Mídia Ninja
Tabuleiros
unem gerações
Os jogos de xadrez e dama ocupam
o centro de BH há 40 anos, numa
história de resistência, diversão
e amizade. A prática favorece a
memória e é patrimônio histórico
do lazer
Uma visão popular do Brasil e do mundo
variedades | pág. 12 e 13
Dicas para
um ano bom
O que comer na ceia de ano
novo, que cor usar?
Selecionamos várias dicas que
prometem deixar você com
dinheiro no bolso, amor no
coração e saúde em 2014
Edição
cidades | pág. 3
Belo Horizonte, de 27 de dezembro a 09 de janeiro | ano 1 | edição 19 | distribuição gratuita | www.brasildefato.com.br | facebook.com/brasildefatomg
2013 em balanço
Rafael Stedile
Na última edição do ano, o Brasil de Fato MG preparou uma retrospectiva internacional, nacional, estadual e municipal. Leia nas páginas 6 e 7 a avaliação da política energética, de
educação, saúde e segurança em Minas Gerais. No balanço de Belo Horizonte, nas páginas 4 e 5, uma análise das principais ações que marcaram a tensionada relação entre a sociedade e a Prefeitura. Na retrospectiva internacional, na página 9, a morte e o legado de Hugo Chávez e Nelson Mandela, a atuação de José Mujica presidente do Uruguai, a crise da Europa, o poder de espionagem dos EUA e a guerra da Síria. Relembre também os dez fatos que marcaram a história do Brasil em 2013, nas páginas 10 e 11
02 | opinião
Belo Horizonte, de 27 de dezembro a 09 de janeiro de 2013
editorial | Minas Gerais
editorial | Brasil
Que o próximo ano seja
de conquistas
2013 se foi, o que fazer em
2014?
Todos nós queremos que os próximos anos sejam melhores. Viver
em sociedade nos envolve em um
mesmo destino. Só avançamos coletivamente. A democracia exprime essa busca no campo da política. Não a democracia limitada e formal que vivemos. Uma democracia
de fato, da maioria, quando a construirmos, atingirá também o plano
econômico, político e social. Que
em 2014 sigamos acumulando forças e ferramentas que sigam aprofundando a democracia em Minas,
no Brasil de no mundo.
Como escrevemos no editorial
da última edição, perdemos batalhas em 2013. Mas do ponto de vista dos trabalhadores e do povo pobre, acumulamos em consciência
política, organização e capacidade
de lutas. Eis o que garante que avançaremos em 2014. Iniciaremos o ano
Somente daqui a alguns anos poderemos saber o impacto das mobilizações de junho, e tudo o mais
que ocorreu em 2013, para a história recente da vida do povo brasileiro e para a luta social. O ano foi contraditório, mas anunciou mudanças.
Mais além do que obter conquistas imediatas, as mobilizações da
juventude sempre são um termômetro. Elas prenunciam períodos
de maior conscientização política e
mobilização social de todo o povo.
Portanto, são apenas o anúncio do
que poderá vir com mais força se a
classe trabalhadora conseguir unidade e for à rua com um programa
de reformas estruturais.
Em 2013, a melhoria das condições de vida da população não teve grandes avanços. A exceção foi o
programa Mais Médicos, que levou
profissionais aos rincões do país e
às periferias das grandes cidades e
a redução por parte do governo federal em 20% em média da tarifa de
energia elétrica. Em termos de orçamento, no entanto, essa redução significa bem pouco, se comparada aos
bilhões que o Banco Central repassou ao sistema financeiro, aumen-
Acumulamos em
consciência, organização
e capacidade de lutas.
Eis o que garante que
avançaremos em 2014
com uma luta unitária construída
em torno da bandeira do Plebiscito
Popular por uma Assembleia Constituinte Exclusiva e Soberana do Sistema Político, com uma ampla participação de setores da sociedade, como há muito tempo não tínhamos.
Avançar com a reforma política é
parte dos nossos sonhos que realizaremos em 2014. E, com ele, avançaremos nas demais dimensões da
vida em sociedade.
Que nos apropriemos daquilo
que já vem avançando muito, mas é
apropriado por poucos. Que o avanço da ciência seja cada dia mais popularizado e orientado para o bem
comum.. Que a educação se fortaleça orientada pela busca da felicidade e não por visão tecnicista e produtivista. Que os professores sigam
dando exemplo à sociedade, demonstrando que quem luta, educa.
Que o governador apareça com os
R$ 8 bilhões que retirou da educação e aplique os 12% do orçamento
em saúde.
E o que falar sobre democracia
e judiciário? Mesmo a democracia
burguesa, formal e restrita, garante
a eleição através do voto para os poderes legislativos (Câmaras Municipais, Assembleias Legislativas estaduais e Congresso Nacional) e executivos (Federal, Estadual e Municipal). Já para o poder judiciário, não
votamos. São frequentes os escândalos de favorecimento, enriquecimento e desvio de verbas na construção dos tribunais.
Que consigamos barrar os atos de
coronel de Joaquim Barbosa no STF.
Esperamos também que a justiça
condene Aécio Neves a devolver os
R$ 3,5 bilhões, conforme ação que
tramita na Justiça.
Parafraseando a conhecida canção: queiramos a utopia, tudo e
mais, a felicidade, a alegria, muita
gente feliz. Queiramos que a justiça
reine em nosso país. Queiramos a liberdade, o vinho e o pão, ser amizade, amor, prazer. Os meninos e o povo no poder, queiramos e façamos
para que possamos ver.
Falando Nilson
tando a taxa de juros Selic para 10%.
Faltam recursos para democratizar a educação infantil e superior, o
transporte público, o acesso à moradia e à cultura. Os povos indígenas e
os camponeses estão sendo massacrados pelo agronegócio e seus parlamentares ruralistas. Na luta entre
capitalistas e trabalhadores, o Brasil
segue sendo dos poucos países que
ainda não conquistou uma jornada
de 40 horas semanais.
As mobilizações de junho barraram os aumentos das tarifas de
transporte e colocaram na arena pública a necessidade de investimentos. Porém, as mudanças foram insuficientes Por outro lado, as forças
populares de todo o país e de todos
os setores voltaram a construir um
impressionante processo de unidade em torno da necessidade de uma
reforma política.
As mobilizações da
juventude são apenas o
anúncio do que poderá vir
com mais força se a classe
trabalhadora conseguir
unidade e for à rua com
um programa de reformas
estruturais
A reforma política do sistema de
poder nacional, que envolve judiciário, legislativo e executivo, é a porta de entrada necessária para as demais reformas estruturais, para obtermos melhorias nas condições de
vida do povo. A ideia é recolher as
sugestões em milhares de reuniões
de base e depois, na semana da pátria - de 1 a 7 de setembro de 2014,
recolher a vontade popular, para
que a população vote se é necessário uma Constituinte soberana e exclusiva para a reforma política.
Se 2013 foi um ano muito contraditório, mas anunciou mudanças,
certamente 2014 será um ano ainda
mais intenso de mobilizações e articulações das forças populares.
O jornal Brasil de Fato circula semanalmente em todo o país e agora também com edições
regionais, em SP, no Rio e em MG. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos
fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado.
conselho editorial minas gerais: Adília Sozzi, Adriano Pereira Santos, Beatriz Cerqueira, Bernadete Esperança, Bruno Abreu Gomes, Carlos Dayrel, César Augusto Silva, Cida Falabella, Cristiano Carvalho,
Cristina Bezerra, Daniel Moura, Dom Hugo, Durval Ângelo Andrade, Eliane Novato, Ênio Bohnenberger, Frederico Santana Rick, Frei Gilvander, Gilson Reis, Gustavo Bones, Jairo Nogueira Filho, Joana Tavares,
João Paulo Cunha, Joceli Andrioli, José Guilherme Castro, Juarez Guimarães, Lindolfo Fernandes de Castro, Luís Carlos da Silva, Marcelo Oliveira Almeida, Maria Brigida Barbosa, Michelly Montero, Milton Bicalho,
Neemias Souza Rodrigues, Nilmário Miranda, Padre Henrique Moura, Padre João, Pereira da Viola, Renan Santos, Rilke Novato Públio, Rogério Correia, Samuel da Silva, Sérgio Miranda (in memoriam), Temístocles
Marcelos, Wagner Xavier. Administração: Valdinei Siqueira e Vinicius Moreno. Distribuição: Larissa Costa. Diagramação: Luiz Lagares. Revisão: Luciana Santos Gonçalves Editor-chefe: Nilton Viana (Mtb 28.466).
Editora regional: Joana Tavares (Mtb 10140/MG). Repórteres: Maíra Gomes e Rafaella Dotta. Estagiária: Raíssa Lopes. Endereço: Rua da Bahia, 573 – sala 306 – Centro – Belo Horizonte – MG. CEP: 30160-010.
Contato: [email protected]
Belo Horizonte, de 27 de dezembro a 09 de janeiro de 2013
Brincadeira cabeça
Pergunta da semana
JOGOS Há mais de 40 anos, Centro da cidade é ocupado por tabuleiros
Mídia Ninja
Raíssa Lopes
De Belo Horizonte
Há aproximadamente 40 anos, a
Praça Sete de Setembro é cenário
tradicional para encontros de praticantes de Jogos de Tabuleiro. Todos os dias da semana, entre 8 da
manhã e 8 da noite, a cena é característica: mesas de dama e xadrez
postas na calçada e seus jogadores
- em maioria senhores com mais de
50 anos - que parecem projetados
para a arquitetura antiga da região
central.
