dossier empreendedorismo
Velejar com a Quebramar
O gosto que tem pela vela fez com que Gonçalo Esteves criasse, em conjunto com dois sócios, a Quebramar. No início, a ideia passava por dar oportunidade a
quem não participava em campeonatos de vela de poder usar t-shirts com motivos náuticos. Mas, rapidamente, passou a ser conhecida a nível nacional e, hoje em
Exklusiva (E) - Quando em 1989 começou a
desenhar e a vender t-shirts, o que desejava para a
Quebramar? Quais foram os objetivos traçados?
Gonçalo Esteves (GE) - Em 1989, o objetivo
era claro! Criar uma marca para vender em sistema de
pirâmide. O sistema de pirâmide era muito usado no
final da década de 80. Pouco havia em Portugal e
esse sistema era o canal de venda alternativa. Era há
30 anos atrás o que é hoje a venda online, a venda
alternativa.
©Nico Martinez
dia, já está inserida numa dos maiores grupos da indústria têxtil portuguesa
E - Quais os principais obstáculos com que se deparou?
GE - Eu era muito miúdo. Com os meus dois sócios na
altura, mais velhos que eu, encontrámos pela frente uma
guerra de David e Golias, todas as vendas por catálogo
da altura estavam mais avançadas que a nossa e sobretudo tinham uma dimensão que em nada se comparava
com a nossa.
E - O posicionamento da Quebramar no desporto, na vela em concreto, tem a ver com a sua paixão
pelos desportos náuticos?
GE - Naturalmente! A marca nasceu no Clube Naval de Cascais, onde eu passava todos os meus dias de
férias e de fins-de-semana, instituição que hoje presido.
Foi no Clube Naval de Cascais que a marca fez as suas
primeiras vendas aos sócios da altura e foi em Cascais
que a marca nasceu e ganhou forma. Tudo isto inspirado
numa cultura de utilização de t-shirts nos campeonatos
de vela, tanto nacionais como internacionais. Na prática,
o que quisemos foi dar oportunidade a quem não participava em campeonatos de vela de poder usar t-shirts
com motivos náuticos.
E - Hoje em dia, a Quebramar integra o maior
grupo português de moda, o que podemos esperar
da marca para os próximos anos?
GE - O futuro hoje não é como há cinco anos atrás.
Hoje um semestre é o mesmo que uma década do
passado recente. Tudo muda muito rapidamente.
Tentamos, enquanto grupo, estar presente nas várias
faixas de mercado, sendo que cada marca se destina a uma mulher diferente e no caso da Quebramar
com uma grande presença masculina, achamos que
enquanto grupo temos uma oferta abrangente para
estar em qualquer mercado. Hoje o mercado nacional está estagnado, o crescimento é feito na base das
lojas onde o turismo tem maior presença em mercados
fora da Europa e no canal online. Estes últimos são os
canais a apostar nesta fase e por aqui julgo ser a única
porta possível para o crescimento das marcas têxteis
portuguesas.
1 ex lusiva - empreendedorismo
2
E - O que é mais determinante para quem pretende criar uma marca/negócio: a formação académica
ou a experiência?
GE - Hoje, em minha opinião, toda a informação
está à distância de um clique. Com tempo e a capacidade de aprendizagem, pode-se aprender de forma
permanente. Nos dias que vivemos podemos ter experiência profissional apoiada de forma contínua em
formação. A base é muito importante, dificilmente nos
dias de hoje se consegue ter êxito sem uma boa formação na base!
E - Crê que, hoje em dia, os novos empreendedores tem a vida mais facilitada?
GE - O mundo digital é um facilitador por natureza. Hoje pode-se chegar a todo o lado! O êxito viral é
demolidor e leva tudo à frente, logicamente hoje tudo é
mais fácil.
E - Se tivesse que dar um conselho a um jovem
empreendedor qual seria?
GE - Ter alma e paixão em tudo o que fizer. Ser humilde e eficaz. Saber estar atento e não perder nunca
o foco.
Download

Velejar com a Quebramar