XXVI ENEGEP - Fortaleza, CE, Brasil, 9 a 11 de Outubro de 2006
Comportamento ecológico: uma tipologia para repensar a formação de
gestores na graduação
Sylmara Lopes Francelino Gonçalves Dias (EAESP/FGV) [email protected]
Armindo dos Santos de Sousa Teodósio (EAESP/FGV) [email protected]
Hermes Moretti Ribeiro da Silva (EAESP/FGV) [email protected]
Selma Carvalho (EAESP/FGV) [email protected]
Resumo
O estudo tem como objetivo caracterizar o comportamento ecológico de alunos da graduação
em Administração de Empresas da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo. Foram aplicados
questionários com escala diferencial semântica de sete pontos em 341 alunos do curso, de
forma a levantar variáveis ligadas ao comportamento ecológico da amostra. Procedeu-se à
análise fatorial, que apontou cinco fatores representativos dos padrões comportamentais:
Consumo Engajado, Preocupação com o Lixo, Boicote Via Consumo, Mobilização e
Ambiente Doméstico. A partir desses fatores foi realizada aglomeração dos dados, resultando
em quatro grupos comportamentais: Ativista, Passivo, Desengajado e Crítico. Os resultados
obtidos assemelham-se a padrões encontrados em outros estudos internacionais sobre o
tema. Os dados trazem importantes subsídios para se repensar a formação ambiental dos
futuros administradores formados pelo curso. Conclui-se que são necessárias estratégias
pedagógicas inovadoras e diferenciadas com base nos clusters, para se promover a efetiva
mudança de comportamento ecológico.
Palavras-chave: Comportamento Ecológico; Ensino Superior; Educação Ambiental.
1. Introdução
O reconhecimento de que os recursos naturais são finitos e de que a promoção ativa do
desenvolvimento sustentável do planeta é imprescindível à sobrevivência da espécie humana
têm obrigado a sociedade a repensar o modo como se relaciona com o mundo em que vive.
Para tanto, será necessário buscar um novo estilo de vida baseado numa ética global, resgatar
e criar novos valores e repensar seus hábitos de consumo.
Ao mesmo tempo em que a necessidade de rever conceitos e posturas frente ao meio ambiente
é defendida por grupos ambientalistas, mídia e educadores, vários questionamentos são
colocados com relação à efetiva mudança de comportamento dos indivíduos, sobretudo dos
jovens. Para alguns, a juventude atual estaria cada vez mais distante do comportamento
ambientalmente correto. Já para outros, essa juventude seria o motor das mudanças tão
necessárias.
A formação de administradores é um dos campos da educação nos quais os desafios de
mudança do comportamento ambiental se apresentam de maneira mais decisiva. Muitos dos
egressos da graduação em Administração, sobretudo em cursos de reconhecida excelência
como os da EAESP/FGV, ocuparão em alguns anos cargos de liderança nas empresas.
Sobretudo, no caso brasileiro, uma das metas mais relevantes é capacitar esses graduandos
não só para atingir níveis elevados de performance empresarial e profissional, mas também
para implementar as mudanças necessárias para se reduzir os problemas sócio-ambientais.
ENEGEP 2006
ABEPRO
0
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Na formação para o exercício da gestão, vários são os apelos para se introduzir as discussões
ambientais nos conteúdos programáticos dos cursos de graduação em Administração. Uma
compreensão do comportamento ecológico dos alunos de Administração poderia fornecer
subsídios para uma educação ambiental mais efetiva. Essa é a proposta central do presente
artigo.
2. Estudo das Variáveis
O estudo procurou caracterizar as principais dimensões latentes do comportamento ecológico
de graduandos de Administração de Empresas da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo,
identificando variáveis representativas desse fenômeno para a construção de uma tipologia.
A construção do instrumento de coleta de dados partiu da revisão da literatura (Straughan e
Roberts, 1999; Lages e Vargas Neto, 2002; Pato, 2004; Akatu, 2004). Nesta etapa do trabalho,
o primeiro passo foi identificar as principais variáveis que representam o comportamento
ecológico. Verificou-se que a postura ecológica inclui necessidades individuais e coletivas em
diferentes momentos da vida cotidiana. Para serem operacionalizadas, estas dimensões
precisaram ser desdobradas em questões (variáveis) a serem avaliadas pelos respondentes.
