UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
CENTRO DE EDUCAÇÃO E HUMANIDADES
INSTITUTO DE LETRAS
COORDENAÇÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS
PROGRAMA DE DISCIPLINAS
MESTRADO EM TEORIA DA LITERATURA E LITERATURA COMPARADA
1.º SEMESTRE/2015
Linhas de Pesquisa: Literatura Portuguesa e outras literaturas / Literatura
Portuguesa e outros campos de saber
Disciplina: Literatura Portuguesa e comparatismo T. 02
Código da Linha de Pesquisa:
Código da Disciplina: LET 02764
Curso: Religiosidade e anticlericalismo nos romances de Eça de Queirós e de
José Saramago
Prof. Dr. Sérgio Nazar David / Profa. Dra: Cláudia Amorim
Dia / Horário: 3asfeiras, de 9:10 h às 12:30 h
EMENTA
A literatura portuguesa do século XIX teve como um de seus temas fundamentais a laicização da vida,
que envolveu a perda de privilégios pela Igreja Católica. O liberalismo extinguiu ordens e
congregações religiosas, consideradas focos de Absolutismo. Também, com os ventos da democracia
liberal, vieram os registros civis de nascimento, casamento e óbito, os sepultamentos nos cemitérios e o
fim do morgadio. Ainda assim, Alexandre Herculano criticou a Carta Constitucional de 1826, que
manteve o catolicismo como religião oficial do Estado; e Garrett nos anos 40 farpeou a “oligarquia
eclesiástica” que, segundo ele, se recuperava dos golpes sofridos na década anterior. A obra de Eça de
Queirós (1845-1900) vai se deter nos efeitos de três décadas (1834-1865) de marchas e contramarchas
em prol de uma sociedade livre dos ditames da Igreja Católica. Dois romances são fundamentais: O
crime do padre Amaro (1880, última versão) e A Relíquia (1887).
No século XX, a Igreja recupera posições e prestígio na sociedade com o Salazarismo. A versão do
Estado Novo, quando se tratou de avaliar a herança liberal, foi condená-la como foco de desordem
social e semente de ateísmo. Com a Revolução dos Cravos (1974), a obra de José Saramago (19222010) ganha enorme destaque por seus valores intrínsecos, mas também pelo combate sem tréguas à
tradição católica ainda arraigada em mentes e corações. Neste ponto, alguns dos romances de
Saramago chamam a atenção para o discurso religioso, que é desconstruído em vários deles. Dois são
de fundamental importância para se pensar a cultura do ocidente cristão: O Evangelho Segundo Jesus
Cristo (1991) e Caim (2009).
CONTEÚDO
1.
2.
3.
4.
5.
Teorias do romance. M. Bakhtin e Oran Pamuk.
O liberalismo em Portugal. Religiosidade, anticongreganismo e anticlericalismo.
O crime do padre Amaro (1880) e A Relíquia (1887), de Eça de Queirós.
A Revolução dos Cravos, a Terceira República e a obra de José Saramago.
O Evangelho segundo Jesus Cristo (1991) e Caim (2009), de José Saramago.
BIBLIOGRAFIA
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Curso 2004-1 - Pós-graduação em Letras da UERJ