A atividade teve início em meados dos anos 70, quando amigos
decidiram se reunir para se divertir
e conversar entre uma partida e outra. Ao longo do tempo e com a chegada de novos participantes, mais
mesas foram adicionadas e quatro grupos criados. Atualmente, somente dois permanecem. O que fica próximo à Rua Carijós e o localizado no quarteirão da Rio de Janeiro é organizado por Valdir Neves, de 65 anos. “Nós levamos e trazemos as mesas todos os dias aqui
pra praça. Pagamos aluguel de R$
200 para guardá-las, e por isso cobramos R$ 2 de participação, além
do dinheiro cobrir a manutenção
dos bancos que quebram e gastam”,
comenta. “Não continuamos com
as outras equipes porque os organizadores faleceram, e a prefeitura
não deixou ninguém ocupar o lugar
deles, nem por meio de licitação ou
qualquer outro processo burocrático”, conta.
Seu Valdir conta que, ao todo, 80
De 24 de janeiro a 1º de fevereiro de 2014 acontece a 17ª Mostra de Cinema de Tiradentes. Com
o tema “Processos Audiovisuais de
Criação”, essa edição pretende discutir como são realizadas as obras
audiovisuais, seus processos de andamento - produção, concepção e
exibição -, transformações técnicas
dos modos de feitura e suas possíveis consequências. O homenageado da vez será o ator paulistano Marat Descartes, famoso por interpretar papéis marcados pela angústia,
fracasso e infelicidade.
Para o evento, foram instalados na cidade histórica espaços de
exibição que pretendem reunir, ao
longo dos nove dias, um público de
aproximadamente 35 mil pessoas.
A programação deste ano enalte-
2013 está no fim. Muitos
acontecimentos marcaram este
ano: as pessoas foram às ruas
exigir seus direitos; o futebol
mineiro demonstrou estar muito
bem preparado, com as vitórias
do Galo e Cruzeiro; e muitas
conquistas pessoais espalhadas
por aí, até mesmo o lançamento
do jornal Brasil de Fato MG, em
agosto. Houve também casos
difíceis e sofridos, como a morte
de Nelson Mandela; a violência
durante
as
manifestações;
muitas privatizações pelo país.
E um novo ano está começando,
se inicia um novo ciclo, uma
nova oportunidade de mudar,
melhorar e crescer.
O que você deseja
para o ano de 2014?
pessoas entre jovens, adultos e idosos participam diariamente do que
define como “grande brincadeira”.
Thiago Pereira tem 29 anos e sempre que pode, no horário vago entre
o serviço de projetista e a faculdade de eletrotécnica, joga um pouco
por ali. Sua preferência é o xadrez,
que aprendeu aos 10 anos de idade
por influência dos tios. “Jogar aqui
na Praça Sete é muito bacana. Em
Belo Horizonte não existem mais
os antigos clubes de xadrez e quem
gosta quase não encontra espaços.
Além disso, as pessoas cada vez
mais desistem da interação pessoal
para jogarem pela internet. A Praça
Sete é uma alternativa, um recurso
– me divirto, troco experiência com
o pessoal, converso com os mais
velhos, e faço novas amizades”.
Jogar também faz parte da rotina do aposentado de 77 anos Nonato Cardoso, que há 30 comparece à
Praça Sete. “Eu ainda trabalho, faço
meus biscates para ajudar nas contas. Mas sempre que estou parado
venho. Quando estou aqui me sinto muito bem, a minha cabeça fica
despreocupada, me sinto descansado... E também é um jogo bom
pra nossa memória prejudicada,
né?”, brinca.
O poder público da capital chegou a ameaçar uma vez os jogadores de retirada. Em relação ao fato,
seu Valdir é enfático: “Eles têm que
nos deixar continuar porque, afinal,
somos patrimônio histórico de lazer da capital”, defende.
Tiradentes recebe 17ª mostra de cinema
Da Redação
cidades | 03
ce a produção cinematográfica independente, e apresentará mais de
cem filmes entre pré-estreias nacionais e mundiais.
Em pronunciamento no site oficial, a coordenadora geral da Mostra Raquel Hallak comentou o objetivo do evento, que visa valorizar o
cinema nacional. “A pluralidade de
conteúdos audiovisuais advindos
das mais diversas fontes expressa a
programação desta edição, que re-
afirma o compromisso com o nosso cinema, a sociedade que o origina, as representatividades políticas,
mudanças, influências e tendências do audiovisual”.
O evento conta ainda com oficinas, debates, seminários, exposições, lançamento de livros, teatro de rua, shows musicais e performances. A programação completa pode ser conferida no endereço:
www.mostratiradentes.com.br.
Espero que o ano de 2014 seja
um ano de muita paz e alegria
pra todos. E que os políticos ponham a mão na consciência ao
invés de pôr a mão no bolso e ficar enchendo eles. E que eles façam alguma coisa para o ser humano. Precisamos lembrar do
nosso próximo, parar de roubar
a ajudar mais.
Shirley de Oliveira Silva, 59,
técnica de enfermagem
Eu creio que vai ser melhor que
este ano, que foi muita decepção. Quero sair daqui de BH, ir
pra Guarapari, até por que minha tia está lá. Eu pretendo que
seja melhor pra todo mundo,
pra toda a humanidade.
Luciano Duarte da Silva, 35 ,
caminhoneiro
04 | cidades
Belo Horizonte, de 27 de dezembro a 09 de janeiro de 2013
Lacerda atende interesses de
empresas e não dialoga com o povo
Maíra Gomes
De Belo Horizonte
“O prefeito é como se fosse o gerente da cidade. Ele faz articulação
entre o poder público e a iniciativa
privada para construir oportunidades de negócios”, avalia o vereador
Gilson Reis (PCdoB). Assim Marcio
Lacerda (PSB) tocou a política de
Belo Horizonte ao longo do primeiro ano de seu segundo mandato: ao
invés de cumprir o papel de político e fazer o diálogo, negociação e
atuação com a população, buscou a
governança para os grandes empresários, esvaziando os conselhos e
as relações com os movimentos sociais. “O principal interesse atendido é do setor empresarial, o que ge-
ra Parceria Público Privada para tudo, realização de grandes obras, como o BRT. E essas coisas vão sendo
constituídas como elementos principais da gestão”, diz Gilson Reis.
“A cada dia que passa a gente se
surpreende com as medidas que
são adotadas sem o menor cuidado com aquilo que a população espera e deseja”, complementa Jovia-
no Mayer, do movimento Brigadas Populares. “O que vimos este
ano foi o aprofundamento de medidas atentatórias ao direito à cidade. Acho que o Lacerda, tendo sido
eleito em primeiro turno, se sentiu
mais à vontade para implantar medidas antidemocráticas”, denuncia
Joviano.
Fotos: Mídia Ninja
Participação Popular
PBH não convocou Conferência de Políticas Urbanas, mas movimentos
realizaram uma conferência popular
Há 25 anos, o povo brasileiro foi às ruas pelas Diretas Já e reconquistou
o direito ao voto direto. Desde então, acredita-se que a população tem sido prioridade na elaboração de políticas públicas e protagonista na escolha de seu destino. Mas, em BH, lideranças apontam que não é isso o que
ocorre. “A ausência da democracia é o centro desta gestão”, aponta o vereador Gilson Reis (PCdoB).
Um dos principais exemplos disso, segundo o vereador, é o projeto Nova BH, que propõe mudanças radicais na estruturação da cidade. “Nós sabemos que há dois anos a proposta tem sido debatida com setores empresariais, e só agora ela veio à tona. Era uma coisa construída a portas fechadas”, conta. A política urbana do município deve ser debatida e definida em conferência, apontada em lei como obrigatória em todo primeiro
mandato de governo. Mas a Conferência não foi realizada este ano.
Ativistas destacam que há uma indisposição ao diálogo por parte do
prefeito. Após as manifestações de junho, grupos organizados fizeram
inúmeros pedidos de encontros com a gestão, mas só foram recebidos
após a ocupação da Câmara dos Vereadores.
O mesmo ocorreu com os movimentos de luta por moradia. Recebidos
depois de ocuparem a Prefeitura, foi firmado um acordo de regularização
da situação das terras em ocupações para que recebessem benefícios estruturais, como saneamento básico e energia. “O acordo foi descumprido. O Marcio Lacerda, mais uma vez, prova que não tem palavra”, diz Leonardo Péricles, do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB).
Com os servidores públicos, o prefeito tem o mesmo posicionamento. O presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Belo
Horizonte, Israel Arimar de Moura, conta que as reivindicações da categoria não têm sido atendidas pela PBH. “O problema é a falta de conclusão
dos processos de negociação. Conseguimos reuniões com o prefeito, mas
há uma dificuldade de fazer o fechamento do que se discute e isso acaba
tensionando as relações”, conta.
