IMPACTOS SOCIOECONÔMICOS DECORRENTES DE TEMPESTADE SEVERA NO
MUNICÍPIO DE RIO CLARO.
Iara Regina Nocentini André1, João Rafael Correa dos Santos2, Thiago Salomão de Azevedo3,
Antonio Carlos Tavares1, Carlos Augusto da Costa Prochnow1.
1 – Departamento de Geografia IGCE/UNESP – Rio Claro [email protected]
2 – Curso de Graduação em Geografia IGCE/UNESP – Rio Claro
3 – Faculdades Integradas Claretianas de Rio Claro.
RESUMO: Esta pesquisa analisa os impactos socioeconômicos decorrentes de uma tempestade
severa que atingiu o município de Rio Claro entre os dias 24 e 25 de fevereiro de 2010, utilizando
as ocorrências registradas pela Defesa Civil do município. Os resultados serão de grande
importância para o poder público municipal na minimização de perdas humanas e socioeconômicas
no futuro.
ABSTRACT: This research presents the socio-economic impacts resulted from a severe storm that
occurred in the Rio Claro town between 24 and 25 February of 2010, using the events recorded by
the Municipal Civil Defense. The results will be of great importance to the municipal government in
minimizing socioeconomic impacts in the future.
INTRODUÇÃO
Atualmente, os impactos socioeconômicos e ambientais decorrentes de fenômenos atmosféricos
extremos, como as tempestades severas, são constantes nos centros urbanos do Brasil. A ausência
de planejamento urbano, gerado pelo crescimento desordenado das cidades expõe a população a
áreas impróprias à urbanização. Tavares e Silva (2008, p.5) afirmam que “a expansão rápida e
desordenada dos núcleos urbanos levou à impermeabilização de áreas extensas, inclusive daquelas
situadas nos fundos de vales, onde, com freqüência, foram implantadas amplas avenidas, visando à
rápida circulação de veículos automotores.” A ocupação inadequada das áreas de várzeas e de
encostas íngremes expõe a população a constantes inundações e deslizamentos, consequentemente a
danos socioeconômicos e vidas humanas.
Os fenômenos meteorológicos extremos, associados às características da área urbana, geram
situações de perigo e impactos socioeconômicos. Para auxiliar a gestão pública e a sociedade, a
dinâmica destes fenômenos deve ser analisada, assim como seus impactos nas áreas urbanas devem
ser espacializados para identificar as áreas suscetíveis. O presente trabalho analisa os impactos
registrados pela Defesa Civil de Rio Claro/SP deflagrado pelo episódio de tempestade severa
ocorrido entre 24 e 25 de fevereiro de 2010.
METODOLOGIA
Os dados de precipitação decorrentes da tempestade severa que atingiu Rio Claro/SP foram
registrados através dos postos de coleta pertencentes à rede de monitoramento climático do
Laboratório de Climatologia do Departamento de Geografia – IGCE/UNESP – Campus de Rio
Claro. Os dados armazenados em um banco de dados e exportados para o software Surfer
(GOLDEN SOFTWARE, 1995), onde foi elaborado um mapa de isoietas utilizando o método de
mínima curvatura.
A utilização do banco de dados das ocorrências registradas pela Defesa Civil foi essencial na
espacialização dos danos causados pelo fenômeno atmosférico severo ocorrido na área urbana de
Rio Claro. Este procedimento foi efetuado no software ArcView (ESRI, 1996). As informações
(número de ocorrências, tipos e localização) foram espacializadas no mapa urbano de Rio Claro.
RESULTADOS
O município de Rio Claro possui clima tropical com chuvas concentradas na primavera e verão.
Assim como as cidades brasileiras de médio porte, o município apresenta aumento populacional,
córregos canalizados, com emissão de esgoto e várzeas ocupadas, escoamento superficial pluvial
intenso nos episódios de chuvas rápidas e concentradas, com rede deficiente de galerias pluviais
(BERRÍOS, 2002; BRAGA, 2005; TAVARES E SILVA, 2008).
