PROVA DE LÍNGUA PORTUGUESA – 3º TRIMESTRE DE 2012
PROFa. GICÉLIA
NOME ____________________________________________________ N o________ 70 ANO _____
Use caneta preta ou azul e evite que elas “rabisquem” demais a prova, com rasuras horrorosas.
A compreensão do enunciado faz parte da questão. Não faça perguntas ao examinador.
Capriche no desenvolvimento das respostas.
É terminantemente proibido o uso de corretor. Respostas com corretor serão anuladas.
Esta prova é composta por DEZOITO questões dissertativas dispostas em CINCO páginas.
I.
Leia o texto a seguir, “Fome”, de Carlos Queiroz Telles:
Um século não é nada para um vampiro. (...) Quando Vlad abriu os olhos na escuridão do esquife, nada de
significativo havia mudado. Os netos dos netos dos velhos morcegos continuavam montando guarda nas velhas
torres. Cem anos haviam se passado como uma tranquila noite silenciosa... Vlad ergueu-se calmamente e saiu do
esquife. Tirou a poeira da capa, esticou os braços e as pernas e se congratulou pela escolha acertada de seu
novo abrigo. Que repouso tranquilo! Lentamente, as portas da igreja se abriram. O resto de sol era apenas
uma mancha vermelha no horizonte que se refletia no olhar brilhante de Vlad. Uma sensação estranha passou
pela sua mente. “Fome... há quanto tempo!”, murmurou, sorrindo, o vampiro. (...) Um velho e antigo sabor
aqueceu seus lábios finos e secos... “Sangue... há quanto tempo!”
Vlad aspirou fundo o ar da noite. Maior do que a sensação da fome cresceu um imenso desejo de
companhia. Após a longa hibernação, um ciclo de solidão estava chegando ao fim. Mais do que a busca de uma
vítima, era tempo de caçar uma companheira. O vampiro aguçou os sentidos, arreganhou levemente os dentes
pontiagudos e se ergueu do solo numa dança louca de vento, capa e caninos. O velho Vlad estava de volta,
reencontrado com seu ancestral destino. Nada poderia detê-lo. (...)
Esquife = caixão
A marca da serpente. In: Sete faces do terror. São Paulo: Moderna, 1992.
01. (0,5) A personagem vem de um “sono” de um século. Por que esse tempo é verossímil nesse texto?
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02. (0,5) Que elementos do cenário contribuem para a construção da verossimilhança do texto?
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03. (0,5) Por que esse texto pode ser considerado maravilhoso?
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04. (0,5) O foco narrativo também influencia para que o leitor aceite os fatos narrados no texto? Por quê?
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1
05. (1,0) Imagine agora a seguinte continuação a esse texto, só que de autoria da professora, que quer avaliar
alguns outros aspectos dos textos ficcionais:
Nada poderia detê-lo. Bastante agitada, de repente, senti um hálito quente, mas estranhamente
gelado ao mesmo tempo, aproximando-se do meu pescoço. Uma voz rouca, estranha, cavernosa, me
chamava baixinho: “Helena, Heleeeennnaaa.” Parecia que algo ameaçador afastava meus cabelos e roçava
meu pescoço, procurando algo, talvez minha veia jugular... Um pavor apavorante me fez despertar. Eu
estava suada, molhada, encharcada de tanto medo. Nossa!!! Ainda bem que era mais um de meus pesadelos.
Responda com base nesse trecho aumentado:
a) Os fatos agora continuam sendo maravilhosos? Por quê?
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b) Em que trecho aparece
 uma gradação?
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
uma antítese?
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
um pleonasmo semântico?
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06. (0,5) “Lentamente, as portas da igreja se abriram.”
a) Justifique a vírgula nesse trecho.
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b) Reescreva essa oração de duas outras maneiras:
 com o “lentamente” no meio.
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
com o “lentamente no final.
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07. (0,5) “O resto de sol era apenas uma mancha vermelha no horizonte que se refletia no olhar vibrante de Vlad.”
Esse período traz adjuntos adnominais e adverbiais. Reescreva-o, eliminando os adjuntos.
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08. (1,0) “Um velho e antigo sabor aqueceu seus lábios finos e secos...”
a) Reescreva o trecho, eliminando os adjuntos adnominais.
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b) Agora apresente a classe gramatical de cada termo que você eliminou.
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NOME ____________________________________________________ No________ 70 ANO _____
II. Você vai ler a seguir outra narrativa. O nome é “O rei que virou vaca”, uma versão de um conto popular,
por Ricardo Azevedo.
Certa vez, um rei convocou os nobres da corte e declarou que era uma vaca. Os nobres ficaram
assustados. O soberano disse mais: desejava ser morto e ter sua carne cortada e distribuída ao povo.
Achando que o rei havia enlouquecido, os nobres convocaram os principais médicos do reino. Remédios e
unguentos foram experimentados mas, infelizmente, sem nenhum resultado.
Enquanto isso, o monarca piorava. Mugia o dia inteiro. Sujava o chão do palácio. De vez em quando, saía
galopando, dando coices e cabeçadas.
Passado um tempo, o rei chamou novamente seus principais nobres e ministros. Parecia contrariado.
Esbravejou. Disse que, porque suas ordens não haviam sido cumpridas, a partir daquele dia não ia comer mais nada.
Uma nuvem negra pousou no futuro do reino. O povo, angustiado, acompanhava o drama de seu querido rei,
cada vez mais magro, fraco e abatido.
Um dia, um famoso cientista apareceu no reino. Diziam que era um grande médico. Diziam que era um
filósofo capaz de lidar com os mais intricados segredos da alma humana.
