APRENDIZAGEM, UM PROCESSO DE NATUREZA CEREBRAL
OU PSÍQUICA?
Paulo Antônio Viegas Ribas
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Faculdade de Engenharia
Avenida Ipiranga 6681 - 90619-300 Porto Alegre - RS
[email protected]
Resumo. Este texto apresenta um estudo comparativo, no que tange ao tema da aprendizagem,
entre duas grandes escolas da psicologia que influenciaram sobremaneira a educação ao longo do
século XX. Seu principal objetivo é mostrar que um estudo enfocando a oposição existente entre
essas duas escolas pode nos ajudar visualizar novos caminhos para o ensino de engenharia do
século XXI.
A principal novidade deste trabalho - comparado a outros que estou enviando ao COBENGE-2001
- é que ele nasceu de um sonho. E este fato me permitiu vivenciar uma singular aventura ao
realizar as atividades de pesquisa e escrita a partir desse sonho, ao mesmo tempo em que aprendia
uma nova e excelente maneira de aprender.
Do referido sonho surgiram dois textos. O primeiro, «De Pavlov a Freud, do condicionamento ao
desejo: as pequenas-grandes diferenças no aprender», aborda as influências de Pavlov e de Freud
no ensino do século XX, a partir duma pesquisa bibliográfica. O segundo - o presente texto-, é uma
reescritura do anterior. Porém, está escrito num estilo bem diferente do anterior, pois parte da
descrição do próprio sonho que deu origem aos dois textos.
Palavras-chave: Aprendizagem, Inconsciente, Psicopedagogia, Psicanálise, Sonho.
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1.
INTRODUÇÃO
Já que este texto se originou de um sonho, introduzo o leitor na sua temática central contando o caminho percorrido do
sonho até o presente texto. Fiz um primeiro rascunho descritivo desse sonho e das idéias a ele associadas, logo nas
primeiras horas da manhã, imediatamente após a ocorrência do sonho. Meses depois, esse rascunho se transformou no
primeiro texto. Nele, todavia, não menciono o sonho, pois naquela feita meu propósito era escrever apenas sobre o tema
suscitado pelo sonho. No presente texto, entrementes, o propósito principal é descrever o caminho pelo qual aquele
sonho me conduziu. Com isso, embora o tema suscitado pelo sonho continue presente, ele aparece apenas como pano de
fundo. Quero destacar aqui o valor que teve para mim essa experiência e a maneira fortuita que ela ocorreu. E também o
quanto me agradou pesquisar e escrever sobre a natureza da aprendizagem por essa via.
2.
NÃO ME DIGAM O QUE JÁ SEI
Para que o leitor possa compreender o sentido do referido sonho e sua conexão com a seqüência dos fatos que o
sucederam, relato na continuação um fato que o antecedeu, destacando um pequeno e curioso detalhe que possivelmente
tenha sido um dos determinantes do conteúdo desse sonho.
Em março de 1999, viajava com minha mulher de carro desde a cidade onde moro, Porto Alegre, estado do Rio Grande
do Sul, até a cidade de Florianópolis, estado de Santa Catarina, a fim de participar de uma jornada de psicopedagogia de
três dias. Enquanto dirigia pela rodovia clamada Estrada do Mar, recebi uma ligação telefônica de um engenheiro
solicitando que eu preparasse uma palestra sobre treinamento para diretores de empresas gaúchas de engenharia.
Segundo ele, o tema da palestra deveria tratar de novas concepções de treinamento tendo em vista os desafios
enfrentados pelas empresas gaúchas decorrente da concorrência nacional e estrangeira. Ele disse que os empresários não
queriam escutar coisas que já estavam acostumados a ouvir, e sim novas soluções para o treinamento de seus
profissionais em função desses novos desafios. Isso chamou muito minha atenção e lhe disse que captara o sentido do
pedido dos empresários, assim o resumindo para ele: Não me digam o que já sei e sim o que não sei. Terminado o breve
diálogo telefônico, segui viagem com essa frase na cabeça, pensando como prepararia uma palestra segundo a idéia
sintetizada nessa frase.
3.
O SONHO COM UM ELEFANTE
Durante os três dias de estadia na cidade de Florianópolis, ficamos hospedados no apartamento de minha cunhada.