Assim, a partir de estudos anteriores, afirmações foram selecionadas e serviram como
referência para construção do questionário deste trabalho.
Como resultado, foram consideradas no questionário 26 questões (vide anexo). Uma escala
diferencial semântica de 7 pontos (1=Nunca e 7=Sempre) foi empregada para obter o
posicionamento de cada respondente. Além disso, para descrição dos grupos foram coletadas
informações demográficas tais como idade, sexo, moradia, idiomas dentre outras.
Os dados para o estudo foram coletados em turmas de graduação da EAESP-FGV, sendo que
se considerou pelo menos uma turma de cada semestre, em quaisquer dos turnos. Assim, de
um universo de 1221 alunos efetivos em Administração de Empresas, 341 responderam ao
questionário, o que representa uma amostra de 27,9% da população. A coleta foi realizada
entre os dias 26/09 e 08/10/2005. A base de dados apresentou 20 observações com missing
values.
Para verificar a validade interna dos dados uma série de análises preliminares foi feita.
Primeiro, segundo a orientação de Hair Jr. et al (2005), combinaram-se múltiplas respostas
que mediam o mesmo conceito, relativas ao seguinte conjunto de temas: consumo de produtos
e serviços de empresas; cuidados com alimentação saudável; disposição de lixo no lar;
disposição de lixo em áreas públicas; economia de energia elétrica; economia de água;
reutilização de produtos; participação em iniciativas de defesa do meio ambiente; reação
diante de posturas ambientalmente incorretas de terceiros (Lages e Vargas Neto, 2002).
3. Estratégias Metodológicas
A matriz de correlações apontou um valor do determinante próximo de zero, o que indica a
existência de correlações significativas entre variáveis. O valor altamente significativo do p
value (0,000) para o teste de Bartlett assegurou que a aplicação da análise fatorial para este
conjunto de dados seria adequada. O valor de 0,843 no teste KMO (>0.5) também apontou
que a análise fatorial seria apropriada para determinação das variáveis relativas ao
comportamento ecológico.
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As comunalidades encontradas também reforçaram a constatação de que a análise fatorial é
adequada. Mesmo no caso de algumas variáveis com baixa comunalidade, optou-se por sua
manutenção devido à contribuição teórica para o entendimento do comportamento ecológico.
Foram feitas várias re-especificações do modelo fatorial, ora eliminando variáveis, ora
substituindo variáveis. Finalmente, foram selecionadas 16 variáveis que tinham pelo menos
duas correlações maiores que 0,3. Diferentes números de fatores (4 e 5) foram testados pelo
método de extração de componentes principais (Principal axis factoring). A solução final da
análise fatorial apontou cinco fatores utilizando o critério do eigenvalue > 1,0. Esses cinco
fatores explicaram cerca de 60% da variância dos dados coletados. Os fatores foram
submetidos a uma rotação do tipo VARIMAX para concentrar as cargas em um único fator,
de modo a facilitar a análise.
O FATOR 1, responsável pela maior parte da variância dos dados, agrupou variáveis relativas
às atitudes dos respondentes quanto ao consumo. Elas expressam o nível de conscientização
dos indivíduos sobre as questões ambientais que envolvem a postura dos fabricantes e
também um caráter mais ativo na procura de opções de produtos ecologicamente corretos.
Portanto, denominou-se este fator de CONSUMO ENGAJADO.
O FATOR 2, por sua vez, reuniu variáveis ligadas à atitude dos indivíduos quanto ao lixo e
limpeza de ambientes domésticos e públicos. Este fator foi rotulado como PREOCUPAÇÃO
COM O LIXO.
O FATOR 3 também aglutinou variáveis comportamentais relacionadas ao consumo, contudo
o caráter da postura dos indivíduos indica maior propensão a penalizar produtos e serviços
ecologicamente incorretos. Sendo assim, denominou-se este fator de BOICOTE VIA
CONSUMO.
