Full Dent. Sci. 2015; 6(23):183-190.
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Implante imediato com estética imediata, definitiva e acompanhamento
tomográfico da tábua óssea vestibular – relato de caso
Immediate implant, immediate aesthetic and final restoration with tomographic
follow-up of the buccal plate – case report
Bernardo Passoni1
Haline Renata Dalago1
Rafaella Cid2
Marco Aurélio Bianchini3
César Augusto Magalhães Benfatti4
Ricardo de Souza Magini5
Resumo
O resultado da terapia com implantes osseointegrados não é apenas mensurado pela taxa de sobrevivência, mas também pela estabilidade/ integridade estética e funcional dos tecidos peri-implantares a longo prazo. A técnica do implante imediato tornou-se uma opção viável para a manutenção
da arquitetura peri-implantar, além de reduzir significantemente o tempo do tratamento. O presente
caso clínico descreve a resolução de um único elemento dentário maxilar anterior perdido (elemento 22), através da instalação de implante imediato pós-exodontia sem retalho, estética imediata e
definitiva, com acompanhamento tomográfico de 6 meses e 1 ano das alterações da tábua óssea
vestibular. Este tipo de abordagem de tratamento diminui o número de intervenções cirúrgicas,
bem como o tempo de instalação da restauração protética final, aumentando a satisfação estética
e funcional do paciente. É evidente que o sucesso desta técnica requer a seleção correta dos casos,
exodontia atraumática e estabilidade primária.
Descritores: Implantes imediatos, remodelação óssea, estética imediata.
Abstract
The outcome of the therapy with osseointegrated implants is not only measured through survival
rate, but also through aesthetic and function stability of the peri-implant tissue during long-term.
Immediate implants technique has become an option for maintaining the peri-implant architecture
and reduce the time of treatment. This case report presents the complete resolution of a single anterior maxillary tooth loss (element 22), by installing an implant immediately after tooth extraction
without flap, immediate and definitive aesthetic, with 6 months and 1 year CT scan follow-up to
analyze alterations on the buccal bone plate. This type of approach reduces the number of surgical
interventions, as well as the installation time of final prosthetic restoration, increasing functional and
aesthetic satisfaction of the patient. It is evident that the success of this technique requires proper
selection of cases, atraumatic extraction of the tooth and primary stability of the implant.
Descriptors: Immediate implants, bone ridge remodelling, immediate aesthetic.
Doutorando em Implantodontia – UFSC.
Doutoranda em Implantodontia – Herman Ostrow School of Dentistry of USC.
Doutorado em Implantodontia – UFSC, Prof. Adjunto III – UFSC.
4
Pós-doutorado – UFSC, Prof. Adjunto – UFSC.
5
Doutorado em Periodontia – FOB/USP, Prof. Associado – UFSC.
1
2
3
E-mail do autor: [email protected]
Recebido para publicação: 13/08/2013
Aprovado para publicação: 17/10/2014
Como citar este artigo:
Passoni B, Dalago HR, Cid R, Bianchini MA, Benfatti CAM, Magini RS. Implante imediato com estética imediata, definitiva e acompanhamento
tomográfico da tábua óssea vestibular – relato de caso. Full Dent. Sci. 2015; 6(23):183-190.
Relato de caso / Case report
Full Dent. Sci. 2015; 6(23):183-190.
Relato de caso / Case report
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Introdução
Relato de caso
O resultado da terapia com implantes osseointegrados não é apenas mensurado pela taxa de sobrevivência, mas também pela estabilidade da estética e
função a longo prazo. A instalação do implante deve
basear-se numa restauração orientada por um plano
de tratamento com correto posicionamento tridimensional do implante, que possibilite um comportamento
ótimo tanto dos tecidos moles como dos tecidos duros
adjacentes à região reabilitada9,25. Nesse contexto, preservar sempre será mais fácil do que reconstruir, além
disso, a reconstrução tecidual pode ser limitada. Preservar a arquitetura gengival é fundamental para o alcance da excelência estética em Implantodontia.
A reabsorção do rebordo alveolar inicia-se após a
extração do elemento dental4. Estima-se que 2/3 desta
perda ocorra nos três primeiros meses de cicatrização
do alvéolo24. E que, após 6 meses, 40% da altura e
60% da largura do rebordo seja perdida no processo
de remodelação18. Esse processo, mais evidente na parede óssea vestibular, impulsionou o desenvolvimento
de soluções rápidas de diferentes tipos de técnicas para
diminuir o trauma cirúrgico e preservar o rebordo alveolar, como a instalação imediata de implantes após
a exodontia e a execução de técnicas cirúrgicas sem
retalho1.
