verificar a fidedignidade da codificação
das habilidades dos bebês nos episódios interativos, o material e o roteiro foram preenchidos e
analisados pelas duas pesquisadoras para que
fosse obtido o índice de concordância na marcação das categorias analisadas. As porcentagens
de concordância foram comparadas, obtendo-se
concordância maior que 85%.
Na Figura 1, observamos a frequência das
ha­­­bilidades dispostas em categorias e agrupadas
nas idades de 0 a 6 meses. Os dados evidenciaram que os bebês mais velhos, ou seja, com seis
meses, apresentam maior frequência nas habilidades sociocomunicativas e de atenção compartilhada comparados ao bebê de três meses
que ainda está adquirindo habilidades de jogos
vocálicos, resposta de gestos com gestos, por
exemplo, o qual obteve uma frequência menor
nessas categorias.
Nessa amostra ficam evidentes que as formas
não-verbais de comunicação estão presentes e
os processos interativos reforçam a presença de
cada item como preponderante para o desenvolvimento da comunicação verbal. Os primeiros
níveis de comunicação não-intencional7,14 surgem por volta dos dois aos oito meses de vida,
situação delineada por contato visual que segue
trajetória de objeto ou de pessoa, vocaliza, chora
com intenção biológica, demonstrando a intencionalidade sociocomunicativa dos bebês frente
ao meio em que está envolvido. Em relação à
RESULTADOS
Após a análise das interações por díade, foi
realizada uma análise por grupo de idade para
demonstrar as possíveis variações ocorridas em
termos de das habilidades dos bebês em interações com as mães. Para melhor visualização, os
dados foram dispostos em figuras apresentadas
a seguir.
Figura 1 – Frequência das habilidades dos bebes com idade de 0 a 6 meses.
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 150-7
154
Habilidades sociocomunicativas e de atenção compartilhada em bebês típicos da primeira infância
comunicativos, pois a criança emprega recursos
elementares para agir sobre o outro, inicia diálogo, usa uma gama pequena de vocabulários,
responde com vocábulos simples, procurando,
assim, expressar seus desejos; obter algo com o
uso da comunicação; focar a atenção para o ato
comunicativo ou ainda iniciar um comentário
da situação3,4,15. Também atos dos bebês nessas
idades que indicam a habilidade em participar da interação via jogo de papéis, tais como
entregar brinquedo à mãe, quando solicitado,
imitar o adulto utilizando o objeto e vocalizar
olhando para a mãe, sugerindo que os bebês
compartilhavam os passos de cada atividade
da interação.
Contudo, é importante ressaltarmos que,
mesmo os bebês sendo caracterizados como tí­
picos do desenvolvimento infantil, é mister lem­
brar que há uma variabilidade de perfil para a
execução de algumas categorias descritas, não
cabendo aqui neste trabalho generalizações,
mesmo porque fatores extrínsecos estão envolvidos nas construções dessas relações/interações.
atenção compartilhada, podemos ressaltar que
os comportamentos, de natureza triádica, como
por exemplo, responder gestos com gestos,
responde por vocalizações e interações, jogos
vocálicos; deram-se também em função das
situações e atividades criadas pelas mães, o
que evidencia que o caráter bidirecional dessas
trocas seriam indicativos da habilidade comunicativa intencional8.
A Figura 2 apresenta a frequência das habilidades sociocomunicativas e de atenção compartilhada para os bebês com idade de quinze e dezoito meses. Verificamos que todas as categorias
relacionadas às habilidades sociocomunicativas
e atenção compartilhada, mais elaboradas, são
dominadas por bebês típicos a partir dos 15 meses. No entanto, somente a produção de cinco
palavras diferentes, nomeação de brinquedos,
produção de sons de animais, respostas positivas de “sim” e “não” e a imitação de sons foram
realizadas pela criança de dezoito meses.
Nessa fase, inicia-se a comunicação pré-lin­
guística, ou seja, tende a verbalizações mais
elaboradas, já com intencionalidade nos atos
Figura 2 – Frequência das habilidades dos bebês com idade de 12 a 18 meses.
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 150-7
155
Machado AC & Bello SF
engloba, além da habilidade de focar conjuntamente um mesmo objeto que o parceiro da interação, o aspecto maturacional da função psicológica
‘atenção’, os estilos comunicativos maternos, a
responsividade das mães aos comportamentos e
iniciativas dos bebês durante as interações.
No entanto, sugere-se que estudos longitu­
dinais sejam realizados acompanhando de for­
ma contínua o surgimento das habilidades so­
ciocomunicativas no primeiro ano de vida, o
que pode favorecer uma melhor compreensão
acerca da transição da habilidade comunicativa
não-intencional para a intencional.
Ademais, esses estudos podem fornecer dados importantes para a detecção de prejuízos na
comunicação e na linguagem, e subsidiar intervenções precoces no campo da cognição social
infantil e da linguagem.
CONCLUSÃO
Este estudo teve o objetivo de apresentar
dados referentes às habilidades sociocomunicativas e de atenção compartilhada em bebês
típicos na primeira infância, buscando identi­fi­
car as duas habilidades citadas e evidenciadas
nos bebês, em quatro distintos períodos observados, bem como as diferentes configurações
em cada idade.
A configuração de movimentos, de contatos
visuais, gestos e expressões faciais tornou-se
mais coordenada, e esse conjunto de aporte neu­
ropsicomotor caminhou lado a lado com as mudanças qualitativas nos formatos comunicativos
observados durante as interações. E também a
análise dessas interações permitiu desenvolver
a compreensão de que a habilidade de atenção
compartilhada de bebês, no primeiro ano de vida,
SUMMARY
Socio comunicative skills and shared attention
in typical babies first childhood
Understanding intentional communication skills in infants has been the subject
of inquiries and debates of researchers studying children’s social cognition in the
first years of life. It is therefore important to investigate socio comunicative and
skills shared attention, as well as check the communicative intentions of babies
in the early mother-infant interactions, if babies interpret the adult behavior as
intentional and the potential relationship between contexts of shared attention,
intentional communication and language acquisition. The present study aimed
to present data relating to socio comunicative skills and shared attention in
typical babies in early childhood, trying to identify the two skills mentioned and
highlighted in babies in four distinct periods observed, as well as the different
settings in each age. This study participated in four díades mother-baby. The
babies had ages of three, six, fifteen and eighteen months. Video observations
recorded were held in the homes of the participants, in a situation of playing with
toys previously selected, for twenty minutes. The analysis of the observations were
identified marcos on evolutionary trajectory and different configurations socio
comunicative and shared attention on díades. It was found that the purchase of
intentional communication and the different contexts of shared attention reassigned
and extend the course of interactions, in every age. This study contributes to the
discussion on the children’s social cognition with emphasis on relations between
shared attention, intentional communication and language acquisition.
KEY WORDS: Mother-Child Relations. Communication. Infant. Inter­personal
Relations.
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 150-7
156
Habilidades sociocomunicativas e de atenção compartilhada em bebês típicos da primeira infância
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Trabalho realizado no Centro de Pesquisa e Desen­
volvimento Infantil – Projeto por Você! para o auxílio
a crianças com atraso no desenvolvimento a partir da
primeira infância, Neves Paulista, SP, Brasil.
Artigo recebido: 23/3/2015
Aprovado: 8/7/2015
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 150-7
157
Frederico
eto F et al.
RELATO
DENEXPERIÊNCIA
Criança com dificuldade de aprendizagem:
o processo de construção de uma guia de
encaminhamento de alunos com
queixas escolares a serviços de saúde
Francisco Frederico Neto; Andréa Cristina Cardoso; Harumi Nemoto Kaihami; Kátia Osternack;
Gabriela Viegas Stump; Marina Emiko Ivamoto Petlik; Carolina Luísa Alves Barbieri
RESUMO – Introdução: Atualmente, assiste-se a um aumento de
crianças com queixas escolares encaminhadas a profissionais de saúde,
havendo uma comunicação pouco eficiente entre escola e serviço de saúde.
Este artigo buscou compartilhar a experiência de construção de uma guia
Marina Emiko Ivamoto Petlik – Doutora em Pediatria
pela Fa­culdade de Medicina da USP, Coordenadora do
Ambulatório de Especialidades em Pediatria da Socie­
dade Beneficente de Senhoras Hospital Sírio-Libanês,
São Paulo, SP, Brasil.
Carolina Luísa Alves Barbieri – Doutora em Saúde Co­
letiva pelo Departamento de Medicina Preventiva da
Faculdade de Medicina da USP, Professora do Programa
de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da UNISANTOS,
Santos, SP, Brasil e pe­diatra do Ambulatório de Es­pe­
cialidades em Pediatria da So­ciedade Beneficente de
Senhoras Hospital Sírio-Libanês, São Paulo, SP, Brasil.
Francisco Frederico Neto – Mestre em Pediatria pela
Fa­­culdade de Medicina da Universidade de São Pau­­lo,
coordenador do Programa de Dificuldade de Apren­
dizagem do Ambulatório de Especialidades em Pediatria
da Sociedade Beneficente de Senhoras Hospital SírioLibanês, São Paulo, SP, Brasil.
Andréa Cristina Cardoso – Mestre em Educação, Ad­­minis­
tra­ção e Comunicação pela Universidade São Marcos/
SP, fo­noaudióloga e psicopedagoga do Ambulatório de
Espe­cialidades em Pediatria da So­ciedade Beneficente
de Senhoras Hospital Sírio-Li­banês, São Paulo, SP, Brasil.
Harumi Nemoto Kaihami – Mestre em Ciências pela
Faculda­de de Medicina da Universidade de São Pau­­­lo,
psicóloga do Ambulatório de Especialidades em Pedia­
tria da Sociedade Beneficente de Senhoras Hos­pital SírioLibanês e psicóloga chefe do Serviço de Psi­­cologia do
Instituto de Medicina Física e Reabilitação – HCFMUSP,
São Paulo, SP, Brasil.
Kátia Osternack – Doutora em Ciências - Neurologia pela
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Es­
pecialista em Neuropsicologia credenciada pelo Conselho
Federal de Psicologia, Colaboradora do Ambulatório de
Especialidades em Pediatria da Sociedade Beneficente
de Senhoras Hospital Sírio-Libanês, São Paulo, SP, Brasil.
Gabriela Viegas Stump – Médica psiquiatra da in­fância
e adolescência, graduação FM-USP, espe­cia­lização em
psi­quia­tria geral e da infância e ado­lescência pelo IPq
HC- FM-USP. Psiquiatra coor­denadora do ensino de
médicos residentes no Ambulatório Projeto Transtorno do
Espectro Autista do Instituto de Psiquiatria do HC-FMUSP
e colaboradora do Ambulatório de Especialidades em
Pediatria da Sociedade Beneficente de Senhoras Hospital
Sírio-Libanês, São Paulo, SP, Brasil.
Correspondência
Francisco Frederico Neto
Ambulatório de Especialidade em Pediatria do Hospital
Sírio-Libanês
Rua Peixoto Gomide, 337 – Bela Vista – São Paulo, SP,
Brasil – CEP: 01409-001.
E-mail: [email protected]
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 158-67
158
Criança com dificuldade de aprendizagem
de encaminhamento de alunos com queixas escolares. Método: Relato
de experiência. Resultados: A partir de encontros entre coordenadores
pe­dagógicos e profissionais de saúde, o modelo inicial de guia de en­
caminhamento, que contemplava apenas a solicitação de informações
sobre as queixas escolares dos alunos, foi sendo aperfeiçoado até chegar
a um modelo mais ágil e racional de comunicação que facilitasse a troca
de informações entre profissionais da educação e saúde. Conclusão: O
aprimoramento da guia melhorou a comunicação entre as escolas e o
serviço, facilitou a discriminação das queixas pelos professores e permitiu
uma melhor compreensão inicial da queixa escolar do aluno encaminhado.
UNITERMOS: Comunicação Interdisciplinar. Guia de encaminhamento.
Dificuldade de Aprendizagem. Saúde da Criança.
A dificuldade de comunicação entre as áreas
da Educação e Saúde extrapola a esfera técnico-científica e está muito presente no âmbito da
praxis, envolvendo todo o processo de encaminhamento, diagnóstico, propostas terapêuticas
e acolhimento integral e singular às crianças
e suas famílias1,5, apesar do consenso de que
a dificuldade de aprendizagem só pode ser
apreendida, discutida e enfrentada de forma
multiprofissional e interdisciplinar1,5,6.
A aprendizagem ou sua defasagem vai depender de múltiplos fatores e âmbitos, intra e
extraescolares, como aspectos institucionais
(métodos pedagógicos, capacitação e motivação dos professores e estrutura física), políticos
(legislação, política de saúde), psicossociais,
familiares (escolaridade e presença ativa dos
pais na educação dos filhos), intrínsecos à
criança, entre outros4,6. Dessa forma, o aumento
de encaminhamentos de crianças com queixa
de dificuldade de aprendizagem a serviços de
saúde vem se mostrando sintomático dessa com­
ple­xidade multifatorial.
Alguns autores apontam como um de seus determinantes a dificuldade de alguns professores
em discriminar a criança cujo mau rendimento
escolar é fruto de questões pedagógico-sociais,
daquelas que apresentam, verdadeiramente, uma
dificuldade de aprendizagem que necessite de
avaliação especializada1,7,8. A dificuldade dessa
INTRODUÇÃO
Alunos com queixa(s) escolar(es), seja por
mau rendimento escolar ou por dificuldade de
aprendizagem, vêm motivando encaminhamentos frequentes de professores a profissionais da
área da saúde infanto-juvenil, como pediatra,
neurologista, psiquiatra, fonoaudiólogo, psicólogo e psicopedagogo1-3.
O campo da dificuldade de aprendizagem na
criança e adolescente vem revelando tensões e
desafios a serem enfrentados. Dentre as principais complexidades acerca do tema, destacam-se a diversidade e a falta de padronização de
nomenclaturas, assim como o distanciamento
dialógico e a presença de jargões, preconceitos e
conflitos na interface entre Educação e Saúde. A
uniformidade pode, de forma ambivalente, pecar
pelo reducionismo de uma entidade comple­­xa
por natureza, mas, por outro lado, facilitar a in­
terlocução entre especialistas e instituições de
ensino1.
A interlocução entre os campos da educação
e saúde ainda é incipiente, pois engloba profissionais de diversas áreas do conhecimento. Cada
profissional e área de conhecimento no âmbito
dos seus saberes e práticas tem uma percepção própria do “problema”, balizada pela sua
formação, cujos olhares, métodos diagnósticos,
definições e abordagens dialogam pouco com os
demais setores1,4,5.
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 158-67
159
Frederico Neto F et al.
discriminação pelo professor também pode estar
atrelada a questões estruturais da escola e das
condições de trabalho, como falta de material pedagógico, salas superlotadas, pouco investimento em capacitação dos docentes entre outros8,9.
Apesar de estudos da literatura científica
apon­­tarem essas barreiras, não se encontram fer­
ramentas de comunicação ou encaminhamento
eficazes para suprir e/ou minimizar essas lacunas.
Com o intuito de aproximação dialógica e aprimoramento dos encaminhamentos de crianças
com queixa de dificuldade de aprendiza­gem,
este relato tem o objetivo de compartilhar a
ex­periência da construção de uma guia de en­
caminhamento que buscou otimizar e instrumentalizar o professor a identificar, discriminar
e dimensionar as queixas de dificuldade de
aprendizagem do aluno que ele pretende encaminhar a serviços de saúde.
por pediatra, fonoaudióloga, psicopedagoga,
psicóloga, neuropsicóloga e psiquiatra. Atende
a crianças de 8 a 14 anos oriundas de sete escolas públicas na região central, na Bela Vista,
em São Paulo-SP. Desde 2013, recebe crianças
encaminhadas da atenção primária da região
centro-oeste do Município de São Paulo-SP.
Além do contato com as crianças e suas respectivas famílias, o Programa de Dificuldade de
Aprendizagem do AEP-HSL buscou estreitar o
diálogo entre os serviços por meio de diversas
estratégias, como reuniões com coordenadores
pedagógicos e professores, discussão multidisciplinar de casos específicos, conceitos, diagnósticos, encaminhamentos e propostas terapêuticas.
Em março de 2011, foi realizado o primeiro
encontro entre profissionais do Programa e das
sete escolas Encontros subsequentes aconteceram a cada dois meses para troca de informações
sobre diagnóstico e propostas terapêuticas e pedagógicas para as crianças avaliadas. Logo nos
primeiros meses observou-se que grande número
de encaminhamentos era devido a pro­blemas de
comportamento, enquanto as dificuldades mais
específicas relacionadas à aprendizagem ainda
eram pouco identificadas e encaminhadas. Outro
fato observado foi que rapidamente as escolas
começaram a informar que estavam ficando com
uma lista de espera expressiva.
Fruto desses encontros e da própria prática de
atendimento dos alunos encaminhados à equipe
do programa buscou a construção de instrumentos que facilitassem esse diálogo e o melhor direcionamento das crianças que necessitavam de
avaliação especializada na área. Essa construção
foi um processo dinâmico, fruto do amadurecimento, reflexão e discussão entre a equipe do
Programa de Dificuldade de Aprendizagem do
AEP-HSL e o retorno dado pelos profissionais
das escolas. O fio condutor deste relato de experiência é a descrição do desenvolvimento de um
instrumento de encaminhamento de alunos com
queixas escolares da escola ao serviço de saúde.
De acordo com as recomendações da Resolução CNS n°196/96, do Conselho Nacional
de Saúde – Comissão Nacional de Ética em
CARACTERIZAÇÃO DA EXPERIÊNCIA
Este estudo é um relato de experiência vivenciado entre o Programa de Dificuldade de
Aprendizagem do Ambulatório de Especialidades em Pediatria da Filantropia da Sociedade
Beneficente de Senhoras do Hospital Sírio-Li­
banês (AEP-HSL)(a) e sete escolas públicas da
região central de São Paulo-SP, entre os anos
de 2011 e 2013.
O Programa de Dificuldade de Aprendizagem
do AEP-HSL surgiu em 2010 fruto da percepção
da elevada demanda de crianças encaminhadas
com queixas relacionadas a mau rendimento
escolar encaminhadas pelas escolas da região
central do Município de São Paulo-SP. Ele foi
concebido com o objetivo de realizar diagnóstico diferencial da criança e adolescente com
dificuldade de aprendizagem e orientar e propor
intervenções necessárias, respeitando a singularidade de cada caso. É um serviço formado
por uma equipe multiprofissional constituída
Serviço criado em 2010 com o nome inicial ‘Núcleo de
Apoio à Aprendizagem’, foi remodelado e assumiu nova
configuração. Desde 2013 passou a se chamar ‘Programa
de Dificuldade de Aprendizagem’ do Ambulatório de
Especialidades em Pediatria da Filantropia da Sociedade
Beneficente de Senhoras do Hospital Sírio-Libanês.
(a)
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 158-67
160
Criança com dificuldade de aprendizagem
No início de programa, os encaminhamentos
eram realizados de forma aleatória, ora informan­
do apenas a necessidade de atendimento especializado, ora descrevendo queixas que não
tra­­­duziam de forma mais ampla as dificuldades
apresentadas pelos alunos. Foi então desenvolvido um primeiro modelo de encaminhamento
(Figura 1), objetivando ordenar e estabelecer
um fluxo entre os serviços. Esse modelo tinha
um caráter aberto e descritivo das dificuldades
escolares observadas pelos professores, devendo
abranger aspectos de aprendizagem, atenção,
socialização e comportamento. Esse modelo foi
proposto no primeiro encontro do serviço com
as escolas, em março de 2011.
A partir das discussões realizadas nos encontros bimestrais entre nosso serviço com os
Pesquisa (CONEP) –, o presente estudo obteve
a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa do
Hospital Sírio-Libanês (Protocolo no 2010/56)
em 16/12/2010. O estudo está isento de conflito
de interesse.
O DESENVOLVIMENTO DAS GUIAS DE
EN­C AMINHAMENTO DE CRIANÇAS
COM QUEIXA(S) ESCOLAR(ES) E SUA
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICO-METODOLÓGICA
A guia de encaminhamento da escola para o
Programa de Dificuldade de Aprendizagem do
AEP-HSL foi progressivamente aprimorada subdividindo-se as diferentes áreas de problemas da
criança na escola e avançando na discriminação
da intensidade da queixa.
Figura 1 – Primeiro modelo de encaminhamento para o Programa Dificuldade
de Aprendizagem do APE-HSL.
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 158-67
161
Frederico Neto F et al.
Foi introduzido, então, o segundo modelo
(Figura 2), que teve como inspiração a escala
SNAP IV do DSM IV10, na qual os comportamentos sugestivos de Hiperatividade e Déficit de
Atenção são classificados em quatro categorias
de intensidade (nem um pouco, só um pouco,
bastante e demais). Passou-se, então, de um
modelo apenas descritivo para outro que além
deles favorecia um preenchimento mais sistematizado e abrangente, buscando evitar que
coordenadores pedagógicos das escolas, a guia
foi se transformando e tomando novas formas.
Já ao final de 2011, a experiência dos primeiros
encaminhamentos por meio da guia modelo 1,
com descrições muitas vezes sucintas ou pouco
detalhadas, conduziram a reformulações. Além
disso, os professores apontavam para a necessidade de uma guia de encaminhamento de
preenchimento mais ágil, dada a pouca disponibilidade de tempo dos mesmos para esse fim.
Figura 2 – Segundo modelo de encaminhamento para o Programa Dificuldade de
Aprendizagem do APE-HSL.
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 158-67
162
Criança com dificuldade de aprendizagem
a família do aluno e com a própria escola. Ao
longo do período de utilização da guia de encaminhamento, o dado que mais habitualmente foi
conflitante ou mal preenchido foi o ano letivo em
que o aluno se encontrava, já que muitas vezes
tanto escola quanto família faziam referência à
série e não ao ano escolar, traduzindo a confusão
ainda existente após a mudança na estrutura da
Educação quando o Ensino Fundamental, que
passou a ter a duração nove e não mais oito anos.
O conhecimento do ano letivo correto mostrou-se
importante, pois as avaliações multiprofissionais
levam em consideração as expectativas sobre o
desempenho acadêmico do aluno em referência
ao seu nível de escolaridade.
O aspecto seguinte refere-se à identificação
pelo profissional da escola sobre qual área de dificuldade escolar é mais comprometida (comportamental, aprendizagem ou linguagem). Claro
que mais de uma área poderá estar comprometida, mas muitas vezes será apontada apenas uma
das três áreas, indicando, já de início, para onde
a investigação poderá ser direcionada. A seguir
vem o detalhamento de cada uma das áreas de
dificuldade escolar, visando a uma compreensão
mais ampla e minuciosa das queixas do aluno
observadas pela escola.
Inicialmente são descritos aspectos relacio­
nados a queixas comportamentais, como agita­
ção psicomotora, desinteresse, atenção e agres­
sividade. Quando os sintomas nesta área se mostram intensos, costumam apontar para possíveis
diagnósticos de transtorno de déficit de atenção
e hiperatividade (TDAH), distúrbios de conduta, distúrbios de humor, deficiência intelectual,
distúrbio de sono, problemática psicossocial, etc.
Será importante, no entanto, um olhar aprofundado sobre aspectos psicossociais, já que muitas
vezes a dinâmica familiar, a falta de espaço físico
onde a família habita, a falta de oportunidade de
acesso a lazer e cultura, assim como a exposição
à violência urbana, poderão influenciar diretamente na ocorrência desses sintomas.
No tocante às queixas relacionadas propriamente aos aspectos da aprendizagem (leitura,
escrita, interpretação, aritmética), quando os
alguma queixa de dificuldade escolar não fosse
apontada pela escola, e que agregava ainda o
dado de quanto tempo essa criança apresenta
essas queixas. Assim, esse novo modelo permitia
ao professor/coordenador pedagógico visualizar
de forma organizada as diferentes queixas de dificuldade escolar, assim como incentivar a discriminação da intensidade das queixas observadas.
Da mesma forma, a equipe do serviço de saúde
passou a receber relatórios mais qualificados,
agregando agilidade, coerência e fidedignidade
aos dados descritos pelos professores.
O uso frequente desse segundo modelo de
guia de encaminhamento mostrou a necessidade de novos aperfeiçoamentos, dando origem
ao terceiro modelo (Figura 3), que é o utilizado
até hoje em nosso serviço. Além de uma melhor
identificação do aluno, ele buscou estruturar as
queixas em quatro áreas principais de dificuldade escolar (comportamento, aprendizagem,
linguagem e outras) e agregou novos dados.
Dentre eles, o detalhamento das queixas de
linguagem e fala, de comportamento (em apatia/
desinteresse, agressividades e outros) e de escrita em duas subdivisões: dificuldade na escrita
ao copiar e ao ouvir um ditado. Essa descrição
mais pormenorizada traz informação relevante
para a equipe de saúde que avaliará o aluno,
evidenciando possíveis dificuldades na área
visual e/ou auditiva. Além disso, ele contemplou
informações acerca da existência de algum diagnóstico previamente conhecido desta criança, se
ela faz reforço escolar, sua hipótese de aquisição
e grau de defasagem na percepção do professor.
CONSIDERAÇÕES A PARTIR DESSA EXPERIÊNCIA
Em nossa experiência, a utilização da guia
me­lhorou a comunicação entre escola e o nosso
serviço, facilitou a discriminação das queixas
pelos professores e permitiu uma melhor compreensão inicial do quadro da criança, tanto pela
escola quanto pela equipe de saúde.
Os dados da criança (nome, escola, ano letivo, data de nascimento, idade, responsáveis
e contato) são essenciais para o contato com
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 158-67
163
Frederico Neto F et al.
Figura 3 – Terceiro modelo de encaminhamento para o Programa Dificuldade de Aprendizagem do APE-HSL.
Muitas vezes por trás de uma queixa de uma
di­­ficuldade de aprendizagem intensa está a sim­
ples falta de oportunidade de estudar.
Alguns estudos apontam que a dificuldade
de aprendizagem é focada ou inerente ao aluno,
desconectada do contexto escolar2,3,11. Na nossa
experiência, as crianças com defasagens e com
questões que envolvam o processo de ensino-aprendizagem na escola se beneficiariam de
uma atenção mais individualizada, reforço escolar e apoio psicopedagógico, sem a necessidade
de encaminhamento a serviço especializado. A
equipe parte do pressuposto que cada criança
tem seu tempo de aprendizagem e que isso tem
que ser respeitado e não indica necessariamente
um atraso. Outra questão observada nesses anos
sintomas nessa área se mostram intensos, costu­
mam apontar para uma ampla gama de diagnósticos, que vão desde uma simples defasagem
pedagógica até um transtorno de aprendizagem,
como dislexia ou discalculia.
Nesse ponto dois aspectos merecem ser co­
mentados. O primeiro refere-se à coerência entre as queixas de dificuldade de aprendizagem
apontadas na guia e a idade do aluno e ano letivo. Muitas vezes o aluno ainda se encontra em
processo de alfabetização e as queixas descritas
são perfeitamente aceitáveis para a idade e ano
escolar que o aluno frequenta. O segundo aspecto de relevância é saber se o aluno encaminhado
foi exposto de forma regular e sistematizada
ao processo de alfabetização e aprendizagem.
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 158-67
164
Criança com dificuldade de aprendizagem
foi que o foco é exclusivamente o desempenho
da criança, muitas vezes sem a menção ou correlação se a criança foi exposta adequadamente
ao processo de aprendizagem.
A terceira área de dificuldade escolar a ser
detalhada refere-se a questões de linguagem
que possam apontar para problemas de aprendizagem que mereçam investigação. Por exemplo,
fala sem sentido, descontextualizada, e dificuldade em entender o que lhe é falado podem apon­tar
para diagnósticos como deficiência intelectual,
déficit de atenção e problemas auditivos. Queixas
envolvendo trocas de letras F/V, T/D, P/B ao falar
e escrever costuma apontar para diagnósticos
na área do processamento fonológico, como, por
exemplo, o déficit de processamento auditivo
central. Por outro lado, podemos encontrar alunos
que foram pobremente expostos ao processo de
alfabetização com queixas muito semelhantes.
Ainda no aspecto de linguagem, a guia apresenta uma ressalva, informando que problemas
articulatórios (fala de difícil compreensão, vícios
de linguagem, “língua presa”), fluência (gagueira) e voz (rouquidão) poderão se beneficiar de
fonoterapia, mas deverão ser encaminhados para
outro serviço de saúde, já que em nosso serviço
abordamos apenas as queixas de linguagem
diretamente relacionadas a queixas de dificuldade de aprendizagem (transtornos fonológicos,
dislexia, etc).
O último aspecto das dificuldades escolares
refere-se a queixas de coordenação motora e
equilíbrio que poderão apontar para possíveis
diagnósticos na área neurológica. As informações finais referem-se ao conhecimento ou não
pela escola de possíveis diagnósticos preexistentes e sua possível associação com a dificuldade
de aprendizagem descrita, além da identificação
do grau de defasagem do aluno, da hipótese de
alfabetização em que o mesmo se encontra e da
informação se o aluno frequenta ou não reforço
na própria escola. Assim, por exemplo, a simples
análise da hipótese de alfabetização, de acordo
com a idade da criança, poderá já apontar para
uma importante defasagem, levantando as primeiras suspeitas diagnósticas.
O modelo atual deixa ainda espaço aberto para
a descrição de outras queixas de dificuldade escolar não contempladas anteriormente, mas que
possam ter sido observadas pela equipe da escola.
Deve ficar claro que, apesar desse detalhamento,
esse modelo de guia deve ser analisado como um
todo e é o primeiro passo na abordagem diagnóstica do aluno com dificuldade de aprendizagem.
Apesar da notória melhora dos encaminhamentos e da comunicação com os profissionais
da escola quando acompanhadas pelo uso da
guia atual, esta experiência revelou a importância da distinção entre crianças que realmente
precisam e se beneficiariam de uma avaliação
especializada daquelas que têm desajuste de
ensino-aprendizagem, para que a utilização
desse instrumento não se torne um meio de
encaminhamentos indiscriminados ou que po­
tencialize o aumento dos encaminhamentos. Na
intenção inversa, ele buscou justamente dis­­cernir
os casos de dificuldade de aprendizagem que realmente mereçam uma avaliação especializada
por equipe multidisciplinar de saúde. A construção desse instrumento é um primeiro passo,
mas estudos são necessários para sua validação.
A construção desse modelo de guia de encaminhamento é resultado de uma oportunidade
especial de um diálogo profícuo e de uma construção conjunta envolvendo Saúde e Educa­­ção.
Esse aspecto aliado ao amadurecimento de
con­­­ceitos e práticas por meio das sucessivas reu­
niões de discussão de casos e temas relacionados
à dificuldade de aprendizagem favoreceu que
o preenchimento da guia se tornasse cada vez
mais preciso, fazendo com que chegassem a nosso serviço cada vez mais alunos com dificuldades
escolares que justificavam o encaminhamento.
Com o advento da integração do AEP-HSL
ao sistema SUS, a partir de 2013, um novo desafio foi colocado, já que passamos a receber
alunos com queixa de dificuldade de aprendizagem de regiões mais remotas, com as quais
não existia a mesma proximidade geográfica e
oportunidade de encontros sistemáticos como
no início do nosso programa. Como para muitas
dessas escolas o encaminhamento formalizado
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 158-67
165
Frederico Neto F et al.
para uma equipe diagnóstica multidisciplinar é
uma oportunidade recente, convivemos ainda
com encaminhamentos desnecessários onde
são identificadas apenas falhas pedagógicas,
perfeitamente sanáveis pela própria escola com
reforço escolar e atividades afins.
Por outro lado, as novas escolas que já encaminharam mais vezes e se habituaram ao uso
da guia passaram a realizar encaminhamentos
cada vez mais precisos de alunos com dificuldade de aprendizagem merecedora de avaliação
diagnóstica por equipe multiprofissional. A
construção desse modelo de guia de encaminha­
mento aponta na direção do aprimoramento da
comunicação e da integração dos setores de
Educação e Saúde para que juntos promovam o
potencial de cada criança, de cada adolescente
ao longo de sua formação educacional.
CONCLUSÃO
Em nossa experiência, a utilização da guia
melhorou a comunicação entre a escola e o
nosso serviço, facilitou a discriminação das
queixas pelos professores e permitiu uma melhor compreensão inicial do quadro da criança,
tanto pela escola quanto pela equipe de saúde.
Acreditamos que esta experiência possa ser
multiplicada em outros espaços de interlocução
educação-saúde e aponta para futuros estudos
de validação desse instrumento.
AGRADECIMENTOS
Agradecemos à coordenação, equipe técnica
e administrativa do Ambulatório de Especialidade em Pediatria do Hospital Sírio-Libanês e
aos profissionais das sete escolas públicas que
participaram dessa construção.
SUMMARY
Children with learning disabilities: the process of building a
routing guide of students with school issues to health services
Objective: Currently has been observed an increase of children with
school issues forwarded to health professionals, with an inefficient com­
munication between the parties. This study aimed to portray the creation of
a routing guide for students with school issues to health services. Methods:
A experience report. Results: From meetings with teaching coordinators
and reviews by health team, routing guide, that starts with a basic model
of information request about the students with school issues, was sought
to develop a more streamlined and rational model of communication that
ease up the exchange of information between the spheres of education and
health. Conclusion: The use of the guide improved the communication
between school and our service, making it easier to discriminate complaints
by teachers and allowing a better initial understanding of the students
learning disabilities.
KEY WORDS: Interdisciplinary Communication. Routing guide. Lear­
ning Disabilities. Child Health
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 158-67
166
Criança com dificuldade de aprendizagem
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Trabalho realizado no Ambulatório de Especialidade
em Pediatria do Hospital Sírio-Libanês, São Paulo,
SP, Brasil.
Artigo recebido: 20/4/2015
Aprovado: 9/7/2015
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 158-67
167
Portes
DS
ARTIGO
DE REVISÃO
A importância das Neurociências na
formação do professor de inglês
Daniella Soares Portes
RESUMO – Neste artigo, discute-se sobre a importância das Neuro­
ciências na formação do professor de inglês, visto que este, assim como
outros profissionais da Educação, lida diretamente com o órgão da apren­
dizagem, o cérebro. Contudo, grande parte desses professores não teve
contato com as Neurociências, pois os cursos de licenciatura, no Brasil, não
abordam esse conteúdo. Por conseguinte, inúmeros professores de inglês
são incapazes, por exemplo, de detectar alunos com possíveis transtornos
de aprendizagem e encaminhá-los para profissionais que poderão fazer
uma avaliação, como neurologistas, psicólogos, fonoaudiólogos, psiquiatras
e psicopedagogos. Não se defende, no entanto, fazer dos professores de
inglês especialistas em áreas da Saúde, mas especialistas em Educação,
capazes de refletir, por um lado, sobre a sua prática de ensino que interfere,
por sua vez, no desempenho e evolução de seus alunos e, por outro, sobre
o processo de aprendizagem e suas dificuldades.
UNITERMOS: Neurociências. Educação. Formação do professor de
inglês.
Correspondência
Daniella Soares Portes
Rua Marildo Geraldo da Silva, 190 – Belo Horizonte,
MG, Brasil – CEP 31330-626.
E-mail: [email protected]
Daniella Soares Portes – Professora de Inglês, Gra­­­dua­­­
da em Letras/Inglês e Pós-graduada em Inglês pela
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Gra­­
duanda em Psicologia pelo Centro Universitário Newton
Paiva (CUNP). Pós-graduada em Língua Portuguesa
pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
(PUC-MG) e pela Universidade Castelo Branco (UCB).
Pós-graduada em Psicopedagogia pela Universidade
FUMEC. Mestre em Linguística Aplicada e Ensino de
Inglês pela Saint Mary’s University (SMU - Londres,
Inglaterra).
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 168-81
168
A importância das Neurociências na formação do professor de inglês
definição, as Neurociências devem ser concebidas como um conjunto de ciências cujo objetivo
é investigar não somente o sistema nervoso e
seu respectivo funcionamento, como também
as relações entre a atividade cerebral, comportamento e aprendizagem3. As Neurociências
fazem, portanto, referência a campos científicos
e áreas de conhecimento diversas sem, necessariamente, ter interesses, enfoques ou métodos
homogêneos1,3.
INTRODUÇÃO
O tema deste artigo, as Neurociências e a
Educação, nasceu da constatação de que, geralmente, os professores de inglês desconhecem o
funcionamento cerebral e a sua relação com o
ensino e a aprendizagem. Isso porque os cursos
de licenciatura em Letras/Inglês se preocupam
em abordar, por exemplo, as mais diversas teorias, métodos e metodologias de ensino e aprendizagem, não contemplando, assim, o ensino
de conhecimentos básicos das Neurociências
e suas implicações na Educação. Diante disso,
trazer os conhecimentos das Neurociências
para a formação do professor de inglês significa
inovar no ensino e aprendizagem dessa Língua
Estrangeira (LE), tornando esse profissional da
Educação capaz de refletir tanto sobre a sua
prática de ensino, como sobre o processo de
aprendizagem e suas dificuldades.
A metodologia utilizada no presente artigo
é a revisão bibliográfica, visto que ele preten­de
demonstrar que os conhecimentos das Neu­
rociências podem contribuir para o melhor de­­
sempenho do professor de inglês em sala de
aula. Portanto, a relevância deste trabalho está
em fomentar a discussão sobre a importância
das Neurociências na formação do professor
de inglês, pois a maioria das publicações neste
sentido diz respeito à formação do professor da
educação infantil, do ensino fundamental e do
ensino médio, no Brasil, e do ensino primário e
secundário, no exterior.
AS ORIGENS DAS NEUROCIÊNCIAS
Apesar de ser um campo de estudos relativamente novo, uma vez que o termo Neurociências
foi criado a partir da fundação da Society for
Neurocience em 19704, um dos seus principais
objetos de estudo, o cérebro, não o é. Inúmeros
achados arqueológicos sugerem que as civilizações paleolíticas e neolíticas (10000 a 5000 a.C.),
em diferentes partes do mundo, tanto ocidental
quanto oriental, já sabiam de sua importância
e nele realizavam intervenções cirúrgicas conhecidas como trepanações, abertura de um ou
mais orifícios no crânio5,6. Além disso, os métodos
utilizados e as razões para a prática dessas intervenções variavam entre os povos dos períodos
pré-históricos supracitados, como o tratamento
de dores de cabeça, convulsões, doenças mentais
ou, simplesmente, a expulsão de demônios4-6.
Os egípcios também detinham algum conhecimento sobre o cérebro, em particular, sobre
sintomas de lesões cerebrais sistematicamente
descritos no famoso papiro comprado, em 1862,
pelo egiptologista Edwin Smith (1822-1906)5.
Pertence, portanto, à civilização egípcia, o registro mais antigo de uso do vocábulo cérebro7.
Os egípcios também forneceram os primeiros
desenhos anatômicos do cérebro, dentre os quais
estão as meninges e o líquido cefalorraquiano7.
Curiosamente, no entanto, para os egípcios, assim
como para os mesopotâmios, os indianos e os
chineses, a consciência e o pensamento estavam
nas vísceras6. Para os egípcios e os indianos, por
exemplo, o coração era tido como o centro das
funções mentais, sensoriais e motoras6. De fato,
verifica-se que tamanha era a importância do
O QUE SÃO AS NEUROCIÊNCIAS?
Veem-se, com frequência, reportagens sobre
as descobertas e os avanços das Neurociências
nos mais diferentes veículos de comunicação,
como jornais, revistas, emissoras de rádio e
televisão. Mas qual o significado do termo
Neurociências?
As Neurociências podem ser entendidas, em
face de sua amplitude terminológica, como uma
mescla de disciplinas que se ocupam do estudo
do cérebro, tratando, mais especificamente, de
seu desenvolvimento químico, estrutural, funcional e patológico1,2. Complementando essa
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 168-81
169
Portes DS
coração e de outros órgãos que estes, durante o
processo de mumificação, eram cuidadosamente
preservados pelos egípcios, ao passo que o cérebro era simplesmente descartado4-7.
Essa crença foi desfeita apenas por volta de
400 a.C., na Grécia Antiga, pelo considerado “pai
da Medicina”, Hipócrates5. Para ele, o cérebro
era responsável pelas sensações e pelo intelecto5.
Abraçando as ideias de Hipócrates, o médico
grego Galeno (130-200), cujos experimentos e
dissecações foram feitos, sobretudo, em gado,
pois as leis romanas não permitiam a autópsia,
termo, aliás, cunhado por ele, posteriormente,
deu um importante passo para a compreensão do
sistema nervoso durante a Roma Antiga ao separar o cerebelo do cérebro, antes considerados um
só4-6. Ademais, Galeno acreditava que os fluidos
do sistema nervoso e da medula espinhal eram
levados a diferentes do corpo. Para ele, a partir
do mecanismo de energias fluidas, o cérebro
atuava como um receptor de informações e era
responsável pelo controle motor7.
As ideias de Galeno prevaleceram por mais
de 1500 anos. Foi durante a Renascença que
o médico belga Andreas Vesalius (1514-1564),
considerado o “pai da anatomia moderna”,
acrescentou descrições pormenorizadas da anatomia do corpo humano ao publicar, em 1543, o
livro De Humani Corporis Fabrica5.
Ao final do século XVIII, os estudiosos: (1)
reconheciam a divisão do sistema nervoso em
central (cérebro e medula espinhal) e periférico (rede de feixes nervosos que liga o sistema
nervoso central às demais partes do corpo); (2)
observaram que o tecido cerebral era composto
por uma substância cinzenta e uma substância
branca; (3) identificaram os giros e sulcos que,
no século seguinte, favoreceram a divisão do
cérebro em lobos e, consequentemente, serviram de base para o modelo localizacionista; e
(4) descobriram que o sistema nervoso era de
natureza elétrica4.
No início do século XIX, o médico e neuroanatomista austríaco Franz Joseph Gall (1758-1828)
e seu colaborador, o médico alemão Johann Gaspar Spurzheim (1776-1832), desenvolveram uma
teoria capaz de descrever a personalidade de um
indivíduo a partir de uma análise detalhada da
anatomia do crânio. Ainda segundo essa teoria,
seria possível dividir o cérebro em 35 funções
de acordo com o formato e tamanho do crânio.
A essa relação entre as dimensões do crânio e
os traços de personalidade de um indivíduo,
eles deram o nome de Frenologia. Embora tal
teoria tenha causado certo impacto na sociedade
da época, ela carecia de um método científico,
não apresentando, portanto, dados consistentes.
Dian­­te disso, a comunidade científica logo a con­
siderou como pseudociência6,8. Um de seus opositores, Marie-Jean-Pierre Flourens (1794-1867),
defendia a ideia de que as diferentes regiões do
córtex cerebral, responsáveis pela inteligência,
percepção e desejo, participavam igualmente
nas funções cerebrais, visão esta conhecida como
campo agregado e que, posteriormente, viu-se
que também estava errada4-6,8.
A teoria localizacionista foi retomada a partir
de um estudo do neurologista francês Paul Broca
(1824-1880), em 1861. Nele, Broca descrevia um
paciente que, embora entendesse a linguagem,
não conseguia falar, ou seja, sua fala era agramatical. No exame post mortem desse paciente,
ele descobriu que a região afetada estava localizada no lobo frontal esquerdo. Assim, baseado
nesse e em outros casos por ele estudados, Broca
concluiu que essa era a área responsável pela
produção da linguagem4-6,8.
Outro trabalho que reforçou a teoria locali­
zacionista foi o do neurologista alemão Carl
Wernicke (1848-1904). Wernicke estudou um
pa­­ciente que conseguia falar fluentemente, mas
suas frases eram desconexas, porém gramaticais. No estudo post mortem desse paciente,
ele descobriu que a área lesionada era ao redor
dos lobos temporal e parietal e, diante disso,
concluiu que essa era a área responsável pela
compreensão da linguagem falada e escrita4-6,8.
Após as descobertas de Broca e Wernicke,
e seguindo os passos dos fisiologistas alemães
Gustav Fritsch (1838-1927) e Eduard Hitzig
(1838-1907), que observaram movimentos característicos em um cão que teve partes de seu
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 168-81
170
A importância das Neurociências na formação do professor de inglês
encéfalo estimuladas eletricamente, o neurologista alemão Korbinian Brodmann (1868-1918)
mapeou 52 regiões cerebrais a partir da observação da organização e tipos de células diversas, assim como as fibras mielínicas presentes
nelas6,8,9. Esse mapeamento ficou conhecido
como arquitetura celular ou citoarquitetura e,
curiosamente, desde o ano de sua publicação,
em 1909, inúmeros mapas citoarquitetônicos
foram publicados, porém, o mapa de Brodmann
permanece sendo utilizado amplamente como
uma referência para designar regiões corticais
funcionais devido a sua simplicidade e pequeno
número de áreas (44 áreas)10.
Ainda, entre o final do século XIX e o começo
do século XX, com o aprimoramento técnico dos
microscópios que passaram a ter uma melhor
resolução, o histologista italiano Camillo Golgi
(1843-1918) descobriu uma maneira de corar os
neurônios para visualizar suas partes7. Golgi, no
entanto, acreditava que os neurônios estavam
completamente conectados uns aos outros, formando “uma massa contínua”8. Porém, para o
histologista espanhol Santiago Rámon y Cajal
(1852-1934), a ideia de Golgi não procedia, pois,
para ele, a comunicação entre os neurônios era
descontínua4,8, isto é, os neurônios eram “discretas entidades unitárias” cujos sinais elétricos se
propagavam em uma mesma direção7.
Na primeira metade do século XX, muitos
cientistas, confundidos pelas descobertas do
século anterior, adotaram uma visão holística, ou
seja, eles se recusavam a aceitar que, para explicar o funcionamento cerebral, seria necessário
compreender a função de um único neurônio ou
de áreas menores do encéfalo8. O neurologista
inglês Sir Henry Head (1861-1940), por exemplo, defendia a ideia de que o encéfalo era “um
sistema dinâmico, interconectado e mutável”8.
Um cérebro lesionado, para ele, poderia ser comparado a um sistema novo e não a um sistema
antigo no qual há a ausência de alguma parte8.
Por outro lado, para um dos expoentes desse
período, o neurologista russo Alexander Romanovich Luria (1903-1978), o cérebro era um
sistema biológico aberto em constante interação
com o meio, isto é, as funções mentais superiores eram construídas durante a evolução da
espécie e da história social e desenvolvimento
de cada indivíduo 11,12. Em outras palavras,
tem-se aqui o conceito de plasticidade cerebral. Além disso, para o neurologista russo, as
funções cerebrais eram organizadas a partir da
ação de elementos diversos que trabalhavam
de maneira coordenada e que estavam localizados em diferentes áreas do cérebro, ou seja,
eles não estavam necessa­riamente juntos em
determinados pontos do cérebro ou em grupos
de células isoladas12. Na década de 1920, por
exemplo, Luria investigou o caso de um paciente que possuía uma extraor­dinária memória:
cada palavra ouvida por ele era associada a
diferentes sentidos, ou seja, a um cheiro, uma
imagem visual, um gosto e uma sensação corporal. Contudo, o que parecia ser um dom para
muitos, trazia um prejuízo ao paciente, visto
que as associações sensoriais estabelecidas por
ele entre fatos e objetos facilitavam a memorização em detrimento da compreensão11.
A atuação de Luria durante a Segunda Guerra
Mundial também merece destaque. Ele se tornou um pioneiro nos estudos de cérebros lesionados, pois era encarregado de cuidar e reabilitar
os feridos de guerra. Luria estava interessado
em examinar a patologia e, concomitantemente,
elucidar como a condição de vida desses feridos
influenciou suas formas de pensar e agir12.
Ao se falar do século XX, é necessário mencionar, também, que o nascimento da neuroimagem
foi decisivo para os avanços das Neurociências.
Após a Segunda Guerra Mundial, foi possível
quantificar o fluxo e o metabolismo cerebral a
partir do desenvolvimento da tomografia por
emissão de pósitrons ou, simplesmente, TEP4,8.
Posteriormente, na década de 1980, tem-se o
desenvolvimento da imagem por ressonância
magnética (IRM) baseada em princípios químicos e físicos8. Portanto, com o desenvolvimento
dessas técnicas utilizadas para a geração de
imagem, foi possível reproduzir, com grande
exatidão, o encéfalo e a medula espinhal em
vida, viabilizando o acesso a informações fisio-
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171
Portes DS
lógicas e patológicas que anteriormente nunca
estiveram disponíveis2.
Atualmente, os cientistas e demais pesquisadores sustentam a visão do “conexionismo”,
segundo a qual as funções primárias são fortemente localizadas e as funções de nível superior resultam de interligações entre as áreas
cerebrais7. Ademais, devido à complexidade do
funcionamento do cérebro, os neurocientistas
optaram por dividi-lo em unidades de estudo,
cada qual com o seu respectivo nível de análise4.
Tal abordagem é conhecida como reducionista
e é composta por cinco níveis de complexidade,
a saber: Neurociência Molecular (estuda, de
maneira geral, os processos químicos e físicos
envolvidos na função neural), Neurociência
Celular (investiga, por exemplo, como todas as
moléculas trabalham juntas, conferindo a cada
neurônio propriedades especiais), Neurociência
de Sistemas (estuda como os diferentes circuitos neurais analisam as informações sensoriais,
produzem a percepção do mundo exterior, etc.),
Neurociência Comportamental (investiga, entre
outras coisas, a interação entre os sistemas que
influenciam o comportamento) e Neurociência
Cognitiva (estuda os processos de aprendizagem, memória, linguagem etc.)2,4.
rico Branco Lefèvre, um dos pioneiros no estudo
das funções cognitivas em crianças15.
Segundo Silveira16, o Brasil ocupa um lugar
de destaque no que diz respeito às Neurociências. É possível observar o trabalho, de mais de
50 anos, de um grande número de pesquisadores
em diversas universidades e institutos de pesquisas. Em 2003, por exemplo, foram criados o
Instituto Internacional de Neurociências, em
Natal, e o Instituto do Cérebro do Hospital Albert Einstein, em São Paulo, com o intuito de
atrair ainda mais pesquisadores e fomentar o
intercâmbio entre os cientistas brasileiros e do
exterior, além de buscar maior aproximação entre
a academia e a sociedade. Cinco anos mais tarde,
foi lançado o programa dos Institutos Nacionais
de Ciência e Tecnologia (INCT), financiados pelo
governo federal, criando, assim, vários centros
de pesquisa em áreas da ciência e em áreas
estratégicas com vistas ao desenvolvimento sustentável16. No que diz respeito, mais especificamente, às Neurociências, pode-se destacar, por
exemplo, o INCT de interface cérebro-máqui­­na
coordenado pelo Professor Doutor Miguel Ângelo Laporta Nicolelis.
Dentre os temas pesquisados em diversas
universidades federais, na atualidade, desta­
cam-se: memória, comportamento, sono e Cro­
nobiologia, doença mental, sistema visual, or­­
ganização morfofuncional do sistema nervoso,
nutrição, epilepsia, Neurociência Computacional e Psicofarmacologia14. Um dado interessante
que demonstra a força das Neurociências no
cenário nacional é que, de acordo com o Institute for Scientific Information, as Neurociências
despontam como uma das áreas de investigação
mais bem sucedidas no Brasil: 20% dos neurocientistas brasileiros estão situados dentre os
pesquisadores mais produtivos de todas as áreas
do conhecimento em solo brasileiro14.
AS NEUROCIÊNCIAS NO BRASIL
Sabe-se que os primeiros cursos médicos
foram criados, no Brasil, em 1908 e, nesses
primeiros anos de sua criação, a história das
Neurociências se confunde com a história da
Fisiologia, dado que seu ensino era notadamente “livresco” e “muito pouco experimental”13.
As Neurociências passaram a ser amplamente
estudadas apenas a partir das décadas de 1940
e 1950, ganhando grande impulso por meio de
diferentes estudos como: a depressão cortical,
dos pesquisadores Aristides Pacheco Leão e Hiss
Martins Ferreira; o veneno do escorpião, isolado
e caracterizado por Carlos Ribeiro Diniz; e a
eletrofisiologia do sistema nervoso, de Miguel
Covian14. Além disso, deve-se citar os estudos do
médico, docente e pesquisador, Antônio Frede-
A ARTICULAÇÃO ENTRE AS NEUROCIÊN­
CIAS E A EDUCAÇÃO
Não há dúvidas de que o ser humano possui
uma capacidade única para aprender através do
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 168-81
172
A importância das Neurociências na formação do professor de inglês
processo de escolarização e socialização. Fischer
et al.17 observam que a Educação tem um papel
fundamental nas transformações culturais de
uma sociedade, pois permite que seus membros, particularmente os mais jovens, aprendam
um corpo de conhecimentos e habilidades, em
constante expansão e evolução, que levaram milhares de anos para serem desenvolvidos. Nesse
sentido, a aprendizagem pode ser entendida, de
acordo com Fonseca18, como:
“uma mudança de comportamento resultante da experiência. Trata-se de uma
mudança de comportamento ou de conduta que assume várias características.
É uma resposta modificada, estável e
durável, interiorizada e consolidada no
próprio cérebro do indivíduo. A aprendizagem compreende por consequência
uma relação integrada entre o indivíduo
e o seu envolvimento, do qual resulta
uma plasticidade adaptativa de com­
portamento ou de condutas”.
elaborados a partir das percepções do cérebro20.
Portanto, diferentemente do cérebro de um animal, o cérebro dos seres humanos tem registrado
em si não somente “a história da evolução tanto
anatômica quanto fisiológica”2, como também
traz em si, segundo Fonseca18:
“a experiência [que] transformou a informação sensorial num processo cognitivo,
inventando para esse efeito um código
que a representa. (...) A relação entre
um sistema linguístico e um sistema conceitual se estabeleceu, então, por meio
do símbolo, produto mental pelo qual o
pensamento se exprime e se organiza”.
Fonseca18 pontua, ainda, que a aprendizagem
está implicitamente relacionada com outros
processos psicológicos importantes, como estímulo, reflexo, condicionamento, discriminação
e memória. Sabe-se hoje, depois de algumas
décadas de estudo, no qual se percebe um avan­
ço no entendimento sobre a aprendizagem e
desenvolvimento humano, que esses processos
são produtos da atividade cerebral, ou seja, do
sistema nervoso17,18,21. Diante disso, pode-se afir­
mar que os estudos sobre a aprendizagem unem
sobre­maneira a Educação e as Neurociências19.
Contudo, Samuels22 observa que, historicamente, a Educação e as Neurociências têm seguido
caminhos distintos, porém interligados; filosoficamente, os valores pelos quais os referidos
campos de investigação científica atuam estão
frequentemente em oposição; e, epistemologicamente, tanto a Educação quanto as Neurociências têm contado com diferentes conceituações
de conhecimento.
As primeiras tentativas para unir a Educação
e as Neurociências datam do final da década
de 1960, com a publicação do artigo de William
Gaddes, A Neuropsychological Approach to
Learning Disorders, em 1968, no qual ele defende a integração dos conhecimentos neurológicos,
psicológicos e educacionais para diagnóstico
e planejamento educacional de crianças com
distúrbios de aprendizagem. Desde então, inúmeros artigos sobre essa possível união têm sido
Entretanto, torna-se necessário dizer que a
aprendizagem animal e a aprendizagem humana são diferentes, visto que, no animal, o
comportamento adquirido pode ser entendido
como uma resposta modificada não resultante
de uma escolha dentre inúmeras hipóteses18.
Ademais, nenhum animal pode transmitir novos
comportamentos para outros da mesma espécie
ou para futuras gerações18, isto é, não há, entre
os animais, uma intencionalidade que vise aperfeiçoar os conhecimentos19. Por outro lado, no ser
humano, “a aprendizagem é o reflexo da assimilação e conservação do conhecimento, controle e
transformação do meio, que foi acumulado pela
experiência da humanidade através dos séculos”18. Em outras palavras, o ser humano escolhe
entre várias hipóteses, compara, planeja, traça
objetivos, executa, avalia os resultados e busca
soluções para seus problemas, apoiando-se na
linguagem verbal e não-verbal18. Em suma,
a aprendizagem humana não pode ser vista
como “um simples armazenamento de dados
perceptuais”, pois esses dados são processados e
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173
Portes DS
publicados, porém a distância entre a Educação
e as Neurociências é grande e está muito aquém
de seu potencial absoluto23-27.
Há, entretanto, um consenso entre alguns
pes­­quisadores de que as Neurociências podem
auxiliar nas teorias e nas práticas educacionais19,21,25,27. Por exemplo, no caso da dislexia,
“dificuldade na aprendizagem da leitura, independentemente de instrução convencional,
adequada inteligência e oportunidade sociocultural”18, na qual se estima que entre 10% a 20%
das crianças são portadoras desse transtorno de
aprendizagem28, os estudos das Neurociências
têm demonstrado que ela é causada por falhas
no processamento fonológico ou visual25,27. Ademais, outros estudos, de acordo com Fonseca18
e Katzir28, têm revelado subtipos de dislexia.
Diante disso, tais descobertas podem contribuir
para a Educação na medida em que orientem os
professores e educadores a adequar os métodos
de aprendizagem por eles utilizados às necessidades da criança disléxica18,28.
A conexão, talvez, potencialmente mais óbvia,
a aplicabilidade das descobertas das Neurociências no dia a dia da sala de aula, tem se mostrado
insatisfatória, visto que pouco a respeito tem
sido discutido1,23-25,29. Isto porque os professores
e educadores, em geral, não consultam a literatura referente às Neurociências antes de decidir
como ensinar uma criança. Da mesma forma,
os neurocientistas geralmente não consultam a
literatura pertencente à área da Educação ao levantar hipóteses e conduzir suas investigações30.
Em decorrência da falta de uma comunicação
eficiente entre as partes, nota-se ora uma simplificação, ora uma generalização das descobertas
no campo das Neurociências, acarretando a
presença e a propagação, no ambiente escolar e
na prática docente, de neuromitos1,19,21,23,25,26,31-33.
Os neuromitos são concepções errôneas
construídas a partir de um mal-entendido de
fatos cientificamente estabelecidos das Neurociências para justificar o uso de pesquisas
dessa área na Educação34 ou, ainda, violações ao
discutir as descobertas das Neurociências, tais
como somente usamos 10% do nosso cérebro, o
lado esquerdo do nosso cérebro é responsável
pela linguagem e o direito pelo pensamento
abstrato, dentre outros31. Isto pode ser verificado,
por exemplo, em um estudo realizado com 242
professores do ensino primário e secundário,
no Reino Unido e na Holanda, interessados em
Neurociências e suas implicações no processo
de aprendizagem no qual esses professores
acreditavam em 49% dos neuromitos listados na
pesquisa34. Em outro estudo, os pesquisadores
concluíram que, mesmo após ter contato com alguns princípios das Neurociências, a maioria dos
158 participantes, todos professores pré-serviço,
graduandos de diversas licenciaturas no Reino
Unido, acreditava numa gama de neuromitos35.
Em terras brasileiras, um estudo revelou que, ao
avaliar o nível de conhecimento dos professores
do ensino infantil, fundamental e médio acerca
das Neurociências e suas potenciais implicações
educacionais, neuromitos como o uso de apenas
10% do cérebro ainda persistiam, mesmo depois
desses professores terem feito um segundo curso
de extensão sobre Neurociências e Educação36.
Para combater os neuromitos, alguns pesquisadores têm sugerido diferentes alternativas, como, por exemplo, a integração entre os
conhecimentos produzidos em laboratório e em
sala de aula, criando um ambiente propício para
que os neurocientistas aprendam com os professores e vice-versa17,23,26,30,31,33,37. Entretanto, para
outros, essa integração somente ocorrerá se feita
por meio da Psicologia Cognitiva, ciência que
analisa e estuda cientificamente as faculdades
mentais19,24. Há ainda aqueles que acreditam
que tal integração ocorrerá por intermédio da
Psicologia Educacional, ciência interessada em
desenvolver modelos de aprendizagem prescritivos, descritivos e interpretativos de um aluno
e outros fenômenos educacionais26,37. Por outro
lado, a mediação entre neurocientistas e educadores, por meio de um facilitador ou tradutor,
pode ser vista como uma boa alternativa, uma
vez que esse indivíduo forneceria uma linguagem comum e um quadro de referência para
contextualizar e compreender os resultados das
Neurociências a partir de um treinamento na
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A importância das Neurociências na formação do professor de inglês
interface Mind, Brain and Education, área de
estudos, inaugurada pela International Mind,
Brian and Education Society, que busca con­
gregar as mais diversas disciplinas que investi­­
gam a aprendizagem e o desenvolvimento humano17,31. Em outras palavras, estabelecer uma
linguagem mediadora entre as Neurociências
e a Educação, segundo alguns pesquisadores,
poderá contribuir para o esclarecimento das
descobertas científicas e seu possível emprego
na educação37.
Ainda dentro dessa perspectiva de integração, é necessário que as Neurociências e a Edu­
cação compartilhem os mesmos objetivos17,27.
É necessária, também, a inserção de conhecimentos básicos das Neurociências nas diretrizes
curriculares da formação de professores, a fim
de torná-los consumidores informados e críticos
sobre certos programas e estratégias educacionais supostamente baseados em descobertas
das Neurociências1,23,25,30. Uma tentativa bem
sucedida de tal formação é atualmente oferecida
pela Universidade Flinders, na Austrália, sob a
forma de um certificado de pós-graduação em
Neurociências para os professores com vistas
a fornecer um conhecimento básico de Neuro­
ciência moderna em um contexto relevante para
a sua prática profissional. Mais especificamente,
esse programa de pós-graduação pretende: (1)
proporcionar aos professores uma compreensão
dos princípios da Neurociência moderna; (2) desenvolver a capacidade de avaliar criticamente
a literatura das Neurociências quando aplicadas
à aprendizagem; e (3) desenvolver a capacidade
de aplicar os princípios das Neurociências no
entendimento da prática docente e do comportamento em sala de aula25.
Outra iniciativa, de cunho nacional, que visa
a inserção de docentes no campo das Neurociências é o projeto registrado na Pró-Reitoria de Extensão da Universidade Federal de Minas Gerais
(UFMG) chamado NeuroEduca (http://www.icb.
ufmg.br/neuroeduca/). Dentre os objetivos desse
projeto, tem-se a capacitação dos profissionais
da Educação nos fundamentos neurobiológicos
do processo ensino-aprendizagem.