Belo Horizonte, de 27 de dezembro a 09 de janeiro de 2013
minas | 05
Habitação
Mais de 20 mil famílias vivem em ocupações urbanas na RMBH e é necessário
enfrentar especulação imobiliária para acabar com o déficit habitacional
A falta de moradia é um problema que atinge milhares de famílias no Brasil. Apenas
na Região Metropolitana de BH, segundo um estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), faltam 130 mil moradias. Porém, os números parecem ser maiores. Em 2009, o número de inscritos para o programa Minha Casa, Minha
Vida, só em BH, chegou a 198 mil.
Leonardo Péricles é membro do Movimento de Luta dos Bairros, Vilas e Favelas
(MLB), que coordena a ocupação Eliana Silva. Ele conta que um terço da população da
capital vive em situação irregular de moradia. “Nós estimamos que 20 mil famílias vivam em ocupações urbanas na RMBH. Isso dá o recado de que não existe política habitacional na região”, declara. Ele aponta que as moradias construídas até hoje pela PBH
não atendem nem 0,5% do déficit habitacional. “Nenhuma família entrou nos apartamentos do Minha Casa, Minha Vida que foram construídos. São quatro mil unidades
vazias”, denuncia.
O prefeito Marcio Lacerda anunciou em 2013 um novo programa de habitação, o
BHMorar, que promete acabar com o déficit habitacional a médio prazo. No entanto, movimentos contestam a eficácia da política. “De 1996 até este ano, foram feitas 15
mil moradias. Se continuar neste ritmo, o déficit vai subir e mesmo com o BH Morar
não vai ser possível vencê-lo”, diz Leonardo. Para ele, é preciso enfrentar a especulação imobiliária, desapropriar os terrenos e imóveis parados. “E isso o Lacerda não vai
fazer de jeito nenhum, porque ele está no colo desse povo, que financiou sua campanha”, acredita.
Leonardo conclui que a pauta da reforma urbana é fundamental, e que o governo federal também deve se responsabilizar pelo tema. “A situação vai explodir ainda mais se
não tiver uma política diferente e construída junto com os movimentos sociais e a população. Enquanto isso, devemos nos organizar e lutar”, defende.
Mobilidade Urbana
População conquistou revogação do aumento da passagem, em julho, e congelamento da tarifa no
fim do ano, mas PBH não liberou planilhas das empresas
Durantes as eleições de 2012, a população de Belo Horizonte pôde ver
grandes máquinas nas ruas do centro da cidade, encobertas pelos dizeres:
“Metrô é a solução”. O início das obras do metrô no primeiro semestre de
2013 e a inauguração da primeira linha de ampliação eram as principais
promessas de campanha à reeleição. Mas apenas três dias após o anúncio
da vitória, o prefeito informou à imprensa que a ampliação não estaria terminada ao fim dos seus novos quatro anos de mandato.
A atual gestão de Lacerda tem um planejamento de mobilidade para o
município, voltado principalmente para a ampliação de vias. O Grupo de
Trabalho de Mobilidade Urbana da Assembleia Popular Horizontal (APH)
estuda o tema desde as manifestações de junho. De acordo com Clessio
Cunha Mendes, a prefeitura tem uma visão limitada sobre mobilidade,
considerando apenas obras em vias. Ele conta que, ao avaliar o Plano Plurianual de Ação Governamental (PPAG), os valores destinados para obras
é quase dez vezes maior que o enviado ao transporte coletivo.
O GT de Mobilidade Urbana da PBH denuncia a falta de transparência
nos contratos e contas das empresas de transporte público na cidade e irregularidades nas contas de empresas de ônibus na capital. Após as mobilizações, que revogaram o aumento da passagem, a prefeitura não abriu
a “caixa preta” das empresas de ônibus. “Temos denúncias de que as empresas estão lucrando quase o dobro do valor regulamentado e exigimos a
abertura da planilha de custos. Assim, teríamos a possibilidade de auditar
a alteração dessa empresas”, conta Clessio.
cultura
Como a Prefeitura não garante políticas públicas, população
pressiona e faz valer: caso do Espaço Comum Luiz Estrela
O estado de Minas Gerais é mundialmente conhecido por sua diversidade e riqueza cultural. Como sua capital, Belo Horizonte tem o dever de representar essa diversidade e promover políticas de fortalecimento e apoio à sua produção. No
entanto, não é o que o prefeito Marcio Lacerda tem construído. O integrante do
Conselho de Cultura Rafael Barros aponta que não há um desejo de que a política
cultural ocupe um espaço relevante na administração do município.
“Não vejo esse interesse por parte do prefeito. Isso fica claro tanto do ponto de
vista da questão orçamentária, que segue ínfima, quanto da composição dos cargos da Fundação Municipal de Cultura”, explica. Para Rafael, a Prefeitura não possui um projeto de política pública cultural qualificado e estruturado, tendo realizado apenas ações e eventos pontuais. Ele denuncia que as ações são voltadas
apenas para atrações.
Um ponto positivo do ano foi a realização da Conferência Municipal de Cultura, com encontros entre os meses de julho e setembro. Foi discutido de forma
mais ampla e participativa o texto do Plano de Cultura, que já foi encaminhado
para votação na Câmara dos Vereadores. “A conferência aconteceu por causa de
uma pressão da sociedade e definiu o documento que estabelece as diretrizes para a política de cultura durante os próximos dez anos”, conta o conselheiro.
06 | minas
Belo Horizonte, de 27 de dezembro a 09 de janeiro de 2013
Sociedade avalia o
governo Anastasia
Rafaella Dotta
De Belo Horizonte
Perguntados sobre a atuação
do governo de Minas Gerais em
2013, todos os entrevistados concordaram: este governo não sabe
receber as reivindicações da sociedade. Problemas como falta de
diálogo e processos jurídicos têm
sido recorrentes. Em contrapartida, a população está se movimentando e cobra seus direitos, assim como a qualidade dos serviços públicos.
Em junho e julho, milhares de
pessoas foram às ruas, questionando os gastos excessivos da Copa do Mundo, o processo de higienização das cidades, o monopólio dos meios de comunicação,
cobrando melhorias na mobilidade urbana e questionando o modelo político do estado e do país.
No segundo semestre de 2013,
as lutas não pararam. Destaca-
Protesto na sede da Globo Minas exigiu mais democracia na comunicação
ram-se a campanha “Anastasia,
cadê os R$ 8 bilhões da educação?”, realizada pelos professores
do estado e o Plebiscito Popular
pela redução da conta de luz, que
recolheu 600 mil votos em Minas
Gerais.
O livro “Desvendando Minas
– descaminhos do projeto neoliberal”, lançado em novembro, organizado por Gilson Reis e Pedro
Otoni, faz um balanço dos governos Aécio Neves (2003 a 2010).
Nesses anos, os índices de qualidade dos serviços públicos pioraram e a tendência de continuidade é forte para o governo de Antonio Anastasia.
O ex-governador Aécio Neves
é réu de uma ação na Justiça por
não investir o mínimo exigido em
saúde. E o Ministério Público avalia processar também Anastasia.
Energia
Em 2013, o governo federal anunciou a redução em 20% da conta de luz.
Na contramão disso, o governo estadual não reduziu a cobrança do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS),
mantendo-o como o mais caro do país: 42% do total da conta de energia.
Um dos coordenadores do Sindicato dos Eletricitários de Minas Gerais
(Sindieletro-MG), Jefferson Leandro, afirma que o dinheiro deste imposto não está sendo investido em melhorias para o estado. “Este ano foram
repassados R$ 5 bilhões para os empresários, enquanto morreram quatro
eletricitários e dezenas foram mutilados, porque a empresa não investe
na segurança do trabalhador”. Os eletricitários terminaram 2013 com uma
greve de 20 dias, para reivindicar que o governo estadual cumprisse acordos já firmados com a categoria.
A sociedade também se movimentou. Em outubro deste ano, foi organizado o Plebiscito Popular pela redução da conta de luz, em que a população foi consultada e votou pela redução da cobrança. De acordo com Carol Martins, secretária do Plebiscito Popular, as urnas chegaram a 290 cidades de Minas e foram recolhidos 600 mil votos. Do total, 99,3% das pessoas votaram pela redução do ICMS e do preço da energia. Os votos serão
entregues ao governo do Estado, à Cemig, Ministério Público e outros órgãos, como forma de pressionar pela redução da conta.
Apesar disso, o ano termina com uma notícia alarmante. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) pretende, a partir de 2015, fazer ajustes
mensais na conta de luz residencial, com o objetivo de deixá-la mais cara.
E Minas já ocupa os primeiros lugares no pódio do preço da luz.
Belo Horizonte, de 27 de dezembro a 09 de janeiro de 2013
Saúde
A Emenda Constitucional 29, aprovada em 2000, prevê que 12% do orçamento estadual deve ser destinado ao Sistema Único de Saúde (SUS).
Essa lei que não está sendo cumprida no estado de Minas Gerais. O ex-governador Aécio Neves é réu em uma ação de improbidade administrativa movida pelo Ministério Público Estadual, que questiona o não investimento constitucional. A ação indica que o governo Aécio, dos anos de
2003 a 2008, fez uma fraude contábil e incluiu um suposto investimento de
R$ 3,5 bilhões na Copasa. O Tribunal de Justiça de Minas Gerais reconheceu a denúncia do MPE e a ação segue em julgamento.
