A REPRESENTAÇÃO
SOCIAL DA FAMÍLIA
MODERNA
1 BASE TEÓRICA
• Artigo de Jacques Lacan: A família.
Texto escrito em 1936 e publicado em 1938 pela
Enciclopédia Francesa. A Enciclopédia Francesa foi
lançada em 1932 e era dirigida pelo historiador francês
Lucien Febvre. O filósofo e médico, Henri Wallon, foi o
responsável pelo volume VIII intitulado “La vie mentale”
(A vida mental). Foi neste volume que o texto de Lacan
foi publicado (ROUDINESCO, 1994, p.153 -162).
ESTRUTURA DA FAMÍLIA
• Espécie humana: é caracterizada por
um desenvolvimento singular das
relações sociais; capacidade alta de
comunicação; predominância de uma
plasticidade dos instintos (pulsões);
variedade infinita de comportamentos
adaptativos; a “espécie humana” é uma
obra coletiva, constituída e constituinte
da cultura humana.
• Predomínio do cultural sobre o
biológico no desenvolvimento humano
ao longo da civilização. O biológico
delimita sua realidade no corpo
humano. Assim, a interação conceitual
se faz necessária.
• Família: uma instituição cultural e não
biológica.
CARACTERÍSTICAS
• A família humana é uma instituição;
• Apresenta uma estrutura complexa:
- uma interação biológica, psíquica e
cultural (social);
• A família prevalece na primeira
educação dos seres humanos, na
repressão das pulsões sexuais.
• A família prevalece na aquisição da
língua (materna);
• Preside aos processos fundamentais do
desenvolvimento psíquico dos seres
humanos;
• Transmite estruturas de comportamento
e de representações;
• Estabelece entre gerações uma
continuidade psíquica.
APROXIMAÇÃO CONCEITUAL
Biológico
• Estrutura complexa
• Fixidez instintual
• Comportamentos
instintivos
• Natureza
• Ciência natural e
animal
• Leis Naturais
Psíquico & Cultural
• Estrutura complexa
• Plasticidade pulsional
• Diversidade
comportamental
• História e sociedade
• Ciências Humanas
• Leis sócio-históricas
FAMÍLIA: Instituição sócio-histórica com tendência a
uma estrutura elementar bastante diversificada e
complexa.
2 A FAMÍLIA HOJE
• PESQUISA:
Famílias
de
crianças
e
adolescentes: diversidade e movimento. Belo
Horizonte: AMAS, 1995. 167 p.
1º
CAPÍTULO:
INFÂNCIA, ADOLESCÊNCIA,
FAMÍLIA E POLÍTICA SOCIAL
• 1.1 Família: tema clássico e atual.
• 1.2 Família: diversidade e movimento.
• 1.3 Diversidade: a família que se pensa e a família
que se vive no cotidiano.
• 1.4 Família e socialização de crianças e adolescentes.
O tema da infância e da adolescência
ganha grande visibilidade no Brasil e no
mundo a partir dos anos 80.
SURGE UMA NOVA LEI: O ESTATUTO DA
CRIANÇA E DO ADOLESCENTE (ECA) – 1990.
A família no ECA: é condição importante
para a realização dos direitos fundamentais
da criança e do adolescente, porém, em
situações de risco existe uma ação do Estado.
• Estudos históricos – sociais e das
mentalidades: reflexões sobre a estruturação
dos espaços públicos e privados na sociedade
moderna e o lugar que a família ocupa na
articulação desses espaços (Philippe Ariès).
• Família: a partir do século XVIII, desenvolve o
‘sentimento de família’, ou seja, a família é
uma instância, por excelência, do privado e do
particular. O lugar do segredos. O lugar do sigilo
e do secreto. Secreções familiares. [Do lat.
secretione, ‘separação’.]
• Família moderna: fechada em sua intimidade,
organizada em torno da figura da criança,
responsável pela sua proteção, educação e
socialização. O lugar do afeto, do lazer e da
vivência da sexualidade em desenvolvimento.
• Conflito com a ‘ordem pública”: o
surgimento dos movimentos higienistas, com o
poder disciplinador. A família deve ser submetida
às regras ideológicas do sistema. A família deve
ser uma instituição disciplinadora e repressiva.
Este é o ponto de conflito, o ponto paradoxal e
sintomático na estrutura familiar.
• Família moderna: fechada em sua intimidade,
organizada em torno da figura da criança,
responsável pela sua proteção, educação e
socialização. O lugar do afeto, do lazer e da
vivência da sexualidade em desenvolvimento.
• Conflito com a ‘ordem pública”: o
surgimento dos movimentos higienistas, com o
poder disciplinador. A família deve ser submetida
às regras ideológicas do sistema. A família deve
ser uma instituição disciplinadora e repressiva.
Este é o ponto de conflito, o ponto paradoxal e
sintomático na estrutura familiar.
• Com variações de forma e conteúdo, os
modelos familiares deve prover um SISTEMA de
REGRAS que facilite e defina:
a) proteção dos membros;
b) divisão do trabalho;
c) vivência da sexualidade e da afetividade;
d) relações de parentesco (alianças simbólicas).
• Existem diferentes regras criando assim
diferentes modelos. Mas o sistema de regras
existe: é este o ponto principal na estrutura.
• Família hoje: capacidade de “prover com”:
(a) com referências de autoridade, visão de mundo
e valores,
(b) com vínculos afetivos estáveis que reafirmem a
proteção dos membros e o seu sentimento de
pertencer a um grupo,
(c) com uma mediação das relações entre seus
membros e as outras instituições sociais.
