1 O DESEMPREGO NA REGIÃO METROPOLITANA DO VALE DO AÇO Daniel Miranda Soares Professor do Centro Universitário do Leste de Minas Gerais / Unileste-MG; Mestre pela UFV Juliana de Oliveira Graduanda do Curso de Administração do Centro Universitário do Leste de Minas Gerais / Unileste-MG; Bolsista do PICPrograma de Iniciação Científica /Unileste-MG Humberto da Costa Fernandes Júnior Graduando do Curso de Administração do Centro Universitário do Leste de Minas Gerais / Unileste-MG; Colaborador do PIC- Programa de Iniciação Científica /Unileste-MG Ialey Roberto Zaidan Reis Graduando do Curso de Administração do Centro Universitário do Leste de Minas Gerais / Unileste-MG; colaborador do PIC- Programa de Iniciação Científica /Unileste-MG RESUMO Esta pesquisa, inédita na região do Vale do Aço estudou de forma sistemática, o desemprego do fator trabalho. Calculou-se o índice de desemprego, na região metropolitana do Vale do Aço, tendo por base cálculos semelhantes realizados em outras cidades brasileiras. O Vale do Aço representa mais de 5% do PIB mineiro, possui uma população em sua área de influência de cerca de 500.000 habitantes e uma importância estratégica e econômica para Minas Gerais e para o país. Palarvas-chave: Emprego - Desemprego - Fator trabalho. ABSTRACT This research, unknown in the region of the Valley of the Steel studied of systematic and scientific form, the unemployment of the factor work. The unemployment index was calculated, in the region metropolitan of the “Vale do Aço”, having for base carried through similar calculations in other Brazilian cities. The Valley of the Steel represents 5% of the mining GIP more than, possess a population in its area of influence of about 500.000 inhabitants and a strategical and economic importance for Minas Gerais and the country. Key-words: Job - Unemployment - Factor work. INTRODUÇÃO A idéia central deste trabalho foi construir um índice adequado de desemprego enfocando a região metropolitana do Vale do Aço, para servir de referência aos tomadores de decisões nas áreas pública e privada e que seja compatível com outros índices nacionais para efeito de comparação. Estudou-se também o contexto sócio-econômico tendo como base as variáveis pertinentes ao cálculo do indicador e nas quais o índice sempre se apoiará, para que se possa fornecer os elementos necessários à análise do contexto do desemprego e de sua evolução no tempo e no espaço. Pretende-se dar continuidade 2 à pesquisa , depois da construção do índice e para tanto, espera-se também o apoio dos órgãos de pesquisa com os quais trabalhamos em parceria : Ministério do Trabalho/Sine-MG/SEDESE (Secretaria de Estado do Desenvolvimento Social e Esportes)/Diretoria Regional do Vale do Aço, Fundação João Pinheiro e o DIEESE. O apoio destas entidades foi fundamental em termos metodológicos. Este indicador envolve importantes variáveis econômicas e sociais, tais como o desenvolvimento dos níveis de atividades econômicas em todos os setores de atividade (primário, secundário, terciário), as atividades que mais geram renda e emprego, o nível de ocupação da mão de obra por faixa etária, qualificação do trabalho, nível de instrução, renda familiar e distribuição de renda entre as famílias, mão de obra masculina e feminina etc. A pesquisa emprego/desemprego é uma das mais importantes que se pode realizar em um contexto social, pois representa um termômetro das atividades econômicas e de suas repercussões sociais, indicando o sentido de sua evolução em termos de desenvolvimento social e econômico. REVISÃO DA LITERATURA Conceitos básicosi Chama-se produto potencial ou PIB potencial aquele que poderia ser alcançado, usando eficientemente e plenamente os fatores de produção e o PIB efetivo o Produto real efetivo. A diferença entre o PIB potencial e o PIB efetivo é o hiato do produto. Se o PIB potencial estiver muito acima do efetivo, significa que parte dos fatores de produção está sendo sub-utilizada, ou seja, deve existir desemprego de alguns dos fatores. O tipo de desemprego de fator da produção mais importante é o desemprego do fator trabalho. Esse talvez seja o mais grave problema macroeconômico sendo enfrentado pela maioria das principais economias mundiais no final do século XX, e que em período recente também atinge a economia brasileira, conforme revela a TAB. 1. Tabela 1. Taxa de desemprego - países selecionados Países 1994 1996 1998 2000 Alemanha 8,4 9 10,9 9,6 Argentina 11,5 17,2 13,2 15,5 Brasil 5,1 5,4 8,7 7,4 Chile 8,3 7 6,1 8,9 Espanha 24,1 22,2 18,8 14,1 EUA 6,1 5,4 4,5 4,1 França 12,3 12,4 11,8 9,8 Inglaterra 9,6 8,2 6,2 5,7 Japão 2,9 3,4 4,1 4,8 México 3,7 5,5 3,4 2,6 Fonte: FSP, The Economist, Revista Rumos. 3 O fator de produção trabalho decorre do tamanho da população e efetivamente da força de trabalho – População Economicamente Ativa (PEA) e de algumas diferenças importantes, antes que se chegue ao conceito de desemprego. POPULAÇÃO TOTAL = População com menos de 15 anos + População com mais de 15 anos (PIA). PIA = População em Idade Ativa. POPULAÇÃO EM IDADE ATIVA = População Economicamente Ativa (PEA) + População não Economicamente Ativa. POPULAÇÃO ECONOMICAMENTE ATIVA = Desempregados + Ocupados Assim, percebe-se por esta definição, que é considerado desempregado, todo aquele, maior de 15 anos, que procura emprego, mas não o encontra. A taxa de desemprego é definida como sendo a relação entre o número de desempregados (D) e a população economicamente ativa (PEA). Taxa de desemprego (TD) = D/PEA A taxa medida pelo IBGE para as grandes regiões metropolitanas do país passou de apenas 