O FATOR 4 aglutinou variáveis comportamentais relacionadas a uma postura pró-ativa na
busca pela sensibilização de outros indivíduos no que se refere às questões ambientais.
Denominou-se este fator de MOBILIZAÇÃO.
O último FATOR (5) agrupou variáveis ligadas ao comportamento do indivíduo na vida
domiciliar. As variáveis estão relacionadas ao uso cotidiano de recursos naturais como energia
elétrica e água. Seu nome é AMBIENTE DOMÉSTICO.
A tabela 1 a seguir apresenta as variáveis agrupadas em seus respectivos fatores
predominantes. A partir disso, os escores de cada fator foram utilizados para processar uma
análise de cluster. Foram utilizadas duas técnicas de agrupamento: Ward's e K-means. Os dois
procedimentos consideraram a distância euclideana quadrada. A configuração do
dendrograma pelo método Ward´s, mostrou quatro agrupamentos seguindo o critério de corte
pelo maior salto. A partir disso, foram efetuados quatro agrupamentos pelo método K-means.
Na comparação dos resultados, optou-se pelo agrupamento determinado pelo K-means, por
mostrar uma distribuição mais coerente dos respondentes.
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Rotated Factor
Matrix
1
Eu já paguei mais
por
produtos
ambientalmente
corretos
. procuro
Eu
comprar
produtos feitos
de
material
reciclado.
Eu
já convenci
outras
pessoas a
não
comprarem
produtos
que
prejudicam o
meio
ambient
e. preocupações
As
com
meiooambiente
interferem
na minha decisão
de
compra
.Leio o rótulo
atentamente
antes de decidir
a
compra
.Quando não tem
lixeira
por perto, guardo o
papel
que não quero mais
no
bolso
.Evito jogar papel no
chão.
Ajudo a manter as
ruas
limpas
.Compro produtos de
uma
empresa,
mesmo que ela
sabendo
polui
meio o
ambiente.
Evito usar
produto
fabricado por
empresa
que polui o
meio
ambient
e. sobre a
Falo
importância
do meio ambiente
com
outras
pessoas.
Mobilizo as pessoas
para
a conservação
dos
espaços
públicos.
Procuro reduzir o
meu
consumo de
recursos
naturais
escassos.
Tomo banho
demorado.
Fico com a
geladeira
aberta muito
tempo,
olhando o que
tem
dentro
.Quando estou em
casa,
deixo as luzes acesas
em
ambientes que não
são
usados
.
Extraction
Method: Principal Axis
a
Facto
r 3
2
4
5
,722
,078
,135
,090
-,009
,610
,182
,210
,192
,091
,581
,021
,143
,251
,012
,514
,098
,386
,296
,147
,496
,082
-,024
,101
,076
,092
,789
,080
,116
,157
,143
,663
-,026
,001
,069
,056
,500
,075
,308
,010
,163
,028
,833
,076
,084
,453
,098
,537
,312
,101
,323
,106
,092
,558
,021
,238
,159
,089
,534
,004
,279
,117
,177
,360
,315
,006
,031
,023
,088
,589
,094
,139
,118
-,132
,567
,028
,023
,001
,058
,504
Factoring.
Rotation Method: Varimax with Kaiser
Normalization.
a. Rotation converged in 6
iterations.
Tabela 1 - Agrupamento das variáveis nos 4 fatores segundo a concentração das cargas fatoriais
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4. Apresentação dos Resultados
A caracterização dos clusters através das variáveis demográficas apresentou uma limitação
devido ao perfil homogêneo dos alunos de graduação da FGV. Portanto, os dados
demográficos não se mostraram totalmente adequados para discriminar os clusters. Não
contribuíram para discriminar os clusters as seguintes variáveis: Idade; Turno; Já estudou
sobre o meio ambiente no Ensino Médio; Já estudou sobre o meio ambiente no Ensino Básico;
Possui outro curso superior.Entre as observações válidas há: 60,4% de homens; 57% entre o
1º e o 4º semestre. 76,2% afirmaram nunca ter participado de discussões sobre o meio
ambiente em disciplinas do curso. Além disso, 86,6% nunca fizeram trabalhos sobre esse
tema na faculdade. A seguir, apresenta-se no gráfico 1 uma caracterização dos clusters a partir
da média dos escores dos fatores dentro de cada grupo.