Requer-se a existência de uma fina parede óssea
vestibular para instalação imediata de implantes sem
necessidade de retalhos, podendo em alguns casos necessitar de enxertia óssea conjunta, assegurando o adequado resultado estético. Devido a isto, recomenda-se
uma análise pré-operatória minuciosa11. No entanto,
implantes imediatos associados ou não a enxertos ósseos não irão impedir a remodelação óssea2,17.
Os dados obtidos no diagnóstico por imagem são
essenciais para o correto posicionamento do implante. Portanto, uma compreensão da anatomia da região
anterior é obrigatória. A espessura da parede óssea
vestibular é de extrema importância para determinar
a abordagem de tratamento mais adequada8. É a espessura óssea facial que irá influenciar na convexidade
facial do processo alveolar na coroa emergente7,22.
Coroas protéticas provisórias adequadas favorecem o contorno do tecido mole e manutenção da altura das papilas6. O uso de próteses provisórias com perfil
de emergência adequado é, também, fundamental na
configuração do tecido peri-implantar que precede a
prótese definitiva. Ainda, a reabilitação protética deve
copiar a aparência natural do dente ausente em: cor,
forma, textura, tamanho e propriedades ópticas14.
O objetivo do presente estudo é a apresentação de
um caso clínico onde foi realizada exodontia do elemento 22, instalação imediata de implante, confecção imediata de prótese provisória sobre implante e substituição
por prótese metalocerâmica definitiva. Além do acompanhamento tomográfico periódico para observação da
modelação e remodelação da tabua óssea vestibular.
Paciente do sexo feminino, 61 anos de idade, com
dentes remanescentes em bom estado, procurou tratamento odontológico com queixa de ausência coronal
do elemento 22. Ao realizar o exame clínico, observou-se falha de prótese fixa convencional do elemento em
questão com remanescente radicular insuficiente para
novo preparo protético. A região do elemento 22 apresentava altura e espessura ósseas suficientes. Em relação ao contorno periodontal, observou-se perda de
altura da papila mesial (Figura 1). Foi solicitado exame
tomográfico para avaliação do tecido ósseo, exodontia
e instalação de implante imediato (Figura 2).
A paciente foi submetida à profilaxia antimicrobiana (1g de amoxicilina, 1h antes da cirurgia) e uma dose
de 8mg de dexametasona, 1h antes do procedimento.
Realizou-se também assepsia intrabucal com bochecho
de solução de gluconato de clorexidina (0,12%, 15 ml,
por 1 minuto) e antissepsia extrabucal com gluconato
de clorexidina (2%). A anestesia utilizada foi cloridrato
de articaína 4% com epinefrina 1:100000 (DFL, Brasil)
por meio de técnicas anestésicas infiltrativas.
A extração foi realizada com o auxílio de um extrator dentário minimamente traumático (Benex, Suiça),
para romper cuidadosamente as fibras do ligamento
periodontal em todas as faces, com o objetivo de manter intactos a arquitetura óssea e o tecido mole adjacente ao elemento dental (Figuras 3 e 4). Em regiões
estéticas é primordial evitar a realização de incisões relaxantes. A exodontia deve ser menos traumática possível, luxando a raiz no sentido mésio-distal e evitando
luxação no sentido vestíbulo-lingual para prevenir a
perda da cortical óssea vestibular.
Na sequência, o alvéolo fresco foi cuidadosamente debridado para remoção do tecido de granulação e
fibras do ligamento periodontal. Após a verificação da
integridade da tábua óssea vestibular por meio de uma
sonda periodontal milimetrada (Hu-Friedy, EUA), o guia
cirúrgico foi posicionado e a preparação do alvéolo foi
iniciada com uma broca de formato lança (Neodent,
Brasil). A sequência cirúrgica das perfurações seguiu o
protocolo convencional de diâmetros progressivos.
A fixação do implante com conexão cone morse de
3,5 x 11,5 mm (Alvim®, Neodent, Brasil) foi realizada
na parede palatina do alvéolo, sem elevação de retalho
mucoperiostal (Figura 5). O implante foi instalado em
torno de 5 mm abaixo da margem cervical do tecido
mole vestibular. O eixo do implante teve como referência a borda incisal do dente adjacente e ligeiramente inclinado para palatina. A posição palatinizada do
implante favoreceu o afastamento de sua plataforma
da tábua óssea vestibular, zona de perigo estético9. A
estabilidade inicial do implante obteve um torque de
40 Ncm. Torques excessivos não devem ser aplicados
devido ao risco de comprimir excessivamente o osso
adjacente, resultando em necrose óssea. Observa-se a
preservação da parede óssea vestibular após instalação
do implante no exame tomográfico imediato (Figura 6).