A situação do governo de Antonio Anastasia, que comandou os dois últimos anos do último governo de Aécio Neves e é do mesmo partido do exgovernador, não é muito diferente. O presidente do Sindicato Único dos
Trabalhadores da Saúde (Sind-Saúde-MG), Renato Barros, acredita que,
em 2013, não chegaram a ser investidos os 12% necessários. “Em 2012,
Anastasia investiu apenas 10,58%, mas vamos esperar os resultados saírem no início do ano que vem.”
Como consequência, os servidores da saúde têm tido condições de trabalho precárias. “Temos sobrecarga de trabalho, falta de profissionais e
muitos de nós estão adoecendo”, declara Renato. Para tentar garantir direitos trabalhistas como o reajuste salarial anual, os trabalhadores da saúde fizeram paralisações e greve neste ano. Mesmo assim, o governo estadual anunciou o “reajuste zero” para a categoria.
Renato Barros explica que a consequência disso reflete no atendimento ao usuário: “em todas as áreas a qualidade da saúde pública está caindo”. Um dos indicadores mais importantes em relação à qualidade de vida
de uma população é a sua taxa de mortalidade. Em 2003, Minas Gerais estava abaixo da média brasileira. Em 2010, estava acima da média, sendo o
estado que menos apresenta decréscimo do índice. Ou seja, não está evoluindo em sua política de saúde.
Segurança
Garantir a segurança significa, também, investir em quantidade e qualidade de nossos policiais. Essa é a opinião do Sindicato dos Policiais Civis de Minas Gerais (Sindipol-MG), que, no ano de 2013, se organizou para cobrar melhores condições de segurança à população mineira.
De acordo com Denilson Martins, presidente do Sindipol e conselheiro
minas | 07
Educação
Em 2011, o Sindicato Único dos Trabalhadores de Educação de Minas
Gerais (SindUTE) organizou uma greve de mais de cem dias, cobrando o
pagamento do piso salarial para a categoria. Beatriz Cerqueira, coordenadora geral do sindicato, afirma que em 2013 o governo estadual manteve
as portas fechadas para os professores e para a educação.
Além de não pagar o piso nacional estipulado por lei, o governo de Minas se recusa a estabelecer negociação com o sindicato. “Este ano não
conseguimos avançar com a negociação do piso salarial”, afirma Beatriz,
lembrando que, em contrapartida, o SindUTE foi processado pelo governo, que conseguiu liminar para proibir protestos na Copa das Confederações.
Segundo o vice-presidente da União Estadual dos Estudantes (UEE
-MG), Filipe Rodrigues, a juventude também faz um balanço negativo da
educação estadual. “Os estudantes apelidaram os professores de ‘professor tarja preta’, por causa do adoecimento desses profissionais, que precisam tomar remédios para conseguir dar aula.”
Como consequências da desvalorização dos professores, a educação
mineira está em queda de qualidade. Em 1997, Minas Gerais era o primeiro colocado no ranking do Sistema de Avaliação da Educação Básica
(SAEB), caindo para o quarto lugar em 2001. Nos resultados do ENEM de
2005, Minas Gerais caiu mais colocações, ficando pouco acima da média
nacional e abaixo de Rio de Janeiro e São Paulo.
Como saída para a crise da educação mineira, o SindUTE lançou a campanha “Anastasia, cadê os R$ 8 bilhões da educação?” que cobra o investimento no setor. A coordenadora do sindicato lembra que o governo estadual não cumpre a Constituição Federal, que prevê um mínimo de 25%
do orçamento estadual dirigido à educação. “E em 2013 não foi diferente”,
completou Beatriz.
Nacional de Segurança Pública, o movimento dos policiais começou em
janeiro de 2013, pedindo a modernização e humanização da Polícia Civil,
além do aumento do número de policiais. “Foram várias reuniões negativas com o governo, até que entramos em greve, em junho”.
Os policiais civis ficaram 156 dias parados, até que conseguiram aprovar uma nova Lei Orgânica, em lugar da Lei que ainda valia, formulada
na Ditadura Militar. “Aprovamos 65% do que reivindicávamos, mas tudo
o que tinha impacto financeiro positivo para o policial, o governo retirou”,
completa Denilson.
No ano de 2013, a criminalidade cresceu 21% em relação a 2012. Ao invés de priorizar políticas sociais e de prevenção, o governo investiu na
criação de presídios. “A política baseada no aprisionamento é de baixíssima eficiência. Cada preso custa, todo mês, cerca de R$ 2 mil ao Estado e as
taxas de reincidência superam 70%”, ressalta o especialista em segurança
pública Robson Sávio. O professor critica ainda o modelo criado em Minas
- com a inauguração do primeiro presídio em parceria com empresários,
em Ribeirão das Neves, em que o Estado gasta e as empresas têm lucro garantido, a partir da exploração do trabalho dos detentos.
08 | opinião
Belo Horizonte, de 27 de dezembro a 09 de janeiro de 2013
Acompanhando
Foto da semana
Samuel Scarponi
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Viu alguma coisa legal? Algum absurdo? Quer divulgar? Mande sua foto para [email protected]. Lembre-se de mandar o endereço onde foi registrado o fato e seu contato
Na edição 17 ...
Mais BH para os ricos, menos BH
para os pobres
... e agora
“Em São Pedro das Tabocas, distrito de Pedras de Maria da Cruz, no Norte de Minas, o tempo e a vida parecem mais
lentos e mais sinceros”. Foto do leitor Samuel Scarponi.
Michelly Elias
Lidyane Ponciano
Dilemas da expansão do ensino
superior
Projeto de lei para uma mídia
democrática
A Faculdade Federal de Odontologia de Diamantina, que se federalizou em 1960, se tornou a Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) em 2005. Passou a ter 23 cursos de graduação e
três campi. A importância dessa universidade é inegável, principalmente quando consideramos o acesso da
população brasileira à educação. Apenas 11% completou o ensino superior, e, desses, apenas 15% se formaram em universidades públicas.
A região onde a UFVJM se situa possui um dos índices de escolaridade mais baixos do país. A presença da
universidade na região tem propiciado o acesso de jovens e trabalhadores ao ensino superior público. Mas,
ao mesmo tempo, essa conquista tem convivido com
difíceis situações, que estão ligadas à lógica de expansão universitária. Podemos citar a dificuldade de permanência, pela restrita assistência estudantil e ausência de serviços como restaurante universitário e moradia; a carência de uma política de qualificação para os professores que viabilize a continuidade e o aprimoramento
de seus estudos, assim como a ausência de professores
substitutos em casos de licença-saúde e licença maternidade. Essas situações têm precarizado as condições
de trabalho dos docentes, que acabam realizando diversas funções ao mesmo tempo.
Diante disso, e apesar de reconhecer a importância
da expansão do ensino superior no país, a luta por uma
universidade pública que prime pela formação e produção do conhecimento em seus vários aspectos, pela valorização do professor e pela garantia da educação
como um direito de todos, é algo que ainda está por ser
realmente efetivado.
Para uma comunicação mais democrática, que dê
voz a todos e possibilite a aplicação do direito à liberdade de expressão, para termos mais diversidade e
pluralidade na televisão e no rádio, foi criado o Projeto de Lei da Mídia Democrática. O PL pretende, entre outros objetivos, acabar com os monopólios e oligopólios dos meios de comunicação, que, hoje, são
controlados por menos de 10 famílias no Brasil. Procura, principalmente, regulamentar os artigos da
Constituição Federal de 1988, que tratam da comunicação, e até hoje não foram regulamentados.
É importante dar ênfase à pluralidade e à diversidade e acabar com a concentração para promover a
circulação de ideias e pontos de vistas diferentes. A liberdade de expressão é um direito de toda a sociedade e não apenas de um grupo seleto de empresários
que, por meio de seus veículos, conseguem “controlar” a opinião pública deste país, e muitas vezes, intervir nos destinos da nação.
Como o Congresso Nacional e o governo federal
não regulamentam os artigos, conforme definições
da Conferência Nacional de Comunicação, o Fórum
Nacional pela Democratização da Comunicação
(FNDC), entidades da sociedade civil e movimentos
populares construíram a “Campanha para Expressar
a Liberdade - Uma nova lei para um novo tempo”.
A Campanha pretende coletar 1,3 milhões de assinaturas para que o projeto seja encaminhado ao
Congresso. Todos podemos colaborar. O Comitê Mineiro do FNDC pode ser contatado pelo endereço
[email protected]. O kit coleta e outras informações sobre o PL podem ser encontrados em
www.paraexpressaraliberdade.org.br.
Michelly Elias é professora do Departamento de
Serviço Social da UFVJM
Lidyane Ponciano é coordenadora do Comitê Mineiro do FNDC
A Operação Urbana Consorciada (OUC) Nova BH segue em debate pela sociedade e município.
No dia 19 de dezembro, foi realizada mais uma reunião do Conselho Municipal de Política Urbana (Compur) para debater a OUC
e a Conferência Municipal de Políticas Urbanas, obrigatória a cada
primeiro ano de gestão municipal.