Vê-se, diante do exposto, que a articulação
entre as Neurociências e a Educação é possível
e, até mesmo, “desejável”21, mas ela ainda está
repleta de percalços e sua aplicabilidade não é
direta e imediata17,21,30,26,37. Além disso, há que
se observar que as Neurociências e a Educação
possuem naturezas distintas: as Neurociências
são ciências naturais que têm como objetivo
descobrir os princípios da estrutura e do funcionamento neurais; a Educação, por sua vez,
é uma ciência social que visa criar condições
favoráveis para a aprendizagem de um indivíduo
e, ao contrário das Neurociências, é regulada por
leis físicas, biológicas e aspectos humanos27,37.
As Neurociências, portanto, não prescrevem
receitas para o ensino e para a solução dos
problemas de Educação, nem visam provocar
mudanças radicais nos conteúdos pedagógicos
a serem aprendidos pelo professor pré-serviço ou
em atividade21,23,29,37. Elas apenas informam como
o trabalho do professor pode se tornar “mais
significativo e eficiente quando ele conhece o
funcionamento cerebral”21.
AS NEUROCIÊNCIAS NA FORMAÇÃO DO
PROFESSOR DE INGLÊS
Na seção anterior, foi dito que a aprendizagem é “uma mudança de comportamento resultante da experiência”18 e que essa experiência
“transformou a informação sensorial num processo cognitivo, inventando para esse efeito um
código que a representa”18, ou seja, a linguagem.
Diante disso, pode-se dizer que a linguagem
humana não é apenas uma habilidade complexa
e especializada que diferencia o homem dos outros animais, mas ela é também uma adaptação
biológica cujo objetivo é passar informação38.
Assim como a aprendizagem, a linguagem está
tão entrelaçada com a experiência humana que
é quase impossível imaginar a vida sem ela38.
O aparecimento da linguagem humana remonta à presença dos hominídeos há centenas
de milhares de anos. Ela se difere da linguagem
dos outros animais por: (1) ser governada por
símbolos linguísticos, isto é, “convenções sociais
de significados, nos quais cada indivíduo com-
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Portes DS
partilha sua atenção com o outro, direcionando
a sua atenção ou estado mental (pensamento)
para alguma coisa no mundo que os cerca”; (2)
ser gramatical, ou seja, os símbolos linguísticos
associam-se dentro de estruturas padronizadas;
e (3) não se encerrar em “um único sistema de
comunicação utilizado por todos os membros da
espécie”, isto é, “diferentes grupos de humanos
convencionaram, no decorrer da história, sistemas mútuos de comunicação”39.
Sabe-se, também, que aprender uma língua
“depende de um aparato neurobiológico e social” e seu desenvolvimento “implica na aquisição plena do sistema linguístico que (...) possibilita a inserção no meio social”39. Assim, desde
muito cedo, observa-se que uma criança aprende
a falar a sua Língua Materna (L1) espontaneamente, a partir de seu contato com os familiares,
amigos, vizinhos, entre outros, cabendo à escola
desenvolver, posteriormente, a linguagem oral/
formal que deve garantir a aprendizagem das habilidades da leitura e escrita2,21,37. Há evidências
de que os bebês consigam discriminar fonemas
pertences não somente a sua L1, mas também a
qualquer LE. Contudo, tal capacidade é perdida
durante o primeiro ano de vida21. No entanto, isto
não significa que um indivíduo não será capaz
de aprender uma LE mais tarde. É exatamente
neste ponto que se começa a perceber a importância dos conhecimentos das Neurociências na
formação do professor de inglês.
Teoricamente, o professor de inglês aprende, durante a licenciatura, que o processo de
aquisição da L1 se dá de uma maneira diversa à
aprendizagem de uma LE. Por exemplo, quando
um indivíduo aprende uma L1, ele o faz de forma
inconsciente e seu início se dá no seio familiar,
gradualmente, sem qualquer tipo de instrução
formal. Ademais, sua exposição à L1 é integral
e os fatores emocionais, como a motivação, não
interferem em sua aquisição, porque ele precisa
dela para a sua sobrevivência. O indivíduo que
aprende uma LE, por outro lado, geralmente o
faz um pouco mais tarde, depois de ter aprendido sua L1, o que torna a comparação entre as
línguas, muitas vezes, inevitável. Além disso,
observa-se que, em geral, ele necessita de instrução formal para aprendê-la, o que torna a
sua aprendizagem consciente e reflexiva; sua
exposição a ela depende, em geral, da fre­quência
das aulas (leva-se em consideração aqui um contexto no qual a LE não é utilizada no cotidiano
de uma sociedade, como é o caso do ensino e
aprendizagem de inglês no Brasil); em sala de
aula, é esperado que o indivíduo use a LE desde
o início; e, sua aprendizagem depende de fatores
emocionais40-42.
No entanto, pouco é ensinado ao professor
de inglês sobre o conceito de neuroplasticidade
cerebral, permanente capacidade do cérebro
de “fazer e desfazer ligações entre os neurônios como consequência das interações com o
ambiente externo e interno do corpo”21. Como
a neuroplasticidade cerebral se faz presente ao
longo de toda uma vida, apesar de diminuída na
fase adulta, pode-se concluir que a capacidade
de aprendizagem é preservada21, ou seja, se um
indivíduo se dispuser a aprender, em qualquer
momento de sua vida, uma dança, um instrumento ou uma língua, “a plasticidade neural
fará com que novos caminhos sejam trilhados
por meio de novas conexões entre neurônios que
permitirão a [sua] aprendizagem”43. Em outras
palavras, graças à neuroplasticidade cerebral,
aprendemos o que é ou o que se torna significativo e necessário para viver, e esquecemos o
que não tem mais relevância37.
Nesse sentido, as Neurociências informam,
por meio de experiências realizadas em animais,
que apesar de existirem períodos críticos ou
receptivos, também conhecidos como janelas
de oportunidade, em que determinadas aprendizagens ocorrem de maneira ideal, há indícios
que a eventual perda dessa oportunidade “pode
ser corrigida no futuro, embora somente ao custo
de esforços muito maiores”21. Isto ilustra bem o
aprendizado da LE: se aprendida nos primeiros
anos de vida, esse aprendizado se realizará
com perfeição. Porém, no caso do adolescente
ou adulto, a presença do sotaque, por exemplo,
será inevitável. É, portanto, de suma importância
que o professor de inglês esteja a par desse co-
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 168-81
176
A importância das Neurociências na formação do professor de inglês
nhecimento, principalmente quando ele recebe
alunos adultos, que precisam aprender uma LE
pelos mais variados motivos, e que, infelizmente, já adentram a sala de aula, muitas vezes,
descrentes de seu sucesso simplesmente por
terem em mente o famoso ditado popular que
sentencia impiedosamente que “papagaio velho
não aprende a falar”.
Neste ponto, o professor de inglês deve estar igualmente a par do papel decisivo que as
emoções desempenham na aprendizagem, pois
“as emoções atuam como um sinalizador interno de que algo importante está ocorrendo”21. O
desencadeamento das emoções colabora, ainda,
para a formação de memórias, uma vez que
“aprendemos aquilo que nos emociona”37, isto
é, “o sistema límbico (...) avalia as informações,
decidindo que estímulos devem ser mantidos ou
descartados, dependendo a retenção da informação no cérebro da intensidade da impressão
provocada nele”20.
Diante do exposto, conclui-se que as Neurociências também informam que as emoções
são elementos fundamentais ao funcionamento
cognitivo e à aquisição de conhecimento visto
que uma situação de aprendizagem que estimule
e motive tende a ser mais eficaz43. Por isso, o
professor de inglês não pode, de maneira alguma, ignorar que “o intercâmbio de estímulos
é essencial para a aprendizagem”43, independentemente da idade de seus alunos. Contudo,
isto não é, infelizmente, explicado exatamente
nestes termos durante os quatro anos de sua
licenciatura em Letras.
Curiosamente, estudiosos como Piaget (18961980), Vygotsky (1896-1934) e Wallon (18791962), muito antes das constatações empíricas
das Neurociências, já atribuíam à emoção um
papel relevante no processo de retenção da informação. Para Piaget, “certamente a afetividade
ou sua privação podem ser a causa da aceleração
ou atraso no desenvolvimento cognitivo”44. De
acordo com Vygotsky, as emoções são importantes, pois elas orientam e informam a cognição45.
Wallon, por sua vez, postula que o professor deve
estar atento a suas reações emocionais e a de
seus alunos porque elas podem servir com um
incentivo ou não à aprendizagem46.
A atenção é outro fenômeno cuja compreensão à luz das Neurociências é indispensável para
a formação do professor de inglês, pois ela permite ao indivíduo “focalizar em cada momento
determinados aspectos do ambiente, deixando
de lado o que for dispensável”21. Suas bases
neurobiológicas, segundo Luria (1903-1978),
que foram mais tarde confirmadas em estudos
recentes, são: a parte superior do tronco encefálico, a formação reticular, o córtex límbico e a
região frontal47. Além disso, a atenção depende:
“não apenas da história prévia do sistema
selecionador, envolvendo suas memórias
e, portanto, o significado pes­­­soal e emocional dos estímulos, mas tam­­bém de
expectativas geradas sobre a pendência
de eventos futuros com base (1) nas memórias sobre regularidades passadas e (2)
nos seus planos de ação, que dependem
também de memórias sobre os resultados
de ações anteriores e seu significado
afetivo”48.
Uma vez que a atenção é mobilizada por
uma informação nova e por aquela já existente
no cérebro, torna-se fundamental que a aprendizagem seja contextualizada37. Um aluno dificilmente prestará atenção em algo que não seja
significativo ou que não esteja relacionado ao
seu dia a dia e às suas experiências37. Por isso,
o professor de inglês deve envolver o aluno em
suas aulas e, concomitantemente, estar atento ao
manejo da sala de aula, minimizando os elementos que possam distrair o aluno, flexibilizando
os recursos didáticos e usando postura e tom de
voz adequadamente21. Intervalos, mudanças de
atividades, diferentes padrões de interatividade
e aulas centradas no aluno são estratégias importantes a serem utilizadas pelo professor de
inglês com vistas a recuperar a capacidade de
focar a atenção21,37. Entretanto, durante a sua
licenciatura, o professor de inglês é constantemente instruído a utilizar tais estratégias sem
saber a razão maior de sua aplicabilidade.
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Portes DS
Em seus estudos, Piaget, Vygotsky e Wallon
também consideram a atenção relevante para o
processo de aprendizagem. Segundo a visão piagetiana, a percepção fornece “um conhecimento
imediato da realidade exterior”44. Ademais, para
Piaget44 a atenção é despertada quando um dado
perceptual, novo e ao mesmo tempo significativo, é integrado as suas estruturas cognitivas
prévias. Vygotsky observa que “ao longo do de­­­
senvolvimento, o indivíduo passa a ser capaz de
dirigir, voluntariamente, sua atenção para elementos do ambiente que ele tenha definido como
relevantes”49. Wallon, por exemplo, questiona a
visão academicista que prega que a criança, na
escola, somente aprende quando ela está parada
e sentada. Para ele, “não há uma postura-padrão
para garantir a atenção em toda e qualquer atividade: a atitude corporal mais adequada varia
conforme o tipo de atividade e do estímulo”46.
Wallon ainda afirma que a mudança na posição
do corpo possibilita a manutenção da atenção46.
Assim como a emoção e a atenção, as desco­
bertas das Neurociências apontam para o papel
fundamental da memória no processo de aprendizagem e, uma vez mais, esse tópico não é
abor­­dado no curso de Letras. De fato, a palavra
memória é, muitas vezes, associada à memorização, à famosa “decoreba”, tendo, portanto, uma
conotação negativa no ensino e aprendizagem
de LE. Entretanto, a memória é um processo relativo à persistência da aprendizagem que pode
ser posteriormente evocada e esta compreende
algumas subdivisões: a memória operacional ou
de trabalho, onde se tem os registros transitórios
que, mais tarde serão transformados em registros definitivos, sendo, por fim, armazenados
na memória de longa duração37. Para ilustrar,
quando um aluno estuda na véspera da prova,
as informações são armazenadas na memória
operacional: depois de ter feito a prova, ele
logo as esquecerá. Por outro lado, para que um
dado conteúdo seja armazenado na memória de
longa duração, é fundamental que o professor
de inglês, por exemplo, repita esse conteúdo
porque a frequente atividade dos neurônios relacionados a ele consequentemente “resultará
em neuroplasticidade e produzirá sinapses mais
consolidadas”37.
É importante destacar que as bases neurobiológicas da memória se encontram em diferentes
partes, não havendo uma única região para
ela21,48. Dentre elas, pode-se elencar a região do
córtex pré-frontal, hipocampo, partes adjacentes
do córtex temporal e corpo estriado. Outro dado
neurocientífico interessante é que as memórias
se consolidam aos poucos, durante o período de
sono, “quando as condições químicas cerebrais
são propícias à neuroplasticidade”37. Em outras
palavras, é durante o sono que “o cérebro reor­
ganiza suas sinapses, elimina aquelas em desuso
e fortalece as importantes para os comportamentos do cotidiano do indivíduo”37.
Para Piaget, Vygotsky e Wallon, a memória
também tem um papel de destaque no processo de aprendizagem. De acordo com Piaget44,
“a memória trabalha como o historiador que,
apoiando-se em alguns documentos sempre
incompletos, reconstitui o passado, em parte dedutivamente”. Ele ressalta ainda que o indivíduo
lembra apenas daquilo que é por ele assimilado,
isto é, daquilo que lhe é compreensível e significativo44. Vygotsky, por sua vez, observa que a
criação e a utilização de signos auxiliam na capacidade de memorização e, consequentemente, a
sua relação com a aprendizagem fica claramente
estabelecida49. Na visão psicogenética walloniana, o indivíduo é um ser integrado que se
desdobra em três planos: afetividade, cognição
e movimento. Assim, para que a aprendizagem
ocorra e fique retida na memória, é necessário
que as atividades escolares não fiquem restritas
somente ao conteúdo de ensino, mas também
atinjam “as várias dimensões que compõem o
meio”46.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante do exposto neste artigo, ter conhecimento do funcionamento cerebral ajuda o professor de inglês a planejar aulas mais eficientes
e significativas para os seus alunos. Ademais, as
Neurociências o auxiliam a entender como se dá
o processo de aprendizagem, além de torná-lo
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 168-81
178
A importância das Neurociências na formação do professor de inglês
apto para detectar e entender a dificuldade e/ou
transtorno de aprendizagem de um aluno, podendo encaminhá-lo para profissionais que possam
avaliá-lo e auxiliá-lo. Contudo, conhecer o funcionamento do cérebro por si só não determinará se
a aprendizagem será bem ou mal sucedida, pois
ela depende de diversos fatores, como a metodologia utilizada, a adequação do currículo à idade
do aluno, a qualificação e o preparo do professor,
o contexto familiar, entre tantos outros. Como
bem pontuado por Cosenza & Guerra21, “saber
como o cérebro aprende não é suficiente para
a realização da mágica do ensinar e aprender”.
Por isso, os cursos de licenciatura em inglês, no
Brasil, precisam inserir em sua grade curricular
conhecimentos básicos das Neurociências, para
fundamentar a prática docente e combater os
neuromitos que circulam no ambiente escolar.
SUMMARY
The importance of Neurosciences in English language
teachers’ training
In this article, we propose thinking about the importance of Neurosciences
in English language teachers’ training since they as well as other education
professionals deal directly with the learning organ, the brain. Nevertheless,
most English teachers did not study Neurosciences because the teaching
degree programs do not offer this content in Brazil. Therefore, many
English teachers are incapable, for instance, of detecting students with
possible learning disorders and referring them to professionals who can
make an assessment, such as neurologists, psychologists, speech therapists,
psychiatrists and psychopedagogists. We do not defend, however, the idea of
making English language teachers experts in healthcare areas of study, but
experts in education, capable of reflecting, on the one hand, on their teaching
practice which interferes, in turn, in the performance and evolution of their
students, and on the other hand, on the learning process and its difficulties.
KEY WORDS: Neurosciences. Education. English language teachers’
training.
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Artigo recebido: 20/7/2015
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Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 168-81
181
CostaDE
K REVISÃO
et al.
ARTIGO
Psicopedagogia em foco: caracterização do
status atual dos estudos no Brasil
Karina da Costa; Janaína da Silva Gonçalves Fernandes; Márcia Siqueira de Andrade;
José Maria Montiel; Daniel Bartholomeu
RESUMO – Objetivo: O objetivo do estudo foi identificar e analisar as
publicações sobre a temática psicopedagogia em periódicos científicos
indexados na base de dados SciELO e Pepsic, no período compreendido
entre 2009 e 2014. Método: Os dados foram coletados a partir do descritor
psicopedagogia, sendo selecionados 82 artigos, seguindo critérios de
inclusão e exclusão. A análise dos dados foi realizada pela técnica qualitativa
de dados textuais com o apoio do software IRAMUTEQ (Interface de R
pour les Analyses Multidimensionnelles de Textes et de Questionnaires).
Re­sultados: Os resultados apontaram para três principais focos temáticos:
aprendizagem, tendo suas publicações concentradas no ano de 2011;
intervenção, em 2009; e campo de atuação, em 2010. Conclusão: Tomando
por base tais apontamentos, sugere-se que estudos sejam desenvolvidos de
modo a ampliar as discussões descritas neste manuscrito e especialmente no
que se refere à atuação do psicopedagogo nos diferentes campos de inserção.
UNITERMOS: Aprendizagem. Revisão. Software. Análise de Dados.
Psi­copedagogia.
Correspondência
Karina da Costa
Centro Universitário FIEO – Programa de Pós-Gra­
duação Strictu Sensu - Psicologia Educacional
Av. Franz Voegelli, 300 – Vila Yara – Osasco, SP, Brasil –
CEP: 06020-190
E-mail: [email protected]
Karina da Costa – Centro Universitário FIEO – Pro­
gra­ma de Pós-Graduação Strictu Sensu – Psicologia
Educacional, Osasco, SP, Brasil.
Janaína da Silva Gonçalves Fernandes – Centro Uni­
versitário FIEO – Programa de Pós-Graduação Strictu
Sensu – Psicologia Educacional, Osasco, SP, Brasil.
Márcia Siqueira de Andrade – Centro Universitário
FIEO – Programa de Pós-Graduação Strictu Sensu Psicologia Educacional, Osasco, SP, Brasil.
José Maria Montiel – Centro Universitário FIEO – Pro­
grama de Pós-Graduação Strictu Sensu – Psicologia
Educacional, Osasco, SP, Brasil.
Daniel Bartholomeu – Centro Universitário FIEO – Pro­
grama de Pós-Graduação Strictu Sensu – Psicologia
Educacional, Osasco, SP, Brasil.
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 182-90
182
Psicopedagogia em foco: caracterização do status atual dos estudos no Brasil
enquanto ser em processo de construção do
conhecimento, ou seja, o ser cognoscente4,5,
pode-se afirmar que a Psicopedagogia tem por
objeto de estudo o processo de aprendizagem,
identificado como processo de conhecimento,
que se ancora de algum modo no indivíduo.
Em síntese, a área da Psicopedagogia tem forte
interesse e atuação nos processos envoltos da
aprendizagem, encontrando-se inserida em um
campo multidisciplinar, por meio da intersecção
de áreas, onde uma irá influenciar a outra, disponibilizando ferramentas importantes a serem
compartilhadas e utilizadas6. Estudos6-8 apontam
que o campo de atuação da Psicopedagogia
está se ampliando e focando cada vez mais no
aprendente, descentralizando dessa maneira a
dificuldade de aprendizagem, considerando o
não aprender em diversas situações por meio
da multidisciplinaridade, estando inserido nas
áreas de saúde e educação, sendo neste caso res­­
ponsável pela aprendizagem humana em toda
a sua complexidade. Em estudos9,10 a respeito do
transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) como uma das possíveis causas dos
déficits de aprendizagem investigada e acom­
panhada pelo psicopedagogo, salienta-se a importância da interdisciplinaridade, defendendo a
necessidade dos estímulos realizados de maneira
correta para que os indivíduos com sintomas
TDAH mantenham atenção na atividade realizada no momento, sendo a atenção a primeira
grande dificuldade desses indivíduos, visto que
os déficits das funções executivas se encontram
mais relacionados à desatenção do que à hiperatividade. Estando a Psicopedagogia inserida
no processo de interdisciplinaridade, cabe ao
psicopedagogo intervir com procedimentos e
métodos cognitivos junto à construção do saber,
despertando no indivíduo que está sendo acompanhado o sentimento de capacidade e, dessa
forma, o desenvolvimento pessoal, intelectual e
profissional9-11.
Seguindo tais pressupostos, as causas dos
déficits de aprendizagem podem ocorrer em diferentes âmbitos, seja psicológicos, neurológicos,
oftalmológicos, audiológicos, culturais, econômi-
INTRODUÇÃO
De acordo com a literatura, os primeiros
núcleos psicopedagógicos foram fundados na
Europa por J Boutonier e George Mauco, em
1946, com direção médica e pedagógica, unindo
conhecimentos das áreas de Psicanálise, Pedagogia e Psicologia, tendo por objetivo readaptar
crianças que possuíam comportamentos considerados socialmente inadequados, na escola ou
na família, atendendo crianças com dificuldades
de aprendizagem, apesar de serem inteligentes.
Nesses núcleos, esperava-se conhecer e en­
tender a criança e o meio em que habitava e,
assim, compreender o caso e determinar uma
ação reeducadora, diferenciando aqueles que
não aprendiam apesar de serem inteligentes,
dos que possuíam alguma deficiência mental,
física ou sensorial1,2. Mais tarde, a corrente europeia influencia significativamente a Argentina,
quando na década de 1970 surge, em Buenos
Aires, os primeiros Centros de Saúde Mental,
onde equipes de psicopedagogos atuavam por
meio de diagnóstico e tratamento, possuindo um
caráter médico pedagógico. É na década de 1970
também que a Psicopedagogia surge no Brasil,
quando as dificuldades de aprendizagem eram
associadas a uma disfunção neurológica denominada de disfunção cerebral mínima (DCM),
termo utilizado para camuflar os problemas sociopedagógicos1-3. A Psicopedagogia surgiu da
necessidade de compreender com maior clareza
o processo de aprendizagem humana e, assim,
possibilitar intervenções nas dificuldades de
aprendizagem, quando a falta de compreensão,
no que se tratava dos problemas de aprendizagem, fazia com que os indivíduos fossem encaminhados para profissionais de diversas áreas,
sem que ocorresse um tratamento eficiente das
dificuldades1.
Tendo por definição a Psicopedagogia como
sendo a área responsável pelo processo de apren­
dizagem, envolvendo o conhecimento, sua aquisição, distorções e desenvolvimento, intervindo
neste processo por meio de procedimentos e
estratégias que consideram a individualidade
do indivíduo e por objeto de estudo o homem
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 182-90
183
Costa K et al.
cos, fonoaudiólogicos, linguísticos e biológicos.
É dever do psicopedagogo analisar a intensidade
e a maneira que o desempenho escolar é comprometido e as principais causas dos déficits de
aprendizagem, considerando aspectos afetivos,
cognitivos e neurológicos, sendo tais aspectos o
equilíbrio que propicia um processo de aprendizagem saudável10-15. Ao se referenciar e apontar
os déficits de aprendizagem, torna-se importante
salientar que o acompanhamento interventivo
deve ocorrer pela mediação e por meio do desenvolvimento dos processos cognitivos, gerando a
modificabilidade estrutural cognitiva, ou seja, a
capacidade do indivíduo de, por meio de suas
experiências prévias, se adaptar a situações novas16, tal mediação deve ser realizada por meio
de instrumentos que possibilitem a representação dos conflitos e sentimentos que interferem
no processo de aprendizagem do indivíduo, cau­
sando, dessa maneira, os déficits de aprendizagem17. Estudos acerca dos componentes da
leitura apontam que o desempenho em leitura
é composto por diversas habilidades, destacando a necessidade de que todas as habilidades
estejam presentes nos processos de avaliação13,
no que tange à escrita, ressaltam que, dentre as
habilidades envolvidas, o altruísmo tem se destacado14, ambos estudos defendem a necessidade
do conhecimento teórico para uma compreensão
mais clara acerca dos processos cognitivos e os
possíveis caminhos de intervenção.
Diante do apresentado, a questão norteadora
neste estudo e principal objetivo foi identificar o
que está sendo estudado sobre a Psicopedago­gia
nos periódicos científicos nas bases de dados
SciELO e Pepsic.
introdução e as considerações finais somente na
língua espanhola ou inglesa foram excluídos do
estudo, uma vez que o software que sustenta a
análise dos dados foi delineado para realizar a
análise lexicográfica na língua portuguesa.
Procedimentos de Análise dos Dados
A análise dos dados obtidos por meio da
busca de artigos nas bases do banco de dados
SciELO e Pepsic foi lexical, por meio de uma
classificação hierárquica descendente (CHD).
Para tanto, foi utilizado o programa IRAMUTEQ
(Interface de R pour les Analyses Multidimensionnelles de Textes et de Questionnaires)18. O
programa IRAMUTEQ trabalha com unidades
de contexto iniciais (UCIs) que podem ser estruturadas de diferentes maneiras, dependendo do
caráter dos dados coletados. Ao se trabalhar com
artigos, cada texto deve compor uma UCI. O conjunto de UCIs compõe o corpus de análise que
o programa divide em segmentos de textos que
são as unidades de contexto elementar (UCEs).
Depois o programa realiza uma classificação
hierárquica descendente (CHD), de modo a dar
origem a classes lexicais caracterizadas pelo
vocabulário e por segmentos de textos que compartilham o mesmo vocabulário. Nesse sentido,
as diferentes classes que emergem do corpus
do texto representam o espaço de sentido das
palavras narradas.
RESULTADOS
O levantamento bibliográfico encontrou 25
artigos na base de dados SciELO e, na base de
dados Pepsic, 166 artigos, totalizando 191 artigos. Os artigos que foram publicados anteriormente ao ano de 2009 e os que apresentavam
o resumo, introdução e as considerações finais
somente na língua espanhola ou inglesa foram
excluídos do estudo. Assim, foram selecionados
10 artigos na base SciELO e 72 artigos na base
Pepsic, totalizando 82 artigos que se enquadravam no objetivo do estudo de identificar o que
está sendo estudado sobre a Psicopedagogia nos
periódicos científicos.
MÉTODO
Foi realizada uma busca nas bases do banco
de dados SciELO e Pepsic. A busca dos artigos
iniciou-se em junho de 2014, sendo adotados
como critério de inclusão o artigo estar com­
preen­dido entre os anos de 2009 até junho/2014.
Os artigos que foram publicados anteriormente
ao ano de 2009 e os que apresentavam o resumo,
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 182-90
184
Psicopedagogia em foco: caracterização do status atual dos estudos no Brasil
Para análise do corpus foi utilizado o progra­
ma IRAMUTEQ. Cada artigo corresponde a uma
unidade de contexto inicial (UCI), que por sua
vez corresponde a uma unidade de contexto
elementar (UCE). Desse modo, o corpus foi com­­­
posto por 82 UCIs, que deram origem a 2168
UCEs, que continham 8898 palavras diferentes, com uma frequência média de ocorrência
de 8,59% por palavra e uma frequência média
de 35,25% de ocorrência por segmento. Para
análise foram consideradas as palavras com fre­
quência igual ou superior a três e qui-quadrado
igual ou superior a 3,19 (c2> 3,19). A taxa de
UCEs retidas para análise foi de 85,10%. Após a
redução dos vocábulos às suas raízes, se obteve
5531 lematizações, que resultou em 5205 palavras ou formas ativas analisáveis e 257 formas
suplementares. A Classificação Hierárquica
Descendente deu origem a três classes compostas por segmentos de texto diferentes entre si.
Dentre as palavras consideradas, 12 compuseram a classe 1, 12 a classe 2 e 10 a classe 3. As
distribuições das palavras por classes podem
ser observadas na Figura 1.
Figura 1 – Dendograma representativo das repartições em classes, percentagem
e grau de significância das formas analisáveis dos artigos sobre Psicopedagogia.
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 182-90
185
Costa K et al.
ano de 2010, em que emergiram 150 UCEs, em
segundo lugar em número de UCEs apontou
o ano de 2012, que apresentou 125 UCEs. A
classe 1 ainda é composta por elementos que
indicam como ocorrem os campos de atuação da
Psicopedagogia. A presença de palavras como:
psicopedagógica, artigo, institucional, atuação,
ensino, educação, intervenção, entre outras, que
emergiram dos artigos selecionados, exemplificam a preocupação dos estudos em esclarecer
em quais contextos e como funciona a atuação
da psicopedagógica. Alguns trechos dos artigos
esclarecem o modo como essas informações foram explicadas nos estudos: “[...] interlocuções
entre a psicopedagogia, a educação e a pedagogia se subdividem na apresentação de relações
sociais e de aprendizagem no espaço escolar
[...]”21, “[...] a formação do psicopedagogo busca
garantir um corpo de conhecimento que garanta
uma atuação seja na área da saúde mental ou
escolar [...]”3.
Por meio da Figura 1 é possível observar que
houve uma primeira partição do corpus em dois
sub-corpora que, em seguida, foram subdivididos, dando origem a três classes. O primeiro
sub-corpora, que é a classe 3, produziu as classes
1 e 2. Em cada uma das classes foi apresentado
o título da classe, as palavras que compõem
as respectivas classes e o valor percentual em
relação ao total do corpus analisado.
Causas do Déficit
A classe 3 foi composta por 536 UCEs, que
corresponde a 29,05% de todo o corpus, sendo a
base da qual deriva a formação das outras duas
classes. Essa classe está ligada às revistas científicas com temáticas voltadas para a Psicologia,
Pesquisa, Fonoaudiologia e Psicanálise. Tem o
seu conteúdo agrupado ao redor de palavras
como sono, distúrbio, desempenho, porcentagem, população, estresse, bullyng, entre outras.
O seu teor trata dos problemas relacionados às
causas do déficit de aprendizagem. Outro elemento que surge do corpus analisado é que as
produções dessa classe se concentram mais no
ano de 2009 em que emergiram 221 UCEs. Em
segundo lugar em número de UCEs apontou
o ano de 2011, que apresentou 119 UCEs. Na
sequência, pode-se observar trechos dos artigos
que exemplificam o conteúdo dessa classe: “[...]
Os distúrbios necessitam serem reconhecidos
permitindo o atendimento preventivo ou o tratamento precoce [...]”19, “[...] a psicopedagogia se
ocupa dos fatores envolvidos na aprendizagem
onde os sintomas de estresse e os distúrbios
do sono também repercutem na aprendizagem
[...]”20.
Acompanhamento Interventivo
A classe 2 foi composta por 648 UCEs, o que
corresponde a 35,12% das UCE analisadas. Não
está associada com uma estatística significan­te
a nenhum ano de publicação, mesmo que os
números apontem para 254 UCEs no ano de
2009 e 131 UCEs para o ano de 2010, porém
en­contra-se vinculada a revistas de educação,
psi­copedagogia e de abordagens cognitivistas,
que identificam a importância do acompanhamento interventivo na construção do processo
de aprendizagem do indivíduo ou grupo. As
palavras historiar, mundo, sujeito, sentido, boneco, aprender, representação, criativo, entre
outras, indicam tal informação. Algumas UCEs
apontam essa relação: “[...] considerar os alunos
em sua dimensão ativa como sujeitos que têm
criatividade emoções histórias de vida e que
os faz produzir sentidos em seus processos de
aprendizagem [...]”22, “, [...] a prática clínica
psicopedagógica foi marcada pela arte de contar história, acompanhada pelas expressões por
meio de desenhos, pinturas e modelagens em
massinha e argila [...]”17.
Campos de Atuação
A classe número 1 foi formada por 661 UCEs,
correspondendo a 35,83% do total de UCEs
analisadas, se apresentando como a classe mais
importante por deter o maior número quantitativo de UCEs. Essa classe está ligada às revistas
científicas com temáticas voltadas para as Políticas Públicas, Psicologia e Psicopedagogia. As
produções dessa classe se concentram mais no
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 182-90
186
Psicopedagogia em foco: caracterização do status atual dos estudos no Brasil
A classe 1 é considerada a mais importante,
por deter o maior número de UCEs, demonstrando os campos de atuação do Psicopedagogo,
destacando-se as seguintes palavras: Psicopedagogia, artigo, institucional e atuação, como
pode ser observado na Figura 1. Tendo a Psicopedagogia um caráter interdisciplinar é possível
identificar três saberes em jogo, sendo eles: o
desenvolvimento de estratégias de sublimação
das pulsões de agressividade, a socialização e
autoria de pensamento, orientando desse modo
a atuação do profissional. Dentre as inúmeras
possibilidades de atuação do Psicopedagogo a
mais estudada tem sido a institucional, a qual
pro­­porciona duas naturezas: a primeira tem por
objetivo desenvolver junto a um grupo de alunos
um trabalho de adaptação ou integração; e a segunda, um trabalho realizado em conjunto com
os professores, coordenadores, pedagogos e os
demais profissionais da área da educação24. Os
artigos publicados acerca da Psicopedagogia e
sua atuação apresentaram objetivos que oferecem
reflexões sobre o papel do psicopedagogo no processo de aprendizagem, abordando referenciais
teóricos específicos da Psicopedagogia como é
possível observar em diferentes estudos3,24-27.
A classe 2 identifica a importância do acompanhamento interventivo psicopedagógico no
processo de aprendizagem do indivíduo, nessa
classe destacam-se as seguintes palavras: historiar, mundo, sujeito e sentido como demonstra
a Figura 1. O indivíduo em sua dimensão ativa como sujeito possui criatividade, emoções
e histórias de vida que o possibilita produzir
sentidos em seu processo de aprendizagem22,
o conhecimento e a ressignificação da história
do indivíduo e suas relações familiares permite
ao indivíduo transformar sua relação com a
aprendizagem28. A criança percebe o mundo
pelos sentidos, agindo sobre ele, ação essa que
se modifica durante seu processo de evolução,
permitindo que entenda melhor, pensando de
forma mais complexa e elaborando suas ideias
mais corretamente25.
A partir dos estudos levantados, publicados
em revistas científicas entre o ano de 2009 até
DISCUSSÃO
A recuperação do material tornou possível
encontrar uma quantidade expressiva de artigos
a respeito do tema Psicopedagogia na literatura
científica investigada, havendo publicações em
revistas na área da saúde, psicologia, psicope­
dagogia, administração, educação, políticas
pú­­blicas e abordagens cognitivas, contidas nas
áreas de educação e saúde, proporcionando
dessa forma uma interatividade de compreensão
acerca do que está sendo estudado sobre o tema
proposto. Seguindo as descrições dos resultados,
bem como a recuperação do material anteriormente mencionado que serviu de sustentação
para as discussões aventadas, neste estudo serão
descritas as classes por ‘grau de importância’, ou
seja, de acordo com a classe chave geradora de
outras categorias, será apresentada inicialmente
a classe 3 e, sucessivamente, as resultantes dessa
classe, não menos importante, porém decorrentes de uma classe maior.
Sendo a classe 3 a que origina as demais
classes, torna-se possível verificar o que tem
si­do estudado por profissionais da área da saúde e educação como sendo as possíveis causas
dos déficits de aprendizagem, como demonstra
a Figura 1. Destacam-se entre os estudos as
palavras sono, distúrbio, desempenho e índices
de porcentagem, como sendo os temas mais
estudados e desenvolvidos. Ao caracterizar a
dificuldade de aprendizagem é necessário que
os diagnósticos de danos sensoriais, motores,
intelectuais, emocionais e distúrbios sejam excluídos, levando-se em conta a cultura e o meio
socioeconômico em que o indivíduo está inserido,
além dos aspectos emocionais, cognitivos e afetivos que podem interferir e afetar o desempenho
acadêmico do mesmo9,19. O sono apresenta uma
grande importância no desenvolvimento físico e
psicológico da criança, influenciando no comportamento infantil e na aprendizagem, sendo
esta definida como uma atividade cognitiva que
ocorre a partir da consolidação da memória.
Nota-se ainda que é possível encontrar muitos
estudos quantitativos realizados na área de
Psicopedagogia.
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 182-90
187
Costa K et al.
junho/2014, tornou-se possível perceber que a
Psicopedagogia tem se preocupado principalmente com as causas dos déficits de aprendizagem e os possíveis caminhos de intervenção. Os
déficits de aprendizagem e o baixo desempenho
acadêmico encontram-se associado a variáveis
sociais, escolares, comportamentais e neurológicas29, porém para que o profissional possa
detectar as causas dos déficits é necessário o
conhecimento e domínio da teoria30. No que tan­­
ge ao processo de acompanhamento interventivo dos processos de aprendizagem, a função
do psicopedagogo durante tal processo é o de
proporcionar ao indivíduo sua (re)organização
consciente e madura24.
Os resultados permitiram, ainda, constatar
onde e como os profissionais de Psicopedagogia
têm atuado. A formação e a atuação em Psicopedagogia no Brasil está inserida principalmente
em áreas da saúde e educação, mesmo sendo
constatada a atuação em organizações a mesma
ainda se encontra em desenvolvimento3, tal atua­
ção deve estar orientada para a individualidade
do indivíduo utilizando-se da escuta e observação, neste sentido torna-se importante salientar
que a intervenção com olhar individualizado
propicia o desenvolvimento das habilidades e
potencialidades do indivíduo31,32. Em sua atua-
ção, o psicopedagogo é definido como o profissional responsável pela análise e intervenção dos
déficits de aprendizagem presentes no processo
de aprendizagem, estando em harmonia com
seu objeto de estudo, encontrando na teoria e
na quantidade de estudos que vêm sendo publicados respaldo para uma inserção mais ampla e
segura em equipes interdisciplinares com foco
na atuação psicopedagógica33.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Seguindo os resultados deste estudo e as
discussões tecidas, e tendo a Psicopedagogia
por objetivo principal melhorar a relação e qualidade de aprendizagem do indivíduo, torna-se
cada vez mais necessário estudar o processo de
aprendizagem, buscando entender os desafios,
enigmas e perspectivas daquilo que o envolve,
por meio de uma atuação efetiva nos processos
de ensino-aprendizagem. Tomando por base
tais apontamentos, sugere-se que estudos sejam
desenvolvidos de modo a ampliar as discussões
anteriormente descritas e especialmente os achados aqui encontrados. Porém como principal foco
resultante é poder instrumentalizar profissionais
de diferentes áreas em especial atenção a Psicopedagogia, de modo a facilitar procedimentos
de atuação, independente do contexto inserido.
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 182-90
188
Psicopedagogia em foco: caracterização do status atual dos estudos no Brasil
SUMMARY
Highlights of the educational psychology:
characterizing Brazilian studies
Objective: The objective of study was to identify and analyze publications
on the topic in educational psychology journals indexed in SciELO and
Pepsic database in the period in 2009 and 2014. Method: The data were
collected from descriptor Educational Psychology, 82 articles were selected
by following criteria for inclusion and exclusion. The data analysis was
conducted by qualitative method of textual data with the assistance of
IRAMUTEQ software (Interface de R pour les Analyses Multidimensionnelles
de Textes et de Questionnaires). Results: The results pointed to three
principal thematic focus: learning have concentrated their publications
in 2011, 2009 intervention, in the field of activity in 2010. Conclusion:
Building on these notes it is suggested that studies be developed to expand
the discussion outlined in this manuscript and especially in relation the
activities of educational psychologist in different fields.
KEY WORDS: Learning. Review. Software. Data Analysis. Educational
Psychology.
AGRADECIMENTOS
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), pelo apoio em
fomento às autoras Karina da Costa; Janaína da
Silva Gonçalves Fernandes.
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10. Montiel JM, Bartholomeu D, Armond G,
Jacini WFS, Bueno CH, Lima FF, et al. Asso­
ciações entre medidas de funções executivas
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crianças em idade escolar. Neuropsicologia
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11. Bartholomeu D, Cecato J, Montiel JM,
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(B-SPG) e DFH-Escala Sisto: Validade por
Grupos Contratantes. Rev Estud Interdisci­
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sobre Psicopedagogia, estresse e distúrbios
do sono do professor. Rev Psicopedagog. 2011;
28(87):237-45.
21. Portella FO, Hickel NK. Psicopedagogia no
cotidiano escolar: impasses e descobertas
com o ensino de nove anos. Rev Psicope­da­
gog. 2010;27(84):372-84. 22. Scoz BJL, Lucchini DRMR. Alunos com
dificuldades na escrita: produção de senti­
dos subjetivos na oficina de palavras. Rev
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23. Castro NQ, Castanho MIS. Autoria entre
muros e grades: um olhar psicopedagógico
sobre o ensino/aprendizagem de dança na
Fundação CASA. Rev Psicopedagog. 2013;
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24. Silva SCB, Mendes MH. Dinâmicas, jogos e
vivências: ferramentas úteis na (re)cons­trução
psicopedagógica do ambien­
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25.Gomes RTM, Mello CB, Cardoso TSG,
Feldberg CF, Muszkat M, Bueno OFA.
Protocolo psicopedagógico de avaliação in­
ter­­disciplinar de crianças com lesão cere­bral.
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26. Scoz BJL, Ito MCR. Ensino superior e psi­
copedagogia: a busca por uma graduação
alinhada com a contemporaneidade. Rev
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27. Ferreira MEMP. Atuação em psicopedagogia
institucional: brincar, criar e aprender em
diferentes idades. Rev Psicopedagog. 2013;
30(91):77-8.
28. Saad MA. A orientação psicopedagógica
à mãe e articulações com a aprendizagem
de seu filho: enfoque sobre mitos, estilos
cognitivo-afetivos e contribuições da arte­te­
rapia. Constr Psicopedag. 2012;20(21):48-65.
29. Machado AC, Almeida MA. Identificação do
desempenho acadêmico e comportamental
de crianças com dificuldade de apren­diza­
gem para participação em um programa de
consultoria. Rev Psicopedagog. 2013;30(91):
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30. Rodrigues SD, Ciasca SM. Aspectos da
relação cérebro-comportamento: histórico e
considerações neuropsicológicas. Rev Psico­
pedagog. 2010;27(82):117-26.
31. Pontes IAM. Atuação psicopedagógica no
contexto escolar: manipulação, não; con­
tri­
buição, sim. Rev Psicopedagog. 2010;
27(84):417-27.
32. Evans D. Estilos cognitivo-afetivos e cons­
trução da linguagem através das nar­rativas.
Constr Psicopedag. 2013;21(22): 67-85.
33. Castanho MIS. Psicopedagogia em contextos
hospitalares e da saúde: três décadas de
publicações na revista psicopedagogia. Rev
Psicopedagog. 2014;31(94): 63-72.
Trabalho realizado no Centro Universitário FIEO –
Pro­grama de Pós-Graduação Strictu Sensu – Psicologia
Educacional, Osasco, SP, Brasil.
Artigo recebido: 14/10/2014
Aprovado: 12/4/2015
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 182-90
190
Contribuições de David
AusubelDE
para
a intervenção psicopedagógica
ARTIGO
REVISÃO
Contribuições de David Ausubel para a
intervenção psicopedagógica
Rafaela Regina Distler
RESUMO – A pesquisa teve como objetivo compreender os conceitos de
David Ausubel e a sua interferência na aprendizagem enquanto construção
cognitiva, no campo da Psicopedagogia. O método utilizado no presente
estudo foi a Pesquisa Qualitativa Explicativa, com visão interpretativa e
crítica, tanto dos fatores como dos autores pesquisados. Dentre os resultados
obtidos é possível informar que, a ação psicopedagógica tem maior sucesso
com a prática da pesquisa continuada. A pesquisa oferece uma reflexão
sobre o referencial teórico, a fim de trazer benefícios para a prática pro­
fissional psicopedagógica. Conclui-se que, para Ausubel, o sujeito já tem
uma história, sendo esta a base para uma aprendizagem significativa. O
profissional deve estar atento ao fazer intervenção, levando em consideração
a formação da estrutura cognitiva do indivíduo, trazendo importantes
contribuições para diversas áreas do conhecimento, principalmente, para
o campo da Psicopedagogia.
UNITERMOS: Aprendizagem. Ciência cognitiva. Psicologia educacional.
Correspondência
Rafaela Regina Distler
Rua Lira Cearense, 1091, casa 12 – São Paulo, SP,
Brasil – CEP: 05763-450
E-mail: [email protected]
Rafaela Regina Distler – UNASP – Centro Universitário
Adventista de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil.
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 191-9
191
Distler RR
funciona e o por quê. Mas ainda assim é difícil
encontrar uma única definição que abarque tudo
o que está envolvido no processo da aprendizagem. Cada estudo nos permite atentar a um novo
aspecto, a novas considerações. Podemos afirmar
a aprendizagem como global, pessoal, contínua,
gradativa, dinâmica e fundamental para a vida.
Infelizmente, alguns indivíduos apresentam
dificuldades para assimilar novos conhecimentos, o que compromete sua autonomia ou mesmo
sua qualidade de vida. Para auxiliar tais indi­
víduos, iniciou-se um novo campo de atuação de
profissionais que atrela os campos de estudos da
Pedagogia e da Psicologia, o qual é denominado
de Psicopedagogia.
A Psicopedagogia tem por objetivo estudar,
compreender e intervir na aprendizagem humana, pois entende a aprendizagem como socializadora (permite ao sujeito experimentar a vida
em comunidade), repressiva (trabalha limites)
e transformadora (liberta o homem a partir do
conhecimento). O psicopedagogo que busca
compreender as leis que regem os processos de
aprendizagem e as influências que acompanham
o indivíduo pode atuar de maneira mais significativa no processo de desenvolvimento.
A ação do psicopedagogo sendo institucional
(preventiva) ou clínica (terapêutica), devido à
complexidade do seu objeto de estudo, que é
o sujeito numa visão global, busca entender as
contribuições dos aspectos afetivos, cognitivos
e do meio social que pertencem ao indivíduo,
a fim de auxiliá-lo no desenvolvimento e na
expansão de suas habilidades, motivando-o em
suas iniciativas pessoais e respeitando-o em sua
individualidade.
Os fundamentos da Psicopedagogia estão
alicerçados no desenvolvimento humano da
teoria de Piaget, na Psicologia Social de Pichon
Rivière e na teoria Psicanalítica de Freud. Mas, é
inegável novas reflexões, a fim de que novos referenciais teóricos possam orientar e problematizar a prática profissional. Sem essas reflexões,
os profissionais da área da educação podem
recair em visões simplistas ou atuar de maneira
acrítica. Portanto, para aprofundamento teórico,
INTRODUçÃO
Os estudos de David Ausubel sobre aprendizagem significativa trazem contribuições im­
portantes para “o fazer psicopedagógico”. To­
davia, convém ressaltar que este trabalho não
pretende esgotar os aspectos que envolvem tal
teoria, apenas permitir ao leitor visualizar novas
facetas para compor sua atuação.
É sabido que, ao longo da história da huma­
nidade, os seres humanos têm construído mo­
delos da realidade, a fim de possibilitar sua
in­­teração com essa realidade. Cada ciência
tam­bém constrói um modelo, a fim de entender e
permitir a interação no campo estudado. E, desse
modo, detemos um cabedal de conhecimentos,
os quais servem de acervo para outras gerações,
possibilitando aplicações, pesquisas, reflexões e
inovações que permitam ao indivíduo elevar a
sua qualidade de vida.
As construções de modelos da realidade facilitam o conhecimento, pois, conforme Piaget
elucida:
“O conhecimento não é cópia da realidade. Para conhecer um objeto, para conhecer um acontecimento não é simplesmente
olhar e fazer cópia mental, ou imagem, do
mesmo. Para conhecer um objeto é necessário agir sobre ele. Conhecer é modificar,
transformar o objeto, e com­preender o
processo dessa transformação e, consequentemente, compreender o modo como
o objeto é construído. Uma operação é,
assim, a essência do conhecimento. É uma
ação interiorizada que modifica o objeto
do conhecimento”1.
Cada construção do conhecimento é idiossincrática de seu ator. Na escola, por exemplo, onde
o docente apresenta à sua turma determinado
conteúdo, cada aluno terá uma reação em seu
aspecto cognitivo, que é única.
Buscando propor efetivo ensino e aprendizagem, estudos distintos levaram a inúmeras
teorias, como o Behaviorismo, Cognitivismo,
Humanismo, Construtivismo, entre outras, e
to­das as teorias tentam explicar o que é, como
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 191-9
192
Contribuições de David Ausubel para a intervenção psicopedagógica
seguiremos com o estudo das teorias de David
Ausubel, que segue a corrente cognitivista, atribuindo significados à realidade do indivíduo.
metodológicas para os anos vindouros, coincidindo com as ideias de Ausubel.
A atuação psicopedagógica deve estar sempre respaldada no eixo teórico e a pesquisa
continuada deve ser sua maior ferramenta, pois
leva a uma visão interpretativa e crítica, tanto
dos fatos como dos autores pesquisados.
MÉtodo
Uma pesquisa científica é a “realização concreta de uma investigação planejada e desenvolvida de acordo com as normas consagradas
pela metodologia científica”, conforme Silva &
Menezes2. Esta pesquisa teve por objetivo gerar
conhecimentos novos e úteis para o avanço da
ciência sem aplicação prática prevista. Sua abordagem traz referência da pesquisa qualitativa,
que para os mesmos autores:
“Há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo
in­dissociável entre o mundo objetivo e a
subjetividade do sujeito que não pode ser
traduzido a números. A interpretação dos
fenômenos e a atribuição de significados
são básicos no processo de pesquisa qualitativa. Não requer o uso de métodos e
técnicas estatísticas. O ambiente natural
é a fonte direta para a coleta de dados
e o pesquisador é o instrumento-chave.
É descritiva. Os pesquisadores tendem
a analisar seus dados indutivamente. O
processo e seu significado são os focos
principais de abordagem”2.
Contribuições de Ausubel
Quem foi David Paul Ausubel?
Ele nasceu em Brooklyn, Nova York, em
1918, casou-se com Pearl Leibowitz, em 1943, e
foi pai por duas vezes. Filho de família judia e
pobre, imigrantes da Europa Central, teve uma
infância difícil.
Para efeito de contextualização, na época do
nascimento e infância de Ausubel ocorria um
intenso movimento migratório judaico, onde, só
no período de 1905 a 1914, setecentos mil judeus
migraram para os Estados Unidos da America4.
Essa época foi marcada por uma série de preconceitos e conflitos religiosos. No romance “Judeu
sem Dinheiro”, Michael Gold5 descreve cenas
desse período, permitindo visualizar um pouco
da educação ofertada aos judeus de baixa renda
da época, caso de David Ausubel:
“A escola era cárcere de meninos. O crime de todos é a pouca idade e por isso
os carcereiros lhe dão castigos (...). Escandalizou-se com um palavrão que eu,
patife de seis anos, empreguei certo dia.
Com sabão de lixívia lavou-me a boca.
Submeti-me. Fiquei em pé num canto o
dia inteiro, para servir de escarmento a
uma classe de cinquenta meninos assustados. (...) Comer sabão é desagradável.
Mas meus pais protestaram porque o
sabão era feito de sebo cristão e não de
kosher. Eu fora também obrigado a comer
carne de porco: isso é crime contra lei
mosaica”5.
Este artigo foi embasado na pesquisa explicativa, que tem por objetivo, “identificar os fatores
que determinam ou contribuem para a ocorrência dos fenômenos. Aprofunda o conhecimento
da realidade porque explica a razão, o ‘porque’
das coisas”2.
Chizzotti3 compreende a pesquisa qualitativa
marcada por rupturas, mais que por progressão
cumulativa, abrigando tensões teóricas subjacentes, cada vez mais inovadoras que distanciam de teorias, práticas e estratégias únicas de
pesquisa. Quanto à visão teórica da pesquisa,
acredita que a atividade pesquisadora tende
a se expandir como uma forma de ensino e de
aprendizagem, sendo entendida como uma prática social relevante, trazendo questões teórico
Ausubel estudou Medicina e Psicologia. Trabalhou como cirurgião assistente e foi residente
de Psiquiatria no Serviço de Saúde Pública. Trabalhou na Alemanha com tratamento médico de
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 191-9
193
Distler RR
subel passou a considerar que “a aprendizagem
significativa subjaz à integração construtiva entre pensamento, sentimento e ação que conduz
ao engrandecimento humano”. Nesse sentido,
Santos7 afirma que:
“Joseph Novak propõe uma teoria de
edu­cação ampla da qual a teoria da
apren­dizagem significativa faz parte (...).
Considera a educação como o conjunto
de experiências cognitivas, afetivas e psicomotoras que contribuem para o desenvolvimento do indivíduo, seres humanos
que pensam, sentem e atuam (fazem).
Assim, a produção de conhecimento é um
processo de intercâmbio e negociação de
significados; é uma construção humana
que coloca em jogo pensamentos, ações
e sentimentos e, nesse sentido, é uma
construção que se produz em dadas condições e em um determinado contexto”.
pessoas deslocadas depois da Segunda Guerra
Mundial. Fez três residências psiquiátricas: uma
em E.U. Serviço de Saúde Pública, em Kentucky,
a segunda no Centro Psiquiátrico de Buffalo e,
por fim, no Centro Psiquiátrico do Bronx. Com
o apoio da GI Bill, ele ganhou seu PhD em Psicologia do Desenvolvimento pela Universidade
de Columbia, Nova York, em 1943. Foi professor
de diversas instituições, como: Universidade de
Illinois, Universidade de Toronto, e nas universidades europeias, em Berna, na Universidade
Salesiana de Roma, e Training Officer’s College,
em Munique.
Dentre suas publicações, as que merecem
maior destaque são:
• (1954,1977). Theory and Problems of Ado­
lescent Development.
• (1960). The use of advance organizers in
the learning and retention of meaningful
verbal material. Journal of Educational
Psychology, 51, 267-272.
• (1963). The Psychology of Meaningful
Verbal Learning. New York: Grune &
Stratton.
• (1969/1969). School Learning School
Lear­ning.
• (1978). In defense of advance organi­
zers: A reply to the critics. Review of Edu­
cational Research, 48, 251-257.
• (1978). Educational Psychology: A Cognitive View (2nd Ed.). New York: Holt,
Ri­nehart & Winston. 685p.
Ele completou, também, em torno de 120 artigos científicos. Aposentou-se, em 1994, aos 76
anos de idade, para dedicar-se aos seus escritos.
Ausubel faleceu no dia 9 de julho de 2008.
Suas teorias, que têm sua essência voltada
ao conceito dos aspectos cognitivos da aprendizagem e dos conteúdos acadêmicos, foram
criticadas por intelectuais, por não valorizar
outras dimensões da aprendizagem, o que coube
a Novak, amigo de Ausubel, desenvolver, atilar
e tornar público os pressupostos dessa teoria,
acrescentando os aspectos afetivos e permitindo
um caráter mais humanista à teoria de Ausubel.
Segundo Moreira6, com Novak a teoria de Au-
Sabemos que Ausubel foi discípulo do suíço
Jean Piaget, pois suas teorias tiveram como
norte os relatos deste autor sobre epistemologia
genética. Comparando as pesquisas, nota-se que
Ausubel concentra-se mais na aprendizagem
sistematizada, crê na aprendizagem por descoberta, como Piaget, mas seu foco de pesquisa
valoriza mais a técnica expositiva, dentro de um
universo prático do ensino.
Ausubel é considerado, junto com Piaget,
Bru­ner e Novak, um dos expoentes da linha
cognitivista. Essa linha de estudo enfatiza o
processo da cognição, defendendo que o indivíduo atribui significados à realidade em que
se encontra; preocupa-se com o processo de
compreensão, transformação, armazenamento
e a utilização das informações envolvidas na
aprendizagem, procurando identificar padrões
nesse processo8.
Não podemos confundir a teoria de Ausubel,
que é denominada de aprendizagem significativa, com a teoria de Carl Rogers, denominada
de teoria da aprendizagem significante. Ausubel
tem seu enfoque teórico na corrente cognitivista,
já Carl Rogers trabalha na corrente humanísti-
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 191-9
194
Contribuições de David Ausubel para a intervenção psicopedagógica
ca, onde o aprendiz é visto como sujeito, mas a
ênfase é a sua autorrealização.
hierarquia conceitual, na qual elementos
mais específicos de conhecimento são
ligados (e assimilados) a conceitos mais
gerais, mais inclusivos”.
Teorias de Ausubel
Em seus relatos, Ausubel preconiza que os
educadores devem criar situações no cotidiano
buscando descobrir o que o indivíduo já sabe.
Essa ideia está expressa da seguinte forma: “o
fator isolado mais importante que influencia a
aprendizagem é aquilo que o aprendiz já sabe.
Averigue isso e ensine-o de acordo” (Ausubel,
1978 apud Moreira9). Essa afirmação é o ponto
inicial do trabalho, a aprendizagem significativa leva em consideração as características do
indivíduo.
O trabalho central de sua teoria está na identificação dos fatores que efetivam e facilitam a
aprendizagem. A praticidade de sua teoria é
como solução para Aragão10, que indaga:
“Como facilitar o encontro da estrutura
lógica de um determinado conteúdo com
a estrutura psicológica de conhecimento
do aluno? Surge daí a preocupação com
a aprendizagem significativa de matérias escolares, ou seja, com a natureza
do processo de aquisição, retenção e
transferência de significados e com a
natureza do material de aprendizagem,
que caracteriza a concepção cognitivista
de aprendizagem, manifestada na teoria
de David P. Ausubel”.
É a esse “armazenamento de informações”
extremamente organizado e hierarquizado que
Ausubel dá o nome de “estrutura cognitiva”,
conforme Moreira & Masini11 onde as ideias
são encadeadas de acordo com as relações que
estabelecem entre o que o indivíduo já contém
em sua estrutura cognitiva, ou seja, o que o indivíduo já sabe e a nova ideia.
Ausubel entende que a aprendizagem é a
ampliação da estrutura cognitiva por meio de
novas ideias. E essa aprendizagem pode variar
entre uma aprendizagem mecânica e a aprendizagem significativa, dependendo do tipo de
relação existente entre as ideias na estrutura
cognitiva do indivíduo e as novas que se busca
internalizar.
A aprendizagem significativa ocorre quando
as ideias novas vão se relacionando na mente do
indivíduo de forma não arbitrária e substantiva
com as ideias já internalizadas. Nas palavras de
Cruz12, o conceito de não arbitrariedade pode ser
entendido como:
“(...) uma relação lógica e explícita entre a nova ideia e alguma(s) outra(s) já
existente(s) na estrutura cognitiva do
indivíduo, Assim, por exemplo, entender o conceito de termômetro só será de
fato significativo para o indivíduo, se de
alguma forma houver uma clara relação
entre este e o conceito de temperatura”.
A teoria da Aprendizagem Significativa procura explicar como funcionam os mecanismos
internos para a formação da aprendizagem na
mente humana e como se estrutura esse conhecimento. Sua teoria da Aprendizagem Significativa está fundamentada na premissa de que a
mente humana, nos aspectos cognitivos, é uma
estrutura organizada e hierarquizada de conhecimentos e está continuamente se diferenciando
pela aquisição de novos conceitos, proposições
e ideias. Para Moreira & Masini11:
“Ausubel vê o armazenamento de informações no cérebro humano como sendo
altamente organizado, formando uma
Quanto à visão de substantividade, seria
quan­do o conceito é expresso pelo indivíduo em
linguagem sinônima, acompanhe a explicação
de Cruz12:
“Uma vez aprendido determinado conteúdo desta forma, o indivíduo conseguirá
explicá-lo com suas próprias palavras
(...). Como exemplo, se o aluno aprende
significativamente que o cão é um mamífero, ele deverá ser capaz de expressar
isso de diversas formas, como: ‘o filhote
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 191-9
195
Distler RR
É importante entender que Ausubel sempre
enfatizou a aprendizagem significativa, mas
compreendia que, em alguns casos, a aprendizagem mecânica era como que inevitável, como
no ensino de história, por exemplo, que para
se conhecer e entender o desenvolvimento de
determinado fato histórico é importante que se
saibam os nomes de alguns personagens, ou os
nomes de instituições etc., que seriam decorados, em nome de uma visão mais geral, para um
início do estudo.
As aprendizagens na visão de Ausubel podem
ocorrer tanto por descoberta como por recepção,
onde podemos desenvolvê-las como:
“Descoberta: o aluno aprende “sozinho”,
deve descobrir algum princípio, relação,
lei, (...) como pode acontecer na solução
de um problema. (...) Recepção: recebe-se
a informação pronta (como em uma aula
expositiva) e o trabalho do aluno consiste
em atuar ativamente sobre o material, a
fim de relacioná-lo a ideias relevantes
disponíveis em sua estrutura cognitiva”12.
de cachorro mama de sua mãe’ ou ‘o
cachorro é um animal que, como nós,
mama quando filhote’”.
A aprendizagem significativa é enfatizada
por Ausubel e dirigida como resultado almejado, por entender que a permanência na mente
do indivíduo é mais duradoura e por fazer mais
sentido ao individuo retê-la. Mas para que essa
aprendizagem se efetive é necessário que três
condições sejam satisfeitas, são elas, nas palavras de Aragão10:
“1. Intenção do aluno para aprender
sig­nificativamente, isto é, disposição de
relacionar o novo material não arbitrária e substantivamente à sua estrutura
cognitiva (...).
2. Disponibilidade de elementos rele­
vantes na sua estrutura cognitiva, com
os quais o material a ser aprendido
possa relacionar-se de modo não arbitrário e substantivo, incorporando-se à
estrutura, e
3. Que o material a ser aprendido seja potencialmente significativo para ele, isto
é, relacionável de modo não arbitrário e
substantivo aos elementos relevantes da
sua estrutura cognitiva”.