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Figura 1 – Vista frontal inicial. Observar o contorno dos tecidos moles ao redor dos elementos 21 e 23. Constata-se perda de papila
na região distal do 21.
Figura 4 – Observar a integridade da região apical constatando
a remoção completa da raiz residual.
Figura 3 – Extração atraumática com o objetivo de manter intactos tanto a arquitetura óssea quanto os tecidos moles adjacentes.
Figura 5 – Instalação do implante de 3,5 x 11,5 mm com conexão do tipo cone morse, fixado na parede palatina.
Passoni B, Dalago HR, Cid R, Bianchini MA, Benfatti CAM, Magini RS.
Figura 2 – Corte tomográfico do elemento 22. Adequada quantidade de tecido ósseo em altura e espessura para instalação de
implante imediato.
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Figura 6 – Exame tomográfico realizado um dia após a cirurgia
de instalação do implante. Observar a manutenção da integridade
do tecido ósseo peri-implantar.
Relato de caso / Case report
Após mensuração da altura do pilar (Figura 7) e devido ao perfil de emergência do implante coincidir com
o cíngulo da coroa protética, em um primeiro momento optou-se por um pilar para próteses parafusadas
(Pilar CM, Neodent, Brasil). No entanto, a preservação
das cristas ósseas mesial e distal impossibilitou o completo assentamento deste tipo de pilar, como pôde ser
observado em radiografia periapical (Figura 8). Dessa
forma, a prótese provisória foi confeccionada sobre um
pilar para próteses cimentadas (Munhão CM, Neodent,
Brasil). Este tipo de pilar apresenta menor diâmetro na
comparação com o anterior sendo, por esse motivo,
melhor indicado para regiões de espaço protético reduzido – como região de incisivos laterais.
Aplicou-se torque de 32Ncm conforme recomendações do fabricante para instalação (Figura 9). Na captura da posição do implante para confecção da prótese provisória utilizou-se um cilindro de acrílico para
provisórios (Cilindro Munhão CM, Neodent, Brasil); foi
selecionada sua altura de acordo com o espaço interoclusal (Figura 10); um dente de estoque pré-fabricado
(Vitapan Plus, Vident, EUA) e resina composta fotopolimerizável (3M ESPE Z100 Restorative, EUA) (Figuras
11 e 12). Realizou-se o refinamento da restauração
com a resina composta, proporcionando uma melhor
anatomia para o perfil de emergência protético. O acabamento e polimento foram realizados (Figura 13) e
a prótese foi instalada com cimento provisório (RelyX
Temp NE, 3M, EUA) (Figura 14).
Aguardou-se 6 meses para que se concluísse a osseointegração e para que o provisório conferisse um
perfil de emergência adequado aos tecidos peri-implantares. Realizou-se a remoção da restauração provisória que foi utilizada para a personalização do transferente (Transferente Munhão CM, Neodent, Brasil).
Dessa forma, o perfil de emergência da prótese provisória foi copiado para ser transferido juntamente com
o posicionamento do implante ao modelo de trabalho.
Realizou-se a moldagem de dupla impressão com silicona de adição leve e pesada (Express XT, 3M, EUA). A
moldagem foi enviada ao laboratório para confecção
da prótese definitiva metalocerâmica.
A infraestrutura metálica foi provada para conferência do adequado espaço interoclusal e aplicação da
cerâmica (Figura 15), cor A2 (Escala Clássica Vita, EUA).
Na semana seguinte, a prótese provisória foi substituída pela coroa definitiva (Figura 16). Foi utilizado cimento à base de fosfato de zinco (DFL, Brasil) para fixação
da restauração sobre o pilar protético (Figura 17).
No acompanhamento tomográfico de 1 ano,
observa-se significativa remodelação óssea, principalmente da parede óssea vestibular em altura e espessura (Figura 18). O remanescente ósseo foi suficiente
para preservar a condição periodontal da paciente,
conferindo harmonia entre o tecido peri-implantar e a
prótese definitiva. A estética da mucosa peri-implantar
foi alcançada por meio da preservação da arquitetura
tecidual inicial da região. A paciente autorizou a publicação deste caso por meio da assinatura de um termo
de consentimento livre e esclarecido.
