Literatura
Um trem atravessa lento e pesado a ferrovia
Transiberiana, em 1918. O valor da carga é
inestimável: 500 toneladas de ouro, correspondendo
a todo o tesouro dos Romanov. A operação
é mantida em sigilo absoluto pelos bolcheviques,
mas agentes dos serviços secretos de vários
países conseguem se infiltrar no comboio. Russos
brancos, ingleses, franceses, japoneses, americanos,
todos sonham em por as mãos no ouro.
Apresentando uma galeria de personagens
inesquecíveis, o Trem de Ouro reconstrói com
maestria a atmosfera da Rússia pós-revolucionária,
em um delicioso romance histórico.
O Autor
O Tradutor
Tomasz Barcinski nasceu em
Varsóvia, em 27 de agosto de 1936. Passou
toda a Segunda Guerra Mundial como os
seus pais, na Polônia. Tanto o seu pai,
quanto a sua mãe, fizeram parte da
Resistência, dentro dos quadros da Armia
Krajowa (AK).
Assim que a guerra terminou os
pais de Tomasz decidiram emigrar para o
Brasil, chegando ao Rio de Janeiro em
fevereiro de 1947. Fez os estudos no Brasil
e Estados Unidos especializando-se em
engenharia industrial.
Ao se aposentar em 1999, foi
contatado pela maior editora brasileira, a
Editora Record, para traduzir para o
português o livro "Querido Franz", de Anna
Bolecka. Traduzido em 2001 e editado em
2002, o livro abriu para Tomasz uma
ocupação para o resto da vida. Assim
sendo, começou a peregrinar entre as
editoras, oferecendo-se para traduzir
outros livros poloneses.
A tarefa revelou-se difícil. As
editoras brasileiras não estão interessadas
na literatura polonesa e não sabem nada a
seu respeito. No entanto, não se dando por
vencido, Barcinski conseguiu convencer a
Editora Record para que o contratasse para
traduzir o livro "O Pianista" de Wladyslaw
Szpilman, argumentando que o livro seria
um sucesso editorial, já que Roman
Polanski estava rodando um filme baseado
no mesmo. E, com efeito, o livro, editado
em maio de 2003 (junto com o lançamento
do filme nas telas brasileiras), foi um
sucesso de vendas, com cinco edições e
tendo figurado na lista dos mais vendidos
por 16 semanas consecutivas.
Desde o início o sonho secreto
de Tomasz Barcinski foi o de traduzir a
Miroslaw M. Bujko, tem 56 anos é musicólogo, doutor em
ciências humanísticas e chefe do Instituto de Comunicação
Social da Escola Superior de Comunicação e Mídias Sociais
Jerzy Giedonyc, em Varsóvia. Em 2003 estreou no mundo literário
ao publicar “O Livro dos Feitos”. Recentemente participou da
Jornada de Literatura de Passo Fundo e esteve em Porto Alegre
para uma palestra, no mês de setembro.
Atualmente, está escrevendo um novo livro, “A Ilha das Vespas Gigantes”.
A editora Record vai publicar “O Touro Vermelho”.
Traduções Feitas por Tomasz Barcinski
Ano da
Autor
Edição
A)
Já editadas
2002
Anna Bolecka
2002
Ryszard Kapuscinski
2003
Wladyslaw Szpilman
2004
Henryk Sienkiewicz
2005
Henryk Sienkiewicz
2005
Ryszard Kapuscinski
2006
Witold Gombrowicz
2006
Henryk Sienkiewicz
2006
Ryszard Kapuscinski
2007
Miroslaw Bujko
2007
Witold Gombrowicz
Título original
Título em
português
Editora
Kochany Franz
Heban
Pianista
Ogniem i Mieczem
Potop
Cesarz
Ferdydurke
Pan Wolodyjowski
Podróze z Herodytem
Zloty Pociag
Kosmos
Querido Franz
Ébano
O Pianista
A Ferro e Fogo
O Dilúvio
O Imperador
Ferdydurke.
O Pequeno Cavaleiro
Viagens com Heródoto
O Trem de Ouro
Cosmos
Record
Cia. Das Letras
Record
Record
Record
Cia. Das Letras
Cia. Das Letras
Record
Cia. Das Letras
Record
Cia. Das Letras
b)
2007*
2008*
Já traduzidas e em processo de revisão
Ryszard Kapuscinski
Wojna Futbolowa
Miroslaw Bujko
Czerwony Byk
A Guerra do Futebol
O Touro Vermelho
Cia. Das Letras
Record
c)
2008*
Em processo de tradução
Boleslaw Prus
O Faraó
Record
d)
2006
2006
Revisões Técnicas (já editadas)
Norman Davies
Rising '44
Letícia Wierzchowski
O Levante '44
Uma ponte para Terebin
Record
Record
Pornografia
Carreira de N. Dyzma
Cia. Das Letras
Record
e)
a serem contratadas
2008*
Witold Gombrowicz
2009*
Dolega-Mostowicz
* Previsão
Faraon
Pornografja
Kariera N. Dyzmy
"Trilogia" de Sienkiewicz. Tendo isto em mente e sob
os auspícios da Editora Record e dos consulados
poloneses de Rio de Janeiro e São Paulo, proferiu
palestras naquelas cidades, intituladas "Por que a
literatura polonesa é tão pouco conhecida pelos
brasileiros?". Graças a estes esforços, A Editora Record
concordou em editar a Trilogia: "A ferro e fogo" , "O
Dilúvio" e "O pequeno cavaleiro". Para estimular os
leitores brasileiros, Tomasz proferiu um novo ciclo de
palestras, desta vez não somente no Rio e em São
Paulo, mas também em Curitiba e Porto Alegre, sob o
título de "O resgate de Henryk Sienkiewicz - Prêmio
Nobel de 1905".
