Letras
Prof: Silvio Pereira da Silva
Procedimentos textuais
Objetivos
9Estudar os principais conectivos e
compreender sua importância no processo
de construção textual.
9Compreender o conceito de coesão e os
mecanismos para realizar o processo
coesivo.
Construir e Escrever
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Conectivos
Os conectivos são elementos
responsáveis pela coesão em um texto e
contribuem para que esse seja coerente e
fluente.
Por isso, é importante compreender o uso
adequado de cada um dos conectivos,
que podem ser preposições, pronomes
relativos e, principalmente, as
conjunções.
Principais conectivos:
Conjunções
9 Evanildo Bechara (2004) define as conjunções
como unidades linguísticas que são utilizadas
para o estabelecimento das relações entre duas
orações, em um mesmo enunciado.
9 As conjunções também estabelecem a relação
entre dois termos que se assemelham
gramaticalmente dentro da mesma oração.
Exemplo: Carlos e Denis tiveram notas boas nas provas.
Tipos de Conjunção
Segundo Othon M. Garcia (2006), em um
período composto, adequadamente
estruturado, as orações são interligadas
mediante dois processos sintáticos: a
coordenação e a subordinação.
Assim as conjunções podem ser classificadas
em dois tipos:
coordenativas;
subordinativas.
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Coordenação
A palavra coordenação é formada pela
preposição latina cum e pelo verbo ordinare,
ou seja, significa com ordem, colocar em
ordem.
A característica fundamental da coordenação é
a identidade, similaridade entre as frases ou
entre os termos de uma oração.
Na coordenação, não pode haver dependência
formal de um componente em relação ao
outro.
Subordinação
9 No processo de subordinação, há dependência
de sentido entre uma oração e outra, ou seja,
uma das orações completa ou determina o
sentido da outra.
9 As conjunções subordinativas têm a função de
estabelecer uma relação entre duas orações:
uma principal ou subordinante e outra
subordinada que constitui uma parte da oração
principal.
Tipos de conjunções
coordenativas
9 aditivas: unem um termo a outro de mesma
função gramatical, ou uma oração à outra de
mesma função gramatical. São: e, nem.
9 adversativas: estabelecem uma relação de
contraste ou oposição entre os sentidos de
dois termos ou duas orações. São: mas,
contudo, no entanto, entretanto, porém,
todavia.
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Conjunções
Coordenativas
alternativas: demonstram um valor
alternativo entre as ideias que se quer
expor. São: ou (repetido ou não), ora, nem,
quer, seja etc.
conclusivas: unem uma oração
anterior a outra oração exprimindo
conclusão ou consequência. São:
assim, logo, portanto, por isso, etc.
explicativas: unem duas orações,
das quais a segunda explica o
conteúdo da primeira. São: porque,
que, pois, porquanto.
Tipos de conjunções
subordinativas
causais: porque, pois, que,
uma vez que, por isso, que
etc.
comparativas: que, do que
(antecedidas por noções
comparativas como menos, mais,
maior, menor), qual (antecedida por
tal), como etc.
concessivas:
embora, ainda que,
posto que, por mais
que, apesar de etc.
condicionais: se, caso,
contanto que, a não ser que,
desde que, salvo se etc.
Tipos de conjunções
subordinativas
9 conformativas: conforme, segundo, consoante
etc.
9 finais: a fim de que, para que, porque (com
mesmo sentido da conjunção para que), que.
9 proporcionais: à proporção que, à medida que,
quanto mais... (tanto) mais etc.
9 temporais: quando, enquanto, logo que, agora
que, tão logo etc.
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Tipos de conjunções
subordinativas
9integrantes: iniciam orações
subordinadas substantivas, introduzem
essas orações como termos da oração
principal (sujeitos, objetos diretos ou
indiretos, complementos nominais,
predicativos ou apostos).
As conjunções integrantes são: que e se.
Pronomes Relativos
Pronomes relativos também são conectivos e
servem para introduzir orações subordinadas
adjetivas restritivas ou explicativas.
Os principais pronomes relativos são qual, o qual,
cujo, que, quanto, onde.
Normalmente se referem a um termo chamado
antecedente.
Exemplo: Eu sou o aluno que melhor nota tirei na
prova.
O Uso do Conectivo
Durante a escrita é quase automático o
uso dos conectivos, mas quando se
compreende a importância e a função
adequada de cada um fica mais fácil
organizar e construir um texto.
