A nossa homenagem ao Comandante Carlos Cardoso dos Santos
José Alfredo Almeida
Presidente da Direcção AHBV Peso da Régua
É com enorme honra que venho hoje aqui co apresentar com o meu amigo Prof. Manuel
Mesquita ilustre Provedor da Santa Casa de Misericórdia do Peso da Régua o livro
dedicado à vida que o cidadão Carlos Cardoso dos Santos dedicou ao bem de todos nós:
« O Reguense – Carlos Cardoso dos Santos».
Mas é melhor rectificar as minhas intenções: apenas vou falar, um pouco do que sei da
vida do Reguense Carlos Cardoso dos Santos como Comandante do Corpo Activo dos
Bombeiros Voluntários do Peso da Régua.
Venho aqui a pedido de Carlos Cardoso dos Santos, mas também posso dizer que, caso
não me convidasse era meu dever marcar presença nesta singela homenagem. Por duas
razões: A primeira, pela amizade que a partir de certa altura foi crescendo por aspectos
das nossas vidas pessoais; a segunda, pelo abraço que o Corpo Activo dos Bombeiros
Voluntários do Peso da Régua, que me incumbiu de lhe dar neste acto, o que eu faço
com todo o gosto.
Venho aqui ainda em meu nome pessoal, mas também como Presidente da Direcção da
Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários do Peso da Régua e já agora não
me levem a mal também estou aqui como Presidente da Direcção da Federação dos
Bombeiros do Distrito de Vila Real.
Como representante destas duas instituições de Bombeiros, pelas quais também Carlos
Cardoso dos Santos dedicou muito da sua vida de que fala este livro, trago algumas
notas e memórias da sua passagem, dos momentos que viveu, do empenho que sempre
deu às causas em que se meteu e, por fim dos amigos em que deixou uma indelével
marca nos seus corações. Uma coisa posso garantir-vos: Carlos Cardoso dos Santos não
foi apenas um líder no comando de homens, foi mais do que isso, foi um companheiro
que se imponha pela sua maneira educada, reservada e, muitas vezes até tímida de
enfrentar os momentos da vida.
Não me levem a mal, mas também eu sou um admirador do homem generoso e sereno
com um sorriso que dá confiança, do último grande herói dos Bombeiros da nossa
cidade. Disse “herói”, não me enganei: da sua vida trinta e um anos foram doados ao
serviço de todos nós para que não tivéssemos de sofrer com fogos, acidentes e
inundações das cheias do Douro. Este homem que nunca gostou de dar nas vistas, não
descansou, não dormiu, não partilhou horas a fio a companhia da sua família para nos
garantir segurança e bem estar nas nossas vidas.
Foi durante um longo tempo que a sua vida marcou as páginas da história da Associação
Humanitária dos Bombeiros Voluntários do Peso da Régua. Depois dos Fundadores e
dos cinco antecessores no cargo de Comandante, Carlos Cardoso dos Santos é ainda
hoje um símbolo, a referência principal dos nossos Bombeiros. Nestes longos anos
Carlos Cardoso dos Santos não passou na vida de forma anónima. Pelo contrário, nela
deixou marcas fora do comum. Como grande exemplo que nos deixa é a facilidade com
que fez amigos na família dos Bombeiros de todo o país. Eu sou testemunha que Carlos
Cardoso dos Santos é ainda hoje recordado com estima, consideração e saudade. Para
ele tem me sido entregues abraços de reconhecida amizade, que por falta de
oportunidade ainda não lhos dei. Mas para que ele não fique em falta consigo perante
estas testemunhas que se encontram neste Salão nobre hoje cumpro a obrigação de aqui
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emocionado os entregar, como eles saíssem das mãos e do coração desses seus grandes
amigos.
O destino não permitiu que eu tivesse a honra de ser director, nos anos em que Carlos
Cardoso dos Santos foi Comandante dos Bombeiros Voluntários do Peso da Régua. Se
tivesse tido essa sorte, sei que aprenderia mais do pouco que sei sobre Bombeiros.
