EFEITO DA AURICULOTERAPIA NO SISTEMA RESPIRATÓRIO EM UM PACIENTE
PORTADOR DE DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA- RELATO DE CASO
Gabriela Camila Hach, Natália Cursino Luz, Alessandra de Almeida Fagundes.
Universidade do Vale do Paraíba - UNIVAP, Faculdade de Ciências da Saúde – FCS,
Av: Sishima Hifumi, 2911 – Urbanova - São José dos Campos, SP.
Fone: +55 12 3947 1015, Fax: +55 12 3947 1015
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Resumo: A auriculoterapia é uma técnica de acupuntura em que utiliza-se o pavilhão auricular para efetuar
estímulos que provocam reflexos sobre o Sistema Nervoso Central com o objetivo de aliviar sintomas em
patologias como a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC). O objetivo deste estudo foi avaliar o efeito
da auriculoterapia em um paciente portador de DPOC moderado. Avaliou-se um indivíduo do sexo
masculino, portador de DPOC moderado através de diversos parâmetros como Freqüência Cardíaca (FC),
Freqüência Respiratória (FR), Pico de Fluxo Expiratório (PFE), Cirtometria Tóraco-abdominal, Espirometria,
Manovacuometria, Teste de caminhada de seis minutos (TC6M), Oximetria nas atividades de vida diária
(AVD’s) e Questionário de Qualidade de Vida (QQV). O paciente recebeu um total de três sessões de
auriculoterapia, realizadas uma vez por semana por três semanas consecutivas. O indivíduo permaneceu
com as sementes de auriculoterapia e às estimulava no decorrer do dia. Os resultados deste estudo
demonstraram uma melhora da qualidade de vida nos domínios: estado geral de saúde, vitalidade, aspectos
emocionais e saúde mental e na função pulmonar.
Palavras chaves: DPOC, Auriculoterapia.
Área do conhecimento: Fisioterapia.
Introdução
A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica
(DPOC) consiste em uma enfermidade respiratória
previnível e tratável, que se caracteriza por
apresentar uma obstrução crônica do fluxo aéreo,
irreversível, sendo que esta obstrução é
geralmente progressiva e está associada a uma
resposta inflamatória anormal dos pulmões à
inalação de partículas ou gases tóxicos, causadas
principalmente pelo tabagismo. Embora a DPOC
comprometa os pulmões, ela também produz
conseqüências sistêmicas significativas como
diminuição na função pulmonar, que é traduzida
por dispnéia, percepção ao cansaço ao realizar
qualquer forma de esforço físico com grave
comprometimento
da
qualidade
de
vida
(RODRIGUES; VIEGAS; LIMA, 2002; SBPT,
2004).
A acupuntura tem sido envolvida no tratamento
de uma ampla variedade de patologias e seu
efeito tem sido estudado principalmente no que
diz respeito à analgesia (SHENG-XING, 2004).
Contudo, embora mais raros, são realizados
estudos a respeito do efeito da acupuntura sobre
as variáveis respiratórias em patologias como a
Doença
Pulmonar
Obstrutiva
Crônica
(NEUMEISTER et al.,1999).
Dentro da acupuntura várias modalidades
desenvolveram-se,
como
a
acupuntura
escalpeana
e
a
acupuntura
auricular
(auriculoterapia). A auriculoterapia é uma técnica
de acupuntura em que se usa o pavilhão auricular
para efetuar estímulos que provocam reflexos
sobre o Sistema Nervoso Central com o objetivo
de aliviar sintomas em patologias como a Doença
Pulmonar Obstrutiva Crônica (OLESON, 2002).
Sendo assim, o objetivo deste estudo foi
avaliar o efeito da auriculoterapia no sistema
respiratório de um sujeito portador de DPOC de
grau moderado, através de variáveis como força
muscular respiratória, expansibilidade tóracoabdominal, teste de caminhada de seis minutos
(TC6M), função pulmonar e oximetria nas
atividades de vida diária (AVD’s), além de outras
variáveis como a Qualidade de Vida.
