Doença de Gorham revertida e
estabilizada: relato de caso clínico
de Rezende Barbosa GL1,2, Dunn J2, Timothy RJ2, Almeida SA1, Tyndall DA2
1 FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE PIRACICABA, UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS, PIRACICABA, SÃO PAULO.
2 SCHOOL OF DENTISTRY, UNIVERSITY OF NORTH CAROLINA, CHAPEL HILL, NORTH CAROLINA, USA.
Introdução: Doença de Gorham ou “doença do osso fantasma” é uma patologia rara, caracterizada por uma destruição espontânea e
agressiva de um ou mais ossos, causada pela proliferação idiopática de canais vasculares. Qualquer osso pode ser afetado, contudo, tem
maior predileção pela pélvis, úmero e ombro. Poucos casos foram descritos afetando os maxilares, assim, apresentamos um caso em que a
doença foi revertida e estabilizada, fenômeno não relatado na literatura.
Descrição do caso: Paciente do sexo masculino, 50 anos, portador de doença de Crohn controlada, procurou atendimento relatando aumento
de volume e dor na região mandibular direita. Histórico de osteomielite após extração dentária na mesma região. Ao exame radiográfico
panorâmico inicial (Figura 1), observou-se moderada reabsorção óssea se extendendo do primeiro pré-molar inferior direito até o ângulo da
mandíbula. Foi prescrita medicação antibiótica e após 14 dias o paciente não apresentava mais inchaço nem dor. O acompanhamento
radiográfico decorrido ao longo de um ano demonstrou uma progressão no processo osteolítico (Figuras 2 a 4) e o exame clínico, mobilidade
dos dentes anteriores. No mesmo período, o paciente esteve sob tratamento para controle da doença de Crohn com esteróides de baixa
dose.
Figura 1 – Radiografia panorâmica inicial na qual pode-se observar
moderada reabsorção óssea se extendendo do primeiro pré-molar inferior
direito até o ângulo da mandíbula
Figura 2 – Radiografia panorâmica após 5 meses de acompanhamento.
Observa-se progressão do processo osteolítico.
Figura 3 – Radiografia panorâmica após 7 meses (2 meses após radiografia
inicial - Figura 2). Notória progressão do processo osteolítico.
Figura 4 – Radiografia panorâmica após 10 meses evidenciando a
destruição óssea.
Contudo, após esta rápida progressão da doença, em nova radiografia panorâmica, observou-se aumento de densidade ao redor da lesão
evidenciando nova deposição óssea. O acompanhamento do paciente durante os 9 anos seguintes, demonstrou a progressiva formação óssea na
região, radiograficamente, e à palpação, bem como menor mobilidade dentária (Figuras 5 a 9). Na última radiografia pode-se observar uma
restituição da continuidade mandibular com reposição do osso, demonstrando a reversão do processo osteolítico e estabilização da doença.
Figura 5 – Radiografia panorâmica após dois anos da imagem inicial. Observase aumento de densidade ao redor da lesão evidenciando nova deposição
óssea.
Figura 6 – Radiografia panorâmica após dois meses da radiografia da Figura
5. Nota-se maior deposição óssea na região.
Figura 7 – Radiografia panorâmica após seis meses da radiografia da Figura 5.
Observa-se maior deposição óssea e união dos segmentos.
Figura 8 – Radiografia panorâmica após um ano da radiografia do início de
deposição óssea na região (Figura 5). Nota-se união dos segmentos e melhor
continuidade da mandíbula.
Figura 9 – Radiografia panorâmica após três anos da reversão do caso. Podese observar continuidade da mandíbula e maior densidade óssea.
Figura 10 – Radiografia panorâmica atual (9 anos após radiografia inicial do
caso e 7 anos após reversão do caso e nova deposição óssea).
Considerações finais: A avaliação radiográfica da doença de Gorham, bem como o acompanhamento, é de fundamental importância na
detecção dessa lesão, que, apesar de ser um condição rara, deve ser considerada como diagnóstico diferencial em casos de lesões osteolíticas
dos maxilares.
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