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POBRE CORINTHIANO CARECA, DE RICARDO AZEVEDO E
ÁGUAS DE MARÇO, DE TOM JOBIM: LEITURA E EXPERIÊNCIA NA SALA DE AULA
Camila Yuri Kikuchi Ferreira1
(G-CCHE-UENP/CJ)
Marcelita Negrão Trindade2
(G-CCHE-UENP/CJ)
Vinicius Furlan
(Orientador-CCHE-UENP/CJ)
RESUMO
A Literatura Infanto-Juvenil se compromete com o interesse da criança, transforma-se
num meio de acesso ao real, na medida em que lhe facilita a ordenação de experiências
existenciais através do conhecimento de histórias e a expansão do seu domínio
lingüístico. Seu compromisso é fazer uma ponte entre a criança e o mundo em que vive;
tornando-se fantástico e criativo ao mesmo tempo, por meio de histórias e de uma
linguagem clara, a literatura consegue transmitir a realidade sem destruir a fantasia.
Dessa forma, o presente trabalho, de cunho bibliográfico quanto aos procedimentos e
dedutivo quanto a sua abordagem, visa apresentar o livro Pobre Corinthiano Careca
(1995), do escritor Ricardo Azevedo e a sua relação com a música Águas de Março, de
Tom Jobim, mencionada no livro. A partir da leitura e análise da música e da narrativa,
será relatada também, uma experiência em sala de aula com ambos os textos.
Palavras-chave: Literatura Infantil. Ricardo Azevedo. Tom Jobim.
1 INTRODUÇÃO
A Literatura Infantil não se preocupa em se firmar como literatura ou não, pois
esse fato não diminui sua arte e estética literária, visto que seu maior receptor se trata
de uma criança. Todavia, ao contrário disso, deve-se pensar que a Literatura Infantil
possui uma parcela significativa da produção literária da sociedade, por ter consistência
e perfil definido, transmitindo não só sua continuidade, mas despertando a atração e o
gosto pela leitura.
1
Acadêmica UENP Campus de Jacarezinho, Centro de Ciências Humanas e da Educação –
Pedagogia.
2
Acadêmica UENP Campus de Jacarezinho, Centro de Ciências Humanas e da Educação –
Pedagogia.
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Seu compromisso é fazer uma ponte entre a criança e o mundo em que vive;
tornando-o fantástico e criativo ao mesmo tempo. Além de levá-la a usar a imaginação,
tem extrema importância para a formação intelectual de cada uma. E através de uma
história e de uma linguagem clara, a literatura consegue transmitir a realidade sem
destruir a fantasia. A Literatura Infanto-Juvenil se compromete com o interesse da
criança, transforma-se num meio de acesso ao real, na medida em que lhe facilita a
ordenação de experiências existenciais através do conhecimento de histórias e a
expansão do seu domínio lingüístico.
Dessa forma, o presente artigo visa mostrar a relação existente entre o livro
Pobre Corinthiano Careca (1995), do escritor Ricardo Azevedo, com a música Águas de
Março, de Tom Jobim, mencionada no livro. A partir da leitura e análise da música e da
narrativa, será relatada também, uma experiência em sala de aula com ambos os
textos.
Este estudo se faz importante, pois é uma forma de compreender a ligação que
acontece entre literatura e música. Esperá-se que esse trabalho traga contribuições às
pesquisas relacionadas ao assunto, ampliando formulações teóricas e, principalmente
para o trabalho de pesquisadores e alunos dos Cursos de Letras e Pedagogia, bem como
para o trabalho em sala de aula com a leitura do livro literário.
2 RICARDO AZEVEDO: O ESCRITOR
Em nossos dias, diversos escritores multiplicam suas invenções e permitem que
muitas crianças conheçam seus trabalhos e principalmente a riqueza da literatura
infanto-juvenil. A produção literária infanto-juvenil continua, pois, em expansão e
consciente da importância da imaginação na vida de cada criança, por isso, é
fundamental conhecer o trabalho de escritores que com muito humor, misturam o
imaginário com o real, as ilustrações com as palavras, a literatura com a cultura popular
e fundem os sonhos das crianças com suas próprias vidas, assim, como faz Ricardo
Azevedo.