Material e Métodos
Participou deste estudo um sujeito portador de
Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) de
XIII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e
IX Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba
1
grau moderado, do sexo masculino, 72 anos de
idade, 60kg e 1,74m de altura. Como critério de
inclusão foi aceito o indivíduo portador de DPOC
Moderado. Foram considerados como critérios de
exclusão, indivíduos portadores de DPOC de grau
Leve, Severo e Tabagistas ativos.
O
voluntário
assinou
o
Termo
de
Consentimento Livre e Esclarecido. O estudo foi
conduzido de acordo com a Resolução 196/96 e
foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da
Universidade do Vale do Paraíba (UNIVAP), sob
protocolo nº H105/CEP/2008.
A coleta de dados foi realizada no Setor de
Fisioterapia Respiratória da Faculdade Ciências
da Saúde (FCS), da UNIVAP.
O voluntário, antes do início do protocolo, foi
avaliado quanto: a Freqüência Cardíaca (FC), a
Saturação de Pulso de Oxigênio (SPO2), a
Freqüência Respiratória (FR), ao Pico de Fluxo
Expiratório (PFE), a Cirtometria T tóracoabdominal, ao Teste da caminha de seis minutos
(TC6M), a Escala de Borg Modificada, a
Espirometria, a Manovacumetria, a Oximetria nas
atividades de vida diária (AVD’s) e ao Questionário
de Qualidade de Vida (QQV).
A cirtometria tóraco-abdominal foi mensurada
pela fita métrica tradicional. A técnica consistiu na
mensuração das circunferências torácicas e
abdominal, realizadas nas fases expiratórias e
inspiratórias máximas. A diferença entre essas
duas medidas forneceu informações do grau de
expansibilidade e de retração dos movimentos
toracoabdominais. As medidas foram feitas no
início do estudo e após 3 (três) semanas de
tratamento em três diferentes níveis: axilar,
xifoidiana e umbilical (COSTA, 1999).
Para realização do exame de espirometria
utilizou-se do espirômetro modelo MASTER
SCOPE PC da marca JAEGER® versão 4.5.
Antes do exame foi feito uma preparação com o
paciente onde foi solicitado informar qualquer tipo
de infecção respiratória recente, a qual poderia
alterar a função pulmonar. Além disso, o
fisioterapeuta orientou sobre a suspensão dos
broncodilatadores de ação curta por 4 horas e de
ação longa por 12 horas antes dos testes.
Orientou-se também a respeito de que o jejum não
era necessário, mas o paciente deveria evitar café
e chás nas horas próximas ao exame, por efeito
broncodilatador, assim como, evitar refeições 1
hora antes dos testes (PEREIRA, 2002).
A fim de se analisar a força dos músculos
inspiratórios
e
expiratórios,
as
pressões
inspiratórias (negativa) máximas (PImax) e as
pressões expiratórias (positiva) máximas (PEmax),
foram mensuradas através do Manovacuômetro
da marca Ger Ar®, segundo o método preconizado
por Black e Hyatt (1969) com o indivíduo na
posição ortostática e com um clips nasal. A PImax
foi mensurada próximo ao volume residual após
uma expiração máxima. A PEmax foi mensurada
próxima à capacidade pulmonar total (CPT), após
uma inspiração máxima. O indivíduo foi orientado
a sustentar a pressão por mais de um segundo e
cada manobra foi realizada no mínimo três vezes,
sendo que, para a análise, foi considerada a maior
medida. Caso alguma manobra obtivesse um valor
maior que 10% seria executada outra manobra
para que a diferença entre elas não fosse muito
grande. Devido ao cansaço que o teste promove
ao paciente, foi realizado um intervalo de repouso
de 30 segundos entre as manobras. O
fisioterapeuta observou qualquer intercorrência,
como vazamentos, e se necessário corrigiu o
paciente, assim como descartou as manobras em
que eles foram notados. O paciente foi estimulado
verbalmente para que realizasse um esforço ainda
maior para que os resultados fossem mais
satisfatórios (SOUZA, 2002).
A avaliação do Pico de Fluxo Expiratório (PFE)
foi realizada através do equipamento Peak Flow
da marca RESPIRONICS®. O paciente executou 3
expirações forçadas no equipamento onde a maior
medida foi aceita para análise (SOUZA, 2002).
Para avaliar a tolerância ao exercício realizouse o teste de caminhada de seis minutos (TC6M).