3,3% no final da década de 80 para um patamar acima de 7% no primeiro semestre de 2000. Desde 1990, a abertura econômica e as políticas de estabilização implementadas acabaram refletindo-se em baixas taxas de absorção de mão de obra, seja em função do processo de modernização tecnológica, com a reconversão produtiva para plantas menos trabalho-intensivas, seja pela própria queda da demanda e, portanto, diminuição da produção, verificada pós-Plano Collor e, no Plano Real, depois de 1996. Logo após a implantação do Plano Real, a recuperação econômica, apesar de ter significado uma melhoria nas taxas de desemprego, não foi tão acentuada em função da citada reconversão produtiva das empresas; depois das crises do México (1995) e do Sudeste da Ásia (1997), a política econômica implementada implicava aumento do desemprego. Tipos de desemprego • desemprego cíclico ou conjuntural : é aquele devido às condições recessivas na economia. • desemprego friccional : aquele decorrente do tempo necessário para que o mercado de trabalho se ajuste. • desemprego estrutural : aquele decorrente de mudanças estruturais em certos setores da economia que eliminam empregos, sem que haja ao mesmo tempo a criação de novos empregos em outros setores. 4 Esses diferentes tipos de desemprego conduzem a uma relativização do conceito econômico de pleno emprego. A princípio, pleno emprego significa o emprego de todos os fatores de produção., o que em termos da força de trabalho poderia significar a igualdade entre a população economicamente ativa e a população empregada ou ocupada. Porém, admite-se que mesmo em pleno emprego haja uma taxa natural de desemprego. Essa taxa é relativa ao desemprego friccional e ao desemprego estrutural na economia, mas que não se deve a um possível ambiente recessivo dos negócios e que é até compatível com o crescimento econômico. Freqüentemente o crescimento econômico é acompanhado por ganhos de produtividade do trabalho. A melhoria tecnológica é que explica esses ganhos de produtividade, pois ela permite a dispensa de trabalhadores, que devem procurar empregos em outros setores. Se essa melhoria gerar novos empregos em outros setores, por exemplo, na produção de autômatos, haverá apenas desemprego friccional, enquanto os trabalhadores se ajustam às novas condições; porém, se esses novos empregos demoram a surgir, tem-se o desemprego estrutural ou tecnológico. Portanto, mesmo com um crescimento acelerado, se este se faz com ganhos de produtividade do trabalho, existe a possibilidade de aumento das taxas de desemprego, pois os empregos gerados pelo crescimento são inferiores ao crescimento da PEA. Esse é o caso da economia brasileira no período recente, especialmente nos setores primários e secundários, como se vê na TAB. 2, a seguir. Tabela 2. Taxa média anual de crescimento do PIB e do emprego, por setor 1980 – 1995 1992 – 1995 Setores PIB Emprego PIB Emprego Primário 3,0 0,8 4,3 -0,7 Secundário 0,8 1,4 5,2 1,0 Terciário 2,8 4,6 4,7 4,7 Cada um dos tipos de desemprego pode ser enfrentado de maneira diferente. Entretanto, alguns tipos de políticas de combate ao desemprego não têm efeito, dependendo do tipo de desemprego predominante. Nesse sentido, uma política de fomento ao crescimento econômico pode ser eficiente para se enfrentar o desemprego cíclico, porém terá pouco efeito se o desemprego for friccional ou estrutural. Para o desemprego friccional, a criação de organismos de difusão de informações sobre emprego (agências de emprego) é uma política eficiente. Também o incentivo a requalificação da mão de obra tende a ser uma política eficaz para o desemprego friccional, assim como para o desemprego estrutural. Quanto a este, os estímulos aos setores que usem intensivamente mão de obra, como a construção civil e a utilização de tecnologias trabalho-intensivas parecem ser as melhores atitudes. Além do problema do aumento da taxa de desemprego, outro problema que vem afligindo o mercado de trabalho brasileiro nos últimos anos é a piora nas condições de emprego, com o crescimento da participação da chamada economia informal. Existe controvérsias, quanto à definição do termo, mas a priori, pode-se definir como economia informal às atividades que não respeitam as regras institucionais impostas na sociedade, especialmente às legislações fiscais e trabalhistas. Porém, é comum incluir-se neste mercado, a pequena produção familiar, em que o produtor direto produz bens e serviços. O IBGE envolveria os chamados trabalhadores sem carteira assinada e os trabalhadores por conta própria. Na década de 90, houve uma tendência de crescimento desse tipo de relação de trabalho, onde o setor formal da economia mostrou uma tendência contínua de queda. Em 2000, menos da metade das ocupações era com carteira assinada. Esse 5 crescimento indica uma tendência de precarização das condições de emprego, pois tais pessoas possuem uma proteção social muito inferior ao setor formal. Diferenças no Cálculo da Taxa de Desemprego Muitos problemas metodológicos envolvem a estimativa efetiva da taxa de desemprego. Esses problemas conduzem a divergências e à apresentação de estatísticas com fortes discrepâncias, dependendo da opção metodológica feita pela instituição responsável pela pesquisa. No caso brasileiro, existem várias medidas e divergências. Pode-se acompanhar, por exemplo, duas medidas de desemprego aberto : a calculada pelo IBGE (PME) e a do DIEESE/SEADE (PED) de São Paulo, conforme podemos observar na TAB. 3. Ano Tabela 3 – Taxa de desemprego no Brasil PME-IBGE-Brasil SEADE/DIEESE São Paulo 1990 4,3 10.0 1991 4,8 