A trajetória literária de Ricardo Azevedo tem início em 1980 com a publicação do
livro O peixe que podia cantar, situa-se entre os escritores que abordam os problemas da
sociedade contemporânea através de uma linguagem inovadora. Suas produções
contribuíram assim com o panorama da literatura infanto-juvenil através de sucessivas
publicações que foram reconhecidas com premiações que mostram o grande valor
literário de seus livros.
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Hoje Ricardo Azevedo possui muitas obras infantis e juvenis publicadas, e
constitui um dos mais significativos escritores, com uma abrangência de títulos que
incluem narrativas em prosa e em verso, sempre em constantes edições, como também
conquistou diversos prêmios literários, dentre eles o da Associação Paulista de Críticos de
Arte (APCA), com Pobre Corinthiano Careca (1995) e o Jabuti, com Dezenove poemas
desengonçados (1998). Além de premiações, tem livros publicados na Alemanha,
Portugal, México e Holanda.
Desde 1980, Ricardo Azevedo pesquisa contos maravilhosos, adivinhas, quadras,
anedotas, ditados e frases feitas do Brasil todo para recontá-las a seu modo, resultando
em várias antologias sobre a cultura popular. Ricardo Azevedo é um escritor que
podemos considerar de múltiplas faces, pois, além da produção literária infanto-juvenil,
destaca-se também, como, ilustrador e pesquisador.
De acordo com Silvestre (2005) os livros de Ricardo Azevedo dedicados à
literatura infantil e juvenil revelam uma proposta inovadora tanto pela linguagem, como
pela estruturação da narrativa. Destacam-se obras como, Um homem no sótão (1982);
Nossa rua tem um problema (1993); Aviãozinho de papel (1994); Uma velhinha de
óculos, chinelos e vestido azul de bolinhas brancas (1998); Pobre corinthiano careca
(1995); Trezentos parafusos a menos (2002). Cada obra possui uma tendência peculiar
do escritor para enfatizar diferentes temas, valores e pontos de vista.
Embora na literatura infanto-juvenil não exista um único modelo para organizar
um texto, Silvestre (2005) ressalta que há a presença de tendências, como, realista,
fantasista e a híbrida, e segundo a pesquisadora, Ricardo Azevedo apropria-se da última,
tanto no que se refere à construção e focalização dos personagens, como à estrutura
organizacional do texto. Muitas vezes, o escritor prima tanto pelo aspecto realista do
mundo, como também pela fantasia. A ficção de Azevedo, desse modo, não está apenas
voltada para aquilo que se pode viver na realidade, mas alcança também, o mundo da
fantasia e do sonho, num equilíbrio coerente e harmônico.
Quanto aos personagens criados pelo escritor, há a variação desde animais;
como aqueles que passam também pelas diversas faixas etárias (crianças, adolescentes,
adultos) e até objetos. Se os protagonistas são animais ou objetos, estes compartilham
do mesmo espaço que os seres humanos. Sua produção literária não está focada no
moralismo, pois seus personagens assumem diferentes opiniões que levam a diferentes
verdades.
O narrador, por sua vez, narra os fatos sob diferentes óticas, “[...] valorizando a
diversidade de visões de mundo, concepções, anseios intelectuais e materiais, sejam da
criança, do jovem ou do adulto”. (SILVESTRE, 2005, p. 81). Quanto à estrutura narrativa
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dos textos de Ricardo Azevedo é diversa em sua obra, nem sempre segue a mesma
organização, pois assim como Silvestre afirma:
O escritor revela domínio de diferentes estratégias e técnicas narrativas,
características da ficção contemporânea. Apresenta uma construção
inovadora e rompe com padrões tradicionais. Trabalha com histórias
encaixadas, inclui bilhetes, cartas, recadinhos, textos utilitários, científicos
e jornalísticos, letra de música, teatro ou poesia no interior das narrativas.
(SILVESTRE, 2005, p. 82)
Podemos perceber que o escritor em questão, traz uma inovação no campo da
literatura infanto-juvenil contemporânea, pois rompe com características tradicionais, a
partir do uso da linguagem coloquial, o que permite aproximar o leitor de seu texto.