Imediatamente antes de se iniciar o TC6M, o
paciente foi submetido a avaliação de dispnéia
através da Escala de Borg modificada. Nesta
escala o paciente demonstrava o nível em que ele
considerava seu estado de dispnéia, variando de
“Sem dispnéia (0) à dispnéia máxima (10). Após
as 3 semanas de tratamento o paciente foi
submetido ao mesmo teste de caminhada e
novamente submetido a avaliação da escala de
Borg modificada, assim o fisioterapeuta pode
mensurar e comparar a situação do quadro de
dispnéia.
O paciente realizou o teste de caminhada de 6
minutos (TC6M) em uma superfície plana, o qual
mesmo caminhou ao longo de uma linha
demarcada no chão com 30 metros de
comprimento durante 6 minutos. Através do
comando verbal o paciente foi incentivado para
realizar a maior distância possível. O paciente foi
acompanhado pelo avaliador durante os seis
minutos, com monitorização contínua por meio do
oxímetro de pulso, sendo que os valores de FC,
SpO2 e sensação subjetiva de dispnéia foram
registrados, para efeito de análise, antes e após o
término do teste.
A oximetria durante as atividades de vida diária
(AVD’s) foi avaliada através do oxímetro
®
NELLCOR PURITAN BENNET na residência
XIII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e
IX Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba
2
experimental do Bloco 7 da Faculdade de Ciências
da Saúde. Foram simuladas atividades como:
pentear o cabelo, dobrar o lençol, vestir o sapato,
vestir a blusa, lavar a louça e varrer por 2 minutos.
Antes e após cada atividade foram mensuradas a
saturação de pulso de oxigênio (SpO2) e a
frequência cardíaca (FC). O paciente foi orientado
a realizar as atividades em um período similar ao
realizado em casa.
Após todos os testes o indivíduo estudado
respondeu ao Questionário de Qualidade de Vida
SF-36(QQV) antes de iniciar o tratamento
auricular. O Questionário de Qualidade de Vida
SF-36 analisou 8 (oito) diferentes domínios, tais
como: capacidade funcional, limitações por
aspectos físicos, dor, estado geral da saúde,
vitalidade, aspectos sociais, limitações por
aspectos funcionais e saúde mental. O
fisioterapeuta quantificou o score em porcentagem
dos resultados do questionário. As notas de 8
domínios variam de 0 (zero) a 100 (cem), onde 0 =
pior e 100 = melhor para cada domínio.
Após todo protocolo de avaliação o paciente foi
submetido ao tratamento de auriculoterapia uma
vez por semana durante 3 semanas. O paciente
recebeu a aplicação de sementes de mostarda em
pontos específicos do pavilhão auricular a saber:
Shenmen, Rim, Simpático, Coração, Traquéia,
Pulmão e Brônquios, segundo (SOUZA, 2007). O
indivíduo permanecia com as sementes de
auriculoterapia e às estimulava no decorrer do dia
até a próxima sessão de atendimento.
O paciente foi reavaliado ao final do protocolo
de tratamento de auriculoterapia, pelos mesmos
procedimentos do início do estudo.
Pré
Pós
PImax
Variáveis
100
160
PEmax
120
110
Cirtometria a nível
axilar
2,5
2,0
Cirtometria a nível
xifóide
1,5
4,0
Cirtometria a nível
abdominal
5,0
1,0
PFE
165
170
A Tabela 2 abaixo se refere ao Questionário de
Qualidade de Vida e ilustra que houve uma
melhora nos domínios do estado geral de saúde,
vitalidade, aspectos emocionais e saúde mental
após o tratamento.
Tabela 2- Valores de Pré e Pós Tratamento no
Questionário de Qualidade de vida (QQV) em seus
respectivos domínios (N=1).
Domínios
Pré
Pós
Capacidade
Funcional
45
55
Limitação por
aspectos físicos
0
0
Dor
50
40
Estado Geral de
Saúde
70
75
Vitalidade
50
65
62,5
50
Aspectos Sociais
Resultados
Aspectos
Emocionais
0
33
Os resultados deste estudo realizado no
paciente portador de Doença Pulmonar Obstrutiva
Crônica de grau moderado são demonstrados
através das tabelas que seguem abaixo.