1,50
1,00
0,50
0,00
-0,50
-1,00
-1,50
-2,00
Consumo Engajad o
1
2
3
4
0 ,94
-0,58
-0,13
-0 ,15
Preo cupação com o Lixo
0 ,26
0,2 7
-1,77
0,3 0
B oicot e via Consumo
-0,0 8
-0,80
-0,01
0,6 8
M o bilização
0 ,60
-0,28
-0,12
-0,13
A mb ient e Doméstico
0 ,29
0,13
-0,36
-0,16
Fonte: Dados processados pelos autores.
Gráfico 1 - Média dos clusters para os escores dos fatores
O Gráfico 2 abaixo apresenta outra diferenciação relevante entre os clusters quanto à autoavaliação do nível de conhecimento e interesse sobre o meio ambiente.
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7,00
6,00
5,00
Dê uma nota de 1 a 7 sobre o seu
conhecimento sobre meio ambiente
4,00
Dê uma nota de 1 a 7 sobre o seu
interesse sobre meio ambiente
3,00
2,00
1,00
1
2
3
4
Fonte: Dados processados pelos autores.
Gráfico 2 - Notas atribuídas ao interesse e conhecimento sobre meio ambiente
Os clusters obtidos apresentam a seguinte caracterização:
Cluster 1: ATIVISTA - Representa 24% dos alunos. Este grupo é formado por 50% de
homens e 50% de mulheres, sendo que a distribuição entre os semestres é bem equilibrada.
Esse cluster destaca-se pelos fatores Consumo Engajado e Mobilização. Além disso, a nota
média atribuída pelos respondentes desse grupo ao nível de interesse pelo meio ambiente é
superior ao conhecimento que afirmaram ter sobre esse tema. Esses escores inclusive são os
mais altos em relação aos outros três clusters. Outro ponto importante é o fato de que o
percentual de alunos desse grupo que já participou de alguma discussão sobre o meio
ambiente é quase 10 pontos percentuais acima do total.
Cluster 2: PASSIVO - Agrega 27% dos respondentes. Este grupo é formado por 64,4% de
homens e 35,6% de mulheres, sendo que 62% estão cursando entre o 1º e o 4º semestres.
Destaca-se pelos escores relativamente baixos dos fatores Boicote via Consumo, Consumo
Engajado e Mobilização. Ao contrário do cluster 1, atribuíram as notas mais baixas sobre o
grau de interesse e conhecimento sobre as questões ligadas ao meio ambiente. Além disso,
como pode ser visto no gráfico 2 acima, o interesse é menor do que seu nível de
conhecimento. As médias alinhadas aos outros grupos dos escores Preocupação com Lixo e
Ambiente Doméstico indicam que, mesmo diante do pequeno interesse, esse grupo de alunos
toma ações favoráveis ao meio ambiente no âmbito de sua vida doméstica.
Cluster 3: DESENGAJADO - É a minoria do alunado (14%). Apesar de possuir certo
conhecimento e consciência ambiental, esse grupo destaca-se pela baixíssima preocupação
com o tratamento do lixo. 70,5% são homens, e a distribuição entre os semestres é
equilibrada. O percentual dos alunos que já fizeram algum trabalho sobre o meio ambiente é o
mais alto dentre os quatro clusters: 18,2 (quase cinco pontos acima do índice global). Além
disso, 29,5% afirmaram já ter participado de discussões sobre questões do meio ambiente em
sala de aula. Isso pode ser um sinal que aponta para a necessidade de se analisar a forma como
esse tema vem sendo trabalhado pelos professores.