O Ministério Público reforçou a recomendação de retirada do debate da OUC da pauta do Conselho.
O tema foi novamente retirado de
pauta, por segundo pedido de vista, e marcado para ser debatido em
reunião no dia 23 de janeiro. Além
disso, o Compur finalmente definiu a realização da Conferência
de Políticas Urbanas, com cronograma sugerido pelos movimentos
organizados durante a Conferência Popular realizada nos últimos
dois meses. A realização do evento será entre os dias 03 de fevereiro
e 30 de maio.
Na edição 17...
JK foi assassinado, diz Comissão
da Verdade
... e agora
Após revelação do assassinato do
ex-presidente Juscelino Kubitschek, a Comissão Nacional da Verdade recebeu, em Brasília, Comitês da Rede Brasil Memória, Verdade e Justiça para divulgar informações de eventos programados para o primeiro trimestre de 2014, assim como informar sobre o andamento dos trabalhos de pesquisa.
Também foram discutidas as contribuições que os comitês populares de vários estados e municípios
do Brasil encaminharam à CNV e
apresentação da estrutura provisória do relatório final da instituição.
Belo Horizonte, de 27 de dezembro a 09 de janeiro de 2013
Mundo em revista
Morte de Chávez
Pedro Bocca
de São Paulo
ram guerra à Síria. Os norte-americanos também sinalizaram intervir diretamente em apoio aos opositores do governo de Bashar Al-Assad. A falta de apoio dos seus aliados europeus e a forte reação contrária de Rússia e China obrigaram
o presidente Barak Obama a recuar. Em setembro, EUA, Rússia e Síria assinaram um acordo que prevê a destruição de armas químicas
no país árabe. No entanto, o conflito segue em clima de tensão.
Crise na Europa
O fim do ano foi marcado pela morte de uma das mais importantes personalidades do século XX, o ex-presidente sul-africano Nelson Mandela. Madiba - como era chamado pelos sul-africanos - foi a principal liderança negra na luta contra o Apartheid, regime que segregava brancos e negros no país. Mandela, que foi líder
militar do Congresso Nacional Africano (CNA), ficou 27 anos preso e
em 1994 foi eleito o primeiro presidente negro da África do Sul. Depois de um funeral de dez dias, Nelson Mandela foi enterrado no dia
15 de dezembro em Qunu, seu povoado natal.
Mujica no Uruguai
No dia 05 de março faleceu em
Caracas o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, em decorrência
de um câncer. O líder da Revolução Bolivariana havia recém vencido sua quarta eleição presidencial consecutiva e estava no governo desde 1999. Durante seu governo, Chávez realizou medidas importantes como a nacionalização
do petróleo, a criação de conselhos
populares e impulsionou a Aliança
Bolivariana Para os Povos de Nossa
América (ALBA). Em abril, seu sucessor, o ex-líder sindical e ministro das Relações Exteriores, Nicolás Maduro, foi eleito presidente ao
vencer o opositor Henrique Capriles.
Guerra na Síria
O conflito sírio, que se arrasta
desde 2011, passou por momen-
A Europa segue afundada na profunda crise econômica que se alastra desde 2009. Segundo a Organização Internacional do Trabalho
(OIT), mais de 500 mil europeus
perderam o emprego só em 2013.
A resposta da União Europeia segue sendo a “política de austeridade”, que consiste no desmanche de
políticas sociais e serviços públicos.
Em setembro, a coligação da atual chanceler alemã Angela Merkel
venceu as eleições pela terceira vez
seguida, garantido a continuidade
dessas políticas no mais forte país
europeu.
Morte de Mandela
2013 foi o ano de José “Pepe” Mujica, presidente do Uruguai. Ele é
considerado “o presidente mais pobre do mundo”, por seguir vivendo
em sua humilde casa na periferia
de Montevidéu. Defensor da justiça
social e dos direitos humanos, Mujica legalizou o aborto e o casamento homossexual, e o Uruguai se tornou o primeiro país do mundo a regulamentar a produção e o comércio da maconha. O ex-guerrilheiro Mujica também se destacou na
política internacional ao fazer um
marcante discurso na Assembleia
Geral da ONU, quando defendeu os
direitos humanos e o fim da desigualdade social.
Espionagem
tos de muita tensão este ano. Após
os ataques de armas químicas contra civis, cuja autoria não foi esclarecida, os Estados Unidos declara-
Um tema marcante de 2013 foi a
revelação de esquemas de espionagem do governo dos Estados Unidos sobre diversos países do mundo, entre eles o Brasil. Edward
Snowden, ex-funcionário de uma
mundo | 09
empresa que prestava serviços à
NSA (Agência Nacional de Segurança dos EUA), revelou documentos que comprovaram a “vigia” dos
EUA em assuntos estratégicos de
outros países. O caso motivou um
forte posicionamento do governo
brasileiro, simbolizado no discurso
da presidenta Dilma Roussef na Assembleia Geral da ONU. Dilma ainda cancelou uma visita comercial
aos EUA, em represália à espionagem. Exilado na Rússia desde agosto, Snowden pediu asilo político ao
Brasil.
Palestina na ONU
Na Assembleia Geral da ONU
de novembro deste ano, a Palestina votou pela primeira vez na história. O reconhecimento da Palestina na ONU, ocorrido em 2012, pode ser um passo importante para a
concretização da sua independência. O povo palestino teve seu território dividido em 1948 pela ONU,
que entregou mais da metade do
território ao Estado de Israel. Já
em 1967, os israelenses ocuparam
o restante do território palestino,
que domina esse povo desde então,
apesar de promessas de criação do
Estado Palestino.
10 | brasil
Belo Horizonte, de 27 de dezembro a 09 de janeiro de 2013
Dez fatos que marcaram o ano
Da Redação
Tragédia na boate Kiss
Feliciano e a “cura gay”
O incêndio na boate Kiss, na cidade
de Santa Maria, no Rio Grande do Sul,
causou comoção nacional. Na madrugada do dia 27 de janeiro, um incêndio na
casa noturna resultou na morte de 242
jovens. O fogo iniciou durante a apresentação da banda Gurizada Fandangueira,
que fez uso de artefatos pirotécnicos no
palco. Além disso, as investigações comprovaram irregularidades de segurança
na boate. O inquérito policial indiciou
16 pessoas criminalmente e responsabilizou outras 12. O Ministério Público denunciou oito pessoas, sendo quatro por
homicídio, duas por fraude processual e duas por falso testemunho. A Justiça
aceitou a denúncia e os envolvidos estão
sendo julgados. Dois proprietários da casa noturna e dois integrantes da banda foram presos dias após a tragédia, mas a Justiça concedeu liberdade provisória a eles em maio.
O pastor e deputado federal Marco
Feliciano (PSC-SP) foi um dos políticos
mais comentados do ano. Conhecido
por ter dado declarações consideradas
homofóbicas e racistas em redes sociais,
ele foi eleito presidente da Comissão de
Direitos Humanos e Minorias da Câmara, no mês de março. Antes da votação,
deputados do PT e do Psol deixaram a
reunião em protesto pela indicação do
pastor. Entre as polêmicas em que se envolveu, a principal é a tentativa de aprovar o projeto que ficou conhecido como
“cura gay”. O projeto de lei propunha determinar o fim da proibição, pelo Conselho Federal de Psicologia, de tratamentos que se propõem a reverter a homossexualidade. A proposta foi aprovada
em junho pela Comissão presidida por Feliciano, apesar de vários protestos de
militantes de direitos humanos. Porém, a Câmara decidiu arquivar o projeto, de
autoria do deputado João Campos (PSDB-GO), em julho.
Visita do Papa ao Brasil
Como primeira viagem oficial desde que assumiu o pontificado, em março, o Papa Francisco visitou o Brasil em
julho, durante a Jornada Mundial da Juventude. Milhões de pessoas receberam
o Pontífice no Rio de Janeiro, onde desfilou pelas ruas e abençoou fiéis. Ele também esteve em Aparecida, interior de
São Paulo, onde celebrou missa na Basílica do Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida. Entre as mensagens
passadas pelo Papa em sua visita ao país,
durante encontro com a coordenação do
Conselho Episcopal Latino-Americano,
ele afirmou: “Gosto de dizer que a posição de um discípulo missionário não é
de centro, mas de periferia”. Ele disse ainda que se colocar como “centro” é uma
tentação que descaracteriza a Igreja, que se transforma em uma ONG. Em um
de seus discursos de despedida, o Papa Francisco pediu aos jovens que tenham
coragem de “ir contra a corrente” e de “ser felizes”.
