SÃO PAULO EM PERSPECTIVA, 13(1-2) 1999
A INDÚSTRIA INTENSIVA EM
RECURSOS NATURAIS
novas dinâmicas e perspectivas
HAROLDO DA GAMA TORRES
Economista, Consultor da Fundação Seade e Pesquisador do Cebrap
A
- a indústria de bens intermediários estaria se desconcentrando espacialmente em nível nacional. O II PND fortaleceu indústrias de bens intermediários em áreas exteriores ao antigo centro industrial (o eixo Rio-São Paulo)
– tais como as localizadas no Pólo Petroquímico de Camaçari (BA) e as do Vale do Aço (MG). Mais recentemente, a desconcentração industrial estaria atingindo
outros segmentos industriais, como as indústrias de bens
de consumo duráveis e não duráveis (Rodrigues, 1998;
Pacheco, 1996; Diniz, 1994);
última política industrial explícita implementada no Brasil – o Segundo Plano Nacional de
Desenvolvimento (II PND), dos anos 70 – implicou uma importante alteração do significado ambiental da indústria no Brasil, ao induzir fortes investimentos
em indústrias de bens intermediários, identificadas como
sujas e intensivas em recursos naturais e energia (Torres,
1993).1 Os elementos que permitiram esta caracterização
podem ser resumidos em quatro argumentos principais:
- a indústria de bens intermediários seria mais poluente e
intensiva em recursos naturais do que a média da indústria de transformação. Estudos empíricos têm permitido
sustentar de forma consistente tal proposição. Vale destacar, por exemplo, o amplo levantamento da poluição
industrial realizado pela Agência Ambiental Americana
para os Estados Unidos (EPA, 1995). Este relatório diz
respeito ao monitoramento da poluição do ar, da água e
do subsolo provocada diretamente pela indústria. Destacam-se, no caso americano, as indústrias siderúrgica e de
produtos químicos como os segmentos mais fortemente
poluidores;
- a expansão da indústria de bens intermediários para a
periferia brasileira estaria relacionada a seus impactos
ambientais. Esta indústria se beneficiaria de vantagens
locacionais ambientais, fruto da menor capacidade institucional local no controle da poluição. É difícil identificar a existência de intencionalidade por parte dos investidores na busca desse tipo de vantagem. No entanto,
estudos de caso (Franco, 1997; Paula, 1997) oferecem
evidências de que práticas ambientais de empresas de bens
intermediários na periferia industrial continuam a apresentar problemas significativos, apesar da mudança no discurso e da ocorrência de investimentos na área de proteção ambiental.
- o setor de bens intermediários, com o advento do II PND,
teria ganhado participação crescente na indústria brasileira, inclusive em termos de comércio exterior. Para as
décadas de 70 e 80, este argumento encontra ampla fundamentação empírica e na literatura (Castro e Souza,
1985). Na década de 90, embora a indústria de bens intermediários tenha apresentado um desempenho acima da
média da indústria de transformação, foi a de bens de
consumo duráveis que apresentou maiores níveis de crescimento (no próximo item);
De modo geral, esses argumentos ainda são consistentes. A principal restrição diz respeito à hipótese de que a
indústria de bens intermediários estaria ganhando participação na produção industrial nacional. Embora isto tenha ocorrido nos anos 80, não se verificou nos anos 90.
Esta década – caracterizada pela abertura da economia,
pelas privatizações e pela perspectiva de um novo ciclo
de investimentos – obriga-nos a repensar quais seriam as
172
A INDÚSTRIA INTENSIVA EM RECURSOS NATURAIS: NOVAS DINÂMICAS ...
novas perspectivas ambientais da indústria. Identificamos
cinco elementos condicionantes principais: crescimento
diferencial de setores com nítido impacto ambiental,
mudanças nos padrões espaciais da indústria, novas estratégias empresariais de acumulação de capital, mudanças na estrutura de propriedade e mudanças nas práticas
de gestão ambiental. Cada uma destes elementos afeta de
modo diferenciado as relações entre indústria e meio
ambiente.
Buscamos identificar padrões de mudança que possam
implicar avanços no sentido de uma maior sustentabilidade. Assim, na próxima seção, mostramos a evolução
setorial da indústria brasileira, tentando caracterizar o novo
ciclo de investimentos. A seguir, indicamos de modo sintético os novos padrões locacionais, as estratégias empresariais e as mudanças mais importantes na estrutura de
propriedade e de gestão ambiental das principais indústrias de transformação geradoras de impacto ambiental: a
automobilística e a de bens intermediários (siderurgia,
papel e celulose, produtos químicos).2 Ao final, expomos
nossas conclusões.
EVOLUÇÃO RECENTE DA
PRODUÇÃO INDUSTRIAL BRASILEIRA
O Gráfico 1 contém dados relativos à evolução da produção da indústria de transformação brasileira, de 1975 a
1998. Observa-se que o desempenho da indústria de bens
intermediários supera o da média da indústria de transformação, no período observado.
No entanto, este não foi o segmento com maior crescimento no período. A indústria de bens duráveis foi o destaque, tendo atingido, em 1997, um nível de produção
200% superior ao de 1975. A indústria de bens intermediários, entre 1975 e 1998, cresceu 88%, contra um crescimento de 60% para a média da indústria de transformação.3 Até 1985, porém, o crescimento da indústria de bens
intermediários foi o mais expressivo dentre os segmentos
estudados. Entre 1985 e 1992, bens intermediários e bens
de consumo durável apresentaram uma evolução próxima. O descolamento do setor de bens duráveis ocorreu a
partir de 1992, com o aumento do consumo que se seguiu
ao advento das câmaras setoriais, do Plano Real e do novo
GRÁFICO 1
Produção Industrial, por Categoria de Consumo
Brasil – 1975-98
-
Índice (Base: 1975=100)
Anos
Fonte: Fundação IBGE.
173
SÃO PAULO EM PERSPECTIVA, 13(1-2) 1999
regime automotivo. Ao longo de todos esses anos, a indústria de bens de capital ficou estagnada nos níveis de
produção de 1975, enquanto a indústria de bens não duráveis apresentou um desempenho idêntico à média da
indústria de transformação.
Vale destacar que tais dados refletem sobretudo a baixa taxa de investimento da economia brasileira neste período. De modo geral, o crescimento verificado na indústria parece ter decorrido, em grande medida, da ocupação
da capacidade ociosa e do melhor aproveitamento do equipamento existente. Apenas o crescimento que se registrou a partir de 1992 – puxado sobretudo pela indústria
de bens de consumo durável – parece ter acionado um
volume significativo de investimentos. Discutimos estes
elementos adiante.
por Rodrigues (1998), do qual extraímos grande parte
dos dados aqui resumidos. Esta autora pesquisou as intenções de investimento anunciadas em 1996 e 1997.
É difícil determinar até que ponto tais intenções se concretizaram ou vão se concretizar, principalmente no
contexto turbulento da economia brasileira do período
1998-99. Sabemos, contudo, que parte desse investimento – sobretudo na indústria automobilística – já foi
realizado e terá impactos duradouros sobre a economia
brasileira, inclusive do ponto de vista de seu significado ambiental (Tabela 1).