Apesar de essas definições soarem como
pressuposto para uma aprendizagem significativa, para Ausubel, a aprendizagem, tanto por
descoberta como por recepção, pode ser mecânica, caso faltem ideias na estrutura cognitiva do
indivíduo que permitam algum tipo de relação
entre a nova ideia que se deseja ensinar e as
ideias já internalizadas do aprendiz. Portanto,
é importante salientar que, para o autor, não há
oposição entre a aprendizagem mecânica e a
significativa, pois as entende como um processo
contínuo, ou seja, no caso de conceitos novos ao
aprendiz, a aprendizagem mecânica pode ser
um meio em que posteriormente se transforme
em significativa.
A aprendizagem pode ter mais significado ao
discente dependendo da relação entre o novo
conceito e a sua estrutura cognitiva, permitindo ao indivíduo descobrir significados a partir
de seus conhecimentos prévios, o que é único.
Nesse processo, o novo conceito interage com
a estrutura de conhecimentos específicos que
O oposto da aprendizagem significativa, estudada até agora, é a aprendizagem mecânica,
que ocorre quando a nova ideia não consegue
fazer relação à estrutura cognitiva do indivíduo,
é o tipo de aprendizagem automática. Ela é
armazenada na mente do indivíduo de maneira
arbitrária e não substantiva. Como, por exemplo,
a aprendizagem de pares de sílabas sem sentido,
as fórmulas e macetes que são decorados para
a prova e depois esquecidos, entre outros. O
indivíduo é incapaz de expressar a nova ideia
com linguagem diferente daquela que lhe foi
apresentada, pois de fato ele não aprendeu o
significado, não há sentido novo, ele apenas
decorou. Por isso, o indivíduo não é capaz de
utilizar o conhecimento em contexto diferente
daquele que lhe foi primeiramente aprendido.
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 191-9
196
Contribuições de David Ausubel para a intervenção psicopedagógica
o indivíduo já possui e que é denominado de
subsunçor.
Ausubel apresenta os mapas conceituais co­
mo uma técnica para auxiliar a aprendizagem
significativa, onde tal ferramenta tem por objetivo representar as relações significantes entre
os conceitos na forma de proposição, segundo
Pelizzari et al.13. Tal ferramenta também permite
contribuir para a organização da estrutura cognitiva do indivíduo.
As teorias de Ausubel não devem ser com­
preendidas como leis gerais da aprendizagem
em si mesma, mas de forma que “possam ser
relacionadas a meios mais eficazes de deliberadamente levar a mudanças na estrutura cognitiva”11. A sua teoria da aprendizagem tem como
objetivo, portanto, facilitar a aprendizagem do
sujeito, descrevendo a aprendizagem significativa como elemento essencial no processo de
aquisição do conhecimento.
evidenciado que, no processo de aprendizagem,
considerar o mundo do sujeito é fundamental,
daí a valorização de um bom trabalho na fase
da avaliação psicopedagógica, pois possibilitará
encontrar o norte para o trabalho a ser realizado
na fase de intervenção psicopedagógica.
Durante o atendimento psicopedagógico,
devemos compreender que o cérebro é flexível,
capaz de aprender e adaptar-se, de melhorar e
aperfeiçoar as habilidades mais utilizadas em
função da estimulação. Os estímulos apropriados são fundamentais para que o sujeito atinja
seu maior desenvolvimento14. O trabalho do
psicopedagogo com a estruturação de conceitos
gerais, como a percepção do esquema corporal,
da estrutura espacial e temporal, da memória e
atenção, e outros, possibilitará a organização da
estrutura geral interna do indivíduo, facilitando
o aprendizado de conhecimentos específicos. Por
meio de estímulos, o psicopedagogo favorecerá
o desenvolvimento da aprendizagem do sujeito.
Tal situação pode ser exemplificada através
de um caso que atendemos na clínica de Psicopedagogia, que denominaremos de caso E.
Com rebaixamento intelectual diagnosticado,
E. cursa o quinto ano do ensino fundamental.
A escola informou que E. já correspondia com
o nível III de evolução da escrita, que de acordo com conceitos apresentados por Ferreiro &
Teberosky15, notamos que seu quadro não sustentava a aprendizagem, levando a retrocessos.
Na avaliação psicopedagógica, suas produções
correspondiam com o nível silábico I, porém
algumas palavras se apresentavam em nível
silábico III. Essa variação se deu pelo excesso
de trabalho com as mesmas palavras, o que
levou apenas a uma aprendizagem mecânica
e acabou por interferir nos resultados e não na
evolução do quadro de fato. Durante o período de
intervenção psicopedagógica, trabalhamos com
o desenvolvimento da percepção, em primeira
instância corporal, pois seus desenhos se apresentavam de forma muito primitiva, de acordo
com o referencial que possuímos. O trabalho
seguiu levando-a a perceber a relação fonema
grafema. Como E. já internalizava uma apren-
Aplicação das CONTRIBUIÇÕES DE
AUSBEL PARA A PSICOPEDAGOGIA
Muito já se escreveu sobre o cérebro humano.
De acordo com as novas pesquisas procedentes
da Neurociência, é possível afirmar que a aprendizagem modifica a estrutura física do cérebro;
pois o cérebro humano, ao realizar novas conexões de acordo com as necessidades que enfrenta, o leva a estar em contínua reorganização14.
Ausubel entende a aprendizagem como a ampliação ou reorganização da estrutura cognitiva
por meio de novas ideias. Compreende a mente
humana como uma estrutura extremamente organizada e hierarquizada, onde as ideias mais
específicas são relacionadas a conceitos mais
gerais. O que nos leva a considerar que uma
estrutura com conceitos gerais mal definidos
levaria o sujeito à dificuldade na aprendizagem.
Seguindo essa linha de estudo, no atendimento psicopedagógico, a afirmação de David
Ausubel confirma que o mais importante é averiguarmos o que o indivíduo já sabe, pois a partir
desse ponto que nos torna possível auxiliá-lo
na organização de sua estrutura cognitiva. Fica
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 191-9
197
Distler RR
dizagem mecânica, o trabalho de intervenção
favoreceu a organização de sua estrutura cognitiva, desse modo, E. apresentou, em poucas
sessões, produção correspondente ao nível III,
sem retrocessos.
Toda a ação psicopedagógica deve estar
embasada em eixos teóricos, pois sua apropriação clarividencia a interpretação da realidade,
atrelada à correlação dos sintomas apresentados,
sejam de causas endógenas e/ou exógenas, o
que permite ao profissional obter um diagnóstico fidedigno e contribuindo de forma eficaz
nos resultados da intervenção psicopedagógica.
Nas sessões diagnósticas, há diversas técnicas
e instrumentos que evidenciam as possíveis causas
que levam ao fracasso do não aprendente, mas não
podemos deixar de lado a postura do psicopedagogo, que, além de pesquisador, deve ser investigador, a fim de levantar e analisar suas hipóteses
diagnósticas. Já, o trabalho de intervenção visa
a auxiliar o sujeito na evolução de seu quadro.
Nessa fase, o psicopedagogo trabalha com jogos,
atividades cognitivas e exercícios que estimulam
o desenvolvimento de diversas habilidades.
As contribuições de David Ausubel se fazem
interessantes quanto às condições para que a
aprendizagem se efetive, como, por exemplo, a
intenção do aluno para aprender significativamente e o material ser potencialmente significativo. O atendimento clínico pode esclarecer as
reais causas do não aprender e possibilitar a aplicação de ferramentas e estratégias que podem
auxiliar o paciente em seu desenvolvimento.
Devemos criar e fortalecer o vínculo afetivo
entre profissional e cliente, pois quando é possí-
vel ouvir a voz interior do indivíduo, é colocada
diante de nós uma grande vantagem, que frente
aos desejos pessoais nos facilita a interpretação
do discurso falado e do discurso expresso em
nível de realidade, e favorece a ação e a intervenção psicopedagógica.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
No atendimento clínico, tanto em fase de
avaliação como em fase de intervenção psicopedagógica, o eixo teórico e a práxis psicopedagó­
gica estão vinculados. Por isso, como muito se
tem falado no campo da Pedagogia, a capacitação contínua se faz imprescindível também no
campo da Psicopedagogia.
Quanto às contribuições de Ausubel, a aprendizagem significativa se dá quando uma nova
informação interage com outra existente na
estrutura cognitiva do sujeito, levando à aprendizagem. Sua teoria propõe explicar o processo
de assimilação que ocorre com o indivíduo na
construção do conhecimento e na organização
de significados em sua estrutura cognitiva.
Na teoria de Ausubel, fica evidente que se
deve partir do que o sujeito já conhece e de sua
história, sendo esta a base para uma aprendizagem significativa. Ele descreve que o profissional deve estar atento a fazer intervenção,
tanto para a apresentação do conteúdo, como
para as formas de organização desse conteúdo, levando em consideração a formação da
estrutura cognitiva do indivíduo, trazendo importantes contribuições para diversas áreas do
conhecimento, principalmente, para o campo da
Psicopedagogia.
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 191-9
198
Contribuições de David Ausubel para a intervenção psicopedagógica
SUMMARY
Contributions of David Ausubel process for psycho educational intervention
The research aimed to understand the concepts of David Ausubel and his
interference in learning as cognitive construction in the field of educational
psychology. The method used in this study was the Explanatory Qualitative Research
with both interpretive and critical view of the factors as to the authors surveyed.
Among the results we got it can be informed that the psycho-pedagogical action
is most successful with the practice of continued research. The research offers a
reflection on the theoretical framework in order to bring benefits to the psychology
educational professional practice. We conclude that to Ausubel, the person has
already a story, which is the basis for meaningful learning. The physician must be
attentive when making an intervention, taking into account the formation of the
cognitive structure of the individual, bringing important contributions to many areas
of knowledge, particularly to the field of educational Psychology.
KEY WORDS: Learning. Cognitive science. Psychology, educational,
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Trabalho realizado no UNASP – Centro Universitário
Adventista de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil.
Artigo recebido: 3/6/2015
Aprovado: 28/7/2015
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 191-9
199
Belli AA
al.
PONTO
DEetVISTA
Rede de apoio social na vida do indivíduo
com transtorno de déficit de atenção e
hiperatividade e seus cuidadores
Alexandra Amadio Belli; Mauro Muszkat; Silvana P. Cracasso
RESUMO – Neste artigo, os autores discutem o papel das redes de apoio
social no tratamento e acompanhamento de crianças e adolescentes com
Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade.
UNITERMOS: Transtorno do Deficit de Atenção com Hiperatividade.
Transtornos Mentais Diagnosticados na Infância. Apoio Social.
Alexandra Amadio Belli – cientista social, pedagoga
e psicopedagoga, Pontifícia Universidade Católica de
São Paulo (PUC-SP), São Paulo, SP, Brasil.
Mauro Muszkat – médico neurologista, mestrado,
dou­torado e pós-doutorado em Neurociências, Univer­
sidade Federal de São Paulo (UNIFESP), São Paulo,
SP. Brasil.
Silvana P. Cracasso – pedagoga, psicopedagoga, espe­
cialista em Neuropsicologia e Dependência Química,
Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), São
Paulo, SP. Brasil.
Correspondência
Alexandra Amadio Belli
Rua Tabapuã, 888 cjto 25 – Itaim – São Paulo, SP, Brasil –
CEP 04533-033
E-mail: [email protected]
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 200-4
200
Rede de apoio social na vida do indivíduo com TDAH e seus cuidadores
É consenso entre os cientistas, à necessidade
de uma nova proposta de atendimento à população por meio de uma Rede de Apoio Social e
Solidária que suporte a função de minimizar o
desamparo da própria criança ou adolescente
com TDAH, dos pais e educadores, a fim de propiciar a sua educação. A Rede de Apoio Social
acolhe, atende e seleciona estratégias assertivas,
a fim de validar o Estatuto da Criança e Adolescente, que assegura seus direitos e, com isso, a
sua proteção. A identificação de uma Rede de
Apoio Social ao atendimento da singularidade
humana deve ser entendida como a atuação
articulada entre diversas instituições, organizações e grupos sociais. Reflete um processo
de fortalecimento da Sociedade Civil, em um
contexto de maior participação democrática e
mobilização social9-11.
A integração das funções sociais com o desenvolvimento recente do conhecimento das
funções neuronais e a interface entre mente e
cérebro trouxe novas fronteiras para o acesso
de estratégias que sejam adequadas às realidades das redes funcionais do cérebro e às
necessidades sociais e familiares da criança,
esta que se encontra em ciclos importantes do
de­senvolvimento humano. Os novos paradigmas
que unem as ciências do comportamento trazem
a convergência de ações que estão ligadas ao
conhecimento do cérebro e estão intimamente conectadas com as ações da sociedade por
meio de suas políticas públicas e políticas de
instituições não-governamentais, educacionais
e familiares. Torna-se necessária a formação
continuada de profissionais e o intercâmbio de
conhecimento entre os profissionais da área da
saúde e educação através do diálogo, da observação, do refinamento de visões dentro desses
novos paradigmas colocados tanto pela ciência
como pela filosofia da complexidade, aprimorando, assim, a observação e a sua intervenção
junto à singularidade5,12.
Em um país como o Brasil, em desenvolvimento, a rede de apoio social se torna muitas vezes
a única assistência às famílias carentes e, além
disso, o único meio de informação a família e
O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é um transtorno do neurodesenvolvimento caracterizado por um padrão de
comportamento que pode resultar em prejuízos
para o indivíduo, em ambientes sociais, educacionais ou de trabalho. A base desse transtorno
é de natureza neurobiológica, genética e neuroquímica e a expressão dos padrões herdados é
modulada pelo ambiente. Sua predominância é
encontrada em estudos epidemiológicos em torno de 3% a 7% das crianças em idade escolar em
todo o mundo e, na maioria dos casos (50%-80%),
o transtorno persiste durante a adolescência e
na vida adulta1-5.
No atendimento e acolhimento às crianças e
adolescentes com TDAH se vê necessário o apoio
consistente não apenas a eles, mas também à família e à escola. O atendimento às necessidades
das crianças e adolescentes com TDAH apresenta desafios significativos para todos aque­les
envolvidos com a sua educação, e não prover
isso significa deixá-los em uma condição de risco, pois o transtorno gera impacto negativo em
todas as esferas do neurodesenvolvimento e nas
interações psicossociais do indivíduo. Co­laboram
para o agravamento da situação quan­do eles
também são expostos a um cenário de violência, ao uso de drogas e à negligência parental,
podendo comprometer o rendimento escolar e
as relações interpessoais6-8.
Entender que manifestações do TDAH podem
ser efeitos modulados pelo ambiente e que as
interações de vida, no ambiente da família e da
escola podem levar a alterações estruturais no
cérebro e terem consequências no desenvolvimento da criança é condição necessária para o
educador, assim poderá intervir em fases precoces em que essas influências não estão tão bem
definidas nas redes de dificuldades do cérebro.
Isso se apoia no Paradigma da Neuroplasticidade, que pressupõe mudanças de circuitos
cerebrais e estruturais pela experiência de vida,
uma vez que a exposição a diferentes estimulações condiciona distintas funcionalidades e
adaptações das vias neurais5.
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 200-4
201
Belli AA et al.
profissionais da educação sobre o neurodesenvolvimento infantil, portanto acaba desempenhando
uma função sociopolítica no sentido de socializar
o conhecimento, de circular o saber. Já os países
desenvolvidos, com um alto índice de desenvolvimento humano, são mais bem servidos por
melhores e eficientes políticas públicas e a rede
de apoio social aparece com um caráter científico
mais acentuado, na busca por novas pesquisas e
atendimento de melhor qualidade10.
A Rede de Apoio Social sustenta-se em in­
tervenções primária, secundária e terciária. Con­
sidera-se intervenção primária a de caráter
pre­­­ventivo, promovendo orientação a mulheres
grávidas no sentido de não usarem álcool e
cigarro durante a gestação e sobre a prevenção
do risco de partos prematuros, inibindo a expressão do TDAH. As intervenções secundárias
destinam-se àqueles que têm fatores de risco, o
objetivo é identificar o transtorno o quanto antes,
para, possivelmente, evitar que os sintomas se
acentuem, portanto relacionam-se ao diagnóstico precoce, às ações assertivas num momento
que as expressões do TDAH são mais tratáveis
e sua progressão mais lenta. Já as intervenções
terciárias atuam no sentido de assistência e
ação voltada para os indivíduos que já têm o
diagnóstico de TDAH, minimizando o impacto
negativo do transtorno. Nesse momento, a interação entre a escola, a família e os profissionais
da saúde é imprescindível, pois se farão necessários treinamentos e informações para pais e
professores, terapias cognitiva-comportamental
individual e familiar e o uso dos medicamentos
psicoestimulantes5.
A Rede de Apoio Social traz uma ênfase
para a importância da família na constituição e
enfrentamento da criação de uma criança com
TDAH e não partindo apenas da situação de
ambulatório e de uma condição clínica. Segundo
Phelan8, a mãe é a primeira pessoa na família
a sofrer pela existência de uma criança com
TDAH, pois o sentimento de culpa pelo comportamento de seu filho e a impotência diante da
atividade exagerada e das condutas opositoras
traz muito sofrimento. Porém, a articulação dos
indivíduos e das instituições neste caso irão ajudar os pais a lidar com os diferentes problemas,
evitando erros, tendo um olhar crítico e analítico
para a realidade próxima a eles8.
O enfrentamento dos conflitos associado à
criação de uma criança com TDAH pode tornar-se um dos maiores desafios e, ao mesmo tempo,
a oportunidade dos modelos familiares prototípicos serem reorganizados e reestruturados, é a
oportunidade dos pais de autodesenvolvimento
e realização6.
A terapia familiar surge como apoio às interações e à comunicação positiva entre os membros
da família, pois o não controle e a não habilidade
em lidar com os conflitos, rompimentos e insatisfações gerados na vida familiar de uma criança
com TDAH podem gerar problemas futuros à
família e, principalmente, no desenvolvimento
psicossocial das crianças e adolescentes. Desenvolver um ambiente familiar com comunicação
positiva, circulando emoções positivas, sem
raiva, pode minimizar as reações de estresse
que repercutem nos padrões de comportamento
disfuncionais, estes podem trazer como consequência comportamentos reativos que levam as
famílias aos maus tratos à criança, a violência
entre os membros familiares, o uso de drogas,
entre outros13-15.
A escola também está situada num dos principais contextos da Rede de Apoio Social, é na
escola que a criança aprende a dividir, a gerar
suas relações sociais, desenvolver relações interpessoais e essa instituição vem passando por
mudanças e estruturações filosóficas ao longo
dos últimos anos, incluindo em sua prática a
singularidade humana, a diferença no ritmo
de aprendizagem e a flexibilidade das fases do
desenvolvimento humano e, com isso, está gerando um movimento na busca por metodologias
e práticas de ensino novas e atualizadas14,16,17.
As escolas, ao considerarem o TDAH e bus­
carem conhecimento sobre esse transtorno neu­
robiológico, podem encaminhar essas crianças
para centros de referência e minimizar, além das
situações habitualmente ambientais, os impactos
sobre a aprendizagem. O olhar da escola sobre
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 200-4
202
Rede de apoio social na vida do indivíduo com TDAH e seus cuidadores
a criança com TDAH deve manifestar-se no
sentido de não ficar somente sobre o extremo de
manifestações, mas acolher tanto aqueles que
chamam muita atenção em sala de aula devido
a sua maneira impulsiva, agitada e agressiva,
como também aqueles que somente são extremamente desatentos14,16,18.
A rotina de trabalho dos professores é um
desafio diário que tem que ser enfrentado pela
educação brasileira e acolhido pelas políticas
públicas. Nesse processo concentra-se o fundamental papel das Redes de Apoio Social, ao
fortalecer a importância do professor em relação
ao desempenho do aluno com TDAH na escola
e mostrar a necessidade de articulação dos pais,
escola e profissionais que atendam à criança,
pois é muito complexa a compreensão do processo de aprendizagem de uma criança com TDAH.
O desempenho escolar da criança com TDAH
é inexplicavelmente irregular ao longo de sua
vida, sendo necessária a atuação mais efetiva e
consciente dos seus participantes8,10,14.
Nesse caso, o acolhimento individualizado e
a ênfase sobre a relação entre a aprendizagem
e as emoções podem amenizar o sofrimento das
crianças e adolescentes com TDAH frente ao processo de aprendizagem e aos relacionamentos
interpessoais que se estabelecem no ambiente
escolar14.
É por meio do trabalho interdisciplinar e do
desenvolvimento de uma rede de apoio social
que acontecerá a eficácia do tratamento do
TDAH. É justamente por meio de abordagens
individuais com a criança com TDAH, com medicação, acompanhamento psicológico, terapias
específicas, técnicas pedagógicas adequadas; e
estratégias para as outras pessoas que convivem
com ele, como terapia para os pais ou família,
esclarecimento sobre o assunto para pais e professores, treinamento de profissionais especializados, que será gerada uma resposta emocional
positiva19. Uma vez determinado o TDAH, se faz
necessário o trabalho multidisciplinar envolvendo pais, professores e terapeutas20.
SUMMARY
Social support network in the life of individuals with
attention deficit disorder and hyperactivity and their caregivers
In this article, the authors discuss the role of social support networks in
the treatment and monitoring of children and adolescents with Attention
Deficit Disorder and Hyperactivity.
KEY WORDS: Attention Deficit Disorder with Hyperactivity. Mental
Disorders Diagnosed in Childhood. Social Support.
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Paulista de Neuropsicologia, Universidade Federal de
São Paulo (UNIFESP), São Paulo, SP, Brasil.
Artigo recebido: 21/5/2015
Aprovado: 30/6/2015
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 200-4
204
Resenha: As crianças mais inteligentes
do mundo: e como elas chegaram lá
RESENHA
Resenha: As crianças mais inteligentes
do mundo: e como elas chegaram lá
Itale Cericato
Resenha do livro: Ripley A. As crianças mais inteligentes do mundo:
e como elas chegaram lá. São Paulo: Três Estrelas; 2014.
A obra aqui resenhada começou a ser escrita
quando a jornalista americana Amanda Ripley
cobriu, em 2001, os resultados do primeiro exame do Programa Internacional de Avaliação de
Estudantes (PISA, sigla em inglês de Program
for International Student Assessment), um teste
internacional que avalia competências essenciais na solução de problemas cotidianos entre
alunos de quinze anos que frequentam escolas
de diferentes países. Naquela primeira edição
do PISA, os resultados surpreenderam: a Finlândia, e não outros países até então considerados modelos educacionais, alcançou a primeira
colocação. Motivada por esse resultado, Ripley
quis saber o que a Finlândia estava fazendo de
tão especial e, para tanto, empreendeu uma
longa e ampla pesquisa envolvendo estudantes,
pais, gestores educacionais e professores.
Naturalmente, assim como todo texto, trata-se de uma obra que não pode ser lida de modo
acrítico. Ripley escreve com um claro viés: compreender por qual razão seu país não está no
topo do mundo educacional e chamar a atenção
das instituições de ensino americanas para isso.
Apesar desse direcionamento e embora não se
trate de uma pesquisa científica desenvolvida
por profissionais da área da Educação, os dados
não podem ser desmerecidos, porque despertam
interessantes reflexões que se relacionam diretamente com a qualidade da educação escolar oferecida para crianças e adolescentes. Tais dados
podem se tornar ainda mais relevantes se pensados em relação com o panorama educacional
brasileiro, bastante comprometido, uma vez que
nosso país ocupa as últimas posições no PISA.
Para compor a pesquisa, Ripley acompanhou
de perto a experiência de três jovens que foram
estudar na Finlândia, na Coreia do Sul e na
Polônia. Adicionalmente, contou ainda com a
participação de duas centenas de estudantes
intercambistas que responderam a um questio­
nário pela Internet. A obra se divide em três
partes e, em cada uma delas, a autora relata a
ex­­­periência de um desses jovens em seu respectivo país de destino.
As constatações da pesquisa indicam que o
sucesso educacional depende, como não poderia
deixar de ser, de uma complexa combinação de
fatores. Algumas particularidades foram identificadas entre os países que apresentam elevado
desempenho educacional, embora alguns aspectos tenham se mostrado comuns. Dentre esses
últimos, três, em particular, despertam a atenção:
a participação dos pais no processo escolar dos
Itale Cericato – Psicóloga, Mestre em Psicologia, Douto­
ra em educação: psicologia da Educação, Docente na
Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), Diadema,
SP, Brasil.
Correspondência:
Itale Cericato
Rua Jaci, 164 – apto. 164 – Chácara Inglesa – São
Paulo, SP, Brasil – CEP 04140-080
E-mail: [email protected]
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 205-7
205
Cericato I
filhos, a qualidade da formação de professores
e a importância atribuída pelo país à educação.
Sobre o primeiro aspecto, cabe assinalar que
as crianças com melhores notas são aquelas
cujos pais preocupam-se em dedicar-lhes tempo,
seja com a leitura diária desde os primeiros anos
da escolarização, seja conversando com elas sobre assuntos cotidianos e atuais. Contudo, Ripley
destaca que a participação voluntária em eventos
e atividades na escola não apresenta nenhuma
implicação significativa no aprendizado porque
o importante é o que se faz em casa (p.171).
O valor atribuído ao sucesso escolar é outra
questão de fundamental importância que se
revela, de um lado, pelo prestígio conferido
à carreira do professor e, de outro, pelas altas
expectativas que se nutrem em relação às crian­­­
ças. Esse valor incide no segundo aspecto men­­­
cionado: a qualidade da formação docente. Nos
países com elevado desempenho no PISA, são
selecionados para cursarem as faculdades de
formação de professor apenas aqueles candidatos que foram considerados bons alunos no
ensino médio. Além disso, as instituições de
formação são extremamente prestigiosas porque se acredita que os estudantes merecem ser
ensinados pelos melhores e mais bem preparados professores do mundo. Na Finlândia, por
exemplo, as instituições que não selecionam os
melhores candidatos perdem o credenciamento
e as verbas governamentais de custeio, como
informa Ripley (p.135): “O rigor começa já no
início, na hora de ingressar na carreira – que é
o momento certo –, e não após anos exercendo
a profissão, com complexos sistemas de avaliação criados com o intuito de extirpar os piores
profissionais e destinados a desmoralizar todos
os demais”.
A formação dos professores finlandeses alia
a teoria à prática. Durante o processo de formação, os professores estagiam nas melhores
escolas públicas do país e são supervisionados
por orientadores. Uma vez exercendo a atividade profissional, eles possuem tempo, todos os
dias, para observar as aulas dos colegas, para
dividir planos de aula e soluções de problemas
em uma dinâmica que busca ser facilitada pela
maior parte dos diretores de escola: “Não existe
melhor maneira de preparar um aspirante a
professor para o ensino do que colocá-lo para
dar aulas – e depois fornecer a ele uma avaliação
criteriosa com comentários e opiniões sobre como
melhorar” (p.149).
O prestígio dos professores também se mostra
em termos salariais, embora exista controvérsia
quanto à relação entre salários altos e qualidade de ensino. É evidente, no entanto, destaca
Ripley, que remunerações mais elevadas contribuem para atrair para a docência professores
com formação mais sólida, além de mantê-los no
emprego por mais tempo. Assim, o salário dos
professores nos países com êxito educacional é
similar aos salários pagos a outros profissionais
com formação equivalente.
A importância social atribuída pelos países
à educação – terceiro aspecto mencionado por
Ripley – mostrou-se uma questão cultural. Por
exemplo, ao passo que as crianças americanas
dedicam boa parte de seu tempo a atividades
esportivas, as sul-coreanas estudam doze horas
por dia, todos os dias úteis da semana.
“Nos Estados Unidos, os esportes ocupa­
vam um papel central na vida dos estudantes e na cultura escolar, o que não
se via na maioria das superpotências
educacionais [...]. Em muitas escolas
dos Estados Unidos, os esportes incutiam liderança e persistência em um
grupo de alunos, ao mesmo tempo que
privavam todos eles da concentração e
dos recursos necessários aos estudos.
A lição a se tirar não era que esportes e
educação não poderiam coexistir, mas
sim que esportes nada tinham a ver com
educação”. (p.185)
Embora o exemplo sul-coreano seja apresentado pela autora como um modelo que produz
sucesso educacional, considera-se necessário
avaliá-lo com cuidado. Primeiramente porque
o sucesso dos estudantes decorre, basicamente,
de sacrifícios desumanos concretizados em numerosas horas de estudo. São estudantes que
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 205-7
206
Resenha: As crianças mais inteligentes do mundo: e como elas chegaram lá
passam o dia inteiro na escola e ainda enfrentam
uma jornada noturna em escolas preparatórias
semelhantes ao que no Brasil chama-se “cursinho pré-vestibular”. Frequentar essas escolas
preparatórias, no entanto, depende do poder
aquisitivo de uma família que possa pagar por
elas. Tanto esforço se justifica porque ingressar
em uma boa universidade na Coreia do Sul
significa garantia de bom emprego e salário.
Dessa forma, a preparação dos estudantes para
o ensino superior é um compromisso não só individual, mas familiar. Vale observar, todavia, que
todo esse esforço privado – isto é, do indivíduo
e da família –, o qual pode parecer o indício de
um sucesso, decorre, na verdade, de um fracasso
tanto das políticas públicas educacionais quanto
das próprias escolas públicas. O foco e o rigor
com que se considera a educação são pontos
diferenciais, sem dúvida, mas os exageros cometidos em nome disso devem ser observados
com atenção.
Ainda em termos culturais, de modo geral,
Ripley evidencia nos países pesquisados a motivação, a persistência e a autodisciplina dos
estudantes como características importantes
para o alcance dos resultados desejados: “Por
diferentes razões culturais e históricas, a maior
parte dos países mais inteligentes do mundo
parece entender a importância da resiliência
acadêmica” (p. 311). Isso significa dizer que as
crianças podem cometer erros para que depois
retomem o trabalho porque, assim, acredita-se,
elas desenvolvem autonomia, persistência, integridade e sabem trabalhar com afinco, arcando
com as consequências de seus atos.
Nos países estudados por Ripley, tratar a
educação com rigor implica uma postura de
não deixar nenhum estudante para trás, ou seja,
alunos mais pobres possuem mais professores
que se debruçam sobre eles ao menor sinal de
dificuldades com a aprendizagem, demonstrando que acreditam no potencial de melhora do
desempenho de todos. Possuir uma dificuldade
de aprendizado é considerado, nesses países,
algo passageiro e não pejorativo porque altas
expectativas são nutridas em relação a todos.
Ripley afirma que as pessoas levam a educação
a sério, porque a escola é séria e é séria porque
todo mundo concorda que é assim que deve
ser (p.290).
Por fim, trata-se de uma obra cuja leitura vale
para todos os que se interessam pela qualidade
da educação que se produz no Brasil. A pesquisa de Ripley tem o mérito de sistematizar o que
fazem as superpotências educacionais, muito
embora não se possa dizer que esses achados
sejam desconhecidos da escola brasileira porque
as temáticas levantadas pela autora americana
circulam em nossos meios, seja no âmbito da
pesquisa científica, seja no âmbito das políticas
educacionais. O problema é que não nos basta
somente conhecer o que fizeram outros países
na busca por uma educação de excelência. Falta
ao Brasil, antes da adoção de qualquer medida,
eleger a educação como prioridade nacional,
a exemplo do que fizeram os países estudados
por Ripley, uma vez que medidas educacionais
tendem a ser mais bem sucedidas quando implementadas em conjunto e no contexto de uma
combinação de ações.
Resenha realizada na Universidade Federal de São
Paulo (UNIFESP), Campus Diadema, Diadema, SP,
Brasil.
Artigo recebido: 12/8/2015
Aprovado: 16/8/2015
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 205-7
207
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Resumo dos Trabalhos
C ategorias O ral e P ôster
REALIZAÇÃO
Associação Brasileira
de Psicopedagogia
Tel.: 11 3085.7567
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SEDE DO CONGRESSO
FECAP
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Liberdade - São Paulo/SP
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INFORMAÇÕES, INSCRIÇÃO
EXPOSIÇÃO E PATROCÍNIOS
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APOIO
22 a 24 de outubro de 2015
FECAP - São Paulo - SP
Comissões
Presidente do Congresso
Luciana Barros de Almeida (GO)
Vice-Presidente do Congresso
Edimara de Lima (SP)
Comissão Científica
Marisa Irene Siqueira Castanho (Sp) - Coordenadora
Galeára Matos de França Silva (Ce) - Coordenadora
Andréa Aires Costa (Ce)
Clarissa Farinha Candiota (Rs)
Débora Silva Castro Pereira (Ba)
Evelise Labatut Portilho (Pr)
Fabiani Ortiz Portella (Rs)
Francisca Francineide Cândido (Ce)
Heloísa Beatriz Alice Rubman (Rj)
Iara Caierão (Rs)
Joyce Maria Barbosa de Pádua (Pi)
Luciana Queiroz Bem Portella (Ce)
Márcia Alves Simões Dantas (Sp)
Maria Alice Moreira Bampi (Sc)
Maria Cristina Natel (Sp)
Maria Irene de Matos Maluf (Sp)
Neide de Aquino Noffs (Sp)
Regina Rosa dos Santos Leal (MG)
Pareceristas ad hoc:
Gilca Lucena Kortmann (Rs)
Janete Carrer (Go)
Leá Chuster Albertoni (Sp)
Márcia Siqueira de Andrade (Sp)
Maria Cecília Castro Gasparian (Sp)
Marisa Claudia Jacometo Durante (Mt)
Rosa Maria Junqueira Sccichitano (Pr)
Sonia Maria Colli de Souza (Sp)
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 208-65
209
22 a 24 de outubro de 2015
FECAP - São Paulo - SP
Comissão Organizadora
Quézia Bombonatto (Sp) - Coordenadora
Ana Paula Loureiro e Costa (Rj) - Coordenadora
Cheila Araújo Mussi Montenegro (Es)
Janaína Cristiane Guidi Pereira (Mg)
Loriane Ferreira (Pr)
Lucila Menezes Guedes Monferrari (Go)
Maria Alice Moreira Bampi (Sc)
Maria Alice de Santana Resende (Pi)
Maria José Weyne Melo de Castro (Ce)
Maria Katiana Veluk Gutierrez (Rj)
Maria Nazaré do Vale Soares (Pa)
Maria Teresa Messeder Andion (Sp)
Marilene Ribeiro de Azevedo (Go)
Nielza Silva Maia de Souza (Se)
Nilzan Gomes Santos (Ba)
Sandra Lia Nisterhofen Santilli (Sp)
Walderlene Ramalho (Df)
Conselho Vitalício da ABPp
Edição comemorativa – 35 anos da ABPp no Brasil
1983-1984 | 1987-1988
Leda Maria Codeço Barone
1985-1986
Edith Rubinstein
1989-1990
Beatriz Judith Lima Scoz
1991-1992
Mônica Hoehne Mendes
1993-1994
Maria Célia Malta Campos
1995-1996 | 1997-1998
Neide de Aquino Noffs
1999-2001
Nívea Maria de Carvalho Fabrício
2002-2004
Maria Cecília Castro Gasparian
2005-2007
2008-2010 | 2011-2013
Maria Irene Maluf
Quézia Bombonatto
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 208-65
210
22 a 24 de outubro de 2015
FECAP - São Paulo - SP
A
APRESENTAÇÃO
Associação Brasileira de Psicopedagogia, assegurando a promoção e a
divulgação dessa área de conhecimento, promove de 22 a 24 outubro
de 2015, o X Congresso Brasileiro de Psicopedagogia, cujo tema
é: “Releituras de Conceitos e Práticas Psicopedagógicas – o aprender em
diferentes contextos”.
Esse tema oportuniza mostrar a trajetória da Psicopedagogia nesses 35
anos de atuação da ABPp no Brasil, onde nos respaldamos na ética, na qualidade da formação do psicopedagogo e no comprometimento com a ciência,
caminho pelo qual alcançamos, além do reconhecimento social, a conquista
de um espaço para exercitar a interdisciplinaridade, dialogando com outros
profissionais que transitam entre as áreas da educação e da saúde em prol da
aprendizagem.
De modo a enriquecer a programação científica desse evento, diversifica­
mos os eixos temáticos que percorrem os variados espaços e abordagens que
compõem os estudos em Psicopedagogia, assim selecionamos nossos convidados, dentre eles profissionais renomados e qualificados em sua prática
profissional, garantimos a participação de palestrantes de diversos estados
brasileiros, além de outros países da América Latina.
Para compreender e aprimorar as releituras e os avanços dos conceitos e
das práticas em Psicopedagogia, a ABPp organiza esse momento ímpar para
promover um encontro primordial com nossos pares, visando ao bem-estar e
à melhoria da nossa própria aprendizagem e da aprendizagem de cada um
que está conosco.
Teremos um ambiente privilegiado onde se juntam alta qualificação científica e cultural.
Confiantes da importância desse momento histórico e satisfeitos em receber vários psicopedagogos e demais profissionais interessados, já desejamos
a todos um Congresso repleto de aprendizagem.
Luciana Barros de Almeida
Presidente do X Congresso Brasileiro de Psicopedagogia
Associação Brasileira de Psicopedagogia
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 208-65
211
22 a 24 de outubro de 2015
FECAP - São Paulo - SP
X Congresso Brasileiro de Psicopedagogia
22 a 24/outubro de 2015, São Paulo-SP
Auditório da Fecap - Av. Liberdade, 532
Realizado pela Associação Brasileira de Psicopedagogia
Tema: “Releituras de Conceitos e Práticas Psicopedagógicas - O aprender em diferentes contextos”
22/outubro 2015 – quinta-feira
8h às 10h
Credenciamento
Cursos Pré-Congresso – Parte 1
9h às 12h
Curso (C1)
Aprendizagem e desenvolvimento das funções executivas: atenção e memória
Ementa:
Definição e caracterização da aprendizagem e das funções executivas numa visão neurocientífica - o
processo atencional; os vários tipos de atenção; aspectos neurofisi ológicos da atenção; déficits de atenção;
atenção vs. interesse; função executiva; condições favoráveis para o processo atencional; atenção e
aprendizagem; definição e caracterização dos processos de memória; tipos de memória: longo prazo,
memória operacional; o processo de formação de memórias; memória e aprendizagem. Como estimular
as funções executivas em crianças, adolescentes e adultos: planejamento, organização, flexibilidade
mental, atenção voluntária e memória operacional. Orientação familiar; orientação escolar; desenvolvendo
técnicas e procedimentos de estudo; elaboração de agenda e organização das lições de casa. Reflexão sobre
a importância e relevância do trabalho de estimulação e desenvolvimento da atenção voluntária e da
memória operacional no ambiente escolar, retomando conceitos e fases do desenvolvimento. Apresentação
de propostas concretas para a realidade escolar. Discussão e construção de outras possibilidades de trabalho
com os conceitos discutidos.
TELMA PANTANO (SP)
Fonoaudióloga e Psicopedagoga do Serviço de Psiquiatria Infantil do Hospital das Clínicas da Faculdade
de Medicina da USP (FMUSP), Vice-coordenadora do Hospital dia Infantil do Instituto de Psiquiatria da
FMUSP, Especialista em Linguagem, Mestre e Doutora em Ciências pela FMUSP, Master em Neurociências
pela Universidade de Barcelona - Espanha, Professora e Coordenadora dos Cursos de Neurociências e
Neuroeducação pelo CEFAC, Pós-doutora em Psiquiatria pela FMUSP.
CRISTIANA C. A. ROCCA (SP)
Psicóloga, Especialista em Psicologia Hospitalar em Avaliação Psicológica e Neuropsicológica pela USP,
Especialização em Psicodrama pela Associação de Psicodrama e Sociodrama Revolução Creadora Rc,
Mestrado em Psicologia (Neurociências e Comportamento) pela USP, e Doutorado em Ciências pela USP.
Atualmente, é psicóloga supervisora no Serviço de Psicologia e Neuropsicologia do Instituto de Psiquiatria do
Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP e professora da Universidade São Camilo.
Curso (C2)
Intervenção em dislexia pela consciência fonológica: abordagem em neuroaprendizagem
Ementa:
Cada vez mais é de extrema importância o conhecimento do cérebro no âmbito da intervenção com
alunos com dificuldades de aprendizagem. Nesse curso, os participantes perceberão a importância dessa
estimulação através da consciência fonológica associada à estimulação cerebral, tendo ainda contato
com materiais e métodos inovadores das Neurociências comprovadamente de sucesso para alunos com
problemas de leitura e escrita.
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 208-65
212
22 a 24 de outubro de 2015
FECAP - São Paulo - SP
9h às 12h
RAFAEL PEREIRA (Portugal)
Possui doutoramento em Novos Contextos de Intervenção Psicológica em Educação, Saúde e Qualidade
de Vida pela Universidade de Extremadura (2009). Tem experiência na área de Educação, com ênfase em
Dificuldades de Aprendizagem. É Especialista em Dislexia e Dificuldades de Aprendizagem e Professor.
É autor de obras didáticas e multissensoriais. Atualmente, é Diretor Geral e Coordenador da Equipe
Multidisciplinar de Avaliação e Intervenção em Dislexia e Dificuldades de Aprendizagem da 'Disclínica'.
É pós-doutorando pela USP em Ciências da Reabilitação. Além de várias participações em Congressos,
faz formação a nível nacional e internacional de professores, psicopedagogos, psicólogos, técnicos
de reabilitação e terapeutas da fala/fonoaudiólogos, em instituições como a Associação Brasileira de
Psicopedagogia, que trabalham com crianças com distúrbios relacionados à aprendizagem.
Curso (C3)
Jogo: matrizes lógicas na intervenção psicopedagógica
Ementa:
O jogo Matrizes Lógicas é um instrumento usado para estimular no sujeito habilidades que permitam um
melhor desenvolvimento da estrutura cognitiva e, em consequência, uma melhor aprendizagem.
DÉBORA SILVA DE CASTRO PEREIRA (BA)
Doutora em Educação - Universidade Autônoma de Barcelona; Psicopedagoga; Pedagoga; Coordenadora e
professora do curso de pós-graduação em Psicopedagogia - Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública;
Conselheira eleita - ABPp Nacional; Conselheira Vitalícia - ABPp Seção Bahia.
Curso (C4)
Grupos de aprendizagem: um recurso de intervenção psicopedagógica
Ementa:
O curso tem como objetivo relatar a experiência da equipe da Síntese – Centro de Estudos, Desenvolvimento
e Aperfeiçoamento da Aprendizagem (Curitiba/PR) sobre a intervenção psicopedagógica em grupo, e
apresentar a fundamentação desta prática que articula saberes da teoria e técnica de grupos operativos
(Enrique Pichon-Rivière) e a Psicopedagogia concebida a partir da Epistemologia Convergente (Jorge Visca).
LAURA MONTE SERRAT (PR)
Pedagoga (PUCPR), com formação em Psicopedagogia e em Teoria e Técnica de Grupos Operativos pelo CEP
Curitiba em parceria como o CEP de Buenos Aires. Especialista em Psicologia Escolar e da Aprendizagem
(PUC Campinas); Mestre em Educação pela UFPR. Autora de livros e artigos científicos nas áreas de educação
e psicopedagogia. Atua em consultório e é docente em cursos de pós-graduação e aperfeiçoamento. Na
ABPp, faz parte do Conselho Nato da Seção Paraná Sul.
SIMONE CARLBERG (PR)
Pedagoga (UFPR), com formação em Psicopedagogia e em Teoria e Técnica de Grupos Operativos pelo
CEP Curitiba em parceria como o CEP de Buenos Aires; autora de livros e artigos científicos nas áreas de
Educação e Psicopedagogia. Atua em consultório e é docente em cursos de pós-graduação e aperfeiçoamento.
Atualmente, faz parte do Conselho Administrativo da ABPp Seção Paraná-Sul, gestão 2014/2016.
Curso (C5)
Habilidades de autoregulación y las implicaciones para el aprendizaje: predictores de desempeño
académico y social
Ementa:
El aprendizaje autorregulado se vincula con el uso de un amplio repertorio de estrategias cognitivas
adecuadas al contexto y a las tareas dirigidas a la consecución de metas concretas. Implica el desarrollo
de habilidades de automonitoreo y reflexión metacognitiva y la consecuente percepción positiva de
autoeficacia. El desarrollo de la capacidad autorregulatoria está asociado directamente con el rendimiento
académico y la competencia social de acuerdo con lo reportado en estudios longitudinales. Cómo se
desarrolla esta habilidad o cuál es el rol de la escuela en su construcción son interogantes que deberían
instalarse en todo proyecto educativo.
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22 a 24 de outubro de 2015
FECAP - São Paulo - SP
9h às 12h
SANDRA TORRESI (Argentina)
Licenciada en Educación, Universidad de Quilmes. Psicopedagoga. Especializada en Neuropsicologia por
la Universidad de Buenos Aires. Doctoranda en Psicología por la Universidad de Palermo. Vicepresidente
de la Sociedad Iberoamericana de Neuroeducación. Directora de Neurociencia Educacional. Consultora
Internacional de proyectos educativos de los gobiernos de Perú y Nicaragua. Docente de postgrado de la
Universidad de Azuay, Ecuador y de las universidades de la M. Mercante, Morón y Flores de Argentina.
Investigadora sobre conductas de hostigamiento y fortalezas del carácter. Co-autora de ‘Dificultad de
Aprender’ de Editorial Ediba y de numerosos artículos de difusión.
12h às 13h30
Intervalo para Almoço
13h30 às 15h30
Cursos Pré-Congresso – Parte 2 continuação
16h às 17h
Cerimônia de Abertura Oficial
LUCIANA BARROS DE ALMEIDA – Presidente da ABPp
Apresentação Cultural
Projeto Sinfônico Eszterhaza do Mosteiro São Geraldo de São Paulo
Orquestra Jovem
Responsável: ELISABETH PEISSNER SERTÓRIO
17h às 18h
(CM6) – Conferência Magna
Como Viver em Terra 2 ?
Ementa:
Terra 2 é, em aparência, bastante semelhante à Terra 1. Sua geografia e seus habitantes são quase iguais.
Mas é só. Do nascimento à morte, passando pelo amor, pela educação, pelo trabalho, tudo é muito diferente
nesse novo planeta globalizado. Vamos ver como foi a viagem que nos trouxe à Terra 2 e o que se espera de
um professor nesse novo planeta.
JORGE FORBES (SP)
Psicanalista e médico psiquiatra. AME – Analista Membro da Escola Brasileira de Psicanálise e da Escola
Europeia. Doutor em Teoria Psicanalítica pela UFRJ. Doutor em Ciências pela USP, Faculdade de Medicina.
Mestre em Psicanálise pela Universidade de Paris VIII. Membro da Associação Mundial de Psicanálise. Preside
o Instituto da Psicanálise Lacaniana – IPLA e dirige a Clínica de Psicanálise do Centro do Genoma Humano –
USP. Curador do Café Filosófico – TV Cultura. Recebeu o prêmio Jabuti por um dos seus livros: “Inconsciente
e Responsabilidade – Psicanálise do Século XXI”.
18h30 às 19h30
Comemoração dos 35 Anos da ABPp
(AE7) Exclusiva para Associados da ABPp
Palestra-show: Nas trilhas da vida – “Problemas são oportunidades de criar recursos para viver melhor”.
Celebrando a vida, desde a infância até a maturidade, essa palestra-show dá dicas para enfrentar os
principais desafios que encontramos no caminho, aprimorando o desenvolvimento pessoal e a qualidade dos
relacionamentos familiares, sociais e profissionais.
Convidada Especial: MARIA TEREZA MALDONADO (RJ)
Mestre em Psicologia pela PUC-RIO, onde lecionou no Departamento de Psicologia; tem 40 livros publicados
sobre relações familiares, desenvolvimento pessoal e construção da paz, entre os quais Comunicação entre
pais e filhos (Integrare Editora) e o livro-show Nas trilhas da vida (Ed. Jaguatirica).
19h30 às 20h30
Sessão de Autógrafos
Momento com Autores – Lançamentos e Relançamentos de Livros
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 208-65
214
22 a 24 de outubro de 2015
FECAP - São Paulo - SP
23 de outubro 2015 – Sexta-feira
8h às 10h
(TC8) APRESENTAÇÕES DE TRABALHOS CIENTÍFICOS
Comunicação Oral e Sessão de Pôster
10h às 10h20
Intervalo
10h20 às 11h10 Palestras
(P09) Construção de procedimentos e estratégias de intervenção psicopedagógica: da psicanálise ao
paradigma da Neurociência
Ementa
Como as experiências moldam a arquitetura do cérebro e constituem o sujeito. Neuroconexões e
aprendizagem. Desejo e Conhecimento. Manejo e Intervenção em Psicopedagogia.
NÁDIA BOSSA (SP)
Doutora em Psicologia e Educação pela USP, Mestre em Psicologia da Educação pela PUC/SP. Psicopedagoga
pela PUC/SP, Neuropsicóloga pelo Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, Psicóloga e Pedagoga.
Pesquisadora CNPq, Conselheira editorial e Parecerista da Fundação Carlos Chagas, FAPESP, editora Vozes e
vários periódicos da área. Vinte e dois anos de experiência clínica e na docência, supervisão e coordenação
de cursos de especialização em psicopedagogia e graduação em psicologia em diversas universidades entre
elas PUC-SP, Metodista, PUC-Minas, Federal de Uberlândia. Professora em cursos de Mestrado e Doutorado.
Diretora do Centro de Estudos e Atendimento Psicopedagógico (CEAP). Autora de diversos livros na área da
psicopedagogia. Possui ainda livros traduzidos na Espanha e inúmeros capítulos de livros publicados em
parceria com renomados colegas da área.
(P10) Dislexia: controvérsias e contradições
Ementa
A dislexia, vista agora como um transtorno do desenvolvimento, nos mostra inúmeras novas facetas, até
então desconhecidas, como: o seu caráter genético e fisiológico, suas comorbidades altamente significativas
que podem afetar e agravar o quadro, além de transformar sintomas primários em secundários de maior
intensidade. Assim com o avanço científico, não podemos lidar com o problema do não aprender a ler e
escrever como fatores únicos, mas diferenciados que requerem intervenção clínica e pedagógica para que se
possa amenizar o problema.
SYLVIA CIASCA (SP)
Professora Dra. Associada III da Faculdade de Ciências Médicas/UNICAMP; Livre-Docente em Neurologia
Infantil, FCM/UNICAMP; Coordenadora do Laboratório e Centro de Referência sobre Distúrbios da
Aprendizagem e Transtornos da Atenção - DISAPRE, FCM/UNICAMP; Líder do Grupo de Desenvolvimento,
Escolaridade e Aprendizagem – CNPq.
(P11) O jogo como ferramenta na superação das dificuldades de aprendizagem de matemática
Ementa
O objetivo dessa palestra é o de propiciar aos participantes uma reflexão sobre o papel problematizador dos
jogos e a importância da sua utilização como ferramenta de ensino e de aprendizagem de matemática. Serão
analisadas as contribuições do Jogo dos Restos para a compreensão do conceito de multiplicação, tomando
como base uma intervenção pedagógica realizada em sala de aula, usando o referido jogo, bem como os
problemas que o jogo coloca aos alunos e os seus modos de enfrentamento, tendo como referencial a teoria
construtivista piagetiana.
ANA RUTH STAREPRAVO (PR)
Doutora em Educação pela USP (Ensino de Ciências e Matemática) e Mestre em Educação pela UFPR
(Cognição e Aprendizagem). Licenciada em Pedagogia pela UFPR, atuou como professora nos anos iniciais
e no Ensino Superior (PUCPR) e como coordenadora pedagógica da educação Infantil ao Ensino Médio. É
autora da obra "Jogando com a Matemática: números e operações", aprovada no PNBE 2010. Coautora em
diferentes publicações na área educacional. Atualmente, trabalha com Formação de Professores em todo o
território Nacional e como docente nos cursos de pós-graduação em Psicopedagogia Clínica e Institucional da
PUC-PR e da Universidade Positivo.
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10h20 às 11h10 (P12) O estigma da mente: transformando medo em conhecimento
Ementa
Serão apresentadas novas intervenções do Projeto Cuca Legal (UNIFESP) para o desenvolvimento
socioemocional e a saúde mental na Escola, será discutido o impacto do medo e negligência dos aspectos
emocionais na educação.
RODRIGO AFFONSECA BRESSAN (SP)
Psiquiatra, PhD pelo King’s College London, Diretor do LiNC – Laboratório de Neurociência Integrativa que
trabalha com sofisticadas técnicas de Neuroimagem funcional, Genética, Neuropsicologia e biomarcadores.
Autor de mais de 100 artigos científicos de alto impacto, patente e dedicado à disseminação de conhecimento
sobre saúde mental. Coordenador do Projeto Cuca Legal que trabalha com educação socioemocional e em
saúde mental na Escola. Autor de diversos livros entre eles “Saúde Mental na Escola – o que os educadores
devem saber”.
11h20 às 12h10 Palestras
(P13) As letras falam: como podemos facilitar o aprendizado da leitura e da escrita no processo de
alfabetização
Ementa
Fundamentação da proposta; competências e habilidades envolvidas no aprendizado da leitura e da escrita de
sistemas alfabéticos; apresentação de amostra sequencial das atividades para alfabetização.
JAIME ZORZI (SP)
Fonoaudiólogo, Especialista em Linguagem e Aprendizagem, Mestre em Distúrbios da Comunicação e Doutor
em Educação. Atua no atendimento de crianças e jovens com alterações da linguagem oral e escrita. Presta
assessoria e consultoria junto a rede pública e privada de ensino. Trabalha na formação de professores e
outros profissionais da área da aprendizagem e educação. Diretor e professor do CEFAC Saúde e Educação.
Autor de várias obras sobre linguagem oral, escrita, aprendizagem e transtornos de aprendizagem. Autor de
"As letras falam: metodologia para alfabetização".
(P14) Neurociência e Educação: hora de conectar
Ementa
A Neurociência já reúne um poderoso conjunto de evidências sobre como o cérebro aprende, e como se
comunica com outro no contexto ensino-aprendizagem. É preciso agora estabelecer pontes entre essa
informação científica e as práticas educacionais. Como poderemos construí-las, eis a questão.
ROBERTO LENT (RJ)
Graduado em Medicina pela UFRJ, com Mestrado e Doutorado no Instituto de Biofísica (UFRJ), e pósdoutoramento no Massachusetts Institute of Technology. Professor Titular da UFRJ, Membro Titular da
Academia Brasileira de Ciências, Pesquisador 1A do CNPq, e Cientista do Nosso Estado da FAPERJ. Na UFRJ,
chefia o Laboratório de Neuroplasticidade do Instituto de Ciências Biomédicas. Possui numerosos trabalhos
científicos sobre desenvolvimento, plasticidade e evolução do cérebro, bem como livros de divulgação da
neurociência para adultos e crianças.
(P15) A sociedade em evolução e o impacto sobre o diagnóstico psiquiátrico infanto-juvenil
Ementa
Nessa palestra, serão abordados temas como a forma pela qual mecanismos neurobiológicos são afetados
por mudanças ambientais, levando a alterações das apresentações fenotípicas dos transtornos mentais
na infância, bem como a ação de mecanismos evolucionários e da pressão ambiental imediata sobre a
prevalência e a definição fenotípica desses quadros. Discute-se como mudanças de paradigma podem avançar
o diagnóstico em saúde mental na infância e adolescência.
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11h20 às 12h10 LUÍS AUGUSTO ROHDE (RS)
Professor Titular de Psiquiatria - UFRGS; Professor da Pós-Graduação em Psiquiatria - USP. CoordenadorGeral do Programa de TDAH do HCPA. Participou do grupo de trabalho sobre Transtorno de Déficit de
Atenção/Hiperatividade e Transtornos Disruptivos do Comportamento da DSM-5, Associação Americana
de Psiquiatria. Presidente da World Federation of ADHD. Ex-Vice-Presidente da International Association of
Child and Adolescent Psychiatry and Allied Disciplines (IACAPAP). Vice-coordenador do Instituto Nacional de
Psiquiatria do Desenvolvimento para a Infância e Adolescência. Pesquisador nível 1A CNPq. Atuou por 7 anos
como Coeditor da European Child and Adolescent Psychiatry, atualmente é editor emérito da Revista Brasileira
de Psiquiatria, editor Associado da Attention Deficit and Hyperactivity Disorders e editor internacional do
Journal of the American Academy of Child and Adolescent Psychiatry. Publicou mais de 200 artigos científicos,
50 capítulos de livros ou editoriais, e é organizador ou editor de 8 livros sobre saúde mental de crianças e
adolescentes no Brasil, Inglaterra, Alemanha e EUA. Tem cerca de 4000 citações per doc e Índice H = 33.
(P16) Neurociencias y resiliência em la escuela
Ementa
La resiliencia es una habilidad para brindar respuestas adaptativas y superadoras ante condiciones adversas.
Si embargo, su descripción y análisis requiere tener en cuenta que es un proceso dinámico de interacción
permanente con el contexto. En la actualidad numerosas investigaciones asocian esta capacidad con los
logros educativos, por ejemplo,nen estudiantes adolescentes. ¿Cómo se desarrolla? ¿Cuál es el rol de la
escuela en este desarrollo?
SANDRA TORRESI (Argentina)
Licenciada en Educación, Universidad de Quilmes. Psicopedagoga. Especializada en Neuropsicologia por
la Universidad de Buenos Aires. Doctoranda en Psicología por la Universidad de Palermo. Vicepresidente
de la Sociedad Iberoamericana de Neuroeducación. Directora de Neurociencia Educacional. Consultora
Internacional de proyectos educativos de los gobiernos de Perú y Nicaragua. Docente de postgrado de la
Universidad de Azuay, Ecuador y de las universidades de la M. Mercante, Morón y Flores de Argentina.
Investigadora sobre conductas de hostigamiento y fortalezas del carácter. Co-autora de Dificultad de
Aprender de Editorial Ediba y de numerosos artículos de difusión.
12h10 às 13h50 Intervalo para Almoço
13h50 às 15h20 Mesas em Diálogos
(M17) DESAFIOS DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA E A AÇÃO DOCENTE
O mal estar na escola.
Ementa
Partindo-se do pressuposto de que educar é ocupar o lugar do adulto e que novos desafios estão implicados
na realidade atual de sala de aula, faz-se importante discutir, problematizar as práticas em educação pelo
viés da complexidade, do brincar, do viver criativo e do pensar em rede. Em tempos de mal-estar na escola,
como está a autoridade de pais e educadores?
CLEON CEREZER – (RS)
Psicólogo Clínico. Especialista em Psicoterapias Psicanalíticas de Crianças e Adolescentes. Idealizador do
Centro de Apoio Transdisciplinar em Capão da Canoa/RS, onde é Supervisor em Psicologia Clínica, Psicologia
Escolar/Educacional e de Psicopedagogia. Membro da Comissão Editorial da Rabisco Revista de Psicanálise,
da qual é membro fundador e revisor. Coautor dos livros Autoridade e Mal-estar do Educador e O Mal-estar
na Escola, ambos com José Outeiral. Professor de cursos de extensão em Psicologia Clínica e no curso de Pósgraduação em Psicopedagogia Clínica e Institucional do CEPOG/RS. Palestrante e autor de vários capítulos
em outros livros e tradutor do livro Pensamento em Rede.
Portfólio: instrumento de metacognição para professores em seu processo de formação reflexivo
Ementa
Este trabalho pretende mostrar a importância do processo reflexivo na atividade docente. Para tal propomos
a utilização do portfólio como instrumento para estimular a metacognição do profissional, propiciando,
assim, a autoavaliação de sua atuação.
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13h50 às 15h20 MÔNICA MENDES (SP)
Pedagoga; Psicopedagoga; Terapeuta de Casal e Família; Mestre em Psicologia; Docente em cursos de
Graduação (licenciatura) e Pós-Graduação Lato Sensu; Orientação profissional; Orientação de monografias.
Curso de Formação pela Escuela Psicopedagógica de Buenos Aires – EPSIBA; Presidente da Associação
Brasileira de Psicopedagogia no biênio 91/92; Conselheira Vitalícia da Associação Brasileira de Psicopedagogia
– Nacional; Presidente fundadora da Associação Brasileira de Psicopedagogia - Seção São Paulo 2003/2007;
Conselheira Vitalícia da Associação Brasileira de Psicopedagogia - Seção São Paulo; Supervisão em
Psicopedagogia Institucional e Clínica; Palestrante e autora de artigos em revistas e livros; Tem experiência na
área de Educação, com ênfase em dificuldades de aprendizagem e gestão.
(M18) INTERLOCUÇÕES ENTRE A APRENDIZAGEM E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Educação inclusiva no cotidiano escolar
Ementa
A educação inclusiva ainda é um obstáculo no cotidiano escolar. A começar pela própria definição de inclusão,
profissionais da educação não encontram suporte suficiente para fortalecerem seus conhecimentos sobre o
assunto. Limitações físicas e intelectuais são as primeiras relações estabelecidas com a inclusão no cenário
brasileiro. Raramente são mencionados os "transtornos invisíveis", como a dislexia, o déficit de atenção, a
discalculia, as abordagens emocionais, as inadaptações escolares, etc. Portanto, desde a sua definição, a "inclusão"
acaba sendo "exclusiva". É de suma importância que alunos que aprendem de maneiras diferentes sejam
atendidos. Uma criança com dislexia pode ser tão ou mais marginalizada em uma sala do que uma criança que
usa cadeira de rodas. Inclusão significa diferenciar tanto o currículo de ensino, como as maneiras de ensinar
(respeito a modalidade de aprendizagem) e avaliar alunos. Uma educação inclusiva se inicia por adequar o espaço,
o conteúdo ensinado, os recursos com os quais se ensina e o tempo no qual tudo isso acontece.
NÍVEA FABRICIO (SP)
Psicóloga, Terapeuta Familiar, Psicopedagoga, Presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia
(1999/2001), Editora da Revista Graphein, Organizadora de Livros e autora de diversos artigos
publicados em Revistas Científicas e livros na área da Educação, Membro do Conselho Editorial da Revista
Psicopedagogia (desde 1995), experiência como Diretora de Berçário, colégio bilíngue e atual diretora do
Colégio Graphein (especializado em dificuldades de aprendizagem). Atual Presidente da ANDEA (Associação
Nacional de Dificuldade de Ensino e Aprendizagem). Mestre em Psicologia – Doutora em Psicologia.