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Música
9Passarim (O tempo e o vento)
Tom Jobim
9http://www.youtube.com/watch?v=P6Bihq
BdBAA&feature=related
9Tempo: 3:38
Passarim ( O Tempo e o Vento)
Tom Jobim
Passarim quis pousar, não deu, voou
Porque o tiro partiu mas não pegou
Passarinho me conta então me diz
Porque que eu também não fui feliz
Me diz o que eu faço da paixão
Que me devora o coração
Que me devora o coração
Que me maltrata o coração
Que me maltrata o coração
E o mato que é bom, o fogo queimou
Cadê o fogo, a água apagou
E cadê a água, o boi bebeu
Cadê o amor, o gato comeu
E a cinza espalhou
E a chuva carregou
Cadê meu amor que o vento levou
(Passarim quis pousar, não deu, voou)
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Passarim quis pousar, não deu, voou
Porque o tiro feriu mas não matou
Passarinho me conta então me diz
Porque que eu também não fui feliz
Cadê meu amor minha canção
Que me alegrava o coração
Que me alegrava o coração
Que iluminava o coração
Que iluminava a escuridão
Cadê meu caminho a água levou
Cadê meu rastro, a chuva apagou
E a minha casa, o rio carregou
E o meu amor me abandonou
Voou, voou, voou
Voou, voou, voou
E passou o tempo e o vento levou
(...)
Momento de Reflexão
Qual a importância dos conectivos no
processo de organização textual?
Que relação tem esse estudo
com a produção de textos?
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Texto e Tecer
9Os elementos constitutivos vão
construindo o texto, fazendo as “costuras”.
Imagem 2
Coesão
"A coesão não nos revela a
significação do texto, revela-nos a
construção do texto enquanto edifício
semântico."
M. Halliday
Coesão: Definições
9 A coesão é a ligação que se estabelece entre as
partes de um texto, mesmo que não seja
aparente.
9 É um dos mecanismos responsáveis pela
interdependência semântica que se instaura
entre os elementos constituintes de um texto.
9 São as articulações entre vocábulos, entre as
partes de uma oração, entre uma oração e
outra, entre os parágrafos, ou seja, são os
contatos e conexões que estabelecem e dão
sentido ao todo.
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Coesão e Procedimentos
9 A coesão é construída e se evidencia pelo emprego
de diferentes procedimentos, tanto no campo do
léxico, como no da gramática. Contribuem para esta
ligação elementos:
de natureza gramatical (como os pronomes,
conjunções, preposições, categorias verbais);
de natureza lexical (sinônimos, antônimos,
repetições) e mecanismos sintáticos
(subordinação, coordenação, ordem dos
vocábulos e orações).
Um Estudo Importante
9Ingedore Koch conceitua a coesão como:
“O fenômeno que diz respeito ao modo
como os elementos linguísticos presentes
na superfície textual se encontram
interligados, por meio de recursos também
linguísticos, formando sequências
veiculadoras de sentido.”
Exemplo 1
“Mulheres de três gerações
enfrentam o preconceito e revelam
suas experiências. Elas resolveram
falar. Quebrando o muro de silêncio,
oito dezenas de mulheres decidiram
contar como aconteceu o fato que
marcou sua vida.”
9
Exemplo 2
“Os amigos que me restam são da data
mais recente; todos os amigos foram
estudar a geologia dos campos-santos.
Quanto às amigas, algumas datam de
quinze anos, outras de menos, e quase
todas crêem na mocidade. Duas ou três
fariam crer nela aos outros, mas a língua
que falam obriga muita vez a consultar os
dicionários, e tal freqüência é cansativa.”
(Machado de Assis, Dom Casmurro)
Vídeo
9Filme: O coronel e o lobisomem
9http://www.youtube.com/watch?v=tNgPss
gpG3Q&feature=related
9Tempo 2:00 até 5:00
Num repente, relembrei estar em noite de
lobisomem – era sexta-feira.[...]
Já um estirão era andado quando, numa roça de
mandioca, adveio aquele figurão de cachorro,
uma peça de vinte palmos de pêlo e raiva.[...]
Dei um pulo de cabrito e preparado estava para
a guerra do lobisomem. Por descargo de
consciência, do que nem carecia, chamei os
santos de que sou devocioneiro:
- São Jorge, Santo Onofre, São José!