11,6 1992 6,0 14,9 1993 5,3 14,7 1994 5,1 14,3 1995 4,6 13,2 1996 5,4 14,9 1997 5,7 15,7 1998 7,6 18,2 1999 7,6 19,3 2000 7,2 18,6 Fonte: Conjuntura Econômica Vários pontos explicam a divergência entre os indicadores de desemprego aberto : • A área geográfica onde é feita a pesquisa. No Brasil, as pesquisas atêm-se aos grandes centros metropolitanos, não registrando, por exemplo, o desemprego rural, nem de cidades de menor porte. • A separação entre PIA (População em Idade Ativa) e população total. Normalmente, adota-se a linha de 15 anos para separar os dois conceitos, porém alguns indicadores brasileiros, como o DIEESE/SEADE, utilizam 10 anos como critério. • A diferença entre inativos, ocupados e desempregados. Desempregado é aquele que busca emprego, mas não o consegue. O que vem a ser essa busca e a não-obtenção do emprego é alvo de divergência. No IBGE, o desempregado deve ter procurado trabalho nos últimos 30 6 dias, quando a busca não foi realizada nos sete dias anteriores à entrevista, e deve ter sido feita sem interrupção durante duas semanas consecutivas, senão o indivíduo é considerado inativo. Além disso, nenhum tipo de trabalho pode ter sido executado pelo indivíduo. Se obteve, algum tipo de emprego, não importando qual, é considerado empregado. Pelo lado do DIEESE/SEADE, determinados tipos de ocupação exercidos pelo indivíduo não conferem o estatuto de empregado ao indivíduo, por serem atividades de subsistência obtidas em período de carência de renda; da mesma forma, os critérios para se definir se o indivíduo efetivamente procurou emprego são menos rígidos na PED em comparação com a PME. • Os dados do IBGE referem-se ao chamado desemprego aberto, que inclui as pessoas que procuraram emprego de modo efetivo nos últimos 30 dias e que não exerceram nenhuma ocupação nos últimos sete dias. Já o indicador do DIEESE é uma soma do desemprego aberto com o chamado desemprego oculto, em que estão incluídas as pessoas que procuraram trabalho nos últimos 12 meses, apesar de exercerem algum tipo de atividade considerada de caráter precário. As TAB. 4 e 5 exemplificam os conceitos citados acima. Tabela 4. Taxas de desemprego – Brasil e São Paulo – 1989-1999 1989 1990 1992 1994 1996 1997 Tipo desemprego Aberto Brasil (PME-IBGE) Total (SP)DIEESE Aberto(SP) 1998 1999 3,4 4,3 5,8 5,1 5,4 5,7 7,6 7,8 8,7 10,3 15,2 14,2 15,1 16,0 18,3 19,5 6,5 7,4 9,2 6,0 4,6 1,4 8,9 5,3 4,0 1,3 10,0 5,1 3,8 1,3 10,3 5,7 4,2 1,5 11,7 6,6 4,6 1,9 12,3 7,2 4,9 2,2 Oculto(SP) 2,2 2,9 - tr. Precário 1,5 2,0 - desalento 0,7 0,9 Fonte:PED/SEADE-DIEESE;PME/IBGE. Tabela 5. Taxa de desemprego em Belo Horizonte (RMBH). DIEESE.1996-2003 Tipo de desemprego 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 Total RMBH 11,5 13,5 15,6 17,7 17,3 19,0 18,2 20,4 Aberto 6,7 9,1 10,2 11,3 10,7 11,5 11,7 12,9 Oculto 4,8 4,5 5,4 6,4 6,6 7,5 6,5 7,5 - pelo trab. precário 3,4 3,0 3,9 4,7 4,4 4,9 4,3 4,8 - pelo desalento 1,4 1,4 1,5 1,7 2,2 2,6 2,2 2,7 Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP) – Convênio: FJP/DIEESE/SEADE/SINE-MG 7 O Cálculo da Taxa de Desemprego nos EUAii Nos EUA as taxas relacionadas ao emprego e desemprego estão centralizadas no Departamento do Trabalho do governo americano, que entrevista cerca de 60 mil famílias todo mês. Considera-se a população economicamente ativa, a população adulta com mais de 16 anos. Considera-se empregada (ocupados) a pessoa que trabalhou a maior parte da semana anterior em um emprego remunerado. Está desempregada a pessoa afastada temporariamente, a que está em busca de emprego ou a que está à espera de começar a trabalhar em um novo emprego. Uma pessoa que não se enquadra em nenhuma das duas primeiras categorias, como aqueles que estudam em tempo integral, as donas de casa e os aposentados, não integram a força de trabalho. A taxa americana é semelhante à do IBGE e, mesmo assim é contestada por vários autores. Nestes conceitos, força de trabalho representa a soma dos empregados e desempregados. Fora da força de trabalho estão os inativos. Um ponto de discórdia entre os americanos é o fato das estatísticas não considerarem o desemprego “oculto”, de pessoas que recebem ajuda do governo e possuem outras rendas “por baixo do pano” e dos trabalhadores “desalentados” – aquelas pessoas que gostariam de trabalhar, mas desistiram de buscar um emprego. Segundo alguns economistas se se considera estes tipos de desemprego, a taxa americana aumentaria em cerca de meio ponto percentual. No Brasil, estas diferenças são consideravelmente maiores, daí a preocupação de algumas instituições como o DIEESE em incluir o desemprego oculto em suas taxas. Os americanos também questionam a duração da falta de trabalho dos desempregados. Se o desemprego for de curto prazo, não é uma questão importante. Se o desemprego for duradouro, torna-se um problema importante – trabalhadores desempregados por longo período estão mais sujeitos a dificuldades econômicas e psicológicas. Segundo Mankiw (2001, p.587), os economistas dedicaram muita energia ao estudo dos dados relativos à duração dos períodos de desemprego, chegando à seguinte conclusão , aparentemente contraditória: a maior parte dos períodos de desemprego é de curto prazo e a maior parte do desemprego observado a qualquer época dada é de longo prazo. Ou seja, a maioria das pessoas desempregadas, ficam nesta situação a curto prazo, mas se observa o número de semanas desempregadas de todos os desempregados, a maioria deste tempo é de longo prazo. Esta conclusão para os americanos torna-se importante no cálculo dos benefícios sociais destinados aos