Julgamento do Mensalão
O Supremo Tribunal Federal retomou
em agosto a etapa final do julgamento da
Ação Penal 470, também conhecida como “mensalão”. Os 11 ministros do STF
julgaram os recursos apresentados por
todos os 25 réus condenados no julgamento. Em setembro, o STF aceitou os
embargos infringentes, o recurso previsto para os 12 réus que obtiveram pelo
menos quatro votos pela absolvição de
determinados crimes. Já em novembro,
o presidente do STF, ministro Joaquim
Barbosa, determinou a prisão imediata
de parte dos condenados, antes mesmo da decisão definitiva em relação aos regimes das penas. A partir de 15 de novembro, dia da Proclamação da República, entre os que se dirigiram até a Polícia Federal para serem presos estão o ex-ministro
José Dirceu, o deputado José Genoino, o ex-tesoureiro Delúbio Soares e Marcos
Valério, apontado como “operador” do esquema. Para juristas, como o professor
Emérito da PUC-SP, Celso Antônio Bandeira de Mello, o julgamento do caso do
“Mensalão” foi político e inconstitucional. “Esse julgamento é viciado do começo ao fim. Agora, os vícios estão se repetindo, o que não é de estranhar. Não vejo
nenhuma novidade nas violações de direitos. Confesso que fiquei escandalizado
com o julgamento”, avaliou após a prisão dos condenados.
Mais Médicos pelo Brasil
Após protestos nas ruas, o governo federal instituiu o programa Mais Médicos,
no mês de julho. O programa visa atrair
médicos para atuar no Sistema Único de
Saúde (SUS), nas periferias e no interior
do Brasil. Paralelamente, a longo prazo, adotou como estratégia a formação
desses profissionais. Segundo o Ministério da Saúde, o déficit de médicos no
país era de 54 mil. A medida foi criticada por conselhos, entidades e médicos
brasileiros, que estimularam o boicote
ao programa através de redes sociais, realizaram protestos e moveram ações judiciais contra o Mais Médicos. Primeiro,
houve a chamada para inscrição de profissionais brasileiros, com 94% das vagas sobrando, o programa foi aberto para
estrangeiros. Entre estes, o governo recebeu 5.400 médicos cubanos para atuar nas áreas que não haviam sido escolhidas por profissionais brasileiros ou de
outros países. Somente em agosto, foram 4 mil cubanos chegando ao Brasil, o
que gerou reações de profissionais brasileiros, que vaiaram os colegas de Cuba
e os chamaram de escravos, no Ceará. Segundo pesquisa do instituto MDA divulgada em novembro, 84,3% da população aprova o programa.
Crise do tomate
O mês de abril foi marcado pela chamada “crise do tomate”, quando o aumento do
preço do alimento, que chegou a R$ 9 o quilo, parecia tão descontrolado que seria capaz de derrubar a economia brasileira. Ele
chegou a ser comparado com uma joia pela apresentadora da Rede Globo, Ana Maria Braga, que apareceu com um colar feito
por tomates. Analistas, como o ex-ministro da agricultura, Roberto Rodrigues, desmentiram o aumento da inflação no período provocado pelo tomate, alertando que
se tratava apenas de uma situação conjuntural na agricultura, devido a problemas
climáticos. Nada mais foi do que uma “relação entre oferta e demanda”, alertou o exministro. Contudo, o alarde rendeu frutos para os setores conservadores que divulgavam os perigos da inflação ilustrada pelo tomate. O governo Dilma Rousseff cedeu à pressão dos bancos, da mídia e do PSDB e aumentou os juros. O Banco
Central elevou em 0,25% a taxa Selic, que chegou a 7,50% ao ano, ainda em abril.
Belo Horizonte, de 27 de dezembro a 09 de janeiro de 2013
brasil | 11
Jornada de Junho
O mês de junho marcou o início de protestos massivos que ocorrem em
diversas cidades do país. As manifestações populares iniciaram para contestar os aumentos nas tarifas de transporte público. As principais cidades onde ocorreram mobilizações foram São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre,
Rio de Janeiro, Salvador, Recife, Manaus, Fortaleza e Natal. Não só as capitais contaram com mobilizações, mas centenas de cidades do interior realizaram protestos, que tiveram grande apoio da população. Houve forte repressão policial contra as passeatas, o que gerou ainda mais apoio às mobilizações. Um grande número de pautas foram reivindicadas, como os gastos
públicos em grandes eventos esportivos, a má qualidade dos serviços públicos, a indignação com a corrupção política em geral, temas relacionados à
moradia, além da questão da mobilidade urbana.
Indígenas ocupam Câmara
Revoltados com a criação de uma comissão especial para analisar a Proposta
de Emenda à Constituição (PEC) 215, que dá ao Congresso Nacional poderes para demarcar terras indígenas, centenas de índios ocuparam o plenário da Câmara dos Deputados. O ato, realizado por mais de 700 indígenas representando 73
etnias, ocorreu três dias antes do Dia do Índio, celebrado em 19 de abril. Na ocasião, a líder indígena Sônia Guajajara afirmou: “Nós povos indígenas não vamos
permitir que uma minoria da sociedade brasileira, esses ruralistas e grandes empresários, seja maior do que nossos territórios. Vamos lutar até o fim”. Os manifestantes deixaram o plenário após decidirem aceitar a proposta do presidente da
Câmara, Henrique Alves (PMDB/RN). A proposta firmava que não haveria qualquer movimentação dos congressistas em relação à PEC 215 por seis meses. E seria formada uma comissão paritária para discutir as proposições que ameaçam
direitos indígenas.
Desaparecimento de Amarildo
O pedreiro Amarildo de Souza, 43 anos, desapareceu em outubro, depois de
ser levado por Policiais Militares para a sede da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) na comunidade da Rocinha, no Rio de Janeiro. Investigações do Ministério Público apontam que, enquanto o ajudante de pedreiro era torturado por
quatro policiais, outros 12 ficaram do lado de fora, de vigia. Oito PMs que estavam dentro dos contêineres que servem de base à UPP foram considerados
omissos porque não fizeram nada para impedir a violência. Outros cinco policiais que decidiram colaborar com as investigações disseram que o major Edson, então comandante da UPP, estava num dos contêineres, que não têm isolamento acústico, e podia ouvir tudo. O caso gerou indignação da população carioca e brasileira, que em diversos protestos, pede por justiça. 25 PMs foram denunciados e 13 estão presos, entre eles o ex-comandante da unidade, major Edson Santos. O corpo de Amarildo segue com paradeiro desconhecido.
Cartel do Metrô de SP
A formação de um cartel internacional para superfaturar obras e serviços na
rede ferroviária de São Paulo e Brasília é alvo de investigações. Em maio, a Siemens fez denúncias ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
Em troca de punições menos severas, a empresa reconheceu que pagou propinas
a autoridades de governos do PSDB - de Mario Covas, José Serra e Geraldo Alckmin -, em São Paulo, nos anos 1990 e 2000. Também, que teria formado cartel com
outras empresas, como Alstom, Bombardier, CAF e Mitsui. O esquema funcionaria através de fraudes que teriam acontecido em licitações públicas para venda e
manutenção de metrôs e trens metropolitanos. Segundo as denúncias, a Siemens
subcontratava empresas no Brasil para pagar propinas a políticos e diretores de
empresas públicas. Outra parte do esquema usava contas no exterior, em paraísos
fiscais. Mais uma acusação é referente à formação de cartel nos metrôs: as multinacionais combinavam entre si quem ganharia e quem perderia concorrências
públicas, para conseguir forçar que os valores fossem superfaturados. Em dezembro, o inquérito da Justiça Federal que investiga o esquema do Metrô de São Paulo chegou ao Supremo Tribunal Federal (STF). Estão sendo investigados secretários do governo estadual paulista, ex-diretores da CPTM, entre outros.
12 | variedades
Belo Horizonte, de 27 de dezembro a 09 de janeiro de 2013
Dicas e previsões para a virada
Keka Campos, astróloga ([email protected])
“Qual cor usar na passagem de ano para eu me sentir mais bonita e confiante? (diz Libra). Que simpatias (pensa Aquário) podem me ajudar a iniciar o novo ano com o pé direito para atingir minhas metas e ambições
(Capricórnio), me superar (Leão), crescer (Sagitário), alcançar meus desejos (Escorpião) e sonhos (Peixes)? Hmmm, o que devo comer na ceia
para atrair boa sorte? (se interessa, Touro). E por outro lado, o que devo
evitar!? (replica Virgem). Como fazer para garantir o ânimo, força de vontade, e pique (do elemento fogo) do 1º dia, durante os 364 dias posterio-
Olho grego
O objeto azul de vidro, pintado caracterizadamente, protege
contra a inveja e energias negativas. Segundo a superstição,
a cor azul absorve e espanta as energias ruins. Se o vidro da
peça rachar, é sinal de que o Olho Grego já cumpriu sua função de proteção e deve ser substituído por um novo. O melhor lugar da casa para colocá-lo como objeto de decoração
é perto da entrada.
Os sagitarianos e aquarianos lidam bem com esse tipo de amuleto, pois para
ser substituído frequentemente, seu dono não pode ser possessivo e apegado
às coisas materiais.
res? (exalta-se, o Ariano)”.
São reflexões, lembranças, dúvidas, desejos, esperanças e projetos novos, toda vez que deparamos com um ciclo se dissipando e outro já dando
o ar da graça, antes mesmo de se instalar! Mesmo sabendo que fazer nossa parte é essencial, quase todo mundo já pediu ou pedirá no Ano Novo
um empurrãozinho extra ao plano oculto. Existem alguns amuletos usados para garantir um bom ano:
E o que fazer?
Na ceia do Ano-Novo, coma pelo
menos, uma colher de lentilha. Reza
a lenda que isso garante fartura durante o ano inteiro.