Como podemos observar, o padrão de intenção de investimentos acompanha, em grande medida, o perfil do
crescimento da produção observado anteriormente. Os
maiores projetos orientam-se para a indústria de bens
duráveis e de bens intermediários, com destaque para o
segundo grupo. De certa forma, a intenção de investimentos na indústria de bens intermediários faz sentido. São
indústrias predominantemente de capital nacional, recentemente privatizadas e que têm encontrado um contexto
de significativo crescimento da demanda interna, sobretudo decorrente do aumento da produção de bens de consumo duráveis. De fato, diversos estudos do BNDES
mostram que houve um importante incremento das im-
Um Novo Ciclo de Investimentos?
Como se trata de uma experiência bastante recente,
a avaliação do porte e da intensidade deste novo ciclo
de investimentos só pode ser realizada a partir de informações fragmentárias, colhidas na imprensa e junto
a entidades de classe. Um dos raros trabalhos que busca sistematizar este tipo de informação foi produzido
TABELA 1
Intenções de Investimento (1),
segundo Setores da Indústria de Transformação
Brasil – 1996-1997
Setores
1996
1997
Em US$ milhões
%
Total
55.162
100,00
52.071
100,00
Bens Duráveis
19.280
34,95
14.452
27,75
15.539
28,17
12.234
23,49
Eletroeletrônica
3.741
6,78
2.218
4,26
Bens Intermediários
22.091
40,05
25.675
49,31
Petroquímica
8.980
16,28
11.186
21,48
Siderurgia
5.897
10,69
5.928
11,38
Papel e Celulose
4.067
7,37
4.770
9,16
Produtos Químicos, Fertilizantes e Farmacêuticos
3.147
5,71
3.791
7,28
11.003
19,95
8.196
15,74
9.559
17,33
6.754
12,97
Têxtil e Confecções
654
1,19
921
1,77
Higiene e Limpeza
644
1,17
366
0,70
Calçados
146
0,26
155
0,30
2.788
5,05
3.748
7,20
Mecânica, Metalúrgica e Material de Transporte
Bens Semi e Não-Duráveis
Alimentos, Bebidas e Fumo
Diversos
Fonte: Rodrigues (1998).
(1) Anunciadas em 1996 e 1997 a serem realizadas no período 1997/2002.
174
Em US$ milhões
%
A INDÚSTRIA INTENSIVA EM RECURSOS NATURAIS: NOVAS DINÂMICAS ...
portações nesse segmento e um considerável estreitamento
da capacidade ociosa – o que aponta para o esgotamento
da capacidade produtiva nacional, particularmente no caso
da indústria de produtos químicos (Andrade, Cunha e
Vieira, 1998; Montenegro e Monteiro Filha, 1997;
Macedo, Valença, Leite e Mattos, 1998; Andrade, Cunha,
Vieira e Keller, 1997).
A avaliação do padrão espacial das intenções de investimento também é relevante. Neste caso, os dados disponíveis abrangem também investimentos em infra-estrutura, comércio e serviços. Em 1997, o Município de São
Paulo apresentava as maiores intenções de investimento,
com amplo destaque para os setores de transportes e de
serviços. Em outras palavras, apesar da importância de
São Paulo no investimento total, para a indústria de transformação a tendência geral parece ser de nítida desconcentração. As novas plantas da indústria automobilística,
por exemplo, foram para o Paraná, Minas Gerais e Rio de
Janeiro, como se verá adiante; a indústria química tem
novos investimentos direcionados principalmente para a
Bahia, Rio de Janeiro e interior de São Paulo; a indústria
siderúrgica tem novas plantas e/ou investimentos programados para Minas Gerais, Espírito Santo, Ceará e Paraná; e a indústria de papel e celulose concentra seus maiores investimentos na Bahia, Minas Gerais, interior de São
Paulo e Paraná (Rodrigues, 1998).
Em síntese, verifica-se a ocorrência de um novo ciclo
de investimentos, restrito a certos segmentos da cadeia
produtiva, desconcentrado espacialmente e voltado para
setores problemáticos do ponto de vista ambiental: a indústria automobilística e a de bens intermediários. A seguir, detalharemos a informação apresentada anteriormente para este grupo específico de setores, tentando extrair
dados mais específicos a respeito da localização dos novos empreendimentos, de seu porte e de possíveis impactos ambientais.
O salto observado na produção e nas vendas pode ser
explicado por uma série de fatores convergentes, dentre
os quais destacam-se: a política de câmaras setoriais posta em prática a partir de 1992, que contribuiu para a redução do preço final do produto e a valorização dos modelos populares; o advento do Mercosul, que induziu a
adoção de estratégias de ação regional por parte das montadoras – centrada na especialização do Brasil em modelos populares e da Argentina em modelos médios; o Plano Real, que gerou um aumento expressivo da demanda a
partir de 1994, principalmente com o reestabelecimento
de mecanismos de crédito ao consumidor; e, finalmente,
o novo regime automotivo, que taxou fortemente a importação para as montadoras que não tinham fábricas ou
que não exportavam a partir do Brasil, ao mesmo tempo
que diminuiu impostos sobre a importação de componentes e reduziu o coeficiente de nacionalização dos veículos (Santos, 1998; Santos e Pinhão, 1997).
Como conseqüência, assistiu-se a novo ciclo de investimentos no setor, com a instalação de um número significativo de novas plantas e a atração de novas empresas
internacionais, até então ausentes do mercado brasileiro.
Depois de 1996, já foram construídas 12 novas fábricas,
totalizando um investimento de US$ 4,3 bilhões, e a capacidade instalada foi ampliada em 490 mil novas unidades por ano. Esta nova capacidade instalada corresponde
a um volume de produção potencial de, aproximadamente, 25% da produção registrada em 1997.5 Está também
prevista, ou em execução, a construção de mais 11 plantas, num volume de investimentos total da ordem de US$
4,7 bilhões. Parte deste investimento já está sendo concretizado, mas seria temerário afirmar que todos esses projetos serão concluídos nos próximos anos (Tabela 2).
Um aspecto importante desse processo é o padrão espacial desconcentrado das novas plantas automobilísticas.
Até recentemente, à exceção da Fiat em Betim (MG), quase
toda a produção brasileira estava localizada na Região
Metropolitana de São Paulo e no Vale do Paraíba (SP).
Nessa nova fase, dos US$ 4,3 bilhões já investidos, apenas 3,5% destinaram-se à RMSP (correspondente à fábrica da Land Rover) e 16,6% ao Estado de São Paulo (Land
Rover, Honda, Toyota e Volkswagen-motores). Os Estados com maiores investimentos foram o Paraná, com
47,7% (Chrysler, Renault e Volkswagen/Audi) e Minas
Gerais, com 24,5% (Fiat e Mercedes-Benz). Caso os investimentos previstos se concretizem, o Rio Grande do
Sul receberá investimentos importantes, ao lado do Paraná, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Bahia.
INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA
O segmento automobilístico – o mais importante do
grupo de bens duráveis – registrou notável crescimento,
mais do que duplicando sua produção na década. Em 1991,
foram produzidos 960 mil veículos e, em 1997, 2,1 milhões. Em 1998, porém, recuou-se para 1,6 milhão de unidades, em decorrência do processo recessivo. No período
1991-98, verificou-se também algum crescimento das
exportações e um forte incremento das importações, fenômeno praticamente inexistente no início da década.4
175
SÃO PAULO EM PERSPECTIVA, 13(1-2) 1999
TABELA 2
Investimento (1) em Novas Fábricas Automobilísticas
Brasil – 1996
Empresa
Cidade e UF
Produto
Belo Horizonte MG
Comerciais leves
Investimentos Realizados até Dezembro de 1998
Fiat
Honda
Chrysler
Mercedes-Benz
Investimento
Capacidade
(US$ milhões)
(mil unidades)
4.330
490,7
240
45
Fase do projeto
em dezembro
de 1998
Pronta
Sumaré SP
Automóveis
150
30
Pronta
Campo Largo PR
Comerciais leves
315
15
Pronta
Juiz de Fora MG
Automóveis
820
50
Testes
Renault
São José dos Pinhais PR
Automóveis
1000
120
Pronta
Toyota
Indaiatuba SP
Automóveis
150
30
Pronta
Volkswagen
São Carlos SP
Motores
270
-
Pronta
Pronta
Volkswagen
Resende RJ
Caminhões
250
-
São José dos Pinhais PR
Automóveis
750
168
Pronta
São Bernardo do Campo SP
Comerciais leves
150
1,5
Pronta
Caxias do Sul RS
Caminhões
200
1,2
Pronta
Catalão GO
Comerciais leves
35
30
Pronta
4.686
322
-
Ford
Camaçari BA
ND
700
ND
Terraplanagem
GM
Mogi das Cruzes SP
Componentes
150
-
GM
Gravataí RS
Automóveis
600
150
São José dos Pinhais PR
Motores
500
-
ND
Sete Lagoas MG
Comerciais leves
240
12
ND
Curitiba PR
Motores e Cabines
90
-
Simões Filho BA
Comerciais leves
286
30
Parado
Volkswagen-Audi
Land Rover
Navistar
Mitsubishi
Investimentos Previstos ou em Realização
Renault
Iveco – Fiat
Volvo
Hyundai
Kia
Peugeot-Citröen
Chrysler-BMW
Fiat
Acabamento
Estruturas
ND
Itu SP
Caminhões
42
10
Parado
Porto Real RJ
Automóveis
600
100
ND
Campo Largo PR
Motores
500
-
ND
Betim MG
Motores
500
-
Terraplanagem
Fonte: Anuário Estatístico da Anfavea, 1998 (site: www.anfavea.com.br).
(1) A partir de 1996.
Nota: ND: não disponível.
Esta aparente consolidação do processo de desconcentração industrial, ao menos no caso da indústria automobilística, será tanto mais verdade quanto mais as novas
montadoras atraírem fornecedores para suas imediações.
Novos processos de gestão empresarial, tais como o justin-time, requerem grande proximidade entre fornecedores e fabricantes, de modo a assegurar a minimização dos
estoques e a agilização das entregas.6
- impactos derivados do aumento da produção. Em face
da expansão da capacidade instalada, a indústria automobilística deverá aumentar a produção a médio prazo, inclusive através de exportações (que passaram a ser estimuladas pela desvalorização cambial de 1999). O
segmento apresenta grandes efeitos multiplicadores “para
trás”, isto é, seu crescimento induz aumentos significativos da produção em outros segmentos, tais como autopeças, siderurgia, borrachas, químicos, etc.7 Em outras palavras, o aumento da produção resultará em impactos
ambientais em todos os elos da cadeia produtiva associada ao segmento;
Principais Aspectos Ambientais
Do ponto de vista ambiental, a forte expansão da indústria automobilística no Brasil tem uma série de conseqüências, que podemos relacionar de forma especulativa:
- impactos derivados da expansão da frota. O aumento
da produção deverá ter efeitos importantes sobre o au-
176
A INDÚSTRIA INTENSIVA EM RECURSOS NATURAIS: NOVAS DINÂMICAS ...
mento da frota. Mesmo diante da crise de 1999, é provável que a indústria e seus trabalhadores pressionem o setor público para obter políticas específicas de estímulo à
produção automobilística, como é o caso da recente proposta de redução no IPI e ICMS. Como sabemos, mesmo
com o desenvolvimento de modelos de automóveis menos agressivos ao meio ambiente, o aumento da frota inevitavelmente contribui para a poluição urbana, além de
gerar impactos secundários derivados das necessidades
de expansão dos eixos viários e da reciclagem dos automóveis. Esta possibilidade é tanto mais real em face da
crise no sistema de transporte público, que apresenta queda
no número de passageiros;8
o de produtos duráveis, por exemplo. No mesmo período, a produção mundial caiu em termos absolutos, o
que confirma o quadro de superoferta siderúrgica em
nível mundial. 11
De certa forma, o baixo crescimento da produção brasileira pode ser explicado pelo fato de o consumo aparente de aço ter oscilado entre 50% e 60% da produção
nacional na última década, gerando um excedente a ser
oferecido a um mercado internacional superabastecido.
Ao mesmo tempo, as transformações ocorridas nos últimos anos, como a privatização do setor e a emergência
de novos e complexos arranjos societários, fez com que o
aumento físico da produção não tenha constituído uma
prioridade da indústria na década de 90.
Isto não significa um baixo nível de investimentos. O
investimento anual triplicou, entre 1990 e 1996, e o plano de modernização da siderurgia prevê o investimentos
de US$ 6,0 bilhões entre 1996 e 2000 (Andrade et alii,
1997). Quase todo recurso é destinado ao aumento da produtividade (que dobrou entre 90 e 96) e ao enobrecimento
da linha de produtos.12 Ainda assim, observa-se a presença
de produtos de baixo valor agregado. A produção de semiacabados, por exemplo, corresponde a 25% do total nacional, grande parte dela destinada à exportação. Em 1997,
a exportação destes produtos atingiu 5,2 milhões de toneladas (82% da produção total), principalmente nas plantas da CST e Açominas (BNDES, 1998:1). Os semi-acabados respondem por quase 50% da exportação brasileira
de siderúrgicos e foi o único segmento da siderurgia que
apresentou crescimento expressivo das exportações na
década (6,6% ao ano) (BNDES, 1998b). No sentido contrário, quase toda importação de siderúrgicos é composta
por aços nobres, cujo preço médio é até quatro vezes maior
do que o do produto tipicamente exportado (Andrade et
alii, 1997).
- impactos regionais. Os novos investimentos da indústria automobilística colocam no mapa industrial brasileiro regiões e localidades com menos tradição institucional de controle dos impactos ambientais da indústria de
transformação. Nesse sentido, o padrão desconcentrado
dos novos investimentos tenderia a gerar problemas urbanísticos e ambientais importantes nestas novas áreas, o
que tem ocorrido mesmo quando esse tipo de investimento
é capaz de gerar mais renda e emprego em nível local.9
Em síntese, já se delineou o novo ciclo de investimentos do setor automobilístico. Com isto, prevêem-se impactos significativos sobre o meio ambiente, seja devido
a seus efeitos multiplicadores (“para trás”, junto aos fornecedores, e “para frente”, junto aos consumidores), seja
devido ao seu novo padrão espacial, com clara tendência
à desconcentração. A intensidade e a profundidade destes impactos dependerão evidentemente de uma série de
elementos impossíveis de serem previstos no momento,
tais como o próprio ritmo de crescimento econômico futuro, as decisões mais gerais de política industrial, a política de controle ambiental nacional e local, o fortalecimento da sociedade civil em nível local, etc. De qualquer
modo, as bases físicas para o crescimento da produção de
automóveis estão lançadas e esse crescimento (assim como
seu impacto) deverá se concretizar na próxima década.