Cartografia do trabalho educativo na proposta de educação escolar de orientação inclusiva
Ementa
A abordagem cartográfica permite analisar, criticamente, as interlocuções entre os educadores e suas práticas
pedagógicas de orientação inclusiva, tendo por base observações, estudos e pesquisas que possibilitem
algumas formas de expressão a respeito da aprendizagem e participação de qualquer aluno, em especial dos
que apresentam manifestações de deficiências.
ROZITA EDLER (RJ)
Magistério, Pedagogia, Orientação Educacional, Psicologia, Mestre em Psicologia, Doutorado em Educação;
Neuropsicologia. Docente de Ensino Superior; Ex-Secretária Nacional de Educação Especial/MEC; ExCoordenadora Setorial de Educação Especial do RJ; Ex-Diretora do Instituto de Psicologia da UERJ.
Consultora da Federação Nacional das APAEs, Pesquisadora em Inclusão Educacional Escolar; Palestrante;
Pesquisadora convidada do Instituto de Psicologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); Autora
de livros sobre aprendizagem humana, inclusão e neuropsicologia.
(M19) PERCURSOS DA PSICOPEDAGOGIA BRASILEIRA: O MOVIMENTO ENTRE O SABER E O FAZER
Aspectos bioéticos: formação pessoal e profissional do psicopedagogo
Ementa
Formação pessoal e profissional do Psicopedagogo considerando-se o caráter informativo e formativo,
estruturado na autocrítica, bem como nos aspectos bioéticos, além da formação científica e teórica e no
compromisso profissional. Construção da identidade profissional do psicopedagogo em uma relação dialética,
desenvolvidas pelos sujeitos de acordo com sua história, criados a partir do estabelecimento de suas sinapses
sociais, portanto a reflexão sobre a sua práxis é elemento indispensável junto à sua formação contínua, para
a consolidação de um exercício de autonomia profissional.
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13h50 às 15h20 GILCA LUCENA KORTMANN (RS)
Doutorado (2009) e Mestrado (1997) em Educação pela Universidade UNISINOS. Professora e Coordenadora
da graduação e pós-graduação em Psicopedagogia do Centro Universitário La Salle -Canoas/RS. Professora
do Mestrado em Saúde e Desenvolvimento Humano-UNILASALLE-Canoas. Pesquisas na área de Educação e
Promoção em Saúde. Coordenadora o NAPSI-Núcleo de atendimento Psicopedagógico Unilasalle. Especialista
em Psicopedagogia, Educação Especial, Psicomotricidade, Estimulação Precoce para bebês com patologias,
Terapia de Casal e Família (CEFI) e Neuropsicologia (UFRGS). Estudos Lacanianos em criança e adolescência
pelo Centro Lydia Coriat (1993). Vice-Presidente da ABPp-RS 2011-2013 e 2014-2016. Tem experiência na
área de Educação, com ênfase em Educação Especial por mais de 30 anos. Participo en la Sesión de formación
sobre Derechos Humanos, derecho a la educación y educación a los derechos humanos en Genebra/ONUUNESCO-2011.
História da produção científica em Psicopedagogia no Brasil, do fazer ao saber
Ementa
Apresenta o percurso da produção científica brasileira em Psicopedagogia nos últimos 25 anos. Propõe a
recuperação da memória desse campo de conhecimento, apreendendo parte do estado da arte. Discorre
sobre temáticas pesquisadas, principais lacunas e métodos científicos utilizados, caracterizando o
pesquisador da Psicopedagogia. Oferece aos profissionais interessados visão sobre recursos disponíveis para o
aprofundamento de práticas e pesquisas em Psicopedagogia.
MÁRCIA SIQUEIRA DE ANDRADE (SP)
Professora Doutora em Psicologia da Educação pela PUC/SP, atuou como psicopedagoga clínica por mais
de 25 anos. Implantou e coordenou o curso de Graduação em Psicopedagogia (bacharelado) do UNIFIEO
até 2014. Atualmente, é responsável pela Clínica-escola de Psicopedagogia do UNIFIEO, coordenadora do
curso de Especialização em Psicopedagogia do UNIFIEO, coordenadora e professora titular do Programa
de Psicologia Educacional do UNIFIEO (Mestrado e Doutorado), pesquisadora, com artigos publicados em
diversos países, autora de vários livros.
(M20) TENDÊNCIAS DA TECNOLOGIA NO CENÁRIO DA APRENDIZAGEM
Mídias sociais e aprendizagem
Ementa
Vamos discutir o uso de mídias sociais na Educação, em especial plataformas de redes sociais online, e como
isso afeta as relações entre os professores e alunos. Também serão brevemente apresentados conceitos da
Comunidade de Investigação (CoI), análise de redes sociais e análise de ensino e de aprendizagem (teaching
and learning analytics).
SEAN WOLFGAND MATSUI (RJ)
Doutor em Informática pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio, 2005); Professor
associado da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). Tem experiência na área de Ciência
da Computação, com ênfase em Sistemas de Informação e Informática na Educação. Foi o coordenador
do Programa de Pós-Graduação em Informática (PPGI) da UNIRIO de julho/2012 a setembro/2014;
Atualmente, está no comitê organizador do Congresso Brasileiro de Informática na Educação - CBIE 2015,
além de ser um dos editores-chefes da iSYS: Revista Brasileira de Sistemas de Informação, Vice-coordenador
da Comissão Especial de Sistemas de Informação (CESI) da Sociedade Brasileira de Computação (SBC) e um
dos membros da Comissão Especial de Informática na Educação (CEIE) da SBC.
Uma nova dimensão para a aprendizagem
Ementa
Reflexão sobre como a tecnologia pode ajudar na emancipação do sujeito, potencializando a construção de
uma nova sociedade. Perceber a dimensão virtual como uma grande possibilidade de troca de saberes, em
cooperação, para busca constante da compreensão do processo de aprendizagem que rompe com a cultura da
transmissão de informações e nos conduz para a cultura da comunicação colaborativa.
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13h50 às 15h20 MARIA DA GRAÇA VON KRUGER PIMENTEL (ES)
Possui graduação em Pedagogia pela Universidade Federal do Espírito Santo (1978) e mestrado em Educação
pela Universidade Federal do Espírito Santo (2004). Trabalhou como psicopedagoga em atendimentos
individuais e de grupo em escolas de ensino fundamental, médio e superior. Foi psicopedagoga da Escola
Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia de Vitória. Tem experiência em Tecnologia Educacional.
De 1998 a 2013, coordenou a Associação Brasileira de Psicopedagogia- Núcleo Espírito Santo, que desenvolve
trabalhos ligados à educação permanente e orientação de atendimentos psicopedagógicos. Leciona em Curso
de Pós-Graduação.
15h20 às 16h10
Palestras
(P21) Intervenção psicopedagógica nas dificuldades de leitura e escrita a partir da avaliação
neuropsicológica
Ementa
Dificuldades de leitura e escrita são multicausais; logo, diferentes intervenções podem ser necessárias
conforme as características de cada caso. Essa palestra exemplificará como a avaliação neuropsicológica pode
auxiliar a identificar pontos fortes e áreas deficitárias, orientando intervenções mais eficazes.
ALESSANDRA GOTUZO SEABRA (SP)
Psicóloga, doutora e com pós-doutorado em Psicologia pela USP. Docente e pesquisadora dos Programas
de Mestrado e Doutorado em Distúrbios do Desenvolvimento da Universidade Presbiteriana Mackenzie.
Desenvolve pesquisas e tem publicações principalmente sobre desenvolvimento infantil, neuropsicologia,
alfabetização, dislexia, funções executivas, autorregulação e intervenção precoce. Coordenadora do Grupo de
Neuropsicologia Infantil. Bolsista de Produtividade pelo CNPq, autora de livros, artigos científicos e capítulos
de livros na área.
(P22) Saúde emocional: transtornos disruptivos na infância e adolescência
Ementa
Os transtornos disruptivos (TDAH, T. Oposição e desafio e T. de conduta) estão entre os transtornos da
infância e da adolescência mais prevalentes. Pesquisas mostram que crianças portadoras desses transtornos
apresentam maiores dificuldades de alfabetização e alcance acadêmico. Além de maior vulnerabilidade ao uso
de álcool e outras drogas, esses transtornos também estão relacionados com a evolução para a delinquência
e criminalidade.
IVETE GIANFALDONI GATTÁS (SP)
Formada em Medicina em 1983 (UNIFESP), psiquiatra da Infância e da Adolescência. Coordenadora da
Unidade de Psiquiatria da Infância e Adolescência (UPIA)/ UNIFESP. Professora do CESMIA (Curso de
Especialização em Saúde Mental da Infância e da Adolescência) da UPIA/UNIFESP.
(P23) Tecnologias digitais: educação 3.0 e os recursos educacionais emergentes
Ementa
Com a popularização dos dispositivos móveis e da Internet, emerge um novo perfil de aluno: mais crítico,
participativo e que é estimulado por desafios. Nessa palestra, faremos uma análise das mudanças que vêm
ocorrendo na sociedade, seu impacto na Educação e as possibilidades apresentadas por esses recursos para
viabilizar estratégias de ensino que engajem mais os alunos na aprendizagem.
LUCIANA ALLAN (SP)
Professora Doutora em Educação pela Faculdade de Educação/ USP, Mestra em Ciências da Comunicação
pela ECA/USP, redatora dos PCNs em Ação e PCNs + Conceitos Estruturantes para o MEC, idealizadora da
Avaliação de Práticas Educacionais Inovadoras apoiadas pelas tecnologias digitais, autora do Guia Crescer
em Rede, financiado pela Fundação Odebrecht e do curso Melhor Gestão, Melhor Ensino para a Secretaria de
Educação do Estado de São Paulo. Diretora técnica do Instituto Crescer, onde há mais de 10 anos coordena
projetos na área de Educação, muitos deles voltados à formação de professores para adoção de tecnologias
digitais nas estratégias de ensino e aprendizagem. Articulista da Revista Profissão Mestre, Blog da Revista
Exame e do Portal Educar para Crescer.
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15h20 às 16h10
(P24) Qualidade de vida na infância e adolescência: aspectos do desenvolvimento na fase escolar
Ementa
Qualidade de vida na infância e adolescência: conceito, histórico e instrumentos.
FRANCISCO ASSUMPÇÃO (SP)
Professor livre docente pela Faculdade de Medicina da USP, Professor Associado do Instituto de Psicologia da
USP, Membro da Academia Paulista de Medicina (cadeira 103) e Psicologia (cadeira 17).
16h10 às 16h30 Intervalo
16h30 às 17h40 Workshop
(W25) DIÁLOGOS SOBRE A FORMAÇÃO DO PSICOPEDAGOGO E DO EDUCADOR: CONCEPÇÕES
TEÓRICAS E PRÁTICAS
Formação pessoal do psicopedagogo e do educador: sentidos do aprender e do ensinar
Ementa
A formação pessoal de psicopedagogos e educadores tem sido tema de discussões recorrentes por parte
dos profissionais dessas áreas e das pesquisas acadêmicas. A construção da subjetividade será apresentada
como algo que possibilita uma leitura subjetiva para a formação pessoal, utilizando-se o Jogo de Areia
como recurso. A leitura das cenas apresentadas no Jogo de Areia será realizada a partir de concepções
psicopedagógicas e psicanalíticas.
BEATRIZ SCOZ (SP)
Pós-doutorado em Educação pela Universidade Federal de Brasília/UnB; Doutorado e Mestrado em Psicologia
da Educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo-PUC/SP; Psicopedagoga pelo Instituto Sedes
Sapientiae e pela Escola de Psicopedagogia de Buenos Aires/EPSIBA; Psicanalista pelo Centro de Estudos em
Psicanálise-CEP/SP. Participou da implantação de cursos de pós-graduação lato sensu em Psicopedagogia
na Universidade Federal do Rio Grande do Norte; Universidade Católica de Pernambuco; Centro de Estudos
Superiores de Maceió e Faculdades Pio Décimo em Aracajú (1996-2000), atuando também como docente
e supervisora de estágios; Ex-presidente e sócia fundadora da Associação Brasileira de Psicopedagogia;
Pesquisadora integrante e ex-coordenadora do GT da ANPEPP: "Subjetividade, Ensino e Aprendizagem";
Membro e Ex-Representante Nacional da Sociedade Interamericana de Psicologia/SIP; Ex-Diretora do
Departamento de Educação Infantil da Secretaria Municipal da Educação em São Paulo/SME; Palestrante,
organizadora de vários livros e autora de artigos científicos e livros, dentre eles: “Psicopedagogia e Realidade
Escolar” e “Identidade e Subjetividade de Professores: sentidos do aprender e do ensinar”.
Estratégias para formação do psicopedagogo e do educador no contexto de jogos
Ementa
Discutem-se as principais linhas de projetos de formação do psicopedagogo, tendo o construtivismo como
método, sendo os jogos um contexto para a prática da reflexão e a tomada de consciência dos processos de
aprendizagem dos alunos e do papel do psicopedagogo como orientador desses processos.
MARIA CÉLIA MALTA CAMPOS (SP)
Doutora em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano (IP-USP), psicopedagoga clínica, consultora
escolar. Participou da implantação de cursos de Psicopedagogia em diversas instituições no Nordeste, atuando
também como docente e supervisora de estágios. Atual presidente da Associação Brasileira de Brinquedotecas.
Integra o GT "Desenvolvimento, Saúde e Educação" da ANPEPP. Organizadora e coautora das obras "Atuação
Psicopedagógica Institucional’ (2012) e "Oficinas de Jogos e Construção do Conhecimento" (2015), tem várias
publicações nos temas: avaliação e intervenção psicopedagógica, jogo e aprendizagem, mediação e formação
docente.
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16h30 às 17h40 (W26) Atualidades e perspectivas escolares da educação no Brasil
Ementa
A partir da aprovação do Plano Nacional de Educação, em junho de 2014, o Brasil tem um novo mapa de
navegação na educação básica e superior. As perspectivas são boas, mas o desafio imenso. Além das metas para
garantir o acesso de todos, existe a qualidade a ser alcançada. Planejar uma escola que garanta a aprendizagem
e, ao mesmo tempo, seja democrática e contemporânea. As melhores experiências são aquelas que traduzem
em práticas os conceitos da educação integral: flexibilização dos tempos e espaços, diálogo com o território,
integração de políticas, para garantir o desenvolvimento físico, intelectual, afetivo e social das pessoas.
MARIA PILAR LACERDA (BH)
Graduada em História pela Universidade Federal de Minas Gerais, Especialização em Gestão de sistemas
Educacionais/PUC-MG; Professora de História em escolas privadas e públicas de 1976 a 2001; Diretora
do Centro de formação de Professores da Prefeitura da Cidade de Belo Horizonte; Secretária Municipal de
Educação da cidade de Belo Horizonte – 2002 a 2007; Presidente Nacional da União Nacional dos Dirigentes
Municipais de educação 2005 a 2007; Secretária Nacional de Educação Básica do Ministério da Educação –
2007 a 2012; Diretora da Fundação SM/Brasil.
(W27) Plasticidade cerebral e aprendizagem
Ementa
Na palestra "Plasticidade cerebral e Aprendizagem", são abordados os seguintes aspectos: desenvolvimento
cerebral normal desde a concepção até a idade adulta, considerando os aspectos da plasticidade cerebral
normal; plasticidade cerebral no sistema nervoso lesado; tipos de aprendizagem e sua relação com o
desenvolvimento do cérebro normal e lesionado.
NEWRA TELLECHEA ROTTA (RS)
Graduação em Medicina - UFRGS, 1963; Especialização em neurologia infantil - USP, 1964; Livre Docência
em Neurologia - "Avaliação Neurológica Evolutiva, Eletrencefalográfica e Psicológica em crianças com
Rendimento Escolar Deficiente" - Fundação Faculdade Federal de Ciências Médicas, Porto Alegre, 1975
(FFFCMPA); Professora de Pós-Graduação e Graduação na UFRGS de 1973 a 2007; Professora e Coordenadora
dos Cursos de Extensão e de Educação Médica Continuada em Neurologia Infantil e Neurologia do RecémNascido até 2007; Fundadora e Coordenadora da Residência Médica em Neurologia Pediátrica no HCPA de
1985 a 2007; Professora de Neurologia da FFFCMPA de 1965 a 1989; onde iniciou a unidade de Neurologia
Infantil do Departamento de Neurologia e Neurocirurgia, tendo formado lá vários especialistas; Professora
do Curso de Neurologia para Profissionais das Áreas da Saúde e Educação desde 2007.
(W28) Cuidando e educando no século XXI: mitos e ciência do desenvolvimento humano
Ementa
Os primeiros anos de vida da criança são determinantes para sua saúde mental e irão determinar como
serão as próximas fases do desenvolvimento. Cuidados, afeto e limites é a tríade necessária para que um
sujeito possa criar o 'sentimento de pertinência' ao mundo, às pessoas e às possíveis escolhas que faça.
Também temos que compreender o funcionamento normal do Sistema Límbico, principalmente a dinâmica
da amígdala cerebral, cujos recentes estudos nos mostram sua participação nos processos comportamentais
cognitivos, que envolvem a aprendizagem, a motivação, a angústia e a construção da afetividade. Essa
palestra organizará esses conceitos com o objetivo de levar aos ouvintes uma compreensão mais profunda
da dinâmica do psiquismo humano e os danos que ocorrem quando os cuidados não se fazem saudáveis às
necessidades intrínsecas da formação desse psiquismo.
IVAN CAPELATTO (SP)
Psicoterapeuta de crianças, adolescentes e famílias; Mestre em Psicologia Clínica pela PUC-CAMP; Supervisor
e professor do GEIC de Londrina - PR; (grupo de estudos e pesquisas em psicopatologias da família, da
infância e da adolescência); Professor convidado do curso de Terapia Breve Familiar do The Milton H.
Erickson Foundation Inc. (Phoenix, Arizona, e New York, NY, USA); Colaborador da UNESCO com o Projeto
de Vida, apoio do jornal O Estado de São Paulo; Professor-convidado do Curso de Medicina da Família e da
Comunidade da Faculdade de Medicina da UNICAMP; Escritor e conferencista.
17h40
Finalização das atividades do dia
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FECAP - São Paulo - SP
24 de outubro - Sábado
8h às 10h
(TC29) APRESENTAÇÕES DE TRABALHOS CIENTÍFICOS
Comunicação Oral e Sessão de Pôster
(TC30) Encontro de Coordenadores e Docentes de Cursos de Psicopedagogia
10h00 às 10h20
Intervalo
10h20 às 11h10
Palestras
(P31) Abordagem sistêmica no contexto da psicopedagogia dinâmica: o uso do construcionismo
social como dissolução de desafios e conflitos
Ementa
O Psicopedagogo que intervém em contextos institucionais ou clínicos se depara com desafios e conflitos que
demandam capacidade para dialogar com os agentes presentes nos diferentes sistemas, a fim de construírem
juntos o "empoderamento" necessário para encontrar possíveis caminhos que conduzam à dissolução de
conflitos. Pretende-se nessa oportunidade descrever experiências clínicas e institucionais indicadoras de
gerenciamento em equipe.
EDITH RUBINSTEIN (SP)
Psicopedagoga, Mestre em Psicologia da Educação, Terapeuta Familiar pelo Instituto Família e, Aplicadora de
PEI e formadora pelo Instituto ICELP de Jerusalém, Coordenadora e docente do "Centro de Estudos Seminários
de Psicopedagogia". Autora da obra: O estilo de aprendizagem e a queixa escolar: entre o saber e o conhecer,
Casa do Psicólogo, 2003; organizadora das obras: Psicopedagogia: uma prática, diferentes estilos, Casa do
Psicólogo, 1999; Psicopedagogia: fundamentos para a construção de um estilo, Casa do Psicólogo, 2006.
(P32) Inclusão – Leitura e compreensão leitora
Ementa
Essa palestra tem o objetivo de desconstruir mitos sobre compreensão leitora por meio de propostas de atuação
tão simples e eficazes, que todos os educadores desejarão aplicar no dia seguinte. É possível fazer inclusão no
Brasil? Sim. Desde que tenhamos em mente a meta, a nossa capacidade executiva, as etapas a serem seguidas
e a colaboração do professor. O tema – Leitura e compreensão leitora – é de grande importância, uma vez que
todos precisam da leitura para serem capazes de analisar, julgar e criar conteúdos e saberes.
ANA MARIA BADRA MAAZ DE A. ALVAREZ (SP)
Graduada em Fonoaudiologia pela Universidade Federal de São Paulo e Doutora em Ciências pela
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Especialista na área de Linguagem com ênfase em
Neuroaudiologia. Atua de forma dedicada nas seguintes áreas: memória, processos de aprendizagem,
treinamento cognitivo, processamento auditivo, comunicação, atenção e alfabetização. Professora de
comunicação no Instituto de Ensino e Pesquisa – Insper. Autora de livros sobre memória, comunicação e
Liderança. Atua também como consultora na área.
(P33) Disgrafia e disortografia: diagnóstico diferencial e estratégias de intervenção
Ementa
A escrita é, sem dúvida, uma das habilidades mais importantes na sociedade atual. Tarefas simples e
rotineiras do cotidiano não poderiam ser realizadas com facilidade sem o domínio da linguagem escrita.
Aprender a escrever, no entanto, não é um processo simples, já que depende de dois fatores que se
completam, ou seja, o desenvolvimento e integração do sistema nervoso (SN) e a estimulação oferecida
pelo meio social. A disfunção do sistema nervoso central pode resultar em transtornos da expressão escrita
e, nesses casos, tem o que se denomina de disgrafia e disortografia. Pouco estudados na literatura, esses
transtornos são praticamente desconhecidos no contexto escolar e clínico, fato que tem contribuído para o
baixo desempenho acadêmico e, por vezes, para prejuízos em outras áreas do desenvolvimento da criança
(emocional, por exemplo). Nesse sentido, é importante que sejam precocemente identificados, diferenciados
e tratados. Isso requer conhecimento estruturado sobre a disgrafia e a disortografia, bem como sobre
as estratégias adequadas de intervenção (clínica e institucional), específicas a cada caso. Com isso, podese minimizar os efeitos desses transtornos na vida dos indivíduos, que convivem com a dificuldade na
expressão escrita no seu cotidiano.
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10h20 às 11h10
SONIA DAS DORES RODRIGUES (SP)
Graduação em Pedagogia (UNICAMP). É Especialista em Psicopedagogia (PUC-Campinas) e em
Psicomotricidade e Educação, com título obtido pela International Organization of Psychomotricity and
Relaxation. Mestre e Doutora em Ciências Médicas (Área de Neurologia) pela FCM-UNICAMP. Atua como
Pedagoga no Departamento de Neurologia da FCM/UNICAMP e como Pesquisadora do DISAPRE/FCM/
UNICAMP e do CIAPRE. Atualmente, é Presidente do Capítulo Paulista da ABENEPI (Associação Brasileira de
Neurologia, Psiquiatria Infantil e Profissões Afins), biênio 2013-2015.
(P34) Funções executivas, plasticidade cerebral e aprendizagem: enfoque biopsicossocial
Ementa
O envolvimento das Neurociências com a educação é um fato bastante recente na história da formação de
professores, bem como no dia-a-dia das escolas, e professores modernos iniciaram uma inovadora busca
de respostas para o comportamento de seus alunos, não só no que se relaciona com os processos naturais
da aprendizagem, mas também no que se relaciona às dificuldades encontradas. Paralelamente a isto, a
compreensão da estrutura biopsicossocial do homem nos remete diretamente a uma lógica estruturante para
a pedagogia moderna, constituindo base para a inclusão das Ciências fisiológicas, mais especificamente as
Neurociências, como alicerce para a compreensão de comportamentos e processos cognitivos humanos.
INGRID TARICANO (SP)
Professora Licenciada em Ciências, Biomédica, mestrado em Neurotransmissores - UNIFESP e doutorado
pela Universidade de São Paulo, formação em Reprotox na Universidade de Surey- Inglaterra e Toxicologia
Inalatória -Fraunhofer Institute for Toxicology and Experimental Medicine - Hannover. Atualmente,
professora contratada da UNINOVE (Medicina) com colaboração nos cursos de Biomedicina, Farmácia e
Biologia. Professora convidada para o curso de Psicopedagogia pelas Universidades Católica de Salvador,
Escola Baiana de Medicina, UNASP, UNISA, Universidade Potiguar de Natal, UNIGRAD e PUC de SP. Para o
curso de Neuroaprendizagem e Neuroeducação na UNIGRAD. Membro titular do CONCEA, representante do
Ministério da Ciência e Tecnologia, MCTI, para o biênio 2009 – 2011, reconduzida para o biênio 2012-2014.
Atualmente, membro do comitê gestor da rede de biotérios no CNPq, representando a Sociedade Brasileira
para o Progresso da Ciência - SBPC.
11h20 às 12h30
Workshop
(W35) Psicopedagogia e Neuroaprendizagem: avaliação e intervenção
Ementa
A Psicopedagogia constitui um campo de atuação em Educação e Saúde, de natureza inter e transdisciplinar,
que privilegia conhecimentos fundamentados em referenciais teóricos capazes de ampliar a compreensão do
processo de aprendizagem. Consideramos Neuroaprendizagem, a princípio, como o estudo do processo como
se dá o aprender, sob o aspecto neurocognitivo. Estudos científicos mostram que, ao longo do crescimento da
criança e do jovem, o desenvolvimento neurológico não ocorre de modo linear e nem similar nas diferentes
áreas do seu cérebro, determinando fases nas quais, o sucesso no aprender pode depender da adequação
de estratégias de ensino às características dessas etapas. O domínio de tal conhecimento constitui um
instrumento de trabalho valioso, quando aplicado na sala de aula ou na clínica psicopedagógica, quer na
avaliação ou na intervenção.
IRENE MALUF (SP)
Pedagoga e especialista em Educação Especial, Psicopedagogia e Neuroaprendizagem; foi presidente da
Associação Brasileira de Psicopedagogia (triênio 2005/2007),da qual é atualmente Membro do Conselho
Vitalício e Editora da Revista Psicopedagogia (desde 2003). Organizadora e co-organizadora de diversos
livros e autora de vários artigos na área da Psicopedagogia. Sócia Honorária da Associação Portuguesa
de Psicopedagogos. Trabalha em consultório particular desde 1976, com experiência na área de Educação
Regular e Especial, ênfase em Psicopedagogia e Neuroaprendizagem. Diretora do Núcleo de Estudos
Avançados em Dificuldades de Aprendizagem, Psicopedagogia e Neuroaprendizagem. Coordenadora
Pedagógica dos cursos de pós-graduação Lato Sensu do Instituto Saber Cultura/FTP - Núcleos Sul e Sudeste
Brasileiro - em Neuroaprendizagem e Transtornos do Aprender, Psicomotricidade e Psicopedagogia.
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11h20 às 12h30
(W36) Diversificando o campo de atuação em Psicopedagogia
Atuação psicopedagógica e envelhecimento ativo: possibilidades e realizações
Ementa
Envelhecimento ativo, qualidade de vida, aprendizagem constante e satisfação pessoal são temas que esse
workshop vai discutir, explicitando através do trabalho desenvolvido em uma oficina da UNATI -PUC-Goiás
como o psicopedagogo pode fazer o papel de mediador entre o idoso e a construção ou reconstrução do
conhecimento, legitimando sua história e promovendo o encontro com o outro e com o desejo de continuar
aprendendo.
JANETE CÁRRER (GO)
Psicóloga, especialista em psicoterapia infantil, psicopedagogia, Sociopsicomotricidade Ramain Thiers, Mestre
em Educação pela UCB. Professor adjunto do Curso de Pedagogia, coordenadora do Curso de Especialização
em Psicopedagogia e coordenadora da oficina Contribuições da Sociopsicomotricidade Ramain Thiers para a
qualidade de vida na Terceira Idade – UNATI-PUC-GO. Atua na área clínica no Núcleo de Desenvolvimento e
Aprendizagem Humana – INTERAÇÃO, com atendimento psicopedagógico a crianças, adolescentes e adultos,
atendimento grupal com pais, professores e idosos. Artigos publicados na área de reabilitação e de trabalho
grupal com idosos.
Atuação psicopedagógica na gerontologia: reabilitação cognitiva
Ementa
Atendendo às exigências do mundo atual frente ao envelhecimento populacional, o workshop visa despertar
o profissional da psicopedagogia para novas frentes de atuação. Demonstrar a utilização de protocolos de
atendimento, a reabilitação cognitiva, com base teórica sobre a ótica da neurociências, psicopedagogia e
gerontologia. Breve oficina de atividades reabilitadoras que estimulem o funcionamento cognitivo do idoso a
fim de retardar, manter e/ou aprimorar a cognição para melhor qualidade de vida do sujeito.
ANA BEATRIZ BEZERRA (DF)
Pedagoga pela Universidade Federal Fluminense (UFF, 1996), Psicopedagoga Institucional e Clínica
(UERJ/1998), Especialista em Neurociências (UFRJ,2012), Mestrado em Ciências Médicas (UERJ/2010)
e Gerontóloga titulada pela SBGG (2014). Calcou sua vida profissional atendendo a área educacional e
clínica, com atendimento clínico psicopedagógico relacionado a dificuldades/déficits de aprendizagem e do
desenvolvimento, com experiência em crianças, adolescentes, adultos lesionados, com doença psiquiátrica e
idosos. Atualmente, atua como professora de pós-graduação nos cursos de Psicopedagogia, EAD em Gestão
de EAD, atendimento Psicopedagógico e Gerontológico. Autora de livros e obras científicas nacionais e
internacionais.
(W37) Por uma escola compatível com o cérebro
Ementa
A construção de pontes entre as Neurociências, a Psicologia e a Pedagogia está promovendo uma
transformação histórica da prática educacional. A partir de evidências científicas sobre como o cérebro da
criança se desenvolve e aprende é possível ao educador, seja ele pai ou professor, se capacitar e oferecer uma
educação compatível com o cérebro, atendendo com singularidade toda a diversidade do desenvolvimento
infantil.
MARCO ARRUDA (SP)
Neurologista da infância e adolescência, mestre e doutor em Neurologia pela Universidade de São Paulo,
autor e coautor de dois livros e 32 publicações em periódicos internacionais indexados. Em 2006 introduziu
no Brasil a Neurociência da Educação através da criação da Comunidade Aprender Criança onde conduz
pesquisas populacionais e publica documentos de acesso gratuito como o boletim Notícias do Cérebro, a
"Cartilha do Educador, educando com a ajuda das Neurociências" e a "Cartilha da Inclusão Escolar, inclusão
baseada em evidências científicas". É diretor do Instituto Glia e do Glia Educacional.
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11h20 às 12h30
(W38) Transtornos do espectro autista e TDAH
Ementa
Conceituação do Transtorno do Espectro Autista (TEA) e do Transtorno de Déficit de Atenção/hiperatividade.
Reflexão sobre possíveis modelos comórbidos entre essas entidades. Análise das principais semelhanças e
diferenças clínicas entre os transtornos. Implicações para o tratamento e prognóstico.
CÉSAR MORAES (SP)
Graduação em Medicina pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1992), Mestre em Ciências
Médicas (Saúde Mental) pela Universidade Estadual de Campinas (1997), Doutor em Ciências Médicas
(Saúde Mental) Universidade Estadual de Campinas (2002). É Professor Titular da Faculdade de Ciências
Médicas, Centro de Ciências da Vida, da Pontifícia Universidade Católica de Campinas. Coordena o Núcleo
de Assistência, Ensino e Pesquisa em Psiquiatria Infantil da PUC-Campinas. Foi Presidente da Associação
Brasileira de Neurologia e Psiquiatria Infantil e Profissões Afins (Biênio: 2005 – 2007). Foi Coordenador do
Departamento de Psiquiatria da Infância e Adolescência da Associação Brasileira de Psiquiatria (Biênio: 20102012).
12h30 às 14h00
Intervalo para Almoço
14h às 15h30
Mesa em Diálogos
(M39) FAMÍLIA E ESCOLA: IMPLICAÇÕES NA APRENDIZAGEM
Rede social, sistema familiar e aprendizagem
Ementa
A concepção de que a inteligência se constrói na interação social é um dos pilares da temática abordada.
Essa interação apresenta uma diversidade de possibilidades. O contexto social retroalimenta as percepções da
realidade e vai criando signos, sinais, indicadores, através dos quais as crianças vão aprendendo a construir
seu mundo e a atuar nele. Sustentar que durante o seu desenvolvimento a criança participa de múltiplos
contextos, implica interatuar necessariamente com eles, assim como considerar a especial influência que
podem ter tido em um momento determinado do seu caminhar. Desde essa epistemologia, é importante
saber, qual o mapa de relações que a criança ou o adolescente opera, e o que é mais importante, como foi o
processo através do qual se construiu esse mapa.
MARIA HELENA BARTHOLO (RJ)
Pedagoga, Psicóloga, Psicopedagoga Clínica, Terapeuta de família e Casal; Diretora do Curso de Formação em
Terapia de Família e Casal do CEFAI (Centro de Estudos de Família Adolescência e Infância) no Rio de Janeiro;
Professora do Núcleo de Psicopedagogia Relacional Sistêmica do CEFAI; Psicopedagoga Clínica. Presidente da
ABPp RJ no período de 2005 a 2007, Conselheira ABPp Nacional período de 2008 a 2013; Organizadora do
Livro "Relatos do fazer Psicopedagógico" (2003); coautora do livro "Conversas para gerar conversas" (2005);
Autora de artigos nos livros: Avaliação Psicopedagógica (2013) Papai, Mamãe, Você... E EU? (2000).
A importância da função materna para a aprendizagem
Ementa
O objetivo do presente trabalho é abordar a importância da função materna na constituição do sujeito,
aproximando-a com a questão da aprendizagem. Para alcançar o objetivo acima utilizarei os conceitos
freudianos de vivência de satisfação, função materna, além do conceito de mãe suficientemente boa de
Winnicott. A partir desse percurso, enfocarei a relação entre a constituição do sujeito e os possíveis entraves
no processo de aprendizagem, como, por exemplo, nos casos de TDAH, dificuldades na leitura e na escrita
entre outros.
PATRÍCIA VIEIRA (SP)
Pedagoga pela PUC- SP; Psicopedagoga pelo Instituto Sedes Sapientiae; Psicanalista; Membro efetivo do
Departamento Formação em Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae; Consultora de projetos de inclusão
escolar; Professora de curso de expansão de inclusão escolar no Instituto Sedes Sapientiae; Organizadora do
livro "Medicação ou Medicalização".
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14h às 15h30
(M40) TEMPO, ESPAÇO E ELEMENTOS DO CONHECIMENTO: PROTAGONISTAS DA APRENDIZAGEM
A função terapêutica da literatura
Ementa
Sabemos que a contribuição da literatura é reconhecida não apenas em situações extremas, mas em qualquer
situação em que a representação de si e o sentido da vida são abalados por perdas e traumas diversos. E uma
dessas situações traumatizantes ainda presentes nos centros urbanizados é, sem dúvida, o analfabetismo.
O problema do analfabetismo insulta a dignidade do homem e dificulta sua inserção social; denigre a
representação que faz de si, assim como o sentido de vida. Dessa maneira, a alfabetização é um grande
desafio para todos e, naturalmente, desafio maior para professores, psicopedagogos e demais educadores.
Considerando que qualquer trabalho que pretenda tratar seriamente do problema do analfabetismo não
poderá deixar de fora o sujeito que aprende sob o risco de elidir a questão, pretendo tratar nesta mesa –
apoiada em contribuições da crítica literária e da psicanálise – de diferentes funções da literatura e seu valor
para a construção e reconstrução do sujeito leitor.
LEDA MARIA CODEÇO BARONE (SP)
Psicopedagoga. Doutora em Psicologia Escolar pelo Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo.
Psicanalista pela Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo. Professora do Programa de Pós-Graduação
em Psicologia Educacional do Centro Universitário FIEO - UNIFIEO. Membro do Conselho Editorial de
Percurso - Revista de Psicanálise e da Revista IDE da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo. Autora
dos livros: "De ler o desejo ao desejo de ler", da Editora Vozes e "Psicopedagogia: Teorias da Aprendizagem",
organizadora junto com Marisa Irene Siqueira Castanho, Ed. Casa do Psicólogo.
O papel da narrativa na formação do psicopedagogo
Ementa
Abordar na perspectiva 'trans e interdisciplinar', o entrelaçar de sentidos e significados no experienciar da
pesquisa-formação. A compreensão/interpretação potencializará na relação singular–plural, a escuta e
compreensão de si, autoria de pensamento e o processo da escrita do sentido ontológico de ser.
IARA MARIA CAMPELO LIMA (SE)
Doutora em Educação/UFBA; Mestre em Educação/UERJ; Especialista em Psicopedagogia /Faculdade Pio
X; Profa. Associada e Diretora do Centro de Ed. e CH da Universidade Federal de Sergipe/UFS; Pesquisadora
Integrante do Núcleo de Pesquisa em Inclusão Escolar da Pessoa com Deficiência e Coordenadora do Grupo de
Estudos e Pesquisa em Educação/UFS; Professora do Curso de Especialização em Psicopedagogia na Faculdade
Pio X; Autora de livro, capítulos e artigos em revistas e eventos científicos.
Psicopedagogia institucional sistêmica
Ementa
Pensar a escola à luz da Psicopedagogia na abordagem sistêmica significa analisar um processo que inclui
questões metodológicas, relacionais e socioculturais, englobando o ponto de vista de quem ensina e de quem
aprende, abrangendo a participação da família e da sociedade. A característica da clínica institucional é de
observar, analisar, avaliar e intervir no processo de ensino e aprendizagem no sentido de provocar mudanças
estruturais e organizacionais na escola e no indivíduo numa postura crítica, ecológica e sistêmica.
MARIA CECÍLIA GASPARIAN (SP)
Psicopedagoga PUC-SP; Terapeuta de Família ITF; Mestre e Doutora em Educação PUC-SP; Presidente
Nacional ABPp 2002-2004.
(M41) TRANSTORNOS DE APRENDIZAGEM E A REALIDADE ESCOLAR: DILEMAS E ALTERNATIVAS
Autismo e alfabetização
Ementa
O processo de alfabetização não é um processo simples em situações dentro do padrão normativo. Se
falarmos de alfabetização no autista, o grau de dificuldade aumenta pelas características que lhe são
inerentes. Antes de aprendermos sobre as dificuldades na alfabetização, importa perceber o que acontece
com a criança autista para que em termos pedagógicos não consiga ou tenha dificuldades em ler. É preciso
perceber quais as lacunas que existem neste processo de aprendizagem específico da criança autista, pois eles
têm um comprometimento em todas as competências que antecedem esta aprendizagem formal.
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14h às 15h30
RAFAEL SILVA PEREIRA (Portugal)
Possui doutoramento em Novos Contextos de Intervenção Psicológica em Educação, Saúde e Qualidade
de Vida pela Universidade de Extremadura (2009). Tem experiência na área de Educação, com ênfase em
Dificuldades de Aprendizagem. É Especialista em Dislexia e Dificuldades de Aprendizagem e Professor.
É autor de obras didáticas e multissensoriais. Atualmente é Diretor Geral e Coordenador da Equipe
Multidisciplinar de Avaliação e Intervenção em Dislexia e Dificuldades de Aprendizagem da 'Disclínica'. É
pós-doutorando pela USP em Ciências da Reabilitação. Para além das várias participações em Congressos, faz
formação a nível nacional e internacional a professores, psicopedagogos, psicólogos, técnicos de reabilitação
e terapeutas da fala/fonoaudiólogos, em instituições como a Associação Brasileira de Psicopedagogia, que
trabalham com crianças com patologias relacionadas com a aprendizagem.
Dislexia e aprendizagem de línguas: a atuação do psicopedagogo nesse novo contexto
Ementa
A sociedade contemporânea, atualmente chamada de sociedade da informação se tornou uma comunidade
transcultural e plurilíngue onde, a partir do fenômeno da globalização, "os destinos dos diferentes povos que
habitam a terra se encontram cada vez mais interligados e imbricados uns nos outros", justificando assim
a importância de se aprender outras línguas. Nesse novo contexto, o campo de atuação do psicopedagogo
se expande, pois em meio a esses cidadãos do mundo há aqueles que apresentam diferenças específicas de
aprendizagem, dentre elas a dislexia, que acomete crianças em idade escolar. E, para que os psicopedagogos
possam atender a essa demanda é preciso buscar conhecimentos transdisciplinares que fundamentam a
práxis. O aprendiz de línguas que é disléxico enfrenta desafios que vão desde o reconhecimento fonológico
da nova língua a ser aprendida a problemas de socialização, baixa autoestima e desmotivação no processo
de aprendizagem. O psicopedagogo pode auxiliar no processo de superação dos desafios que a dislexia impõe
à construção do conhecimento linguístico, tanto na língua materna como na língua alvo, ao promover um
atendimento direcionado à dislexia e à aquisição de linguagem, considerando o aprendiz de forma holística e
o contexto no qual está inserido.
ELISA SOBÉ NEVES (SC)
Mestre em Linguística Aplicada pela Universidade de Brasília (UnB/DF). Mestranda em Multidisciplinary
Studies and Leadership pela State University of New York (SUNY/USA). Especialista em Psicopedagogia
pela Universidade Gama Filho (RJ). Graduada em Pedagogia pelo Centro Universitário Campos de Andrade
(UNIANDRADE/PR). Professora substituta de inglês do Departamento de Letras e Tradução da Universidade
de Brasília. Professora de Inglês Instrumental nos Cursos de Ciência da Computação, Gastronomia e Análise
e Desenvolvimento de Sistemas e Professora de Novas Tecnologias no Processo de Ensino e Aprendizagem
no Curso de Psicologia no Centro Universitário de Brasília (IESB/DF). Professora e conteudista em cursos à
distância (IESB-EaD). Psicopedagoga especializada em dificuldades de aprendizagem relacionadas à aquisição
de linguagem (LM, L2, LE/LA). Experiência na área de Educação, Inclusão, Educação à Distância e Letras
(Inglês), com ênfase em Linguística Aplicada.
(M42) APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO INTELECTUAL NA IDADE ESCOLAR
O aprender e suas significações
Ementa
Reuni significações do processo de aprender, todas elas começando pelo prefixo "re-": repetir, reconhecer,
relacionar, refinar, retocar, regozijar, refletir, recorrer, respeitar e responsabilizar-se. Analisando os termos,
o objetivo foi vincular o aprender àquilo que, pertencendo-nos, pode voltar, ou seja, está à nossa disposição
como valor ou função.
LINO DE MACEDO (SP)
Professor titular (aposentado) do Instituto de Psicologia, da Universidade de São Paulo. É membro da
Academia Paulista de Psicologia e representa o Instituto Pensi, da Fundação José Luiz Egydio Setubal, no
Núcleo Ciência para a Primeira Infância. Estuda os processos de aprendizagem e desenvolvimento do ser
humano em situação de jogos e brincadeiras aplicáveis à educação ou à saúde.
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14h às 15h30
Desenvolvimento na perspectiva histórico-cultural de Vigotski com ênfase na aprendizagem
Ementa
Desenvolvimento na perspectiva histórico-cultural, zona de desenvolvimento iminente, instrução e o espaço
dialógico, conhecimento escolar e modos diversos de operar o pensamento por conceito.
INGRID LILIAN FUHR RAAD (DF)
Doutorado e mestrado em Educação, com Graduação em Pedagogia pela Universidade de Brasília/UnB. É
professora do Centro Universitário de Brasília. Pesquisa sobre os seguintes temas: desenvolvimento humano,
conhecimento científico e conhecimento escolar, desenvolvimento atípico e deficiência, medicalização,
práticas sociais e processos de escolarização.
15h40 às 16h30
Palestras
(P43) Desenvolvimento humano: como a tecnologia e outros produtos impactam o cérebro
Ementa
O conteúdo a ser apresentado abordará vários aspectos do funcionamento do cérebro relacionados ao
manuseio e à utilização de equipamentos de tecnologia de comunicação e outros afins no processo de
aprendizagem dos conhecimentos escolares. Serão apresentadas e discutidas as contribuições recentes da
Neurociências para a compreensão do desenvolvimento humano em contextos com presença significativa de
aparatos tecnológicos e o impacto da tecnologia na formação biológica e cultural do cérebro.
ELVIRA DE SOUZA LIMA (SP)
Formação em Neurociência, Antropologia, Psicologia e Música; Doutora pela Sorbonne - Paris, em Sciences
de l´Éducation; Pós-doutora pela Stanford University, em Antropologia e Linguística em Desenvolvimento
Humano na University of New Jersey e em Educação Multicultural pela University of New Mexico;
Pesquisadora em desenvolvimento humano aplicado à educação, cultura e mídia; Foi pesquisadora do CRESAS
(Paris), Northwestern University, University of Santa Barbara, CNPq, Stanford University, entre outros; Presta
consultoria em secretarias municipais de educação, escolas particulares e empresas. Escritora com vários títulos
publicados. Membro da Comissão Técnico-Científica de Educação Básica da CAPES (2007-2011); Atualmente
seu projeto Escrita para Todos está sendo implantado em redes de ensino e em escolas, assim como o currículo
para Educação Infantil: Escola Espaço Cultural da Infância; Elaborou e coordena o projeto de musicalização nas
escolas “Eu canto, eu me encanto”, voltado para alunos e educadores; Pesquisas atuais: apropriação da escrita,
aprendizagem de matemática e formação de conceitos científicos, desenvolvimento do cérebro musical.
(P44) O impacto da memória operacional na aprendizagem e as novas intervenções que auxiliam o
aprendiz
Ementa
O papel da memória de trabalho na aprendizagem já é estudado em diversos contextos. Grande parte desses
estudos apontam para um impacto importante na alfabetização e aquisição do conhecimento. Indicase um trabalho em conjunto dos aspectos cognitivos e socioemocionais, para que seja construída uma
potencialização dessa aprendizagem. Dessa forma, serão apresentadas novas ferramentas que auxiliam
o aluno a aprender de maneira estimulante e produtiva, com foco em fortalecer a memória de trabalho e
aspectos socioemocionais.
CARINA CHAUBET D’ALCANTE (SP)
Mestre em Ciências pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (2010); Graduada em
Psicologia pela PUC-SP (2004); Atualmente é Technical Development & Academic Affairs na Pearson Clinical
& Talent Assessment Brasil; Psicóloga Supervisora do Serviço de Psicologia e Neuropsicologia do Instituto
de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da (IPq-HCFMUSP); Neuropsicóloga Supervisora na Enfermaria
da Infância e Adolescência do IPq-HCFMUSP; Membro do Conselho Diretor da Sociedade Brasileira de
Neuropsicologia (SBNP) - 2011-2015; Neuropsicóloga pesquisadora do PROTOC (Projeto Transt. do Espectro
Obsessivo-Compulsivo da Fac. de Medicina-USP); Professora Universitária da UNIP (2010-2014); Revisora
dos periódicos: Acta Psychiatrica Scandinavica e PLOs ONE; Certificação internacional pelo Feuerstein
Institute for the Enhancement of Learning Potential, Jerusalém; Mediadora do Programa de Enriquecimento
Instrumental - PEI Standard 1 e 2; Prêmio de Melhor Mestrado em 2011 IPq –HCFMUSP; Experiência na
área de Psicologia, ênfase em Neuropsicologia Clínica, Ensino e Pesquisa; Pesquisadora do uso de testes como
fatores preditivos; Psicoterapia Cognitivo Comportamental de Crianças, Adolescentes e Adultos, Orientação
de Pais, Otimização e Modificabilidade Cognitiva (PEI), Transtornos de Ansiedade, Transtorno ObsessivoCompulsivo, Síndrome de Tourette, e outros transtornos neuropsiquiátricos.
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 208-65
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22 a 24 de outubro de 2015
FECAP - São Paulo - SP
15h40 às 16h30
(P45) Refletindo sobre o cotidiano escolar na educação infantil: espaços para a infância
Ementa
A criança protagonista de ações por meio de espaços planejados pelos educadores respeitando o brincar na
organização de seu cotidiano. Nesta oportunidade apresentaremos e conversaremos sobre estes espaços
visitados no 2º semestre de 2014, que se localizam em 4 cidades do norte da Califórnia, são reconhecidas
pelo World Forum Foundation on Design Group vinculadas a NAREA e servem de referências em nossa
prática.
NEIDE NOFFS (SP)
Profa. Dra. Neide de Aquino Noffs - Doutora em Educação pela Universidade de São Paulo, Psicopedagoga
Clínica e Institucional. Atualmente, é Diretora e Professora da Faculdade de Educação da PUC-SP, Docente do
Programa Stricto Sensu em Educação: Currículo – Linha de Pesquisa: Formação de Professores e Coordenadora
da linha de pesquisa Educação Infantil e o Brincar da PUC-SP. Professora do curso de especialização stricto
sensu Psicopedagogia PUC-SP, Coordenadora do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência
- PIBID/PUCSP e Coordenadora do Projeto Institucional para Formação de professores da Educação básica –
PIFPEB na modalidade presencial e EADPUCSP. Membro da Comissão da elaboração do atual projeto pedagógico
do curso de Pedagogia da PUC/SP. Presidente Vitalícia da ABPp e Coordenadora da Comissão do Conselho
Nacional da ABPp: regulamentação e formação do Psicopedagogo. Assessora institucional em rede municipal
de ensino e responsável pela formação em serviço dos profissionais da Educação.
(P46) Avaliação e intervenção motora em criança com dificuldade de aprendizagem
Ementa
Avaliação do desenvolvimento motor em crianças matriculadas na Educação Infantil, Ensino Fundamental
e Educação Especial, utilizando como instrumento a Escala de Desenvolvimento Motor "EDM" (Rosa Neto,
2002, 2014), considerando os elementos básicos da motricidade humana, tais como: motricidade fina
(movimentos de preensão, precisão e controle óculo motriz); motricidade global (controle motor mais
amplo, dissociação segmentar de membros superiores e inferiores); equilíbrio (controle postural, tônus e
proprioceptivo); esquema corporal (controle da respiração, imagem corporal e representação corporal);
organização espacial (área perceptiva do espaço corporal, noção de direita e esquerda); organização temporal
(memória, ritmo, velocidade, concentração); lateralidade (identificação da preferência lateral, tipos de
lateralidade). Relação entre o desenvolvimento motor e as dificuldades de aprendizagem.
FRANCISCO ROSA NETO (SC)
Doutorado em Medicina do Esporte, Universidade de Zaragoza (Espanha); Mestrado em Deficiência Mental
e Transtornos de Aprendizagem, Universidade de Sevilha (Espanha); especialização em Educação Especial e
Educação Infantil, Centro de Ciências da Saúde (UDESC). Coordenador do Laboratório de Desenvolvimento
Humano e professor do programa de Mestrado e Doutorado em Ciência do Movimento Humano da Universidade
do Estado de Santa Catarina - UDESC. Presidente da Sociedade Brasileira de Motricidade Humana - SBMH.
16h30 às 16h50
Intervalo
16h50 às 17h40
Atividade Exclusiva
(AE47) SESSÃO INÉDITA - HOMENAGEM PÓSTUMA
Despedida de ALÍCIA FERNÁNDEZ
Pontos de partida: A HERANÇA
Ementa
Herdamos uma obra que tem por objetivo possibilitar e fomentar o desenvolvimento da capacidade
de pensar do ser humano e a autoria de pensamento. Uma proposta que amplia o olhar e a escuta do
profissional para a singularidade das diferentes modalidades de aprendizagem e ensino. Um enfoque que
considera a inteligência como desadaptação criativa e a aprendizagem como processo de construção de
si mesmo como pessoa interessante a partir do que recebe do(s) outro(s). Uma abordagem que valoriza
os espaços de heteroestima que podem levar à autoria, além do já conhecido sentimento de autoestima.
Uma postura de "prestar atenção" e desencorajar a hipoatividade, transformando-a em atividade, seja ela
pensante, lúdica e/ou criativa. Uma filosofia de vida que encontra na alegria a potência do aprender e viver
criativo, pois "o contrário da alegria não é a tristeza, mas o aborrecimento, a omissão, o desaparecimento".
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 208-65
230
22 a 24 de outubro de 2015
FECAP - São Paulo - SP
16h50 às 17h40
BEATRIZ MAZZOLINI (SP)
Psicóloga. Especialista em Psicopedagogia Clínica pela Escuela Psicopedagógica de Buenos Aires (EPsiBA).
Mestrado e Doutorado em Psicologia da Aprendizagem e do Desenvolvimento Humano pelo Instituto de
Psicologia da Universidade de São Paulo. Coordenadora do EPsiBA - SP. Membro do Grupo Interinstitucional
de Orientação à Queixa Escolar (GIQE). Docente do Curso de Pós-graduação em Psicopedagogia na
Universidade Paulista.
QUÉZIA BOMBONATTO (SP)
Fonoaudióloga, Bacharel em Matemática, Terapeuta Familiar, Psicopedagoga, Pós-graduada em Psicologia
da Educação. Autora e organizadora de livros na área da Psicopedagogia. Professora em cursos de
psicopedagogia e de atualização de professores da rede pública e privada. Foi Presidente Nacional da
Associação Brasileira de Psicopedagogia - Gestões 2008/2010 e 2011/2013. Conselheira Vitalícia e Diretora
Tesoureira da ABPp, Gestão 2014/2016.
(AE48) Estimulação cognitiva na infância: impacto no desenvolvimento da inteligência das
habilidades socioemocionais
Ementa
Estudos internacionais conduzidos nos últimos anos têm mostrado que as intervenções realizadas com crianças
na pré-escola possuem efeitos significativos sobre o desenvolvimento cognitivo e socioemocional, com impacto
no desempenho escolar nos anos subsequentes. Aplicação de programas de intervenção de alta qualidade na
pré-escola indica que a criança, nos anos seguintes, apresenta: aumento na pontuação em testes de inteligência;
redução nas taxas de repetência na escola; maiores chances de concluir o ensino médio e; menores chances
de serem encaminhados para programas de educação especial. Tais resultados reforçam a supremacia dos
programas de intervenção na pré-escola em comparação aos programas realizados com crianças mais velhas.
ELIZEU COUTINHO MACEDO (SP)
Formado em Psicologia pela Universidade de São Paulo (1991), com mestrado e doutorado em Psicologia
Experimental pela Universidade de São Paulo. Atualmente, é professor adjunto da Universidade Presbiteriana
Mackenzie e Presidente do Comitê de Ética em Pesquisa e da Comissão de Ética no Uso de Animais da mesma
universidade. Foi Coordenador do programa de Pós-Graduação em Distúrbios do Desenvolvimento e é
Coordenador do Laboratório de Neurociências Cognitiva e Social da Universidade Mackenzie. Pesquisador
com produtividade do CNPq.
ROSELAINE PONTES DE ALMEIDA (SP)
Psicopedagoga com formação em Pedagogia. Mestre em Educação e Saúde na Infância e na Adolescência
pela Unifesp. Doutoranda em Distúrbios do Desenvolvimento pela Universidade Presbiteriana Mackenzie.
Coordenadora Técnica do Instituto ABCD. Professora convidada do curso de Especialização em
Psicopedagogia da Universidade Presbiteriana Mackenzie e da Universidade Paulista.
(AE49) Aprendizagem virtuais de aprendizagem, novos rumos
Ementa
Hoje, quando falamos em tendências tecnológicas em educação, dois dos termos mais recorrentes são
mobilidade e nuvem. A união desses dois termos permitiu o surgimento de novos ambientes virtuais
de aprendizagem. Ambientes estruturados em posturas que privilegiam a autoria, a interatividade e a
cooperação. Nesse encontro, pretendemos refletir sobre as possibilidades pedagógicas que esses ambientes
oferecem para a Educação.
SIDDHARTA DIAS DE ALMEIDA FERNANDES (RJ)
Licenciado em Matemática pela UERJ; Mestre em Educação com ênfase em tecnologia educacional; atua
na área educacional desde 1992 em projetos que envolvem o uso da tecnologia com caráter educacional;
atualmente, é Coordenador de Informática do Colégio Pedro II e desenvolve pesquisas sobre Mídia e Educação.
17h40 às 17h50
Menção aos Trabalhos Científicos
Comissão Científica ABPp
17h50
Sessão de Encerramento - EDIMARA DE LIMA (SP)
Vice-Presidente ABPp
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 208-65
231
RESUMO
Categoria
oral
Resumo DOS
dos TRABALHOS
Trabalhos -- C
ategoria O
ral
Eixo: Aprendizagem em ambientes virtuais
Eixo: Aprendizagem em ambientes virtuais
A EFICÁCIA DOS BLOGS NA
APRENDIZAGEM DA PRODUÇÃO
TEXTUAL NA SOCIEDADE DO
CONHECIMENTO
APLICABILIDADE DA TEORIA DA
EXPERIÊNCIA DA APRENDIZAGEM
MEDIADA DE REUVEN FEUERSTEIN NA
EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA
WALDIRENE AMORIM DE JESUS ARAUJO,
MARIA GERALDA MIRANDA,
RODRIGO OTÁVIO LOPES DE SOUZA
GONÇALVES, J.E.
Apresenta a abordagem de Reuven Feuerstein e a
técnica da Experiência da Aprendizagem Mediada
(EAM), relacionando sua aplicação na educação à
distância (EAD). A revisão bibliográfica foi realizada
nas obras de Bertelli, (2002), Da Roz (2004), Gomes
(2002), Fonseca (2000), Meier e Garcia (2007), entre
outros estudiosos da teoria de Feuerstein. Comporta
o relato da experiência levada a efeito durante a
disciplina Mediação e Avaliação na EAD, no Curso
de Aperfeiçoamento em EAD no âmbito da UAB/
UFMG, em 2012, na produção de material didático e
formação de tutores. Buscou apresentar a EAM e suas
implicações para as práticas educacionais do tutor
na EAD. Conclui-se que a utilização dos critérios de
mediação com os alunos de cursos on line, voltada
para o êxito na assimilação de conteúdos e para a
formação de valores socioculturais, tende a colaborar
para uma aprendizagem que atende às demandas
atuais por sujeitos que sejam capazes de aprender
autonomamente em um mundo com intenso fluxo de
informação possibilitado pelas tecnologias.
Este trabalho perseguiu a confirmação da importância
da escrita, perpassando por sua história, destacando
sua relevância para o surgimento e a manutenção da
sociedade pós-industrial e explicitando o ambiente
favorável dos blogs para aprendizagem dos sujeitos
que transitam na rede mundial de computadores,
investigando sua eficácia para a aprendizagem da
produção textual. Para tanto, cinco weblogs de leitura
e produção textual, produzidos por profissionais
qualificados, foram estudados. Os diários foram
investigados sob a ótica da pesquisa qualitativa,
com uma abordagem descritiva. Para tanto, a aná­
lise dos diários foi subdividida em categorias de
informações, descritas por títulos da categoria e
suas sessões. Os resultados demonstraram que, com
relação à aprendizagem das técnicas de produção
da escrita, os autores dos diários pesquisados não
apresentam circunstanciadamente ferramentas
para tal emprego. Apercebe-se antes sim que seus
comentários expressam apenas suas opiniões sobre
os temas exibidos. Inferimos diante do exposto que
os blogs de Produção Textual pesquisados, apesar de
apresentarem suas intenções relacionadas ao tema
da pesquisa buscado pelas tags, desenvolvem seus
conteúdos como se partissem do pressuposto que
os interessados no objeto fossem internautas que já
possuem certo conhecimento sobre a matéria e não
usuários que estejam em busca de conhecimento sobre
o assunto ou cogitando aproveitar a internet para
aprender a escrever, produzir um texto ou dedicar-se a
aprendizagem de técnicas de escrita. Ou seja, os blogs
pesquisados não são eficazes na tarefa de ensinar a
produção textual. Concluímos apresentando a lacuna
evidenciada pelo estudo e propomos a elaboração
de um blog de produção textual que favoreça a
aprendizagem da escrita de textos.
Eixo: Dificuldades e Transtornos na Aprendizagem
A ATIVIDADE LÚDICA PARA O
DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA
AUTISTA - UM AUXÍLIO À INCLUSÃO
DULCINÉIA ANDUJAR,
SANDRA REGINA FRANCHIN RUBIM
Objetivo: Verificar como a atividade lúdica mediada
pode auxiliar no desenvolvimento da criança autista.
Como isso pode proporcionar uma melhora em sua
capacidade linguística, cognitiva, intelectual e motora,
além de contribuir para o ensino-aprendizagem, e
assim garantir uma melhor inclusão. Método: Foi
rea­lizada uma pesquisa bibliográfica referente ao
tema autismo, inclusão e atividade lúdica, que foi
dividida em três etapas: desenvolvimento infantil,
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 208-65
232
Resumo dos Trabalhos - Categoria Oral
ludicidade e autismo. No levantamento bibliográfico,
foi possível analisar em diversas obras - livros e artigos
- o quão importante é a atividade lúdica mediada pa­
ra o desenvolvimento da criança autista. Alguns dos
autores estudados foram: Vygotsky e Piaget, sobre
a mediação e o desenvolvimento infantil, Lino de
Macedo e Airton Negrine, sobre a importância da
ludicidade, e Eugênio Cunha e Silvia Ester Orrú,
sobre o autismo e inclusão. Resultados: Esse trabalho
demonstrou como a atividade lúdica é imprescindível
no cotidiano infantil. É um benefício que deve ser
proporcionado também à criança autista, respeitan­
do suas necessidades e capacidades. Brincar não é
ape­nas um passatempo, é um meio de enriquecer
seu desenvolvimento intelectual, físico e social, ou
seja, um desenvolvimento global. Toda experiência
vivenciada pela criança fornecerá base para seu
futuro. Através da mediação lúdica, planejada,
organizada, incentivada e persistente do profissional
educador, há uma melhora na comunicação, novas
habilidades linguísticas e sociais são adquiridas, as
estereotipias (comportamentos sociais inadequados)
são reduzidas, e assim, pode ocorrer uma inclusão
melhor sucedida. Conclusão: Ficou evidenciada
como a atividade lúdica mediada contribui no
desenvolvimento da criança autista, pois isso pode
garantir-lhe um melhor aprendizado, e contribuir
para sua inclusão. Ao brincar, a criança aprimora seu
desenvolvimento, melhora a interação e a afetividade.