Opa! Na dúvida, o taurino comeu
duas conchas! Afinal, o seguro morreu velho... ou farto!
Figa
Carregar o objeto é garantia de proteção contra agressões
físicas e espirituais. Segundo a tradição afro-brasileira, a figa “fecha o corpo”, oferecendo proteção máxima.
Amuleto ideal para quem acredita que a fé verdadeira é a
melhor proteção. Áries, Leão, Sagitário, Aquário e Peixes
têm esta facilidade.
Trevo de quatro folhas
Símbolo mais conhecido de sorte. Os supersticiosos acreditam que encontrar um trevo de quatro folhas significa garantia de um longo período de sorte e fortuna.
Ideal para os amantes da natureza que desejam manter
contato essa energia. Touro, Virgem, Libra e Peixes adorariam carregar consigo um desses.
No dia 31, varra toda a casa, partindo do fundo até a entrada. Certifique-se de não deixar nada quebrado, como vasos e espelhos.
Perfeito para os nativos de Virgem,
juntam o ritual com a verdadeira terapia que a arrumação proporciona.
No dia da virada, coma 12 gomos de
uva e separe as sementes. Envolva
-as em um guardanapo e guarde-as
na carteira durante o ano todo para
garantir dinheiro nos 12 meses
Câncer estava abalado emocionalmente e acabou comendo o cacho
inteiro. Se sentiu culpado, então fez
mais 30 amuletos com as sementes
restantes e os distribuiu a todos os
familiares.
Fita do Senhor do Bonfim
Usada para atrair sorte, acredita-se que a fita é capaz de realizar três pedidos feitos com fé. Cada nó representa um pedido e, segundo a tradição, assim que os desejos se realizam, a fita se desprende e pode ser jogada fora.
Geminianos, Sagitarianos e piscianos, comprem por atacado! Signos de qualidade mutável não focam em um único objetivo, então três
(ou mais) possibilidades de desejos se encaixam bem às necessidades desses
seres super flexíveis.
Pimenta
Na Ásia antiga, a pimenta era usada em um conjunto de
amuletos, a fim de afastar maus espíritos. Essa superstição
persiste até os dias atuais, o que leva as pessoas a usarem
uma ou mais pimentas para afastar maus olhados, inveja e similares, em pulseiras, brincos, pendurados em portas.
Escorpianos se atraem por este tipo de amuleto, pois acreditam ser uma extensão da própria pimenta: delicados, belos, frágeis por fora,
mas que guardam um veneno ardido e intenso para quem ousar despi-los moralmente ou lhes desafiar.
A calcinha usada no reveillon deve
ser nova e dada a você de presente
por outra pessoa.
Escorpianos adorarão praticar essa
superstição, principalmente se puderem, depois, celebrar com o presente e a pessoa desejada.
variedades | 13
Belo Horizonte, de 27 de dezembro a 09 de janeiro de 2013
Se você vai passar o reveillon na
praia, não deixe de pular as sete ondinhas! Lembre-se de fazer um desejo para cada uma. Quando terminar, afaste-se aos poucos, andando de costas, sempre encarando o
mar. Só vire de costas para o oceano quando sair completamente da
água. Assim, você deixará toda a
energia negativa no ano que passou. Para decorar e praticar esses malabarismos na noite de ano novo regada a champanhe e sono, ninguém melhor que o
geminiano comunicativo e sempre pronto para aprender!
Que cor usar ?
Uma das superstições mais praticadas em qualquer canto do mundo é a roupa
que você deve vestir na passagem do ano.
Uma nova fase está nascendo, portanto há outras visões, outras possibilidades. Essa energia de transformação precisa nos atingir e nos permear. Por isso, muita gente ainda aposta nas cores como formas de atrair a energia escolhida. Caso não encontre seu modelo colorido ideal, não tem problema: vista o branquinho básico e pinte o 7 “por debaixo dos panos”, isso já funciona
muito bem! Além do mais, é a fé colocada na prática que dita a sua eficácia.
As cores, seus significados e os signos relacionados:
Branco
Não passe o ano novo com a carteira ou os bolsos vazios. Além disso,
para ter dinheiro sempre, coloque
uma nota de qualquer valor dentro
do sapato
Capricórnio se preveniu de tal modo, que decidiu não recolher as notas guardadas em seus sapatos, suas roupas, sua casa.... vai que um dia
ele precisa...
Paz, sabedoria, luz interior, tranquilidade. O branco repele as energias negativas e eleva as vibrações, transformando-as. Estimula a memória e gerencia o equilíbrio interior. (CÂNCER E PEIXES)
Amarelo/Dourado
Atrai prosperidade pessoal e sabedoria durante todo
o ano. Essa cor ajuda também a estimular a intuição.
(LEÃO, SAGITÁRIO)
Rosa
O rosa é o resultado da mistura do vermelho e do branco.
Transmite felicidade no amor, pureza e beleza durante o ano
vindouro. (LIBRA, TOURO E GÊMEOS)
Vermelho
Proporciona energia vital, estado de alerta, muita paixão e
intensidade. Caso ache a cor pesada demais, pode pintar
as unhas, usar uma joia ou um acessório pequeno, isso já
garante o resultado! (ÁRIES E ESCORPIÃO - como vermelho
sangue e SAGITÁRIO - como um vermelho escuro ou vinho)
Azul
“Eu defendi o ideal de uma
sociedade democrática e livre,
na qual todas as pessoas vivam
juntas em harmonia e com
oportunidades iguais”.
Nelson Mandela
Com os mesmos ideais do
líder sul africano, o Sinpro
Minas deseja a todos um
2014 com muitas ações para
a construção de uma
sociedade melhor.
SINDICATO DOS PROFESSORES DO ESTADO DE MINAS GERAIS
FILIADO À FITEE, CONTEE E CTB - WWW.SINPROMINAS.ORG.BR
Verde
Traz paz de espírito e segurança. Tranquilidade, intuição, harmonia e saúde, também são provenientes desta cor. (AQUÁRIO - em seu tom turquesa e PEIXES - com o azul marinho,
das profundezas do oceano)
O verde representa as energias da natureza, da vida, o que
nos remete à esperança, equilíbrio e recomeço. Renova as
energias trazendo vida nova. (GÊMEOS - verde claro, vivo e
LIBRA, em seu tom pastel, verde-água)
Laranja
Atrai sucesso material. Ajuda nas conquistas pessoais e
profissionais. Se você está aguardando aquela promoção, ou mesmo está procurando um emprego, encontrou a cor certa. (ÁRIES, LEÃO E SAGITÁRIO - em tons vivos e VIRGEM e CAPRICÓRNIO - como marrom alaranjado ou tons de bege)
Violeta
A cor violeta traz inspiração, compreensão, imaginação e estabilidade. Esta cor também eleva a autoestima e ajuda a
manter o foco em um objetivo. (PEIXES)
14 | cultura
Belo Horizonte, de 27 de dezembro a 09 de janeiro de 2013
AGENDA DO FIM DE SEMANA
é tudo de graça!
MÚSICA
DANÇA
Movimento Black
Soul, evento cultural que ocorre todo primeiro e segundo sábado do mês com músicas
dos anos 70 e 80 no estilo soul e funk. Sábado
(4), das 14h às 20h, na
Praça Sete.
POESIA
Sarau de Poesia. Sexta (27), às 20h, na Av.
Professor Aldo Zanini, 381 - Centro (Nova Lima).
Oficina de Relaxamento com Dança Cigana. Todas as sextas, das 14h às 16h, no
Centro Cultural Lagoa
do Nado (Rua Ministro
Hermenegildo de Barros, 904, Itapoã).
Segunda a quinta-feira
EXPOSIÇÃO
O Centro
O projeto Imprensa
Cultural MiMusical apresenta a
nas Tênis
banda da Polícia MiClube recelitar interpretando
be exposiclássicos da música
ção de Tomoderna.
mie Ohtake no ano do seu
Terça (7),
centenário de nascimento. Até
18h, nas janelas frontais da Imprensa
02/02, terças a sábados, de 10
Oficial (Augusto de Lima, 270)
às 20h e domingos, de 11 às
Artes plástica
19h, (Rua da Bahia, 2.244, Centro de Facilidades - Piso 5).
MÚSICA
HIP HOP
A mostra “Bordadas Memórias de Sutis Lembranças” ressalta detalhes do
passado em lingeries femininas confeccionadas para a primeira noite das noivas nas décadas de 1950 a 1970. Até dia
31/05, segundas das 10:00 às 19:00; terças, quartas, quintas e sextas das 10h às
21h no Centro de Referência da Moda
de Belo Horizonte (Rua da Bahia, 1149,
Centro).
A Exposição
Pioneiros,
Personagens e Conquistas traz
fotografias,
registros e
instrumentos e equipamentos
de som, referentes aos 25 anos
do movimento Hip Hop no Alto
Vera Cruz. Até 17/01, no Centro
Cultural Alto Vera Cruz (Rua Padre Júlio Maria, 1577, Alto Vera Cruz).