Novos Aspectos Institucionais e Ambientais
Na década de 90, nenhuma planta siderúrgica de grande porte foi inaugurada no Brasil, o que é bastante relevante do ponto de vista ambiental. Além do quadro de
elevada oferta siderúrgica mundial, o não surgimento de
novas plantas pode ser explicado pelo complexo quadro
societário que emergiu da privatização. Os principais grupos econômicos envolvidos são o Usiminas/Cosipa; CSN/
Vale do Rio Doce; Acesita/CST; Gerdau/Açominas; e
Belgo Mineira/Mendes Júnior. É forte ainda a participação em quase todas as empresas dos fundos de pensão das
INDÚSTRIA SIDERÚRGICA
A indústria siderúrgica brasileira é a oitava produtora mundial de aço, tendo mantido, entre 1996 e 1998,
uma produção total em torno de 25 milhões de toneladas, ou aproximadamente 3,2% da produção mundial.10
O crescimento ocorrido na produção foi de apenas 25%,
entre 1990 e 1997, valor relativamente pequeno em face
do crescimento de outros segmentos industriais, como
177
SÃO PAULO EM PERSPECTIVA, 13(1-2) 1999
estatais e ex-estatais, bem como a presença ubíqua da Vale
do Rio Doce, que faz parte da composição societária da
CSN, Usiminas, CST e Açominas, enquanto é controlada
pela CSN e fundos de pensão (Andrade et alii, 1997; Torres et alii, 1997).
O Grupo Usiminas, o maior nacional, conhecido por
sua elevada produtividade, debate-se com a aquisição da
Cosipa. A empresa de Cubatão vem enfrentando elevado
grau de endividamento, baixo desempenho produtivo e
pesado passivo ambiental. As principais unidades desse
grupo são usinas integradas a coque, processo que se caracteriza pela elevada emissão de poluentes, o que é apenas parcialmente mitigado pelo importante investimento
ambiental que o grupo tem realizado (Torres et alii,
1997).13
O Grupo CSN vem se afirmando por uma ousada estratégia de endividamento externo, que culminou com a
aquisição de importante participação na Cia. Vale do Rio
Doce. Tal estratégia foi colocada em cheque pela desvalorização da moeda, sugerindo a possibilidade de novos
arranjos societários. Neste período, o grupo anunciou a
construção de três novas plantas semi-integradas (ministeel) no Ceará (CSC), Paraná (Cisa) e Rio de Janeiro
(GalvaSud), totalizando um investimento de US$ 1,3 bilhão, a ser desembolsado entre 1998 e 2001.14 Provavelmente, parte deste investimento será revista diante do novo
quadro econômico-financeiro da empresa. Os investimentos em usinas semi-integradas (sem coqueria) sugere uma
opção por projetos de menor repercussão ambiental. Além
disso, a CSN tem um projeto de investimentos ambientais de R$ 170 milhões, entre 1999 e 2001, para a planta
de Volta Redonda, envolvendo a ampliação da estação de
tratamento biológico de efluentes, bem como a implantação de sistemas de despoeiramento para o alto forno e
baterias de coque.15
A participação dos fundos de pensão na Acesita foi recentemente adquirida pela francesa Usinor, que também
passou a controlar indiretamente a CST. Esta mudança
resolveu o quadro de forte endividamento do grupo e abriu
um cenário de expansão da produção. Recentemente, a
CST confirmou a construção de um laminador de tiras a
quente em sua planta em Tubarão (ES), entrando no mercado de produtos acabados no Brasil. A se confirmar, este
é o maior investimento siderúrgico previsto para o futuro
próximo (US$ 1,2 bilhão), o que permitirá uma expansão
significativa da capacidade instalada brasileira nos próximos anos (Andrade et alii, 1997). Historicamente, a
Acesita não é reconhecida como uma empresa preocupa-
da com o meio ambiente, apresentando parâmetros de poluição piores do que outras siderúrgicas do Vale do Aço (Torres et alii, 1997). É provável que a entrada de investidores
internacionais e a orientação exportadora da CST estimulem um maior comprometimento ambiental deste grupo.
O mercado de aços não planos é monopolizado pelos
grupos Belgo Mineira e Gerdau, e vem apresentando crescimento modesto nos últimos anos. O primeiro grupo ainda
está por consolidar sua participação na Siderúrgica Mendes Júnior, de Juiz de Fora, enquanto o segundo persegue
uma estratégia de expansão internacional, com plantas na
Argentina, Chile e Canadá, além de deter importante participação na Açominas.16 Recentemente, a Gerdau anunciou a aquisição de uma siderúrgica nos Estados Unidos.
As plantas desses grupos – por não usarem coqueria –
apresentam menores níveis de poluição. No entanto, tanto a Belgo quanto a Gerdau continuam a operar plantas
antigas, como as de Sabará (Belgo) e Barão de Cocais
(Gerdau), em Minas Gerais. Isto implica impactos ambientais importantes e lança dúvidas sobre seu compromisso
ambiental (Torres et alii, 1997).
Por uma questão de custos (e devido a pressões ambientais), o carvão vegetal é cada vez menos utilizado na
siderurgia de grande porte (Torres et alii, 1997), mas é
amplamente empregado na produção de ferro gusa. A
produção chegou a 24 milhões de toneladas, em 1996,
pulverizada em empresas de médio e pequeno portes distribuídas por distintas áreas do interior do país (inclusive
no sul do Pará), o que dificulta sobremaneira o controle
sobre o consumo de carvão vegetal de origem nativa. Não
existem indicações de qualquer expansão na produção de
gusa nos últimos dez anos (Andrade et alii, 1997).
Em síntese, a indústria siderúrgica brasileira não deve
ser pensada nos anos 90 pelo lado do aumento da produção, mas principalmente por sua intensa transformação
no plano microeconômico. Observa-se um novo arranjo
societário (ainda não concluído), redução do nível de
emprego, aumento da produtividade e uma preocupação
moderada com a questão ambiental, principalmente entre
os grupos exportadores. No entanto, as características tecnológicas do segmento não permitem um avanço radical
neste campo. Para o futuro, o enobrecimento da linha de
produtos parece ser a mais promissora estratégia de crescimento, tanto do ponto de vista financeiro como da busca de maior sustentabilidade, por assegurar um maior
volume de vendas para uma mesma quantidade de matérias-primas. Esta estratégia dependerá do avanço da capacitação tecnológica das empresas, fenômeno heterogê-
178
A INDÚSTRIA INTENSIVA EM RECURSOS NATURAIS: NOVAS DINÂMICAS ...
neo na siderurgia nacional (Ferraz; Kupfer e Haguenauer,
1997).
tisse maior integração vertical. A liquidação do Grupo
Econômico acrescentou dificuldades ao processo, uma vez
que a Norquisa (sua controlada) possuía uma participação importante na central de matérias-primas do pólo de
Camaçari, BA (Copene). Assiste-se, desde então, a uma
disputa (a ser mediada pelo governo federal, uma vez que
o Banco Central assumiu os ativos remanescentes do grupo
Econômico) entre os grupos Odebrecht e Dow Química
pelo controle da Norquisa.19
A este complexo quadro societário, podem-se acrescentar outros importantes atores nacionais e internacionais envolvidos no processo. 20 Por um lado, o BNDES
parece ter tentado viabilizar, ainda sem sucesso, repetidos esforços de consolidação do quadro societário, principalmente através da concessão de crédito e de sua participação no processo de venda da Norquisa. É difícil
compreender o papel da Petrobrás, uma vez que – mesmo
após a privatização do setor – a empresa ainda manteve o
controle de uma empresa importante (a Petroquisa) e, recentemente, apresentou novos projetos, em conjunto com
o Grupo Odebrecht, para a produção de polipropileno em
Paulínia, no Estado de São Paulo (Rodrigues, 1998).