O profissional mediador deve planejar e organizar o
ambiente e o conteúdo, respeitar a individualidade
da criança, porém ser perseverante na busca pelo
aprendizado. Esse processo pode fornecer à criança
uma melhor qualidade de vida e, portanto, uma efetiva
integração social.
como um grupo de condições prejudicadas que se
manifestam precocemente durante o período de
de­senvolvimento. Embora o sucesso de programas
de intervenção precoce já tenha sido comprovado
na literatura internacional, no Brasil, as pesquisas
sobre o tema ainda são escassas2,3. Assim, o objetivo
da presente pesquisa foi caracterizar o perfil de
desenvolvimento e atencional de crianças da
segunda infância em duas creches de uma cidade
de médio porte do interior paulista. Compuseram
a amostra 102 crianças de 3 e 4 anos, com média
de idade de 3,9 ± 0,248 e de ambos os sexos. Os
instrumentos utilizados foram: o Teste de Trilha –
Pré-escola (TT) e o Perfil Psicoeducacional Revisado
(PEP-R). Os testes foram aplicados em todos os
alunos de ambas as creches estudadas, em sala
de Maternal II e Pré-escola I, em sala anexa de
forma individual, os quais foram divididos em 2
grupos, crianças de risco e padrão e comparados
os resultados dos testes. Foram utilizados testes
estatísticos não-paramétricos: Teste de KruskalWallis e Teste da Razão de Verossimilhança e os
dados postos em discussão. Os dados indicaram
resultados estatisticamente significantes em relação
à semelhança dos grupos de Mat II e Pré I, tanto
para o grupo com risco, bem como para o grupo
de criança padrão. Isso corrobora a importância da
construção de um programa de intervenção que
seja eficaz para auxiliar no desenvolvimento do
grupo para as crianças de risco. Assim, foi criado um
programa de intervenção precoce que apresenta em
seu cerne o oferecimento de estratégias relacionadas
à estimulação das funções cognitivas, linguísticas e
motoras, tais estratégias ressaltam a importância das
brincadeiras e rotinas sistematizadas nos currículos
dos pequenos. Referências: 1. America Psychology
Association- APA. Manual Diagnóstico e estatísti­
co de transtornos mentais DSM-5. Porto Alegre:
Artmed; 2014. 2. Diamond A, Barnett WS, Thomas
J, Munro S. Preschool program improves cognitive
control. Science. 2007;318:1386-7. 3. GranthamMcGre­gor, et. al. Developmental potential in the first
5 years for children in developing countries. Lancet.
2007;36:60-70.
Eixo: Dificuldades e Transtornos na Aprendizagem
CARACTERIZAÇÃO DE CRIANÇAS
DA SEGUNDA INFÂNCIA PARA UM
PROGRAMA DE INTERVENÇÃO PRECOCE
ANDRÉA CARLA MACHADO,
MARIA AMELIA ALMEIDA
Os transtornos do neurodesenvolvimento são defi­
ni­dos pelo Manual de Diagnóstico e Estatísticos dos
Transtornos Mentais, em sua quinta edição – DSM-51,
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 208-65
233
Resumo dos Trabalhos - Categoria Oral
Eixo: Dificuldades e Transtornos na Aprendizagem
Eixo: Dificuldades e Transtornos na Aprendizagem
CONTRIBUIÇÕES DA NEUROPSICOLOGIA
À EDUCAÇÃO: INTERVENÇÃO PRECOCE
EM FUNÇÕES EXECUTIVAS NA ESCOLA
DIFICULDADES E TRANSTORNOS NA
APRENDIZAGEM: UM NOVO OLHAR
JACINEIDE SANTOS CINTRA SILVA
ANA PAULA PRUST, CAMILA BARBOSA
RICCARDI LEÓN, GRACE ZAUZA PRADO
AMORIM, NATÁLIA MARTINS DIAS,
ALESSANDRA GOTUZO SEABRA
O Projeto Dificuldades e Transtornos na Aprendiza­
gem: um novo olhar, tem como objetivo realizar a
formação continuada de educadores e demais pro­
fissionais da educação com o intuito de que possam
ter um olhar distinto entre os conceitos, dificuldades
e transtornos de aprendizagem. Para tanto, foram
realizadas rodas de estudo e leitura de artigos, a fim
de empoderar os educadores, através da formação
que possibilitou o esclarecimento dos conceitos de
transtornos e dificuldade, ação esta que progrediu para
uma posterior mudança de postura nos cenários que
agora se dissociam. Os educadores passaram a buscar
valorização das habilidades dos alunos inseridos em
um dos dois cenários, fazendo com que os mesmos
fossem reduzidos e/ou eliminados da vida da maio­ria
dos alunos acometidos especialmente nos casos de
dificuldades de aprendizagem, melhorando de forma
significativa o rendimento escolar e social. Por fim,
com­preende-se de forma clara que a não diferenciação
dos conceitos de transtorno e dificuldade gerava
certa confusão na vida dos educadores, que trata­
vam ambos da mesma forma e assim só conseguiam
resolver a situação da aprendizagem dos educandos
de forma parcial, ficando aquém dos resultados
esperados. Com esse novo olhar para tais conceitos e
com a consequente abordagem correta para com os
discentes, o cenário foi modificado, os rendimentos
escolares tiveram seus índices elevados, tornando o
aprendizado mais leve e mais produtivo.
Funções executivas (FE) são habilidades fundamen­
tais à aprendizagem e funcionamento do indivíduo ao
longo da vida1. Esta comunicação tem o objetivo de
apresentar uma súmula de estudos nacionais acerca
de intervenções precoce-preventivas para promoção
de FE no contexto escolar. Serão apresentados três
estudos. O primeiro, com 70 crianças pré-escolares2,
o segundo com 68 estudantes3 e o terceiro com 58
crianças4, ambos do 1º ano do EF. Em todos os estudos,
as professoras foram capacitadas e aplicaram uma
intervenção em FE (Programa de Intervenção em
Autorregulação e Funções Executivas – PIAFEx5)
em contexto de sala de aula. As crianças, divididas
em grupo controle (GC) e experimental (GE), foram
avaliadas antes e após a intervenção, que teve
duração de um ano. No estudo 1, foram observados
ganhos em atenção e controle inibitório nas crianças
do GE. No estudo 2, além de ganhos em atenção
e controle inibitório, as crianças do GE tiveram
melhores desempenhos em medida de flexibilidade
cognitiva e de planejamento. Por sua vez, no estudo
3, além de ganhos em medidas de FE, foi observada
transferência dos efeitos da intervenção para me­
didas de aprendizagem (leitura e matemática) e
com­­portamento. No mesmo estudo, verificou-se per­
manência dos efeitos da intervenção em follow-up
após 1 ano do término da mesma. Os estudos nacionais
corroboram a literatura internacional da área, mos­
trando que é possível promover FE em contexto de
sala de aula1-4. Tal abordagem de promoção de FE
pode ter papel relevante na prevenção ou minimização
de dificuldades de aprendizagem e problemas de
comportamento1. Estudos em andamento têm testado
uma nova abordagem desse tipo de intervenção,
agregando a família ao trabalho conduzido pelo
professor em sala de aula, por meio de treinamento
de pais6. Recentemente, grupos de pesquisa no país
têm se dedicado à área.
Eixo: Dificuldades e Transtornos na Aprendizagem
INTERVENÇÕES PSICOPEDAGÓGICA
COM CRIANÇA AUTISTA
NADJA ARAÚJO SANTOS REIS,
FABIANA SILVEIRA ALVES FERNANDES,
GENIGLEIDE SANTOS DA HORA
Objetivo: Discutir atuação do psicopedagogo me­
diante intervenções psicopedagógicas inclusivas
junto à criança com 4 anos, diagnóstico do Transtorno
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 208-65
234
Resumo dos Trabalhos - Categoria Oral
do Espectro Autista (TEA), com proposição de ala­
vancar os processos das aprendizagens em Feira
de Santana - BA. Método: As ações exigiram le­
van­tamentos de referenciais bibliográficos: Cunha
(2013), Fonseca (2014), Kohl (1993), Visca (1987),
etc. Utilizamos abordagem qualitativa com base no
relato de experiência contextualizada e fundamenta­
da por um aporte teórico com posteriores discus­
sões dos conceitos envolvidos em cada estratégia
de in­tervenção dos materiais psicopedagógicos
que provocassem mudanças substanciais no pro­
cesso ensino e aprendizagem, a exemplo dos Mon­
tessorianos, Método TEACCH, Método Clínico Piaget
(1982), vai além do óbvio, da resposta estereotipada,
busca compreender o ponto de vista das análises
do sujeito. Resultado: A experiência relatada deu
evidências de que esta prática é adequada para que
o aluno com TEA, imerso em ações eficazes, cons­
titui conhecimentos convenientes, tendo em vista
a relevância do mesmo. Embora fossem observados
no fazer Psicopedagógicos junto ao sistema formal
de ensino ainda é complexo, pois apresentam
dúvida e dificuldade de como intervir com essas
crianças. Conclusão: Resultados positivos nas suas
aprendizagens com atividades psicopedagógicas
adaptadas para o TEA. O psicopedagogo tem um pa­
pel fundamental ao avaliar e elaborar estratégias de
ensino para o estímulo do autista para que conquiste
autonomia nas aprendizagens. Os educadores devem
focalizar nas habilidades das crianças autistas, para
que elas tenham melhores condições de se integrar
à sociedade. Entendemos que as crianças autistas
devem ser impulsionadas a se especializar em alguma
atividade do sistema formal e ensino. Referências:
Cunha E. Autismo na escola: um jeito diferente de
aprender, ensinar-ideias e práticas pedagógicas. Rio
de Janeiro: Wak; 2013. Kohl M. Vygotsky: aprendizado
e desenvolvimento. São Paulo: Scipione; 1993. Fonse­
ca, Maria E. Granchi, Baptistella, Juliana de Cássia.
Vejo e Aprendo - TEACCH: o ensino estruturado
pa­ra pessoas com autismo. Ciola. Ribeirão Preto:
Booy Toy; 2014. Piaget J. A representação do mundo
na criança. Rio de Janeiro: Difel; 1982. Visca Jorge.
Clínica Psicopedagógica: epistemologia convergente.
Porto Alegre: Arte Médicas, 1987. Coleção Memória
da Pedagogia, n. 3. Maria Montessori: o indivíduo em
liberdade. Rio de Jabeiro: Ediouro, SP: SegmentoDuetto, 2005.
Eixo: Dificuldades e Transtornos na Aprendizagem
O TRANSTORNO DO ESPECTRO
DO AUTISMO NO CONTEXTO
PSICOPEDAGÓGICO:
DA AVALIAÇÃO À INTERVENÇÃO
SUZANA ALVES BANDEIRA
Os Transtornos do Espectro do Autismo (TEA) refe­
rem-se a um grupo de transtornos caracterizados por
um espectro compartilhado de prejuízos qualitati­vos
na interação social, associados a comportamen­
tos repetitivos e interesses restritos pronunciados.
Sen­do assim, a versão mais recente do DSM (V)
reestruturou os critérios, os quais passaram a ser
arranjados sob dois domínios, a saber: Déficits na
comunicação social, comportamentos/ interesses
restritos e repetitivos. Dessa forma, o trabalho em
questão tem como objetivo precípuo descrever,
analisar e auxiliar profissionais da Psicopedagogia
na compreensão e atuação em casos que apresentem
TEA, resguardadas as particularidades de cada um.
Método: O estudo refere-se à avaliação e intervenção
realizadas com 4 crianças entre 4 e 8 anos (sexo
masculino) e um adolescente (17 anos) que foram
submetidos a avaliação (nos anos de 2012, 2013, 2014
e 2015) e estão em processo interventivo no Espaço
Crescer – Núcleo de Aprendizagem e Cognição
(BA), por um período superior a seis meses. Nesse
sentido, o trabalho psicopedagógico se configurou
em duas etapas: processos avaliativos envolvendo
o contexto clínico, escolar e familiar, elaboração e
aplicação de planos interventivos individualizados
com materiais estruturados e semiestruturados, com
monitoramento de desempenho nas habilidades
sociais e acadêmicas que deram origem à queixa.
Para avaliação dos resultados foram criadas pautas de
observação, fichas de feedbacks, gravação e análise
de vídeos, acompanhamento por meio de boletins e
relatórios escolares, conforme metas estabelecidas
conjuntamente com a escola e a família. Além disso,
ao longo das sessões foram inseridos jogos que es­
timulassem habilidades sociais de contato visual,
empatia e atendimento de ordem. Conclusão: Os
resultados evidenciaram melhora significativa tanto
nas habilidades comunicativas, sociais e acadêmicas.
Logo, a avaliação e intervenção psicopedagógica foi
de extrema relevância por se caracterizarem como
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 208-65
235
Resumo dos Trabalhos - Categoria Oral
facilitadoras e possibilitar uma reestruturação de
processos de aprendizagem deficitários. Referências:
Brentani et al. Autism spectrum disorders: an overview
on diagnosis and treatment. Rev Bras Psiquiatr.
2013;35(suppl.1):S62-S72. American Psychiatric
Association APA. Manual Diagnóstico e Estatístico
de Transtornos Mentais. 5ª ed. DSM-5. Porto Alegre:
Arte Médica Editora; 2014.
com foco na leitura e escrita para que a criança com­
plete seu processo de alfabetização, respeitando a
sua modalidade de aprendizagem, os seus interesses,
promovendo a aprendizagem significativa.
Eixo: Dificuldades e Transtornos na Aprendizagem
PROGRAMA DE INTERVENÇÃO EM
CRIANÇAS COM DIFICULDADE
DE APRENDIZAGEM: CONTEXTO
FONOAUDIOLÓGICO/PSICOPEDAGÓGICO
Eixo: Dificuldades e Transtornos na Aprendizagem
OLHAR PSICOPEDAGÓGICO PARA A
INTERVENÇÃO COM CRIANÇA COM
SÍNDROME DE DOWN
ANDRÉA CARLA MACHADO,
FERNANDA APARECIDA AGUIAR
As dificuldades de aprendizagem podem surgir
em qualquer etapa do desenvolvimento acadêmico
do escolar e podem comprometer o desempenho
deste em atividades de leitura, escrita e cálculomatemático1. Nessas condições, intervenções es­pe­
cíficas para amenizar os prejuízos acadêmicos per­
pas­sam os atendimentos especializados, como a
fo­noaudiologia e psicopedagogia, pois são comuns
os déficits relacionados aos componentes cogniti­
vos-linguísticos. Assim, o objetivo do presente re­
lato de experiência é apresentar dois programas
de intervenção, um no contexto fonoaudiológico e
o outro no contexto psicopedagógico, em crianças
com dificuldades de aprendizagem. Participaram do
programa duas crianças com dificuldade de apren­
dizagem, uma com idade de 7 anos e 5 meses e a
outra com 7 anos e 6 meses encaminhadas pela
família e pela escola, respectivamente. As crianças
eram oriundas de escolas diferentes, sendo uma de
caráter privado e a outra pública de um cidade de
médio porte do interior do Estado de São Paulo. Ambas
as crianças foram avaliadas por meio do Protocolo de
avaliação cognitivo-linguístico e Provas de Leitura de
compreensão de frases. O programa de fonoaudiolo­gia
foi realizado em 10 sessões de 50 minutos cada, duas
vezes por semana. Foram utilizadas estratégias para
as habilidades oral e escrita, com reconhecimento,
manipulação, combinação, exclusão de letras e
sílabas, além de tarefas metalinguísticas, como rima e
aliteração. Os encontros no contexto psicopedagógico
eram diários, com uma hora de duração, realizados
no período de 30 dias. O ensino partiu das letras de
forma e cursiva, reconhecimento de letra e sílabas,
TERESINHA DE JESUS DE PAULA COSTA
Objetivo: O presente trabalho tem por objetivo refletir
sobre o atendimento psicopedagógico de uma criança
com síndrome de Down, cuja queixa estava centrada
na alfabetização. Método: Fez-se um estudo de caso
levando em conta o histórico de vida do cliente,
principalmente, seu processo de aprendizagem
escolar, por conta dele já estar frequentando uma escola
particular estando matriculado no 5º ano do Ensino
Fun­damental. Constatou-se, ao longo do processo
diag­n óstico, que seu percurso de aprendizagem
apresentava fraturas devido às trocas dos profissio­
nais que o acompanhavam nesse processo. Por conta
disso, não estabelecia bom vínculo com as pessoas
que desejavam ajudá-lo. Resultados: As intervenções
foram realizadas por meio de propostas de atividades
significativas para a criança, considerando o estímulo
visual como apoio para a leitura e escrita. Ao longo
das sessões, o cliente estabeleceu bom vínculo com a
psicopedagoga, fato que possibilitou maior enfoque às
propostas de leitura e escrita, ampliando seu interesse
pelos materiais utilizados, como jogos pedagógicos,
livros de imagens e textos, filmes e atividades escritas.
Conclusão: O cliente continua mantendo bom vínculo
com a psicopedagoga, apresenta-se interessado em
ampliar sua aprendizagem, aumentando, cada vez
mais, sua atenção e concentração. Aprecia a contação
de histórias, escolhe seus próprios livros para ler com a
família, consegue ler palavras de sílabas simples, vem
ampliando seu repertório na escrita, pois já passou
da hipótese de escrita pressilábica para a silábica. A
intervenção psicopedagógica continua acontecendo
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 208-65
236
Resumo dos Trabalhos - Categoria Oral
as lições diárias com cada letra do alfabeto com es­
timulação das habilidades perceptovisomotoras, e
jogos com textos direcionados à memória auditiva.
Os dados demonstraram que intervenções pautadas
em processos avaliativos sistemáticos, que condizem
com as reais dificuldades da criança, direcionam efe­
tivamente a construção de programas interventivos e
garantem aos profissionais envolvidos fidedignidade
nos resultados, em ambos os contextos trabalhados.
Constatou-se importante melhora no desempenho
acadêmico dos estudantes, demonstrando, de modo
geral, significativo salto nos resultados acadêmicos e
confirmando o trabalho com o lúdico como um forte
aliado no processo de aprendizagem, no desempenho
escolar, no desenvolvimento intelectual e autoestima
dos estudantes.
Eixo: Dificuldades e Transtornos na Aprendizagem
PSICOPEDAGOGIA: CONTRIBUIÇÕES
PARA SUPERAÇÃO DAS DIFICULDADES
DE APRENDIZAGEM DE ALUNOS NA
GRADUAÇÃO
Eixo: Dificuldades e Transtornos na Aprendizagem
PROJETO BRINCAR PARA APRENDER –
O LÚDICO NA INTERVENÇÃO
PSICOPEDAGÓGICA
TERESINHA DE JESUS DE PAULA COSTA
MARIA TEREZA COSTA, LEANDRA FELICIA
MARTINS, ANTONIO CARLOS DE FARIAS,
MARA LUCIA CORDEIRO
Objetivo: O presente tem o objetivo de refletir sobre
as contribuições da Psicopedagogia para a superação
das dificuldades de aprendizagem dos alunos da
graduação, visto que sujeitos com dificuldades de
aprendizagem precisam avançar ao longo processo
de ensino e aprendizagem. Método: Por meio de
pesquisa bibliográfica, iniciou-se uma reflexão sobre
a importância da Psicopedagogia para como meio
para superação das dificuldades de aprendizagem
dos graduandos no ensino superior. Posteriormente,
fez-se estudo de campo relacionando os graduandos
atendidos no Apoio Psicopedagógico da Instituição
de Ensino Superior. Resultados: Pode-se constatar
que, por meio das intervenções psicopedagógicas, os
graduandos puderam reconhecer suas modalidades
de aprendizagem, tomarem consciência de seus fun­
cionamentos e empenharem para melhorar, supe­rando
as fraturas das suas não aprendizagem. Nesse sentido,
a Psicopedagogia traz contribuições significativas
para a efetivação de uma educação transformadora,
le­vando em conta a inclusão do sujeito que apresenta
dificuldades de aprendizagem no processo educacio­nal.
Por meio da Psicopedagogia é possível que o graduan­
do tenha subsídios para a superação das dificuldades.
Conclusão: Conclui-se que a Psicopedagogia contribui
para a concretização de uma educação transformadora,
tanto no trabalho clínico quanto institucional, uma vez
que promove a aprendizagem do sujeito que apresenta
dificuldades, permitindo-os ressignificar seus modos
de aprender e transformarem suas realidades. Portanto,
incluir o trabalho do psicopedagogo na instituição
Objetivo: Melhorar o desempenho acadêmico dos
estudantes do ensino fundamental que apresentam
dificuldades e/ou obstáculos para a aprendizagem,
com o uso de jogos e brincadeiras. Método: Projeto
Brincar para Aprender – Intervenção Psicopedagógica
por meio do lúdico1, desenvolvido em ambiente aca­
dêmico e de pesquisa científica, contendo três etapas.
1ª etapa: intervenção psicopedagógica junto a 78
estudantes com dificuldades e/ou obstáculos para a
aprendizagem, constatados em avaliação diagnóstica,
utilizando jogos, brincadeiras e brinquedos. 2ª Etapa:
Curso de formação continuada para aplicação da
metodologia proposta, ofertado às professoras de
Salas de Recursos que atuam com os estudantes
selecionados. 3ª etapa: elaboração de um livro de
intervenção psicopedagógica. Resultados: A 1ª etapa
foi desenvolvida em 2012 e atingiu 78 estudantes, 25
professoras e 6 estagiárias. A 2ª etapa, envolvendo
o curso de formação continuada e a aplicação da
metodologia, ocorreu de setembro de 2013 a outubro
de 2014, com a participação de 70 professoras, 91
estudantes e 1 estagiária. A 3ª etapa foi destina­
da à escrita e lançamento do livro de intervenção
psi­copedagógica. Conclusão: Resultados positivos,
cons­tatados por meio de relatórios das professoras,
re­g istrando a contribuição da intervenção por
meio do lúdico na superação ou minimização de
dificuldades e/ou obstáculos para a aprendizagem.
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 208-65
237
Resumo dos Trabalhos - Categoria Oral
de ensino superior é uma das maneiras de contribuir
para a melhora da qualidade da formação dos futuros
profissionais.
comunicação não-verbal. As dificuldades continuam
a requerer intervenção sistemática e transdiscipli­
nar, incluindo a família, nos esforços de adequar
es­tratégias coerentes e comuns a todos. Referên­
cias: Cardoso C, Fernandes FDM. A comunicação
de crianças do espectro autístico em atividades em
gru­po. Pró-Fono Revista de Atualização Científica.
2004;16(1):67-74. Gadia C. Aprendizagem e autismo.
In: Rotta NT, Ohlweiler L, Riesgo RS. Transtornos da
aprendizagem. Porto Alegre: Artmed; 2006. Vigotsky
LS. (1998). A Formação Social da Mente. São Paulo:
Martins Fontes.
Eixo: Dificuldades e Transtornos na Aprendizagem
SÍNDROME DE ASPERGER:
ESTUDO DE CASO
PINTO, D. R. M.; QUEIROZ, F. R. M.A.;
BRANCO, E. S. C.
Objetivo: O presente trabalho teve como objetivo
avaliar uma criança com Síndrome de Asperger, a
partir da observação clínica realizada sob avalia­ção
nas áreas de fonoaudiologia, pedagogia e psico­peda­
go­gia, cujos achados foram submetidos ao descrito
na literatura pertinente. Método: A metodologia do
re­ferente estudo baseou-se na avaliação específica
de cada área, focando nas habilidades e nas difi­
cul­dades de evolução apresentadas pela criança,
caracterizado por um desenvolvimento anormal ou
alterado, manifestado antes dos três anos de idade
e apresentando uma perturbação característica do
funcionamento nos seguintes aspectos: interação
social, comunicação, comportamento restrito e re­
pe­titivo, áreas presentes em todos os critérios de
diagnóstico, sendo a inadaptação ao contexto social
em que se insere uma das principais características
da Síndrome de Aspeger. Resultados: Ao integrar
os resultados obtidos durante todo o processo de
investigação à queixa inicial, pode-se perceber o
que o analisando apresenta como comportamento
destoante. Como síntese diagnóstica, o indivíduo em
estudo apresenta evidências hábeis que o permitem
realizar determinadas tarefas, seja como resultados
de um exercício ou de um processo de ensino, bem
como, dificuldades que obstaculizam a aquisição
de determinados conteúdos que permitam novas
elaborações de aprendizagem. Conclusões: Reuni­
das as informações relativas ao desenvolvimento e
com­portamento, evidenciaram-se de forma global,
comparativamente à primeira avaliação, progressos
positivos na interação social e na linguagem, com
maior receptividade às iniciativas dos adultos e maior
intencionalidade comunicativa. A comunicação social
e o contato visual continuam sendo áreas prioritárias,
necessitando serem estimuladas, em conjunto com a
Eixo: Dificuldades e Transtornos na Aprendizagem
SISTEMA DE TRIAGEM PRÉ-ESCOLAR
(PSS) – COMPARAÇÃO DE RESULTADOS
MARIA TEREZA COSTA
Objetivo: Comparar, por meio da aplicação do PSS,
os resultados obtidos em crianças brasileiras com os
resultados obtidos em crianças americanas. Méto­
do: Estudo observacional, transversal e descritivo
realizado em unidades de Educação Infantil e início
do Ensino Fundamental, na cidade de Curitiba.
Áreas investigadas: Consciência e Controle Corpo­
ral, Visuoperceptivo-motor e Linguagem. Amostra:
411 crianças de 4 anos e 4 meses a 6 anos e 7 meses,
distribuídas em sete faixas etárias. Pontuação total
e dos Subtestes registrados em planilha eletrônica,
demonstrados por meio de dois gráficos para cada
variável, um com medidas descritivas e outro com
curvas ajustadas. Resultados: Comparando os re­sul­
tados das crianças brasileiras com as crianças ame­
ricanas, constatou-se que as primeiras encontram-se
em desvantagem nas faixas etárias de 4 anos e 4
meses a 4 anos e 11 meses. A partir de 5 anos, as
crianças brasileiras passam a ter resultados equi­
valentes ou superiores às crianças americanas. Con­
clusão: A aplicação do PSS na Educação Infantil
pos­sibilitou identificar áreas e faixas etárias em que
as crianças brasileiras, em comparação às america­
nas, apresentaram resultados compatíveis bem co­
mo a indicação de risco de atraso e necessidade de
intervenção precoce ou investigação aprofundada.
Considerou-se a amostra representativa por abran­ger
instituições públicas e privadas, mas os resultados
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 208-65
238
Resumo dos Trabalhos - Categoria Oral
indicam a importância de novos estudos que for­
taleçam estes achados.
percorreu vias próprias para conhecer e alcançar sua
autonomia intelectual, registrando suas sensações
e ampliando o universo vocabular e de expressão
for­talecendo sua marca pessoal em seu processo de
evolução cognitiva, histórica e social. Referências: 1.
Cavalcante FSJ. Por uma escola do sujeito. O método
con(texto) dos letramentos múltiplos. Fortaleza:
Ed. Demócrito Rocha; 2001. 2. Rubinstein E (org).
Psicopedagogia: uma prática, diferentes estilos. São
Paulo: Casa do Psicólogo; 1999.
Eixo: Formação, Atuação e Pesquisa em Psicopedagogia
A RAZÃO SECRETA DAS PALAVRAS A IMPORTÂNCIA DO VÍNCULO AFETIVO
NA PRODUÇÃO TEXTUAL
SUELY FERMON DE MORAIS OLIVEIRA
Objetivo: Apontar alternativas para um professor
despertar num aprendente o prazer pela produção
textual, através de seu olhar e da técnica dos Le­tra­
mentos Múltiplos, podendo levá-lo à produção de tex­
tos em seus mais diversos níveis: escolares, acadêmi­
cos e artísticos-culturais. Método: A pesquisa ocorreu
em duas escolas públicas estaduais de Fortaleza,
uti­lizando observação sistemática, entrevistas livres
e dirigidas, questionário e análise documental das
produções dos alunos. Os temas foram subjetivos,
re­velando a inicial dificuldade da escrita dissertativa
e posicionamento oral, embasando nossa proposta
vincular para a produção com letramentos múltiplos,
apresentando instrumentos, como: desenho, colagem,
música e a fala na realização dessas produções.
Alicia Fernandez, Perrenoud, Rubem Alves, Edith
Rubstein, Cavalcante, Isabel Alarcão, Elisabteh Polity
e Luckesi referenciam nosso trabalho. Resultados:
Através da coleta de material produzido pelos alu­
nos participantes e da escuta de seus “textos orais”,
foi possível constatar a eficácia de nossa proposta na
construção da rede vincular, percebida inclusive pelos
próprios alunos, quando socializávamos as ocasiões de
construções destes textos, nas variadas modalidades
que a técnica dos Letramentos Múltiplos oferta. Em
seus relatos, há o registro escrito da experiência
pe­la qual passaram e do quanto essa “escrita” foi
li­bertadora, mostrando-lhes que produzir um texto
estava para além da função da escrita formal e que
podia ser bem prazerosa. Uma prática coletiva e rica
de significados para todos. Conclusão: Esta pes­
quisa mostra ações implementadas com alunos de
duas escolas públicas estaduais em Fortaleza, com
atividades de produção textual a partir da técnica dos
Letramentos Múltiplos, aliando ao processo a propos­
ta vincular nas interações entre professor e aluno.
Partindo do repertório pessoal de vivências, cada um
Eixo: Formação, Atuação e Pesquisa em Psicopedagogia
A VIVÊNCIA DE ESTÁGIO
SUPERVISIONADO EM PSICOPEDAGOGIA
CLÍNICA NA UNIVERSIDADE
FEDERAL DO CEARÁ
WANESSA JHENIFFER FIRMINO DA SILVA
Objetivo: Apresentar a experiência de estágio super­
visionado vivenciada por uma psicopedagoga no
período de um ano. Relatar a abordagem aos pais,
os planejamentos das sessões e as supervisões. Con­
textualizar as atividades ocorridas no laboratório,
através dos dados sobre os atendimentos. Método:
Analisaram-se as atividades que foram realizadas
durante o período de estágio supervisionado destina­
do aos alunos oriundos do curso de especializa­ção
em Psicopedagogia. Foram relatadas as etapas rea­
lizadas nesse período, como: abordagem aos pais,
planejamento da sessão inicial, planejamento da
anamnese, supervisão, planejamento das sessões
posteriores. Descrevemos as atividades, testes e
jogos utilizados durante as sessões psicopedagó­
gicas. Avaliaremos a importância da supervisão
psicopedagógica dentro desse contexto. As bases
teóricas foram: Fernández (1991,2001), Weiss (2012),
Sampaio (2012), Chamat (2004). Resultados: Os re­
sultados obtidos revelam-se na evolução de cada
apren­dente que chegou ao laboratório com queixa
de aprendizagem e que, após o atendimento, pode
relacionar-se positivamente com o aprender. Portanto,
não obtivemos consideráveis resultados quantita­ti­vos,
visto que não era o objetivo do atendimento, porém
os alcances qualitativos do trabalho psicopedagógico
foram notórios e satisfatórios. Considerando que
dentro das limitações de tempo e profissionais, foi
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 208-65
239
Resumo dos Trabalhos - Categoria Oral
realizado um trabalho de excelência. No período
de um ano, por apenas uma profissional, foram
acompanhadas quatro crianças, iniciando com o
processo de avaliação e depois com a intervenção
propriamente dita. Conclusão: Concluímos que a
vivência clínica na prática psicopedagógica é fun­
damental para a formação do psicopedagogo, pois
nesse momento se podem entender as teorias, en­
tender como e quando aplicar determinada técnica,
atividade ou jogo, elaboram-se estratégias de acordo
com cada caso clínico, constrói-se uma postura pro­
fissional a partir da linha de atuação que deseja
seguir, avaliam-se os seus desempenhos através da
supervisão, afinal é a partir do olhar mais experiente
que é elaborada uma ponte entre teoria e prática
clínica.
NE. Essas dificuldades impactam negativamen­te
na aprendizagem dos alunos. Contudo, esses pro­
fissionais mostram-se extremamente interessados
em aprender e reavaliar suas práticas. Conclusão:
A atuação do psicopedagogo institucional mostrase importante para o apoio de profissionais de rede
subvencionada, seja na orientação de educadores
e apoio técnico a gestores. A triagem e avaliação
psi­copedagógica têm sido ferramentas importantes
para o encaminhamento de alunos em quadro de
vulnerabilidade social, necessidades médicas e/ou de
Atendimento Educacional Especializado. Destaca-se,
ainda, a presença do psicopedagogo na discussão de
políticas públicas para formação de profissionais da
rede subvencionada e de estratégias de avaliação
para Educação Infantil.
Eixo: Formação, Atuação e Pesquisa em Psicopedagogia
Eixo: Formação, Atuação e Pesquisa em Psicopedagogia
APOIO PSICOPEDAGÓGICO
À REDE SUBVENCIONADA
APRENDIZAGEM, COGNIÇÃO E ESCRITA –
UMA AVALIAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA
NA BAIXADA FLUMINENSE
WIRLA LIMA IATALESI, MARIANE FERREIRA
ROSANE DE ALBUQUERQUE COSTA,
BRUNA CARRIONE PAHIM, CRISTIANE
GUIMARÃES, VIVIANE MARIA SANTOS DE
OLIVEIRA, CRISTIANE TEIXEIRA DE ALMEIDA
Objetivo: O presente trabalho busca descrever as
possíveis atividades do psicopedagogo institucional
no apoio às Unidades de Ensino que compõem a rede
de escolas subvencionadas da rede pública de ensino,
as quais prestam serviços educacionais para crianças
entre 0-5 anos. Método: Foi realizada pesquisa do­
cumental relacionada à prática psicopedagógica
institucional em escolas da rede subvencionada em
departamento municipal destinado à orientação e
promoção. Os documentos foram analisados e as
atividades foram descritas e classificadas. Resultados:
Os documentos apontam para atividades variadas
do psicopedagogo institucional: triagem e avalia­
ção psicopedagógica de alunos com dificuldades de
apren­dizagem, encaminhamento destes para rede de
apoio (Assistência Social, Centros de Apoio à Inclusão,
Sistema de Saúde, etc.), diagnóstico institucional,
orientação à equipe escolar, formação de professores.
Os principais problemas na rede subvenciona­da
foram: conhecimento didático/pedagógico frágil
em algumas unidades, dúvidas em relação a pro­ce­
dimentos e legislação educacionais, rotatividade de
funcionários, dificuldades na relação escola-família e
dúvidas em relação à atuação diante de alunos com
Introdução: Apresentaremos resultados iniciais de
uma pesquisa realizada com crianças entre 5 e 7
anos, estudantes de uma escola pública na baixada
fluminense, matriculadas em turma denominada
agrupada. O objetivo é avaliar o desenvolvimento
cognitivo e a construção da língua escrita e, para
tanto, utilizamos as provas operatórias piagetianas
e o referencial teórico de Emilia Ferreiro. Método: A
escola foi escolhida em função do fraco desempenho
no IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação
Básica). Para a aplicação das provas foi solicitada
autorização dos pais. Levando em conta a idade
das crianças, nos restringimos às seguintes provas:
seriação de bastonetes, mudança de critérios (di­co­
tomia), conservação de pequenos conjuntos dis­cretos
de elementos, de líquido e de matéria, in­clusão de
classes. Para a avaliação da língua escrita foi solicita­
do às crianças que escrevessem e lessem a partir de
desenhos comuns em seus cotidianos. Foram realizadas
até o momento 6 avaliações nas dependências da
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 208-65
240
Resumo dos Trabalhos - Categoria Oral
escola, em local reservado. Resultado: A análise das
avalições até o momento indica um desenvolvimento
cognitivo e uma construção da língua escrita aquém
do que é esperado para a idade e para o ano escolar
das crianças. Eles apresentam respostas ao nível do
estágio pré-operatório do desenvolvimento cognitivo.
Isso significa que em sua conduta predominam os
aspectos figurativos do pensamento, ou seja, ele é
ainda predominantemente construído pela percepção
e imitação que são estruturas estáveis pouco re­ver­
síveis. Sua escrita e leitura são pré-silábicos. Não
há ainda relação entre os grafemas e o som das pa­
lavras. Discussão: A pesquisa está em andamento
e os dados iniciais indicam a necessidade de uma
revisão dos procedimentos políticos pedagógicos
da escola. Parece-nos inconcebível que as crianças
passem pela escola sem conseguirem desenvolver
adequadamente suas capacidades cognitivas. Su­ge­
rimos uma problematização principalmente junto ao
corpo docente.
O objetivo geral é identificar e analisar como os pro­
fessores e gestores escolares compreendem e atuam
frente às crianças que apresentam dificuldades de
aprendizagem no contexto da rede municipal de
educação de Uberlândia. Como objetivos específi­cos
busca-se: identificar e analisar as ações desenvol­
vidas dentro da escola campo determinada para
esses indivíduos, compreender qual a dinâmica de
identificação, diagnóstico e intervenção para essas
crianças, verificar os resultados obtidos nestes pro­
cessos interventivos e as ações orientadas dentro
e fora de sala de aula, inquirir sobre a coerência
dessas práticas, e averiguar o que poderia ser mu­
dado na visão da equipe escolar em intersecção com
a visão psicopedagógica. A relevância desta pes­
quisa sustenta-se na necessidade de compreender
as dificuldades de aprendizagem como um fato
incontestável, e que o não entendimento de suas
peculiaridades através de uma visão sistêmica pe­
los profissionais da educação envolvidos pode,
primeiramente, determinar todo o processo de cons­
trução de conhecimento e aprendizagem de um
indivíduo, em todos contextos. Além disto, a com­
preensão mais aprofundada resultaria em um dire­
cionamento coerente e apropriado pelos e para os
profissionais da educação dentro de suas práticas
pedagógicas, visando uma educação transformadora
e prestativa à construção do ser humano, respeitando
o direito a todos de acesso ao conhecimento, per­
manência escolar com equidade, considerando que
existem processos diferenciados para a aquisição
da aprendizagem e refletindo sobre as crenças e os
paradigmas educacionais.
Eixo: Formação, Atuação e Pesquisa em Psicopedagogia
AS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM
DENTRO DA REDE MUNICIPAL
DE UBERLÂNDIA: CONTEXTOS E
INQUIETAÇÕES
CAROLINA ALVIM SCARABUCCI DE OLIVEIRA
O presente trabalho é resultado de uma pesquisa
em andamento realizada no Programa de Mestra­
do em Educação, pela Universidade Federal de
Uber­lândia, sob orientação da Profa. Dra. Maria Ire­
ne Mi­randa, na linha da Psicopedagogia. Atuando
co­mo psicopedagoga clínica há 6 anos, entre vi­
sitas às escolas da rede privada e municipal para
discussão dos casos, pude perceber que existia uma
incoerência entre os discursos e as práticas dos
docentes em sala de aula e da gestão escolar quanto
ao direcionamento e orientação dos casos quando o
assunto era dificuldades de aprendizagem. Havia
muita confusão entre os conceitos e as práticas
eram excluditivas, afetando muito além da realidade
escolar. Inquieta com o que presenciei durante esses
anos, resolvi investigar a respeito das dificuldades
de aprendizagem dentro do contexto escolar para
ampliar as possibilidades de mudar essa situação.
Eixo: Formação, Atuação e Pesquisa em Psicopedagogia
ATENDIMENTO PSICOPEDAGÓGICO A
ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS:
UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
MARIA ELISA ALMEIDA, ZENA WINONA
EISENBERG, MARIA LUIZA TEIXEIRA,
MÔNICA N. NOTARI CERNIGOI, JULIANA CABRAL
Objetivo: Este trabalho objetiva apresentar um relato
de experiência de atuação do psicopedagogo no
contexto do ensino superior, em núcleo de atendimento
especializado. Nossa hipótese é de que o serviço
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 208-65
241
Resumo dos Trabalhos - Categoria Oral
acarretará em melhora na organização, rendimento
acadêmico e bem-estar do aluno. Método: Atualmente,
são atendidos 70 alunos no núcleo, nas modalidades
individual ou em grupo. O estudante que busca o
atendimento no núcleo passa, inicialmente, por uma
triagem com a psicopedagoga, a fim de compreender a
sua demanda e encaminhá-lo, seja para o atendimento
psicopedagógico semanal, seja para outras atividades
da universidade. Para avaliar a qualidade do trabalho
desenvolvido no núcleo, elaboramos um questioná­
rio de avaliação que foi preenchido por 41 dos 70
alunos em atendimento. Resultados: Nas avaliações
dos 41 alunos, apenas 4 relataram não conseguir fre­
quentar com regularidade o serviço, 40 dizem que
o núcleo atendeu à sua demanda, 35 notaram uma
melhora no desempenho acadêmico. Isso sugere
grande satisfação com o serviço. Os respondentes
sublinham a importância do espaço de acolhimento e
cuidado e ressaltam que o processo os ajudou e vem
ajudando principalmente nos seguintes aspectos:
autoconhecimento, organização pessoal e nos estudos,
identificação de áreas em que precisam melhorar,
rendimento acadêmico, foco, realização de objetivos,
melhora nas inseguranças e medos. Conclusão: Os
resultados positivos e o aumento da demanda dos
alunos apontam para a necessidade de ampliação do
serviço, de modo a contemplar um maior número de
estudantes. Além disso, destaca-se a importância do
atendimento psicopedagógico no contexto do ensino
superior, que possa contemplar as dificuldades que
o estudante universitário encontra em seu percurso
acadêmico.
área com vários campos de atuação, dentre eles,
en­contra-se o contexto hospitalar, que ora atua nu­
ma identidade clínica, ora atua numa identidade
institucional. O atendimento psicopedagógico pode
ocorrer em hospitais gerais, bem como através do
serviço ambulatorial da psicopedagogia, este podendo
integrar as equipes multiprofissionais que trabalham
na perspectiva de atenção à criança (Nascimento,
2004). O objetivo deste trabalho é oferecer de forma
voluntária a assistência psicopedagógica às crianças
com dificuldades de aprendizagem no ambulatório
de um hospital infantil que atende exclusivamente
ao SUS, na cidade de Natal/RN. Após a entrevista
psicopedagógica realizada com os pais para conhecer
a realidade da criança, suas queixas e sintomas,
iniciou-se a avaliação psicopedagógica, considerando
teóricos da psicopedagogia e da aprendizagem. A
Ava­liação Psicopedagógica possibilitou a identifi­ca­
ção de dificuldade significativa no processo aquisi­ção
da leitura/ escrita, além do comprometimento nas
relações vinculares familiares, sendo este o maior
obs­táculo para que a aprendizagem e o conhecimento
acontecessem, tendo como consequência o des­
conforto no ambiente escolar. O trabalho desenvolvido
no Ambulatório de Psicopedagogia pauta-se nas
intervenções do processo leitura/escrita, raciocínio
logico-matemático, permeado pela escuta psico­
pe­dagógica e que através de estratégicas lúdicas,
poderem disparar o desejo e o despertar para a apren­
dizagem de maneira mais prazerosa (Fernandéz,
1990). Atualmente, como resultado, verifica-se nas
crianças evolução no processo de aprendizagem, re­
fletindo no ambiente educacional escolar, e os seus
pais demonstram terem internalizado as orientações
com relação às novas posturas para lidar com seus
filhos, ressignificando as suas relações vinculares
(Chamat, 2008). Concluímos que este trabalho aponta
para a necessidade e importância da implantação
desse serviço na rede pública, tendo em vista que há
escassez desse serviço no SUS. Referências: Chamat
LSJ. Técnicas de intervenção psicopedagógica para
dificuldades e problemas de aprendizagem. São
Paulo: Vetor; 2008. Fernandéz A. A inteligência
aprisionada. Trad. Iara Rodrigues. Porto Alegre: Artes
Médicas; 1990.
Eixo: Formação, Atuação e Pesquisa em Psicopedagogia
ATENDIMENTO PSICOPEDAGÓGICO
AMBULATORIAL: EXPERIÊNCIA DE
UM TRABALHO VOLUNTÁRIO EM UM
HOSPITAL INFANTIL EM NATAL-RN
ADRIANNA FLÁVIA DE FIGUEIREDO MELO
PEREIRA GUIMARÃES, RAFAELLA MARIA
VARELLA DOMINGUES,
ANAZÉLIA FRANCA LIRA
A Psicopedagogia nasceu da necessidade de prestar
um serviço de atendimento às crianças que apre­
sen­tavam problemas de aprendizagem. É uma
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 208-65
242
Resumo dos Trabalhos - Categoria Oral
e capacitados para intervirem nas aprendizagens
significativas, fortalecendo os espaços inclusivo e
especial escolar. Referências: Brasil. MEC/SEESP.
Ministério Educação. Sala Recursos Multifuncio­nais:
Espaço AEE. Brasília, 2007. Fazenda I. Metodologia
Pesquisa Educacional. 3ª ed. São Paulo: Cortez;
1994. Mendes EG. Observatório Nacional Educação
Especial: estudo em rede nacional sobre as SRM nas
escolas comuns. 2010. Scoz BJL. Psicopedagogia:
O caráter interdisciplinar na formação e atuação
profissional. Porto Alegre: Artes Médicas; 1987.
Visca J. Clínica Psicopedagógica: epistemologia con­
vergente. Porto Alegre: Artes Médicas; 1987.
Eixo: Formação, Atuação e Pesquisa em Psicopedagogia
ATUAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA NAS
SALAS DE RECURSOS MULTIFUNCIONAIS
NA SEC MUNICIPAL DE ITABUNA/BA
GENIGLEIDE SANTOS DA HORA,
JEANE SANTOS CAFESEIRO,
HELOISA HELENA DOS SANTOS CAVALCANTE
OLIVEIRA, GENIGLEIDE SANTOS DA HORA
Objetivo: Desenvolver reflexões do fazer Psicope­
dagógico nas escolas do ensino regular junto alunos
matriculados no ensino fundamental I, Salas de Re­
cursos Multifuncionais (SRM, BRASIL, 2007, 2009),
Atendimento Educacional Especializado (AEE),
Educação Básica Secretaria Municipal de Itabuna/BA.
Método: Análise documental e abor­dagem quantita­
tiva, de corte transversal entre 2006 e 2012, indica­ram
atribuições com proposição colaborativa entre pro­
fissionais especializados de saúde, Psicopedagogia
e professores de ensino comum e das SRMs. Dados
do AEE, Centro Psicopedagógico da Educação
Inclusiva (CEPEI), contava com 12 (doze) salas de
acolhimento às crianças e à família. Na identificação
das deficiências, limitações e encaminhamentos
das NEE e distúrbios das aprendizagens (Dislexias,
com indicadores de Discalculia, Disgrafia etc.),
referência de inclusão no sul - BA. Resultados: In­
dicaram e reforçaram percepções inclusivas dos psi­
copedagogos nas SRM, abordagem de Visca (1987),
Epistemologia Convergente (Psicanálise, Cons­
trutivismo e Psicologia Social. Devido às carências
de intervenções Cognitivas/Obstáculos Epistêmico
(limitações lógico matemático), Afetivas/Obstáculos
Epistemofílico (medos, inseguranças nas avaliações),
e acompanhamentos das Relações Interpessoais/
Social ao contextualizarem conteúdos com hipóte­
ses das aprendizagens significativas. Elaboraram
conhecimentos (Fazenda, 1994) ao estabelecerem
convergências e divergências interdisciplinares de
ações e saberes inclusivos (Brasil, 2001). Análises
dessa inclusão assentaram-se nos princípios legais
democráticos da diversidade, abordagem Sócio
Histórico Cultural, Vygotsky (1991), González (2002),
Scoz (1987), Mendes (2010) e Miranda (2011). Con­
clusão: Para inclusão, se faz necessário uso das
ava­liações e acompanhamentos Psicopedagógicos,
que requerem atuação de profissionais competentes
Eixo: Formação, Atuação e Pesquisa em Psicopedagogia
CARACTERIZAÇÃO INSTITUCIONAL:
UMA ABORDAGEM DA PRÁTICA
PSICOPEDAGÓGICA
CASSIA DE FATIMA DA SILVA SOUZA,
ERIKA PRISCILA DA CONCEIÇÃO CHAGAS
O presente trabalho trata-se de um estágio institucional
do curso de Pós-graduação em Psicopedagogia que
teve por objetivo caracterizar a Escola Estadual P. F.
P. localizada na cidade de Aracaju/SE, com o intuito
de identificar a demanda da instituição e elaborar
uma proposta de intervenção. Os participantes foram
professores do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental.
Os materiais utilizados foram folder informativo,
questionários semi-estruturados e observação par­
ti­cipante. Após a coleta dos dados, foi elaborado o
projeto de intervenção. Através das análises realizadas
constatou-se que as questões que norteiam todos
os problemas encontrados na escola, podem sob
hi­pótese, estarem diretamente ligadas às relações
hierárquicas e de poder exercidas sobre os demais
componentes desta instituição escolar. Desta forma,
foram pontuados apenas alguns dos vários problemas
que giram em torno da Escola Estadual P. F. P. como
a ociosidade das crianças na hora do recreio, as
dificuldades dos professores em lidar com o excesso
de alunos em sala e as dificuldades na leitura. Através
do Projeto de Intervenção ? Pequenas Ações Geram
Grandes Transformações? foi apresentada a primeira
proposta que consiste em convidar os alunos a
participar, de forma construtiva, das atividades em
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 208-65
243
Resumo dos Trabalhos - Categoria Oral
sala de aula como auxiliares dos colegas. Na segunda
proposta, foram sugeridas atividades lúdicas para
o recreio, como forma de reduzir a ociosidade. A
terceira proposta está ligada ao desenvolvimento da
leitura de maneira mais fácil e agradável, contando
histórias. Concluiu-se que o estágio não apenas
permitiu a realização do diagnóstico psicopedagógi­
co institucional e identificação da demanda através
da utilização de recursos para reflexão e análise,
mas também a construção de propostas coerentes
dentro das possibilidades e limitações da atuação
psi­copedagógica. Portanto, o objetivo do estágio foi
alcançado com sucesso, através das ações realizadas
indicando os possíveis desafios da profissão dentro
da instituição de ensino. Referências: Barbosa LMS.
A Psicopedagógica no Âmbito da Instituição Escolar.
Curitiba: Expoente; 2001. Noffs NA. Psicopedagogo
na rede de ensino: a trajetória institucional de seus
atores /autores. São Paulo: Elevação; 2003. Scoz
BJL. Psicopedagogia e Realidade Escolar. 10ª ed.
Petrópolis: Vozes; 2002.
apresentar desde sinais sutis até alterações mais graves
em suas habilidades de linguagem, motora, cognitiva
ou social. O Centro de Pesquisa e Desenvolvimento
Infantil (CPEDi) está composto por profissionais da
área da Psicopedagogia, Fonoaudiologia e Psicologia,
que valorizam a estratégia de orientações precoces
às famílias com criança de risco de desenvolvimento
infantil, iniciando o processo de avaliação por triagens
sistemáticas, bem como avaliações estruturadas
nas três áreas, além da elaboração de programas
terapêuticos com base em protocolos de habilidades
que permitem direcionar suporte também para pes­
quisas embasadas em evidências científicas. Dessa
forma, o foco do CPEDi é identificar precocemente
os sinas de atraso no desenvolvimento infantil, nos
primeiros anos de vida, e intervir com programas
estruturados, visando a minimizar os efeitos dos
desvios e possibilitar um desenvolvimento propício
para as áreas de linguagem, motora, cognitiva e
sociopessoal, condizente com o desenvolvimento
padrão.
Eixo: Formação, Atuação e Pesquisa em Psicopedagogia
Eixo: Formação, Atuação e Pesquisa em Psicopedagogia
CENTRO DE PESQUISA E
DESENVOLVIMENTO INFANTIL CPEDI: POR VOCÊ!
COMPETÊNCIA EMOCIONAL NA RODA
DE CONVERSA: PROJETO CUCA LEGAL
HIROMI, L.T., PITOMBO, E. M.
SUZELEI FARIA BELLO, ANDRÉA CARLA
MACHADO,ELAINE CRISTINA DOS SANTOS
O estudo apresenta a experiência do Projeto Cuca
Legal, 2014 numa escola pública em Paraisópolis,
São Paulo, na formação de educadores em competên­
cias socioemocionais, para promover a melhoria da
comunicação e solução de problemas por meio da
Roda de Conversa. Roda de Conversa, metodologia
da educação popular, segundo Freire. Consiste em
dialogar sobre temas pertinentes, mediados por pes­­
soas. Seus membros têm participação ativa de ma­­
neira dialógica (Novais, 2009; Ryckebusch, 2011;
Noergren 2009) na aprendizagem socioemocional
cita competências socioemocionais utilizadas pe­
los pesquisadores do CASEL em categorias de
com­petências socioemocionais: cognitivo, afetivos
e comportamentais (autoconsciência, autogestão,
consciência social, e tomada de decisão responsável).
Nesse enfoque, as competências socioemocionais
foram consideradas na formação de educadores
através de Rodas de Conversa. Apresentaremos um
O objetivo desse trabalho é apresentar uma proposta
de atuação e pesquisa de equipe multidisciplinar
que valoriza a intervenção precoce em programas
preventivos para a primeira e segunda infância. O de­
senvolvimento infantil é, sobretudo, um momento em
que mudanças diversas ocorrem de forma ordenada
nas estruturas físicas, cognitivas e comportamentais e
que respondem a variações biológicas e de interações
individuais1. Nessa direção, e considerando a ne­ces­
sidade primordial de atenção à primeira infância, em
uma cidade do interior de São Paulo, foi criado um
centro de pesquisa e desenvolvimento infantil, cuja
demanda de atendimentos é destinada a crianças de
0 a 12 anos. Um espaço crucial que atende e realiza
orientações, avaliações e intervenções precoces, pois
os profissionais envolvidos consideram que uma
criança em risco de atraso de desenvolvimento pode
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 208-65
244
Resumo dos Trabalhos - Categoria Oral
que oferece relevante contribuição para aquisição de
saberes relacionados às dificuldades de aprendiza­
gem com o uso do Cubo de Rubik como instrumen­to
interventivo nesse processo. Para a análise desse
trabalho, utilizaram-se as pesquisas de Barkley, por
trazer informações indispensáveis que desenvolvem
habilidades de atenção e concentração nas práti­
cas dos profissionais que trabalham com crianças,
adolescentes e adultos. Resultados: Como instrumento
interventivo nas dificuldades de aprendizagem, o
uso do Cubo de Rubik proporcionou significativa
contribuição no desenvolvimento das habilidades
de atenção e concentração e uma diminuição nas
condutas indisciplinadas. No que se refere ao me­
lhoramento do desempenho escolar e maior apro­
veitamento cognitivo, o uso desse instrumento lúdi­
co proporcionou aos alunos uma maior capacidade
de focalizar a atenção e concentração. Conclusão:
O trabalho com o Cubo de Rubik como instrumento
interventivo em sala de aula mostrou que existe
a possibilidade de superação das dificuldades de
aprendizagem através de um recurso lúdico e atrati­
vo. Com esse trabalho, a criança torna-se consciente
de sua dificuldade, autorizando-se e sendo capaz
de desenvolver habilidades. Referências: Barbosa
LMS. O projeto de trabalho: uma forma de atuação
psicopedagógica. Curitiba: Pulso; 1998. Barbosa LMS,
Sousa MST. O segredo de aprender: a psicopedago­gia
e as elaborações simbólicas. São José dos Campos:
Pulso; 2010. Barkley RA. Transtorno de deficit de
aten­ção/hiperatividade (TDAH): guia completo para
pais, professores e profissionais da saúde. Porto
Alegre: Artmed; 2002. Brian R. Puzzling Science.
Using the Rubik s cube to teach problem solving.
2009. Huete JCS, Bravo JAF. O ensino de matemática:
fundamentos teóricos e bases psicopedagógicas. Porto
Alegre: Artmed; 2006.
recorte da análise dos depoimentos dos educado­
res: 1. Educadores ao realizar a Roda de Conversa
com estudantes “...com a Roda de Conversa aprendi
a ouvi-los, conhecer sua realidade fora da escola
(pai preso...) são problemas que trazem para a sala
de aula.” “Roda de Conversa, não acredito. Dar li­
berdade de conversa para os alunos, perdem os
li­mites. A gente se expõe e nós estamos aqui é pra
ensinar”. “...precisamos criar uma cultura, cultura a
ser trabalhada”. 2. Projeto Cuca Legal ao realizar a
Roda de Conversa com os educadores “...mostrou a
força que tem esse grupo...formou-se vínculos”, “...
processo de integração dos professores”, “...ajuda a
trabalhar o nosso interior...”. A Roda de Conversa,
processo de construção contínuo e complexo, explicase pela necessidade de integralidade dialógica e
ressignificação para a produção coletiva. O Projeto
Cuca Legal contribuiu na formação dos educadores
nas competências socioemocionais por meio da
Roda de Conversa. Referências: Novais TO. Roda
de conversa. Anais do IV MOPESCO, II Encontro
PET- SAUDE da UFG/SMS, 2010; p.14-5. http://
www.prograd.ufg.br/uploads/90/original_ANAIS_
IV_MOPESCO_2011.pdf Acess, on: 15 Oct.2013.
Ryckebusch GCA. Roda de conversa na Educação
Infantil: uma contribuição critico-colaborativa na
produção de conhecimento (Tese de doutorado). São
Paulo: PUC; 2011. Norgren MBP. Competência social
e arte terapia em um programa de intervenção na
escola (Tese de doutorado). São Paulo: PUC; 2009.
Eixo: Formação, Atuação e Pesquisa em Psicopedagogia
CUBO DE RUBIK: INSTRUMENTO DE
INTERVENÇÃO NAS DIFICULDADES
DE APRENDIZAGEM
JANAINA ERIKA DOS SANTOS MOURA,
ANTONIO MARCOS OLIVEIRA SILVA
Objetivo: Apresentar o Cubo de Rubik como ins­
tru­mento interventivo das dificuldades de apren­
dizagem em turmas de 6°ano do ensino fun­damental
de uma escola pública de Teresina, Piauí, com o
pro­pósito de desenvolver habilidades de atenção e
concentração nas atividades escolares, minimizando
condutas indisciplinares. Método: A investigação está
fundamentada nos estudos de Brian Rohring (2009), o
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 208-65
245
Resumo dos Trabalhos - Categoria Oral
exercícios propostos para eles, porém não conseguem
identificar as letras pedidas ou ler palavras e frases.
Com base nesses pontos levantados e entre outros,
apresentamos à diretora da escola uma proposta de
intervenção, que foi aceita e iniciamos nossa atua­ção.
O Psicodiagnóstico é um dispositivo fundamental para
entendermos o funcionamento da escola e podermos
pensar a relação entre o funcionamento institucional
e o desempenho escolar.
Eixo: Formação, Atuação e Pesquisa em Psicopedagogia
DIAGNOSTICO PSICOINSTITUCIONAL –
UMA EXPERIÊNCIA
ROSANE DE ALBUQUERQUE COSTA,
BRUNA CARRIONE PAHIM, CRISTIANE
GUIMARÃES, VIVIANE MARIA SANTOS DE
OLIVEIRA, CRISTIANE TEIXEIRA DE ALMEIDA
Nesse trabalho, apresentaremos uma pesquisa rea­
lizada numa escola da rede pública municipal da
Baixada Fluminense. Escolhemos pesquisar essa
escola porque ela possui um dos menores ín­di­ces
de aproveitamento escolar (Prova Brasil). Nos­so
ins­trumento de pesquisa é o Diagnóstico Psi­coins­
titucional. Esse instrumento permite conhecer de
forma aprofundada o funcionamento da escola. Ele
é composto de alguns passos. Levantamento das
condições de oferta, avaliação da dinâmica ins­
titucional, avaliação do nível de aprendizagem dos
alunos, avaliação das regras explícitas e implícitas
e de como se estruturam as relações professor x
aluno, professor x direção, direção x aluno, aluno
x aluno. Nessa pesquisa, realizada no ano de 2014,
obtivemos alguns resultados. Condições de oferta:
a escola tem material didático suficiente e de boa
qualidade, mesas, carteiras e quadro branco em boas
condições. Os banheiros dos professores são limpos e
confortáveis. O banheiro dos alunos é sujo, quebrado,
sem portas nas cabines e sem papel higiênico, falta
água nas pias do banheiro. A cozinha tem gordura
espalhada em todo canto. Os canecos, pratos e ta­
lheres são de plástico e estão sempre engordurados.
Quando apresentamos esse ponto aos professores e
funcionários, eles alegaram que não colocam, pois
os alunos quebram e destróem os materiais, como
destróem, ficam sem e ponto final, sem nenhuma
explicação ou ensinamento sobre o porquê esses
materiais deveriam estar ali e sobre a sua importância.
Outro ponto é que toda sexta feira, sem exceção, uma
turma fica sem aula (parece até que é rodízio de
folga, pois toda sexta um professor falta, ocasionando
suspensão das aulas para uma turma). A participação
dos pais é pouca e, quando foram entrevistados,
disseram que não participam por não se sentirem à
vontade na escola. Uma questão muito importante que
chamou a atenção é que os aluno, em sua maioria e
independentemente de suas classes, copiam todos os
Eixo: Formação, Atuação e Pesquisa em Psicopedagogia
FORMAÇÃO DO PSICOPEDAGOGO:
OFICINA DA VIDA – TATADRAMA
APRENDER A AUTORRECONHECER
FABIANE LEMOS LEITE,
AURICELIA MELO FEIJÃO,
MARIA DE FATIMA MARTINS LEMOS LEITE
A presente pesquisa é o relato vivencial e apresen­
ta­ção da “Oficina da vida: Tatadrama Aprender a
au­toconhecer ”, como um recurso para preparação
emo­cional na formação dos futuros psicopedagogos.