Brincadeiras e jogos educativos
para as festas de fim de ano
Da Redação
Tradicionalmente o fim de ano
é um momento de reunião familiar. Tios e tias, afilhados e avós que
estão em lugares diferentes do país, ou até na mesma cidade, se encontram em festas de comemoração, que podem ser grandes viagens, com mais de 30 pessoas, ou
em ceias íntimas no apartamento
de alguém. Mas o que há de comum
em todas as festas é a presença de
crianças. Enquanto os adultos colocam o papo em dia, as crianças, de
idades variadas, tentam se conhecer e gastar um pouco da energia
gerada pela timidez ou ansiedade.
“O que fazer com essas crianças?”, é
o que muitos se perguntam.
O especialista em educação Geraldo Peçanha de Almeida elaborou um compêndio com brincadeiras e jogos típicos do Brasil, encontrados em suas andanças pelo país e sugeridos por professores
de atenção básica. São 123 páginas
de brincadeiras que podem ser desenvolvidas com 15 ou mais crianças ou com apenas uma ou duas. O
teor dos jogos é variado, há aqueles que colocam a meninada pra se
mexer, como o Puxa-puxa, em que
dois times competem quem consegue trazer mais coleguinhas para o
seu lado, ou os mais calmos, como
o “Stop”, de escrever palavras que
iniciem com uma letra sorteada por
todos.
Muitas destas brincadeiras já foram realizadas pelos adultos em
outras épocas de suas vidas, mas a
diversidade exposta no livro propõe
muitos jogos que podem ser feitos
por toda a família, trazendo descontração e união às festas.
Durante a elaboração, Geraldo
se preocupa com o desenvolvimento da criança, avaliando em cada
brincadeira as questões trabalhadas, como psicomotricidade, a importância do lúdico e a educação.
Serviço:
Livro: Brincadeiras e jogos típicos do
Brasil
Autor: Geraldo Peçanha de Almeida
O livro pode ser baixado gratuitamente na internet através do site
www.geraldoalmeida.com.br
Belo Horizonte, de 27 de dezembro a 09 de janeiro de 2013
esporte | 15
esporte |
na geral
Agenda Libertadores 2014
A 55ª edição da Copa Libertadores da América começa no dia 28 de
janeiro. Neste dia entram em campo as equipes que disputam a fase
preliminar da competição. Dos brasileiros que vão participar desta fase, o Atlético-PR joga no dia 29, às
22h, contra o Sporting Cristal-PER,
enquanto o Botafogo, na mesma
data e horário, encara o Deportivo Quito-EQU, no Equador. As partidas de volta da fase estão marcadas para o dia 5 de fevereiro. A fase
de grupos começa no dia 11 de fevereiro, com o Atlético-MG jogando fora de casa contra o Zamora, na
Venezuela. O Cruzeiro faz sua primeira partida no dia seguinte, 12 de
fevereiro, contra o Real Garcilaso ,
no Peru. No dia 13 é a vez do Flamengo encarar o León, no México,
enquanto o Grêmio abre seus trabalhos no torneio também no dia
13, quando encara o vencedor do
confronto 6, ente Oriente Petrolero
-BOL e Nacional-URU, fora de casa.
O campeão das Américas será conhecido apenas em agosto, após a
Copa do Mundo.
27 mil na São Silvestre
A São Silvetsre, maior corrida de rua da América Latina, tem
27,5 mil atletas inscritos. A corrida,
que acontece São Paulo no último
dia do ano, terá a largada na Avenida Paulista, altura da Frei Caneca e a chegada em frente ao prédio
da Fundação Cásper Líbero, também na Paulista. A prova será realizada no período da manhã, com
a primeira largada, para corredores
cadeirantes, às 6h50, e para portadores de necessidades especiais às
6h55. O pelotão de elite feminino
terá a largada às 8h40. Logo em seguida, às 9 horas, é a vez do pelotão
de elite masculino, pelotão especial (masculino e feminino) e atletas em geral.
Grupo do Brasil na Copa - cuidado não
faz mal a ninguém
Marcelo Pereira
Há quem esteja comemorando efusivamente o grupo do Brasil como
uma “moleza”. É bom tomar cuidado. Croácia, Camarões e México, nenhum desses tem vocação para ser o saco de pancada da vez. A Croácia, assim como em geral os países da antiga Iugoslávia, tem um estilo
de jogo muito parecido com o nosso, de toque de bola e técnica refinada. É contra eles que faremos nossa estreia e o jogo de abertura da Copa
do Mundo. Isso já aconteceu antes. O jogo de estreia do Brasil na Copa de 2006, na Alemanha, foi contra a Croácia: e suamos muito para arrancar uma vitória por 1x0.
O segundo adversário, o México, é um velho conhecido. Nos eliminou nas Copas das Confederações de 1999 e 2005 e da Copa América
de 2001 e 2007. Apesar de ter feito uma campanha ruim nas Eliminatórias, classificando-se em quarto lugar, é um país que tem uma tradição
futebolística respeitável e está longe de ser um adversário a ser subestimado. O mesmo vale para Camarões, contra quem disputaremos a terceira e última rodada da fase de grupos. Uma equipe que tem principal
jogador nada menos que Samuel Eto’o, que ainda é um dos melhores
do mundo em sua posição, merece respeito. Entretanto, nosso histórico contra equipes da escola africana é bem favorável. Nosso confronto
contra eles na fase de grupos da Copa de 94 nos traz boas lembranças:
um retumbante 3x0 para levantar a moral da equipe de Parreira, com
direito a um belo gol de Romário. E vale lembrar outro 3x0, contra Gana, pelas oitavas da Copa de 2006.
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Belo Horizonte, de 27 de dezembro a 09 de janeiro de 2013
OPINIÃO Atlético
Passado, presente e futuro
Bruno Cantini
OPINIÃO Cruzeiro
Diego Silveira
O atleticano sabe: 2013 foi o ano
do Galo.
O fracasso precoce na Copa do
Brasil, o oitavo lugar no Brasileiro e
a dolorosa derrota para o Raja Casablanca no Mundial não mancham os
sucessos conquistados. Além do bicampeonato mineiro, em que o título veio com vitória sobre o arquirrival, 2013 brindou o atleticano com a
maior conquista da história do clube. A forma avassaladora por que o
Atlético se classificou na primeira fase da Libertadores, passando por dificuldades inesperadas a partir das
quartas-de-final contra o Tijuana e
culminando no título continental,
será lembrada como uma das mais
empolgantes sequências vitoriosas
do torneio. Que atleticano deixa de
vibrar ao lembrar das goleadas con-
tra São Paulo e Arsenal de Sarandí, a
defesa de Victor no pênalti marcado
no último minuto, Réver levantando o troféu mais sonhado? Em 2013,
ninguém conquistou mais títulos e
tão importantes quanto o Galo.
A dúvida agora é sobre o ano que
virá. A indefinição sobre a permanência do Gaúcho, o impacto da saída de Cuca e a nova direção técnica
de Paulo Autuori deixam perguntas
no ar. O quarteto ofensivo Ronaldinho, Fernandinho, Tardelli e Jô será
mantido? O bom ambiente promovido por Cuca no elenco continuará?
Autuori saberá explorar todo o potencial do grupo de jogadores? Se as
respostas forem sim, 2014 promete.
Por enquanto, o que o atleticano
sabe é que o passado é inesquecível,
o presente para se aprender e o futuro para se aguardar. Anuncie
no Brasil
de Fato MG
Todas as semanas
nas ruas de
Belo Horizonte
(31) 3309-3304
[email protected]
A décima terceira taça
Whashigton Alves
Wallace Oliveira
No sagrado esporte de Dirceu Lopes, 13 grandes títulos pertencem a
Minas Gerais, entre a incomparável
Taça Brasil, o Brasileirão, a Copa do
Brasil, a Libertadores e a Supercopa. Desses, nada menos do que 11
nos vieram pelos benditos pés cruzeirenses, enquanto os outros dois
são exceções que confirmam a regra. O Cruzeiro é o primeiro e o último mineiro a se sagrar campeão
nacional, interrompendo os triunfos de paulistas e cariocas.
A glória de Minas começou em
1966. Os meninos do Barro Preto
nasceram para o mundo ao derrotarem os galácticos do Santos, melhor time do planeta. “Um título
nos foi dado”, a Serra do Curral proclamou. Placar de 6 a 2 no Mineirão. “Do mais alto dos céus!”, a Serra
do Mar reverenciou. No Pacaembu,
3 a 2. O Rei Pelé se ajoelhou.
Passados 47 anos, o Brasileirão
2013 seguramente não é a maior
conquista cruzeirense, mas ele nos
chega como uma bênção, após dois
dolorosos anos nos quais beiramos
o inferno e por um instante nos espantamos com um alvinegro porvir.
Agora, o Cruzeiro ressuscita para libertar o futebol brasileiro da retranca, do jogo burocrático e da falácia
dos que só sabem jogar em seu próprio campo.
Do outro lado da lagoa, seguidores do Clube Atlético de Marrakesh
já cruzaram o Mar Vermelho e caíram no deserto, onde amargarão
mais 40 anos sem títulos. Quando,
por fim, sua seca acabar e eles novamente comemorarem alguma
coisa importante, 2013 será lembrado como o ano em que São Fábio ergueu a 13ª grande taça do futebol mineiro.
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Edição 19 do Brasil de Fato MG