De certa forma, o apoio do BNDES ao setor parece
fundamentar-se, até o momento, menos na lógica de política industrial propriamente dita e mais na preocupação
com o forte saldo negativo da balança comercial do setor
(Suzigan e Villela, 1997). A verdade é que os dados sobre o déficit comercial do setor realmente sugerem um
quadro de esgotamento da capacidade produtiva nacional, principalmente nas áreas de resina PET, poliestireno,
policarbonato, fibras artificiais, náilon e fertilizantes, nas
quais o consumo aparente tem sido consistentemente maior
do que a produção nacional nos últimos cinco anos
(Montenegro e Monteiro Filha, 1997).
De qualquer modo, vale a pena insistir no argumento
de que, sem uma consolidação do quadro societário, é improvável que a situação de déficit estrutural do setor venha a ser contornada. O déficit comercial diminuirá no
curto prazo devido à recessão de 1999, mas, na eventualidade do retorno do crescimento, voltará a elevar-se.
Existem intenções de investimento importantes, tais como
o projeto do Grupo Odebrecht, em Paulínia, e o pólo gásquímico do Rio de Janeiro (sob a liderança dos grupos
Suzano, Marini e Unipar). Estas propostas estão em questão, em face desta instabilidade societária e do novo quadro econômico do país após a crise cambial de 1999. O
Grupo Marini, por exemplo, vem anunciando repetidamente a intenção de vender sua participação acionária na
INDÚSTRIA DE PRODUTOS QUÍMICOS
Ao contrário dos outros ramos da indústria de bens
intermediários, a indústria de produtos químicos vem registrando saldos comerciais negativos ao longo da década de 90. Em 1996, por exemplo, foi de US$ 5,97 bilhões, pressionado especialmente pelas áreas de
produtos químicos orgânicos (saldo negativo de US$
2,17 bilhões), plástico e suas obras (US$ 0,96 bilhão),
adubos e fertilizantes (US$ 0,80 bilhão) e produtos farmacêuticos (US$ 0,7 bilhão) (Montenegro e Monteiro
Filha, 1997). Este processo inverteu a tendência dos
anos 80, quando a indústria de produtos químicos logrou obter saldos positivos, embora mais modestos do
que da siderurgia e da celulose.
Estes elementos refletem, em parte, um quadro de baixa competitividade da indústria de produtos químicos no
Brasil. De fato, a indústria química tem sido considerada
pouco competitiva por uma série de razões: o pequeno
porte relativo das empresas que emergiram do processo
de privatização; a baixa integração vertical dos processos produtivos dentro dos pólos petroquímicos (Bahia, São
Paulo e Rio Grande do Sul), levando a perdas fiscais e
deseconomias de escala; a baixa capacitação tecnológica
e de inovação das empresas do setor; e a superoferta mundial de produtos petroquímicos derivada de investimentos realizados nos países produtores de petróleo (Ferraz;
Kupfer e Haguenauer, 1997).17
O famoso modelo tripartite (capitais estatal, privado
nacional e multinacional), que deu origem à expansão
petroquímica brasileira nos anos 70, acabou redundando
num quadro societário complexo e instável pós-privatização. Por exemplo, a Odebrecht Petroquímica, através
de suas subsidiárias OPP e OPE, controla parcialmente a
Copesul (central de matérias-primas do pólo de Triunfo,
RS) em conjunto com o grupo Ipiranga (através de suas
controladas Empetro e IPG), Petroquisa (nas mãos da
Petrobrás) e Conepar (pertencente ao Grupo Econômico,
em liquidação).18 O controle da central de matérias-primas é fundamental para que as empresas a jusante no processo produtivo possam ser eficientes.
É evidente a rede cruzada de propriedades, no contexto de um tipo de processo produtivo contínuo e integrado
física e territorialmente, que resultam em ineficiências gerenciais, fiscais e técnicas que seriam evitadas caso exis-
179
SÃO PAULO EM PERSPECTIVA, 13(1-2) 1999
Petroquímica, para se concentrar na atividade bancária.21
O Grupo Odebrecht tem uma grande dívida em dólares,
que teve um acréscimo substancial com a desvalorização
cambial.22 Neste contexto, a Dow Química, que se fundiu ao Grupo Union Carbide, poderá crescer no Brasil ao
optar por uma estratégia expansão através de aquisições,
em vez de optar por novas plantas.23
zados silenciosamente por milhares de famílias que residem em áreas como Camaçari e Cubatão.
Em síntese, as tentativas de retomada dos investimentos (fruto do elevado consumo interno e do déficit comercial) podem ser frustradas devido às indefinições no quadro societário, geradas pelo processo de privatização. Do
ponto de vista ambiental, expansões horizontais da indústria – implicando simplesmente a maior produção de petroquímicos básicos (eteno, propeno, butadieno, benzeno
e p-xileno) – são obviamente problemáticas. Expansões
verticais na geração de petroquímicos intermediários e
finais, mesmo que lesivas ao meio ambiente, poderiam,
em tese, justificar-se por levar ao aumento do valor agregado total, resultando em maior eficiência no uso de matérias-primas em importante redução do volume de importações, concentradas, sobretudo, nestes ramos de maior
valor agregado (Montenegro e Monteiro Filha, 1997). De
qualquer modo, se fosse este o caso, tais investimentos
deveriam ser acompanhados de um intenso monitoramento
por parte do setor público, o que nem sempre ocorre.
Principais Aspectos Ambientais
A instabilidade do regime societário, causada pelo processo de privatização do segmento de produtos químicos
– numa modelagem que parece ter dado pouca atenção às
conseqüências de longo prazo da privatização do setor –
gerou um quadro de semiparalisia que, em nossa opinião,
só deverá ser superado na eventualidade da ocorrência de
duas hipóteses alternativas: o aprofundamento da internacionalização do segmento, com a entrada de atores internacionais de grande porte nas centrais de matérias-primas e outros pontos nodais do processo produtivo; e uma
ação articulada entre BNDES e Petrobrás, no sentido de
auxiliar a consolidação dos grupos nacionais em um conjunto menor e mais orgânico de empresas.
A reestruturação societária pela qual provavelmente passará este segmento poderá ter conseqüências significativas do ponto de vista ambiental. Em tese, empresas de grande porte – com maior capacidade
financeira e um grau mais elevado de exposição ao
mercado internacional – têm se mostrado mais sensíveis à questão ambiental e melhor preparadas para lidar com as pressões comunitárias e institucionais. Um
número menor de atores permitirá uma interlocução
mais fluida e um quadro mais bem definido para a negociação de conflitos. Evidentemente, esta possibilidade depende do fortalecimento da capacidade institucional e comunitária em nível local.
A indústria de produtos químicos no Brasil produz
grandes externalidades, tendo um longo histórico de acidentes industriais, de desrespeito à saúde do trabalhador
e às comunidades onde estão implantadas e de falta de
preocupação com o meio ambiente e a qualidade de vida.
