XII. Pode o Holter nos auxiliar no
acompanhamento de pacientes
hipertensos?
Av. Paulista, 509 1º andar
01311-910 São Paulo SP
Tel. Geral.: 11 3883-3000 Vendas: 11 3883-3030
SSC: 11 3883-3010 Fax: 11 3883-3060
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19
HOLTER NA HIPERTENSÃO ARTERIAL
Nós, os amigos do ECG, sempre temos um palpitinho a mais...
É extrassístole pra cá, bloqueio pra lá...e muitas vezes somos catalogados como
técnicos...Nas rodinhas...bate-papos...discussão de casos...sempre sobra prá nós
- Qual a sua opinião sobre o traçado?
E quando palpitamos (em todos os sentidos):
-Qual o resultado do Holter?...sempre tem aquele colega que diz...Holter, pra quê?
Noninvasive electrocardiology in clinical practice
Wojciech Zareba; Pierre Maison-Blanche; Emanuela H. Locati - 2001 Futura Publishing
Company, Inc.
Pois é meus amigos, não somos meros analisadores de traçados eletrocardiográficos...O
pensar em arritmia requer um cuidado especial...mecanismos fisiológicos se juntam
com traçados e remédios, para formar um raciocínio absolutamente lógico...mas os
observadores de ECG e Holter sempre pensam no irracional...e lá vem um pensamento
novo...uma idéia nova.
PROCARDIOL - Programa de Atualização em Cardiologia Ciclo 1 / Módulo 1 - 2005
SBC
Já repararam nos comentários:
- Aquele do Holter?...é louco!
Curso de 24h de Holter
1
Por isso escolhemos aprofundar um pouco nossos bate-papos...Não somos um mero
compasso e régua de cálculo!
Vamos colocar um pitada clínica a partir deste fascículo...
- Qual o resultado do Holter daquela paciente hipertenso?
- Holter na Hipertensão Arterial? Pra quê? Não serve pra nada!... Nada...!
Para nós o Holter é fundamental!
Obrigado mais uma vez Ivan e João...
...Vamos analisar um Holter.
E o paciente tem Hipertensão...
Vamos ver o que vai acontecer...
Dr. João Pimenta
Diretor do Serviço de Cardiologia do Hospital
do Servidor Público Estadual - SP
Dr. José Luiz B. Cassiolato
Médico Responsável pela
Cardio Dinâmica - SP
18
FIGURA 5A
Paciente com 69 anos, hipertenso, em uso de antagonista do cálcio evoluindo com tontura.
FIGURA 5B
Mesmo paciente referindo “falta de ar”, apresentando pausas sinusais (3,7 segundos), com fenômeno de escape - captura.
17
PODE O HOLTER NOS AUXILIAR NO ACOMPANHAMENTO DE PACIENTES HIPERTENSOS?
A partir deste fascículo, faremos uma revisão prática de alguns aspectos na análise
de exames de eletrocardiografia dinâmica e determinadas patologias. A literatura
médica apresenta inúmeras avaliações de arritmias específicas e determinados grupos
de pacientes são estudados e acompanhados, segundo estas descrições.
Geralmente as solicitações de exames visam avaliar pacientes sintomáticos ou mesmo
aqueles em que a presença de extrassístoles é observada em ECG convencional.
Procuraremos alertar, aos colegas que tanto analisam exames de pacientes hipertensos,
e alguns achados que devem ser observados nos laudos.
E aí?...peço Holter para pacientes hipertensos?...Quando?
Alguns aspectos sobre a hipertensão arterial devem ser considerados:
a) Cerca de 30% da população adulta tem pressão arterial igual ou superior a
140/90mmHg
b) Alta relação entre pressão arterial e risco cardiovascular (eventos fatais e não fatais,
por exemplo: o infarto agudo do miocárdico).
c) Somente aproximadamente 50% dos pacientes efetivamente hipertensos são
tratados, e cerca 10% estão com níveis pressóricos adequados sob ação de tratamento.