Esta pesquisa surge pela inquietação e necessidade
que o futuro psicopedagogo tem de autoconhecer-se,
tratando suas inquietudes internas para atender a
seus aprendentes, na busca do aprender. O método
utilizado foi pesquisa qualitativa com ênfase na
pesquisa-ação. Este trabalho de pesquisa iniciou
nas turmas de 2012 a 2014 da Faculdade INTA de
pós-graduação, no interior do Ceará, sendo apli­
cado a 40 estudantes tendo em vista preparação
emocional do futuro psicopedagogo para o estágio
supervisionado através de uma intervenção direta
com eles. Utilizando o método Psicodramático Ta­ta­
drama (Tata - Transformação e Drama – Ação) criado
pela psicóloga e psicodramatista Elisete Lei­te Gar­
cia apresentado em seu livro “Tramas e Dramas do
boneco de pano no Tatadrama”. Este trabalho é fun­
damentado em Fernández, Moreno, Romanã, Garcia
e Drummond. Como resultados obtidos através de
entrevista semi-estruturada, antes e após aplicação
do Método Tatadrama, podemos observar que 90%
dos alunos que vivenciaram apresentaram mais
segurança no momento do estágio supervisionado e
os outros 10% que apresentaram insegurança foram
os alunos que tiveram resistência em relacionar-se
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 208-65
246
Resumo dos Trabalhos - Categoria Oral
com o EU interior ou criança interior. Conclui-se
que, no desenvolvimento de sua formação, o fu­
turo psicopedagogo passe por intervenções que
lhe preparem para o autorreconhecimento de suas
dificuldades e potencialidades para atender com
eficácia e eficiência a seus aprendentes. Referências:
Drummond J, Boucinhas MF, Novaes MB. Coaching
com Psicodrama: potencializando indivíduos e or­
ganizações. Rio de Janeiro: Wak Editora; 2012. Fer­
nández A, Avelar YSR (Tradução). Psicopedagogia em
psicodrama: morando no brincar. 7ª ed. Petrópolis:
Vozes; 2010. Garcia EL, Malucelli MIC. Tramas e
dramas do boneco de pano no Tatadrama. Rio de
Janeiro: Livre Expressão; 2010. Garcia EL, Romaña
MA, Arroyo MG. Rumo à linha de chegada: pluralidade
da São Silvestre. Rio de Janeiro: Livre Expressão;
2012. Romaña MA. Psicodrama Pedagógico. 2ª ed.
Campinas: Papirus; 1987. Moreno JL. Psicodrama.
12ª ed. São Paulo: Editora Cultrix; 1997.
teórico fundamenta-se no Psicodrama, de Jacob
Levi Moreno, e em Psicopedagogia em Psicodrama,
de Alicia Fernández. A metodologia utilizada nesta
pesquisa foi pesquisação. O trabalho foi desenvolvido
com alunos de graduação em Psicopedagogia de
um Centro Universitário da região de São Paulo
(Brasil). Participaram da pesquisa 12 alunos do 5º
semestre. Após introdução dos conceitos básicos
sobre Jogos Psicodramáticos, apresentados por Yozzo
(2001), que agrupa esses jogos de acordo com as
fases da Matriz de Identidade da teoria de Moreno,
os alunos experienciaram os jogos. O ambiente de
desenvolvimento do trabalho foi a sala de aula e
obedeceu às etapas de aquecimento, dramatização
e comentários. Após essa experiência, os alunos
realizaram o registro das vivências e expressaram os
resultados através de depoimentos. Foi realizada a
análise dos resultados, sendo possível compreender
a contribuição do Psicodrama como procedimento e
prática preventiva, interventiva, terapêutica e mo­
tivadora. A utilização de jogos psicodramáticos como
recurso educacional contribui para otimização dos
processos cognitivos dos alunos de graduação em
psicopedagogia pela via inovadora e sensível, criativa
e espontânea de integração do sujeito aprendente e
de desenvolvimento de sua autoria de pensamento.
Eixo: Formação, Atuação e Pesquisa em Psicopedagogia
JOGOS DRAMÁTICOS E APRENDIZAGEM:
UM RECURSO EDUCACIONAL
WILMA N. SANTOS GANSO CARVALHO,
ANA CECÍLIA OÑATIVIA
A educação na contemporaneidade enfrenta vários
problemas e entre eles a dificuldade de concentração
dos alunos e a falta de capacidade de trabalho criativo
e espontâneo em grupo. Atuando como docentes na
psicopedagogia, foram surgindo questionamentos
tão comuns a outros colegas que, também preocupa­
dos com a função de educadores, buscam recursos
in­tegradores e que proporcionem desenvolvimento
cog­nitivo, criativo e espontâneo. As questões que nos
impulsionaram foram: como despertar sensivelmen­
te o aluno para o problema de aprendizagem? O que
é uma aprendizagem significativa, espontânea e
cria­ti­va? Em que medida os jogos psicodramáticos
como pro­cedimento contribuem para o desenvolvi­
men­to da criatividade e sensibilidade? Este traba­
lho tem por objetivo verificar a utilização de Jogos
Dra­­máticos, como procedimento e como recurso
edu­cacional, auxiliar na otimização do processo
de aprendizagem a partir do desenvolvimento da
cria­tividade e espontaneidade. O nosso referencial
Eixo: Formação, Atuação e Pesquisa em Psicopedagogia
MAIS UMA POSSIBILIDADE DE
ATUAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA:
ATENDIMENTO DOMICILIAR
KAREN ALVES RICCI, CAMILA B. R. LEÓN
O presente relato de experiência procura descrever
e explicitar as várias possibilidades de atuação do
psicopedagogo na sociedade vigente e os novos
formatos para intervenção. Atualmente, novas de­
mandas têm levado à prática do atendimento psi­
copedagógico em domicílio. Devido à escassez de
literatura sobre o tema e por apresentar relevância
para as práticas de atuação, o objetivo deste tra­
ba­lho é analisar a atuação e demanda do atendi­
mento psicopedagógico domiciliar. A atuação psi­
copedagógica assume um caráter preventivo e re­
mediativo e esta atuação acontece no espaço clínico
e institucional. Através dos relatos de experiência
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 208-65
247
Resumo dos Trabalhos - Categoria Oral
dos profissionais da área da psicopedagogia e com
os novos hábitos presentes na sociedade moderna,
esta atuação pode ganhar espaços extraconsultório
e extrainstitucionais, e algumas dúvidas acerca do
tema geram muitas discussões quanto ao formato de
sessão a ser realizado, orientações de como proceder
quanto a esta modalidade de atendimento, uma vez
que se trata de uma sessão clínica individualiza­da,
mas em um espaço diferente do consultório tradi­
cio­nal. O método para este estudo são os relatos de
ex­periência vivenciados na prática do atendimento
psicopedagógico domiciliar, que abrangem contrato
de prestação de serviço com os pais, anamnese do
paciente, propostas de intervenção a serem realizadas
no ambiente do paciente e que necessitam de manejos
de comportamento mais adequados para eficácia
de sua prática e propostas de intervenção, além de
orientação aos pais, que devem ser de extrema eficácia
em se tratando do ambiente familiar. Os resultados
encontrados neste modelo de atendimento se mostram
viáveis dentro da atuação individualizada, uma vez
que atinge os resultados esperados igualmente como
em um espaço de consultório clínico.
atender somente a discentes (46%), enquanto 29% para
atender a discentes e docentes, 17% para atender a
discentes, docentes e funcionários, 6% para discentes
e funcionários e 4% somente docentes. Com relação ao
profissional que trabalha ou coordena o núcleo, 23%
são professores da instituição, 23% são psicólogos,
17% pertencem à equipe multidisciplinar, 12% são
psicopedagogos e 25% não indicaram o responsável.
Sobre as atividades apresentadas, a maioria (33%)
realiza atendimentos individuais, 13% atendimentos
em grupos, 13% trabalham com a formação continuada
docente, 10% realizam ações de educação inclusiva, 9%
têm atividades de recepção aos calouros, 5% ofertam
cursos de nivelamento, 5% atividades diagnósticas
e preventivas, 3% ofertam monitoria, 4% ocupam-se
com atividades organizacionais, 5% auxiliam nas ati­
vidades de pesquisa e extensão. Conclusão: A partir
deste estudo, conclui-se que, apesar do incentivo à
promoção de políticas de apoio ao docente e discente,
as instituições apresentam um panorama muito varia­
do de público atendido, profissional que atendem e
atividades realizadas. Percebe-se a legitimação de um
lugar que poderia ser ocupado pelo profissional de
psicopedagogia, enfocando principalmente atividades
preventivas e de promoção da qualidade acadêmica.
Eixo: Formação, Atuação e Pesquisa em Psicopedagogia
NÚCLEOS DE APOIO PSICOPEDAGÓGICOS
NO BRASIL: PANORAMA DE 52 NÚCLEOS
ATIVOS EM 2015
Eixo: Formação, Atuação e Pesquisa em Psicopedagogia
O USO DE INSTRUMENTOS
NEUROPSICOLÓGICOS NÃO-RESTRITOS
NA AVALIAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA
CLÍNICA
KARINA NONES TOMELIN
Objetivo: O objetivo deste estudo foi compreender como
se estruturam 52 núcleos de apoio psicopedagógicos
implantados em instituições de Ensino Superior no
Brasil. A partir das novas diretrizes e parâme­tros,
principalmente do processo avaliativo externo de
cur­sos e instituições, o MEC preconizou a existência
de políticas de apoio ao docente e discente nas Ins­
tituições de Ensino Superior Pública e Privada. Para
regulamentar essas políticas, muitas IES criaram em
suas estruturas Núcleos de Apoio Psicopedagógico.
Método: Para conhecer melhor o funcionamento, o
público, as demandas e profissionais que trabalham
nestes núcleos, realizou-se uma pesquisa exploratória,
por meio de informações contidas no site de 52 ins­
tituições públicas e privadas de ensino superior do Brasil.
Resultados: A maioria dos núcleos está estruturada para
LEÓN, C. B. R.; PAZETO, T. C. B.;
PEREIRA, A. P. P.; SEABRA, A. G. S.
Apesar da neuropsicologia cognitiva (NC) contribuir
para a compreensão do desempenho acadêmico
em diferentes tarefas, sua intersecção com a psi­
co­pedagogia ainda é escassa no Brasil. Essa co­
mu­n icação tem como objetivo sugerir o uso de
ins­trumentos neuropsicológicos não-restritos na
ava­liação psicopedagógica clínica para investigar
pro­b lemas de aprendizagem. Uma vez que a
ava­liação psicopedagógica também investiga o
desempenho escolar, algumas habilidades básicas
para a aprendizagem, tais como linguagem oral (LO),
linguagem escrita (LE), competência aritmética (CA)
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 208-65
248
Resumo dos Trabalhos - Categoria Oral
uma pesquisa exploratória, descritiva. A pesquisa
foi realizada em nove clínicas privadas e em um
hospital público que fazem diagnósticos e in­ter­
venções psicopedagógicas. Os participantes fo­
ram 10 profissionais, todos pertencentes ao sexo
feminino. Dentre estas, seis possuem formação em
Pe­dagogia e quatro em Psicologia, bem como possuem
Especialização em Psicopedagogia. Duas são tam­
bém Neuropsicólogas, com idade média de 43 anos.
Os instrumentos de coleta de dados compreenderam
entrevistas semiestruturadas, realizadas através de
um roteiro contendo 13 perguntas. Os resultados
demonstram que a maior causa das queixas básicas
são o baixo rendimento escolar, a escola é quem mais
indica os alunos ao atendimento psicopedagógi­
co, a maioria dos encaminhamentos feitos pelas
instituições de ensino com hipótese de problemas
e/ou distúrbios de aprendizagem, que no caso, teriam
o ser cognoscente como protagonista nesse proces­
so, é, na verdade, diagnosticada como dificuldades
escolares reativas, derivadas de metodologias, di­
dáticas e de atitudes inadequadas em relação ao
pro­cesso ensino-aprendizagem que contribuem pa­
ra que o ser cognoscente não consiga se apropriar
dos conhecimentos socializados nas instituições de
ensino. Conclui-se ressaltando que ensinar envolve
mais que o simples domínio do conteúdo, é necessá­
rio possuir conhecimentos sobre a aprendizagem
humana, seus padrões normais e patológicos. Deve-se
conhecer o modelo de aprendizagem do aluno, seu
estilo cognitivo, os fatores internos e externos que
podem facilitar e/ou dificultar o processo ensinoaprendizagem e a Psicopedagogia tem um importante
papel nesse processo, visto que esse profissional
encontra-se qualificado para diagnosticar e intervir
nos casos que envolve a não aprendizagem do ser
cognoscente.
e funções executivas (FE), poderiam ser investigadas
de forma mais psicométrica, por meio de instrumentos
padronizados e normatizados para amostras brasilei­
ras. Uma das ciências interdisciplinares que auxilia
diretamente nesse processo é a NC. Para atingir o
objetivo deste trabalho foi realizada uma análise
bibliográfica qualitativa, com base nos instrumentos
não-restritos disponíveis no mercado nacional. Foram
identificados 19 instrumentos de avaliação no total,
sendo 6 deles para avaliação de LO (CONFIAS,
PCFO, PCFF, TDF, TIN e TRPP), que investigam
diferentes habilidades: consciência, discriminação
e memória fonológica, além de nomeação. Em LE,
foram identificados 7 instrumentos (TCLPP, TDE,
PROHMELE, PROLEC, PAHCL, TCCAL e PED-vr),
que investigam processamentos de leitura (re­co­
nhecimento de palavras/ pseudopalavras, de­sen­
volvimento das estratégias de leitura, compreensão
auditiva e de leitura), assim como processamentos
de escrita (escrita do próprio nome e ditado de
palavras/ pseudopalavras). Para avaliação da CA
fo­ram identificados 3 instrumentos (PA, TDE e
PAHCL) que investigamm em linhas gerais, pro­
cessamento numérico e cálculo. Em FE, foram
identificados 3 instrumentos (TAC, TT e ToL), que
investigam habilidades atencionais, flexibilidade
cognitiva e planejamento. O uso de instrumentos
neuropsicológicos na avaliação psicopedagógica
contribui para uma melhor compreensão dos pro­
blemas de aprendizagem por meio de resultados mais
psicométricos. Porém, é importante ressaltar que a
análise qualitativa da situação de avaliação, por meio
de entrevistas com os pais e a escola, continua sendo
igualmente relevante para uma avaliação global.
Eixo: Formação, Atuação e Pesquisa em Psicopedagogia
PERCEPÇÕES DE PSICOPEDAGOGOS
CLÍNICOS EM RELAÇÃO ÀS QUEIXAS DE
FRACASSO ESCOLAR
THELMA HELENA COSTA CHAHINI,
ALINE PAIVA PACHECO
O estudo teve por objetivo primário investigar quais
as percepções dos Psicopedagogos Clínicos de
São Luís do Maranhão em relação às queixas bá­
sicas sobre o fracasso escolar. Desenvolveu-se
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 208-65
249
Resumo dos Trabalhos - Categoria Oral
Eixo: Formação, Atuação e Pesquisa em Psicopedagogia
Eixo: Formação, Atuação e Pesquisa em Psicopedagogia
PROJETO LUMIAR:
ESTUDO DE CASO ADOLESCENTE
COM SINDROME DE DOWN
PSICOPEDAGOGIA E PSIQUIATRIA:
UMA CORRELAÇÃO FUNDAMENTAL
PARA A PROMOÇÃO DA APRENDIZAGEM
E DA SAÚDE MENTAL DE CRIANÇAS E
ADOLESCENTES
FABIANE LEMOS LEITE,
AURICELIA MELO FEIJÃO,
MARIA DE FATIMA MARTINS LEMOS LEITE
CATERINO AP, PEDRONEIRO PA, PEREIRA VC,
BOARATI MA, PANTANO T
O atendimento psicopedagogo sempre nos traz gran­
des desafios na busca da aprendizagem significa­
tiva do aprendente. Este estudo iniciou a partir do
atendimento de uma adolescente com Síndrome de
Down no Projeto Lumiar Núcleo XII de Atendimen­
to Psicopedagógico do Projeto Social da Seção Cea­rá
da Associação Brasileira de Psicopedagogia – ABPpCE. Tem como objetivo apresentar e descrever o
lu­dodiagnóstico com facilitador para o diagnóstico
psicopedagógico. Metodologia utilizada é o estudo
de caso vivencial no atendimento a uma adolescente
com síndrome de Down no projeto, com queixa com
alto nível de agressividade, dificuldade na leitura e
escrita, e déficit de atenção. Resultados: As técnicas
do ludodiagnóstico foram eficazes para identificação
dos níveis cognitivos da adolescente, comprovamos
a redução da agressividade nas sessões e, diante das
tais observações, pode identificar com semelhança
de resultados das técnicas projetivas. Conclui-se que
o uso do ludodiagnóstico proporcionou neste caso
avanços significativos com os resultados obtidos.
Referências: Affonso RML (org). Ludodiagnóstico:
investigação clinica através do brinquedo. Porto
Alegre: Artmed; 2012. Schwartzan JS. Síndrome de
Down. São Paulo: Mackenzie; 1999. Silva RN. A. A
educação especial da criança com Síndrome de Down.
In: Bello JLP. Pedagogia em Foco. Rio de Janeiro,
2002. Disponível em: http://www.pedagogiaemfoco.
pro.br/spdslx07.htm. Acesso em: 16 de junho de
2015. Santiago F, et al. Síndrome de Down. Mogi das
Cruzes, 1997. Disponível em: http://www.brazcubas.
br/professores/sdamy/mubc02.html. Acesso em: 16
de junho de 2015. Bossa NA. Psicopedagogia no
Brasil. Porto Alegre: Artmed; 2013. Trindade CMT.
O psicopedagogo e sua intervenção na aprendiza­
gem de alunos com Síndrome de Down. Disponível
em: https://www.portaleducacao.com.br/pedagogia/
artigos/30041/o-psicopedagogo-e-sua-intervencaona-aprendizagem-de-alunos-com-sindrome-dedown#!4 Acesso em 15 de agosto de 2015.
Objetivos: A psicopedagogia hospitalar nos ser­
viços de saúde é de extrema importância, já que
crianças e adolescentes internados precisam de
acom­p anhamento psicopedagógico em classes
hos­pitalares, numa intervenção direta em suas di­
ficuldades e transtornos de aprendizagem1. Este
trabalho pretende descrever as possibilidades de
intervenção psicopedagógica hospitalar. Método:
Foram descritas as avaliações e intervenções realizadas
em 4 pacientes com diagnóstico de esquizofrenia,
transtorno de vínculo, transtorno de déficit de aten­
ção e hiperatividade, transtorno ansioso, com idades
entre 10 e 14 anos, durante 3 meses, no Hospital Dia
Infantil do Instituto de Psiquiatria do Hospital das
Clínicas. Os pacientes foram avaliados com relação
às suas possibilidades em linguagem oral (protocolo
ABFW)² e escrita (Protocolo para compreensão lei­
tora de textos expositivos e avaliação de narrativa
escrita), estilos de aprendizagem (Portilho)³, memória
operacional e atenção (Capovilla)4. Na intervenção,
foram desenvolvidas atividades de cunho cognitivo
para desenvolver leitura, escrita, compreensão, arit­
mética e memória, tendo como base as dificuldades
identificadas. Resultados: Observou-se, no momento
da alta, melhoras comportamentais e pedagógi­
cas, qualidade do relacionamento entre os colegas,
autonomia do estudo e progressão com relação ao
estágio de escrita e leitura com possibilidades de
compreensão e expressão escrita de pensamentos
e ideias. Conclusão: O trabalho psicopedagógico
realizado juntamente com equipe multidisciplinar
deixou evidente a importância do psicopedagogo
no âmbito hospitalar com crianças e adolescentes.
Referências: 1. Castanho MIS. Psicopedagogia em
contexto hospitalares e da saúde: Três décadas de
publicações. Rev Psicopedagogia. 2014;31(94):63-72.
2. Andrade CRF, Béfi-Lopes DM, Fernandes FDM,
Wertzner WH. ABFW: Teste de linguagem infantil
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 208-65
250
Resumo dos Trabalhos - Categoria Oral
nas áreas de fonologia, vocabulário, fluência e prag­
mática. Carapicuiba (SP): PróFono, 90 p 2000. 3.
Por­tilho EML. Avaliação de estilos de aprendizagem:
uma comparação entre professores que optaram por
novas tecnologias e professores que optaram por
continuar com tecnologias tradicionais. Curitiba,
PUCPR, 2004, p. 26. Trabalho apresentado para a
defesa de Professor Titular. 4. Capovilla AGS, Montiel
JM. Teste de atenção por cancelamento-Parte B. In:
Prova de aritmética. Teoria e Pesquisa em avaliação
neuropsicológica. São Paulo: Menmon; 2007.
significativos para a empresa e seus colaboradores,
permitindo manterem-se atualizados e em constante
crescimento mercadológico. Referências: Campos
MCRMC, Amaro DG, Levy DS, Mrech LM, Penalta,
Telma Martins. Atuação em psicopedagogia ins­
titucional: brincar, criar e aprender em diferentes
idades. Rio de Janeiro: Wak Editora; 2012, p.113-49.
Costa MM. Psicopedagogia empresarial. 2ª ed. Rio
de Janeiro: Wak Editora; 2011. Datner Y. Jogos para
Educação Empresarial: Jogos, Jogos Dramáticos,
Role-playing, Jogos de Empresa. São Paulo: Ágora;
2006. Demo P. Pesquisa Participante: mito e realidade.
Brasília: UnB/ INEP, 1989. Disponível em: http://www.
dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.
do?select_action=Eco_obra=26105 Acesso em: 20 de
junho de 2015. Militão A, Militão R. S.O.S.: dinâmica
de grupo. Rio de Janeiro: Qualitymark; 1999. Senge
PM. A quinta disciplina: arte e prática da organização
que aprende. 2ª ed. São Paulo: Ed. Best Seller; 1998.
Eixo: Formação, Atuação e Pesquisa em Psicopedagogia
PSICOPEDAGOGIA EMPRESARIAL:
INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA EM
UMA EMPRESA DE SOFTWARES
AURICÉLIA MELO FEIJÃO,
FABIANE LEMOS LEITE
A gestão empresarial perpassa por reformas cons­
tantes em seu processo de atualização e manter-se
no mercado. A empresa de Softwares: contábil, admi­
nistrativo e gestão está passando por dificuldades
na estrutura física, organizacional, financeira e de
gestão interna, que influenciam diretamente no
relacionamento interpessoal entre os colaboradores.
Esta pesquisa tem como objetivo analisar a atuação
do psicopedagogo no ambiente empresarial, com
foco na organização e estruturação em relação aos
setores financeiro, social, organizacional e estrutural
da empresa. Esta analise foi realizada de agosto de
2008 a dezembro de 2014 na empresa de Softwares:
contábil, administrativo e gestão, localizada no in­
terior do Estado do Ceará, utilizando a metodologia
da pesquisa qualitativa e quantitativa, com análise
de dados, entrevistas, questionários e atividades
dinâmicas em grupo, com bases da pesquisa par­
ticipante de acordo com Demo. Resultados a partir
da atuação do psicopedagogo empresarial: aumento
da produtividade, redução da rotatividade de fun­
cionários, proatividade, motivação para participar
das formações continuadas da empresa no ambiente
de trabalho e efetivação da qualidade ensino apren­
dizagem dos colaboradores. Conclui-se que a par­
ti­c i­p ação contínua e parceira do psicopedagogo
empresarial junto ao RH e à gestão promove avanços
Eixo: Formação, Atuação e Pesquisa em Psicopedagogia
PSICOPEDAGOGIA NA COMUNIDADE
PROJETO LEITURA NA PRAÇA
AURICÉLIA MELO FEIJÃO,
FABIANE LEMOS LEITE
Esta é uma pesquisa que tem como objetivo apresen­
tar o Projeto Leitura na Praça com aintervenção psi­
copedagógica incentivando a leitura em momentos
de lazer, funcionando na comunidade do Bairro
Parque Granjeiro, Município de Crato, no interior do
Ceará, na Praça João Vicente Crispim. Este projeto
tem como meta influenciar no processo de aprendiza­
gem das crianças e dos seus membros, modificando o
comportamento da cultura letrada da comunidade. A
leitura transforma quem ler e quem escuta. O método
acontece através da intervenção psicopedagógica,
com orientação para leitura e incentivo à mesma.
Promovendo a socialização de forma dinâmica e
prazerosa utilizando recurso didático pedagógico.
O projeto teve início em setembro de 2014 e até a
presente data, a cada encontro há um grande número
de novos leitores, recebe mais doações de livros e
outras instituições tornam-se parceiras no incentivo
à leitura. Logo, percebemos que o psicopedagogo tem
muito a contribuir para as atividades de incentivo à
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 208-65
251
Resumo dos Trabalhos - Categoria Oral
leitura em comunidades, podendo, assim, transformar
quem participa e modificar a realidade da comunidade
letrada em meio a uma vasta tecnologia de informação.
O projeto propicia o contato diretamente com livros
infantis, livros infanto juvenil, gibis, cordéis, literatura
brasileira e revistas diversas. Referências: Barbosa
L. Psicopedagogia no âmbito grupal. Operativida­
de – um instrumento para o desenvolvimento em
grupos de aprendizagem. In: Zenícola AM, Barbosa
LMS, Carlberg S. Psicopedagogia: saberes/olhares/
fazeres. São José dos Campos: Pulso; 2007. p.127-68.
Barbosa LMS, Caron L, Küster SMGS, Santos RMF.
Disponível em: http://www.pucpr.br/eventos/educere/
educere2009/anais/pdf/3861_2266.pdf Acesso em:
11 de agosto de 2013. Freire P. A importância do ato
de ler. 41ª ed. São Paulo: Cortez; 2001. Judy HH,
Sallee B. O poder dos projetos: novas estratégias
e soluções para a educação infantil. Porto Alegre:
Artmed; 2005. Menezes L, Chan I. Gostar de ler: 16
projetos que incentivam a leitura. Disponível em:
http://educarparacrescer.abril.com.br/16-projetosincentivam-leitura-686038.shtml Acesso em 11 de
agosto de 2013.
do ponto de vista da Administração, possibilitando
concluir que, na perspectiva da gestão, as discussões
têm avançado acerca da presença do indivíduo e
sua dimensão, tratada como dimensão da pessoa.
As organizações têm revelado uma preocupação em
tratar a questão da aprendizagem, do conflito, de uma
forma diferenciada, porém resvala na limitação da
compreensão do indivíduo e o grupo de uma forma
mais integradora. Conclusão: A integração dos saberes
da área de administração, bem como os conceitos de
Pichon-Rivière e W. R. Bion, possibilitaram concluir
que a atuação do psicopedagogo institucional é um
diferencial nas organizações. Tem condições de mediar
as aprendizagens, com base em seu conhecimento
acerca dos papéis desenvolvidos pelos indivíduos,
nas relações, funcionamento e sua capacidade de
intervenção em grupos de trabalho. Compreender
que existem conceitos distintos de grupo nas di­
ferentes visões das equipes multiprofissionais, foi
um importante resultado encontrado. Referências:
1. Robbins SP. Comportamento Organizacional, tra­
dução técnica Reynaldo Marcondes. 11ª ed. São
Paulo: Pearson Prentice Hall; 2005. 2. Chiavenato I.
Gestão de pessoas: e o novo papel dos recursos hu­
manos nas organizações. Rio de Janeiro: Elsevier;
2004. 3. Pichon-Rivière E, 1907-1977. Teoria do
vín­culo, tradução Eliane Toscano Zamikhouwsky,
revisão da tradução Monica Stahel. 7ª ed. São Paulo:
Martins Fontes; 2007. 4. Bion WR. Experiências com
grupos: os fundamentos da psicoterapia de grupo,
tradução e prefácio de Walderedo Ismael de Oliveira.
2ª ed. Rio de Janeiro: Imago, São Paulo, Editora da
Universidade de São Paulo;1975.
Eixo: Formação, Atuação e Pesquisa em Psicopedagogia
PSICOPEDAGOGO INSTITUCIONAL E SUA
ATUAÇÃO EM GRUPOS DE TRABALHO
ROBERTA ROSSI OLIVEIRA PALERMO
Objetivo: Abordar a construção de grupo entendida
como uma forma sócio-histórica de individualidade,
construída no convívio social, constituindo-se em
uma multiplicidade de papéis, com vistas à com­
preensão da atuação do psicopedagogo ins­titu­cio­
nal nas organizações. Método: O recorte biblio­
gráfico contribuirá para facilitar a compreensão
dos vários papéis que uma pessoa pode representar
na construção de um grupo. Portanto, a dinâmica
relacional na construção e desconstrução foi o foco
desta pesquisa. Pretende-se estudar conceitualmente
as suposições sobre as representações, o uso e o
significado, assim como a forma que é encarada
e transformada a construção da identidade de um
grupo. Resultados: Stephen Robbins e Idalberto
Chiavenato contribuíram com a compreensão do
significado de grupo no contexto das organizações,
Eixo: Formação, Atuação e Pesquisa em Psicopedagogia
TESSITURAS – DE QUANTOS FIOS SOMOS
FEITOS? RELATO DE EXPERIÊNCIA
ROSANITA MOSCHINI VARGAS,
LISIANE ROSSATTO TEBALDI, CHRISTIANE
MIRANDA SISSON, ROSÁRIA ANELE
Objetivo: O relato que apresentamos tem como
objetivo compartilhar as experiências vivenciadas
em uma escola da rede privada de Porto Alegre/RS,
com professores de Educação Infantil: professores
do Infantil A e Infantil. Método: Constituindo-se
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 208-65
252
Resumo dos Trabalhos - Categoria Oral
de dois encontros com professores de cada nível
de ensino, na modalidade de oficina, intitulado
“Tessituras – De quantos fios somos feitos?”, a fim
de congregar os professores num espaço de escuta
psicopedagógica1,2 perante a trajetória percorrida no
semestre letivo, bem como refletir sobre as diferen­tes
relações inter e transdisciplinares3 de suas práticas,
caracterizando a dimensão das tessituras que os
constituem? tanto nas reuniões de planejamento,
quanto nos atendimentos individualizados e suas
aprendizagens a partir do conceito de dinâmica de
grupo?. Resultados: Os dois encontros se constituí­ram
num espaço de acolhida e reflexão frente a tramas e
enredos que perpassam as interrelações enquanto
membros de um grupo de trabalho. Os resultados
obtidos foram de grande significância, principalmente
em relação à teia produzida em grupo, representando
a dinâmica do grupo frente aos vínculos, aos “nós”
que os constituem, representando o percurso até
então tecido, além de favorecer o “ouvir” o outro e a
possibilidade de “ouvir-se” frente ao outro que neste
contexto organizacional caracteriza-se como (co)
le­ga, ou seja, aquele que comigo constrói o legado.
Conclusão: Abrir o espaço de escuta psicopedagógica
no ambiente organizacional, mais especificamente
na escola, compreendendo o professor enquanto
ensinante e, também, aprendente favorece a cons­
trução de suas relações (intra) interpessoais, além
de propiciar as ressiginificações de sua prá­tica
pedagógica enquanto autor deste processo. Refe­
rências: 1. Fernandez A. Inteligência aprisionada:
abordagem psicopedagógica clínica da criança e da
família. Porto Alegre: Artmed; 1991. 2. Fernandez
A. A mulher escondida na professora: uma leitura
psicopedagógica do ser mulher, da corporalidade
e da aprendizagem. Porto Alegre: Artmed; 1994. 3.
Morin E. Os sete saberes necessários à Educação do
Futuro. 9ª ed. São Paulo: Cortez; 2004. 4. Sampaio JR.
A “Dinâmica dos Grupos” de Bion e as organizações
de trabalho. Psicologia USP. 2002,13(2):277-91. 5.
Fernandez A. Os idiomas do aprendente: análise das
modalidades ensinantes com famílias, escolas e meios
de comunicação. Porto Alegre: Artmed; 2001.
Eixo: Psicopedagogia em Diversas Linguagens
A ATUAÇÃO DO PSICOPEDAGOGO NO
AMBIENTE HOSPITALAR:
UMA EXPERIÊNCIA NO HEC
ADRIANA FREITAS CASTELO BRANCO
A atuação psicopedagógica no ambiente hospitalar
possibilita a identificação do significado de cada
aprendizagem para cada criança e adolescente hos­
pitalizados no Hospital Estadual da Criança (HEC),
essa atuação contribui para compreender como se
dá a aprendizagem desses sujeitos, respeitando o
processo cognitivo de cada um, além de possibilitar
a realização de um planejamento condizente com
as demandas que surgem nesse espaço. Gas­parian
ressalta que, dentre as características da apren­di­
zagem, o psicopedagogo também deve estar atento
às reações de todos os elementos que compõem
um ambiente para que ocorra a aprendizagem.
Com o intuito de demonstrar as contribuições da
atuação psicopedagógica no ambiente hospitalar
no HEC é que relatarei as experiências vivenciadas
enquanto Pedagoga/Psicopedagoga neste espaço.
Nesse sentido, atuo neste hospital, localizado no
município de Feira de Santana, Bahia, há mais de
quatro anos, realizando o atendimento pedagógico e
psicopedagógico as crianças e adolescentes interna­
dos nesta instituição. Vale ressaltar a importância da
atuação do psicopedagogo no ambiente hospitalar,
em todo o processo de aprendizagem, tano no pla­
nejamento das atividades, na formação, discussões
de casos e na intervenção das possíveis dificuldades
de aprendizagem. O resultado dessa prática é muito
positiva, pois nos faz compreender a importância
desse profissional no espaço hospitalar, atuando em
conjun­to com a equipe multidisciplinar, proporcionan­
do um trabalho mais humanizado, contribuindo no
processo de aprendizagem de cada paciente, além
da diminuição do tempo de internação e a melhoria
do seu quadro clínico. Referência: Gasparian MCC.
Psicopedagogia institucional sistemática. São Paulo:
Abril Cultural; 1997.
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 208-65
253
Resumo dos Trabalhos - Categoria Oral
contínua com a Arte. Estudo realizado entre janeiro
de 2014 a julho de 2015. Referências: Hauschka M.
Terapia artística: contribuições para uma atuação
terapêutica. São Paulo: Antroposófica; 1987. Steiner
R. Pedagogia, arte e moral. São Paulo: João de Barro;
2008. Petraglia MS. A música e sua relação com o ser
humano. São Paulo: OuvirAtivo; 2010.
Eixo: Psicopedagogia em Diversas Linguagens
A LINGUAGEM ARTÍSTICA NA
INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA
REIS, M. A.
Objetivo: Propósito do estudo: pesquisar como a lin­
guagem artística atravessa questões interventivas
na Psicopedagogia, possibilitando atuação que fa­
voreça a relação com a aprendizagem, mediando
contextos e situações que envolvem a pessoa que
aprende em diferentes fases do desenvolvimento,
com ludicidade. Método: Utilização da linguagem
artística, instrumentos: pintura, desenho, modelagem
com argila, música (Chopin), ambiente de sala
com mesa iluminada, temperatura amena, assunto
tratado: aprendizagem, a análise foi baseada na
ob­servação participativa e registro da evolução a
partir da queixa, atuação para diagnóstico de dis­
lexia e dificuldade de aprendizagem. Hauschka
(1987) vem dizer que a terapia artística pode mini­
mizar sofrimentos. Para Steiner (2008), o sentido
artístico estimula capacidades. Petraglia (2010) afir­
ma que a música carrega pessoas em uma viagem
que transforma. Resultados: Em 100% das inter­
venções com o elemento artístico, o aprendente,
ao final das sessões, apresentou expressão facial
relaxada, esboçando sorriso, indicativo do bem-estar
presente nas atividades, algumas com contribuição
musical, houve ganho de estrutura intelectiva de
concentração e atenção no fazer criativo com desenho
e pintura, melhor capacidade de distinção de sons
na comunicação oral pela atenção às orientações
geradoras de interesse, desenvoltura com a letra
cursiva na aplicação da intervenção com disléxico,
onde para este atendimento foi usada modelagem
das letras do alfabeto, as atividades acrescentaram
facilitação ao relacionamento do aprendente com a
família e a escola. Conclusão: A linguagem artís­
tica aplicada ao atendimento psicopedagógico po­de
resultar: no aprimoramento da capacidade de con­
centração e atenção, bem-estar pela expressão da
subjetividade no fazer artístico, gosto pelo aprender.
Para delimitar o estudo, não fez parte da aplicação das
atividades a busca pela distração ou mesmo alcançar
aperfeiçoamento técnico, mas o processo vivencial
interventivo, mobilizado pelo aspecto lúdico e pela
capacidade própria do aprendente numa interação
Eixo: Psicopedagogia em Diversas Linguagens
A PSICOPEDAGOGIA E ARTETERAPIA:
PONTES DE UMA BELA PARCERIA
CASSIA DE FATIMA DA SILVA SOUZA,
NÉCLEA DANTAS DE CARVALHO
O presente artigo tem o propósito de relacionar a
Psicopedagogia e Arteterapia como possibilidade
de “cura” do SER a partir da descoberta e do de­
senvolvimento do processo criativo, levando o su­
jeito a ser autor de sua trajetória. O trabalho foi
desenvolvido com um jovem de 19 anos, que, se­
gun­do a família, tem diagnóstico de autismo e a
intervenção em psicopedagogia surge com o objeti­
vo de potencializar o processo criativo do ser, como
caminho para ressignificações do que este jovem criou
com o empecilho de seu crescimento a partir do au­
tismo. Foi utilizando os recursos da psicopedago­gia
e da arteterapia em oficinas criativas (Allessan­drini,
1996), método utilizado em ateliê arteterapêutico,
com o objetivo de potencializar o processo criativo,
trabalhando a percepção de si mesmo, sua reelaboração
do que é belo, seus movimentos, pulsões, limites e
possibilidades, desenvolvendo a autonomia do su­
jeito frente às suas criações e potencial escondido e
cristalizado no diagnóstico. As oficinas são realizadas
a partir de etapas, que seguem uma ordem própria:
sensibilização, expressão livre, elaboração de ex­
pressão, transposição de linguagem e avaliação. As
oficinas criativas proporcionam aos participantes a
utilização de recursos artísticos, estabelecendo re­
lações entre a teoria, a prática e o aprender fazendo,
até chegar a substituir uma resposta por outra mais
elaborada, o que significa, em contraposição, delegar
ao sujeito o papel que deve ser seu, o de construtor
ativo do seu conhecimento, possibilitando superar
suas dificuldades. Referências: Allessandrini CD.
Oficina criativa e psicopedagogia. São Paulo: Casa
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 208-65
254
Resumo dos Trabalhos - Categoria Oral
do Psicólogo; 1996. Noffs NA, Fabríco NC, Souza
VCB. A Psicopedagogia em direçção ao espaço
transdisciplinar. São Paulo: Frôntis Editorial; 2000.
Rubinstein E. Psicopedagogia uma prática, diferen­
tes estilos. São Paulo: Casa do Psicólogo; 1999. Pain
S, Jarreau G.Teoria e técnica da arte-terapia: a com­
preensão do sujeito. Porto Alegre: Artes Médicas;
1996.
de comparar, na busca da perfilização do objeto ou
do achado de sua razão de ser (Freire, 2014). Con­
clusão: Com as aulas sendo semipresenciais, en­
contramos desafios. Entretanto, com a colaboração
da docente responsável pela turma, do núcleo gestor
e, principalmente, dos educandos, conseguimos
de­s envolver a proposta pedagógica envolvendo
todos. Além disso, vivenciamos a oportunidade de
com­preender a importância do psicopedagogo no
chão da escola e de como este profissional poderá
contribuir, junto à comunidade escolar, na condução
do processo de ensino e aprendizagem de educado­
res e educandos. Referências: 1. Bassedas E, et al.
Intervenção educativa e diagnóstico psicopedagógico.
3ª ed. Porto Alegre: Artes Médicas; 1996. 2. Freire
P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à
pratica educativa. 49ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra;
2014. 3. Brandão CR. O que é o método Paulo Freire.
São Paulo: Brasiliense; 1981.
Eixo: Psicopedagogia em Diversas Linguagens
A PSICOPEDAGOGIA E SUAS
CONTRIBUIÇÕES ATRAVÉS DA
AÇÃO INTERDISCIPLINAR E LÚDICA
GLEICIANE SOUSA LIMA, ANA CARMEN
SILVA, NÁDIA RAQUEL OLIVEIRA DE ALMEIDA,
MARIA ISABEL SILVA BEZERRA LINHARES
Objetivo: Este trabalho objetiva explanar um relato
de experiência realizado a partir da disciplina de Es­
tágio Supervisionado Institucional, onde buscamos
perceber a contribuição do psicopedagogo no pro­
cesso de aprendizagem de discentes inseridos na
modalidade de Educação de Jovens e Adultos (EJA).
Método: O estágio foi desenvolvido no Centro de Edu­
cação de Jovens e Adultos Professora Cecy Cialdine,
localizado na cidade de Sobral-Ceará. A partir de
uma abordagem qualitativa, realizamos observações
devidamente registradas no diário de campo, onde
percebemos que os educandos se mantinham cada
um com seu módulo, apresentando dificuldades
para fazer uma relação entre as disciplinas. Com
isso, elaboramos uma proposta onde pudéssemos
tra­zer a interdisciplinaridade e, consequentemente,
a ludicidade como um caminho para docentes e dis­
centes construírem conhecimento contextualiza­do.
Resultados: Na construção desta intervenção, ti­
ve­mos Paulo Freire como embasamento teórico, no
intuito de oportunizarmos aos educandos a viven­ciar
experiências pedagógicas, onde o lúdico estivesse
presente. Através das atividades como a feira dos jogos,
os poemas e as músicas, a ideia de aprendizado ten­do
como base somente os módulos e o caderno foi sendo
des­construída, havendo por parte dos educandos e
educadores a participação e, consequentemente, o
despertar da curiosidade, que convocou a imaginação,
a intuição, as emoções, a capacidade de conjecturar,
Eixo: Psicopedagogia em Diversas Linguagens
ACESSIBILIDADE E INCLUSÃO NO
ENSINO SUPERIOR: DESAFIOS ATUAIS E
A CONTRIBUIÇÃO DA PSICOPEDAGOGIA
DAIANE LIRA, FRANCIELE FÁTIMA MARQUES,
DENISE APARECIDA MARTINS SPONCHIADO
Objetivo: Investigar que procedimentos os Cursos de
Graduação da Universidade Regional Integrada do
Alto Uruguai e das Missões estão adotando quanto
à acessibilidade no Ensino Superior e que contribui­
ções a psicopedagogia possibilita nessa demanda
de incluir a todos. Método: O estudo apresenta um
enfoque metodológico quanti/qualitativo, embasado
numa pesquisa empírica que entrelaça um estudo
bibliográfico e documental, permitindo uma com­
preensão eficiente do fenômeno estudado. A mes­ma
faz parte de uma pesquisa que vem sendo desen­
vol­v ida ao longo do ano, em uma Universidade
do norte do RS (Universidade Regional Integrada
do Alto Uruguai e das Missões) e busca trazer à
tona um olhar para os estudantes com deficiência,
o que se constitui em um desafio da atualidade.
Resultados: A partir das ideias de Perrenoud (2002),
o educador, neste contexto universitário, necessita de
reflexões, capacitação e uma preparação que garanta
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 208-65
255
Resumo dos Trabalhos - Categoria Oral
o desenvolvimento de habilidades e conhecimentos
necessários a uma ação segura por parte de todos os
profissionais. Os resultados esperados com a presente
pesquisa é a análise dos Documentos (PPC s e PDI)
para ver se, com toda essa demanda voltada a uma
educação para todos, ou seja, a inclusão de estudantes
com deficiência no Ensino Superior, a Universidade
está se moldando a essas mudanças, promoven­
do o seu diferencial e a sua integridade diante dos
aca­dêmicos. Conclusão: As práticas educacionais
inclusivas revelam que a inclusão educacional não é
do interesse apenas dos estudantes que demandam
atendimento diferenciado, haja vista que a inserção
desse alunado nos espaços educacionais comuns
exige das instituições novos posicionamentos e pro­
cedimentos de ensino baseados em concepções e
práticas pedagógicas mais evoluídas, acompanhando
os avanços conceituais e teóricos advindos das teorias
educacionais. Neste sentido, constitui-se fundamental
a presença do Psicopedagogo neste contexto, sendo
que este dará o suporte e apoio necessários à prática
pedagógica.
sentada no contexto educacional, o TEA refere-se a
alterações que geram prejuízo qualitativo na intera­
ção social, associados a comportamentos repetitivos
e interesses restritos2. Participou da consultoria as
especialistas e uma professora-tutora de uma criança
do sexo masculino com 8 anos de idade, cursando o
terceiro ano do Ensino Fundamental I de uma escola
regular, privada, no interior paulista. A consultoria foi
desenvolvida em encontros semanais de uma hora,
sempre presentes as duas profissionais e a professoratutora. Inicialmente, foram realizadas observações em
sala e orientações específicas sobre comportamento,
linguagem e aprendizagem. Todas as atuações da
tutora foram compiladas em protocolos sistemáticos,
os quais foram analisados e os resultados postos em
discussão. Depois de analisadas as necessidades
primordiais, iniciou-se o treino de alfabetização, a
princípio com atividades de percepção visual com
suporte concreto e informatizado. Dessa forma, a
parceria possibilitou o planejamento conjunto de
atividades acadêmicas, adaptações de matérias e
compartilhamento de informações, um panorama que
oferece respaldo ao professor tutora e ao aluno com
TEA, agregando valor às estratégias de adaptações
curriculares que facilitam a inclusão escolar. Refe­
rências: 1. American Psychiatric Association APA.
Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos
Mentais. 5ª ed.: DSM-5. Porto Alegre: Arte Médica
Editora; 2014. 2. Bello SF, Machado AC, Almeida
MA. Parceria colaborativa entre fonoaudiólogo e
pro­fessor: uma análise dos diários reflexivos. Rev
Psi­copedagogia. 2012;29(88):46-54.
Eixo: Psicopedagogia em Diversas Linguagens
CONSULTORIA COLABORATIVA:
PROPOSTA DE ATENÇÃO À
DIVERSIDADE COM TRANSTORNO
DO ESPECTRO AUTISTA
SUZELEI FARIA BELLO, ANDRÉA CARLA
MACHADO, ELAINE CRISTINA DOS SANTOS
Esse trabalho objetivou descrever a experiência de­
senvolvida por dois profissionais, um Fonoaudiólogo
e um Psicopedagogo, junto à uma professora-tutora
de uma criança com Transtorno do Espectro Autista
(TEA). O sistema de consultoria colaborativa agrega
valor à temática da inclusão escolar como uma
possibilida­de de oferecer aos professores assistên­
cia para refleti­rem sobre suas práticas, apoio de
especialista na resolução de problemas e, sobretudo
na resolução dos proble­mas no próprio contexto
educacional1, a fim de garantir o desenvolvimento
comportamental e acadêmico do aluno. Dessa for­
ma, a consultoria apresenta-se com um formato de
trabalho para colaborar e coo­perar na nova demanda
do processo inclusivo. Fren­te a essa diversidade apre­
Eixo: Psicopedagogia em Diversas Linguagens
INCLUSÃO ESCOLAR:
UMA ESCOLA PARA TODOS
PATRÍCIA VIEIRA
Objetivo: O objetivo deste trabalho é apresentar uma
proposta de inclusão escolar sustentada pela teoria
Psicanalítica. Tal proposta tem o foco no trabalho de
formação com o professor e do desenvolvimento de um
dispositivo que auxilie a rotina do aluno de inclusão
escolar. Método: O modelo que proponho neste tra­
balho foi aplicado em algumas escolas regulares
da cidade de São Paulo. A intervenção nas escolas
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 208-65
256
Resumo dos Trabalhos - Categoria Oral
acontecia em três etapas: 1) Escuta da demanda
dos professores e coordenadores em relação à inclu­
são; 2) Formação dos professores para o trabalho
com a diversidade e inclusão. O estudo teórico dos
principais conceitos da psicanálise e da educação
que sustentam a prática inclusiva. Alguns conceitos
trabalhados foram: constituição do sujeito, função
materna, desenvolvimento cognitivo entre outros; 3)
Implantação do Projeto. Conclusão: Podemos concluir
que o modelo criado permite uma aproximação
máxima do universo subjetivo dentro de um espaço
objetivo que é a instituição escolar. Tal modelo reforça
a ideia que a inclusão passa pela diferenciação e que
adianta pouco às crianças com necessidades especiais
estarem na escola se elas não forem vistas, tratadas
e consideradas respeitosamente na sua diferença e
também nas possibilidades que possuem.
trabalho, contribuindo, assim, para a promoção do
desenvolvimento social. O estudo apresenta dados do
Programa de Apoio aos Períodos Iniciais da UNISUAM
(PAPI) desde o primeiro semestre de 2013, nos diferentes
cursos de graduação da UNISUAM, localizado na Zona
da Leopoldina, da cidade do Rio de Janeiro. Os dados
apresentados foram levantados pelo Núcleo de Apoio
Psicopedagógico (NAPp). Acredita-se que os mesmos
possam contribuir para a reflexão do alunado e servir de
indicadores para uma Intervenção Psicopedagógica, por
meio da construção de um Programa que disponibilize
suporte e aportes na busca da superação das defasagens
dos conteúdos apresentados.
Eixo: Psicopedagogia em Diversas Linguagens
INVESTIGANDO POSSIBILIDADES
DA ARTE-EDUCAÇÃO COMO SUPORTE
PARA DESENVOLVIMENTO DO
PROCESSO DE APRENDIZAGEM
Eixo: Psicopedagogia em Diversas Linguagens
INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA
NO ENSINO SUPERIOR- PROGRAMADA
DE ACOMPANHAMENTO AOS
PERÍODOS INICIAIS DOS CURSOS DE
GRADUAÇÃO DA UNISUAM
ANDREA ALVARO ALBERTO BACELLAR
Objetivo: O objetivo desse trabalho é, através de um
estudo de caso, investigar como a arte-educação
pode servir de suporte para auxiliar questões no
pro­cesso de aprendizagem de modo geral, e suas al­
ternativas de uso em sala de aula. Método: O Projeto
Eu Sou oferece atividades de artes para crianças na
comunidade do Jacarezinho/RJ. A melhora na escola
é frequentemente relatada pelos pais dos alunos.
Em 2015, fizemos uma parceria com a E. M. Delfim
Moreira, para avaliar objetivamente onde ocorre esta
melhora. Na postura na classe? Na capacidade de
abstração? Na elaboração de textos? Apresentamos
o estudo do caso de Marcos, 11 anos, do 6º ano. Pai
falecido há 4 anos. Descrito como agitado, agressivo,
encaminhado ao Projeto por dificuldades de aten­
ção, socialização e elaboração textual. Resultados:
No Projeto, Marcos tem um comportamento bem di­
verso: atencioso, educado, falante e sociável, nunca
implicante. Não apresenta traços de desatenção:
consegue se concentrar facilmente nas propostas,
não atrapalha o andamento da aula. Em pouco tempo,
começou a se destacar justamente pela criatividade de
suas histórias. Em propostas usando teatro, pintura,
criação de personagens com sucata e animação
digital, ele elabora personagens interessantes e his­
MARILANE DA COSTA GONÇALVES
Este artigo se propõe a analisar os impactos do
Pro­grama de Acompanhamento aos Períodos Ini­
ciais-PAPI da UNISUAM, disponibilizados aos dis­
centes dos cursos de graduação. A partir dos dados
levantados em pesquisas anteriores junto aos atores
envolvidos nos programas, serão apresentados
resultados que confirmam a dificuldade do alunado
no que se refere às habilidades básicas em leitura,
escrita, interpretação de textos e matemática. Serão
apresentados dados que sinalizam a necessidade de
Intervenção Psicopedagógica efetiva, tendo como
referencial teórico Vygotsky, Tfouni e Zago, que
consideram a importância de disponibilizarmos
su­portes e aportes para o desenvolvimento das ha­
bi­lidades básicas acima mencionadas nos alunos
ingressantes no ensino superior. Nossas conclusões
antecipam a importância de um Programa que
sirva como suporte à formação acadêmica sólida,
que possibilite aos estudantes o desenvolvimento
da autonomia e os preparem para o mercado de
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 208-65
257
Resumo dos Trabalhos - Categoria Oral
tórias criativas, estruturadas, com começo, meio e
fim determinados. Os resultados no Projeto trouxeram
para a escola um outro olhar sobre ele. Possibilidades
de que, através da arte, ele possa desenvolver po­ten­
cialidades também na sala de aula. Conclusão: Vemos a
arte como aquela que é capaz de transitar entre o lógico
e o simbólico, o objetivo e o subjetivo, e ajudar a “desatar
os nós” que podem ter se formado nesse processo de
metaforização das operações. Se a arte pode ajudar
Marcos a contar sua história e se descolar do personagem
de fora-da-ordem no ambiente do Projeto, nossa hipótese
é que em breve ele seja capaz de contar muitas outras
histórias dentro do universo formal da escola.
na estrutura familiar, o desejo de vingança e a falta
de humanização nas relações sociais, a escola como
meio social onde mais se produz bullying e o sofrer
calado predomina, mesmo sabendo da presença de
pessoas que poderiam ajudar. As revelações presen­
tes nos contos produzidos, o diálogo estabelecido
entre professor/aluno com relação às várias formas de
violência apresentadas nas narrativas apontam para
uma sociedade (des)humana que dita os padrões e
exclui as pessoas que não se enquadram neles. Os
resultados obtidos despertou-nos um olhar precioso
sobre as angústias com que convivem os educandos
e a necessidade de apoio para superar os danos que
carregam dentro de si. Necessário se faz fortalecer,
estimular nossos adolescentes a serem cidadãos me­
lhores e mais humanos, se aceitando e aceitando o
outro como realmente é, com seus valores e limitações.
Eixo: Psicopedagogia em Diversas Linguagens
NARRATIVAS ESCOLARES: REVELAÇÕES
DO CONVÍVIO SOCIAL, RELAÇÕES DE
PODER, VIOLÊNCIA E EXCLUSÃO
Eixo: Psicopedagogia em Diversas Linguagens
LOPES, M. DA C., RODRIGUES, L. E.
O BRINCAR NO PROCESSO DE
APRENDIZAGEM NO CONTEXTO
PSICOPEDAGÓGICO
O presente trabalho investiga narrativas escolares
de adolescentes da 2ª série do Ensino médio do
Co­légio de Aplicação da Universidade Federal de
Ro­raima, objetivando analisar as revelações do con­
vívio social presentes na escola, relações de poder,
violência e exclusão. O material empírico da pesquisa
constitui-se de cinquenta contos produzidos em sala
de aula seguindo a proposta: “Produza um conto
onde o protagonista seja uma pessoa com síndrome,
cadeirante, obeso e/ou outro que tenha necessidades
especiais”. A professora sorteou os pontos para
pesquisa e posterior caracterização desse personagem.
As narrativas são práticas discursivas que implicam
a relação entre discursos e identidades. Este tra­
balho foi estruturado com base nas contribuições
de Leonor Arfuch, Mikhail Bakhtin, Dominique
Main­gueneau, Claudia Fonseca, dentre outros. As
aná­lises desenvolvidas possibilitaram identificar
uma diversidade de experiências socioculturais,
desejos, valores, cuidados, relações de poder,
violência, preconceito e discriminação para com o
outro que é diferente dos padrões pré-estabelecidos
pela sociedade. Legitimam significados e revelam
as diversas formas de olhar/desaprovar no “outro”
aquilo que não aceitam neles mesmos, a morte como
alternativa para fim do sofrimento, a ausência de apoio
NADIA ESTER OHLWEILER
Psicomotricidade é o corpo em movimento, consi­
derando o ser em sua totalidade. Nesse sentido, o
objetivo geral do estudo foi verificar como a psico­
motricidade pode influenciar no desenvolvimento
dos alunos do ensino fundamental. Especificamente
buscou-se: a) Entender como a psicomotricidade se
faz presente no ensino fundamental, b) Identificar
as dificuldades de aprendizagem mais frequentes
no ensino fundamental, c) Reconhecer as possíveis
relações entre a psicomotricidade e a dificuldade
de aprendizagem do educando. Desenvolveu-se uma
pesquisa do tipo explicativa, uma vez que existe por
parte dos pesquisadores a preocupação de iden­
tificar os fatores que determinam a ocorrência de
determinados fenômenos. O método é o indutivo,
por caminhar para planos mais abrangentes, pois vai
de um problema particular para um geral. Quanto
à tipologia, é qualitativa, uma vez que se busca
apresentar e entender as causas dos fenômenos
estudados. Trata-se de um estudo desenvolvido em
uma amostra de 12 professores, com faixa etária
entre 20 e 45 anos, do sexo feminino, que atuam na
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 208-65
258
Resumo dos Trabalhos - Categoria Oral
creche, no 1º ano ao 5º ano do Ensino Fundamental,
em uma escola da rede particular, com tempo de
atuação que variam entre um e quinze anos de
profissão. Como critério de participação na pesquisa,
os professores deveriam estar atuando em sala de
aula, na escola referida, no ano letivo de 2015. Após
essa etapa, com os dados analisados, realizou-se a
comparação deste com a literatura encontrada. Os
principais resultados indicam que os professores
percebem o quanto é importante um trabalho conjunto
entre todas as áreas da educação para um melhor
desempenho educacional do estudante, bem como
programas educacionais de ensino e aprendizagem
centrados na criança e integrados com os princípios
e fundamentos da psicomotricidade auxiliam no
desenvolvimento cognitivo, afetivo, motor e social.
Considera-se que, mais do que nunca, a infância
necessita de uma atenção especial no que diz respeito
às suas necessidades afetivas, cognitivas, motoras e
de interação social e que o professor necessita ter
claro sua função enquanto docente e educador para
que desta forma atenda com qualidade às demandas
e às necessidades da infância atual.
cos, envolvendo operações básicas e raciocínio logico,
realização de oficinas e gincanas, despertando a so­
cialização entre o grupo. Resultados: Entendemos que
foi possível desenvolvendo a autonomia dos alunos
no sentido de que eles foram capazes de superar
suas dificuldades de aprendizagem, mesmo que, de
uma forma rápida, conseguimos de algumas forma
alcan­çar os objetivos propostos no início do estágio.
Ficou claro que as atividades que envolvem o lúdico
despertam o interesse, elevando o potencial de
aprendizagem dos alunos, na medida em que eles
vão interagindo e realizando os comandos solicita­dos
pelo professor, onde para eles estão apenas brin­
cando e, ao mesmo tempo, construindo um apren­
dizado significativo. Conclusão: Acreditamos ter
contribuímos para a superação das dificuldades de
aprendizagem dos alunos do 4° ano B, pois o lúdico
despertou neles um interesse, com isso, a percepção
de que são capazes de superar suas limitações, no
que se às habilidades nas disciplinas de português e
matemática, aumentando sua autoestima, bem como
a socialização entre os mesmos respeitando seus
colegas e aprendendo com os erros e acertos do grupo.
Referências: Do­ckrell J, et. al. Crianças com dificulda­
des de apren­dizagem: Uma abordagem cognitiva.
Porto Alegre: Artes Médicas; 2000. Campos MCRM.
A importância do jogo no processo de aprendizagem.
Disponível em: http://www.psicopedagogia.com.br/
entrevistas/entrevista.asp?entrID=39. Acesso no
dia 20 de março de 2015. Maurício JT. Aprender
brincando: o lúdico na aprendizagem. Disponível em:
http://www.psicopedagogia.com.br/opiniao/opiniao.
asp?entrID=678 Acesso no dia 16 de março de 2015.
Eixo: Psicopedagogia em Diversas Linguagens
O LÚDICO COMO ESTRATÉGIA DE
SUPERAÇÃO DAS DIFICULDADES DE
APRENDIZAGEM
ANA CARMEN SILVA, JOELMA DAMASCENO
ALVES, KELCIANE DE FATIMA PORTELA VIEIRA
Objetivo: Contribuir com a superação das dificulda­
des de aprendizagem dos alunos do 4° ano através
do lúdico, buscando melhorar suas habilidades
nas disciplinas de português e matemática, desen­
volvendo a socialização e cooperação, através de
temas transversais. Método: Realizamos uma pré­
via observação na escola, nossa abordagem foi
es­tabelecida mediante as hipóteses que foram le­
vantadas mediante conversas com a família, o pro­
fessor e coordenação pedagógica, considerando
vários organismos que faziam parte da história de
vida de cada criança, desde seus avanços, retrocessos,
dificuldades. Buscamos trabalhar essas dificuldades
por intermédio de um projeto lúdico, com contação
de historias, recontos, atividades com jogos matemáti­
Eixo: Psicopedagogia em Diversas Linguagens
OFICINAS DE JOGOS COMO RECURSO
DE INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA
CINTIA RIBEIRO CARNEIRO
Objetivo: Reconhecer o uso de jogos como recurso
significativo para aprendizagem na prática psico­
pedagógica. Método: Foram realizadas oficinas psi­
copedagógicas com alunos do ensino Fundamental I,
apresentando queixas de dificuldade na Matemática
(raciocínio lógico, noção de quantidade, contagem
termo a termo, cálculo mental, valor posicional do
número, conservação) e diagnosticadas através
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 208-65
259
Resumo dos Trabalhos - Categoria Oral
das provas operatórias. Piaget (1978) afirma que o
conhecimento lógico-matemático é uma construção
e resulta da ação mental da criança sobre o mundo.
Não é inerente ao objeto, contudo, da mesma forma
que o conhecimento físico, ele também é construído a
partir das ações sobre os objetos. E, segundo Cerquetti
(1997), os jogos desenvolvem a socialização, toma­
da de decisões, uso de estratégias. A escolha pelas
oficinas foi feita por ser um trabalho em grupo, pois,
para Vygotsky (1989), o jogo de regra é aprendido com
a interação com os outros. Resultados: Os participantes
das oficinas foram desenvolvendo habilidades e
construindo uma aprendizagem significativa, além de
resgatar a autoestima e confiança em suas hipóteses,
pois ao longo do processo foram sendo estimulados a
construir e reconstruir, trabalhando com o erro para
a possibilidade do acerto. Os jogos selecionados
respeitavam os resultados encontrados nas pro­vas
operatórias de Piaget. Conclusão: O trabalho com
jogos na prática psicopedagógica, especificamente nas
dificuldades relacionadas ao campo da Matemática,
torna-se significativo, pois, além de ser uma atividade
lúdica que atrai a atenção e motivação dos sujeitos
em questão, desenvolve habilidades necessárias para
o avanço de suas hipóteses. As oficinas com jogos
permitem um trabalho pontual que começa através
do diagnóstico das dificuldades encontradas nas
provas operatórias e decorrem com as intervenções
feitas com as atividades indicadas para cada fase.
