Larva migrans cutânea
Há nematóides que penetram na pele humana mas
permanecem vagando entre a epiderme e a derme, sem
poder completar seu desenvolvimento.
O quadro clínico resultante é dito “larva migrans
cutânea” ou “dermatite linear serpiginosa”. Popularmente, é
o “bicho geográfico” ou “bicho das praias”.
Geralmente, ela é devida às larvas de terceiro estádio
de Ancylostoma braziliense, parasito intestinal de cães e
gatos.
Mas outros helmintos já foram encontrados produzindo esse
quadro. Entre eles:
- Ancylostoma ceylanicum,
- A. caninum,
- A. stenocephala,
- Gnathostoma spinigerum e outros.
Mesmo algumas larvas de Ancylostoma duodenale, de
Necator e de Strongyloides podem, eventualmente, ficar
abrindo túneis microscópicos na pele sem poder continuar suas
migrações normais.
A penetração pode passar despercebida ou, nas
pessoas sensibilizadas, acompanhar-se de prurido, eritema
ou pápulas.
Depois, partem desses pontos os túneis que desenham
um percurso irregular, avançando 2 a 5 cm por dia e tendo
uma larva no extremo que cresce.
O túnel corresponde à destruição da camada de
Malpighi, tendo o derma por assoalho e envolvido por
inflamação com eosinófilos e mononucleares.
Enquanto as larvas avançam, as lesões, para trás, vão
ficando como um cordão irregular, saliente, eritematoso,
pruriginoso e por vezes recoberto de vesículas.
Dias depois, o trajeto mais antigo tende a
desinflamar-se e deixa uma faixa hiperpigmentada, que
também irá desaparecer dentro de algum tempo.
Larva migrans na
região glútea de
uma criança.
O número de larvas varia de uma única a dezenas ou
centenas.
Elas se localizam onde a pele esteve em contato com o
solo: pés, pernas, coxas, nádegas, mãos etc.
O sintoma mais molesto é o prurido, que aumenta à
noite e pode perturbar o sono, sobretudo das crianças.
O diagnóstico é clínico e não oferece dificuldades, tão
típico é o quadro dermatoló-gico.
Antecedentes de contato com o solo, principalmente em
praias freqüentadas por cães, ou em tanques de areia dos
parques infantis, onde os gatos costumam ir defecar,
confirmam a origem das lesões.
A cura é espontânea ao fim de alguns dias ou semanas;
raramente meses.
Se necessário, tratar com ivermectina, albendazol ou
tiabendazol, por via oral. Este pode ser usado local-mente.
Os gatos e os cães domésticos são as principais fontes de infecção para a
poluição ambiental com as “larvas migrans”.
O controle da transmissão é difícil.
Os animais domésticos deveriam ser tratados
periodicamente, com anti-helmínticos, e impedido seu
acesso a praias e tanques de areia onde brincam as
crianças. Esses tanques devem ser cercados com tela,
para que os gatos não possam aí defecar.
Nas praias procurar os lugares molhados pela água
do mar, onde as larvas não sobrevivem.
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