Porém, o destino gosta de nos pregar as suas partidas. E, essa partida no meu caso foi
ter convivido alguns anos com um seu grande amigo, um homem que também dedicou
muito da sua vida aos Bombeiros do Distrito de Vila Real, o Senhor Rodrigo Félix dos
Bombeiros Voluntários da Cruz Verde de Vila Real que, certamente aonde estiver lá no
outro mundo, estará a sorrir de satisfação por ter contribuído para o livro da vida de
Carlos Cardoso dos Santos. Foi Rodrigo Félix que, em princípios de 1999, me
convenceu sem precisar de dar muitas explicações que gostava de propor à Liga dos
Bombeiros Portugueses a atribuição do Crachá de Ouro ao Comandante Carlos Cardoso
dos Santos, então já no Quadro de Honra, pelo reconhecimento de 31 anos de missão
nos Bombeiros Voluntários do Peso da Régua. A proposta com o nosso apoio seguiu o
seu caminho e como todos sabem foi aprovada por unanimidade. Assim, em jeito de
recordação gostava de agora ler o que esse seu bom Amigo escreveu sobre Carlos
Cardoso dos Santos: “A Direcção da Associação Humanitária dos Bombeiros
Voluntários do Peso da Régua enviou a esta Federação uma proposta aprovada em
sua reunião de 17 de Maio do ano em curso, de condecoração, com o «Crachá de
Ouro» da Liga dos Bombeiros Portugueses do Comandante no Quadro Honorário do
seu Corpo de Bombeiros, Senhor Carlos Cardoso dos Santos. Pode, assim verificar-se
que o Senhor Carlos Cardoso dos Santos prestou serviço activo durante cerca de 31
anos e já se encontra no Quadro Honorário há 9 – 40 anos de serviço.
Pode, ainda, verificar-se a acção desenvolvida na sua Associação e no Comando do
seu Corpo de Bombeiros, de tal forma brilhante, que mereceu o reconhecimento da
Câmara Municipal do Peso da Régua que lhe atribuiu a Medalha de Prata do
Município.
Com efeito, de uma educação esmerada, dialogante, de excelente trato, cumprindo as
missões com uma entrega total, o Senhor Comandante Carlos Cardoso dos Santos foi
sempre um exemplo como homem e como Bombeiro.
Durante três décadas tudo deu de si em prol do Bem Comum com verdadeiro espírito
de voluntariado, muito contribuindo com o seu exemplo, para o bom nome e prestígio
da sua Associação e Corpo de Bombeiros.
A nível do Distrito, foi sempre respeitado e tido como um dos melhores Comandantes
de Bombeiros, entre os vinte e sete Corpos existentes.
Eu penso sinceramente que Rodrigo Félix nestas suas palavras que acabei de citar disse
tudo que o autor do seu livro, o jornalista Manuel Igreja não disse nas suas 31 páginas.
Ainda bem que alguma coisa ficou para contar da sua vida, que mesmo em traços largos
certamente não caberia nessas páginas. Para mim foi a oportunidade, de revelar pela
primeira vez palavras de reconhecimento que sei Carlos Cardoso dos Santos as ouviu
com profunda emoção.
Seguramente o livro sobre a vida de Carlos Cardoso dos Santos tem mais falhas e outras
lacunas que a sua vida pessoal e profissional não teve. Felizmente que a nossa memória
guarda fielmente um momento da sua vida que merecia um destaque especial e,
porventura, uma fotografia alusiva ao momento da entrega do Crachá de Ouro no Salão
Nobre do Quartel dos Bombeiros Voluntários do Peso da Régua. Foi pena…! Mas eu
trago as fotos para lhe oferecer…e recordo esse momento como uma sentida
homenagem a um homem calmo e sereno, de alegria contida no rosto que estava ali a
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receber uma nobre distinção que por humildade da sua pessoa, sentia não merecer como
em voz embargada chegou a dizer no seu discurso breve de agradecimento.
Muitos mais momentos poderia recordar da vida de Carlos Cardoso dos Santos mas
penso que da sua passagem pelos Bombeiros Voluntários do Peso da Régua, já disse o
essencial.
Resta-me dizer que o livro “O Reguense” – Carlos Cardoso dos Santos”, é de uma vida
que conta, de uma vida que nos deu sinais para o seguir como um exemplo. Com a vida
de Carlos Cardoso dos Santos aprendemos a lição que só fazemos um mundo melhor se
formos bons e solidários. Ele já fez a sua parte, e fez bem a muita gente. Felizmente está
a viver o tempo suficiente para que ninguém tenha dúvidas.
Na vida de Carlos Cardoso dos Santos tudo valeu a pena. Para sorte dos Bombeiros.
Para sorte da Misericórdia. Para sorte do Peso da Régua.
PS: Este texto foi lido no Salão Nobre da Santa Casa de Misericórdia do Peso da Régua
em Dezembro de 2006.
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