desempregados e políticas públicas nesta área. Para os americanos, são poucos trabalhadores que ficam nesta situação de longo prazo – portanto, situação bastante diferente do cenário brasileiro. Outras Críticas às Taxas de Desemprego Segundo Paulo Renato de Souza, ex-ministro da Educação do governo Fernando Henrique Cardoso (Souza, 1989), a economia brasileira passou por profundas transformações ao longo das últimas décadas, induzindo a população a transferir-se maciçamente para as cidades. Nos anos 50, a população urbana representava 36% do total, nos anos 80, cerca de 68% e hoje mais de 80%. E dentro da população urbana, as áreas metropolitanas ocupam cada vez um contingente maior da população urbana total. Isto significa que os problemas de desemprego e subemprego atingem contingentes significativos da população. A desaceleração no ritmo de geração de empregos no núcleo moderno da economia e a concentração da população nas grandes cidades agrava a situação do desemprego urbano no país. O contingente de pessoas que necessitou recorrer a formas de auto-ocupação, emprego precário, deve ter aumentado desde final da década de 1970 – não se tem evidência deste ponto, já que só a partir de 1980 que os dados de desemprego e subemprego são calculados de forma sistemática. A partir dos anos 80, a aplicação de uma política econômica francamente recessiva (o ajuste externo da economia) a situação ocupacional se torna extremamente grave. O desemprego aberto é a situação teoricamente mais grave do ponto de vista do trabalhador, pois corresponde à ausência de emprego e de renda. Tecnicamente, a definição de desemprego aberto é, contudo, bastante estrita: corresponde às pessoas que, não estando ocupadas, estão procurando ativamente trabalho. Nesse conjunto encontramos os trabalhadores que perderam seus 8 empregos e os novos integrantes da população ativa, ou seja, os que procuram trabalho pela primeira vez. Neste sentido, a taxa de desemprego é um conceito bastante ineficiente e impreciso como medição da situação ocupacional, tendendo a não representar fidedignamente a gravidade do problema de emprego. Assim, por exemplo, os trabalhadores que perdem seu emprego ou desejariam empregar-se, mas que não procuram outro emprego, pois acreditam ser difícil encontrá-lo, não são considerados tecnicamente desempregados – são “inativos”. Da mesma forma, um desempregado que encontra um “bico”, por mais precário que seja, passa a ser “ocupado”, ainda que se trate obviamente de um subempregado. Assim, quando as estatísticas indicam uma queda da taxa de desemprego, na verdade pode estar aumentando o subemprego ou número de “trabalhadores desalentados” (os que procuravam trabalho, mas desistiram de continuar fazendo-o). Mesmo assim, as taxas de desemprego registradas podem ser consideradas altas para os padrões latino-americanos e brasileiros. De fato, em situações normais, elas se situam em torno de 5%, 6%. Taxas superiores a 7% em uma economia como a brasileira podem ser consideradas altas. A primeira pesquisa do DIEESE, realizada em maio de 1981, revelava uma taxa de desemprego aberto semelhante à do IBGE (7,7%). Considerando desempregados os que continuavam procurando emprego nos últimos 3 meses, a taxa sobe a 10,8% , sendo 15% a 17% nas regiões periféricas da Grande São Paulo. Incluindo os trabalhadores desalentados o desemprego subiria para 12,8%. Globalização e desemprego O aumento da desigualdade entre países ricos e pobres e o crescimento da pobreza tanto nos países desenvolvidos como nos subdesenvolvidos esteve relacionado à abertura dos mercados e ao crescimento desordenado da esfera financeira, propiciando a expansão do desemprego e do emprego informal na grande maioria dos países, segundo Barbosa (2003), ainda que em ritmos e com significados diferentes. Certamente o desemprego possui tratamento diferenciado nos dois tipos de países: enquanto nos países desenvolvidos existem sistemas de seguro-desemprego sólidos (que duram até mais de um ano), nos países subdesenvolvidos o tratamento é precário e frágil e muitas vezes não há alternativas fora dos empregos informais, com baixos salários e sem acesso aos direitos trabalhistas. Nestes países, é comum uma parte significativa da população viver de biscates, empregos de ocasião, como camelôs, perueiros, vendedores de pequenos serviços, catadores de lixo, etc. que se amontoam nas grandes metrópoles. Em economias industrializadas do mundo subdesenvolvidos como África do Sul, Brasil, México, mais da metade da mão de obra está inserida no mercado informal de trabalho. Como explicar essas tendências de aumento do desemprego e expansão da informalidade? Elas se devem à aplicação conjunta de medidas de abertura de mercado, privatização, inovação tecnológica acelerada com redução da capacidade produtiva, além das mudanças na legislação trabalhista que passaram a permitir empregos temporários e por tempo parcial – grande maioria dos quais são precários, pois pagam baixos salários e não dispõem de contribuição à aposentadoria. Se isso confere agilidade ao processo produtivo e reduz custos no curto prazo, aumenta a insegurança, pois o trabalhador possui menos benefícios e não sabe até quando vai ficar no seu emprego. Ao mesmo tempo, em atividades novas como chapeiros de hambúrgueres, guardadores de carros em estacionamentos, passeadores de cachorros e entregadores de pizzas, os sindicatos raramente estão presentes. Foram nos países em desenvolvimento que o desemprego e a informalidade mais cresceram nos últimos vinte anos do século XX. Em 1999, os países com maior contingente de desempregados eram, em ordem decrescente: Índia, Rússia, Brasil, Indonésia e China (TAB. 6). Isso porque a população em idade ativa continua aumentando nesses países, enquanto a quantidade de empregos disponíveis não avança na mesma proporção, em virtude da abertura do mercado, do enfraquecimento dos sistemas produtivos, das privatizações e da ausência de políticas de geração de empregos. 