VALTRA JOVEM
Os filhos, as máquinas e a continuidade
É no norte do país, mais precisamente no distrito
de Novo Plano, pertencente ao município de
Chumpinguaia (RO), que está a Fazenda Taboca.
Grande parte da área de cinco mil hectares
está ocupada pelas mais de 10 mil cabeças de
gado pertencente à família de João Batista Neto.
A pecuária, principal atividade, cedeu, no ano
passado, cerca de 500 hectares para a lavoura
de milho. Para comandar o rebanho e a lavoura o
patriarca conta com dois dos seus quatro filhos:
Ricardo Batista da Silveira, encarregado pela
parte administrativa, e Roberto Mendes, 33 anos,
que reside na propriedade e dedica-se em tempo
integral a lida diária. Embora o pai de 62 anos
ainda participe, a responsabilidade principal está
com os filhos.
Roberto, que tinha 10 anos quando a família
migrou do Mato Grosso para Rondônia,
desde pequeno vivenciou a rotina de trabalho
e, consequentemente, o crescimento da
propriedade. O patrimônio, que no início se
resumia a um trator Valmet, foi ganhando
corpo junto com os negócios que começaram
a expandir. Aos 20 e poucos anos de idade
Roberto conta que se deu conta de que, em um
futuro muito próximo, era preciso “dominar as
máquinas” para extrair da atividade agropecuária
e do próprio maquinário todo o potencial
que ofereciam. Ou seja, compreendê-las e
saber operar adequadamente iria fazer toda a
diferença para o rendimento e a rentabilidade
da sua atividade. Decidiu então ir para São Paulo
onde ficou por cerca de cinco anos. “Lá trabalhei
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familiar no campo. Deixe uma mensagem na
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participação poderá ser publicada na próxima
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/ValtraGlobal
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Depois de um período em São Paulo, o retorno
para suceder o pai
com escavadeiras, patrolas, máquinas de
esteira, sendo que logo em seguida busquei um
curso de qualificação no Senai”. A experiência
adquirida, hoje lhe tem grande valor. Há um
ano quando voltou para uma visita à fazenda,
distante 500 quilômetros da capital Porto Velho,
ouviu um apelo do pai que estava cansado e
precisando de ajuda. “Meu pai estava sozinho.
Havia muitas máquinas novas, mas as coisas
precisavam ser mais bem organizadas.
Conversamos e eu me dispus a ajudá-lo”.
O filho que atendeu o apelo hoje trabalha
consciente de que está no lugar certo e
de que esta é sua vocação. O aprendizado
com as máquinas faz com que hoje oriente
os operadores dos oito tratores Valtra, dois
adquiridos recentemente na Pampa de
Vilhena (RO). “Hoje estamos crescendo, pois
corrigimos algumas rotinas que não estavam
funcionando. Temos operadores bem treinados
e excelentes máquinas que nos dão um ótimo
rendimento”. Na linha de frente do patrimônio
da família Roberto, casado e pai de um casal,
revela que está sempre atento à operação e
à manutenção dos seus tratores. Ciente do
potencial das máquinas e das informações
precisas que oferecem sobre a atividade,
relata que não basta apenas exigir dos seus
tratores e implementos, mas cuidar, operar
e dar a manutenção adequada para garantir
um excelente rendimento. A visão do filho de
seu João aponta para um futuro tão promissor
quanto o do pai. “Hoje graças a Deus tudo
caminha para o lado certo”.
ANA PAULA FRIGHETTO FRONZA
Edição 6
|
Ano 3
|
Fevereiro 2013
COMO NOSSOS PAIS
Andrea Fioravanti Reisdörfer
Decidir o futuro profissional é um dos momentos mais marcantes
da vida de um indivíduo. Qual carreira seguir, ouvir a razão, ouvir
o coração ou agir pelo instinto? Muitas perguntas e, em alguns
casos, poucas respostas. A complexidade e a expectativa aumentam
ainda mais quando a decisão envolve assumir ou não o negócio da
família, principalmente se for uma propriedade rural gerida até
então pelo pai ou outro familiar. A equipe da Valtra & Você buscou
duas histórias em distintos estados do país que demonstram o
processo de transição e de que forma os sucessores se preparam
para assumir o legado dos pais.