A elevação da pressão arterial representa um fator de risco independente para doença
cardiovascular, com elevados custos médicos e sócio-econômicos decorrentes,
principalmente, das suas complicações clínicas, tais como: doença cerebrovascular,
doença arterial coronariana, insuficiência cardíaca, insuficiência renal crônica e doença
vascular periférica.
O estudo INTERHEART determinou que a hipertensão arterial é fator independente
para Doença Arterial Coronariana ... Mas como? Somente pela hipertensão? Arritmia?
Isquemia?
Assim, quando avaliamos um paciente hipertenso, temos que estar cientes de que a
prevenção de problemas cardiovasculares e morte súbita é uma das nossas principais
metas. Baixar níveis pressóricos não pode ser o único fator terapêutico. É fundamental
o controle dos vários fatores de risco envolvidos nesta população. Assim o
comportamento “arritmológico” do paciente deve ser avaliado...Daí a monitorização
contínua do ECG ganha a sua importância.
Na grande maioria das publicações, incluindo as principais Diretrizes das Sociedades
Brasileira, Européia e Americana, o termo Eletrocardiografia Dinâmica não existe
como método de avaliação e seguimento, embora seja de baixo custo quando
comparada com outros exames subsidiários.
Então por que o Holter de ECG (eletrocardiografia ambulatorial) é utilizado e tem o
seu valor no acompanhamento dos pacientes hipertensos?
FIGURA 4A
Um dos itens descritos em Diretrizes da investigação clínico-laboratorial dos
hipertensos cita:
“Avaliar lesões de órgãos-alvo e presença de doença cardiovascular”.
A Avaliação inicial de rotina indica a realização de ECG (eletrocardiograma convencional).
É papel desta fase da avaliação, identificar sinais de presença de:
- Hipertrofia de VE (presente entre 20-50% dos pacientes hipertensos);
- Arritmias (Figuras 1A e B / 2A,B e C);
- IAM prévio.
Reconhecidamente estes 3 achados são importantes fatores de risco de morbimortalidade
entre portadores de hipertensão e a sua associação destes 3 achados e, em especial,
a presença de arritmias originadas nos átrios e ventrículos (extrassístoles e taquicardias)
implicam em pior prognóstico desta população, segundo trabalhos de literatura. Nem
sempre, porém, um simples ECG pode definir esta associação.
Assim o Holter passa a ter um papel primordial na correta avaliação de hipertensos,
por poder determinar a associação entreo eventual sinal do ECG e aparecimento do
“gatilho”, estudando assim, a correlação risco e prognóstico.
Ao solicitar um exame de eletrocardiografia dinâmica, o colega responsável pelo
tratamento do paciente hipertenso precisa ser informado das características da presença
de arritmia:
Paciente com 66 anos, hipertenso em uso de betabloqueador – FC basal de 65 bpm durante vigília.
FIGURA 4B
- Extrassístoles e em que condições elas aparecem na sua rotina de 24h.
- Distúrbios da formação e condução do estímulo.
Ainda neste mesmo achado, a avaliação do segmento ST e da onda T deve ser
realizada com atenção e ser descrita corretamente no laudo.
Estudos de monitorização ambulatorial mostram que pacientes com síndrome coronariana
aguda apresentam alterações de ST em 15 a 30% durante a monitorização de 24h.
Figuras 3A, B e C
Os achados revestem-se de importância se soubermos que há existência
ecocardiográfica de hipertrofia ventricular esquerda e fração de ejeção diminuída.
Devemos lembrar ainda que grande parte dos pacientes hipertensos são portadores
de síndrome metabólica, fumantes, o que diminui o espaço para não avaliarmos
alterações eletrocardiográficas.
Mesmo paciente, apresentando bloqueio AV de segundo grau tipo II, ao sono.
6
15
PODE O HOLTER NOS AUXILIAR NO ACOMPANHAMENTO DE PACIENTES HIPERTENSOS?
FIGURA 1A
Paciente com 58 anos, hipertenso controlado, em uso de captopril, metropolol.
Holter por sinais de sobrecarga ventricular esquerda ao ECG, evoluindo com palpitação.
FIGURA 1B
Episódio de TV não sustentado detectado ao Holter, associado a sintoma “palpitação”.