9 Tabela 6. Países com maior número de desempregados Países Nº desempregados (milhões de pessoas) Índia 39,987 Rússia 9,050 Brasil 7,715 Indonésia 6,987 China 6,537 Estados Unidos 5,834 Alemanha 4,288 Japão 3,345 ______________________________________________________________________________________________________ Fonte: Organismos Multilaterais, Unicamp. METODOLOGIA UTILIZADA Podemos dizer que a construção, aperfeiçoamento e a elaboração de um indicador estatístico, fez parte também do objetivo geral desta pesquisa. Depois de dimensionar as variáveis principais, sorteamos unidades residenciais, a partir de amostras probabilísticas que representariam o universo do Vale do Aço, de cerca de 420 mil habitantes, contidas nos mapas setoriais censitários usados pelo IBGE no censo populacional de 2000 e atualizadas por nossos pesquisadores de campo. A Região Metropolitana do Vale do Aço, segundo lei estadual é composta pelos municípios de Coronel Fabriciano, Ipatinga, Santana do Paraíso e Timóteo. As técnicas específicas de amostragem é uma das partes mais importantes da pesquisa e exigiu todo o rigor científico necessário para torná-la bastante confiável. Para calcular o tamanho da σ 2 . p.q.N amostra, consideramos a fórmula n = 2 e .( N − 1) + σ 2 . p.q para populações finitas. Se estimarmos a população atual dos três municípios em cerca de 402.243 habitantes (no censo 2000 existiam 381.989 hab. nas três cidades), um nível de confiança de 95% (1,96 desvios-padrões) e uma margem de erro de até 3%, então n = 1064 . Se considerarmos a fórmula para populações infinitas n= σ 2 . p.q e2 com o mesmo nível de confiança e margem de erro, o tamanho da amostra seria de 1067 elementos. Entrevistamos 254 famílias abrangendo um total de 1050 pessoas, portanto muito próximo do limite esperado, indicando o alto grau de confiança da amostra sorteada aleatoriamente nas três cidades do Vale do Aço, por sorteio eletrônico (programa elaborado por alunos do curso de Sistemas de Informação do UNILESTEMG) , usando as classificações setoriais censitárias do IBGE. O IBGE dividiu a RMVA em 436 setores censitários, destes sorteamos eletronicamente 30 setores, estratificados por município. Em cada setor sorteado, os entrevistadores levantaram o número de residências totais existentes atualmente. Usando o método da amostragem aleatória sistemática, sorteamos por este método 10 residências por setor, que foram visitadas restando no final um saldo líquido de 254 famílias entrevistadas. Este número é proporcionalmente semelhante, em relação ao tamanho da população, ao da RMBH (Fundação João Pinheiro), que é de 2.528 domicílios em 26 municípios da Grande Belo Horizonte, que possui mais de 4 milhões de habitantes. Acreditamos que o tamanho da amostra e sua distribuição estratificada na RMVA, usando a amostragem probabilística aumenta a confiabilidade da pesquisa, reduzindo suas margens de erro. Trabalharam na pesquisa de campo 14 alunos selecionados dos cursos de Administração e Turismo, 10 que foram treinados em diversas etapas. A experiência, os acertos e erros estão sendo analisados e discutidos para efeito de futuras pesquisas e aperfeiçoamento do método. As informações e sugestões de instituições que realizam este tipo de pesquisa, entre elas a Fundação João Pinheiro e o IBGE, foram importantes em nossa pesquisa de campo. Pretende-se obter mais informações e troca de experiências com estas instituições na próxima pesquisa a partir de 2005. Como é uma pesquisa exploratória, de entrada, desenvolvemos uma metodologia mais adequada às nossas possibilidades e ao alcance de nossas parcerias. Alunos do laboratório do curso de Sistemas de Informação elaboraram um programa específico para apuração estatística e cruzamento de dados. RESULTADOS E CONCLUSÕES Como já indicamos na metodologia, só consideramos os três municípios da Região Metropolitana do Vale do Aço por causa da disponibilidade destas informações junto ao IBGE. Existem outras fontes mais atualizadas, mas na época da pesquisa entraves burocráticos não permitiram a informação em tempo hábil. A TAB. 7 indica nosso plano amostral e a distribuição das famílias. Tabela 7 - Distribuição de Pessoas da Família e Plano Amostral – RMVA – set/2004 _________________________________________________________________ Nº de famílias entrevistadas ........................................................... 254 Nº total de pessoas que moram com as famílias.............................1050 Média de pessoas por família ....................................................... 4,1 Nº de pessoas com mais de 10 anos ............................................... 898 Nº de pessoas que responderam ao questionário (+ 10 anos)......... 827 Nº de pessoas da família que moram no Exterior ............................ 81 Nº de pessoas da família que moram em outras cidades Brasil ..... 91 % de pessoas da família que moram no Exterior ........................... 7,5 % de pessoas da família que moram em outras cidades ................ 