Por exemplo, entre 1983 e 1993, foi noticiada na imprensa de Salvador a ocorrência de 193 acidentes industriais
relacionados ao Pólo de Camaçari (mais de um acidente
por mês), sendo que 114 ocorrências envolviam explosões, incêndios, vazamentos e/ou tombamentos de cargas
(Franco e Afonso, 1997:191). Na prática, os custos destes acidentes são cobertos pelo setor público ou sociali-
INDÚSTRIA DE PAPEL E CELULOSE
A balança comercial do setor de celulose brasileiro vem
apresentando superávit desde de 1979, tendo gerado um
saldo positivo de US$ 900 milhões em 1997. Neste ano,
foram produzidas 6,3 milhões de toneladas de celulose,
das quais aproximadamente um terço (2,3 milhões) foi
exportado (Macedo et alii, 1998). A produção total de
celulose apresentou um acréscimo de 5,7% em 1998, quando atingiu o volume de 6,7 milhões de toneladas.24
A produção nacional de papel, ao contrário da de celulose, manteve-se estagnada entre 1997 e 1998. Trata-se
de um segmento em que o saldo comercial é menos significativo, tendo sido praticamente nulo no ano de 1996.
Mesmo quando ocorreram exportações, estas se concentraram em produtos menos nobres, tais como o kraftliner
(papel para embalagens de papelão ondulado) e o papel
para imprimir não revestido (Macedo et alii, 1998). Em
outras palavras, no caso do segmento de papel e celulose,
repete-se o quadro geral verificado para bens intermediários: o país é exportador no segmento menos nobre, enquanto continua importador nos de maior valor agregado.
A produção brasileira de celulose é fortemente concentrada no ramo de celulose de fibra curta branqueada,
com 70,5% da produção total em 1998. Trata-se basicamente de um produto oriundo do eucalipto, no qual o
180
A INDÚSTRIA INTENSIVA EM RECURSOS NATURAIS: NOVAS DINÂMICAS ...
Brasil é considerado altamente competitivo devido ao
baixo tempo de crescimento desta planta devido ao elevado nível de insolação (Macedo et alii, 1998).
Champion, Klabim, Igaras, Ripasa e Impacel (Macedo et
alii, 1998). Assim como no caso da celulose, as empresas do ramo de papel são predominantemente nacionais. Muitas delas operam com tecnologia de fibras
longas, derivadas de florestas de Pinus, mais compatíveis com o clima temperado do Sul do País. Ao contrário da celulose, são empresas bastante dependentes do
mercado interno.
Estudos do BNDES sugerem a necessidade de uma significativa expansão da produção de celulose e papel caso
o país pretenda continuar a ser exportador no segmento
nos próximos anos (Macedo et alii, 1998). É evidente,
porém, que este investimento seria mais sustentável do
ponto de vista ambiental se perseguisse uma estratégia de
enobrecimento da linha de produtos e não de aumento da
produção bruta de celulose, como sugere a perspectiva
do projeto Celmar. Este projeto localiza-se na amazônia
maranhense, região polêmica para a implementação de
uma floresta homogênea de grande porte.
Em síntese, a área de papel e celulose pode ser considerada como típica do setor de bens intermediários no
Brasil: empresas de grande porte, fortemente exportadoras, baixa sofisticação da linha de produtos e elevados
impactos ambientais. De fato – mesmo considerando a
ocorrência de investimentos ambientais significativos
– o impacto ambiental deve ser visto como relativamente inerente ao segmento, dado o elevado conteúdo de
recursos naturais e as extensas áreas necessárias à sua
implantação.
Aspectos Institucionais e Ambientais
O processo de branqueamento da celulose por meio de
cloro é poluente e provoca um forte odor, responsável pela
impopularidade das plantas de celulose em áreas urbanas.25 No período recente, empresas brasileiras têm adotado outros processos de branqueamento (como no caso
das expansões da Cenibra e Riocell), caracterizando importante investimento ambiental em suas plantas industriais (Paula, 1997).
De modo geral, as empresas do setor são – por sua orientação exportadora – relativamente sensíveis à questão
ambiental, embora o impacto das plantas de celulose não
seja o elemento mais significativo. De fato, o seu maior
impacto está relacionado aos grandes maciços florestais,
que necessariamente acompanham esses projetos. Em
geral, a implantação destes maciços é acompanhada de
concentração fundiária e forte redução da biodiversidade,
mesmo quando estes empreendimentos se localizam em
locais previamente desmatados (Paula, 1997). A principal área de produção de celulose no Brasil está localizada numa região de Mata Atlântica, ao longo da margem
esquerda do rio Doce, mais especificamente no triângulo
formado pelo Vale do Aço, no leste de Minas Gerais
(Cenibra), norte do Espírito Santo (Aracruz) e sul da Bahia
(Bahia Sul). Estas três empresas foram responsáveis por
83% das exportações brasileiras de celulose em 1996, num
total de 1,9 milhão de toneladas (Macedo et alii, 1998).26
Assim como no caso da siderurgia, a presença da Cia.
Vale do Rio Doce é significativa, sendo sócia dos projetos da Cenibra e Bahia Sul. Mais recentemente, a Vale do
Rio Doce lançou o projeto Celmar (MA), com a intenção
de reproduzir as condições que viabilizaram a Cenibra:
grande oferta de terras baratas, elevada insolação e logística adequada (estrada de ferro-porto), viabilizada pelos
investimentos prévios do projeto Carajás. A continuidade da Celmar dependerá, no entanto, do direcionamento
estratégico da Vale do Rio Doce no contexto de sua recente privatização e da crise cambial de 1999.
O ramo de papel apresenta um perfil de localização
espacial diferente do de celulose, com as principais empresas localizadas no Centro-Sul do país, destacando-se
os Estados de São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul. Os
principais grupos são o Votorantim (ex-Simão), Suzano,
CONCLUSÕES
Buscamos mostrar, ao longo do artigo, que as características históricas do processo industrial condicionam
sobremaneira a dinâmica ambiental da indústria. De fato,
é evidente que certos processos industriais são mais poluentes que outros. Neste sentido, a herança do II PND
ainda condiciona a intensidade dos impactos ambientais
da indústria no Brasil, por ter fomentado de forma maciça a indústria de bens intermediários, poluente, intensiva
em recursos naturais e energia. Por outro lado, o acentuado crescimento recente da indústria automobilística anuncia um cenário de agravamento dos impactos produzidos
por este segmento. Em face destas heranças, os caminhos
para a sustentabilidade não deixam de ser tortuosos para
a indústria brasileira. Vale destacar alguns elementos:
- os dados disponíveis indicam que está se delineando um
novo ciclo de investimentos, capitaneado pela indústria
181
SÃO PAULO EM PERSPECTIVA, 13(1-2) 1999
empresas se orientarem por um crescimento horizontal,
via aumento da capacidade produtiva de produtos básicos, isto acarretará impactos ambientais muito mais substanciais do que aqueles gerados por um aumento do valor
da produção derivado do enobrecimento da linha de produtos;
automobilística, que já implantou 12 novas fábricas no
período recente. Esta dinâmica acarretará impactos importantes nos outros elos da cadeia produtiva, inclusive
na indústria de bens intermediários;
- a abertura comercial impôs uma lógica de competição
internacional à indústria de bens intermediários, o que induziu uma importante modernização, o aumento da produtividade e a redução do nível de emprego. Até agora, a
maior parte do investimento foi canalizada para a modernização produtiva, e não para a instalação de novos equipamentos industriais;
- as empresas passaram a dar mais atenção à questão ambiental, mesmo que nem sempre isto se traduzisse em procedimentos completos de controle. A principal razão para
tanto decorre do elevado grau de exposição internacional
das empresas envolvidas, o que envolve o risco de perda
de mercado no caso de adoção de práticas ambientais consideradas inadequadas nos países importadores. Mesmo
assim, muitos desses procedimentos de controle são parciais (Franco, 1997), ou se preocupam apenas com intervenções no final do processo produtivo (do tipo end of
the pipe), sem atuar nas várias etapas da produção ou no
contexto do ciclo do produto (Paula, 1997);
- é plausível esperar um crescimento importante da demanda futura por automóveis e bens intermediários, principalmente porque o consumo per capita desses itens no
Brasil é bastante modesto em termos internacionais
(Ferraz; Kupfer e Haguenauer, 1997);
- a indústria de bens intermediários continua a apresentar
um padrão bastante desconcentrado de localização industrial, estando presente em áreas pouco industrializadas,
menos urbanizadas e com menor tradição institucional e
comunitária de oposição a seus impactos ambientais. A
indústria automobilística, no período recente, passa a apresentar um padrão locacional mais desconcentrado;
- as economias de escala e a logística têm um papel essencial na rentabilidade dos segmentos de bens intermediários e automobilístico, o que implica a operação de
grandes equipamentos integrados a partir de redes (muitas vezes próprias) de transporte ferroviário e marítimo.