Assim, no dia 24 e 25 de fevereiro de 2010, o intenso movimento convectivo associado ao avanço
de uma frente fria no Estado de São Paulo proporcionou instabilidade atmosférica com fortes
tempestades no estado. Nestas condições atmosféricas, em Rio Claro ocorreu uma tempestade
severa que atingiu a parte oeste, central e sul do município por 45 minutos, das 23h15min do dia 24,
até as 00h00min horas do dia 25 (SANTOS, 2010). Os dados da precipitação foram registrados por
11 postos de coleta espalhados pelo município (FIGURA 1).
A intensa precipitação proporcionou alagamentos na Avenida Visconde de Rio Claro na confluência
da Av. Presidente Tancredo de Almeida Neves com a Rodovia Washington Luís. Este fato ocorreu
porque o Córrego da Servidão, que corta a área urbana de norte a sul, está canalizado até este ponto
e recebe o escoamento pluvial de dezenas de bairros compreendidos numa área de 1.659,80 ha,
além da drenagem superficial da Rodovia Washington Luís. Neste local, foi registrado o óbito por
afogamento.
A Defesa Civil registrou 46 ocorrências em 16 bairros distintos, sendo o Bairro Inocoop o mais
afetado com 26 registros de inundações em residências (FIGURA 2). O escoamento pluvial da
Avenida Visconde de Rio Claro, associado ao córrego Servidão, que segue rumo a este bairro, foi
obstruído pela pouca vazão, proveniente da construção da via férrea que barra o escoamento natural
das águas pluviais. O Bairro Conduta registrou 6 ocorrências de inundações de residências, pois está
localizado em área de inundação. Os registros da Defesa Civil evidenciaram áreas suscetíveis aos
alagamentos e inundações, deflagrados pela tempestade. Desta forma, o mapeamento das
ocorrências (FIGURA 3) ressalta as áreas mais atingidas pelas chuvas. Esse processo é fundamental
para a gestão pública na tomadas de decisão para minimizar tais impactos e diminuir a
vulnerabilidade da população do município.
CONCLUSÕES
Os eventos atmosféricos severos são de difícil previsão e seus impactos podem gerar perdas
humanas e econômicas, como ocorreu neste episodio estudado. Assim, o melhor entendimento
desses fenômenos atmosféricos e seus impactos poderão auxiliar nas políticas públicas de
urbanização dos municípios, na identificação de áreas de risco e contribuir para ações de prevenção
e atendimento aos chamados de emergência recebidos pela Defesa Civil.
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem a Secretaria de Segurança e Defesa Civil por disponibilizar os dados das
ocorrências para este estudo
BIBLIOGRAFIA
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http://www.claudiodimauro.com.br/dimauro/userfiles/file/biblioteca/rolando_ambiente.pdf.
Acessado em 21 de agosto de 2011.
Dainezi, P. M.; Braga, R. Expansão urbana e degradação ambiental em bairros periféricos da cidade
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1995.
Santos, J. R. C. Análise episódica de tempestade severa no município de Rio Claro - SP. 2010.
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Tavares, A. C.; Silva, A. C. F. Urbanização, chuvas de verão e inundações: uma análise episódica
Climep, 3, 2008.
Figura 1: Precipitação nos pontos de coleta no município nos dias 24 e 25 de fevereiro de 2010. a)
distribuição espacial da chuva na área urbana, b) precipitação registrada nos postos meteorológicos.
Fonte: Laboratório de Climatologia do Departamento de Geografia – IGCE/UNESP – Campus de Rio Claro
Figura 2: Ocorrências registradas pela Defesa Civil de Rio Claro no dia 25 de fevereiro de 2010. a)
número de ocorrências por bairros, b) tipos de ocorrências.
Fonte: Secretaria Municipal de Segurança e Defesa Civil de Rio Claro, 2010.
Figura 3: Localização das áreas atingidas pela tempestade severa em Rio Claro nos dia 24 e 25 de fevereiro
de 2010.
Fonte: Secretaria de Segurança e Defesa Civil de Rio Claro, 2010.
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análise dos fenômenos atmosféricos severos e ocorrências