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Em presença de tal apelação, mais brabento apareceu o peste. Ciscava o
chão de soltar terra e macega no longe de dez braças ou mais. Era
trabalho de gelar qualquer cristão que não levasse o nome de Ponciano
de Azeredo Furtado. Dos olhos do lobisomem pingava labareda, em risco
de contaminar de fogo o verdal adjacente. Tanta chispa largava o
penitente que um caçador de paca, estando em distância de bom
respeito, cuidou que o mato estivesse ardendo. Já nessa altura eu tinha
pegado a segurança de uma figueira e lá de cima, no galho mais firme,
aguardava a deliberação do lobisomem. Garrucha engatilhada, só pedia
que o assombrado desse franquia de tiro. Sabidão, cheio de voltas e
negaças, deu ele de executar macaquice que nunca cuidei que um
lobisomem pudesse fazer. Aquele par de brasas espiava aqui e lá na
esperança de que pensasse ser uma súcia deles e não uma pessoa
sozinha. O que o galhofista queria é que eu, coronel de ânimo
desenfreado, fosse para o barro denegrir a farda e deslustrar a patente.
Sujeito especial em lobisomem como eu não ia cair em armadilha de
pouco pau. No alto da figueira estava, no alto da figueira fiquei.
José Cândido de Carvalho - O coronel e o lobisomem.
Mecanismos de Coesão
A língua tem vários recursos para realizar a coesão. Eis
alguns:
Coesão por referência
Os elementos de referência não podem ser interpretados por
si mesmos; remetem a outros itens do texto, necessários a
sua interpretação.
São elementos de referência os pronomes pessoais
(ele,ela, o, a, lhe, etc.), possessivos (meu, teu, seu, etc.),
demonstrativos (este, esse aquele, etc.) e os advérbios de
lugar (aqui, ali, etc.).
Exemplo:
O jogador Ronaldo esteve no estádio. Ele disse que o seu futebol
continua o mesmo.
Anáfora
9 A forma mais simples de coesão é aquela em
que se faz referência a algum item previamente
explicitado:
Exemplo:
 Marcos gostou do filme que assistimos?
 Ele disse que achou o filme muito longo.
O pronome “ele” se refere anaforicamente a
Marcos.
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Catáfora
9Outra possibilidade de ocorrência de
referências no interior de um texto. É
exatamente o contrário da anterior.
Acontece quando o termo pressuposto
aparece depois do item coesivo.
Exemplo:
"A irmã olhou-o e disse: - João, estás com um ar
cansado"
Coesão Por Elipse
Diz que há coesão por elipse quando algum
elemento fica implícito na frase em virtude do
contexto.
Exemplo:
“João Paulo II esteve em Brasil. Aqui, disse que
a Igreja continua a favor do celibato.”
Coesão Lexical
A coesão lexical é o efeito obtido pela
seleção de vocabulário.
De modo que há uma reiteração principalmente
através do uso de sinônimos ou expressões
equivalentes.
Exemplo:
Mia Couto esteve em Parati. Na cidade histórica, o
escritor disse que a relação cultural entre Brasil
Moçambique deve ser intensificada.
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Rui Barbosa: um mestre no uso de sinônimos
Rui Barbosa, em conferência sobre Oswaldo
Cruz, em 1917, dá-nos lições da arte da
sinonímia.
Imagem 3
Para dizer febre amarela, por exemplo, empregou todas
estas expressões sinônimas: vômito negro, a praga
amarela, estigma desastroso, contágio brasileiro, o
mesmo flagelo, germe amarílico, a tenaz endemia, a
prega, a terrível doença, o contágio homicida,
calamidade exterminada, a devoradora calamidade,
a maligna enfermidade, essa desgraça, a terrível
coveira, infecção xantogênica, esse contagio fatal ...
nada menos que dezessete formas e recursos para
evitar a repetição enfadonha.
(Citado por Ulhoa Cintra Marques Leite)
O Recurso da Antonomásia
A substituição de um nome próprio por um nome comum
se processa muitas vezes mediante a antonomásia.
Trata-se de um recurso que expressa um atributo
inconfundível de uma pessoa, de uma divindade, de um
povo, de um país ou de uma cidade.
Veja os exemplos.
Castro Alves - O Poeta dos Escravos
Gonçalves Dias - O Cantor dos Índios
José Bonifácio - O Patriarca da Independência
Simon Bolívar - O Libertador
Rui Barbosa - O Águia de Haia
Jesus cristo - O Salvador, o nazareno, o Redentor
Aquiles - O Herói de Tróia
D. Quixote - O Cavaleiro de Triste Figura
Música
9Joao Gilberto e Caetano Veloso - Garota
de Ipanema
9http://www.youtube.com/watch?v=h__ldW
PnpXc
9Tempo: 3:42
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Garota de Ipanema
Vinicius de Moraes e Tom Jobim
Olha que coisa mais linda
Mais cheia de graça
é ela menina, que vem e que passa
Num doce balanço a caminho do mar
Moça do corpo dourado
Do sol de Ipanema
O seu balançado é mais que um poema
é a coisa mais linda que já vi passar
Ai! Como estou tão sozinho
Ai! Como tudo é tão triste
Ai! A beleza que existe
A beleza que não é só minha
E também passa sozinha
Ai! Se ela soubesse que quando ela passa
O mundo interinho se enche de graça
E fica mais lindo por causa do amor
Só por causa do amor...
