SOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO – SBH
São Paulo, 09 de julho de 2010.
PARECER
–
UTILIZAÇÃO
DE
APARELHOS
AUTOMÁTICOS
PARA
A
REALIZAÇÃO DE MEDIDA DA PRESSÃO ARTERIAL, ATIVADOS POR FICHAS OU
MOEDAS, EM FARMÁCIAS E DROGARIAS
1. Do fato
Trata-se de solicitação recebida pela Sociedade Brasileira de Hipertensão –
SBH –
em 25 de junho de 2010, oriunda do e-mail [email protected],
enviado pela Srª Marleide Lourenço, Gerente do Núcleo de Estudos Estratégicos –
CRF-SP, para emissão de parecer referente à situação a seguir descrita:
“Há no mercado aparelhos que funcionam como um
medidor digital de pressão arterial, onde não há qualquer
ação de profissional de saúde, bastando para ativar seu
funcionamento inserir fichas ou moedas. A medida de
pressão realizada através desses aparelhos é efetuada
com o usuário em pé.
Vimos solicitar a Sociedade Brasileira de Hipertensão
parecer sobre o uso de aparelhos como os acima citados
na medida de pressão, quais suas vantagens/riscos,
eficiência/eficácia e se atendem ao preconizado pelas VI
Diretrizes Brasileiras de Hipertensão.”
Assim, a discussão refere-se às vantagens, riscos, eficiência e eficácia da
utilização de equipamentos automáticos, ativados por fichas ou moedas, para a
realização da medida pressão arterial pelo próprio usuário, na posição em pé, sem
intervenção de um profissional da saúde, em farmácias e drogarias, com base no
preconizado pelas Diretrizes Brasileiras de Hipertensão VI (DBH VI), publicadas em
2010.
2. Da fundamentação
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A medida da pressão arterial é um procedimento simples, de fácil realização e
de baixo custo que exige atenção a alguns cuidados, para que seja realizada de forma
correta com consequente obtenção de valores fidedignos. As condutas que podem
contribuir para evitar erros na medida da pressão arterial são, por exemplo, o preparo
adequado do paciente, o uso de técnica padronizada e a utilização de equipamentos
apropriados e calibrados.
Quanto ao preparo adequado do paciente, as DBH VI recomendam que o
procedimento deva ser explicado ao paciente e que este deve permanecer em
repouso por, pelo menos, cinco minutos em ambiente calmo. Além disso, o profissional
deve certificar-se ou orientar o paciente para que não esteja com a bexiga cheia, de
que não tenha praticado exercícios físicos há, pelo menos, 60 minutos, não tenha
ingerido bebidas alcoólicas, café ou alimentos e não tenha fumado nos 30 minutos
anteriores ao procedimento. Ainda, as DBH VI recomendam que a medida da pressão
arterial seja realizada com o paciente na posição sentada, com as pernas
descruzadas, pés apoiados no chão, dorso recostado na cadeira e relaxado; o braço
deve estar na altura do coração, livre de roupas, com a palma da mão voltada para
cima e o cotovelo ligeiramente fletido. Além disso, a literatura recomenda que haja um
apoio para o braço, pois mantê-lo estendido e sem apoio implica em aumento da
pressão arterial e da frequência cardíaca.
Quanto à técnica padronizada, destaca-se a necessidade de obtenção da
circunferência do braço para a seleção do tamanho apropriado do manguito. O
detalhamento da técnica e as dimensões do manguito (bolsa de borracha) de acordo
com a circunferência do braço podem ser encontrados no texto do capítulo 2 da DBH
VI (http://www.sbh.org.br/pdf/diretrizes_.pdf).
Quanto aos equipamentos para a medida da pressão arterial os
equipamentos semiautomáticos digitais de braço podem ser utilizados, desde que
validados e devidamente calibrados. A escolha desse tipo de equipamento deve ser
criteriosa. Os aparelhos de medida no punho e no dedo não são recomendados. Para
a escolha do equipamento semiautomático recomenda-se consultar os sites:
http://www.dableducational.org/sphygmomanometers/devices_2_sbpm.html
http://www.bhsoc.org/bp_monitors/automatic.stm.
Os
aparelhos
devem
e
ter
sido
validados por protocolos estabelecidos pela Association for the Advancement of
Medical Instrumentation (AAMI) e pela British Hypertension Society (BHS) e devem ser
verificados uma vez por ano, de preferência nas dependências dos órgãos da Rede
Brasileira de Metrologia Legal e Qualidade ou em locais designados pelo INMETRO
(http://www.inmetro.gov.br/consumidor/produtos/esfigmo2.asp)
2
3. Da análise
Considerando as recomendações da DBH VI, as vantagens da utilização dos
equipamentos de medida da pressão arterial, objeto desta consulta, apenas existirão
se forem observados os cuidados com relação à escolha de equipamentos validados e
devidamente calibrados, a técnica padronizada para o procedimento, bem como os
cuidados com relação ao preparo do paciente. A falta de atenção a essas condutas
pode levar a erros na medida da pressão arterial.
Atendendo-se a esses cuidados, a medida da pressão arterial pelo próprio
usuário utilizando equipamentos semiautomáticos pode colaborar para a obtenção de
valores fidedignos, mais próximos dos valores reais, uma vez que não sofrem
influência do observador e evitam o efeito do avental branco.
4. Da conclusão
Entendemos que a utilização dos equipamentos, objeto desta consulta, não é
adequada para a realização de medidas da pressão arterial, pois não permite o correto
preparo do paciente, que permanece em pé e sem apoio para o braço, ainda que o
manguito seja de tamanho adequado.
Em face ao exposto, é o parecer.
Enfª Nárcia Elisa Bellucci Kohlmann
Enfª Rita de Cassia Gengo e Silva
Diretoras do Departamento de Enfermagem
Sociedade Brasileira de Hipertensão
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