Neste sentido, o conceito de impactos ambientais ampliados, referido também aos sistemas de transporte e armazenamento de matérias-primas e produtos finais, ganha
particular relevância para o gerenciamento ambiental deste
segmento.
- houve um completo rearranjo do perfil societário no
segmento de bens intermediários no Brasil. As empresas
estatais saíram de cena dando lugar a grupos predominantemente nacionais, num quadro não totalmente definido. Entre os principais atores cabe destacar a Cia. Vale
do Rio Doce e os grupos Votorantim, Odebrecht, Ipiranga, Suzano e Gerdau, bem como diversos fundos de pensão e bancos nacionais,27 com participações cruzadas em
quase todas as empresas do segmento;
Dentre as estratégias de crescimento empresarial, o
enobrecimento da linha de produtos – por permitir o aumento do valor da produção sem um aumento proporcional do conteúdo material do produto – parece ser a mais
adequada do ponto de vista ambiental, possibilitando também melhores condições de competitividade. De fato,
mostramos que uma das principais características da indústria de bens intermediários no Brasil é a baixa sofisticação de sua linha de produtos. As empresas brasileiras
do segmento têm tido mais facilidade em exportar alumina
do que alumínio; celulose do que papel; produtos semiacabados do que aços planos e especiais, etc.29 Muitas
vezes, mesmo exportando os produtos primários, a indústria brasileira é obrigada a importar os bens intermediários mais sofisticados. Em outras palavras, as empresas
brasileiras têm se dedicado mais àqueles segmentos de
menor capacitação tecnológica e menor valor agregado.
Quanto maior o volume de tecnologia incorporado a
um dado produto, maior é o conteúdo “informacional”
- o BNDES passou recentemente a financiar indústrias
multinacionais investindo no Brasil e empresas do setor
de comércio e serviços, ampliando significativamente o
seu espectro de atuação. O banco vem anunciando o interesse em estimular fusões de empresas nacionais, principalmente no setor de bens intermediários.28 Este último
elemento permitiria que a agência, em tese, pudesse desempenhar também um papel mais agressivo na vinculação entre concessão de crédito e práticas ambientais adequadas, numa lógica de atuação por cadeias produtivas;
- as lógicas de expansão corporativa, a disponibilidade
de financiamento e o investimento em capacitação tecnológica vão, em grande medida, condicionar o impacto
ambiental potencial desses segmentos no futuro. Se as
182
A INDÚSTRIA INTENSIVA EM RECURSOS NATURAIS: NOVAS DINÂMICAS ...
como porcentagem do valor total do produto, e menor é
seu conteúdo material (matérias-primas, energia, etc.). Em
outras palavras, ao se especializar em commodities industriais de baixo conteúdo tecnológico, o país está exportando proporcionalmente mais matérias-primas do que
conhecimento, ao contrário de outros países que – operando no mesmo setor – investem em produtos mais nobres e diferenciados.
Não por acaso, o enobrecimento das linhas de produto
é considerado uma proposta crucial para o aumento da
competitividade da indústria de bens intermediários brasileira (Ferraz; Kupfer e Haguenauer, 1997). Evidentemente, esta proposta pode também ser considerada, de
modo geral, como consistente com o objetivo de aumentar o grau de sustentabilidade desta indústria, uma vez que
tende a implicar aumentos no valor total produzido e exportado, sem necessariamente elevar o consumo de matérias-primas. 30 No entanto, nem sempre as condições
de possibilidade desta estratégia estão dadas. Isto depende da capacidade financeira, tecnológica e organizacional das empresas, bem como do conjunto de estímulos eventuais que as políticas creditícia, cambial e
fiscal possam induzir.
Isto implica também preocupações com diversas dimensões do processo produtivo, tais como a logística, a escala, a capacitação tecnológica, a qualificação da mão-deobra, o sistema de crédito, o sistema tributário e o meio
ambiente, gerando intervenções que têm o potencial de
induzir ganhos competitivos ao longo de toda a cadeia
produtiva em um dado segmento industrial, e desencadeando processos sustentáveis economicamente e do ponto de
vista ambiental no longo prazo (Ferraz; Kupfer e
Haguenauer, 1997). Neste sentido, lógicas de maximização de lucros de longo prazo tendem a ser mais capazes
de incorporar características de sustentabilidade do que
lógicas de curto prazo. Em tese, as lógicas de longo prazo podem ser induzidas pelo Estado, seja pela alteração
das condições gerais da economia, seja pela interferência
no sistema de financiamento à produção, etc. Estratégias
de crescimento mais sustentáveis poderiam ser desenvolvidas pelas agências públicas (como o BNDES e Ministério do Desenvolvimento), que controlam instrumentos
de crédito bem como formulam políticas tarifárias e de
comércio exterior, e continuam sendo acionistas (direta
ou indiretamente) de empresas do segmento. Além disso,
sem um quadro legal e institucional estabelecido e sem
pressões sociais intensas, apenas algumas indústrias vão
se mobilizar no sentido da adoção de padrões ambientais
mais adequados. Assim, o avanço democrático, que traz
consigo o fortalecimento de instituições independentes de
monitoramento e repressão a práticas ambientais inadequadas, bem como o maior grau de organização comunitária e sindical contrárias a situações de degradação ambiental, é também essencial para que as indústrias
brasileiras possam avançar no sentido de uma maior sustentabilidade.
De fato, o enobrecimento da linha de produtos não é –
por si só – garantia de menor impacto ambiental. Este
processo deve ser acompanhado por intenso monitoramento por parte dos órgãos de gestão ambiental e também da
sociedade local. Em tese, há chances de que esta pressão
tenha algum significado, visto que as empresas deste segmento são de grande porte, têm capacidade financeira
compatível com significativos investimentos ambientais
e dificilmente vão mudar de lugar em função da pressão
social, devido ao alto custo do deslocamento de suas instalações industriais (Torres et alii, 1997).