Deitei-me cedo naquela noite, pois tinha que ir cedo na manhã seguinte para a referida jornada. Dormi pensando na
conversa telefônica que havia tido com o engenheiro. E sonhei que estava escrevendo um texto para a palestra que ele
me encomendara. Acordei recordando a seguinte curiosa frase do sonho: Abrir a cabeça de um elefante para ver o que
tem dentro. É incrível como essa frase foi significante, já que, depois de dois anos, recordo-a como se o tempo não
houvesse passado.
Ainda na cama, sem saber o porquê, ocorreu-me, ao pensar em abrir a cabeça do elefante, a lembrança da famosa
experiência que Pavlov [1] fez com os cachorros, a partir do que ele descobriu o reflexo condicionado. E a partir dessa
associação, já havendo levantado da cama, uma cadeia de outras associações ocorreu nos minutos seguintes,
continuando a me acompanhar durante o desjejum e durante quase toda a manhã, tal como passo a relatar a seguir.
4.
AS ASSOCIAÇÕES POSTERIORES
Depois de alguns minutos após o desjejum, ocorreram as principais associações que ainda pela manhã resultaram em
um primeiro esboço e que mais tarde se transformou no primeiro texto [2]. Às 8h saí do apartamento de minha cunhada
e levei uns quinze minutos de carro até a Lagoa da Conceição, lugar onde se realizaria a referida jornada.
Enquanto dirigia, e devaneava sobre o sonho com o elefante, surgiu-me esta pergunta: Que conexão poderia haver entre
o elefante do sonho com o cachorro do experimento de Pavlov? Ocorreu-me, em seguida, que havia algo de exagerado
na idéia de abrir a cabeça de um elefante para ver o que teria dentro. Deparei-me, então, a pensar que se abrisse sua
cabeça encontraria seu cérebro, exageradamente pequeno em comparação com seu grande corpo. O exagero, então, fezse explícito: A grande diferença entre as dimensões do corpo do elefante e seu cérebro. Isso, por sua vez, desencadeou,
como um raio, a lembrança da seguinte frase que chamara muito minha atenção quando li uns quatro anos atrás um livro
de Cirne-Lima [3] sobre dialética: “Um pequeno erro no começo provoca um grande erro no fim” (p. 207). Em
seguida, lembrei que as palavras «erro» e «diferença» estão relacionadas com a palavra «aprendizagem».
Porém, como poderia estabelecer alguma relação do tema das aprendizagens escolares com a enorme diferença de
dimensões entre o corpo e o cérebro do elefante? Ocorreu-me, então, o nome de Freud, completando assim a rede
associativa que me mostrou alguma relação viável entre essas idéias estapafúrdias e as aprendizagens escolares. E tal
relação me ocorreu em forma de pergunta, quase ao mesmo tempo em que contrapunha mentalmente a teoria do reflexo
condicionado com a hipótese freudiana do inconsciente: - Que diferença haveria nas aprendizagens em sala-de-aula
quando orientadas por uma ou outra dessas duas teorias?
A partir disso pensei nas «pequenas e grandes diferenças no aprender» que resultaria de se seguir um ou outro desses
dois caminhos. E, ao pensar nessas diferenças, pensei como essencial a seguinte distinção: enquanto no modelo
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pavloviano o motor da aprendizagem é o «condicionamento», no modelo freudiano o motor é o «desejo». Convém fazer
um pequeno parêntese aqui e mencionar que um dos fundamentos da teoria freudiana é que: «o sonho é uma realização
de desejo». O sonho é um dos processos psíquico mais detidamente pesquisado por Freud para explicar o inconsciente.
Dado a importância que o sonho ocupou em suas pesquisas, ele o denominou de via régia do inconsciente. Bem, feito
esse parêntese, finalmente, ocorreu-me esta pergunta: Que tem a ver tudo isso com o pedido dos empresários «Não me
digam o que já sei»?
Lembro até hoje que essas idéias me acompanharam insistentemente meus pensamentos enquanto dirigia o carro até à
Lagoa da Conceição. E acho que só consegui parar de pensar nelas após chegar ao local onde se realizaria a jornada,
mal vendo a hora de dispor de algum tempo para pôr tudo isso no papel, antes que os pensamentos se dissipassem, tal
como narro a seguir.
5.