Os resultados da Tabela 1 demonstraram que
após 3 semanas de tratamento auricular, a
pressão inspiratória máxima (PImax) aumentou de
100 cmH20 para 160 cmH2O. Por outro lado, a
expansibilidade
toracoabdominal
mensurada
através da cirtometria mostrou uma diminuição
nos valores, principalmente no nível abdominal. O
Pico de Fluxo Expiratório (PFE) manteve-se após
o protocolo de 3 semanas de tratamento.
Saúde Mental
48
60
Tabela 1 - Valores de Pressão Inspiratória Máxima
(PImax) e Pressão Expiratória Máxima (PEmax)
em cmH2O, e da diferença da cirtometria nos
níveis axilar, xifóide e abdominal em centímetros e
do Pico de Fluxo Expiratório (PFE) em l/min (N=1).
Os parâmetros saturação de pulso de oxigênio
(SPO2), frequência cardíaca (FC) e frequência
respiratória (FR) mantiveram-se equilibrados
durante as 3 semanas de
aplicação de
auriculoterapia demonstrado na Tabela 3. A
pressão arterial (PA) apresentou uma ligeira
queda durante a segunda semana de tratamento.
Tabela 3- Valores de Pressão Arterial (PA),
Saturação de Pulso de Oxigênio (SPO2),
Freqüência
Cardíaca
(FC)
e
Frequência
Respiratória (FR) durante as três semanas de
tratamento de auriculoterapia (N=1).
Semanas
PA Inicial
XIII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e
IX Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba
SPO2
FC
FR
3
1
130x80 mmHg 95,00%
76 bpm
19 rpm
2
110x70 mmHg 99,00%
83 bpm
20 rpm
3
120x80 mmHg 93,00%
82 bpm
21 rpm
Legenda: bpm= batimentos por minuto
rpm= respirações por minuto
mmHg= milímetros de mercúrio
Os resultados do teste de caminhada de 6
minutos (TC6M) são relatados na Tabela 4. Este
teste demonstrou um ligeiro aumento da distância
(DP) PImax percorrida após a execução do
protocolo de tratamento com auriculoterapia.
Contudo, na reavaliação do TC6M ao final destas
três semanas de tratamento, o paciente iniciou o
teste com uma pressão arterial, saturação de
pulso de oxigênio e escala de Borg de dispnéia
com valores piores.
Tabela 4- Valores de Pré e Pós Tratamento dos
parâmetros avaliados no Teste de Caminhada de
6 minutos (TC6M) (N=1).
TC6M
Pré
Pós
DP
510 mts
540 mts
Escala de Borg
em Repouso
2
(Leve)
Escala de Borg
após caminhada
AVD's
FC
SPO2
FC
SPO2
Pentear o Cabelo
92 bpm
95%
87 bpm
94%
Dobrar Lençol
95 bpm
95%
92 bpm
94%
Vestir o Sapato
98 bpm
93%
90 bpm
94%
Vestir a Blusa
94 bpm
98%
96 bpm
96%
Lavar a Louça
91 bpm
96%
90 bpm
94%
Varrer (por 2 min)
101 bpm
92%
89 bpm
95%
Legenda: bpm= batimentos por minuto
rpm= respirações por minuto
mmHg= milímetros de mercúrio
Tabela 6- Valores da Função Pulmonar avaliada
através do exame de Espirometria no pré e pós
tratamento (N=1).
Espirometria
Pré
Pós
3
(Moderado)
CV
86,90%
98,30%
3
(Moderado)
3
(Moderado)
CI
76,60%
78,70%
PA em Repouso
120x90 mmHg
140x80 mmHg
VRE
118,10%
157,50%
PA após
caminhada
130x90 mmHg
150x90 mmHg
CVF
72,90%
101,70%
FR em Repouso
20 rpm
24 rpm
SPO2 em
Repouso
97%
92%
VEF1
38,00%
33,30%
SPO2 após
caminhada
95%
89%
Índice Tiffeneau
39,38%
24,2%
PFE
33,30%
40,40%
FC em Repouso
85 bpm
87 bpm
FEF 25%
10,40%
7,50%
FC após
caminhada
104 bpm
113 bpm
FEF 50%
6,70%
7,70%
FEF 75%
10,80%
10,80%
VVM
30,30%
32,60%
Os resultados demonstrados na Tabela 5, a
qual se refere a Oximetria nas AVD's, mostraram
uma manutenção dos valores de Saturação de
Pulso de Oxigênio (SPO2) e de Frequência
Cardíaca (FC) do pré para o pós tratamento.