8,5 ________________________________________________________________ Obs.: Critério de cálculo: (898 + 81 + 91 ) = 100 % Fonte : Pesquisa de campo PIC/UNILESTEMG/SEDESE Usando o critério acima descrito, podemos perceber que é significativo o número de pessoas pertencentes às famílias entrevistadas que estão residindo no Exterior (7,5 %), número esse próximo das pessoas da família que residem em outras cidades do país (8,5%). Voltando agora, ao objetivo principal da pesquisa, nossos resultados indicam um índice de desemprego para o Vale do Aço de 21,7 %, usando os critérios do DIEESE, ou seja, incluindo o desemprego oculto (tanto pelo trabalho precário quanto pelo desalento); índice mais alto que a RMBH no mesmo período; conforme se pode ver na TAB. 8. A diferença maior entre os dois índices se encontra no desemprego oculto pelo desalento que no Vale do Aço é significativamente maior do que na RMBH. A definição deste indicador está clara nos questionários, mas sempre existe a possibilidade de erro na interpretação da pergunta – pretendemos confirmar ou ajustar esta variável na próxima pesquisa. 11 Tabela 8 - Desemprego segundo critérios do DIEESE/SEDESE/FJP Set/2004 __________________________________________________________________ Tipo de desemprego RMVA RMBH RMBH (sem BH) _________________________________________________________________ Aberto 11,6 % 11,7 % 14,2 Oculto pelo trab. Precário 4,8 4,0 4,0 Oculto pelo desalento 5,3 2,3 2,6 __________________________________________________________________ ÍNDICE TOTAL 21,7 18,0 20,8 __________________________________________________________________ Fontes: Boletim PED out/2004 - FJP/DIEESE/SEADE/SINE-MG-SEDESE Pesquisa de campo PIC/UNILESTEMG/SEDESE De qualquer forma o índice é realista e indica um desemprego aberto até menor do que a Região Metropolitana de Belo Horizonte, sem BH ( ou seja, os 26 municípios pesquisados pelo DIEESE/FJP sem BH). O desemprego aberto se refere aos desempregados que procuraram emprego efetivamente nos últimos 30 dias anteriores à pesquisa e não trabalhou nos últimos 7 dias anteriores à semana da entrevista. O desemprego oculto pelo trabalho precário se refere ao desempregados que trabalharam de forma irregular (camelôs, bicos, catadores de latinha, etc.) remunerado ou não e ao mesmo tempo continuaram procurando emprego nos últimos 30 dias anteriores à pesquisa ou mesmo nos últimos 12 meses. O desemprego oculto pelo desalento se refere aos desempregados que não procuraram emprego nos últimos 30 dias anteriores à pesquisa (por desestímulos ou desânimos) mas procuraram por emprego efetivamente nos últimos 12 meses. Na TAB.9 podemos constatar que o desemprego foi distribuído proporcionalmente entre as três cidades. As diferenças não são significativas em termos de região metropolitana devido à proximidade física existente entre as cidades do Vale do Aço, como se pode perceber pelo percentual de pessoas que moram em uma cidade e trabalham em outra (TAB. 10). Tabela 9-Distribuição dos Desempregados no Vale do Aço e População - set/2004 CIDADES DESEMPREGO POPULAÇÂO (2000, Censo) % Ipatinga 51,8 212.810 habitantes 55,71 Cel. Fabriciano 27,2 97.595 habitantes 25,55 Timóteo 21,0 71.584 habitantes 18,74 TOTAIS 100,0 381.989habitantes 100,00% Fontes: Pesquisa de campo PIC/UNILESTEMG/SEDESE ; IBGE – Censo demográfico Tabela 10 - Distribuição de pessoas por local de trabalho e moradia – RMVA – set/2004 __________________________________________________________________ Local de trabalho e moradia na RMVA % dos ocupados __________________________________________________________________ Pessoas que moram e trabalham na mesma cidade 84,5 % Pessoas que moram e trabalham em cidades diferentes 15,5 % __________________________________________________________________ Fonte: pesquisa de campo PIC/UNILESTEMG/SEDESE 12 A seguir, vamos observar diversos tipos de características, em que se pode comparar os perfis dos ocupados e desempregados. Por exemplo, na TAB. 11 podemos notar que na RMVA cerca de 2/3 dos ocupados são do sexo masculino contra apenas 1/3 do sexo feminino, mas entre os desempregados a proporção é a mesma. Tabela 11 - Distribuição por Sexo entre Desempregados e Ocupados RMVA - set/2004 _________________________________________________________________ SEXO Ocupados Desempregados _________________________________________________________________ Masculino 64 % 50 % Feminino 36 % 50 % _________________________________________________________________ Fonte: Pesquisa de campo PIC/UNILESTEMG/SEDESE Se consideramos agora a distribuição de renda entre as famílias dos ocupados e as famílias dos desempregados, podemos notar (TAB. 12) uma melhor distribuição de renda entre as famílias dos ocupados, mas mesmo assim ainda reflete o alto grau de concentração existente no país. Cerca de 68,3% das famílias dos ocupados ganham menos do que R$1000,00 por mês enquanto que cerca de 82,7 % das famílias dos desempregados estão nesta mesma faixa. Portanto o emprego contribui para melhorar a distribuição de renda. Tabela 12 - Porcentagem das famílias dos desempregados e ocupados por Faixas de Renda – set/2004 - RMVA _________________________________________________________________ Faixas de Renda Famílias dos Ocupados Famílias dos Desempregados _________________________________________________________________ R$0 a R$500,00 32,7 % 51,8 % R$501,00 a R$1000,00 35,6 % 30,9 % R$1001,00 a R$1500,00 11,2 % 11,1 % R$1501,00 a R$3000,00 15,5 % 3,7 % R$3001,00 e acima 5,0 % 2,5 % _________________________________________________________________ TOTAIS 100,0 % 100,0 % _________________________________________________________________ Fonte: Pesquisa de campo PIC/UNILESTEMG/SEDESE Da mesma forma a posse de bens e serviços reflete o nível de vida e de distribuição de renda entre as famílias. Na TAB. 13 podemos constatar que as famílias dos ocupados possuem mais bens e serviços do que as famílias dos desempregados. Na pesquisa apenas anotamos a existência de telefones (fixos ou celulares) por família, embora o número de celulares supere o número de telefones fixos no total dos indivíduos entrevistados. 