14
7
PODE O HOLTER NOS AUXILIAR NO ACOMPANHAMENTO DE PACIENTES HIPERTENSOS?
FIGURA 3C
É citado em todas as diretrizes que são fundamentais na evaluação diagnóstica dos
hipertensos, acompanhar complicações cardiovasculares (arritmias e segmento ST,
portanto).
O primeiro item do alvo do tratamento dos hipertensos, é a redução máxima
possível do risco CV total e no tratamento, drogas anti-hipertensivas são utilizadas.
Tanto para que colegas que analisam exames de Holter, como para cardiologistas
clínicos é extremamente importante conhecer o potencial arritmogênico das medicações
utilizadas. Não basta tentar tratar o paciente e esquecer de acompanhar os efeitos
farmacológicos do tratamento.
Assim, resumidamente, apresentamos e relembramos alguns do principais efeitos
medicamentos que necessitam de acompanhamento pela eletrocardiografica dinâmica.
Pela V Diretriz Brasileira de Hipertensão, o objetivo principal do tratamento da HA
é a redução da morbimortalidade. Os antihipertensivos são utilizados para reduzir
níveis pressóricos e eventos cardiovasculares fatais e não fatais.
Evidências científicas acompanham os resultados satisfatórios em curto período de
tempo (3 a 4 anos), tanto para diuréticos, betabloqueadores, inibidores da enzima
conversora da angiotensina (IECA) e bloqueadores de Cálcio isoladamente ou em
associação (drogas mais frequentemente utilizadas).
FIGURA 2A
Mesmo paciente – Gráficos de FC – Arritmias e ST. Em destaque o período de depressão ao redor de 08h, nos 3 canais.
A alteração deve ser descrita com valores máximos e tempo da observação da alteração (carga isquêmica).
Do ponto de vista eletrocardiográfico, as alterações geralmente estão associadoas a
dose elevada, sendo os achados mais comuns:
-Bradicardia excessiva
-Bloqueio sino-atrial e atrioventricular avançado.
-Períodos de assistolia
Em relação aos inibidores da enzima de conversão e bloqueadores dos receptores
de Angiotensina I, poucos detalhes merecem especial atenção durante a análise.
Figuras 5A e B
Finalizando, lembre-se que não só de ECG “vive” um exame de Holter. Quem analisa
eletrocardiograma de longa duração e lê os relatórios, se sente um pouco psicólogo...As
correlações negativas ...sintomas sem alterações de ECG, tem que ser relatadas e
elas podem auxiliar o médico solicitante na adesão do paciente ao tratamento e
eventuais efeitos clínicos secundários.
A eletrocardiografia dinâmica não é “padrão ouro” no acompanhamento da Hipertensão
Arterial, mas quando bem utilizada, é muito importante na avaliação desta população,
Paciente com 55 anos, hipertenso, em uso de losartana+ hidroclorotiazida.
Traçado basal apresenta extrassístole supraventricular isolada.
8
13
PODE O HOLTER NOS AUXILIAR NO ACOMPANHAMENTO DE PACIENTES HIPERTENSOS?
FIGURA 2B
Mesmo paciente, com episódio de palpitação por taquicardia atrial sustentada.
FIGURA 2C
Mesmo paciente, em detalhe o início do episódio sustentado.
16
9
PODE O HOLTER NOS AUXILIAR NO ACOMPANHAMENTO DE PACIENTES HIPERTENSOS?
As medicações antihipertensivas deverão ser avaliadas nos laudos. Evidentemente
não precisamos de descrições específicas, mas temos que nos preocupar neste tipo
de avaliação. Assim:
FIGURA 3A
DIURÉTICOS - É importante avaliar a associação entre o uso e as alterações
eletrocardiográficas que podem acompanhar esta população, baseadas no balanço
eletrolítico do paciente.
DEPLEÇÃO DO SÓDIO - Sintoma hipotensão postural, principalmente em idosos,
pode estar presente no diário de atividades – sintomas, com ou sem alteração específica
do ECG.
DEPLEÇÃO DE POTÁSSIO - A relação entre a presença de arritmias e o uso de
diurético ocorre, principalmente, em casos de depleção importante do potássio intracelular.