Tabela 5 - Valores de Freqüência Cardíaca (FC) e
Saturação de Pulso de Oxigênio (SPO2) durante a
Oximetria nas AVD's no pré e pós tratamento
(N=1).
Oximetria nas
Pré
Legenda:
CV= Capacidade Vital
CI= Capacidade Inspiratória
VRE = Volume de Reserva Expiratória
CVF = Capacidade Vital Forçada
VEF1 = Volume Expiratório Forçado no 1º.segundo
PFE = Pico de Fluxo Expiratório
Índice de Tiffeneau = relação VEF1/CVF
FEF25 = Fluxo Expiratório Forçado a 25% da CVF
FEF50 = Fluxo Expiratório Forçado a 50% da CVF
FEF75 = Fluxo Expiratório Forçado a 75% da CVF
VVM = Ventilação Voluntária Máxima
Pós
XIII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e
IX Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba
4
Os resultados da Tabela 6 demonstraram que
após o tratamento de auriculoterapia houve uma
melhora em relação aos seguintes parâmetros:
Capacidade Vital, Volume Residual Expiratório,
Capacidade Vital Forçada, Pico de Fluxo
Expiratório.
Discussão
Este relato de caso de um paciente portador de
DPOC moderado procurou avaliar os efeitos da
auriculoterapia em variáveis respiratórias como
força muscular respiratória, Pico de Fluxo
Expiratório (PFE), Saturação de Pulso de Oxigênio
(SPO2),
Freqüência
Respiratória
(FR),
expansibilidade tóraco-abdominal, Teste de
caminhada de seis minutos (TC6M), avaliação de
dispnéia, função pulmonar e Oximetria nas
Atividades de vida diária (AVD’s), além de outras
variáveis como a Qualidade de Vida.
Segundo Neumeister et al. (1999) há poucos
dados a respeito do efeito da acupuntura em
pacientes portadores de DPOC.
Em pesquisa nas bases de dados BIREME e
PUBMED a busca pelas palavras-chave
“auriculotherapy” e “COPD” no período de 1997 a
2009 não retornaram nenhum resultado. A
escassez de literatura científica a respeito do tema
acupuntura é significante e quando se refere a
auriculoterapia, uma técnica muito específica
dentro do ramo da acupuntura, as referências
bibliográficas se tornam ainda mais raras.
Neumeister et al. (1999) conduziram um estudo
prospectivo com grupo controle placebo para
analisar o efeito da acupuntura de acordo com as
regras da medicina tradicional chinesa na
qualidade de vida e função pulmonar. Foram
avaliados 10 pacientes com DPOC que realizaram
7 sessões de acupuntura em 2 semanas. Os
pacientes do grupo experimental que receberam a
acupuntura aumentaram significativamente o VEF1
e a relação VR/CPT. Ainda segundo os autores,
houve um aumento de grande magnitude na
qualidade de vida.
O presente estudo também encontrou resultado
similar ao de Neumeister et al. (1999) no que diz
respeito a qualidade de vida.
Em outro estudo Lau e Jones (2008) avaliaram
o efeito imediato de uma única sessão de
eletroacupuntura sobre função pulmonar e
dispnéia de 46 pacientes com DPOC. A função
pulmonar foi mensurada através de VEF1 e CVF,
enquanto a dispnéia foi avaliada através de uma
escala
analógica
visual.
Os
resultados
demonstraram que o grupo experimental teve um
aumento no VEF1 de 0,12 litros e uma diminuição
da dispnéia em relação ao grupo controle. O efeito
sobre a CVF foi mais modesto, ocorreu um
aumento médio 0,05 litros.
Quando comparado aos resultados obtidos por
Neumeister et al. (1999) e Lau e Jones (2008),
este estudo difere quanto ao parâmetro VEF1, o
qual apresentou queda assim como o índice de
tiffeneau. É preciso, entretanto, ressaltar que nos
estudo realizados por Neumeister et al. (1999) e
por Lau e Jones (2008), os protocolos utilizaram
acupuntura sistêmica ao passo que o presente
estudo analisou o efeito de um microsistema como
a auriculoterapia.