Os esforços de Tomasz Barcinski em
difundir a literatura polonesa no Brasil foram
reconhecidos pelo governo polonês, e o Presidente da
República agraciou-o com a Medalha de Honra ao
Mérito do Governo da República da Polônia.
Para saber mais sobre livros poloneses consulte www.roeditores.com.br
16
Literatura
Uma ponte para Terebin é um dos mais
recentes livros da escritora gaúcha Letícia
Wierzchowski. Juntamente com Cristal Polonês e
O Dragão de Wawel escrito em parceria com
Anna Klacewicz formam uma trilogia polonesa.
Letícia é neta de poloneses. Seu avô, Jan
Wierzchowski, personagem central do romance,
participou de um episódio pouco conhecido,
mas de conotação romanticamente patriótica: a
ida de imigrantes poloneses radicados aqui no
Rio Grande do Sul como voluntários do Exército
Polonês na II Guerra Mundial. Além dos detalhes
da II Guerra, o livro traz o cotidiano das famílias
polonesas na Polônia e as emigradas, no Brasil.
O livro dá uma visão bastante real dos
fatos ocorridos há mais de sessenta anos. Para isto,
Letícia apoiou-se em documentos, cartas, fotografias
e depoimentos de quem viveu aquele conturbado
período .
Do meu avô polonês
Eu ouvi muitas histórias ao longo da infância sobre
meu avô Jan. Que era um homem justo, corajoso, irascível,
bom no pôquer, grande apreciador de vodka e de
mulheres. Que tinha vindo da Polônia no final da década
de 30 com uma mão na frente e outra trás, e que aqui, a
despeito de todas as dificuldades que um jovem imigrante
polonês que não dominava uma palavra do idioma
local poderia ter, Jan Wierzchowski venceu na
vida, tornando-se um construtor de sucesso.
Foram, literalmente, obras suas alguns dos prédios
do campus da UFGRS na Agronomia, o prédio
dos Correios no centro da cidade, e o Teatro
Leopoldina (hoje teatro da Ospa), muito embora
ele tenha morrido ainda completamente confuso
com as próclises e mesóclises, com os verbos e
substantivos da nossa língua portuguesa.
Foi na década de 50 que ele comprou um
carro e, sem saber dirigir, saiu da sua casa no bairro
Higienópolis e seguiu em frente. Desceu a
Marcelo Gama e a Benjamin Constant e cruzou
direto sobre os trilhos do bonde, porque não sabia
usar o freio do bendito automóvel. Depois, com o
tempo e com sustos repetidos, Jan instituiu
algumas elegâncias na sua vida motorizada:
contratou um vigia noturno talvez o primeiro vigia
de bairro da cidade de Porto Alegre. Esse vigia
tinha incumbência de fechar a porta da garagem quando o
carro de Jan chegava. Porque meu avô entrava, da rua, na
garagem. Direto. Sem pisar no freio. O carro parava
quando batia na parede e apagava. Dizem as tias que meu
avô apagava ali também. Depois de alguma vodka,
freqüentemente dormia dentro do carro. Minha avó então
descia na pontinha dos pés para cobri-lo com uma manta
enquanto o vigia noturno cerrava as portas sem fazer
nenhum ruído. Bucólico, não? E prático, tirante a parede
Assim como a história da
Polônia, Uma Ponte para Terebin é
permeado pela emoção,
dramaticidade e decisões fortes.
Ao escrever um livro
homenageando seu avô, Letícia
traz à luz um rico naco da história
gaúcha, quando os olhos dos filhos
de além mar (independente da
etnia), viraram-se apreensivos em
direção à pátria de origem e o
mundo em suspenso, parecia
prestes a ruir.
Letícia está participando
da primeira edição da Revista do
Cekaw com uma crônica publicada no jornal Zero
Hora, nos contando um pouco mais do seu avô polonês.
Boa Leitura!
da garagem, que com o tempo passou a ter ares de uma
caverna escalavrada.
Mas apesar dos perigos de dirigir meio alto e com um
grande desconhecimento do uso do freio, só uma vez um
poste cruzou a frente de Jan, e ele não conseguiu chegar em
casa como de costume, deixando seu guarda-noturno e sua
esposa muito angustiosos. Mas também, naquele tempo em
Letícia Wierzchowski autografa para alunos
que uma centena de carros rodava a cidade inteira e que só se
roubavam galinhas, creio que ninguém vaticinou uma grande
tragédia. E não houvera mesmo. Para um homem que tinha
conhecido as duas grandes guerras mundiais e lutado na
linha de frente da segunda delas, um poste era inimigo fácil.
Acho até que meu avô voltou caminhando para a casa, mas
sempre posso estar imaginando coisas.
17
Download

Backup_de_Revista do Cekaw aprovada