2 POBRE CORINTHIANO CARECA (1995): O LIVRO
O livro conta a história de José Pedro, um menino da 6ª série, de treze anos,
torcedor fanático do Corinthians, conhecido como um time azarado. Ele vive só com a
mãe, na cidade de São Paulo, no limiar entre a pobreza e a miséria.
Seu pai foi embora quando ele tinha dois anos de idade, sua mãe trabalha
como secretária de um hospital e atua como costureira em casa.
José Pedro estuda em uma escola particular, graças ao esforço de sua mãe por
lutar por uma bolsa. No entanto, ele é o pior aluno da classe, bagunceiro, que guarda
além da sua paixão pelo Corinthians, uma paixão enorme pelo seu cabelo, que por
muito tempo ele deixara crescer.
O ponto crucial da narrativa é o momento em que José Pedro precisa se
desfazer de seus cabelos, uma de sua maiores paixões, pois ele estava com o piolho e o
diretor exigiu que ele cortasse, caso contrário não entraria mais na escola.
A partir desse drama. José Pedro passa a viver uma nova fase da vida: o medo
e a vergonha de estar careca. Paralelamente a isso, Zé Pedro questiona a falta do pai e
sua imaginação cria histórias para justificá-la. A narrativa entremeia com sonhos a
realidade do adolescente, o que reverte em dinamismo e encanto para o texto.
Aos poucos o menino vive também as emoções do time para o qual torce tanto
na escola como fora dela, com a mesma intensidade que se apaixona por Camila, a
melhor aluna da classe e mantém atritos com seu colega palmeirense que ele julga ser
rico, Charles Augusto.
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Toda essa narrativa envolvente chama a atenção inclusive pela beleza do estilo
literário empregado do autor, coberto de comparações e digressões encadeadas onde,
de repente, o sonho se depara com um elemento de realidade.
Assim o texto revela um trabalho literário maduro que discorre sobre o tema da
rejeição
familiar
com
muita
destreza
e
sensibilidade.
Acompanham
sugestivas
ilustrações que exploram o uso do contraste entre o preto e o branco, cores do time do
Corinthians, que revelam visualmente momentos do texto de forma sutil.
O livro contém quinze capítulos que abordam questões da realidade, que se
aproximam do cotidiano dos alunos. Aparecem temas como miséria x riqueza; amizade;
família; amor; futebol; escola. Além de dúvidas que toda criança apresenta nessa fase
da vida.
O texto apresenta uma linguagem simples, acessível para as crianças e trata
dos problemas da vida, de forma questionadora. É uma história que não tem um final
feliz como nos contos de fadas, mas de maneira divertida e poética, mostra que a
felicidade pode estar nas pequenas coisas da vida. José Pedro não encontra seu pai, não
namora Camila, sonho que ele tanto desejou, mas aprende que a cada dia podemos
sonhar e viver novas surpresas, bem o que a vida real nos mostra.
Além disso, no livro há presença de intertextos: a alusão ao mito de Sansão, a
fim de mostrar o momento conflitante por que José Pedro passa, ao ter que se desfazer
de seus cabelos. O drama sofrido por Sansão, da perda de sua força, é transferido para
a atual situação de José Pedro, mas é a força psicológica da personagem que
desaparece com o corte do cabelo.
É o motivo “cabelo” que desencadeia todo o conflito. A partir da perda de seu
cabelo, a personagem começa a pensar no seu pai, no qual nunca pensara antes,
relacionando esta lembrança à força perdida pela falta de cabelo.
Além da história de Sansão, há outras histórias que levam José Pedro ao
desapontamento, como o fato do papagaio da vizinha, um ser irracional, saber cantar
uma música tão bonita e difícil, como Águas de Março, de Tom Jobim.
3 O ENCONTRO COM A MÚSICA ÁGUAS DE MARÇO, TOM JOBIM
A música Águas de Março foi composta em 1972 pelo músico Antônio Carlos
Brasileiro de Almeida Jobim - ou Tom Jobim -, compositor, cantor, violonista e pianista,
um dos maiores expoentes da música brasileira, foi também um dos principais
responsáveis pela internacionalização da bossa nova, estilo e movimento musical com
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influências do jazz, iniciado por volta de 1958 no Rio de Janeiro, que introduziu
invenções melódicas e harmônicas no samba.