A simples descrição da incidência da arritmia observada já faz parte desta avaliação.
BETABLOQUEADORES - Os efeitos farmacológicos dos betabloqueadores são
inerentes ao próprio bloqueio beta-adrenérgico e se relacionam a características
prévias do paciente, graus de comprometimento do nódulo sino-atrial, atrioventricular
e do próprio miocárdio. A dose utilizada também apresenta a sua importância.
Atualmente vários compostos são utilizados, com características próprias que não
fazem parte deste tipo de apresentação.
Vale lembrar, contudo, que os relatórios de atividades podem alertar para efeitos
clínicos colaterais, como cansaço, tontura, parestesias, gases e dor epigástrica.
Paciente masculino 81 anos, hipertenso em uso de betabloqueador e diurético.Traçado basal em período diurno.
FIGURA 3B
Efeitos eletrocardiográficos:
1. Bradicardia importante. Tempo de FC abaixo de 55 bpm deve ser descrito nos
laudos. Qual o ritmo em presença de bradicardia? Há presença de ritmos de
substituições?
2. Condução AV. Efeito depressor na condução AV, podendo precipitar ou agravar
bloqueios AV. Figuras 4A e B
A interrupção do tratamento a longo prazo e em doses altas com betabloqueadores
pode desencadear arritmias cardíacas. Não é raro a solicitação de exames de
eletrocardiografia dinâmica após a retiradas de fármacos (SÍNDROME DA RETIRADA)..
Cuidados especiais com associações de betabloqueadores com digitálicos - verapamil
e diltiazem - pela possibilidade de ocorrer bradicardia excessiva e Bloqueios AV.
ANTAGONISTAS DOS CANAIS DE CÁLCIO - Os efeitos farmacológicos são variáveis
segundo a classe utilizada da medicação. Lembramos que pela vasodilatação sistêmica,
as queixas de cefaléia persistente, tontura e palpitações, podem ser achados comuns
nos relatórios.
10
Mesmo paciente às 08h57, assintomático, apresentando depressão de ST horizontal –
setado pelo sistema ao redor de 4,0 mm ao caminhar.
11
PODE O HOLTER NOS AUXILIAR NO ACOMPANHAMENTO DE PACIENTES HIPERTENSOS?
As medicações antihipertensivas deverão ser avaliadas nos laudos. Evidentemente
não precisamos de descrições específicas, mas temos que nos preocupar neste tipo
de avaliação. Assim:
FIGURA 3A
DIURÉTICOS - É importante avaliar a associação entre o uso e as alterações
eletrocardiográficas que podem acompanhar esta população, baseadas no balanço
eletrolítico do paciente.
DEPLEÇÃO DO SÓDIO - Sintoma hipotensão postural, principalmente em idosos,
pode estar presente no diário de atividades – sintomas, com ou sem alteração específica
do ECG.
DEPLEÇÃO DE POTÁSSIO - A relação entre a presença de arritmias e o uso de
diurético ocorre, principalmente, em casos de depleção importante do potássio intracelular.
A simples descrição da incidência da arritmia observada já faz parte desta avaliação.
BETABLOQUEADORES - Os efeitos farmacológicos dos betabloqueadores são
inerentes ao próprio bloqueio beta-adrenérgico e se relacionam a características
prévias do paciente, graus de comprometimento do nódulo sino-atrial, atrioventricular
e do próprio miocárdio. A dose utilizada também apresenta a sua importância.
Atualmente vários compostos são utilizados, com características próprias que não
fazem parte deste tipo de apresentação.
Vale lembrar, contudo, que os relatórios de atividades podem alertar para efeitos
clínicos colaterais, como cansaço, tontura, parestesias, gases e dor epigástrica.
Paciente masculino 81 anos, hipertenso em uso de betabloqueador e diurético.Traçado basal em período diurno.
FIGURA 3B
Efeitos eletrocardiográficos:
1. Bradicardia importante. Tempo de FC abaixo de 55 bpm deve ser descrito nos
laudos. Qual o ritmo em presença de bradicardia? Há presença de ritmos de
substituições?