OS PRIMEIROS ESBOÇOS
Ao chegar ao local da jornada, fiquei sabendo que ela só começaria a tarde. Revisando a agenda, notei que havia me
equivocado no horário. Feliz equívoco, diga-se de passagem. Assim, como dispunha da manhã livre, tratei
imediatamente de iniciar um primeiro rascunho de todas essas idéias, enquanto elas ainda estavam bem vivas,
preocupado em não as perder, pois, naquele momento me pareciam muito preciosas e ao mesmo tempo extremamente
voláteis.
Ao pensar novamente naquela frase de Cirne-Lima [3], um pequeno erro no começo provoca um grande erro no final,
reapareceu uma pergunta que já me fizera, porém reformulada como segue: - Que diferença poderá haver nas
aprendizagens dos alunos do século XXI, se as propostas de ensino sofrerem menos influência da teoria pavloviana e se
orientarem mais pela teoria freudiana?
Já que é difícil responder a esta pergunta, por envolver a incerteza do futuro, e sabendo que a proposta freudiana não
tem caráter futurístico, mudei a pergunta anterior para outra que julguei mais viável: - Que ensinamento alguém pode
obter ao recordar as próprias experiências de aprendizagem como aluno do século XX? Convém considerar o fato de
que as escolas que a maioria dos alunos do século XX freqüentaram foram influenciadas, preponderantemente, por
teorias da aprendizagem desenvolvidas a partir da teoria do reflexo condicionado. Convém salientar, também, que a
teoria do reflexo condicionado e a teoria do inconsciente nasceram praticamente juntas no limiar do século XX. Por
que, então, a teoria de Pavlov, desenvolvida a partir de experimentos com cachorros, teve primazia sobre a teoria de
Freud, desenvolvida a partir de pesquisas clínicas lidando com o sofrimento humano?
6.
DE PAVLOV A FREUD
Abrir a cabeça de um elefante para ver o que tem dentro, certamente soa, a priori, como uma idéia estranha e até
absurda. Todavia, podemos tomá-la como uma metáfora para falar das diferenças entre duas grandes contribuições
científicas para o conhecimento humano - a descoberta do reflexo condicionado por Pavlov e a invenção da psicanálise
por Freud, fatos que marcaram o limiar do século XX e de inegável valor para a história da humanidade e para o avanço
da ciência. A diferença aqui referida diz respeito à concepção de aprendizagem derivada dessas duas escolas. Uma
concepção de aprendizagem baseada na descoberta de Pavlov, vê a aprendizagem como um processo de
condicionamento, enquanto que uma concepção baseada na invenção de Freud vê a aprendizagem como um processo
psíquico inconsciente. Assim, há diferenças marcantes entre propostas de ensino orientadas por um ou outro desses dois
caminhos, entre outros. E, parafraseando Cirne-Lima [3], «um pequeno erro no começo provoca um grande erro no
final», diria que «uma pequena diferença no ensinar, resulta numa grande diferença no aprender».
7.
DO CONDICIONAMENTO AO DESEJO
Conceber a aprendizagem como um processo de condicionamento, implica ver ao aluno como objeto da aprendizagem.
Nesse caso o aprender é visto como um simples esquema de estímulo-resposta, um reflexo condicionado. O motor da
aprendizagem, nesta visão é o condicionamento. Por outro lado, conceber a aprendizagem como um processo psíquico
inconsciente, movido pelo desejo, implica ver o aluno não só como objeto, mas também como sujeito de sua própria
aprendizagem. O aprender passa a ser visto como um fato singular, adquirindo um sentido muito mais amplo e
significativo na vida do sujeito que aprende. O aluno deixa de ser apenas um número na lista de chamada, passando a
ser visto como um sujeito aprendente, sujeito de seu desejo, sujeito de sua própria aprendizagem e de sua própria vida.
O motor da aprendizagem nesta visão é o desejo, singular em cada sujeito aprendente e que é sustentado pelo outro,
aquele que ocupa o lugar de ensinante.
8.
ESTUDOS POSTERIORES
Depois da experiência do sonho com o elefante e das associações dele derivadas, cresceu minha curiosidade e interesse
em tentar responder à pergunta que tem me acompanhado desde então. Se a descoberta do reflexo condicionado por
Pavlov e a invenção da psicanálise por Freud ocorreram juntas no limiar do século XX: Por que ao longo daquele século
o pavlovismo teve influência predominante nas teorias de aprendizagem?