• Família, infância e adolescência: diferentes
representações sociais em várias culturas e
períodos históricos.
• A representação social de infância:
Séculos XIV e XVI: “idade de brincar” (ARIÉS,
1978).
Idade moderna: fase de aprendizagem e
desenvolvimento psicossocial. Versão científica e
expansão da educação pública.
• Famílias
pobres:
vigilância
ideológica,
considerando-as inadequadas para prover
valores, visão de mundo e vínculos (afetivos e de
autoridade).
• Processo de institucionalização de crianças e
adolescentes em “situações de risco”.
• Cabe, DIALOGAR com as famílias sobre suas
razões de ser como são, sobre as dificuldades
que encontram, sobre as pressões que vivem e
as mudanças que gostaria de construir.
• Não se trata de disciplinar a família para
adotarem um modelo único de organização.
3 INDICADORES
ESTATÍSTICOS DA
FAMÍLIA BRASILEIRA
MODERNA
O padrão de família no Brasil
apresentou algumas mudanças nas
últimas décadas do século XX. Dentre
essas, se destacam:
1.Queda substancial do tamanho da
família;
2.Aumento do número de famílias do tipo
mulheres sem cônjuge com filhos;
3.Aumento do números de famílias cujas
pessoas de referência são mulheres.
(IBGE)
Pesquisa realizada em 1994, pela
Associação Municipal de Assistência
Social, no município de Belo Horizonte
(MG), com uma amostra de 1041
domicílios,
distribuídas
proporcionalmente
entre
as
nove
regiões
administrativas
municipais.
Destaca-se que 20% dos domicílios de
cada uma destas regiões deveriam
situar-se
em
vilas
e
favelas,
correspondendo
à
proporção
da
população do município residente aí
residente.
1) Nuclear simples: família em que o
pai e a mãe estão presentes no
domicílio; todas as crianças e
adolescentes são filhos desse
mesmo pai e dessa mesma mãe.
Não há mais qualquer adulto ou
criança (que não sejam filhos)
morando no domicílio.
2 Monoparental feminina simples:
família em que apenas a mãe está
presente no domicílio, vivendo com
seus filhos mas também,
eventualmente, com outros menores
sob sua responsabilidade. Não há mais
nenhuma pessoa maior de 18 anos,
que não seja filho, morando no
domicílio.
3 Monoparental masculina (simples ou
extensa): família em que apenas o pai
está presente no domicílio, vivendo com
seus filhos e, possivelmente, com
outros menores sob sua
responsabilidade e/ou outros adultos
sem filhos menores de 18 anos.
4 Nuclear extensa: família em que o pai
e a mãe estão presentes no domicílio,
vivendo com seus filhos e outros
menores sob sua responsabilidade e
também com outros adultos, parentes
ou não do pai e/ou da mãe.
5 Monoparental feminina extensa: família
em que apenas a mãe está presente no
domicílio, vivendo com seus filhos e
outros menores sob sua responsabilidade
e também com outros adultos, parentes
ou não.
6 Família convivente: famílias que
moram juntas no mesmo domicílio,
sendo ou não parentes entre si. Cada
família pode ser constituída por "paimãe-filhos", por "pai-filhos" ou por "mãefilhos". Outros adultos sem filhos,
parentes ou não, podem também viver
no domicílio. Nessa categoria foram
também agrupadas as famílias
compostas de duas ou mais gerações,
desde que em cada geração houvesse
pelo menos uma mãe ou um pai com
filhos até 18 anos.
7 Família nuclear reconstituída:
família em que o pai e/ou a mãe estão
vivendo em nova união, legal ou
consensualmente, podendo também a
companheira ou o companheiro ter
filhos com idade até 18 anos, vivendo
ou não no domicílio. Outros adultos
podem viver no domicílio.
8 Família de genitores ausentes:
família em que nem o pai nem a mãe
estão presentes, mas em que existem
outros adultos (tais como avós, tios)
que são responsáveis pelos menores
de 18 anos.
9 Família nuclear com crianças
agregadas: família em que o pai e a
mãe estão presentes no domicílio com
seus filhos e também com outros
menores sob sua responsabilidade. Não
há outro adulto morando no domicílio.
GRÁFICO 1
TIPOS DE FAMÍLIA - SÍNTESE
Nuclear
simples
57%
Outros
tipos
17%
Monop. fem.
extensa 8%
Monop. fem. simples 9%
Nuclear extensa 8%
TABELA 1
Tipos de família de crianças e adolescentes em
Belo Horizonte (em percentuais)
Tipos de família
N
%
Nuclear simples
597
57
Monoparental feminina simples
90
9
Nuclear extensa
88
8
Monoparental feminina extensa
78
8
Farmílias conviventes
67
6
Nuclear reconstituída
62
6
Familia de genitores ausentes
25
2
Nuclear com crianças agregadas
16
2
Monoparental masculina (extensa + simples)
12
1
Sem informação
6
1
1041
100
Total
REFERÊNCIAS
ARIÈS, Philippe. História social da criança e da família. Rio de Janeiro:
Zahar Editores, 1978.
ASSOCIAÇÃO MUNICIPAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL
- AMAS. Famílias de crianças e adolescentes:
diversidade e movimento. Belo Horizonte: AMAS, 1995.
167
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA.
Família brasileira. Disponível em: <clique>. Acesso em: 28 mai.
2007.
LACAN, Jacques. A família. 2. ed. Lisboa: Assírio
Alvim, 1981.
ROUDINESCO, Elizabeth. Jacques Lacan: esboço de
uma vida, história de um sistema de pensamento. São
Paulo: Cia. Das Letras, 1994.
p.
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