VALTRA JOVEM
A agricultura no DNA
Em 1974 a família mineira, capitaneada pelo
patriarca Edson Lopes Filho, acompanhado da
esposa e dos três filhos, desembarcou no fértil solo
goiano para trabalhar nos dois mil hectares de terra
de sua propriedade. Na época, parte foi destinado
à pecuária e o restante arrendado para a lavoura
de terceiros. No início dos anos 80, a família decidiu
terminar com a pecuária e intensificou a atividade
na lavoura. O tempo mostrou que a decisão foi
acertada. Quase quatro décadas se passaram e,
atualmente, a Fazenda Pontal Reunidas, situada em
Bom Jesus (GO), cultiva, além da história familiar,
12 mil hectares de terra dedicada à produção de
soja e milho. Muito mudou ao longo desses anos,
inclusive a mão que passou a controlar a empresa
rural, hoje com 43 funcionários. Há oito anos o
filho, Guilherme Mendes Lopes, 40 anos, assumiu
a gestão da propriedade para dar continuidade ao
trabalho do pai. “Essa transição levou dois anos
e aconteceu de forma muito tranquila”, relata o
filho do seu Edson que desde os cinco anos já
demonstrava interesse pela atividade e a certeza
do que queria para seu futuro.
Ainda na adolescência Guilherme conta que
pediu aos pais para parar de estudar, pois queria
dedicar-se à lavoura. Ouviu um sonoro ‘não’ e
uma frase que lembra até hoje: “Pode vir para
a roça desde que venha com diploma”. Ao
cobrar a formação do filho é bem provável que
dona Neiva Maria Alexandre Lopes e seu Edson
ainda desconhecessem o quão diferente seria
o contexto de administrar uma propriedade.
Mas o certo é que a recomendação garantiu
um administrador qualificado e preparado para
gerir o patrimônio da família. “Dedico minha
formação a minha mãe que foi uma guerreira
e fez de tudo para que eu me formasse”,
reconhece o engenheiro agrônomo Guilherme.
Além da maturidade, conquistou o balizamento
técnico que permitiu a sucessão natural no
gerenciamento da fazenda. “O modal de negócios
estabelecido há uma década é muito diferente
do atual”, pondera. Preocupação com o meio
ambiente, legislação, utilização dos recursos
naturais, técnicas de manejo, logística do negócio
e as relações trabalhistas. São inúmeros os
elementos que mudaram significativamente
de uma gestão para outra e que exigem do
administrador conhecimentos específicos e uma
postura empreendedora. “Hoje a propriedade
rural é uma empresa que tem os mesmo
preceitos de uma empresa da cidade. Antes era
comum ouvirmos ‘tocar a lavoura’, hoje se você
não se preparar a lavoura é que toca você para
fora”, compara Guilherme.
Hoje a propriedade rural é uma empresa que tem os
mesmo preceitos de uma empresa da cidade. Antes
era comum ouvirmos ‘tocar a lavoura’, hoje se você
não se preparar a lavoura é que toca você para fora
Guilherme assumiu há oito anos a
propriedade do pai, hoje com 68 anos
Agricultura de precisão
Para o engenheiro agrônomo entre
as grandes diferenças do contexto
que envolveu a administração do seu
pai, hoje com 68 anos e que continua
participando do planejamento e das
estratégias de gestão, e a sua é o
advento da agricultura de precisão.
“Para os profissionais do campo
isso é revolucionário, assim como o
plantio direto. Com a tecnologia que as
máquinas oferecem consigo minimizar
os riscos e aumentar a produtividade.
Tenho uma radiografia completa da
minha lavoura”. Os números reforçam
a avaliação de Guilherme: quando
assumiu a Reunidas Pontal a área
plantada era de 4500 hectares, hoje é de
12 mil hectares.
Cliente da Planalto Tratores de Goiânia
(GO) e dono de uma frota de 24
máquinas Valtra, Guilherme acredita que
o grande segredo para que a sucessão
rural aconteça de forma natural
e tranquila é manter-se fiel ao
que gosta e estar preparado,
emocional e profissionalmente,
para assumir a função. “A base
produtiva do alimento é a terra.
Essa demanda é crescente, o que
faz com que a nossa atividade
tenha sustentação de longo
prazo”. Casado e pai de um
casal, Guilherme ainda não sabe
se um dos filhos seguirá como
seu substituto. Enquanto o filho
Otávio, de oito anos, cogita várias
possibilidades, entre elas a de ser
cantor sertanejo, o pai aposta no
“DNA agrícola” da família e sonha
com o sucessor. “Ainda é cedo
para atestar se ele seguirá, mas
estou apostando na tradição da
família e sua história com essa
terra. O legado que deixo é o
mesmo que recebi: fazer o que
gosta e ser bom no que faz”.
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Encarte Valtra Jovem