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Vejamos o que escreve Emilio Rodrigué [4] sobre isso. Ele diz que Freud, em 1878, tal como fez Pavlov 25 anos
depois, também trabalhou com a fisiologia animal, investigando as glândulas salivares por meio de experimentos de
laboratório com a secreção salival de cães. Porém Freud, ao contrário de Pavlov, não era adepto à comprovação
experimental, preferindo se dedicar à escuta analítica. Rodrigué diz, ainda, que Pavlov cometeu um erro ao considerar a
«salivação psíquica», ou «água na boca», como um fenômeno psicológico. Creio que esta diferença de gosto, ou de
vocação, é uma das principais razões da diferença entre os caminhos seguidos por esses dois grandes pesquisadores do
século XX. Considero esse fato importante para se diferenciar a influência exercida em função do objeto de pesquisa
escolhido por cada um deles. E acredito que este é um dos pontos-chave para tentar responder a pergunta do título deste
artigo. E que um estudo comparativo dos efeitos dos pensamentos de Pavlov e de Freud no ensino ajudaria a elucidar
muitos dos problemas de aprendizagem e de repetência nas faculdades de engenharia brasileiras. Vejamos a seguir mais
um pouco da história de tais influências.
Elisabeth Roudinesco [5], dedica boa parte de seu livro sobre a história da psicanálise na França para analisar o
movimento do pavlovismo e do freudismo, começando com a história do movimento psicanalítico soviético. A partir
dessa análise, podemos entender algumas das raízes de grande parte dos problemas de aprendizagem e da repetição no
mundo acadêmico de hoje e o porquê de sua persistência por décadas e até por séculos. Transcrevo a seguir alguns
fragmentos dessa importante obra, os quais nos ajudam a entender a influência do pavlovismo nas concepções de ensino
e aprendizagem ao longo do século XX.
Roudinesco mostra como o pavlovismo está vinculado aos ideais socialistas de Leon Trotski, organizador do Exército
Vermelho, ao tentar reduzir a psicanálise ao pavlovismo: “Em 1923, Trotski escreve a Ivan Pavlov para explicar-lhe
que a psicanálise, malgrado seu lado literário, deixou de crer no primado de um abismo da alma, e que a teoria
freudiana pode ser englobada por uma psicologia materialista, como um caso particular da teoria dos reflexos
condicionados” (p. 50). E descreve de que maneira a concepção do aprender como um processo de condicionamento
ganha corpo na sociedade soviética daquela época: “Em função de sua lei fundamental, que consiste em assegurar a
satisfação das necessidades materiais e culturais do homem, a sociedade socialista pode encontrar no pavlovismo a
confirmação de seus ideais revolucionários, pelos quais o indivíduo deve ser modificado ou «condicionado» a fim de
aprender novas maneiras de viver” (p. 52). Na metade do século, vinte anos depois do que sucedeu na União Soviética,
a mesma situação se repete na França: “A hostilidade latente dos comunistas franceses à psicanálise passa, portanto,
por uma oposição manifesta ao freudo-marxismo. Isso mostra que no entre-guerras, e de maneira confusa, ganha
corpo um debate idêntico ao que tivera lugar na União Soviética. Com atraso, trata-se agora de levantar a questão de
uma possível compatibilidade entre o freudismo e o materialismo, e não de realmente levar em conta as hipóteses
freudianas. Isso explica porque, em 1949, a discussão irá surgir explicitamente sob os auspícios de uma avaliação
pavloviana da psicanálise” (p. 67).
9.
POR QUE TANTA GENTE REPETE NAS FACULDADES DE ENGENHARIA?
No texto «Por que tanta gente repete?», também enviado ao COBENGE-2001, descrevo a maneira curiosa e inesperada
que me defrontei com tema da repetição. Isso aconteceu numa viagem que fiz a Buenos Aires com alguns objetivos
antecipadamente planejados. Impressionou-me a maneira como um episódio comum e fortuito adquiriu para mim um
significado primordial naquela viagem. Comento aqui tal episódio por se tratar de um acontecimento típico do
cotidiano, a exemplo do sonho com o elefante, e a partir do qual penso que muito se pode aprender sobre o aprender, já
que o aprender é o tema central deste trabalho.
10.