Cluster 4: CRÍTICO – Congrega a maior parte da amostra (35 % dos estudantes). Esse
grupo de alunos destaca-se pela alta média do escore para o fator Boicote ao Consumo. A
preocupação com lixo tem média quase igual aos clusters 1 e 2. Assim como o cluster 1, o
interesse dos alunos se mostrou maior que seus conhecimentos sobre o meio ambiente. A
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distribuição entre os sexos está alinhada ao total, mas a participação de alunos que cursam a
primeira metade do programa está cinco pontos acima do valor para a amostra pesquisada. Por
outro lado, 90,2% nunca fizeram trabalhos sobre o meio ambiente. Mas a maior parte dos
alunos afirmou que já estudou esse tema em outros cursos (além do ensino básico e médio).
Cabe destacar que os alunos desse cluster se propõem a boicotar via o consumo, mas adotam
uma postura mediana quanto à mobilização de outras pessoas, o que pode estar relacionado
com o fato de serem mais jovens e cursarem os semestres iniciais do curso.
5. Validação do Estudo
A validação dos resultados desse trabalho foi feita por meio da repartição aleatória da amostra
em dois subconjuntos de respondentes. Em seguida, reestimamos os modelos fatoriais para
cada um. Os resultados gerados pela rotação do tipo VARIMAX apresentaram uma
redistribuição de algumas variáveis na sub-amostra 1: V1, V11, V17 e V24. Na sub-amostra 2
não houve alteração na distribuição de variáveis entre os fatores, reforçando a validade do
modelo fatorial.
Sub-Amostra 1 (n= 171)
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Sub-Amostra 2 (n= 170)
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Rotated Factor Matrixa
a
Rotated Factor Matrix
1
Eu já paguei mais por
produtos ambientalmente
corretos.
Eu procuro comprar
produtos feitos de
material reciclado.
Eu já convenci outras
pessoas a não
comprarem produtos que
prejudicam o meio
ambiente.
Leio o rótulo atentamente
antes de decidir a
compra.
Falo sobre a importância
do meio ambiente com
outras pessoas.
Evito usar produto
fabricado por empresa
que polui o meio
ambiente.
Compro produtos de uma
empresa, mesmo
sabendo que ela polui o
meio ambiente.
As preocupações com o
meio ambiente interferem
na minha decisão de
compra.
Quando não tem lixeira
por perto, guardo o papel
que não quero mais no
bolso.
Evito jogar papel no chão.
Ajudo a manter as ruas
limpas.
Fico com a geladeira
aberta muito tempo,
olhando o que tem
dentro.
Quando estou em casa,
deixo as luzes acesas em
ambientes que não são
usados.
Tomo banho demorado.
Procuro reduzir o meu
consumo de recursos
naturais escassos.
Mobilizo as pessoas para
a conservação dos
espaços públicos.
2
Factor
3
4
5
,691
,199
,105
,065
,034
,609
,239
,163
,086
,207
,543
,122
,024
,006
,369
,421
,071
,025
,061
,013
,352
,239
,262
,072
,308
,367
,219
,710
,680
,127
,089
,071
,166
,218
,095
,511
,526
,249
,149
,073
,124
,099
,742
,176
,087
,137
-,006
,632
,073
,008
-,006
,189
,491
,059
,190
,148
-,007
,097
,705
-,031
,013
,098
,023
,562
,034
,016
,075
,106
,508
,027
,287
,243
,297
,377
,151
,204
,167
,201
,037
,731
Extraction Method: Principal Axis Factoring.
Rotation Method: Varimax with Kaiser Normalization.
a. Rotation converged in 6 iterations.
1
Eu já paguei mais por
produtos ambientalmente
corretos.
Eu já convenci outras
pessoas a não
comprarem produtos que
prejudicam o meio
ambiente.
Leio o rótulo atentamente
antes de decidir a
compra.
Eu procuro comprar
produtos feitos de
material reciclado.
As preocupações com o
meio ambiente interferem
na minha decisão de
compra.
Quando não tem lixeira
por perto, guardo o papel
que não quero mais no
bolso.
Evito jogar papel no chão.
Ajudo a manter as ruas
limpas.
Falo sobre a importância
do meio ambiente com
outras pessoas.
Mobilizo as pessoas para
a conservação dos
espaços públicos.
Procuro reduzir o meu
consumo de recursos
naturais escassos.