Referências: Cerquetti-Aberkane F, Berdonneau C.
O ensino da matemática na educação infantil. Porto
Alegre: Artes Médicas; 1997. Piaget J. O nascimento
da inteligência na criança. 3ª ed. Rio de Janeiro:
Zahar; 1978. Vygotsky L. A formação social da mente.
São Paulo: Martins Fontes; 1989.
culdades de aprendizagem através da Consciência
Fonológica. Método: Abordagem qualitativa, relato
de experiência com aplicação de questionário acerca
do saber e do fazer de professores da rede pública
municipal com formação em Psicopedagogia, sobre
a temática Consciência Fonológica para prevenir/
amenizar as dificuldades em leitura e escrita. Estudo
fundamentado: Adams, Foorman e Lundberg (2006),
Bernadino (2006), Capovilla (2000), contribuições
para o desenvolvimento das habilidades em leitura
e escrita que favorecem o processo de Alfabetização
segundo Ferreiro e Teberosky (1999). Resultados: Após
coleta e análise do material, foi evidenciado que a
maioria dos professores alfabetizadores com formação
em Psicopedagogia pouco conhece e/ou utilizam as
atividades práticas acerca da temática Consciência
Fonológica o que é de suma importância para o
desenvolvimento das habilidades em leitura e escrita.
Assim, pretendeu-se não apenas averiguar o saber
fazer do professor psicopedagogo como interventor
do processo de alfabetização e das dificuldades
em leitura e escrita, como também analisar de que
forma o trabalho com atividades de Consciência
Fonológica pode favorecer o desenvolvimento des­
sas habilidades em estudantes de diferentes níveis
socioeconômicos (NSE). Conclusão: Assim sendo,
atividades de Consciência Fonológica surgem como
alternativa motivadora, como estratégias pa­r a
in­tervenção e prevenção de possíveis dificul­d a­
des em leitura e escrita para os profissionais da
Edu­c ação, em particular psicopedagogos e pro­
fessores alfabetizadores. Conclusão: Atividades de
Consciência Fonológica surgem como alternativa
Psicopedagógica motivadora, como estratégias para
intervenção e prevenção de possíveis dificuldades
em leitura e escrita para uso dos profissionais da
Educação, em particular psicopedagogos e pro­
fessores alfabetizadores. Referências: Adams MJ,
Foorman BR, Lundberg B. Consciência fonológica
em crianças pequenas. Porto Alegre: Artmed; 2006.
Bernadino JA. Aquisição de leitura e escrita como
resultado de ensino de habilidades de consciência
fonológica. Bras. Educ. espec. [online]. 2006. Capovila
AGS, Capovila FC. Efeitos do treino de consciência
fonológica. Psicol. Reflex. Crit. [online]. 2000. Ferreiro
E, Teberosky A. Psicogênese da língua escrita. Porto
Alegre: Artmed; 1999.
Eixo: Psicopedagogia em Diversas Linguagens
OLHAR PSICOPEDAGÓGICO:
DIFICULDADES EM LEITURA - ESCRITA E
CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA
ANDRÉIA MARQUES DOS REIS LACERDA,
PRISCILA RUIZ CARAPIÁ, HELOISA HELENA
DOS SANTOS CAVALCANTE OLIVEIRA,
GENIGLEIDE SANTOS DA HORA
Objetivo: Investigar o fazer psicopedagógico no
pro­cesso de Alfabetização de estudantes com difi­
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 208-65
260
Resumo dos Trabalhos - Categoria Oral
1997. Paiva F. Eu era assim: infância, cultura e con­
sumismo. São Paulo: Cortez; 2009. Silva Jr. H. Dis­
criminação racial nas escolas. São Paulo: Unesco; 2002.
Eixo: Psicopedagogia em Diversas Linguagens
OS CONTOS AFRICANOS NO
ATENDIMENTO PSICOPEDAGÓGICO
EDNA BARBERATO GENGHINI, CINTHYA DE
CÁSSIA GOMES DE MELLO RUBIO
Eixo: Psicopedagogia em Diversas Linguagens
REFLEXÕES SOBRE DIAGNÓSTICO/
INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICAS
E ADAPTAÇÕES METODOLÓGICAS NO
ENSINO DE MÚSICA PARA SURDOS
Objetivo: Esse trabalho propõe uma reflexão sobre
o uso dos contos africanos no atendimento psi­co­
pedagógico, para auxiliar crianças e adolescentes
no seu desenvolvimento afetivo, de identidade e
autoestima. A partir do método de abordagem de­
dutivo, pretendeu-se explicar o conteúdo subjetivo
dos Contos Africanos e sua utilização, em diferentes
formas de expressão, como ferramenta nas sessões
de atendimento psicopedagógico. A pesquisa, de
caráter bibliográfico e exploratório, foi enriquecida
com consultas a arquivos digitais, vídeos e sites
de ONGs. Resultados: A pesquisa comprovou que
existe a possibilidade de se trabalhar com os contos
africanos, de forma lúdica e criativa, com o pro­
pósito de desenvolver a autoestima das crianças
e adolescentes e auxiliá-los na formação de sua
identidade, na relação afetiva consigo próprios e com
os outros. Conclusão: Os resultados nos levaram a
crer que os contos africanos são capazes de facilitar
o trabalho terapêutico em um setting de atendimento
psicopedagógico por meio do uso de suas riquezas
verbais e iconográficas, a serem trabalhados por meio
de leitura, uso de dramatizações, questionamentos,
desenhos, pinturas, esculturas feitas com argila e/ou
massa de modelar, interpretação do texto por meio
de uso de caixa de areia, teatros de fantoches, entre
outros, de forma que o cliente possa internalizar
conceitos, se fazer presente nos grupos em que vive,
repensar sua história e valores pessoais e sociais
e, consequentemente, aprendendo a respeitar e
construir o conhecimento de si em suas relações
com o coletivo. Referências: Araujo JA, Morais RS. A
relevância em se trabalhar a literatura infantil afrobrasileira na educação infantil. Disponível em http://
www.africaniasc.uneb.br/pdfs/n_5_2014/jurandir_de_
almeida_araujo.pdf. Acesso em 04/05/14. Ferrero M,
Besse JM. A criança e os seus complexos. São Paulo:
Verbo; 1986. Goes LP. Introdução à literatura infantil
e juvenil. São Paulo: Ed. Pioneira; 1984. Oliveira
MK. Vygotsky: aprendizado e desenvolvimento: um
processo sócio-histórico. São Paulo: Ed. Scipione;
HATHENHER, M. L. A., MIRANDA, M. I.
Objetivos: Trata-se de um estudo sobre Diagnósti­cos/
Intervenções Psicopedagógicas utilizadas na edu­cação
de pessoas surdas e possíveis adaptações de me­
todologias nessas aulas em um conservatório de Mú­
sica, compreendendo os processos de aprendizagem
musical desses aprendentes, observando as aulas de
musicalização e instrumentos. Métodos: Foram feitos
atendimentos individualizados e/ou grupos, de acordo
com o planejamento, semanalmente com cinquenta
minutos ou junto com outros professores nas aulas e
após diagnóstico realizado por meio de instrumentais
Psicopedagógicos, o trabalho foi direcionado para
o apoio ao professor em sala e individualmente ao
aluno, incentivando-os a usar instrumentos e téc­
nicas que foram descobertas conjuntamente. Desta
maneira, têm-se o Conservatório e os professores
de música, participantes ativos desta produção,
sendo vistos como mediadores do conhecimento
no processo de ensino/aprendizagem. Resultados:
A Psicopedagogia buscou diagnosticar/ intervir nas
di­ficuldades de aprendizagem tornando-se evidente
também quando o assunto é o ensino de música para
surdos. A partir desse diagnóstico, propomos para
intervenção, metodologias apropriadas e tentamos,
assim, adaptar materiais e instrumentos, enfatizando
o estímulo visual que lhes são pertinentes. Sugerimos,
também, uma reflexão sobre a importância do uso de
recursos adaptados como materiais visuais, das novas
tecnologias existentes a favor do melhor entendimento/
aproveitamento nas aulas, principalmente na questão
rítmica e corporal. Contribuindo, assim, para uma
futura base de ação a ser aplicada como suporte
para a formação de futuros professores de música
para surdos. Conclusão: Como resultado, é possível
acreditar no ensino-aprendizagem na educação
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 208-65
261
Resumo dos Trabalhos - Categoria Oral
musical para surdos, e, este assunto certamente
me­recerá mais pesquisas e futuros estudos, pois as
limitações que são impostas aos surdos, são, muitas
vezes, maiores que a própria limitação sensorial
que eles apresentam. Este produto foi retirado da
rea­lidade vivida pelos alunos surdos nas aulas de
música no Conservatório, que não será uma produção
meramente teórica ou ideal, podendo afirmar que a
relação entre música e surdez não é um paradoxo.
relação com a habilidade de reconhecer os sons das
letras e com a consciência fonológica assim como
são importantes bases para a alfabetização. Portan­
to, a presente pesquisa corroborou os pressupostos
teóricos, assim como revelou correlações entre as
ha­bilidades avaliadas, reforçando a importância de
avaliações precoces.
Eixo: Psicopedagogia em Diversas Linguagens
A IMPORTÂNCIA DA PARCERIA FAMILIAR
NO DIAGNÓSTICO PSICOPEDAGÓGICO
Eixo: Psicopedagogia, Família e Escola
RELAÇÃO ENTRE CONSCIÊNCIA
FONOLÓGICA E HABILIDADES INICIAIS
DE LEITURA E ESCRITA NA
EDUCAÇÃO INFANTIL
CLÁUDIA BARBOSA DE MENEZES MORAIS
O presente trabalho demonstra a importância da fa­
mília no diagnóstico psicopedagógico através de um
estudo de caso de uma aprendente de sete anos de
idade. A mãe procurou ajuda psicopedagógica para
déficit de aprendizagem da filha depois de obser­var
que a mesma não estava correspondendo à esco­
la, julgando necessário atendimento especializado.
Inicialmente foi realizada uma anamnese, primeiro
com mãe e, posteriormente, com a filha, em seguida,
aconteceram sessões individuais com a aluna, uti­
lizando atividades, e aplicação de testes que ava­
lia­ram os aspectos psicomotores, pedagógicos, afe­
ti­vo-social e cognitivo-comportamental. Os testes
aliados às teorias de Fernández (1991), Paín (1985)
e a visita na escola da aprendente, possibilitaram o
fechamento de um diagnóstico. Os resultados das
sessões diagnósticas evidenciaram que a aprendente
demonstrou limitação quanto à fluência leitora e a
compreensão dos textos, assim como desinteresse e
concentração reduzida nas provas que exigiam maior
atenção. Não foi detectada nenhuma restrição na área
psicomotora, porém houve demonstração de carência
afetiva, insegurança e pouca autonomia nas rela­
ções. Também ficou claro o que o acompanhamento
e a interação com a mãe da aprendente, durante os
encontros, possibilitaram uma compreensão mais
clara sobre os aspectos que deverão ser trabalha­dos
nas intervenções psicopedagógicas. Dessa maneira,
conclui-se que o contexto familiar exerce grande
importância no processo de ensino-aprendizagem
da aprendente, assim como, a história da sua origem.
Portanto, deve-se considerar que a parceria da família
com o psicopedagogo favorece um resultado eficaz e
PAZETO, T. C. B.; LÉON, C. B. R.;
PEREIRA, A. P. P.; SEABRA, A. G.
A leitura e a escrita são fundamentais para vivência
escolar. A presente pesquisa avaliou as habilidades
iniciais de leitura e escrita e a linguagem oral que
engloba a consciência fonológica, para verificar se
elas estão correlacionadas entre si. Participaram 90
crianças, de 4 a 6 anos, das séries Jardim I e II de
uma escola particular de São Paulo. Os instrumentos
utilizados para avaliação da linguagem oral foram:
Prova de Consciência Fonológica por produção
Oral (PCFO), Teste de Vocabulário por Imagem
Peabody (TVIP), Teste de Nomeação Infantil e Teste
de Repetição de Palavras e Pseudopalavras. Para
a linguagem escrita: reconhecimento das letras e
sons, escrita do nome e teste de leitura e escrita
desenvolvido para a pesquisa. Test t de Student
revelou efeito de série em pelo menos uma medida
de todos os testes aplicados, revelando melhor
desempenho do Jardim II. A leitura e escrita tiveram
correlações mais altas com reconhecimento de sons
do que com reconhecimento de letras. Nas análises de
correlação entre linguagem oral e escrita, observouse que o escore em consciência fonológica teve cor­
relação muito alta com o escore em escrita e alta com
escores em leitura e reconhecimentos de sons. Foram
encontradas correlações altas e muito altas entre o
teste de leitura e escrita, conhecimento de sons e
o escore em consciência fonológica, sugerindo que
um bom desempenho em leitura e escrita tem forte
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 208-65
262
Resumo dos Trabalhos - Categoria Oral
seguro, promovendo um diagnóstico mais claro so­
bre os aspectos analisados. Referências: Fernández
A. A inteligência aprisionada. Paín S. Diagnóstico e
tratamento dos problemas de aprendizagem.
Indicadores de risco e proteção no relacionamento
mãe-criança e representação mental da relação de
apego. Psico. 2000;31:81-122. 2. Sisto FF. Dificuldades
na aprendizagem em escrita: um instrumento de
avaliação (ADAPE). In: Sisto FF, Borichivitch E, Fini
LDT, Brenelli RP, Martinelli SC, orgs. Dificuldade
de aprendizagem no contexto psicopedagógico.
Petrópolis: Vozes; 2001. 3. Barbieri V, Pavelqueires
JG. Personalidade paterna como fator prognóstico
no tratamento da tendência antissocial. Paidéia.
2012;22(51):101-10.
Eixo: Psicopedagogia, Família e Escola
DESEMPENHO EM ESCRITA E
SINAIS DE ANSIEDADE NA RELAÇÃO
ENTRE CONVIVÊNCIA PATERNA
MORAES C.A.L, ANDRADE M.S, SEABRA A.G
Objetivo: Esta pesquisa buscou compreender qual
a relação entre convivência paterna de pais não re­
sidentes e o desempenho da escrita e sinais de an­
siedade nos filhos. Método: 50 alunos dos 3º, 4º e
5º anos Fund. I. Perfil: presença constante da mãe
e não coabitação do pai, convivência frequente ou
participação esporádica. Os instrumentos utilizados
foram: prontuário escolar do participante, entrevista
semiestruturada com a mãe, Teste do Desenho
da Família (TDF) e Avaliação da Dificuldade de
Aprendizagem, na Escrita (ADAPE). Os dados foram
analisados de forma descritiva e foi utilizada a
Correlação Linear de Pearson e a Statistical Package
for Social Sciences- SPSS v.17.0 para construção
do banco de dados. Resultados: Os resultados desta
pesquisa revelaram que as crianças que vivem com
a privação paterna, no sentido de total ausência de
convivência ou visitações, apresentam mais sinais
ansiosos, inseguros do que crianças que têm alguma
convivência com o pai, o que pode ser considerado
um fator de risco para dificuldades posteriores.
Porém, a falta de convivência com o pai em si deve
ser considerada com cautela, quando se avaliam as
repercussões no desenvolvimento dos filhos já que
esse vínculo não deve ser pensado como exclusivo
linear ou monotônico. Conclusão: Os dados deste
estudo apoiam a ideia de que não há um único modelo
familiar que garanta o desenvolvimento saudável
dos filhos. As necessidades dos filhos podem ser
supridas por uma série de novos arranjos sociais
e familiares. O que parece ser importante é que
aqueles que arcam com as responsabilidades, pelo
bem estar da criança, tenham recursos emocionais,
sociais e materiais adequados a essa finalidade.
Referências: 1. Cecconello AM, Krum FM, Koller S.
Eixo: Psicopedagogia, Família e Escola
MEDIAÇÃO DE CONFLITOS FAMILIARES
COM ENFOQUE NA CONCILIAÇÃO
LISIANI ELIZABETE RODRIGUES,
MARIA DA CONCEIÇÃO LOPES
Com o propósito de levantar os motivos do conflito
entre pais e sua filha adolescente, que resulta em
retenção escolar e aumento dos conflitos, conflitos
esses que estão caminhando para o lado de agressão
física, entrevistamos a referida família, com a hipótese
de rejeição entre os dois lados. Realizada entrevista
inicial com cada membro e depois com os três
juntos, para termos embasamento na mediação dos
conflitos entre a adolescente e seus pais, observamos
os tipos de diálogo da família, estabelecimento do
vínculo, relações vinculares familiares, fantasias de
saúde ou de doenças, nível de estresse e ansiedade
familiar, cobranças, significado da queixa para a
família. Percebeu-se, durante as entrevistas, um
dis­tanciamento entre a mãe e a adolescente, como
se fossem estranhas e não estivessem se vendo. Da
parte da adolescente existe um interesse de melho­
rar a relação, mas a mãe parece que não quer dar
nenhum passo em direção a sua filha, pareceu-nos
que a mesma desistiu e tem preferência pelos outros
filhos. Aconselhou-se a procurarem profissionais, tais
como psiquiatra e psicólogo, prontamente aceitos
pela adolescente, e rejeitado firmemente pela mãe.
Pai ficou mais calado, aceitando ser manipulado,
mostra interesse em receber ajuda e procurar ajuda,
mas não toma atitude nesse sentido. Pedimos ao pai
que se posicionasse, como conciliador, mediador
durante os conflitos. Estamos dando suporte aos dois
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 208-65
263
Resumo dos Trabalhos - Categoria Oral
lados, mediando a relação, amenizando, cobrando
atitudes e posicionamentos, enfatizando os lados
po­sitivos de cada um, citando exemplos de outros
conflitos resolvidos e de que forma. Enfocando que a
filha é responsabilidade dos pais, com autoridade, e
não autoritarismo. O caso ainda está em andamento,
concluímos que se faz necessária maior sensibiliza­
ção dos pais, e acompanhamento de profissionais
capacitados, onde os conflitos serão resolvidos se
houver boa vontade de ambas as partes. Pedimos a co­
laboração da família toda para amenizar os conflitos.
mas distribuído em abundância ao filho mais novo
considerado inteligente e obediente. Nesta dinâmica
interrelacional, JR nega-se a aprender como forma
de punição à mãe, que por sua vez lhe nega carinho
e atenção, aspectos cobrados todos os dias por ele,
causando-lhe sofrimento e apatia aos estudos. A mãe
afirma estar entrando em depressão preocupada com
o filho, porém promete ser carinhosa se este melhorar
as notas, as considerações a respeito deste estudo
de caso são apresentadas em partes, pois JR e sua
mãe continuam em atendimento psicopedagógico e
psicanalítico. Referências: Fernandez A. Inteligência
aprisionada: abordagem psicopedagógica clínica da
criança e sua família. Porto Alegre: Artes Médicas;
1991. Freud S. Sobre o narcisismo: uma introdução.
Em Edição standart brasileira das obras psicológicas
Completas de Sigmund Freud. Volume XIV. Rio de
Janeiro: Imago; 1976. Publicado originalmente em
1914. Klein M. Contribuições à psicanálise. São
Paulo: Mestre Jou; 1970. Mannoni M. A criança atra­
sada e a mãe. 2ª ed. Lisboa: Moraes Editores; 1977.
Pain S. Diagnóstico e tratamento dos problemas de
aprendizagem. Porto Alegre: Artes Médica; 1992.
Eixo: Psicopedagogia, Família e Escola
O SOFRIMENTO PSÍQUICO
CONFIGURADO NA DINÂMICA
INTERRELACIONAL DA MÃE DE UM
SUJEITO COM DIFICULDADES DE
APRENDIZAGEM
GRAÇA MARIA DE MORAIS AGUIAR E
SILVA,; FRANCISCO ULLISSIS PAIXÃO E
VASCONCELOS
Objetivo: O presente artigo pretende discutir através
de uma leitura psicopedagógica e psicanalítica o
sofrimento psíquico configurado na dinâmica in­
terrelacional da mãe de um sujeito com dificuldades
de aprendizagem. Método: Usando uma abordagem
qualitativa do tipo estudo de caso, apresentaremos
as observações feitas durante a escuta e atendimen­
to psicopedagógico de uma criança de 10 anos, en­
caminhada para terapia psicanalítica. As discussões
e análises foram feitas a partir dos pressupostos da
teoria psicanalítica de Freud (1976), Manoni (1977),
Melaine Klein (1970), bem como teóricos na área
de Psicopedagogia, como Fernandez (1991), Pain
(1992), entre outros. Resultados: As dificuldades
de aprendizagem de JR provém de causas ligadas
à estrutura individual e familiar, constituindo-se
co­mo ‘inibição ou sintoma’ (PAIN:1992), sendo ne­
cessário acompanhamento psicopedagógico con­
comitante à terapia psicanalítica com a mãe e a
criança. É verificado ao longo do processo que o
so­frimento psíquico da mãe advém de outros fatores
sis­temicamente relacionados à dinâmica familiar,
levando a mesma a entrar em conflito com o filho que
requer atenção e carinho, sendo negado pela mesma,
Eixo: Psicopedagogia, Família e Escola
PESQUISA-AÇÃO: A DEVOLUTIVA DE
RESULTADOS COMO RECURSO DE
INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA
ANITA LILIAN ZUPPO ABED,
SANDRA REGINA REZENDE GARCIA,
TADEU APARECIDO PEREIRA DA PONTE
Objetivos: Levantar dados sobre habilidades so­cioe­
mocionais e proficiência em Matemática (raciocínio
lógico e lógico-matemático), verificar impactos
da utilização da Metodologia MenteInovadora 1.
Mé­todo: Pesquisa-ação, 15000 alunos de 5º ano e
do Ensino Médio, escolas particulares e públicas
do Brasil. Pré e pós teste. Matemática: raciocínio
lógico (análise, síntese e inferência) e lógico-quan­
titativo (numérico, geométrico, análise de dados),
ha­bilidades socioemocionais: motivação (ansieda­
de, valor intrínseco e autoeficácia), estratégias para
aprendizagem (autorregulação, planejamento, uso
de estratégias e execução), resolução colaborativa
de problemas. Relatórios por aluno, turma, escola
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 208-65
264
Resumo dos Trabalhos - Categoria Oral
apren­dizagem da criança. Método: Foi realizado um
estudo teórico de caráter qualitativo sobre o conceito
de sombra de Jung, e suas possíveis aplicações na
aprendizagem. O conceito de sombra2 refere-se aos
aspectos que se tornam negativos do ponto de vista do
ego, que são reprimidos no inconsciente e se tornam
obstáculos ao desenvolvimento e à aprendizagem.
Ao longo do desenvolvimento, a vivência de novas
experiências poderá levar à superação dessas lacunas,
daí a importância do espaço escolar3 e das relações
que aí se estabelecem. Resultados: Os achados desta
pesquisa indicam a escola como espaço que privile­
gia experiências e estímulos que afastam a criança
do estado confortável familiar, individualizando-se4,
sendo este o movimento essencial para a criança
entrar no mundo real e para aprender o exercício
da cidadania. A verdadeira finalidade da escola
é exatamente a de desenvolver saúde e formação
psí­quica2. Para isso, propõe a educação também do
adulto: educadores e pais também são passíveis de
erros e aprendem com os erros da criança por eles
educadas. Com isso, ao superarem suas próprias
sombras, pais e professores contribuirão para um de­
senvolvimento mais pleno das crianças. Conclusão:
Concluiu-se, desse modo, que todo indivíduo tende a
caminhar para o processo de individuação e a escola
colabora positivamente, desenvolvendo a psique
do indivíduo para que este consiga dar conta de si,
através da consciência e do autoconhecimento e,
com isso, desenvolver aprendizagens favorecedoras
de sua personalidade. Com esta conscientização
por parte dos atores envolvidos na escola, é possí­
vel que a escola transformadora e facilitadora de
aprendizagens. Referências: 1. Hall CS, Nordby VJ.
Introdução à Psicologia Junguiana. 8ª ed. São Paulo:
Cultrix; 2005. 2. Jung CG. O desenvolvimento da
personalidade. 8ª ed. Petrópolis: Vozes; 1986. 3. Rego
TC. Uma perspectiva histórico-cultural da educação.
3ª ed. Petrópolis: Vozes; 1995. 4. Jung CG. O eu e o
inconsciente. 21ª ed. Petrópolis: Vozes; 2008.
e rede. Recomendações psicopedagógicas para
leitu­ra dos dados e planejamento de ações. Resulta­
dos: O cruzamento de dados evidenciou relações
esta­tisticamente relevantes, como, por exemplo: Relação negativa entre “ansiedade” e “desempenho
em Matemática” (maior nível de ansiedade = pior
de­sempenho em Matemática); - Relação positiva
en­tre “alta prioridade de Resolução Colaborativa
de Problemas” e “desempenho em Matemática”;
- Relação positiva entre “autoeficácia” e “desempe­
nho em Matemática”. Nas devolutivas, as equipes
gestoras das escolas relataram o valor do estudo
para identificação de prioridades, planejamentos
pedagógicos e encaminhamentos às famílias. Con­
clusão: Os resultados evidenciam a importância
de desenvolver habilidades socioemocionais para
promover o desenvolvimento integral dos alunos e
para favorecer o processo de aprendizagem. Con­
firma-se a orientação da UNESCO e o Conselho
Nacional de Educação2: necessidade de incluir o
desenvolvimento de habilidades socioemocionais
como intencionalidade na escola. Referências: 1.
Abed ALZ. O desenvolvimento das habilidades
socioemocionais como caminho para a aprendizagem
e o sucesso escolar de alunos da educação básica.
Ministério da Educação e Cultura – Conselho Na­
cional de Educação / UNESCO. São Paulo: 2014. Dis­
ponível no Portal do MEC (Produto 1 - Habilidades
so­cioemocionais e sucesso escolar) e no site: www.
recriar-se.com.br. 2. Garcia SRR, Abed ALZ, Ponte
TAP. Avaliação integrada de matemática, habilida­
des socioemocionais e resolução colaborativa de
problemas, 2014. Disponível em: http://www.mindlab.
com.br/mindlab/wp-content/uploads/2014/05/Artigo_
Estudo2014_Fase1_05_05_2014.pdf
Eixo: Psicopedagogia, Família e Escola
RELAÇÕES ESCOLA – FAMÍLIA –
APRENDIZAGEM: UMA LEITURA
JUNGUIANA
DORIGHELLO, L. S.
Objetivo: Apresentar alguns conceitos da Psicologia
Analítica Junguiana, em especial a sombra psíqui­
ca1, para compreender as relações entre a escola e
a família que podem ser favorecedoras ou não da
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 208-65
265
RESUMO
Categoria
ResumoDOS
dos TRABALHOS
Trabalhos -- C
ategoria PPôster
ôster
aplicado individualmente, com duração aproximada
de 10 minutos, em sala disponibilizada pelas escolas
no período regular de aula. Os resultados revelam
diferenças significativas em função da idade nas
três partes do TAC e no desempenho total do teste.
Dessa forma, as crianças de 5 anos apresentaram
desempenhos inferiores em relação às crianças de
6 anos em todas as tarefas do TAC. Tais resultados
corroboram evidências de validade do TAC3, enquanto
instrumento neuropsicológico, e confirmam o teste
como uma ferramenta útil à avaliação da atenção
em crianças pré-escolares e no curso do Ensino
Fundamental.
Eixo: Dificuldades e Transtornos na Aprendizagem
A DISLEXIA E SUA COMPLEXIDADE NO
DIAGNÓSTICO PSICOPEDAGÓGICO
Rute Elena de Souza, Maria da Paz Pereira
O trabalho busca refletir sobre a terminologia e o
conceito de dislexia. Para isso, faz um resgate do
percurso histórico e de sua etiologia. A dislexia é
com­plexa, possui diversos fatores causadores que
podem ter origem genética, adquirida ou multifatorial.
Existem três tipos de dislexia, que se distinguem pe­
la forma que o disléxico reconhece a palavra escrita.
O diagnóstico da dislexia é multidisciplinar e pode
necessitar de exames complementares. A dislexia pode
ser observada antes da idade escolar, porém torna-se
evidente no processo de alfabetização por se tratar de
uma desordem neurobiológica que afeta a fluência
correta da leitura e prejudica a habilidade básica para
a compreensão. Suas características permanecem
na vida adulta, mas não comprometem o físico e
o intelectual. As contribuições da Psicopedagogia
podem minimizar os prejuízos causados.
Eixo: Dificuldades e Transtornos na Aprendizagem
AVALIAÇÃO DAS FUNÇÕES EXECUTIVAS
E TEORIA DA MENTE NA PRÉ-ESCOLA
Priscilla Almeida Pedroneiro,
Alessandra Gotuzo Seabra
Objetivo: O objetivo deste artigo é estudar o desen­
vol­vimento das Funções executivas e Teoria da Mente
em crianças de 4 a 6 anos de idade. Método: Estudo
descritivo/quantitativo. Foram escolhidas 30 crian­
ças, de 4 a 6 anos, ambos os sexos, da rede particu­
lar de São Paulo. Os testes para avaliar as funções
exe­­cutivas foram: 1) Teste de Stroop Semântico1, 2)
Teste de Repetição de Palavras e Ordem Inversa2,
3) Teste de Trilhas para Pré-Escolares3. Para avaliar
a teoria da mente o teste foi: 1) Identificação de
Emoções baseadas nos Desejos-Empatia4. A pesquisa
contribuirá para analisar se há uma relação entre
os dois construtos. Resultados: Os resultados ainda
estão sendo analisados e serão apresentados durante
o congresso. Espera-se obter relações positivas
significativas entre Funções Executivas e Teoria da
Mente. Conclusão: Se de fato o resultado esperado
for observado, concluir-se-á que, mesmo em crianças
pré-escolares, esses dois construtos já estão em
desenvolvimento e relacionados entre si, corroborando
a teoria de que inibição e flexibilidade cognitivas, que
fazem parte das Funções executivas, são relevantes
para a criança ser capaz se colocar no lugar dos
outros e ter empatia pelos seus pares5. Referências:
1. Trevisan BT, Seabra AG. Teste de Stroop para
pré-escolares. Software desenvolvido. Universidade
Eixo: Dificuldades e Transtornos na Aprendizagem
AVALIAÇÃO DA ATENÇÃO EM CRIANÇAS
DE ENSINO INFANTIL E FUNDAMENTAL
Ana Paula Prust, Natália Martins Dias,
Camila Barbosa Riccardi León, Talita de Cassia
Batista Pazeto, Alessandra Gotuzo Seabra
Como uma das habilidades diretamente relacionada
com aprendizagem escolar, avaliar a atenção po­
de ajudar a identificar precocemente dificuldades
e implementar estratégias que favoreçam o seu
desenvolvimento. O presente estudo comparou os
desempenhos de crianças de 5 e 6 anos de idade,
alunas do último ano do Ensino Infantil e primeiro
ano do Ensino Fundamental no TAC. Participaram
174 crianças, matriculadas na última fase do ensino
infantil e primeiro ano do ensino fundamental, de
3 escolas de um município da grande São Paulo.
As crianças responderam ao Teste de Atenção por
Cancelamento (TAC). O desempenho no TAC foi
medido através do número de acertos em cada uma
das três partes e no total do teste. O instrumento foi
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 266-81
266
Resumo dos Trabalhos - Categoria Pôster
Presbiteriana Mackenzie; 2010. 2. Seabra AG. Teste de
repetição de palavras e pseudopalavras. In: Avaliação
neuropsicológica cognitiva/linguagem oral. 2ª ed.
São Paulo: Memnon; 2012. 3. Trevisan BT, Seabra
AG. Teste de Trilhas para Pré-Escolares. In: Seabra
AG, Dias NM, eds. Avaliação neuropsicológica
cognitiva: atenção e funções executivas. São Paulo:
Memnon; 2012. 4. Wellman HM, Liu D. Scaling
of theory-of-mind tasks. Child Development. New
York: Oxford; 2004. p.523-41. 5. Sodian BHC.
The developmental relation of theory of mind and
executive functions: a study of advanced theory
of mind abilities in children with attention deficit
hyperactivity disorder. In: Schneider W, SchumannHengsteler R, Sodian B. Young children’s cognitive
development: interrelationships among executive
functioning, working memory, verbal ability, theory
of Mind. New Jersey: LEA; 2005. p.175-7.
básicas e Teoria da Mente a partir de situações e
emoções complexas. Os itens que compõem os 3
primeiros domínios são compostos por histórias e
materiais como cartões com figuras, bonecos e demais
acessórios. Já o subteste 4 é composto por vinhetas.
Os itens e os subtestes possuem nível gradual de
complexidade, ou seja, do mais fácil para o mais
difícil. Após elaboração das tarefas, o teste foi enviado
para 5 juízes, os quais avaliaram diversos aspectos,
tais como: adequação para a faixa etária proposta,
clareza das instruções e formas de pontuação, entre
outras. Após as análises os itens foram ajustados
conforme sugestões e então elaborada a versão final
do instrumento. Esta é composta por 4 subtestes,
somando 23 itens e 7 vinhetas, com duração prevista
de 30 minutos para aplicação. Neste momento, o
TMEC está em fase de teste piloto e estudos futuros
serão feitos para verificar as evidências de validade
e precisão.
Eixo: Dificuldades e Transtornos na Aprendizagem
Eixo: Dificuldades e Transtornos na Aprendizagem
DESENVOLVIMENTO DO
TESTE DE TEORIA DA MENTE PARA
CRIANÇAS - TMEC
FUNÇÕES EXECUTIVAS E COMPETÊNCIA
DE LEITURA NO ENSINO FUNDAMENTAL
Alessandra Gotuzo Seabra, Isabela Ventura Neves,
Ana Beatriz Lobo Badia, Ligia Alberto,
Ana Paula Nazaré Fernandes
Patrícia Vieira de Oliveira,
Natália Martins Dias,Tatiana Pontrelli Mecca
Teoria da Mente TM é a habilidade de atribuir às
pessoas e a si mesmo sentimentos, crenças, desejos
e intenções. A percepção de que as outras pessoas
possuem seus próprios estados mentais é necessária
para o desenvolvimento social da criança. A habilidade
de TM encontra-se prejudicada em alguns transtornos
do desenvolvimento como o autismo. Neste sentido,
sua avaliação é muito importante, no entanto. há
uma escassez de instrumentos disponíveis para tal
no contexto nacional. A Psicopedagogia carece de
ferramentas de avaliação, uma vez que, conhecendo
a capacidade do indivíduo, pode-se pensar em
estratégias de intervenção mais eficazes. Dessa forma,
o objetivo do presente estudo foi desenvolver uma
ferramenta para avaliação de TM, o Teste de Teoria da
Mente para Crianças (TMEC), na faixa etária de 4 a 6
anos. Os subtestes foram desenvolvidos com base em
literatura já consolidada, considerando 4 domínios,
a saber: compreensão de perspectiva, atribuição de
pensamento e conhecimento, atribuições de emoções
Objetivo: As funções executivas desenvolvem-se
desde a primeira infância e relacionam-se a ha­bi­
lidades acadêmicas, como a leitura. Esse estudo
verificou o efeito de série sobre funções executivas
e leitura em crianças do Ensino Fundamental e
a relação entre essas duas habilidades. Método:
Participaram do estudo 41 crianças entre 5 e 9 anos
de idade (M = 6,69), da última fase do Ensino
Infantil e séries iniciais do Ensino Fundamental (1º
ao 4º ano) de uma escola particular de São Paulo.
As crianças responderam ao Teste de Atenção por
Cancelamento (TAC) e ao Teste de Competência de
Leitura de Palavras e Pseudopalavras (TCLPP), e os
responsáveis responderam ao Inventário de Funções
Executivas e Autorregulação (IFERI). Resultados:
Houve diferenças significativas no efeito das séries
sobre as médias de desempenhos na parte 2 do
TAC e no TCLPP. Dessa forma, verificou-se que as
crianças do 4º ano foram significativamente melhores
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 266-81
267
Resumo dos Trabalhos - Categoria Pôster
em relação às crianças do 3º ano, nas medidas de
atenção seletiva e competência de leitura de palavras
e pseudopalavras. Houve correlação negativa mode­
ra­da entre competência de leitura e dificuldades em
funções executivas relatadas pelos pais dos alunos,
especialmente nas áreas de controle inibitório e
aversão à demora. Conclusão: Este estudo corrobora
estudos de evidências de validade dos instrumentos
usados, revela que as crianças tendem a apresentar
melhores desempenhos em atenção seletiva e leitura
com a progressão escolar, e sugere relação entre
funções executivas e competência de leitura. Tais
achados reiteram a importância da escola abordar
o desenvolvimento de outras competências, além
das estritamente acadêmicas, tais como as funções
executivas.
Eixo: Dificuldades e Transtornos na Aprendizagem
RELAÇÃO ENTRE MEMÓRIA DE
TRABALHO E COMPORTAMENTO EM
PRÉ-ESCOLARES
Leila Santos Batista, Bárbara Gonçalves,
Tatiana Pontrelli Mecca, Natália Martins Dias
Memória de Trabalho é uma habilidade executiva
relacionada à aprendizagem e ao funcionamento
adaptativo do indivíduo. Diz respeito à manutenção
da informação na mente por tempo limitado, trans­
formando, integrando e atualizado informações
necessárias a uma determinada atividade ou tarefa.
Neste contexto, o presente estudo investigou a relação
entre memória de trabalho e comportamento em préescolares. Participaram 56 crianças, com idade média
de 4,3 (DP = 0,67), sendo 26 estudantes do jardim I
(M = 3,77, DP = 0,43) e 30 do jardim II (M = 4,87,
DP = 0,34) de uma escola pública da grande São
Paulo. As crianças foram avaliadas individualmen­
te na tarefa de Dígitos, que mede a habilidade de
memória de curto prazo e memória de trabalho
au­­ditiva. Os pais responderam ao Questionário de
Ca­pacidades e Dificuldades (SDQ), utilizado como
um índice de comportamento e saúde mental. O
SDQ contempla cinco áreas: Sintomas Emocionais,
Problemas de Conduta, Hiperatividade, Problemas de
Relacionamento e Comportamento Pró-Social. Análise
de correlação de Pearson mostrou correlação negati­va,
significativa e de magnitude baixa entre desempe­
nho na tarefa de memória de trabalho e problemas
de conduta, e correlação positiva, significativa e
de magnitude baixa entre memória de trabalho e
comportamento pró-social (p = 0,017). O índice
de memória de curto prazo não esteve associado a
nenhuma medida do SDQ, mostrando que é, de fato,
a demanda executiva da tarefa que relaciona-se aos
índices da escala. Estes resultados corroboram estudos
prévios que mostram que crianças com melhores
desempenhos em habilidades das funções executivas
tendem a apresentar menores índices de problemas
comportamentais.
Eixo: Dificuldades e Transtornos na Aprendizagem
O PAPEL DO PSICOPEDAGOGO NA
AVALIAÇÃO E INTERVENÇÃO DAS
FUNÇÕES EXECUTIVAS:
UMA REVISÃO DA LITERATURA
Lilian Tsarouchas Bertolini
As funções executivas são um conjunto de processos
cognitivos que envolvem a regulação da cognição
e do comportamento, permitindo que o indivíduo
dedique-se a atividades complexas. As funções
executivas envolvem diversas habilidades cognitivas,
como, por exemplo, a atenção seletiva, memória de
trabalho, controle de impulsos, planejamento, dentre
outros (Dias, Menezes, Seabra, 2010). Este trabalho
apresenta maneiras como o psicopedagogo pode
contribuir, buscando instrumentos e materiais a sua
disposição, para avaliar com testes psicopedagógi­
cos e desenvolver as funções executivas e suas
apli­­cabilidades, sempre considerando o processo de
aprendizagem, resgatando e apresentando os con­
ceitos das funções executivas, além de com­preen­der
suas evoluções e novas possibilidades de trabalho do
psicopedagogo.
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 266-81
268
Resumo dos Trabalhos - Categoria Pôster
de transtornos mentais DSM-5. Porto Alegre: Artmed;
2014. 2. Perissinoto J. Conhecimentos essenciais
para entender bem as crianças com autismo. São
José dos Campos: Pulso; 2003. 3. Bowlby J. A secure
base: parent-child attachment and healthy human
development. Basic Books; 2008.
Eixo: Dificuldades e Transtornos na Aprendizagem
TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA
(TEA) E O ACOMPANHAMENTO
FAMILIAR EM TAREFAS PEDAGÓGICAS
Andréa Carla Machado, Suzelei Faria Bello
O transtorno do espectro autista, segundo o DSM-51,
refere-se a um grupo de transtornos caracterizados por
um espectro compartilhado de prejuízos qualitativos
na interação social, associados a comportamentos
repetitivos e interesses restritos pronunciados. Nessa
direção, torna-se importante o trabalho interventivo
educacional2, bem como o acompanhamento familiar,
o qual pode se aplicado efetivamente para auxiliar o
desenvolvimento comportamental e acadêmico do
aluno3. Nessa perspectiva, o presente trabalho tem
co­mo objetivo apresentar um programa de intervenção
com práticas pedagógicas aplicado pela mãe junto
a um aluno com Transtorno do Espectro Autista.
Participaram do programa a mãe e a criança gemelar,
cujo irmão foi natimorto, do sexo masculino, com 8
anos de idade, cursando o terceiro ano do Ensino
Fun­damental I de uma escola regular privada situa­da
em uma cidade de médio porte do interior paulista.
O programa foi desenvolvido semanalmente por pro­
fissionais de Educação Especial. Os encontros foram
realizados com a mãe durante 1 hora, e após ocorria
observação em sala para que pudesse ser anotado o
comportamento da criança. Todo desenvolvimento
das tarefas acompanhadas pela mãe em casa foram
compilados por meio de protocolos, os quais foram
analisados e os resultados postos em discussão. Nos
resultados, foram observadas primeiramente duas
necessidades: orientações para métodos específicos
de aprendizagem e de comunicação. Assim, as ativida­
des para rotina da sala e suporte de comunicação com
a família foram elaboradas com o auxílio da mãe. As
tarefas do programa aplicado pela mãe no contexto
familiar demostraram uma possibilidade salutar
pa­ra resolução de problemas também no contexto
escolar, pois ofereceram apoio para o desenvolvimen­
to da criança, o que agrega valor ao processo de
aprendizagem e comunicação, haja vista que o uso de
metodologias específicas e recursos alternativos são
fundamentais para o suporte educacional da crian­
ça com TEA. Referências: 1. American Psychology
Association- APA. Manual Diagnóstico e estatístico
Eixo: Formação, Atuação e Pesquisa em Psicopedagogia
A ATUAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA
INSTITUCIONAL NA ARTICULAÇÃO DA
EDUCAÇÃO COM A SAÚDE
Renata do Nascimento Vieira da Silva,
Delma Regina Pereira Menaldo, Elaine da Silveira
Ribeiro, Vânia Marques Ribeiro
A atuação psicopedagógica institucional em sua
articulação com os serviços da área de educação e
saúde, bem como com os sujeitos implicados no pro­
cesso de aprendizagem implica num contingente
de ações da equipe de psicopedagogas. A análise
qualitativa sobre os registros dos serviços prestados
pela equipe de psicopedagogas foi organizada após a
conclusão dos trabalhos no ano de 2014. Foram somados
os registros de atividade de quinze psicopedagogas
para serem estabelecidas categorias que resultaram
na apresentação das atividades em tabelas e gráficos.
A equipe de psicopedagogas realizou 62.412 ações de
investigação e acompanhamento psicopedagógicos
e 50.743 ações administrativas. Foram realizadas
10.539 ações de atendimento às famílias, 15.467
ações de atendimento à gestão escolar, 11.730 ações
de atendimento aos professores, 2.353 ações de
atendimento aos assistentes de maternal, 7.012 ações
de atendimento aos alunos, 122 discussões de caso
com terapeuta, 2 discussões de caso com médico, 156
discussões de caso com supervisor de ensino, 1.418
encaminhamentos aos serviços de saúde e recebidos
1.188 encaminhamentos de alunos com dificuldade
do transtorno de aprendizagem. Os resultados do
trabalho psicopedagógico institucional revelam a
intensa preocupação sobre a prestação do serviço
de assessoria às unidades escolares, implicando
a articulação dos sujeitos envolvidos no processo
de aprendizagem escolar: família, gestão escolar,
pro­fessor e aluno. Para isso, quando necessário, en­
caminhamentos aos serviços de saúde e discussões
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 266-81
269
Resumo dos Trabalhos - Categoria Pôster
de caso foram realizadas para adoção da melhor
conduta psicopedagógica diante de cada dificuldade
ou transtorno de aprendizagem em acompanhamento.
para a interação, não fazendo interpretações fecha­
das que limitem o desenvolvimento da história, bem
como a expressão das emoções e da aprendizagem.
A Caixa de Areia é um instrumento que permite
formular hipóteses para a avaliação diagnóstica e
definir atividades de intervenção psicopedagógica.
Partindo das vivências realizadas no consultório
nos atendimentos com crianças, observa-se que, no
transcorrer do contato com a caixa de areia, manifes­
ta-se uma evolução de cada caso em particular. Ao
representar os conteúdos inconscientes no seu cenário
individual esta ação resulta em associações livres
e elaborações que são fundamentais no processo
terapêutico de base psicanalítica.
Eixo: Formação, Atuação e Pesquisa em Psicopedagogia
A CAIXA DE AREIA (SANDPLAY):
INTERVENÇÕES CLÍNICAS EM
PSICOPEDAGOGIA
Anelise Gil Ferreira Fontoura
O atendimento psicopedagógico clínico com crianças
com estruturação neurótica ou psicótica demanda
um grande nível de observação e atenção por parte
do profissional que está recebendo estes pacientes
no consultório. O uso da caixa de areia surge como
oportunidade da criança em sessão terapêutica, fazer
ressignificações nos dando pistas da modalidade
de aprendizagem, dos limites de seu corpo com os
objetos e de sua subjetividade frente ao brincar.
Ten­­do em vista essa peculiaridade, apontamos o tra­
balho com caixa de areia como espaço simbólico de
expressão das emoções ou bloqueios que a criança
possa estar enfrentando. A metodologia utilizada na
caixa de areia tem como prerrogativa um enfoque
verbal e não-verbal, integrando material inconsciente
através da produção de cenas, esta manifestação será
apresentada e interpretada através do olhar atento
e observador do psicopedagogo. É um método de
cura silencioso, que consiste em um instrumento de
diagnóstico e intervenção onde por meio da constru­
ção de cenários pode-se qualificar o diagnóstico
do paciente observando as defasagens cognitivas
e emocionais, possíveis déficits, desejos, conflitos
e demais dimensões relacionadas à afetividade e
cognição. Dessa forma, as histórias terapêuticas
que vão sendo apresentadas trazem a possibilidade
de utilizar a criatividade, imaginação e a empatia
como forma de entender conteúdos psíquicos que
não podem ser ditos pela criança. Em algumas situa­
ções, esses sentimentos represados aparecem como
sintomas da “não aprendizagem” e podem apresentar
caminhos que apontem saídas para esta dificuldade.
A postura do psicopedagogo é fundamental para
acolher a história que vai ser contada. É necessário
saber ouvir, ter atenção no que está sendo dito,
participar conforme a criança vai abrindo espaço
Eixo: Formação, Atuação e Pesquisa em Psicopedagogia
A DIMENSÃO PSICODRAMÁTICA DOS
CONTOS DE FADAS COMO PROPOSTA DE
INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA
Luciana Corrêa Borel, Vanessa Ferreira De Souza
Psicodrama é uma ferramenta de investigação da
al­­ma humana mediante a ação e a observação da
re­­lação do sujeito ao seu meio e o seu eu, sendo de
grupos, dos grupos ou consigo mesmo. O objetivo é
bus­car o reconhecimento do conflito vivenciado em si
e nos outros (ego-auxiliar), facilitando as alternativas
para resoluções do que é revelado e criando opções
disponíveis à intervenção psicopedagógica no edu­
cando. Procedimentos metodológicos concentram-se
na revisão de literatura e relatos vivenciados em
escolas da rede pública enquanto professoras do ensino
fundamental I. Resultando na criatividade literária,
sendo rica em detalhes críticos e investigativos e, por
consequência, o aprimoramento textual do discente.
Eixo: Formação, Atuação e Pesquisa em Psicopedagogia
A IMPORTÂNCIA DA AVALIAÇÃO DA
LINGUAGEM ORAL NO DIAGNÓSTICO
PSICOPEDAGÓGICO
León CBR, Pazeto TCB, Pereira APP, Seabra AGS
Diversas pesquisas ressaltam forte relação entre
ha­bilidades de linguagem oral (LO) e posterior de­
sem­penho em leitura e escrita. Considerando que
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 266-81
270
Resumo dos Trabalhos - Categoria Pôster
um caso específico ocorrido na experiência de es­
tágio supervisionado. Ressaltar a importância da
afetividade nesse processo interventivo, descrever as
atividades realizadas e relatar os avanços obtidos pelo
aprendente. Método: Foi realizado um estudo de caso
sobre um atendimento específico realizado no período
de um ano. Observou-se o processo de avaliação, as
atividades de intervenção, a inclusão da afetividade
e a evolução do aprendente. Como referencial teórico
foi usado: Galvão (1995), Fernández (1991, 2001),
Weiss (2012), Sampaio (2012), Chamat (2004), Cunha
(2010), Chabot (2005), Saltini (2008). Através do
estudo de caso, pode-se avaliar o uso da afetividade
co­mo instrumento interventivo, assim como sua efi­
cácia dentro do espaço clínico. Resultados: Em 38
sessões, foi construído um espaço terapêutico afetivo
e agradável, desta forma, pode-se observar a evolução
do aprendente nas seguintes habilidades: inibição
cognitiva e social, expressão oral, raciocínio lógico,
sequência lógico-temporal, atenção e concentra­
ção, desejo pelo aprender, curiosidade, criatividade,
evolução na escrita e na leitura. Os resultados não
foram avaliados quantitativamente, porém a evo­
lução qualitativa foi perceptível na progressão
dos atendimentos. Além dos resultados obtidos
pelo aprendente, foi notório o amadurecimento da
terapeuta envolvida no estágio, melhorando sua
práxis e evoluindo afetivamente. Houve um re­
torno positivo da família do aprendente, que tam­
bém vivenciou ativamente esse processo afetivo
e psicopedagógico. Conclusão: Podemos concluir
que o uso da afetividade atrelado aos instrumentos
já utilizados no atendimento psicopedagógico não
deve ser opcional, mas sim fundamental em nossa
prática, visto que são obtidos bons resultados com esta
junção. O psicopedagogo deve buscar constantemen­te
aprimorar o olhar e escuta sensível, entendemos que
isso não será possível se, primeiramente, não vivenciar
o afeto. Portanto, acreditamos que a afetividade deve
ser prerrogativa de todas as ações psicopedagógicas
dentro do espaço terapêutico.
um dos objetivos do diagnóstico psicopedagógico é
investigar as causas das dificuldades de aprendiza­
gem, este trabalho visa destacar a importância da
avalia­ção da LO, por meio de pesquisa bibliográfica.
Em linhas gerais, as habilidades de LO envolvem
manipulação, armazenamento, reflexão, expressão
e/ou compreensão de informações sonoras (sintáticas
ou semânticas) diante ou não de um estímulo visual.
Tais habilidades podem ser avaliadas em relação ao
tipo de processamento de informação, por exemplo,
consciência fonológica (CF), consciência sintática
(CS), vocabulário receptivo (VR) e expressivo (VE),
memória fonológica (MF) e nomeação (N), entre
outros. Há evidências de que a CF seja uma das
prin­­cipais preditoras do posterior desempenho em
linguagem escrita (LE). Portanto, uma vez que a
compreensão de que a linguagem é composta de
sequências de pequenos sons, não ocorre de maneira
natural em humanos, tal habilidade deveria ser
estimulada. Por meio do relacionamento interpessoal
da família com a criança e o uso de cantigas e rimas
na pré-escola, as habilidades de LO são estimuladas
de forma inconsciente. Já, na escola, professores
poderiam sistematizar atividades de CF de forma
diária, com grau de complexidade crescente e
reflexão consciente das relações sonoras da LO, como
aglutinação e segmentação de sílabas e fonemas.
Como nos sistemas alfabéticos, a LE mapeia a fala,
combinando elementos fonéticos (sons) e logográficos
(códigos), alterações na aquisição de LO podem
acarretar prejuízos no desenvolvimento da LE. Por
exemplo, para que um sujeito seja capaz de extrair
pronúncia e significado a partir de sinais gráficos, ele
precisa inicialmente saber a relação entre os sons e
as letras. Logo, a avaliação da linguagem oral deveria
ser contemplada no diagnóstico psicopedagógico, a
fim de identificar precocemente déficits e direcionar
a intervenção.
Eixo: Formação, Atuação e Pesquisa em Psicopedagogia
AFETIVIDADE VIVENCIADA NA
INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA:
UM ESTUDO DE CASO
Wanessa Jheniffer Firmino da Silva
Objetivo: Apresentar como a afetividade foi uti­li­
zada na intervenção psicopedagógica, relatando
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 266-81
271
Resumo dos Trabalhos - Categoria Pôster
Eixo: Formação, Atuação e Pesquisa em Psicopedagogia
Eixo: Formação, Atuação e Pesquisa em Psicopedagogia
ATUAÇÃO DE EQUIPE
MULTIPROFISSIONAL NA SECRETARIA
DE EDUCAÇÃO DE PAÇO DE LUMIAR - MA
ATUAÇÃO EM DIFERENTES CONTEXTOS:
EDUCAÇÃO E DIREITOS DOS
DEFICIENTES NO SISTEMA PÚBLICO
Rosane Benedita Sá Santos, Juliana Benigno
Moreira Alves, Helenisa da Silva Fontinelle,
Eliane Costa Andrade Ferreira, Janaína Alexandre
Marly Mariza Rodrigues, Lucilene Macedo Belmant
Tomaz, Eliana Thomaz de Mello,
Eliana Ohannercian, Adriana Poli
A Divisão de Psicopedagogia e Psicologia atua des­
de 2013 na rede escolar do município de Paço do
Lumiar/MA, com o objetivo de prevenir e intervir nos
transtornos de aprendizagem, problemas escolares
e comportamentais. A Divisão tem como públicoalvo os alunos e demais envolvidos no processo en­
sino-aprendizagem, realizando atendimento psico­
pedagógico, psicológico, social e pedagógico. Os aten­
dimentos ocorrem a partir dos ofícios encaminha­dos
pelas escolas direcionados à coordenação da divisão,
que são agendados pela equipe multiprofissional para
visita técnica. Nesta, promove-se o atendimento na
escola, realizando avaliação diagnóstica utilizando
instrumentais das distintas áreas (mapeamento ins­
titucional psicopedagógico, diagnóstico dos níveis de
alfabetização, etc). De acordo com os atendimentos,
realizam-se as intervenções e orientações aos ges­
tores, coordenadores, educadores, pais e alunos.
Como resultados, a referida divisão possibilita a
re­­­dução dos problemas escolares, o favorecimento
da integração entre professores, alunos e familiares,
o processo de ensino-aprendizagem, desenvolve
competências socioemocionais nos educadores e nos
alunos, viabiliza o atendimento e acompanhamento
integrado às famílias e aos alunos da rede municipal
de Paço do Lumiar. Pode-se avaliar que as atividades
desenvolvidas no Município, proposta através de uma
intervenção multiprofissional, promove uma melhor
interação entre os atores do processo de ensinoapren­dizagem, com vistas a realizar mudanças que
busquem a transformação de um contexto escolar
marcado por problemas em aspectos pedagógicos,
comportamentais, familiares, socioeconômicos e cul­
turais. Nesse sentido, o diálogo entre os diferentes
saberes dos profissionais da equipe (psicopedagogos,
psicólogos, assistente social e pedagogo) deve compor
uma nova rede de interrelações, de forma a constituir
um trabalho que, ultrapassando a lógica do modelo
simples de atendimento, alcance uma reflexão na
perspectiva da interdisciplinaridade.
O objetivo deste estudo é apresentar a transforma­
ção histórica do trabalho de atendimento do psico­
pedagógico institucional em um percurso de mais
de 17 anos, atualmente em 106 escolas do ensino
municipal, abrangendo maternais, pré-escola, en­
sino fundamental I e II. Embasado na perspectiva
histórica-dialética, enfoca um processo de constru­
ção da identidade do psicopedagogo, considerando
a identidade individual inserida em um conjunto de
experiências e atuações que conduz à identidade co­
letiva. O método enfatiza que a identidade se constrói
entre indivíduo e sociedade em uma dialética histórica
que possibilita a manutenção e transformação do
psicopedagogo, portanto da Psicopedagogia (Mendes,
1998: 16-8). Representa os cenários de atuação do
psicopedagogo em contextos contingenciais histó­­ri­
cos de manutenção e transformação (ibdem:7-10). 1998
– Serviço de Orientação Educacional - Dificuldades
de aprendizagem - 1ª a 8ª série; 2001 – Departamento
de Apoio ao Desenvolvimento Educacional - Difi­
cul­dades de aprendizagem e TGD/deficiências Municipal - 1ª a 8ª série; 2005 – Departamento de
Apoio Especializado - TGD/deficiências - Municipal Ensino Infantil/ Fundamental 2010 – Departamento
Técnico de Educação Especial - TGD/deficiência Municipal, estadual e particular: Ensino Infantil/
Fun­damental/Médio; 2013 – Departamento de As­
ses­soria Psicopedagógica de Educação Inclusiva Dificuldade de aprendizagem - Municipal - Ensino
In­­fantil/ Fundamental. Incrustrado em um contexto
eminentemente social, o psicopedagogo atua na
educação para contribuir com a aprendizagem
hu­mana. Sua prática específica canaliza a inter­
disciplinaridade para os múltiplos aspectos-di­
men­sões da aprendizagem. Tendo como maior de­
manda a dificuldade de aprendizagem escolar, sua
atuação aponta uma crescente lacuna na formação
do professor e dos atores escolares (Noffs, 2003:
128-33). Ainda confundido como um agente da
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 266-81
272
Resumo dos Trabalhos - Categoria Pôster
escolarização, o trabalho apresentado enfatiza que a
interdisciplinaridade psicopedagógica ultrapassa os
limites da aprendizagem escolar, pois esta está contida
na aprendizagem humana, sem, contudo, ser o objeto
da Psicopedagogia (Bossa, 2007: 24).
administrativas da escola. Embora ainda não tenha
sido concluído, este trabalho busca refletir sobre a
atuação psicopedagógica no ambiente escolar como
ferramenta na formação continuada de professores.
Este trabalho faz parte da conclusão do curso de
formação do Espacio Psicopedagógico de Buenos
Aires (EPsiBA), tendo sido desenvolvido até dezem­bro
de 2014 sob a orientação da professora e pesquisado­
ra Alicia Fernández. Atualmente, encontra-se sob
orientação do professor Jorge Gonçalves da Cruz.
Eixo: Formação, Atuação e Pesquisa em Psicopedagogia
INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA NO
AMBIENTE ESCOLAR EM PROFESSORES
DO ENSINO FUNDAMENTAL COMO
ESTRATÉGIA DE FORMAÇÃO
CONTINUADA
Eixo: Formação, Atuação e Pesquisa em Psicopedagogia
O DESENVOLVIMENTO MOTOR DE
GÊMEOS PRÉ-TERMO EXTREMO DE
MUITO BAIXO PESO
Ilkeline de Paula
O presente trabalho descreve uma intervenção psi­
copedagógica em professores no ambiente escolar.
Método: participaram da intervenção 17 professores
do Ensino Fundamental da rede municipal de Belo
Horizonte/MG. A escolha dos participantes foi
realizada pela escola de forma aleatória. O gru­po
foi subdividido em grupos menores de 3 a 7 pro­
fessores. As atividades tinham a duração de 60 mi­­
nutos por grupo e foram realizadas com intervalos
de aproximadamente 3 semanas. Inicialmente foram
previstas duas fases: a fase 1, de diagnóstico, quando
foram realizadas reuniões com a direção, coordenação
pedagógica e professores; a fase 2, distribuída
em três etapas: levantamento dos alunos com ne­
cessidades psicopedagógicas, encaminhamentos
e acompanhamento dos encaminhamentos. Após
as primeiras sessões com os grupos de professores,
verificou-se uma necessidade premente de escuta
dos mesmos. Para tanto, houve a adequação da
primeira etapa da fase 2 para: “refletir sobre a própria
modalidade de aprendizagem como instrumento
na formação continuada de professores do Ensino
Fundamental”. Como estratégia de intervenção
foram realizados com os grupos, desenhos de “si­
tuação pessoa aprendendo” (SPA) (Fernández,
2001), relato escrito e oral das brincadeiras quando
criança e o significado do brincar no contexto escolar.
Os encontros eram intercalados entre atividades
práticas e “Rodas de Reflexão”. Esta fase durou
de março a dezembro de 2013. Desde fevereiro de
2014, o projeto encontra-se interrompido em função
da greve dos professores municipais e por questões
Wirla Lima Iatalesi
Objetivo: O estudo avaliou o desenvolvimento mo­
tor de gêmeos pré-termo extremo de muito baixo
peso matriculados em creche para verificar a ne­
ces­sidade de acompanhamento psicopedagógico
por serem considerados Bebês de Risco, conforme o
Referencial Curricular Nacional para Educação In­
fantil. Buscou-se, também, definir o melhor critério de
avaliação psicopedagógica para criança prematura:
idade cronológica ou idade corrigida. Método: Os
participantes eram gêmeos do sexo masculino, com
nascimento à 28ª semana de gestação (pré-termo
extremo) e peso 1500, matriculados em creche.
No início da pesquisa, os participantes estavam com
idade cronológica de 6 meses e corrigida de 3 me­
ses. Os participantes foram submetidos a tarefas
para verificar a evolução dos reflexos primitivos/
estereotipias motoras e das habilidades motoras
ru­d imentares, conforme descritas por Gallahue.
