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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
LUCAS NÁPOLI DOS SANTOS
“PARA QUE SERVEM AS DOENÇAS?”: Contribuições da obra de Georg Groddeck
para a superação de impasses da biomedicina
RIO DE JANEIRO
2012
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Lucas Nápoli dos Santos
“PARA QUE SERVEM AS DOENÇAS?”: Contribuições da obra de Georg Groddeck
para a superação de impasses da biomedicina
Dissertação de mestrado apresentada ao
Programa de Pós-graduação em Saúde
Coletiva, Instituto de Estudos em Saúde
Coletiva, Universidade Federal do Rio de
Janeiro, como requisito parcial à
obtenção do título de Mestre em Saúde
Coletiva.
Orientador: Prof. Dr. André Martins Vilar de Carvalho
Rio de Janeiro
2012
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S237
Santos, Lucas Napoli dos.
“Para que servem as doenças?”: Contribuições da obra
de Georg Groddeck para a superação de impasses da biomedicina
/ Lucas Nápoli dos Santos. – Rio de Janeiro: UFRJ/ Instituto de
Estudos em Saúde Coletiva, 2012.
208 f.; 30cm.
Orientador: André Martins Vilar de Carvalho.
Dissertação (Mestrado) - UFRJ/Instituto de Estudos em Saúde
Coletiva, 2012.
Inclui Bibliografia
1. Georg Groddeck. 2. Doença. 3. Filosofia Médica.
4. Biomedicina. I. Carvalho, André Martins Vilar de.
II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de Estudos em
Saúde. Coletiva. III. Título.
CDD 616.8915
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Lucas Nápoli dos Santos
“PARA QUE SERVEM AS DOENÇAS?”: Contribuições da obra de Georg Groddeck
para a superação de impasses da biomedicina
Dissertação de mestrado apresentada ao
Programa de Pós-graduação em Saúde
Coletiva, Instituto de Estudos em Saúde
Coletiva, Universidade Federal do Rio de
Janeiro, como requisito parcial à
obtenção do título de Mestre em Saúde
Coletiva.
Aprovada em ___________________________.
Banca examinadora
___________________________________________
Prof. Dr. André Martins Vilar de Carvalho (IESC/UFRJ)
___________________________________________
Prof. Dr. Carlos Augusto Peixoto Jr. (PUC-RJ)
___________________________________________
Prof. Dr. Carlos Alberto Plastino (IMS/UERJ)
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RESUMO
SANTOS, Lucas Nápoli dos. “Para que servem as doenças?”: Contribuições da
obra de Georg Groddeck para a superação de impasses da biomedicina. Rio de
Janeiro, 2012. Dissertação (Mestrado em Saúde Coletiva) – Instituto de Estudos em
Saúde Coletiva, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2012.
Este trabalho apresenta algumas contribuições extraídas da obra do médico e
psicanalista Georg Groddeck (1866-1934) que se mostram frutíferas para o
enfrentamento dos impasses e limitações vivenciados atualmente no campo do
cuidado em saúde em função da hegemonia da racionalidade biomédica. A
biomedicina ergueu-se sob os fundamentos da racionalidade científica moderna e de
seus reducionismos, fornecendo uma visão negativista da doença, como um inimigo
a ser extirpado a qualquer custo. Além disso, a biomedicina tende a reduzir a
patologia a um evento de ordem puramente orgânica, negligenciando, sobretudo, os
aspectos
subjetivos
presentes
em
todo
adoecimento.
Essa
exclusão
da
subjetividade é reforçada pela separação entre corpo e psiquismo presente de modo
implícito no modelo biomédico. Esses e outros aspectos da racionalidade biomédica
configuram impasses tanto na eficácia da assistência à saúde quanto na satisfação
de muitos usuários. Através de um estudo de natureza teórico-conceitual sobre a
obra de Georg Groddeck, verificou-se que esse autor propõe uma concepção de
adoecimento radicalmente distinta da biomédica. Para Groddeck, toda enfermidade
está radicalmente inserida na história subjetiva do indivíduo. A doença surgiria a fim
de exercer uma função na vida do paciente. Logo, não se deveria buscar sua
imediata eliminação, mas antes compreendê-la com o objetivo de desvendar seu
sentido. Desse ponto de vista, a separação entre corpo e psiquismo é, portanto,
dissolvida. Para Groddeck, embora uma doença possa se manifestar através de
lesões orgânicas, a subjetividade se faz sempre presente, bastando que o
profissional de saúde tenha olhos para ver. Ao final do trabalho faz-se uma
articulação entre essas propostas extraídas da obra de Groddeck e enunciados
eminentemente filosóficos de Georges Canguilhem e Baruch de Spinoza com o
intuito de esboçar quais seriam os fundamentos conceituais de um novo modelo de
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cuidado em saúde. Verifica-se que Spinoza, ao postular uma concepção de natureza
como substância única, fornece um pano de fundo fecundo para a sustentação da
tese groddeckiana da doença como manifestação da vida e não como inimigo.
Canguilhem, com seu conceito de normatividade biológica, corrobora a proposição
de Groddeck segundo a qual a natureza é dotada de um potencial inerente de cura e
recuperação. Conclui-se que, conquanto Groddeck seja um autor cujos escritos
datam do final do século XIX e início do século XX, suas concepções sobre saúde,
doença e cura se mostram surpreendentemente atuais, indicando propostas
bastante férteis para a formulação de um novo modelo de cuidado em saúde, capaz
de suplantar os reducionismos, impasses e limitações da biomedicina.
Palavras-chave: Georg Groddeck; Doença; Filosofia Médica; Biomedicina
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