Compro produtos de uma
empresa, mesmo
sabendo que ela polui o
meio ambiente.
Evito usar produto
fabricado por empresa
que polui o meio
ambiente.
Tomo banho demorado.
Quando estou em casa,
deixo as luzes acesas em
ambientes que não são
usados.
Fico com a geladeira
aberta muito tempo,
olhando o que tem
dentro.
Factor
3
2
,724
,065
,151
,636
,016
,215
,580
,139
,149
,580
,222
,177
,499
,016
,351
,067
,785
,093
,156
,741
-,086
,073
,530
,335
,273
,031
,663
,211
,157
,534
,271
-,003
,438
,127
-,015
,014
,478
,099
,255
,000
-,003
,059
,031
,027
,057
,043
,167
-,197
Extraction Method: Principal Axis Factoring.
Rotation Method: Varimax with Kaiser Normalization.
a. Rotation converged in 6 iterations.
6. Considerações Finais
Os resultados obtidos assemelham-se a padrões encontrados em outros estudos sobre o tema
(Pato, 2004 e AKATU, 2004). A análise fatorial indicou que Consumo Engajado,
ENEGEP 2006
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Preocupação com o Lixo, Boicote Via Consumo, Mobilização e Ambiente Doméstico são
categorias importantes para se compreender o comportamento ambiental dos graduandos em
Administração de Empresas da FGV São Paulo. Esses fatores permitiram a caracterização de
quatro grupos distintos de alunos: Ativista, Passivo, Desengajado e Crítico.
São necessárias estratégias pedagógicas diferenciadas para o avanço da formação da
consciência ambiental entre os graduandos de Administração de Empresas da EAESP/FGV.
Estratégias pedagógicas genéricas podem não resultar em mudança efetiva de comportamento
ecológico. Um dado que reforça essa tese está relacionado ao fato de que a maioria absoluta
da amostra teve formação ambiental no ensino básico e médio. Ainda sim ela apresenta
comportamentos ecológicos diferenciados.
A grande maioria da amostra não cursou disciplinas específicas sobre meio ambiente na FGV
e também não realizou trabalhos sobre o assunto. No entanto, no cluster dos Desengajados,
que contém o percentual mais significativo de alunos que elaboraram trabalhos acadêmicos
voltados ao meio ambiente, o comportamento ecológico distancia-se do padrão desejável
dentro das metas de formação ambiental. Isso denota que não basta introduzir a discussão em
sala de aula, nem tão pouco fomentar nos alunos o interesse pelo tema. Isso pode ser um sinal
que aponta para a necessidade de se analisar a forma como esse tema vem sendo trabalhado
pelos professores. É preciso desenvolver estratégias pedagógicas avançadas para que isso
repercuta numa mudança de comportamento efetiva.
Por outro lado, o apelo ao aprimoramento da consciência ambiental precisa ser diferenciado
entre homens e mulheres. Caso se considere desejável que a maioria dos alunos modifique seu
comportamento em direção ao grupo Comprometido, é interessante desenvolver uma
estratégia pedagógica diferenciada por sexo, capaz de levar o grupo Indiferente, cuja
totalidade é composta por homens, a mudar seu comportamento.
7. Referências Bibliográficas
AKATU. Descobrindo o consumo consciente. São Paulo: Instituto Akatu, 2004.
HAIR JR., J. F. ET AL. Análise Multivariada de Dados. Porto Alegre: Bookman, 2005.
LAGES, N. S.; VARGAS NETO, A. Mensurando a consciência ecológica do consumidor: um estudo realizado
em Porto Alegre. Anais do Encontro Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Administração. Porto
Alegre, 2002.
PATO, C. Comportamento Ecológico: relação com valores pessoais e crenças ambientais. Brasília: UnB, 2004.
(Tese de doutoramento em Psicologia).
STRAUGHAN, R. P.; ROBERTS, J. A. Environmental segmentation alternatives: a look at green consumer
behavior in the new millenium. Journal of Consumer Marketing, vol. 16, nº 6, 1999.
ENEGEP 2006
ABEPRO
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Comportamento ecológico: uma tipologia para repensar a formação