A música tem caráter pouco narrativo e fortemente imagético, sua metáfora
central sua imagem da passagem da vida cotidiana, sua progressão rumo à morte como as chuvas do fim de março, que marcam o final do verão no sudeste do Brasil. A
letra aproxima a imagem da "água" a uma "promessa de vida", símbolo da renovação.
Nota-se que na música há uma predominação de substantivos, como: pau, pedra, caco
de vidro, nó na madeira, peixe, fim do caminho e a repetição da palavra "é" no início de
cada verso.
Tom Jobim buscou dar a música uma marca de brasilidade, considerando março
com um dos meses mais chuvosos no sudeste do Brasil, bem como na cidade do Rio de
Janeiro, marcado muitas vezes por ventos fortes, inundações. A música de Tom Jobim é
basicamente descritiva, repertoriando uma série de elementos que visam construir a
atmosfera desencadeada pelas chuvas num ambiente mais rural.
A vida é feita de
ciclos, no caso da música, as águas de março, ou seja, as chuvas deste mês encerram o
verão dando início a uma nova fase, um novo ciclo.
No livro de Ricardo Azevedo, a música aparece na voz de um papagaio que
canta, configurando e reforçando a incapacidade da personagem, que, apesar de gostar
do canto do papagaio, estabelece uma comparação insólita com um animal irracional,
que é capaz de decorar um trecho de música, ao passo de que José Pedro, personagem
principal do livro não consegue tirar notas boas na escola. A música evocada também
contribui para o estado de crise de José Pedro. É muito repetido pelo narrador este
trecho de Águas de março:
É pau, é pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, é um pouco sozinho ...
É um caco de vidro, é a vida, é o sol,
É a noite, é a morte, é o laço, é o
Anzol... (AZEVEDO, 2000, p.20)
O trecho É pau, é pedra, é o fim do caminho é citado mais três vezes no livro.
Sempre nos momentos em que José Pedro encontra-se triste e pensativo. No livro,
percebe-se que a citação dos trechos da música não remete a ideia de natureza, mas
sim, no ato de reflexão ao estar sozinho, como se uma boa enxurrada fosse
fundamental para varrer as cinzas do ano anterior e então começar vida nova. No caso
de José Pedro, após perder seus cabelos, seria o fim do verão para o início do outono,
assim sendo, o desabrochar de um momento novo de sua vida.
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4 O LIVRO NA SALA DE AULA
A leitura foi realizada nas aulas de língua portuguesa em uma escola pública,
com alunos de 6º ano (5ª série) do ensino fundamental. Cada dia a professora realizava
a leitura de um capítulo. Isso foi fundamental para instigar a atenção e a curiosidade
dos alunos para a história.
A apresentação de Pobre Corinthiano Careca mostrou a adesão à obra pela
maioria dos alunos. Segundo eles, isso ocorreu por diversos motivos: o livro fala de
futebol, principalmente pela escolha do time, o Corinthians, que é um time popular; os
fatos engraçados e o bom humor que se fazem presentes; a presença de um romance:
a paixão de José Pedro por Camila; uma linguagem simples, com gírias; além disso, a
obra trata de problemas reais e traz a existência de uma personagem que não encontra
seu pai, que tem piolho, ou seja, que poderia existir na realidade.
Buscou-se mostrar aos alunos que um livro pode contar uma história que
muitas vezes está relacionada com a nossa própria história, misturando a fantasia com
o real, assim como Coelho (2000) afirma:
A literatura infantil é antes de tudo, literatura; ou melhor; é arte:
fenômeno de criatividade que representa o mundo, o homem, a vida,
através da palavra. Funde os sonhos e a sua vida prática, o imaginário e
o real, os ideais e sua possível/impossível realização [...]. (COELHO,
2000, p. 27)
Os alunos conheceram não somente o livro, mas também, puderam ampliar
seus horizontes sobre quem é o autor Ricardo Azevedo e num segundo momento,
relacionando a história com a música de Tom Jobim mencionada no livro, que mesmo
sendo um músico distante dos gostos musicais dos alunos, se torna próximo ao ser
contextualizado na narrativa.
Dessa forma, conheceram também quem foi Tom Jobim e relacionaram os
trechos da música com a vida de José Pedro, em que ambas não possuem tantos
adjetivos, mas que apresentam uma nova etapa da vida.