13 Tabela 13 - Porcentagem de bens e serviços possuídos por famílias de desempregados e ocupados – RMVA – set/2004 __________________________________________________________________________ Bens e Serviços Famílias dos Ocupados Famílias dos Desempregados _______________________________________________________________________________________ Telefone fixo 71,5 % 63 % Celular 67.5 % 56 % Computador 27,8 % 17 % Automóvel 49,7 % 38 % Internet 16,9 % 8,5 % __________________________________________________________________________ Fonte : Pesquisa de campo PIC/UNILESTEMG/SEDESE Na média das famílias entrevistadas (ocupados, desempregados e inativos) o acesso a alguns bens e serviços é ainda muito baixo – por exemplo apenas 18,9% das famílias possuem computador e apenas 12,2 % delas tem acesso à Internet, enquanto que apenas 9,4 % das famílias possuem assinaturas de jornais e/ou revistas. Quanto à distribuição dos ocupados e desempregados por faixa etária, constatamos que de forma geral os desempregados são mais jovens e os empregados/ocupados mais velhos, como podemos ver pela TAB.14. Tabela 14 - Distribuição por Faixa Etária entre Desempregados e Ocupados – RMVA - set/2004 __________________________________________________________________ Faixa Etária Ocupados Desempregados __________________________________________________________________ 10 a 17 anos 2,3 % 3,5 % 18 a 24 anos 24,2 % 49,5 % 25 a 39 anos 42,5 % 33,3 % 40 a 59 anos 27,8 % 12,6 % 60 anos e acima 3,2 % 1,1 % __________________________________________________________________ TOTAIS 100,0 % 100,0 % __________________________________________________________________ Fonte: Pesquisa de campo PIC/UNILESTEMG/SEDESE Outra constatação da pesquisa que parece óbvia, aparece na TAB. 15, onde podemos perceber de maneira geral que os desempregados possuem menos escolaridade que os ocupados. O curioso é que até 10 anos de estudo existem mais desempregados do que empregados/ocupados e a partir de 11 anos de estudo a hegemonia dos ocupados é relativamente mais significativa. Isto pode indicar que o mercado de trabalho está cada vez mais exigente também na RMVA. 14 Tabela 15- Grau de Escolaridade entre Ocupados e Desempregados – RMVA – set/2004 __________________________________________________________________ Anos de estudo Ocupados Desempregados __________________________________________________________________ Até 3 anos 5,1 % 8,1 % De 4 a 7 anos de estudo 32,2 % 34,9 % De 8 a 10 anos de estudo 36,6 % 39,5 % De 11 a 14 anos de estudo 21,0 % 15,1 % De 15 e mais anos de estudo 5,1 % 2,3 % Estudam INGLÊS 4,4 % 2,3 % _________________________________________________________________ Ensino formal 100,0 % 100,0 % _________________________________________________________________ Fonte: Pesquisa de campo PIC/UNILESTEMG/SEDESE As informações colhidas no questionário, computadas na TAB.16, foram observadas pelos entrevistadores sem a participação dos entrevistados (ao contrário do censo do IBGE), indica ainda que indiretamente, a existência de preconceito racial, evidente nos dados a seguir. Basta observar a maior incidência de brancos e amarelos entre os ocupados e a maior incidência de pardos e negros entre os desempregados. Tabela 16 - Distribuição por Cor entre Ocupados e Desempregados – RMVA – set/2004 ____________________________________________________________ COR Ocupados Desempregados ____________________________________________________________ Branco 41,0 % 28,8 % Amarelo 9,2 % 5,0 % Pardo 35,8 % 40,0 % Negro 14,0 % 26,2 % ___________________________________________________________ TOTAIS 100,0 % 100,0 % ___________________________________________________________ Fonte: Pesquisa de campo PIC/UNILESTEMG/SEDESE A posição das pessoas nas famílias também indicam perfis diferentes para ocupados e desempregados. As posições de chefe da família e conjugue predominam entre os ocupados (são metade deles) e as posições de filhos e outros predominam entre os desempregados (representando 74 % dos desempregados), como podemos ver na TAB. 17. Tabela 17 - Distribuição de Ocupados e Desempregados por posição na família – MVA – set/2004 __________________________________________________________________ POSIÇÃO OCUPADOS DESEMPREGADOS __________________________________________________________________ Chefe da família 33,6 % 16,5 % Conjugue 17,3 % 9,4 % Filhos 43,5 % 65,9 % Outros 5,6 % 8,2 % __________________________________________________________________ TOTAIS 100,0 % 100,0 % __________________________________________________________________ Fonte: Pesquisa de campo PIC/UNILESTEMG/SEDESE 15 Depois de termos analisado descritivamente, mas de uma forma comparativa, o perfil do ocupado e do desempregado, vamos em seguida descrever algumas características dos ocupados em suas atividades individuais. Na TAB. 18 temos a principais ocupações por atividade econômica, predominando como era de se esperar a indústria siderúrgica/metal-mecânica/material de transporte ocupando um terço das atividades econômicas dos entrevistados. Em seguida vem a área de serviços e a de comércio. Mas se somarmos as áreas de serviços com o comércio em geral esta passa a ser a atividade que mais emprega no Vale do Aço. Tabela 