Por outro lado este estudo concorda com Lau e
Jones (2008) quanto ao parâmetro da capacidade
vital. Os valores de capacidade vital lenta e
forçada aumentaram após a aplicação da
auriculoterapia. Vale ressaltar que as capacidades
vital lenta e forçada resultam da soma da
capacidade inspiratória (CI) e do volume de
reserva expiratório (VRE) e, portanto ambos
podem influenciar em seus resultados. Sendo
assim, é possível que o aumento das capacidades
vital lenta (CV) e forçada (CVF) se deva
principalmente ao aumento do volume de reserva
expiratório (VRE) (de 118,10% para 157,50%),
uma vez que a capacidade inspiratória
praticamente não se alterou (de 76,70% para
78,70%).
Wu et al. (2004) compararam os resultados da
acupressura em pacientes com DPOC e seus
resultados demonstraram que os scores de
dispnéia, função pulmonar, teste de caminhada de
6 minutos e os scores de uma escala de
ansiedade melhoraram significativamente quando
comparados ao grupo que recebeu acupressura
placebo fora da localização dos acupontos
verdadeiros.
Segundo Suzuki et al. (2005) a doença
pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) implica em
diminuição da função respiratória e limita as
atividades diárias. Suzuki et al. (2005) aplicaram
acupuntura em um paciente portador de DPOC de
66 anos, cujos sintomas eram a falta de ar em
pequenas atividades do dia-a-dia. Depois de dez
sessões de acupuntura ao longo de dois meses,
sua distância percorrida no teste de caminhada de
6 minutos, escala de Borg e função respiratória
foram melhores.
Em um novo estudo Suzuki et al. (2008)
avaliou o efeito do tratamento com acupuntura
tradicional e o tratamento conservador na dispnéia
de pacientes com DPOC em exercício. O grupo
controle (n=15) recebeu tratamento conservador
apenas com medicação. O grupo experimental
(n=15) realizou acupuntura uma vez por semana
durante 10 semanas, além do tratamento
conservador, com medicamentos. A principal
XIII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e
IX Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba
5
medida foi a escala de dispnéia modificada de
Borg realizada após o teste de caminhada 6
minutos. Este estudo mostrou que o grupo
experimental obteve melhora significativa na
escala de Borg após 10 semanas.
Segundo Wu et al. (2004), os pacientes com
DPOC sofrem de dispnéia em seu cotidiano, e
esta pode ser aumentada pela ansiedade.
Técnicas como a acupressura podem promover o
relaxamento e aliviar a dispnéia (Wu et al., 2004).
Contudo, o presente estudo falhou em
demonstrar melhora na dispnéia avaliada através
da escala modificada de Borg durante o teste de
caminhada de 6 minutos. O voluntário apresentou
uma dispnéia de repouso moderada após as 3
semanas de tratamento se mostrando mais
intensa do que inicialmente, a qual foi avaliada
como leve.
Entretanto,
após
o
tratamento
de
auriculoterapia o paciente evoluiu de um grau
moderado de dispnéia no repouso e permaneceu
assim após o teste de caminhada o que difere do
comportamento antes da auriculoterapia no qual o
grau de dispnéia de repouso foi de leve para
moderado após o exercício.
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Conclusão
Os resultados desta pesquisa, nas condições
experimentais utilizadas, sugerem que após 3
semanas de aplicação de auriculoterapia em um
portador de DPOC moderado, ocorre uma melhora
da qualidade de vida nos domínios do estado geral
de saúde, vitalidade, aspectos emocionais e saúde
mental. Além disso, a força muscular inspiratória
aumentou e a função pulmonar mostrou indícios
de melhora através dos parâmetros da
Capacidade Vital, Volume de Reserva Expiratória,
Capacidade Vital Forçada e Pico de Fluxo
Expiratório.
O presente estudo não mostrou evidências de
benefícios no que diz respeito a tolerância ao
exercício, expansibilidade tóraco-abdominal e
oximetria.
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XIII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e
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efeito da auriculoterapia no sistema respiratório em - INIC