COMENTÁRIOS FINAIS
Voltemos à frase dos diretores das empresas gaúchas de engenharia: «Não me digam o que já sei». Creio que essa frase
ocupou meus pensamentos durante todo o dia que sonhei com o elefante, durante o sonho e durante as associações
ocorridas posteriormente ao sonho. Diante das situações do cotidiano, similares ao exemplo aqui relatado, pode-se
adotar distintas posições. Uma delas é considerar esses fatos do cotidiano e as produções oníricas como coisas
depreciáveis, sem importância e sem sentido. Afinal, porque gastar nossa inteligência, tempo e energia com coisas que
carecem de sentido? Outra posição é atribuir importância a eventos cotidianos deste tipo, justamente por sua aparente
falta de importância. Ou seja, pode-se tomar como critério e indício da importância desses eventos cotidianos,
justamente o critério que geralmente usamos para os depreciar, isto é, sua aparente irrelevância e ausência de sentido.
Ao se adotar a segunda posição, percebe-se o quanto há de ensinamento nos acontecimentos comuns do cotidiano
próximos a nós e o quanto podemos aprender de nosso saber inconsciente, seja através dos sonhos, seja por outras vias
pela qual esse saber se manifesta. Com respeito a isso, é oportuno por em evidência duas características dos sonhos,
segundo Freud [6]. Uma, é que o sonho é uma realização de desejo e outra, é que uma das funções do trabalho do sonho
consiste em trabalhar os pensamentos oníricos não resolvidos no estado de vigília. E a partir dessa posição, pode-se ver
três coisas importantes para o entendimento da aprendizagem humana. A primeira se refere à natureza da aprendizagem.
Se tomarmos como referência a hipótese freudiana do inconsciente, e aceitarmos a hipótese de que o processo de
aprendizagem se assemelha de alguma maneira ao do sonho, poderíamos adotar como hipótese que a natureza da
aprendizagem, tal como no sonho, na sua essência, é também inconsciente. A segunda coisa que podemos ver, derivada
da primeira, é que o inconsciente é ensinante e aprendente. E a terceira é que o desejo é o motor da aprendizagem.
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Gostaria, antes de finalizar este artigo, dizer que não desconsidero a importância da função do cérebro na aprendizagem
e no pensar humano. Porém, a questão central que me propus enfocar aqui foi mostrar que Freud, ao evidenciar o
determinismo inconsciente como organizador da existência humana, inventando a psicanálise, revolucionou o
conhecimento relativo à natureza dos processos psíquicos regentes de nossa vida. E acredito que a hipótese da
aprendizagem como um processo de natureza inconsciente, semelhantemente ao sonho, nos ajudaria bastante a entender
muitos problemas de aprendizagem ainda inexplicáveis hoje, apesar de todo o avanço das teorias de aprendizagem ao
longo do século XX.
Assim, mais que responder a pergunta do título com uma resposta específica e certa, tal como estamos acostumados a
fazer muitas vezes em outras situações, espero que este texto tenha sido útil para despertar um pouco da curiosidade dos
colegas em direção a novas perguntas sobre o ensinar e o aprender.
11.
REFERÊNCIAS
[1] PAVLOV, I. P. Pavlov: textos escolhidos. 2ª ed. São Paulo: Abril Cultural, 1984.
[2] RIBAS, P. A. V. De Pavlov a Freud, do condicionamento ao desejo: as pequenas-grandes diferenças no aprender.
Anais do XXVII Congresso Brasileiro de Ensino de Engenharia, Natal, Rio Grande do Norte, 1999. (Cd Rom).
[3] CIRNE-LIMA, C. Dialética para principiantes. Porto Alegre: EDIPUCRS, 1996.
[4] RODRIGUÉ, E. Sigmund Freud: o século da psicanálise 1895-1995. Vol. 1. São Paulo: Escuta, 1995.
[5] ROUDINESCO, E. História da psicanálise na França: a batalha dos cem anos. Vol. 2: 1925-1985. Rio de Janeiro:
Jorge Zahar, 1988.
[6] FREUD, S. La interpretación de los sueños, Vol. IV. Buenos Aires: Amorrortu, 1997.
[7] FREUD, S. Breve informe sobre el psicoanálisis. Vol. XIX. Buenos Aires: Amorrortu, 1976.
[8] FREUD, S. Dos artículos de enciclopedia: “Psicoanálisis” y “Teoría de Libido”. Vol. XVIII. Buenos Aires:
Amorrortu, 1976.
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