Figura 8 – Apesar do
perfil de emergência do
implante coincidir com o
cíngulo da coroa protética,
não foi possível utilizar um
pilar para próteses parafusadas devido sua impossibilidade de assentamento
relacionado ao seu diâmetro. As cristas ósseas
mesial e distal impediram o
correto assentamento deste tipo de pilar.
Figura 7 – Mensuração da altura do pilar.
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Figura 9 – Pilar de titânio para prótese cimentada. Observe o
correto posicionamento mésio-distal do implante.
Figura 10 – Cilindro acrílico para confecção de provisório.
Observar que altura do cilindro está de acordo com o espaço
interoclusal.
Figura 11 – Captura da posição da faceta de dente de estoque
no cilindro protético com resina composta opaca.
Figura 12 – Confecção do provisório direto com dente de estoque e resina composta.
Figura 13 – Provisório direto adaptado ao análogo do implante
para acabamento e polimento.
Figura 14 – Provisório direto cimentado ao pilar protético.
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Figura 15 – Prova da infraestrutura metálica definitiva para
verificação do espaço interoclusal adequado para aplicação da
cerâmica.
Figura 16 – Coroa metalocerâmica definitiva.
Figura 18 – Acompanhamento tomográfico após 1 ano da cirurgia de instalação e 6 meses de ativação do implante com a
prótese final. Observe a perda óssea progressiva mais acentuada
na parede vestibular.
Figura 17 – Restauração definitiva do elemento 22. Observe
que o tecido peri-implantar e altura das papilas apresentam-se
bastante semelhantes à condição inicial da região reabilitada.
Relato de caso / Case report
Discussão
O bom posicionamento e a estabilidade inicial do
implante, a presença de um alvéolo intacto com boa
cortical vestibular e sem presença de infecção, além de
uma quantidade mínima de 3 mm de osso residual apical serão essenciais ao restabelecimento da função e da
estética no tratamento com implantes imediatos.
As vantagens desta técnica incluem a preservação
do osso e do contorno gengival, otimizando o comprimento do implante, já que é usado o tecido ósseo
residual além do ápice; a manutenção do suprimento
vascular com o aproveitamento de células viáveis para
cicatrização, evitando a ocorrência do preenchimento
do alvéolo com tecidos moles; a manutenção do perfil
de emergência do dente extraído com inserção do provisório, utilizando a técnica da estética imediata, e o
benefício psicológico do paciente, com a colocação da
restauração definitiva após 6 meses5,24,25.
Muitos relatos clínicos e estudos experimentais em
modelos animais demonstraram o resultado favorável
de implantes imediatamente instalados em alvéolos
frescos, sem a utilização de quaisquer materiais regenerativos. Porém, alguns autores defendem a utilização
de biomateriais e técnicas regenerativas para manutenção da crista óssea10,18,20. Nossos dados concordam
com os de outros autores que avaliaram a taxa de sobrevivência de implantação imediata com sucesso clínico sem uso de qualquer membrana ou enxerto. Além
disso, tem sido demonstrado que a carga funcional não
prejudica, e sim, ajuda na maturação óssea3,4,9,14,24,25.
É consenso na literatura que a crista alveolar passa
por mudanças após a extração dos dentes, ocasionando sua diminuição. A combinação do efeito da reabsorção da superfície óssea e a perda do osso fasciculado,
ocasionados pela exodontia, causa a redução da parede óssea vestibular em espessura e altura18,24. Todavia,
é incerto o processo de remodelação e estabilidade da
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definitiva14. No entanto, o risco de falha da osseointegração do implante parece ser aumentado porque as
forças oclusais, mesmo mínimas, podem causar micro
movimentos dos implantes durante o tempo de cicatrização. Tais movimentos podem conduzir a encapsulação de tecido mole ao redor do implante e, portanto,
comprometer o processo de osseointegração12,23.
A reabilitação com implantes imediatos tem provado ser um tratamento previsível para o estabelecimento de função e estética. O perfil de emergência
obtido na prótese provisória pode ainda ser duplicado
na restauração definitiva. Deve-se ter cuidado com o
mau posicionamento do implante que pode resultar
em dificuldade do tratamento restaurador. Se o implante é colocado próximo da parede vestibular, existe
um significativo risco de recessão da margem da mucosa devido à reabsorção da parede bucal. Se estiver
em posição muito palatina, pode resultar em um perfil
de emergência pobre. Uma inadequada posição mésio-distal pode afetar o tamanho e a forma da papila.