No presente momento, quando a própria importância
de uma política industrial é objeto de controvérsia, consideramos improvável que intelectuais e organizações
ambientalistas possam viabilizar proposições de “política industrial ambientalizada”. Se, e quando, uma nova
política industrial vier a ser implementada, o movimento
ambiental poderá propor não apenas a vinculação do crédito oficial a instrumentos efetivos de proteção ambiental, mas discutir a lógica de estímulo a determinados setores produtivos, que podem induzir impactos ambientais
e externalidades tão significativos como aqueles gerados
pela indústria química.
Neste caso, restaria buscar o reforço da capacidade de
fiscalização ambiental em nível local, bem como o fortalecimento e conscientização dos movimentos sindicais e comunitários das áreas afetadas pela degradação. Nem sempre
estas tentativas são bem-sucedidas. A rigor, a história das
lutas sindicais, comunitárias e ambientais de cada local condicionam em grande medida a eficácia deste tipo de estratégia (Braga e Monte-Mór, 1996; Borges e Franco, 1997).
Trata-se, porém, da única forma de que dispõe o movimento ambiental, no momento, de promover transformações
adicionais nas práticas ambientais das grandes indústrias.
NOTAS
E-mail do autor: [email protected]
1. A indústria de bens intermediários engloba siderurgia, química, papel e celulose e minerais não-metálicos. Este segmento é considerado parte do grupo de
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SÃO PAULO EM PERSPECTIVA, 13(1-2) 1999
commodities industriais. São bens padronizados, de baixo valor unitário e oriundos de processos contínuos de produção. Uma de suas principais características
tem a ver com o fato de que seus produtos são negociados em bolsas internacionais de mercadorias (ou cotados em revistas especializadas) e os preços sofrem
grandes oscilações determinadas pelos níveis de demanda (Ferraz; Kupfer e
Haguenauer, 1997).
25. Este fenômeno ficou bem caracterizado na polêmica sobre a expansão da
Riocell, na periferia de Porto Alegre.
26. O Projeto da Vera Cruz Celulose, em implantação pelo Grupo Odebrecht,
localiza-se na mesma região.
27. O Banco Safra, por exemplo, é acionista da Aracruz. O Bradesco tem participação em diversas empresas do segmento de bens intermediários, inclusive na
CSN; o Banco Itaú tem importante participação no setor químico.
2. Não discutimos aqui o caso da mineração, nem o da indústria de alumínio.
Também não incluímos também o setor petroquímico na análise da indústria
química, devido à dificuldade de isolá-lo da produção de petróleo (indústria extrativa). Para a indústria de alumínio, ver Andrade, Cunha e Vieira (1998).
28. Gazeta Mercantil, 10.02.99, p.C1.
29. “Assim como nos insumos metálicos e na indústria de produtos químicos, os
níveis de eficiência e produtividade (da indústria de papel e celulose) decrescem
ao longo da cadeia produtiva. Quanto mais longe da base de recursos naturais,
menor a competitividade do conjunto de empresas e maior a dispersão das
capacitações entre empresas. A evolução para produtos de maior valor unitário
requer capacitação em tecnologia e qualidade” (Ferraz; Kupfer e Haguenauer,
1997:144).
3. Os dados relativos à evolução da produção em termos de valor apresentam um
quadro subestimado do aumento da produção em termos físicos, que constitui a
unidade relevante do ponto de vista do estudo do impacto ambiental da indústria.
4. Ver Anfavea, 1998 (www.anfavea.com.br).
5. Esses dados referem-se apenas aos investimentos efetuados em novas plantas.
Os investimentos ocorridos ou previstos para as plantas já existentes não foram
computados para fins desta análise. Isto permite supor que o investimento global da indústria automobilística no Brasil é mais significativo do que o representado na Tabela 2.
30. Esta hipótese tem de ser testada caso a caso, uma vez que podem existir
processos de enobrecimento de produtos com impactos ambientais significativos. No caso da indústria siderúrgica, várias linhas de produtos enobrecidos implicam novos desafios ambientais, tendo em vista o aumento do volume de emissões para os recursos hídricos de substâncias químicas não utilizadas no processo siderúrgico convencional (Torres et alii, 1997).
6. A Fiat, por exemplo, instituiu uma política de “mineirização” de seus fornecedores.
7. É provável que o efeito multiplicador seja menor que no passado, dado o aumento da proporção de componentes importados ocorrida com o advento do regime automotivo. Porém, o efeito continua existindo. Não por acaso, o anúncio
da construção de plantas automobilísticas no Rio Grande do Sul e Paraná foi
acompanhado do anúncio de investimentos importantes no setor de autopeças e
mesmo siderúrgico.
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de alumínio. Rio de Janeiro, BNDES/AO2 (Série Perfis Setoriais), 1998.
8. O número de passageiros transportados pelo sistema de ônibus em São Paulo
caiu de 6,5 milhões de passageiros por dia, em 1991, para 4,5 milhões, em 1998
(Gazeta Mercantil, 30/01/99 – Caderno Grande São Paulo, p.6).
ANDRADE, M.L.A.; CUNHA, L.M.S.; VIEIRA, J.R.M. e KELLER, M.C. Setor siderúrgico no Brasil e no mundo. Rio de Janeiro, BNDES/AO2 (Série
Perfis Setoriais), 1997.
9. Indústrias de grande porte, instaladas em áreas pouco urbanizadas, produzem
intensos e rápidos processos de urbanização, mesmo quando o número de empregos gerados é modesto. Ver Costa (1996), para o Vale do Aço.
ANFAVEA. Anuário Estatístico. São Paulo, Anfavea, 1998.
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fábrica”. In: FRANCO, T. (org.). Trabalho, riscos industriais e meio ambiente: rumo ao desenvolvimento sustentável? Salvador, EDUFBA, 1997,
p. 63-116.
10. Ver os dados do Instituto Brasileiro de Siderurgia IBS (site: www.ibs.org.br).
11. A produção mundial de aço, que era de aproximadamente 786 milhões de
toneladas, em 1989, caiu para 750 milhões, em 1996. A maior queda ocorreu
nos países da antiga União Soviética (Andrade, 1997).
BNDES (Área de Operações Industriais 2). Informe Setorial n.14: Produtos Florestais. Rio de Janeiro, mar. 1998a.
12. O número total de empregados passou de 167 mil, em 1989, para 77 mil, em
1996 (Andrade et alii, 1997).
__________ . Informe Setorial n.20: Mineração e Metalurgia. Rio de Janeiro,
out. 1998b.
13. O principal investimento em proteção ambiental da siderurgia brasileira, em
termos de valor, está ocorrendo na Cosipa. Isto é fruto, em parte, da consistente
pressão do Ministério Público paulista. O investimento da Cosipa em modernização e meio ambiente, para o período 1996-2000, atinge o montante de US$
700 milhões (Andrade et alii, 1997).
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14. O projeto do Paraná conta com 49% de participação da Imsa Aceros, do México, e o projeto de Porto Real, com 49% da Thyssen Krupp, da Alemanha. Ver
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15. Gazeta Mercantil, 02.06.1999, p.A-8.
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17. Ver, também, Gazeta Mercantil, 10.02.99, p. A1, C1 e C2.
18. Gazeta Mercantil, 10.02.99, p. A1, C1 e C2.
19. Gazeta Mercantil, 10.02.99, p. A1, C1 e C2.
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20. Entre grupos nacionais, cabe mencionar Marini, Ultra, Suzano, Unipar e
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22. Esta dívida atingiria o montante de US$ 1,3 bilhão, no exercício de 1998.
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23. Com esta fusão, o Grupo Dow passa a ter participação importante no pólo de
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