O sábio foi ao palácio examinar o rei. Deitado na cama, o monarca repetiu ao médico suas alucinações.
Mugiu. Confirmou que era uma vaca. Confirmou que seu único desejo era ser morto, cortado e ter sua carne
distribuída ao povo.
Coçando a longa barba, o sábio declarou que o rei tinha razão. Ordens reais eram leis que precisavam ser
cumpridas imediatamente. Em seguida, abrindo a porta, chamou o açougueiro.
Um homem imenso, vestido de branco, entrou no quarto com uma faca na mão. Perguntou onde estava a tal vaca.
-- Estou aqui! -- gemeu o soberano, exultante, com os olhos alegres de loucura.
O açougueiro aproximou-se da cama. Levantou, cuidadoso, a perna fina e branca do monarca. Balançou a
cabeça, decepcionado. Aquela vaca estava magra demais. De que adiantava matar um animal que era só pele e
osso? Cortar o quê? Distribuir o quê?
-- Primeiro -- aconselhou ele --, é necessário que essa vaca aprenda a se cuidar, a comer, dormir direito e
caminhar pelas montanhas, até ficar forte, alegre e cheia de saúde.
Dizendo que só voltaria quando a vaca estivesse no ponto certo, o açougueiro guardou a faca e foi embora.
A partir desse dia, o rei decidiu alimentar-se de novo. Aos poucos foi engordando, as cores voltaram a
brilhar em seu rosto, ficou forte e acabou esquecendo de vez que um dia havia sido vaca.
09. (0,25) Que atitudes do rei mostravam que ele se comportava como uma vaca?
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10. (0,5) Um dia, vendo que ninguém cumpria suas ordens, o rei ameaçou: “Disse que, porque suas ordens não
haviam sido cumpridas, a partir daquele dia não ia comer mais nada”.
Retire da mensagem dita pelo rei
a) a causa: _____________________________________________________________________
b) a consequência: _______________________________________________________________
11. (0,5) Como o rei decidira parar de comer, o povo via outra consequência. O que acontecia com o soberano?
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12. (0,5) O texto traz quatro substantivos para se referir à pessoa que foi chamada para cuidar do rei. Esses
substantivos dão uma ideia do quanto o homem era competente. Apresente-os.
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13. (0,5) Não foi dado remédio ao rei, mas o inteligente “especialista” colocou um fim nas loucuras do
monarca. Explique com suas palavras o que foi feito para resolver o problema.
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14. (0,5) Os fatos nesse texto podem ser considerados estranhos, maravilhosos, naturais ou alegóricos?
Explique.
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15. (0,25) Retire uma gradação que aparece no 5º parágrafo e escreva-a.
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III.
Outras questões.
16. (0,5) Aventura, personagem do livro lido neste trimestre, escreveu um bilhete a Doravante, onde
comentava que a ponte entre eles se partira.
a) A palavra “ponte” pode ser usada em dois sentidos: o conotativo e o denotativo. Em que sentido
Aventura a usou? A que ponte ela se referia?
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b) No texto “O rei que virou vaca” há um trecho que diz: “Uma nuvem negra pousou no futuro do reino.”
Que palavra desse trecho pode ter também dois sentidos? Explique.
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17. (0,5) Imprevisto e Poracaso passaram muito tempo cantando a musiquinha do elefante que incomoda muita
gente.
Em um trecho de conversa entre duas velhas da história, uma delas disse:
“ ― E elefantes que incomodavam muito a gente. “ (p. 302)
Com base no que você aprendeu sobre adjunto adverbial e adjunto adnominal, explique a diferença do
“muita gente” e do “incomodavam muito a gente”.
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18. (1,0) São apresentados abaixo alguns trechos retirados da história de Luna Clara e Apolo Onze. Você
deverá lê-los com atenção e indicar se neles ocorre:




pleonasmo semântico (repetições intencionais)
gradação
antíteses (palavras com sentidos opostos)
rimas
* “A tristeza que o coração de Aventura sentiu quando viu aquele buraco com um rio embaixo e
sem ponte em cima, essa nem nome tem, só dá para saber sentindo.” (p. 79)
* “A velha só exigia exigências dificílimas.” (p. 59)
* “Tirou ela para dançar e, no intervalo entre os beijos, explanou suas ideias: iriam na frente,
ele, Equinócio e a sorte... todo mundo ia saber o tamanho do amor gigante. Queria mostrar
para seu Erudito quem era Doravante.” (p. 59)
* “E lá de fora deu para ouvir sua gargalhada de velha gargalhando.” (p. 61)
* “Muitas vezes ele pensou em voltar a Desatino do Sul para ver o que tinha acontecido, mas
desistia por duas razões, uma clara e uma escura.” (p. 67)
* “Então montou em Equinócio e se foi, ensandecido, tentar alcançar a sua Aventura e
entender o que havia acontecido.” (p. 76)
* “Quis com os olhos, com as mãos, com o coração, com a cabeça, com ele todo, como é o nome
disso? É bem querer, parece paixão, amor...” (p. 190)
* “A razão disso é que a gentileza de Imprevisto e Poracaso foi desvirando amizade e foi
virando interesse, que virou exagero, que virou paixão, amor...”. (p.88)
*
“Até que Seu Erudito começou a achar aquilo muito estranho:
— Tudo que vocês fazem de dia, desfazem à noite”. (p.79)
Atenção: Pode haver dois recursos num mesmo trecho. Grife onde eles aparecem.
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RASCUNHO
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