Pode haver complicações biológicas se o implante é colocado infraósseo, e complicações estéticas se o metal
da plataforma do implante estiver visível. O resultado
estético também pode ser afetado pela quantidade de
osso disponível no local da implantação10.
O correto diagnóstico e planejamento do caso são
fatores muito importantes para alcançar o sucesso
desta técnica. O paciente deve estar em boa condição
de saúde sistêmica, deve possuir uma boa higiene oral,
não ter hábitos parafuncionais e com uma quantidade
óssea suficiente para estabilização do implante no alvéolo fresco. Além disso, a motivação do paciente e cooperação para seguir as instruções e acompanhamentos
regulares são fundamentais para alcançar o sucesso10.
Conclusão
Sugere-se que estética imediata sobre implantes
instalados em alvéolo de extração sem procedimentos
reconstrutores é um método previsível para substituir
dentes unitários anteriores perdidos, porém, o correto
planejamento deve ser seguido meticulosamente. Este
caso clínico não nos dá suportes suficientes para tirar
conclusões definitivas; os resultados obtidos sugerem
que este protocolo pode ser o tratamento de escolha
para reabilitação em áreas estéticas onde os pacientes
cumpram todos os pré-requisitos. Estes achados clínicos
devem ser confirmados por estudos clínicos prospectivos, randomizados e controlados. Implantes imediatos
não irão prevenir o processo de remodelação e modelação que ocorre normalmente após a perda dos dentes.
Divulgação de conflitos de interesse
Os autores não têm qualquer interesse financeiro
em nenhuma das empresas ou de produtos mencionados neste artigo.
Passoni B, Dalago HR, Cid R, Bianchini MA, Benfatti CAM, Magini RS.
crista óssea após a instalação de implantes imediatos.
As paredes ósseas vestibulares são, geralmente, finas
na região anterior e compostas predominantemente
por osso fasciculado que faz parte do periodonto de
sustentação. Após a extração, o osso fasciculado é totalmente reabsorvido, uma vez que perde sua função
de suporte. Portanto, quando um implante é instalado na região anterior, imediatamente após a extração,
espera-se uma perda óssea vertical2,16, como observado
em nossos acompanhamentos tomográficos (imediato
à instalação do implante e 1 ano com a prótese definitiva instalada).
Sendo a altura da crista óssea remanescente a principal variável relacionada com a estética de implantes
anteriores25, a literatura aponta condutas clínicas que
possam estar relacionadas com a preservação da tábua óssea vestibular e prevenção da recessão do tecido
peri-implantar. A técnica indicada para instalação de
implante imediato, ao qual foi realizada neste estudo,
incluiu extração atraumática do dente em questão,
sem levantamento de retalho evitando a ruptura do
suprimento vascular do osso vestibular, fator que pode
contribuir para recessão marginal1,2, perfuração de pelo
menos 3-4 mm além do ápice da raiz e inserção do
implante, anexando o pilar junto a uma restauração
provisória livre de oclusão. A restauração definitiva será
instalada após 3-6 meses, simplificando a técnica clássica de colocação do implante, poupando tempo de
tratamento e diminuindo o número de cirurgias, preservando a anatomia alveolar3. Em alguns casos, como
o deste estudo, elimina-se a necessidade de materiais
de enxerto ou de membranas como barreira em torno
dos implantes.
A seleção de um implante com conexão interna
com característica cone morse permitiu a seleção de
um componente com um diâmetro menor que a plataforma do implante. Em um estudo prospectivo clínico
recente foi relatado que a utilização de um pilar com
diâmetro menor em relação à plataforma do implante
causa menor reabsorção da crista óssea15. Tal condição possibilita o deslocamento da interface implante/
pilar protético para o centro do implante, afastando o
osso periférico da base do componente. Análises biomecânicas demonstraram também uma mudança da
área de concentração de tensão para longe da mesma
interface19. A diminuição da perda óssea tem um efeito
positivo sobre o tecido peri-implantar e, por consequência, no resultado estético. Ainda, a diminuição do
diâmetro do conjunto implante/componente protético
na região cervical fornece uma maior espessura para o
desenvolvimento e manutenção dos tecidos vestibulares e interproximais, essenciais na estabilidade do tecido papilar13,21.
Em relação à carga, a instalação de próteses imediatas favorece a manutenção do contorno peri-implantar e das papilas, além de condicionar para a prótese
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