2. Condução AV. Efeito depressor na condução AV, podendo precipitar ou agravar
bloqueios AV. Figuras 4A e B
A interrupção do tratamento a longo prazo e em doses altas com betabloqueadores
pode desencadear arritmias cardíacas. Não é raro a solicitação de exames de
eletrocardiografia dinâmica após a retiradas de fármacos (SÍNDROME DA RETIRADA)..
Cuidados especiais com associações de betabloqueadores com digitálicos - verapamil
e diltiazem - pela possibilidade de ocorrer bradicardia excessiva e Bloqueios AV.
ANTAGONISTAS DOS CANAIS DE CÁLCIO - Os efeitos farmacológicos são variáveis
segundo a classe utilizada da medicação. Lembramos que pela vasodilatação sistêmica,
as queixas de cefaléia persistente, tontura e palpitações, podem ser achados comuns
nos relatórios.
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Mesmo paciente às 08h57, assintomático, apresentando depressão de ST horizontal –
setado pelo sistema ao redor de 4,0 mm ao caminhar.
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PODE O HOLTER NOS AUXILIAR NO ACOMPANHAMENTO DE PACIENTES HIPERTENSOS?
FIGURA 2B
Mesmo paciente, com episódio de palpitação por taquicardia atrial sustentada.
FIGURA 2C
Mesmo paciente, em detalhe o início do episódio sustentado.
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PODE O HOLTER NOS AUXILIAR NO ACOMPANHAMENTO DE PACIENTES HIPERTENSOS?
FIGURA 3C
É citado em todas as diretrizes que são fundamentais na evaluação diagnóstica dos
hipertensos, acompanhar complicações cardiovasculares (arritmias e segmento ST,
portanto).
O primeiro item do alvo do tratamento dos hipertensos, é a redução máxima
possível do risco CV total e no tratamento, drogas anti-hipertensivas são utilizadas.
Tanto para que colegas que analisam exames de Holter, como para cardiologistas
clínicos é extremamente importante conhecer o potencial arritmogênico das medicações
utilizadas. Não basta tentar tratar o paciente e esquecer de acompanhar os efeitos
farmacológicos do tratamento.
Assim, resumidamente, apresentamos e relembramos alguns do principais efeitos
medicamentos que necessitam de acompanhamento pela eletrocardiografica dinâmica.
Pela V Diretriz Brasileira de Hipertensão, o objetivo principal do tratamento da HA
é a redução da morbimortalidade. Os antihipertensivos são utilizados para reduzir
níveis pressóricos e eventos cardiovasculares fatais e não fatais.
Evidências científicas acompanham os resultados satisfatórios em curto período de
tempo (3 a 4 anos), tanto para diuréticos, betabloqueadores, inibidores da enzima
conversora da angiotensina (IECA) e bloqueadores de Cálcio isoladamente ou em
associação (drogas mais frequentemente utilizadas).
FIGURA 2A
Mesmo paciente – Gráficos de FC – Arritmias e ST. Em destaque o período de depressão ao redor de 08h, nos 3 canais.
A alteração deve ser descrita com valores máximos e tempo da observação da alteração (carga isquêmica).
Do ponto de vista eletrocardiográfico, as alterações geralmente estão associadoas a
dose elevada, sendo os achados mais comuns:
-Bradicardia excessiva
-Bloqueio sino-atrial e atrioventricular avançado.
-Períodos de assistolia
Em relação aos inibidores da enzima de conversão e bloqueadores dos receptores
de Angiotensina I, poucos detalhes merecem especial atenção durante a análise.
Figuras 5A e B
Finalizando, lembre-se que não só de ECG “vive” um exame de Holter. Quem analisa
eletrocardiograma de longa duração e lê os relatórios, se sente um pouco psicólogo...As
correlações negativas ...sintomas sem alterações de ECG, tem que ser relatadas e
elas podem auxiliar o médico solicitante na adesão do paciente ao tratamento e
eventuais efeitos clínicos secundários.
A eletrocardiografia dinâmica não é “padrão ouro” no acompanhamento da Hipertensão
Arterial, mas quando bem utilizada, é muito importante na avaliação desta população,
Paciente com 55 anos, hipertenso, em uso de losartana+ hidroclorotiazida.