É importante mencionar, que este trabalho teve como enfoque a leitura
enquanto apreciação, a fim de desenvolver a oralidade e o senso-crítico dos alunos e
não com o objetivo de avaliações, resumos.
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CONCLUSÃO
A produção literária infanto-juvenil continua, pois, em expansão e consciente da
importância da imaginação na vida de cada criança, por isso, é fundamental conhecer o
trabalho de escritores que com muito humor, misturam o imaginário com o real, as
ilustrações com as palavras, a literatura com a cultura popular e fundem os sonhos das
crianças com suas próprias vidas.
A postura da literatura infantil contemporânea, desse modo, privilegia a
espontaneidade e vê em seu leitor, um ser de desejos e pensamentos próprios, com
conflitos, medos, contradições e dúvidas, assim como afirma Paolo (1986, p.11):
[...] os projetos mais arrojados de literatura infantil investem,
não escamoteando o literário, nem o facilitando, mas enfrentando
sua qualidade artística e oferecendo os melhores produtos
possíveis ao repertório infantil, que tem a competência necessária
para traduzi-lo pelo desempenho de uma leitura múltipla e
diversificada.
Faz-se necessário, portanto, um trabalho com crianças e adolescentes e com
seus professores, para ampliarem suas visões acerca da obra literária e sua leitura. A
realidade e a imaginação adquirem igual importância no cenário literário infantil, em
diferentes formas, estilos e linguagens. O texto literário oferece ao leitor histórias vivas
e bem-humoradas que buscam diverti-lo e torná-lo consciente de si mesmo.
Desse modo, a literatura e a música, ao abordar temas próximos a realidade
dos alunos, proporcionam o encontro do real com o imaginário, atraindo o pequeno
leitor para o processo de descoberta do mundo.
É a partir da leitura de obras como
Pobre Corinthiano Careca e do trabalho adequado com esse tipo de obra que se chegará
à construção de alunos leitores e, acima de tudo, crianças emancipadas e críticas.
REFERÊNCIAS
AZEVEDO, R. Literatura infantil: origens, visões da infância e certos traços populares.
In Cadernos de Aplicação. Colégio de Aplicação, Universidade Federal do Rio Grande do
Sul
–Volume
14
–
nº
1/2
Jan/Dez/2001.
Disponível
em
<
http://www.ricardoazevedo.com.br/Artigo07.htm >. Acesso em: 14 abr. 2009.
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AN A IS – 20 10
IS SN – 1 80 8- 35 7 9
______. Pobre corinthiano careca. São Paulo: Ática, 2000.
______. Biografia. Disponível em: http://www.ricardoazevedo.com.br/biografia.htm
Acesso em 05 de maio de 2010.
COELHO, N. N. A literatura infantil: história, teoria, análise. 3 ed. São Paulo: Quíron,
1984.
______. Literatura: arte, conhecimento e vida. São Paulo: Peirópolis, 2000.
JOBIM, TOM. Águas de março. Disponível em: http://www.tvcultura.com.br Acesso em
05 de maio de 2010.
LAJOLO, M.; ZILBERMAN, R. Literatura infantil brasileira: história & histórias. São
Paulo: Ática, 1985.
PAOLO, M. J; OLIVEIRA, M. R. Literatura Infantil - Voz de criança. SP: Ática, 1986.
ZILBERMAN, R. A literatura infantil na escola. São Paulo: Global Ed., 4ª ed., 1985.
ZILBERMAN, R. & CADEMARTORI, L. Literatura infantil: autoritarismo e emancipação.
São Paulo: Ática, 1987.
Para citar este artigo:
FERREIRA, Camila Yuri Kikuchi; TRINDADE, Marcelita Negrão. Pobre Corinthiano
Careca, de Ricardo Azevedo e
Aguas de Março, de Tom Jobim: leitura e
experiência na sala de aula. In: X CONGRESSO DE EDUCAÇÃO DO NORTE PIONEIRO
Jacarezinho. 2010. Anais. ..UENP – Universidade Estadual do Norte do Paraná – Centro
de Ciências Humanas e da Educação e Centro de Letras Comunicação e Artes.
Jacarezinho, 2010. ISSN – 18083579. p. 593 – 601.
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