Ca­da tarefa era realizada três vezes, filmadas e os
vídeos eram analisados posteriormente para coleta
de dados. Resultados: Os resultados mostraram de­
senvolvimento motor abaixo do esperado na fase
dos reflexos primitivos e estereotipias motoras, con­
siderando-se tanto a idade corrigida como a idade
cronológica, em razão de questões maturacionais
relacionadas ao parto prematuro. O desenvolvimento
das habilidades motoras rudimentares demonstrou
atraso apenas considerando-se a idade cronológica.
Seria necessário mais tempo de avaliação para
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 266-81
273
Resumo dos Trabalhos - Categoria Pôster
verificar o impacto da idade corrigida sobre essas
habilidades. Algumas habilidades surgiram antes da
idade corrigida esperada, como consequência dos
estímulos do ambiente. Verificou-se, ainda, diferença
no desempenho entre os gêmeos, como resultado do
impacto da prematuridade sobre cada organismo
individualmente. Conclusão: Com base na atual de­
manda social, a creche compartilha com a família
o apoio e a estimulação da criança prematura. Este
estudo sugere o acompanhamento psicopedagó­gico
do prematuro considerando a idade corrigida com
base nas questões maturacionais resultantes da in­
terrupção da gestação. O apoio do Psicopedagogo à
unidade escolar torna-se importante para avaliar e
acompanhar prematuros enquanto grupo de risco,
além de orientar a equipe na estimulação da crian­
ça e, se necessário, encaminhá-la para progra­mas
de Estimulação Precoce em salas de atendimento
educacional especializado (AEE - Estimulação
Precoce).
atuando em diversos ambientes, é preciso desenvol­
ver, para além das metodologias de diagnóstico e
intervenção um espaço de diálogo/silêncio e de
interação saudável que caracteriza o modo singular
do fazer psicopedagógico que convive e ressignifica
os paradoxos necessários ao ensino e aprendizagem.
Referências: 1. Freire P. Pedagogia do oprimido. Rio
de Janeiro: Paz e Terra; 1987. 2. Freire P. Educação
como prática da liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra;
1983. 3. Amatuzzi MM. O resgate da fala autêntica:
filosofia da psicoterapia e da educação. Campinas:
Papirus; 1989. 4. Fernández A. A atenção aprisionada:
psicopedagogia da capacidade atencional. Trad.
Hickel NK. Porto Alegre: Penso; 2012. 5. Fernández
A. A mulher escondida na professora: uma leitura
psicopedagógica do ser mulher, da corporalidade e
da aprendizagem. Trad. Hickel NK. Porto Alegre:
Artes Médicas; 1994. 6. Orlandi EP. A linguagem
e seu funcionamento: as formas do discurso. 4ª ed.
Campinas: Pontes; 1996. 7. Orlandi EP. As formas do
silêncio: no movimento dos sentidos. 3ª ed. Campinas:
Editora da UNICAMP; 1995. 8. Paín S. Subjetividade
e objetividade: relação entre desejo e conhecimento.
São Paulo: CEVEC; 1996.
Eixo: Formação, Atuação e Pesquisa em Psicopedagogia
O FAZER PSICOPEDAGÓGICO: REVENDO
TEORIAS/PRÁTICAS NO CONTEXTO DA
PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA EM E.PSI.B.A.
Eixo: Formação, Atuação e Pesquisa em Psicopedagogia
Patrícia Maria Castello Branco Lopes,
Kelly Soares Rosa
RELATO DE EXPERIÊNCIA DE UM
NÚCLEO DE INCLUSÃO, ACESSIBILIDADE
E APRENDIZAGEM NO
ENSINO SUPERIOR
Objetivo: Promover uma reflexão a respeito da sin­
gularidade, multidisciplinaridade e ética na atuação
Psicopedagógica partindo das reflexões teóricopráticas vivenciadas e desenvolvidas durante o curso
de formação em Psicopedagogia Clínica oferecido
pelo Espaço Psicopedagógico de Buenos Aires (E.
Psi.Ba), no período de 2009 a 2012. Método: Pes­
quisa qualitativa a partir de nossas vivências, do
relato e reflexões teórico-práticas, sedimentando e
comparando os autores bem como as experiências
advindas de nossa atuação em consultório e sala de
aula, enquanto psicopedagogas que participaram,
ao longo de quatro anos, do curso de formação em
Psicopedagogia Clínica em E.Psi.B.A, ministrado por
Alícia Fernandez. Conclusão: A atuação e o olhar
clínico psicopedagógicos não se restringem aos
espaços de atendimentos em consultório, revelandose ensinante e aprendente como diferentes pessoas,
Gustavo Henrique Mattos, Carla Spolavori
Objetivo: Apresentação dos resultados obtidos pelo
trabalho do Núcleo de Inclusão, Acessibilidade e
Apren­dizagem (NIAAP) no Ensino Superior, no que
se refere ao atendimento de discentes com Necessida­
des Educacionais Especiais (NEE), dificuldades de
aprendizagem e altas habilidades. Método: O Nú­
cleo está localizado em uma Instituição de Ensino
Superior. No primeiro semestre de 2015, os principais
desafios diagnosticados foram: adaptação de alunos
com NEE, dificuldade de concentração, organização
para estudos, falta de motivação, dificuldade de
leitura, escrita e compreensão. Após a realização da
anamnese, iniciaram-se encontros. Desenvolveram-se
intervenções que estimularam as funções cognitivas,
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 266-81
274
Resumo dos Trabalhos - Categoria Pôster
afetivas e sociais, de acordo com a necessidade
de cada indivíduo, seguindo as orientações de
Bossa (2007, p. 67): “compreender de forma global
e integrada os processos cognitivos, emocionais,
sociais, culturais, orgânicos, e pedagógicos que
interferem na aprendizagem, a fim de possibilitar
situações que resgatam o prazer de aprender em
sua totalidade”. Resultados: Após as intervenções,
constatou-se excelente adaptação dos alunos com
NEE na instituição, verificou-se, ainda, melhora sig­
nificativa no desempenho acadêmico, maior atenção
e concentração durante as aulas, motivação para
os estudos, aperfeiçoamento na leitura e escrita,
aprimoramento nos hábitos de estudo, melhora na
ex­pressão oral e na exposição de ideias em sala de
aula, maior segurança frente aos desafios, capacidade
de controlar medos e ansiedade, desenvolvimento
de habilidades sociais. Tais resultados foram notados
por meio de feedback dos alunos, professores e
coordenadores de curso, bem como acompanhamen­
to das notas no decorrer do semestre. Conclusão:
Conclui-se que a implantação do Núcleo de Inclusão,
Acessibilidade e Aprendizagem foi de demasia­da
importância para o desenvolvimento dos alunos
atendidos. O psicopedagogo tem papel fundamental
na instituição de Ensino Superior, favorecendo
significativamente os processos de aprendizagem.
Embora tenhamos encontrado registros de iniciati­
vas deste trabalho em outras Instituições de Ensino
Superior, notamos que ele ainda precisa ganhar
forças, para isso é necessário que as IES criem es­
paços para que este trabalho se fortaleça e, de fato,
todos tenham acesso a uma formação de qualidade,
adequada e igualitária no contexto acadêmico.
atingidas dentro da proposta curricular de cada
sistema de ensino. Trata-se de um relato de experiên­
cia com uma turma de primeiro ano da rede de ensino
de Socorro que regulamentou sua prática aderindo
ao Pacto Nacional PNAIC, no ensino por ciclo. A refe­
rida turma é composta por 27 alunos de idade entre 6 e
7 anos em sua maioria e pouco mais de três alunos com
idade entre 8 e 10 anos. Constitui-se um dos primeiros
desafios atender à demanda do processo de escrita
de cada aluno que compõe o ambiente sistemático
de sala de aula, com necessidades, possibilidades e
limites que se revelam ao passo que cada um entrar
em contato com os desafios próprios do processo. A
escrita da criança não resulta de simples cópia de um
modelo externo, mas é um processo de construção
pessoal (Ferreiro, 2001) Em avaliação de sondagem,
no início do ano letivo, constatou-se que das 27
crianças matriculadas apenas duas estavam com o
nível de leitura e escrita alfabética e os demais no nível
II, segundo a psicogênese da leitura e da escrita de
Emília Ferreiro, compatível com crianças de 4 anos.
Trabalhar com essas disparidades na leitura e na
escrita como orienta o pacto nacional não é suficiente,
pois essa defasagem de níveis demanda atividades
diferenciadas. Percebeu-se a necessidade de se lan­çar
mão de atividades padronizadas e, a partir do olhar
sistêmico e dos fundamentos da psicopedagogia,
montar estratégias que pudessem atender a essas
diferenças e entre elas entender que a aprendizagem
não envolve apenas os aspectos cognitivos, mas
também afetivo e da ordem do corpo que está em pleno
desenvolvimento. Referências: Ferreiro E. Reflexões
sobre alfabetização. São Paulo: Cortez; 2001. Scoz
B. Psicopedagogia e realidade escolar: o problema
escolar e de aprendizagem. Petrópolis: Vozes; 1994.
Eixo: Psicopedagogia em Diversas Linguagens
Eixo: Psicopedagogia em Diversas Linguagens
A IMPORTÂNCIA DO OLHAR
PSICOPEDAGÓGICO PARA A
ENSINO POR CICLO
A PSICOPEDAGOGIA BUSCANDO
PROPORCIONAR NOVAS FORMAS
DE APRENDER
Cassia de Fatima da Silva Souza,
Néclea Dantas de Carvalho
Fugagnoli SRSL
O objetivo do presente trabalho é trazer para dis­
cussão a importância do professor lançar um olhar
psicopedagógico para as relações de ensino-apren­
dizagem e que dialogam com as metas a serem
Manter parcerias com grupos de voluntários para
minimização dos problemas de aprendizagem de­
tectados nas crianças e adolescentes, faixa etária de
9 a 15 anos, na Entidade Fraternidade do Triângulo
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 266-81
275
Resumo dos Trabalhos - Categoria Pôster
Ramatis. Uma amostra do público atendido nos
Projetos da Entidade Fraternidade do Triângulo
Ramatis apresenta sérias dificuldades de leitura,
escrita e matemática. Apesar da ONG não ter como
principal objetivo a educação, há empenho para
sanar as principais dificuldades diagnosticadas na
avaliação inicial, no ingresso à ONG. Assim, es­ta­
beleceu-se parceria com uma das Universidades
de Limeira, Projeto Edhuca Unicamp e Projeto de
Intercâmbio (AIESEC), conseguindo vinte e nove
voluntários para atender aos casos emergenciais
de forma totalmente individualizada. As atividades
foram programadas com antecedência e visaram
sanar as dificuldades detectadas na avaliação inicial.
As crianças e os adolescentes demonstraram maior
interesse e conseguiram se manter focados por mais
tempo, já que o atendimento foi feito individualmen­
te (voluntários Projeto Edhuca Unicamp). O contato
dos voluntários do Projeto de Intercâmbio permitiu
vivência nos idiomas inglês e espanhol, sendo
bastante enriquecedor. A coordenadora de projetos
da ONG, Tatiana, faz as traduções e proporcionou
atividades dinâmicas de vivência com todo grupo.
No primeiro semestre, houve a participação de vo­
luntários da Alemanha, México, Colômbia, Rússia,
Egito e Inglaterra. O sucesso das parcerias foi tão
grande que, nesse segundo semestre, o número de
vo­luntários inscritos no Projeto Edhuca UNICAMP foi
o dobro do número de vagas oferecidas. As crianças
e adolescentes atendidos demonstraram melhora na
autoestima e, principalmente, na vontade de aprender.
Já o Projeto de Intercâmbio proporcionou, além de
maior estímulo pelo estudo de outra língua, maior
divulgação da Entidade, já que os voluntários também
contribuíram para manutenção da página online e
vídeos de conscientização do trabalho desenvolvido.
Referência: Muitos lugares para aprender/Centro de
Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação
Comunitária – CENPEC – São Paulo, CENPEC/ Fun­
dação Itaú Social/ UNICEF, 2003.
Eixo: Psicopedagogia em Diversas Linguagens
APOIO PSICOPEDAGÓGICO AO JOVEM
ADULTO COM SÍNDROME DE DOWN EM
PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO:
ESTUDO DE CASO
Juliana Moreira Ribeiro
Este trabalho trata-se de um trabalho de conclusão
de curso em Bacharelado em Psicopedagogia Clínica
e Institucional. O objetivo geral desta pesquisa foi
a importância do apoio psicopedagógico ao jovem
adulto com síndrome de Down em processo de al­
fabetização. Trata-se de um estudo de caso de um
estudante de 21 anos com síndrome de Down de um
Núcleo de Prática Pedagógica Educacional a Jovens
e Adultos, em fase de alfabetização. O jovem passou
por uma avaliação e intervenção psicopedagógica
no período de agosto a dezembro de 2014 e de
fevereiro a julho de 2015. Nesta pesquisa de natureza
qualitativa, em nível exploratório através de estudo
de caso, fazendo uso de ferramentas especificas,
M.T mostrou-se afetuoso, educado, aceitando bem
as propostas durante os atendimentos, apresentou
dificuldades nas áreas cognitiva/pedagógica e afetivo/
social. O jovem possuía uma discrepância entre a
idade de desenvolvimento e a idade cronológica,
dificultando sua aprendizagem, bem como um víncu­
lo insatisfatório, baixa autoestima, frustração consigo
mesmo, falta de autonomia e autodeterminação. A
partir dos atendimentos psicopedagógicos pode-se
elaborar um plano terapêutico na busca da estimulação
de sua aprendizagem escolar e também orientações
para atividades de vida diária em parceria conjunta
com a família e demais profissionais envolvidos. Com
base nos testes aplicados foi desenvolvido com M.T
aspectos que o auxiliassem a se ajustar às expectativas
escolares e de vida diária, visando a desenvolver seu
potencial, além de exercer o controle sobre a sua pró­pria
aprendizagem, estimular um trabalho multidiscipli­
nar, com o acompanhamento fonoaudiológico, psicoló­
gico, neurológico e psicopedagógico. Através de
jogos, diálogo, acompanhamento do calendário M.T
desenvolveu o interesse pela leitura e escrita, pela a
rotina do seu dia, também passou a compreender o
significado de mais e menos, passou a participar de
uma oficina psicopedagógica e a ter mais paciência
diante das dificuldades. Através desta pesquisa
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 266-81
276
Resumo dos Trabalhos - Categoria Pôster
pode-se revelar como o Psicopedagogo, fazendo uso
de ferramentas específicas, conseguiu ter um olhar
diferenciado e global sobre o paciente, traçando
ca­minhos, respeitando o período preparatório do
in­divíduo dando suporte para a sua aprendizagem,
trocando informações profissionais, onde a parceria
com a família não foi deixada de lado.
em evidência a necessidade de transformação da
Instituição Hospitalar em conjunto com a educação,
proporcionando um atendimento de qualidade aos
jovens e adultos que se encontram hospitalizados,
garantindo os seus direitos. O que pode ser evidencia­
do é que atualmente ainda são poucas as institui­
ções que disponibilizam o atendimento pedagógico
educacional para os indivíduos hospitalizados e, em
especial, os jovens e adultos. Referências: Assis W.
Atendimento pedagógico-educacional em hospitais:
da exclusão à inclusão social/escolar [Dissertação
de mestrado 2009). Disponível em: www.teses.usp.
br/teses/disponiveis/48/48134/tde-11122009-110652/
pt-br.php. Acesso em 26/12/2012.
Eixo: Psicopedagogia em Diversas Linguagens
CLASSE HOSPITALAR: INCLUSÃO DE
JOVENS E ADULTOS HOSPITALIZADOS
Adriana Freitas Castelo Branco
Introdução: Classe Hospitalar: a inclusão de jovens e
adultos no processo de aprendizagem é uma pesquisa
que buscou analisar a importância da Classe Hospitalar
como garantia dos direitos dos jovens e adultos hos­
pitalizados no processo de ensino-aprendizagem,
discutindo os aspectos favoráveis da Classe Hospitalar
para a vida dos jovens e adultos hospitalizados, com
vista a identificar os obstáculos para implementação
das Classes Hospitalares no contexto atual. Nesta
perspectiva, a questão norteadora gira em torno
dos seguintes questionamentos: qual o papel das
Clas­ses Hospitalares na inclusão social dos jovens
e adultos que se encontram hospitalizados? Até que
ponto o atendimento pedagógico educacional dentro
do hospital é importante para os jovens e adultos
hospitalizados? O marco teórico se fundamenta no
levantamento histórico sobre as Classes Hospitalares,
as leis que legitimam esse atendimento, a perspectiva
da educação por meio da inclusão social e os obstáculos
para sua implementação discutida por Assis (2009) e
autores que discutem sobre essa temática. O método
trilha pelos caminhos da abordagem qualita­tiva,
os instrumentos utilizados para coletas de dados
foram: a observação participante e entrevistas se­
mies­truturadas. O lócus deu-se numa Clínica de he­
modiálise, no município de Feira de Santana – BA, os
sujeitos foram quatro educandos, dois professores da
Classe Hospitalar e a gestora educacional do SESI.
Após coleta de dados foram apresentados os dados
para análise dos instrumentos, tanto na forma de
descrição concepções de Classe hospitalar, Educação
como direito, Classe Hospitalar como possibilidade de
inclusão. Portanto, os resultados desta pesquisa põem
Eixo: Psicopedagogia em Diversas Linguagens
DESEMPENHO ACADÊMICO
DE CRIANÇAS SUBMETIDAS À
INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA
POR MEIO DO LÚDICO
Martins LF, Costa MT, Carneiro ALM,
Farias AC, Cordeiro ML
Objetivo: Analisar os resultados do Projeto Brincar
para Aprender – Intervenção Psicopedagógica por
meio do lúdico1, comparando os escores obtidos no
Teste de Desempenho Escolar (TDE) antes e depois da
intervenção. Método: Comparação dos resultados do
TDE obtidos em amostra composta por 50 alunos da
Rede Municipal de Educação da cidade de Curitiba,
de ambos os sexos, de 8 a 12 anos de idade, do 2º
ao 5º ano, os quais participaram por dois anos da
intervenção psicopedagógica por meio do lúdico.
Foi aplicado o TDE antes (T1) e depois (T2) da in­
tervenção. Os resultados foram analisados pelo
teste t Student, considerando p 0,05 significativo.
Resultados: A comparação dos resultados no TDE
demonstrou diferença estatística significativa entre a
primeira (T1) e a segunda (T2) avaliação, constatada
por melhor desempenho acadêmico na segunda
avaliação. Os resultados demonstraram efetividade
da intervenção por meio do lúdico em ajudar crianças
com dificuldades de aprendizagem a desenvol­
ver técnicas e planejamento para obter melhores
resultados escolares. Conclusão: Foi confirmado,
com métodos quantitativos, que a efetividade da
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Resumo dos Trabalhos - Categoria Pôster
intervenção psicopedagógica por meio do lúdico,
no processo de aprendizagem, oferece às crianças
com dificuldades de aprendizagem, alternativas
para desenvolver técnicas e planejamento para
obter melhores resultados escolares1, possibilitando
uma retenção mais qualificada do conteúdo e,
consequentemente, melhor desempenho acadêmico.
Referências: 1. Cordeiro ML (org.) et al. Brincar para
Aprender: A Neurociência e a Psicopedagogia no
Processo de Aprendizagem. Curitiba: Associação
Hospitalar de Proteção à Infância Dr. Raul Carneiro;
2015.
leitura e escrita em idades precoces desenvolvidos
para a população brasileira, portanto o presente
teste desenvolvido contribui para área de avaliação
cognitiva infantil assim como apresentou correlações
significativas com outras habilidades cognitivas
avaliadas importantes para a aprendizagem.
Eixo: Psicopedagogia em Diversas Linguagens
LEITURA E ESCRITA: UMA INTERVENÇÃO
PSICOPEDAGÓGICA
Patricia dos Santos Pessoa,
Márcia Siqueira de Andrade
Eixo: Psicopedagogia em Diversas Linguagens
Objetivo: O objetivo deste trabalho é a utilização
de obras da literatura infantil no atendimento psi­
copedagógico. Relata atendimento de intervenção
de menina de nove anos, cursando o terceiro ano
do Ensino Fundamental I, apresentando problemas
de aprendizagem de leitura e escrita. Método: Os
atendimentos aconteceram semanalmente du­ran­
te um semestre no ano de 2013, na clínica de Psi­
copedagogia do Centro Universitário Fieo. Foram
utilizadas diversas obras da literatura infantil, tais
como: Chapeuzinho Amarelo e livros de poesias. A
cada sessão lhe era apresentado um livro diferente
para que as atividades pudessem ser abordadas. Foi
feito um trabalho com leituras, recortes e desenhos
utilizando-se de materiais escolares. Para Abramovich
(2001, p.22), o significado de escutar histórias
e amplo e fornece possibilidades e descobertas.
Resultados: Os resultados indicam que a utilização
das obras literárias no processo de intervenção
psicopedagógica possibilitou trabalhar a percepção,
autonomia, leitura e escrita, de forma dinâmica,
para que o aprendizado pudesse acontecer de forma
lúdica e criativa, levando-a ao entendimento de que
a aprendizagem é possível. No final do trabalho,
verificou-se que a criança já conseguia fazer as pri­
meiras leituras e escritas. Conclusão: A utilização de
livros literários infantis foi muito positiva durante a
intervenção psicopedagógica, pois ela foi instrumento
principal para o auxílio durante as sessões, levando
tanto paciente quanto psicopedagoga à reflexão da
afetividade, os motivos das dificuldades e para que a
intervenção pudesse ser de fato realizada. O trabalho
realizado foi positivo, pois conseguiu proporcionar
INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO DE
HABILIDADES INICIAIS DE LEITURA E
ESCRITA EM PRÉ-ESCOLARES
Pazeto TCB, Léon CBR, Pereira APP, Seabra AG
A avaliação cognitiva de pré-escolares é importante
para a detecção precoce de possíveis dificuldades1.
A pesquisa teve como objetivo avaliar as habilidades
de linguagem escrita por meio do desenvolvimento
de um teste para a avaliação inicial da leitura e
escrita. Participaram 90 crianças, de 4 a 6 anos, das
séries Jardim I e II de uma escola particular de São
Paulo. O Teste de Leitura e Escrita2 tem como objetivo
avaliar as habilidades iniciais de leitura e de escrita
sob ditado. Cada etapa do teste é composta por 8
palavras e 2 pseudopalavras, divididas em regulares
de alta frequência e baixa frequência, irregulares
de alta e baixa frequência e pseudopalavras. As
palavras progridem em grau de dificuldade. O teste
apresentou evidências de validade com efeito de
série e idade, assim como correlações com outras
habilidades de linguagem oral e funções executivas.
Foram verificadas altas correlações entre o teste de­
senvolvido e habilidades de consciência fonológica
e de reconhecimento de sons. Por ser composto por
poucos itens o teste se mostrou eficaz e de rápida
aplicação na idade avaliada3,4. Cada palavra do teste
é pontuada por meio de uma porcentagem de letras
escritas corretamente, o que permite compreender
em que fase de desenvolvimento da leitura e da
escrita a criança se encontra5. Atualmente, poucos
são os instrumentos de avaliação das habilidades de
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 266-81
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Resumo dos Trabalhos - Categoria Pôster
os estímulos para a aprendizagem quanto à leitura
e à escrita, levando a criança à compreensão da
linguagem.
Eixo: Psicopedagogia em Diversas Linguagens
PROCESSO DE LETRAMENTO:
A REFLEXÃO DA CRIANÇA NA
PRODUÇÃO TEXTUAL
Eixo: Psicopedagogia em Diversas Linguagens
Lopes MC, Rodrigues LE
O PROFESSOR REFLEXIVO: O DESAFIO É
ATENDER A TODAS AS DEMANDAS
O objetivo deste artigo é analisar a produção textual
como um ‘ato de reflexão’, tomando emprestada a
expressão Foucambert, e de sua própria experiência
de leitura reflexão, a forma como o professor conduz
a atividade de leitura, uma vez que estes mecanismos
são responsáveis pela concepção de leitura que os
estudantes irão construir. O corpus que apoiou este
estudo foi coletado em uma sala de aula da escola
particular (IPEN - Instituto de Pedagogia Natural),
em Campina Grande Cidade, PB. A população-alvo
foi composta por um grupo de crianças, cujas idades
oscilavam entre 7 a 8 anos de idade. Foram registrados
oito eventos de produção textual. Em anexo a este
material, nós registramos algumas notas adicionais
relacionadas com as observações participantes em sala
de aula. Os resultados nos mostram que as crianças,
além de refletir sobre a construção do seu próprio
texto, ainda faz uso da intertextualidade, ou seja,
fazem referência a outros textos lidos anteriormente.
Lopes MC, Rodrigues LE
O trabalho do professor inclui competências e ha­
bilidades de um profissional intelectual que atua
em situações ímpares devido às singularidades
que cercam o público com o qual seu fazer está in­
timamente relacionado. O objetivo deste trabalho é
pensar no professor reflexivo e no desafio de encontrar
um meio de atender a todas as demandas: olhar para
os alunos de forma individual, enxergando de fato as
necessidades de cada um. Dentre as várias formas de
comunicação, a linguagem é o instrumento essencial
para a sistematização e formulação do pensamento,
as palavras estruturam as ideias e possibilitam a
transição do pensamento concreto ou situacional
ao racional abstrato ou categorial com dimensões
cada vez mais complexas, graças à compreensão
dos significados, associação e memorização. Nesse
sentido, professores de Língua Portuguesa atuam
como “sensores” no processo de (re) construção de
no­vos saberes e na inclusão social de alunos com altas
habilidades. O método utilizado no desenvolvimento
deste trabalho foi a pesquisa participante, abrangendo
visão contextualizada mediante a história de vida,
características dos sujeitos, concepções sobre as
potencialidades nos contextos de interação, de­sen­
volvimento e acompanhamento dos alunos a partir
da disciplina de Língua Portuguesa no Colégio de
Aplicação da Universidade Federal de Roraima. A
partir do desenvolvimento sobre a estruturação lin­
guística, do pensar sobre a linguagem foi possível
detectar alunos com altas habilidades nas áreas:
psicomotricidade, acadêmica, intelectual, liderança e
artes. Os resultados nos mostram que para trabalhar
com inclusão, torna-se necessário que os professores
lancem um olhar mais humanizado para aqueles
alunos que se destacam e que mesmo assim, às vezes
parecem atrapalhar o desenvolvimento da aula.
Eixo: Psicopedagogia em Diversas Linguagens
UM OLHAR PSICOPEDAGÓGICO:
JOGO EDUCATIVO E CRIANÇAS COM
DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM
Priscila Ruiz Carapiá, Heloisa Helena dos Santos
Cavalcante Oliveira, Andréia Marques dos Reis
Lacerda, Ginigleide Santos da Hora
Objetivo: Ponderar contribuições do jogo educativo
como um valoroso recurso psicopedagógico no
acompanhamento de crianças com dificuldades de
aprendizagem. Método: A partir dos referenciais
bibliográficos de: Kishimoto (2007), Andrade (1996),
Sánchez (2004), Visca (1987) etc, fundamentou
abordagem qualitativa desse relato de experiência
de forma contextualizada e fundamentada de ações
desenvolvidas na rede pública municipal. Abordamos
assuntos como o Jogo, Dificuldades de Aprendiza­
gem e Intervenção Psicopedagógica. Verificando
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 266-81
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Resumo dos Trabalhos - Categoria Pôster
as necessidades da criança assistida, procurando
caminhos adequados para sua satisfação, apropriandose de novos saberes e propiciando espaços de “trocas
de experiências”. Resultados: Dados indicaram e
reforçaram que os jogos constituem-se como um
instrumento valioso para auxiliar os processos das
aprendizagens de crianças que apresentam Di­fi­
culdades de Aprendizagem, favorecendo os aspectos
cognitivo, afetivo, social e motor. Além disso, o jogo
possibilita o desenvolvimento integral do indivíduo
por meio do lúdico. Sendo assim, o sujeito brinca e
joga para desenvolver-se de forma saudável, como
também, necessita dele como meio de equilibração
com o mundo. Conclusão: Através das estratégias do
fazer Psicopedagógico, a partir dos jogos a criança
progrediu na linguagem oral e escrita, no raciocínio
lógico matemático, na socialização com o outro, elevou
sua autoestima e confiança em si mesma. Dessa forma,
os jogos apresentam-se como instrumentos valiosos
não só no diagnóstico, mas também na intervenção
psicopedagógica, por favorecer o aspecto cognitivo,
por ativar e desenvolver esquemas de conhecimentos,
tais como a observação, a identificação, a comparação
e classificação, análise e estabelecimento de rela­ções,
entre outros. Referências: Andrade MCG. Jogos:
peça importante na construção do conhecimento.
In: Revista Dois Pontos, p.61 – 66 _ Jan/Fev–1996.
Kishimoto TM. O jogo e a educação infantil. São
Paulo: Pioneira Thomson Learning; 2002. Sánchez
JG. Dificuldades de aprendizagem e intervenção
psicopedagógica. Trad. Ernani Rosa. Porto Alegre:
Artmed; 2004. Visca J. Clínica Psicopedagógica:
epistemologia convergente. Porto Alegre: Artes
Médicas; 1987.
bito institucional e clínico. Observando a ampla
atua­ção da Psicopedagogia, iremos abordar, através
deste, a importância do psicopedagogo nos vários
ambientes da aprendizagem, bem como o uso da
musicalização como instrumento de intervenção.
A música é uma expressão artística cultural que
vem sendo estudada nas mais diversas áreas de co­
nhecimentos, apresentada como uma nova forma
de linguagem, sendo que todos sentem seus efeitos,
independentemente de classe, instrução, etnia, gênero
e/ou religião. Inicialmente, foi realizada uma revisão
bibliográfica sobre a Psicopedagogia e a Educação
Musical, com o foco nas dificuldades de aprendiza­gem
relacionadas à cognição, à concentração, à interação,
à psicomotricidade e à memorização. A pesquisa de
campo foi realizada em uma escola privada de Belo
Horizonte, no período de março a junho de 2015,
com a observação de seis crianças. As pesquisadoras
utilizaram uma metodologia qualitativa do ponto de
vista psicopedagógico. A educação musical pode vir
a favorecer na intervenção psicopedagógica, uma vez
que o estudo da música pode contribuir na formação
de um indivíduo crítico e criativo, trabalhando seu
desenvolvimento em vários aspectos, incluindo
cognitivo/afetivo
Eixo: Psicopedagogia, Família e Escola
DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM
COMO SINTOMA DA VIOLÊNCIA
INTRAFAMILIAR
Freire KX
A violência intrafamiliar tem provocado consequên­
cias graves às crianças e aos adolescentes provenien­
tes de lares violentos, o que reflete em diversas
áreas, e uma delas é a vida escolar. As dificuldades
de aprendizagem surgem desde os primeiros anos
escolares e, muitas vezes, são oriundas de transtor­
nos que os estudantes enfrentam em sua própria
casa. Este artigo tem como objetivo apresentar uma
breve revisão da literatura a respeito do conceito de
violência intrafamiliar e as consequências que essa
tem manifestado como sintoma nas dificuldades de
aprendizagem de crianças e adolescentes. A violência
intrafamiliar é aquela que ocorre dentro ou fora do
lar, por algum membro da família, incluindo pessoas
Eixo: Psicopedagogia em Diversas Linguagens
UMA PROPOSTA MUSICAL NA
PSICOPEDAGIA: ESTUDOS, PRÁTICAS
E REFLEXÕES
Bárbara dos Santos Leal, Aline Christiane Lourêdo
da Silva, Marina de Paula, Vanêsa Silva Salomão
Esse trabalho se propõe a refletir sobre as áreas
da Psicopedagogia e da Musicalização, revendo a
importância da utilização de elementos da música
como aliada no trabalho psicopedagógico no âm­
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 266-81
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Resumo dos Trabalhos - Categoria Pôster
ano do Ensino Fundamental I de uma escola particular
de São Paulo, bem como seus pais. As crianças
responderam ao Teste de Atenção por Cancelamento
(TAC) e os pais preencheram o Inventário de Fun­
ções Executivas e Autorregulação (IFERI). Houve
correlação significativa moderada entre medidas
do TAC e do IFERI. O resultado geral do IFERI cor­
relacionou-se de forma positiva e significativa com
a parte 3 do TAC, que avalia atenção alternada.
Já a escala de Flexibilidade cognitiva do IFERI
correlacionou-se, de forma positiva e significativa,
com os escores na parte 2 (que avalia atenção seletiva)
e no total do TAC. Dessa forma, o estudo revelou que
algumas medidas de relato dos pais, avaliadas pelo
IFERI, têm relação significativa com algumas medidas
de desempenho em testes de atenção, avaliadas pelo
TAC. Tal resultado fornece evidências de validade a
ambos os instrumentos e corrobora a importância de
se usar diferentes tipos de medidas e de informantes
na avaliação de crianças.
que exerçam função parental ou relação de poder
a outra, pode ser física, sexual ou psicológica. Um
ambiente violento poderá interferir diretamente no
desenvolvimento da criança em formação. A literatura
pesquisada comprova que há uma relação direta entre
ambiente familiar e problemas de comportamento
apresentados por crianças com baixo desempenho
escolar, comprovados em estudos empíricos. No
contexto escolar, a violência intrafamiliar pode ser
detectada a partir de algumas observações, como
ausência frequente, baixo rendimento, falta de atenção
e concentração, apatia, agressividade e choro. Muitas
crianças são retidas nas séries iniciais do ensino
fundamental com dificuldades de aprendizagem ou,
às vezes, adquirem um diagnóstico equivocado de
um transtorno ou distúrbio de aprendizagem, quando
muitas vezes, na verdade, ela é vítima de violência
intrafamiliar e o sintoma de sua vitimização reflete na
escola. Pais e professores discutem de quem é a culpa
da “dificuldade” que ali surge, quando na verdade o
sintoma revela uma causa que requer outro tipo de
cuidado. Destaca-se a importância de estudar um
fenômeno complexo, como o impacto da violência
intrafamiliar e as dificuldades de aprendizagem
apresentadas pela criança vítima de violência em
seu próprio lar.
Eixo: Psicopedagogia, Família e Escola
FUNÇÕES EXECUTIVAS E
AUTORREGULAÇÃO: RELATO DOS PAIS E
DESEMPENHO NOS TESTES
Ana Paula Prust, Luma Graciela Costa Oliveira,
Mariana Emi Kimura, Mayara Miyahara Moraes
Silva, Gabriela Yumi Castilho Iano
Funções executivas são habilidades essenciais para
a saúde mental e física, sucesso na escola e na vida. Na
infância, grande parte da influência de riscos precoces
em FE parece ser transmitida através da qualidade das
interações entre pais e filhos. Esse estudo objetivou
verificar a relação entre o relato de pais acerca das
habilidades de funções executivas de seus filhos, com
o desempenho das crianças em avaliações de funções
executivas e de leitura, habilidades fundamentais para
a aprendizagem escolar. Participaram 17 crianças,
entre 7 e 9 anos de idade (M = 8,14), do 2º, 3º e 4º
Rev. Psicopedagogia 2015; 32(98): 266-81
281
ASSOCIADOS TITULARES – 2015
ALAGOAS
Maceió
ELIANE CALHEIROS CANSANÇÃO
[email protected]
(82) 3223-4258 – Farol
BAHIA
Itabuna
GENIGLEIDE SANTOS DA HORA
[email protected]
(73) 3617-0372 – São Caetano
Senhor do Bonfim
Tianguá
AMERICO FERREIRA DE ARAGÃO JÚNIOR
GRAÇA MARIA DE MORAIS AGUIAR E SILVA
CEARÁ
Fortaleza
DISTRITO FEDERAL
Brasília
ANDRÉA AIRES COSTA
CLAUDIA DANTAS RIBEIRO STIVAL FONTOURA
[email protected]
(82) 3223-4258 – Pera
[email protected]
(85) 3261-0064 – Aldeota
DALMA RÉGIA MACEDO PINTO
Salvador
[email protected]
(85) 3491-2280 – Vila União
ADRIANA AGUDO RODRIGUES MIRANDA
ELIANE CÁSSIA ROCHA BLANES
[email protected]
(71) 9905-1911 – Barra
ARLENE NASCIMENTO PESSOA
[email protected]
(71) 3347-8777 – Caminho das Árvores
DEBORA SILVA DE CASTRO PEREIRA
[email protected]
(85) 3244-2820 – Dionísio Torres
ELIANE LACERDA FERNANDES DE ASSIS
[email protected]
(85) 8699-3407 – Meireles
ELISABETE SILVEIRA CASTELO BRANCO
[email protected]
(88) 9963-5854 – Centro
[email protected]
(61) 8116-6906 – Asa Norte
MARINA LIMA BEUST
[email protected]
(61) 3326-9314 – Asa Norte
MARLI LOURDES DA SILVA CAMPOS
[email protected]
(61) 3321-9666 – Plano Piloto
WALDERLENE RAMALHO DA SLVA
[email protected]
(61) 3037-5009 – Taguatinga
[email protected]
(71) 3341-2708 – Candeal
[email protected]
(85) 3281-1673 – Rodolfo Teófilo
Guará
GLEIDE MOREIRA TEIXEIRA GUIMARÃES
FRANCISCA FRANCINEIDE CÂNDIDO
ELINE LIMA MOREIRA DE AZEVEDO
[email protected]
(71) 3498-5000 – Graça
[email protected]
(85) 3272-3966 – Fátima
JOANICE MARIA BEZERRA SOUZA
GALEÁRA MATOS DE FRANÇA SILVA
[email protected]
(71) 9935-2192/ 8864-0897 – Mares
[email protected]
(85) 3264-0322 – Aldeota
ESPÍRITO SANTO
Vitória
JOZELIA DE ABREU TESTAGROSSA
GERALDO LEMOS DA SILVA
CHEILA ARAUJO MUSSI MONTENEGRO
[email protected]
(71) 9609-3937 – Piatá
KARENINA TRINDADE S. DE AZEVEDO
[email protected]
(71) 3345-3535 – Pituba
MÁRCIA GONÇALVES NUNES
[email protected]/gnmarcia@
hotmail.com
(71) 3332-7055 – Federação
MARIA ANGELICA MOREIRA ROCHA
[email protected]
(71) 8625-2433 – Caminho das Árvores
MARIA AUXILIADORA DE A. RABELLO
[email protected]
(71) 3353-2207 – Pituba
MARIA DE FÁTIMA SOARES DE BRITO
[email protected]
(71) 3488-2939 – Nazaré
NILZAN GOMES SANTOS
[email protected]
(71) 3322-4133 – Nazaré
SIMAIA SAMPAIO MAIA
[email protected]
(71) 9971-2497 – Stella Maris
[email protected]
(85) 3246-7000 – Dionísio Torres
LUCIANA QUEIROZ BEM PORTELA
[email protected]
(85) 3101-2201 – Farias Brito
MARIA ENEIDA NOBRE PINHO
[email protected]
(85) 3294-2281 – Cj Ceará
MARIA JOSÉ WEYNE MELO DE CASTRO
[email protected]
(85) 3261-0064 – Parque Manibura
[email protected]
(61) 3901-7583 – Vila Tecnológica
[email protected]
(27) 99969-5545 – Santa Lúcia
HIRAN PINEL
[email protected]
(27) 4009-2547 – Goiabeiras – Campus
MARIA DA GRAÇA VON KRUGER PIMENTEL
[email protected]
(27) 3225-9978 – Praia do Canto
MARISTELA DO VALLE
[email protected]
(27) 3215-5039 – Jardim da Penha
MARISA PASCARELLI AGRELLO
[email protected]
(85) 3267-5714 – Varjota
OTÍLIA DAMARIS QUEIROZ
[email protected]
(85) 3246-7000 – Dionísio Torres
ROSEANNE MARY ALVES FRAGA
[email protected]
(85) 4011-9999 - Benfica
GOIÁS
Goiânia
CARLA BARBOSA DE ANDRADE JAYME
[email protected]
(62) 3225-9805 – Setor Oeste
DENISE ARAUJO SANTOS BAIOCCHI CARNEIRO
Sobral
[email protected]
(62) 3259-6666 – Nova Suíça
SILVIA DE SOUZA AZEVEDO
LUCIANA BARROS DE ALMEIDA
[email protected]
(88) 9231-3136 – Dom Expedito Lopes
[email protected]
(62) 3636-6234 – Setor Oeste
LUCILA MENEZES GUEDES MONFERRARI
[email protected]
(62) 3259-3592 – Setor Bueno
MARILENE DE AZEVEDO RIBEIRO
[email protected]
(62) 9977-3952 – Setor Oeste
MARISTELA NUNES PINHEIRO
[email protected]
(62) 3259-0247 – Setor Bueno
MATO GROSSO
Cuiabá
ÂNGELA CRISTINA MUNHOZ MALUF
[email protected]
(65) 9214-4484 – Jardim Cuiabá
MARIA MASARELA MARQUES DOS PASSOS
[email protected]
(65) 3028-1372 – Campo Velho
MINAS GERAIS
Belo Horizonte
ÂNGELA MATILDE SOARES
Pouso Alegre
CLAUDIA MARQUES CUNHA SILVA
[email protected]
(35) 3422-2050 – Fátima
São Gonçalo do Sapucaí
MARÍLIA VIEIRA SIQUEIRA DE ARANTES
[email protected]
(35) 3241-3195 – Centro
Uberlândia
SANDRA MEIRE DE O. RESENDE
[email protected]
(34) 9195-8911 – Lidice
Varginha
ELISA MARIA MAGANHA SOARES CÂNDIDO
[email protected]
(35) 3221-7949 – Vila Pinto
MARIA CLARA R. R. FORESTI
[email protected]
(35) 3212-3496 – Centro
REGINA CLAUDIA A. S. FERRAZ
[email protected]
(31) 3372-7231/3372-4079 – Gutierrez
[email protected]
(35) 3214-5660 – Novo Horizonte
DJANIRA DAMASCENO GONÇALVES
PARÁ
Belém
[email protected]
(31) 3418-6773 – Ouro Preto
ILKELINE DE PAULA
ANA CYLENE VALENTE COLINO
[email protected]
(31) 8685 2179 – Santo Antônio
[email protected]/
[email protected]
(91) 4009-7102 – Umarizal
REGINA MARIA CALDEIRA DO COUTO E
SILVA
ANA SYLVIA VALENTE COLINO
[email protected]
(31) 3564-4506 – Santo Antonio
REGINA ROSA DOS SANTOS LEAL
[email protected]
(31) 3239-5920 – Santa Efigênia
Campanha
RAMONA CARVALHO FERNANDEZ NOGUEIRA
[email protected]
(35) 3261-2119 – Centro
Elói Mendes
JANAINA CRISTIANE GUIDI PEREIRA
[email protected]
(35) 3264-3397 – Centro
Lavras
ROSELMA SILVA
[email protected]
(35) 3822-7676 – Centro
[email protected]
(91) 3204-3500 – Nazaré
CARMEM CYLBELLE PEREIRA ALVES VIÉGAS
[email protected]
(91) 3259-3531 – São Braz
CÉLI DENISE CORRÊA DA COSTA
[email protected]
(91) 3252-0201 – Nazaré
EDNA TOTI AMARO DA SILVA
[email protected]
(91) 4008-1200 – Batista Campos
ELIANE SOUZA DE DEUS NETO ALMEIDA
LUZILENE ARAÚJO NEVES
[email protected]
(98) 98300-6548 – Parque Shalon
MARIA DE NAZARÉ DO VALE SOARES
[email protected]
(91) 9981-2076 – São Braz
PARANÁ
Cambé
NEOCLEIDE MILANI
[email protected]
(43) 3223-2654 – Centro
Cornélio Procópio
IVANI APARECIDA C. A. OLIVEIRA
[email protected]
(43) 3524-2377 – Centro
Curitiba
ADRIANE CREDIDIO R. C. DYMINSKI ARRUDA
[email protected]
(41) 3672-3454 – Jardim Menino Deus
ARLETE ZAGONEL SERAFINI
[email protected]
(41) 3363-1500 – Alto da Glória
CINTIA BENTO M. VEIGA
[email protected]
(41) 3332-2156 – Rebouças
EVELISE M. LABATUT PORTILHO
[email protected]
(41) 3271-1655 – Prado Velho
FABIANE CASAGRANDE C. O. MELLO
[email protected]
(41) 3022-4041 – Batel
MÁRCIA CRISTINA PINHEIRO BERTOLDI
[email protected]
(41) 3243-5779 – Bigorrilho
ROSE MARY DA FONSECA SANTOS
[email protected]
(41) 3026-2865 – Centro Cívico
SIMONE CALBERG
[email protected]
(41) 3363-1500 – Alto da Glória
SONIA MARIA GOMES DE SÁ KUSTER
[email protected]
(41) 3264-8061 – Centro
[email protected]
(91) 3259-3531 – Cidade Velha
Londrina
HORTENCIA VITAL DE CASTRO
[email protected]
(43) 3342-7308 – Jardim Caiçaras
[email protected]
(91) 3257-4107 – Icoaraci
ILKA MARINA PAMPONET ELIAS DE MENDONÇA
[email protected]
(91) 99615-5380 – Umarizal
ROSA MARIA JUNQUEIRA SCICCHITANO
Maringá
NERLI NONATO RIBEIRO MORI
[email protected]
(44) 3261-4887 – Campus Universitário
São José dos Pinhais
CÉLIA REGINA BENUCCI CHIODI
[email protected]
(41) 3282-0450 – Ouro Fino
LORIANE DE FÁTIMA FERREIRA
[email protected]
(41) 3282-9357 – Centro
PERNAMBUCO
Jaboatão dos Guararapes
LEOPOLDINA MARIA ARAUJO DE MIRANDA
[email protected]
(81) 3341-8411 – Candeias
ROBERTA CLARO ROMÃO CORRÊA
[email protected]
(81) 3468-3529 – Piedade
Recife
JOJEMIMA ESTEVÃO DE MESQUITA LUCENA
[email protected]
(81) 3342-4094 – Boa Viagem
MANUELA BARBOSA PIMENTEL DE FREITAS
[email protected]
(81) 9694-7857 – Boa Viagem
MARIA ANETE MOURA CORDEIRO
[email protected]
(81) 3797-6060 – Boa Viagem
NEULIA DO CARMO PEREIRA DA SILVA CAVALCANTI
[email protected]
(81) 3355-4040 – Boa Viagem
PIAUÍ
Floriano
RAIMUNDA FERREIRA PAIVA NETA
[email protected]
(89) 3515-1156 – Centro
Teresina
BENEDITA ILZA VIEIRA FORTES
[email protected]
(86) 9921-3693 – Jóquei
BENILDE FERREIRA DE ASSUNÇÃO FARIAS
[email protected]
(86) 3221-2620 – Centro
FABRÍCIO CÉSAR MOURA BARBOSA
MARIA DA SANTIDADE LOPES DIAS
[email protected]
(86) 3221-4444 – Centro/Norte
RIO DE JANEIRO
Niterói
FÁTIMA GALVÃO PALMA
[email protected]
(21) 2710-5577 – Icaraí
Natal
CRHISTINA SALES NOVO
ANA MARIA ZENÍCOLA
EDNALVA DE AZEVEDO SILVA
[email protected]
(21) 2556-3767 – Flamengo
ANA PAULA LOUREIRO E COSTA
[email protected]
(21) 2436-1803 – Jacarepaguá
CLYTIA SIANO FREIRE DE CASTRO
[email protected]
(21) 2247-3185 – Ipanema
DIRCE MARIA MORRISSY MACHADO
[email protected]
(21) 2236-2012 – Copacabana
HELOISA BEATRIZ ALICE RUBMAN
[email protected]
(21) 2259-9959 – Jardim Botânico
JANE BRAVO GORNE
[email protected]
(21) 98746-4623 – Botafogo
[email protected]
(84) 3221-6573 – Lagoa Seca
HEBERT EZEQUIEL FERNANDES DE MEDEIROS
[email protected]
(84) 8733-9780 – Lagoa Nova
Parnamirim
LUCIANA SIQUEIRA LIRA DE MIRANDA
[email protected]
(84) 3645-1218 – Cohabinal
RIO GRANDE DO SUL
Alto Alegre
CLAUDETE MORGAN
[email protected]
(54) 3382-1093 – Centro
LÚCIA HELENA MACHADO SAAVEDRA
Carazinho
[email protected]
(21) 2239-5878 – Gávea
LOVAINE SALETE STREIT JUNGES
MARIA HELENA C. LISBOA BARTHOLO
[email protected]
(47) 9265-4827 – Centro
[email protected]
(21) 2266-0818 – Humaitá
Casca
MARIA KATIANA VELUK GUTIERREZ
BEATRIZ ANA ZAMBON FERRONATO
[email protected]
(21) 2527-1933 – Copacabana
[email protected]
(54) 3347-1394 – Centro
MARIA LÚCIA DE OLIVEIRA FIGUEIREDO
Espumoso
[email protected]
(21) 9345-4020 – Botafogo
MARLENE DIAS PEREIRA PINTO
[email protected]
(21) 9739-5332 – Leblon
JOYCE MARIA BARBOSA DE PADUA
[email protected]
(21) 2570-0065 – Barra da Tijuca
[email protected]
(86) 9482-6447 – Uruguai
[email protected]
(84) 3314-5878 – Centro
[email protected]
(84) 3206-4449 – Dix Sept Rosado
MARTHA IZAURA DO NASCIMENTO TA­
BOADA
MARIA ALICE DE SANTANA RESENDE
MARIA BERNADETE SILVA DE HOLANDA
GOMES
Rio de Janeiro
[email protected]
(86) 8801-0155 – Lourival Parente
[email protected]
(86) 3221-1013 – Centro/Sul
RIO GRANDE DO NORTE
Mossoró
VERA BEATRIZ DA COSTA NUNES MENDONÇA
[email protected]
(21) 2266-0298 – Botafogo
JUSSÂNIA MARIA GADENS SONDA
[email protected]
(54) 8411-1438 – Jardim dos Coqueiros
Farroupilha
LAURA CRISTINA NARDI CALLEGARI
[email protected]
(54) 9992-1893 – Centro
Não-Me-Toque
MARIA DE LOURDES EILERT MALAQUIAS
[email protected]
(54) 3332-1400 – Centro
Nova Prata
CLADISMAR LUIZA GASPARETTO
[email protected]
(54) 3342-2507 – Centro
Paraí
LIANE FÁTIMA PASINATO RANZAN
[email protected]
(54) 3477-1158 – Centro
Passo Fundo
IARA SALETE CAIERÃO
[email protected]
(54) 3311-5230 – Centro
SANTA CATARINA
Balneário Gaivota
MARIA BERNADETE FRANCISCO PROENÇA
[email protected]
(48) 3526-2821 – Centro
Florianópolis
ALBERTINA CELINA DE MATTOS CHRAIM
[email protected]
(48) 3244-5984 – Coqueiros
ANA CRISTINA BARBOSA ROCHA
[email protected]
(48) 3223-0641 – Centro
ANA PAULA DOS SANTOS
Porto Alegre
BRUNA MAINARDI ROSSO BORBA
[email protected]
(51) 3342-1624 – Higienópolis
CLARISSA FARINHA CANDIOTA
[email protected]
(51) 3346-2243 – Moinhos de Vento
EVA ALDA MEDEIROS CAVASOTTO
[email protected]
(51) 3334-1675 – Petrópolis
FABIANI ORTIZ PORTELLA
[email protected]
(51) 3209-5722 – Cidade Baixa
HELENA VELLINHO CORSO
[email protected]
(51) 3388-7960 – Auxiliadora
MARIA MELANIA F. POKORSKI
[email protected]
(51) 3347-1604 – São Sebastião
MARILENE DA SILVA CARDOSO
[email protected]
(51) 8182-0721 – Higienópolis
[email protected]
(48) 3232-6494 – Trindade
DANIELA CHAGAS PACHECO
[email protected]
(48) 3209-8035 – Estreito
JANICE MARIA BETAVE
[email protected]
(48) 8453-7791 – Ingleses
LILIANA STADNIK
[email protected]
(48) 9982-8901 – Balneário
MÁRCIA FIATES
[email protected]
(48) 3224-0441 – Centro
MARIA ALICE MOREIRA BAMPI
[email protected]
(48) 9116-0753 – Agronômica
MARIA LÚCIA ALMADA FERNANDES
[email protected]
(48) 3223-0641 – Trindade
SANDRA LAMB
Guarujá
VICTOR NASCIMENTO DOS SANTOS
[email protected]
(13) 3358-3083 – Santa Rosa
Limeira
ADALGISA CRISTINA MARQUES BONI
[email protected]
(19) 3443-1654 – Centro
Santos
ANGELA COTROFE RODRIGUES
[email protected]
(13) 3232-5020 – Ponta da Praia
São Bernardo do Campo
BEATRIZ PICCOLO GIMENES
[email protected]
(11) 4368-0013 – Rudge Ramos
São Paulo
ADA MARIA GOMES HAZARABEDIAN
[email protected]
(11) 6261-2377 – Jardim França
ALEXANDRA MARIA CRISTINA COLINI
[email protected]
(11) 5524-5415 / 99621-5900 – Jardim
Hípico, Santo Amaro
ANA LISETE P. RODRIGUES
[email protected]
(11) 3885-7200 – Jardim Paulista ARIANE ZANELLI DE SOUZA
[email protected]
(11) 2659-5435 – Perdizes
BEATRIZ JUDITH LIMA SCOZ
[email protected]
(11) 3651-9914 – Alto de Pinheiros
[email protected]
(48) 3331-1944 – Trindade
Maravilha
CARLA LABAKI
SILVANA MARIA BEDUSCHI DA SILVEIRA
CLEOMAR LANDIM DE OLIVEIRA
[email protected]
(49) 3664-2186 – Centro
[email protected]
(11) 99302-5501 – Moema
[email protected]
(51) 3237-6556 – Boa Vista
Videira
CRISTIANE CÁSSIA MOURA
ROSANITA MOSCHINI VARGAS
PATRICIA APARECIDA PEDROSO
NEUSA KERN HICKEL
[email protected]
(51) 3333-5478 – Petrópolis
OLÍVIA TEIXEIRA
[email protected]
(11) 3815-5774 – Vila Madalena
[email protected]
(11) 2778-4492 – Vila Santa Isabel
[email protected]
(48) 3566-5096 – Matriz
DILAINA PAULA DOS SANTOS
[email protected]
(51) 3328-3872 – Chácara das Pedras
SÃO PAULO
Campinas
EDIMARA DE LIMA
SONIA MARIA PALLAORO MOOJEN
MARIA LAURA CASSOLI MACEDO
[email protected]
(51) 3516-6859 – Boa Vista
SANDRA MARIA CORDEIRO SCHRÖEDER
[email protected]/somoojen@
terra.com.br
(51) 3333-8300 – Centro
[email protected]
(19) 3254-2714 – Jardim N. Sra. Auxiliadora
[email protected]
(11) 99219-5114 – Santana
[email protected]
(11) 5563-1392 – Jardim Prudência
EDITH REGINA RUBINSTEIN
[email protected]
(11) 3743-0090 – Vila Sônia
ELIANE LAGHETTO M. ROSA
MÔNICA HOEHNE MENDES
VÂNIA M. CARVALHO BUENO DE SOUZA
ELISA MARIA DIAS DE TOLEDO PITOMBO
NÁDIA APARECIDA BOSSA
VERA MEIDE MIGUEL RODRIGUES
[email protected]
(11) 5184-1340 – Granja Julieta
[email protected]
(11) 2268-4545 – Mooca
[email protected]
(11) 3511-3888 – Pacaembu
LEDA MARIA CODEÇO BARONE
NEIDE DE AQUINO NOFFS
YARA PRATES
[email protected]
(11) 3045-9064 – Vila Olímpia
[email protected]
(11) 3871-9115 – Perdizes
LUCIA BERNSTEIN
NÍVEA MARIA DE CARVALHO FABRÍCIO
[email protected]
(11) 6128-4234 – Vila Prudente
[email protected]
(11) 5041-1988 – Indianópolis
vâ[email protected]
(11) 3644-7133 – Lapa
[email protected]
(11) 2976-8937 – Vila Ester
Ribeirão Preto
FÁTIMA REGINA QUEIRÓZ PORTO
[email protected]
(11) 3209-8071 – Aclimação
[email protected]
(11) 3868-3850 – Perdizes
MARCIA ALVES AFFONSO
QUÉZIA BOMBONATTO SILVA
[email protected]
(11) 5093-1188 – Brooklin
[email protected]
(11) 3815-8710 – Vila Madalena
Taubaté
MÁRCIA ALVES SIMÕES DANTAS
REBECA LESCHER N. DE OLIVEIRA
[email protected]
(12) 3411-6637 – Centro
[email protected]
(11) 98192-0921 – Tatuapé
MÁRCIA GOMES
[email protected]
(11) 97973-0667 – Moema
MARIA BERNADETE GIOMETTI PORTÁSIO
[email protected]
(11) 2950-6072 – Santana
MARIA CRISTINA NATEL
[email protected]
(11) 5081-2067 – Vila Mariana
MARIA IRENE DE MATOS MALUF
[email protected]
(11) 3258-5715 – Higienópolis
MARIA TERESA MESSEDER ANDION
[email protected]
(11) 3023-5834 – Alto de Pinheiros
MARISA IRENE S. CASTANHO
[email protected]
(11) 3491-0522 – Ipiranga
MARISTELA HELENA BUK FORLI CATANOSO
[email protected]
(11) 99663-0693 – Vila Prudente
MÔNICA ABUD PEREZ DE CERQUEIRA LUZ
[email protected]
(11) 3782-8905 – Jd D’Abril
[email protected]
(11) 3816-1066 – Alto de Pinheiros
REGINA A. S. I. FEDERICO
[email protected]
(11) 5041-1988 – Brooklin
REGINA ZAIDAN PEREIRA MENDES
[email protected]
(11) 3872-2434 – Pacaembu
SANDRA G. DE SÁ KRAFT MOREIRA DO
NASCIMENTO
[email protected]
(11) 3805-9799 – Morumbi
SANDRA LIA NISTERHOFEN SANTILLI
[email protected]
(11) 3259-0837 – Higienópolis
SILVIA AMARAL DE MELLO PINTO
[email protected]
(11) 3097-8328 – Pinheiros
SÔNIA MARIA COLLI DE SOUZA
[email protected]
(11) 3287-8406 – Bela Vista
TELMA PANTANO
[email protected]
(11) 3062-6580 – Jardins
VALÉRIA RIVELLINO LOURENZO
[email protected]
(11) 5041-7896 – Brooklin
[email protected]
(16) 3237-2852 – Jd. Canadá
BENEDITA ILZA VIEIRA FORTES
Valinhos
SILVANA BRESSAN
[email protected]
(19) 3242-9889/3829-1704 – Paiquerê
SERGIPE
Aracaju
AUREDITE CARDOSO COSTA
[email protected]
(79) 3211-8668 – São José
EDITE SOBRAL FREITAS REZENDE
[email protected]
(79) 3254-1641 – Nossa Sra. do Socorro
MARIA BETANIA GONÇALVES DE ALMEIDA
betania_gonç[email protected]
(79) 9606-1326 – Centro
MARIA GORETTI DE ALMEIDA GONÇALVES
[email protected]
(79) 3211-8668 – Centro
NIELZA DA SILVA MAIA DE SOUZA
[email protected]
(79) 3214-5363 – São José
TÂNIA REGINA ESPIRIDIÃO DE FARIA
[email protected]
(79) 3211-8668 – Centro
A Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp) é
uma entidade de caráter científico-cultural, sem fins
lucrativos, que congrega profissionais militantes na área da
Psicopedagogia.
Em 12 de novembro de 1980, um grupo de profissionais já
envolvidas e atuantes nas questões relativas aos problemas da
aprendizagem fundou a Associação Estadual de
Psicopedagogos do Estado de São Paulo, a AEP.
Devido ao grande interesse em torno dessa Associação, a sua
expansão a nível Nacional surgiu como necessidade imperiosa.
Em 1986, a AEP transformou-se na ABPp e gradativamente
foram sendo criados os seus escritórios de representação por
todo o Brasil, denominados de Núcleos e Seções.
Durante estes anos, a ABPp vem cuidando de questões
referentes à formação, ao perfil, à difusão e ao
reconhecimento da Psicopedagogia no Brasil, já tendo
alcançado muitas vitórias na luta pela sua regulamentação.
Atualmente (2015), a ABPp possui 15 Seções e 3 Núcleos,
distribuídos pelo território nacional, estando devidamente
vinculados e sob sua orientação.
A ABPp promove conferências, cursos, palestras, jornadas,
congressos, bem como a divulgação de trabalhos sobre sua área
de atuação, por meio da revista científica Psicopedagogia,
da Revista do Psicopedagogo, do informativo
Diálogo Psicopedagógico e do site www.abpp.com.br.
Oferece, ainda, descontos tanto nos eventos que
organiza quanto em eventos de terceiros, que são parceiros e
interessados nos assuntos desta área.
Preocupada com as questões sociais, a atual diretoria da
ABPp Nacional organizou um novo trabalho de cunho
sociocientífico, que visa não só ao atendimento
da população carente, promovendo a inserção social e a
divulgação da importância da prática psicopedagógica,
como também à implantação de um novo modelo de estudo
e pesquisa nesse campo. Dele poderão participar todos os
associados interessados em prestar um trabalho social.
Podem associar-se à ABPp todas as pessoas interessadas
nessa área de atuação, tendo ou não concluído a sua
especialização em Psicopedagogia.
Rua Teodoro Sampaio, 417 - Conj. 11 - Cep: 05405-000
São Paulo - SP - Pabx: (11) 3085-2716 - 3085-7567
www.abpp.com.br - [email protected]
Participe você também do maior evento na área!
www.congressoabpp.com.br
REALIZAÇÃO
Associação Brasileira
de Psicopedagogia
Tel.: 11 3085.7567
www.abpp.com.br
SEDE DO CONGRESSO
FECAP
Av. Liberdade, 532
Liberdade - São Paulo/SP
próx. Estação do Metrô
INFORMAÇÕES, INSCRIÇÃO
EXPOSIÇÃO E PATROCÍNIOS
Tel.: 11 3062-1722
congressoabpp.com.br
APOIO
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Revista Psicopedagogia Edição 98