Traçado basal apresenta extrassístole supraventricular isolada.
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PODE O HOLTER NOS AUXILIAR NO ACOMPANHAMENTO DE PACIENTES HIPERTENSOS?
FIGURA 1A
Paciente com 58 anos, hipertenso controlado, em uso de captopril, metropolol.
Holter por sinais de sobrecarga ventricular esquerda ao ECG, evoluindo com palpitação.
FIGURA 1B
Episódio de TV não sustentado detectado ao Holter, associado a sintoma “palpitação”.
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seu valor no acompanhamento dos pacientes hipertensos?
FIGURA 4A
Um dos itens descritos em Diretrizes da investigação clínico-laboratorial dos
hipertensos cita:
“Avaliar lesões de órgãos-alvo e presença de doença cardiovascular”.
A Avaliação inicial de rotina indica a realização de ECG (eletrocardiograma convencional).
É papel desta fase da avaliação, identificar sinais de presença de:
- Hipertrofia de VE (presente entre 20-50% dos pacientes hipertensos);
- Arritmias (Figuras 1A e B / 2A,B e C);
- IAM prévio.
Reconhecidamente estes 3 achados são importantes fatores de risco de morbimortalidade
entre portadores de hipertensão e a sua associação destes 3 achados e, em especial,
a presença de arritmias originadas nos átrios e ventrículos (extrassístoles e taquicardias)
implicam em pior prognóstico desta população, segundo trabalhos de literatura. Nem
sempre, porém, um simples ECG pode definir esta associação.
Assim o Holter passa a ter um papel primordial na correta avaliação de hipertensos,
por poder determinar a associação entreo eventual sinal do ECG e aparecimento do
“gatilho”, estudando assim, a correlação risco e prognóstico.
Ao solicitar um exame de eletrocardiografia dinâmica, o colega responsável pelo
tratamento do paciente hipertenso precisa ser informado das características da presença
de arritmia:
Paciente com 66 anos, hipertenso em uso de betabloqueador – FC basal de 65 bpm durante vigília.
FIGURA 4B
- Extrassístoles e em que condições elas aparecem na sua rotina de 24h.
- Distúrbios da formação e condução do estímulo.
Ainda neste mesmo achado, a avaliação do segmento ST e da onda T deve ser
realizada com atenção e ser descrita corretamente no laudo.
Estudos de monitorização ambulatorial mostram que pacientes com síndrome coronariana
aguda apresentam alterações de ST em 15 a 30% durante a monitorização de 24h.
Figuras 3A, B e C
Os achados revestem-se de importância se soubermos que há existência
ecocardiográfica de hipertrofia ventricular esquerda e fração de ejeção diminuída.
Devemos lembrar ainda que grande parte dos pacientes hipertensos são portadores
de síndrome metabólica, fumantes, o que diminui o espaço para não avaliarmos
alterações eletrocardiográficas.
Mesmo paciente, apresentando bloqueio AV de segundo grau tipo II, ao sono.
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PODE O HOLTER NOS AUXILIAR NO ACOMPANHAMENTO DE PACIENTES HIPERTENSOS?
A partir deste fascículo, faremos uma revisão prática de alguns aspectos na análise
de exames de eletrocardiografia dinâmica e determinadas patologias. A literatura
médica apresenta inúmeras avaliações de arritmias específicas e determinados grupos
de pacientes são estudados e acompanhados, segundo estas descrições.
Geralmente as solicitações de exames visam avaliar pacientes sintomáticos ou mesmo
aqueles em que a presença de extrassístoles é observada em ECG convencional.
Procuraremos alertar, aos colegas que tanto analisam exames de pacientes hipertensos,
e alguns achados que devem ser observados nos laudos.
E aí?...peço Holter para pacientes hipertensos?...Quando?