18- Distribuição dos ocupados por Atividade Econômica – set/2004 RMVA _____________________________________________________________________________ ATIVIDADE ECONÔMICA % __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Governo (estadual e municipal)......................................................... Indústria têxtil.................................................................................... Ind. Siderúrgica/mec./metal./eletroeletrônica/mat. Transporte.............. Serviços : transporte, armazenagem ................................................. Varejista de pequeno porte ............................................................... Construção civil ............................................................................... Educação .......................................................................................... Outras indústrias .............................................................................. Outras atividades comerciais ........................................................... Outras atividades econômicas .......................................................... TOTAL 9,5 % 2,3 % 33,2 % 11,3 % 6,6 % 5,2 % 4,3 % 3,3 % 16,6 % 7,7 % 100,0 % ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Fonte : Pesquisa de campo PIC/UNILESTEMG/SEDESE Finalmente, vamos ver como se distribui no Vale do Aço os diversos tipos de ocupação ou de trabalho das pessoas empregadas ou ocupadas. As pessoas ocupadas podem ser empregadas ou não, trabalhadores ou empresários, como podemos ver na TAB. 19; onde há um predomínio dos assalariados com carteira assinada e possivelmente um aumento do trabalho informal – que pretendemos constatar na próxima pesquisa. Tabela 19- Distribuição dos Ocupados por tipo de ocupação – RMVA – set/2004 _______________________________________________________________ OCUPAÇÃO % _______________________________________________________________ Assalariados com carteira assinada 55,0 % Assalariados sem carteira assinada 21,0 % Empresários 2,3 % Autônomos 11,0 % Trabalho irregular 9,4 % Trabalho não remunerado 1,3 % ________________________________________________________________ TOTAL 100,0% ________________________________________________________________ Fonte: Pesquisa de campo PIC/UNILESTEMG/SEDESE Estes são alguns dos aspectos principais que levantamos na pesquisa de campo sobre a situação do desemprego na RMVA, contando com pouco material e recursos escassos, mas adequadamente suficientes em termos científicos para sua realização. Para que possamos continuar realizando e aprimorando tecnicamente esta pesquisa teríamos que contar com o apoio da comunidade e líderes da região do Vale do Aço, pois do contrário não temos como realizá-la. Esperamos portanto que as entidades 16 e líderes que tenham interesse na pesquisa possam se manifestar para que possamos empreender uma forma de organização sustentável, com pesquisas periódicas e contínuas sobre o desemprego e seus vários aspectos na Região Metropolitana do Vale do Aço. _________________________________________ 1 1 Os conceitos iniciais desta parte da literatura estão contidos no capítulo 4 de Gremaud (2002). Estes comentários foram retirados do capítulo 26 de Mankiw(2001) 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARBOSA, Alexandre de Freitas. O mundo globalizado: política, sociedade e economia. São Paulo : Contexto, 2003. FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO. Boletim PED/RMBH, v.9, n. 8, ago/2003. Disponível em: <http://www.fjp.gov.br> FUNDAÇÃO PERSEU ABRAMO. A polêmica sobre o desemprego. Periscópio, n.29, set/2003. GIL, Antonio Carlos. Técnicas de pesquisa em economia e elaboração de monografias. 4.ed. São Paulo: Atlas, 2002. GREMAUD, A., et al. A economia brasileira contemporânea. 4. ed. São Paulo : Atlas, 2002. IPEA. A estrutura do desemprego no Brasil. Rio de Janeiro: IPEA, 1997. (Texto para Discussão; 478) Disponível em: http://www.ipea.gov.br MANKIW, N. Gregory. Introdução à economia. 2.ed. Rio de Janeiro: Campus, 2001. MATTOSO, Jorge. O Brasil desempregado. São Paulo : Fundação Perseu Abramo, 2000. SALAMA, Pierre. O processo de subdesenvolvimento. Petrópolis : Vozes, 1976. SOUZA, Paulo Renato. Quem paga a conta? Dívida, déficit e inflação nos anos 80. São Paulo : Brasiliense, 1989. 17 i Os conceitos iniciais desta parte da literatura estão contidos no capítulo 4 de GREMAUD (2002). Estes comentários foram retirados do capítulo 26 do livro MANKIW, N. Gregory. Introdução à economia. 2ªed. Rio : Campus, 2001. ii 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 18 BARBOSA, Alexandre de Freitas. O mundo globalizado : política, sociedade e economia. São Paulo : Editora Contexto, 2003. FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO. Boletim PED/RMBH, ano 9, nº 8, ago/2003. www.fjp.gov.br FUNDAÇÃO PERSEU ABRAMO. A polêmica sobre o desemprego. Periscópio, Boletim eletrônico mensal de conjuntura política, edição nº.29, set/2003. GIL, ANTONIO CARLOS. Técnicas de pesquisa em economia e elaboração de monografias. 4ª ed. São Paulo : Atlas, 2002. GREMAUD, A. & outros. A economia brasileira contemporânea. 4ª ed. São Paulo : Atlas, 2002. IPEA. A estrutura do desemprego no Brasil. Rio, maio/1997. www.ipea.gov.br texto nº 478. MANKIW, N. Gregory. Introdução à economia. 2ªed. Rio : Campus, 2001. MATTOSO, Jorge. O Brasil desempregado. São Paulo : Ed. Fund. Perseu Abramo, 2000. SALAMA, Pierre. O processo de subdesenvolvimento. Petrópolis : Vozes, 1976. SOUZA, Paulo Renato. Quem paga a conta? Dívida, déficit e inflação nos anos 80. São Paulo : Brasiliense, 1989.