Hiperônimos e hipônimos
Exemplos:
Coesão
lexical por
hiperônimos
Neste tipo de
coesão,
utilizamos os
hiperônimos
e hipônimos
Mesa
móvel
Faca
talher
Termômetro
instrumento
Computador
equipamento
Enceradeira
eletrodoméstico
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Coesão Sequencial
A coesão sequencial diz respeito aos
procedimentos linguísticos que
estabelecem diversos tipos de relações de
sentido entre os segmentos do texto
(enunciados ou partes deles, períodos,
parágrafos).
Atividade de reflexão
Depois das explicações e dos
exercícios realizados, você já pode
definir o que é coesão? Já
compreendeu como se realiza a
coesão?
Elementos de coesão
Algumas palavras e expressões facilitam a
ligação entre as ideias, estejam elas em
um mesmo parágrafo ou não. Não é
obrigatório, entretanto, o emprego destas
expressões para que um texto tenha
qualidade. Seguem algumas sugestões e
suas respectivas relações.
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assim, desse modo - têm valor exemplificativo e
complementar. A sequência introduzida por eles
serve normalmente para explicitar, confirmar e
complementar o que se disse anteriormente.
ainda - serve, entre outras coisas, para introduzir
mais um argumento a favor de determinada
conclusão; ou para incluir um elemento a mais
dentro de um conjunto de ideias qualquer.
aliás, além do mais, além de tudo, além disso introduzem um argumento decisivo, apresentado
como acréscimo. Pode ser usado para dar um
“golpe final” num argumento contrário.
mas, porém, todavia, contudo, entretanto... marcam oposição entre dois enunciados.
embora, ainda que, mesmo que - servem para
admitir um dado contrário para depois negar seu valor
de argumento, diminuir sua importância. Trata-se de
um recurso dissertativo muito bom, pois sem negar as
possíveis objeções, afirma-se um ponto de vista
contrário.
este, esse e aquele - são que fazem referência a
termos anteriormente expressos, para estabelecer
semelhanças e/ou diferenças entre eles.
Uma palavra sobre
coerência
9Coesão e coerência são conceitos
nucleares da linguística textual, são
fatores de garantia e preservação da
textualidade.
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Conclusão
9Podemos concluir que um texto não é
uma unidade constituída por uma soma de
sentenças ou por um amontoado caótico
de palavras e frases. Os enunciados, os
segmentos do texto estão estritamente
interligados entre si; há conexão entre as
palavras, entre as frases, entre os
parágrafos e as diferentes partes. Há
encadeamento semântico.
Referências
9 BECHARA, Evanildo. Moderna gramática portuguesa.
37 ed. Rio de Janeiro: Lucerna, 2004.
9 CALANZANI, José João. Manual prático de língua
portuguesa. 2 ed. Belo horizonte: Del Rey, 2003.
9 CÂMARA JR., J.M. Dicionário de lingüística e
gramática: referente à língua portuguesa. 26.ed.
Petrópolis: Vozes. 2007.
9 GARCIA, Othon M. Comunicação em prosa moderna.
14 ed. Rio de janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1988.
9 KOCH, Ingedore G. Villaça. Coesão textual. 21 ed. São
Paulo: Contexto, 2008.
Boa Semana!
Prof. Silvio Pereira da silva
Referências de imagens:
Imagem 1 - Disponível em: <
http://4.bp.blogspot.com/_67N8JJLTG2I/SITnU0LC4fI/AAAAAAAADVk/63t4cphjD9E/s320/tijolos.jpg >.
Acesso em: 29 abr 2009.
Imagem 2 – Disponível em: < http://www.metodistademinas.edu.br/tecer/ >. Acesso em: 29 abr 2009.
Imagem 3 – Disponível em: < http://pt.wikipedia.org/wiki/Rui_barbosa > . Acesso em: 29 abr 2009.
Todas as demais imagens são originárias do banco de dados.
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Palavras e Sentidos