Alguns aspectos sobre a hipertensão arterial devem ser considerados:
a) Cerca de 30% da população adulta tem pressão arterial igual ou superior a
140/90mmHg
b) Alta relação entre pressão arterial e risco cardiovascular (eventos fatais e não fatais,
por exemplo: o infarto agudo do miocárdico).
c) Somente aproximadamente 50% dos pacientes efetivamente hipertensos são
tratados, e cerca 10% estão com níveis pressóricos adequados sob ação de tratamento.
A elevação da pressão arterial representa um fator de risco independente para doença
cardiovascular, com elevados custos médicos e sócio-econômicos decorrentes,
principalmente, das suas complicações clínicas, tais como: doença cerebrovascular,
doença arterial coronariana, insuficiência cardíaca, insuficiência renal crônica e doença
vascular periférica.
O estudo INTERHEART determinou que a hipertensão arterial é fator independente
para Doença Arterial Coronariana ... Mas como? Somente pela hipertensão? Arritmia?
Isquemia?
Assim, quando avaliamos um paciente hipertenso, temos que estar cientes de que a
prevenção de problemas cardiovasculares e morte súbita é uma das nossas principais
metas. Baixar níveis pressóricos não pode ser o único fator terapêutico. É fundamental
o controle dos vários fatores de risco envolvidos nesta população. Assim o
comportamento “arritmológico” do paciente deve ser avaliado...Daí a monitorização
contínua do ECG ganha a sua importância.
Na grande maioria das publicações, incluindo as principais Diretrizes das Sociedades
Brasileira, Européia e Americana, o termo Eletrocardiografia Dinâmica não existe
como método de avaliação e seguimento, embora seja de baixo custo quando
comparada com outros exames subsidiários.
Então por que o Holter de ECG (eletrocardiografia ambulatorial) é utilizado e tem o
FIGURA 5A
Paciente com 69 anos, hipertenso, em uso de antagonista do cálcio evoluindo com tontura.
FIGURA 5B
Mesmo paciente referindo “falta de ar”, apresentando pausas sinusais (3,7 segundos), com fenômeno de escape - captura.
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HOLTER NA HIPERTENSÃO ARTERIAL
Nós, os amigos do ECG, sempre temos um palpitinho a mais...
É extrassístole pra cá, bloqueio pra lá...e muitas vezes somos catalogados como
técnicos...Nas rodinhas...bate-papos...discussão de casos...sempre sobra prá nós
- Qual a sua opinião sobre o traçado?
E quando palpitamos (em todos os sentidos):
-Qual o resultado do Holter?...sempre tem aquele colega que diz...Holter, pra quê?
Noninvasive electrocardiology in clinical practice
Wojciech Zareba; Pierre Maison-Blanche; Emanuela H. Locati - 2001 Futura Publishing
Company, Inc.
Pois é meus amigos, não somos meros analisadores de traçados eletrocardiográficos...O
pensar em arritmia requer um cuidado especial...mecanismos fisiológicos se juntam
com traçados e remédios, para formar um raciocínio absolutamente lógico...mas os
observadores de ECG e Holter sempre pensam no irracional...e lá vem um pensamento
novo...uma idéia nova.
PROCARDIOL - Programa de Atualização em Cardiologia Ciclo 1 / Módulo 1 - 2005
SBC
Já repararam nos comentários:
- Aquele do Holter?...é louco!
Curso de 24h de Holter
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Por isso escolhemos aprofundar um pouco nossos bate-papos...Não somos um mero
compasso e régua de cálculo!
Vamos colocar um pitada clínica a partir deste fascículo...
- Qual o resultado do Holter daquela paciente hipertenso?
- Holter na Hipertensão Arterial? Pra quê? Não serve pra nada!... Nada...!
Para nós o Holter é fundamental!
Obrigado mais uma vez Ivan e João...
...Vamos analisar um Holter.
E o paciente tem Hipertensão...
Vamos ver o que vai acontecer...
Dr. João Pimenta
Diretor do Serviço de Cardiologia do Hospital
do Servidor Público Estadual - SP
Dr. José Luiz B. Cassiolato
Médico Responsável pela
Cardio Dinâmica - SP
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XII. Pode o Holter nos auxiliar no
acompanhamento de pacientes
hipertensos?
Av. Paulista, 509 1º andar
01311-910 São Paulo SP
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