O artigo científico O artigo científico tem título, autores, resumo, introdução, método, resultados, discussão e conclusão. O título deve conter a idéia do trabalho, pode ter alguns resultados e em algumas circunstâncias pode ser até uma pergunta. Essencialmente, o título tem que ser claro e objetivo, sem redundâncias. Os autores devem ser todas as pessoas que participaram da execução do trabalho, ainda que não tenham contribuído com todas as etapas. Na ordem de autoria, contempla-­‐se em primeiro lugar a pessoa que de fato executou a maior parte do mesmo e, em geral, o último autor é aquele que coordenou e/ou orientou toda a pesquisa. Muitas revistas demandam também que seja informada a instituição, ou as instituições, onde se realizou o trabalho e o endereço para correspondência do autor principal ou do coordenador. O resumo como indicado no nome contem os esforços do autor em enumerar e salientar as características do trabalho, ou seja, aqui se vende a idéia e os resultados da pesquisa. A introdução tem como objetivo ressaltar a importância do tópico, aponta a necessidade de se conhecer mais sobre o assunto, a relevância da instituição/local onde será realizado e o objetivo do trabalho. Este último aspecto resume a pergunta que essa pesquisa quer responder. O método, fundamental na avaliação da qualidade do trabalho, é de uma maneira bem simplista igual à receita de bolo no qual todas as etapas estão minuciosamente descritas. Assim, os detalhes, a descrição passo a passo e a precisão das informações permitirão que essa pesquisa possa ser replicada por outros, independentemente do local em que se encontrem. Nesta sessão deve-­‐se, obrigatoriamente, explicitar o método estatístico com detalhes. Os resultados são apresentados tanto em texto, como em tabelas, quadros ou gráficos e contemplam o que se alcançou com o estudo. É importante que esses não sejam repetidos nestes vários meios de apresentação, excetuando-­‐se informações extremamente relevantes e que mereçam tal destaque. Caso contrário, a apresentação dos dados ficará redundante e cansativa. Verdadeiramente, os resultados têm que ser capazes de responder à pergunta feita, ou seja, ao objetivo do trabalho. A discussão é o momento de se discutirem os resultados obtidos comparando-­‐os com os dados da literatura, explicando similaridades ou justificando potenciais discrepâncias, falhas ou perspectivas. Deve ser objetiva e, concomitantemente, enriquecedora. Por último, redige-­‐se a conclusão que contém a interpretação dos resultados e aponta ou não para as próximas etapas. Assim, após essa breve introdução, passamos para o ato de ler ou escrever um artigo o mais cientificamente possível. Como escrever é sempre muito mais difícil do que ler, aí vão os pontos críticos para o fazer! Segundo Gene Fowler, escrever é fácil. Tudo que se tem que fazer é olhar para uma folha de papel em branco até que gotas de sangue se formem na testa! Há muitas regras para nortear a escrita científica. Contudo, o importante é começar por escrever-­‐se frequentemente, pois somente assim, se pode melhorar a redação. Ademais, é necessário editar-­‐se, editar-­‐se e editar-­‐se....e, claro, é fundamental ter-­‐se domínio da língua em que se está a escrever. Segundo meu querido amigo, que nos deixou precocemente, Peter Fürst, as idéias devem estar “pulsantes” em nossas mentes, ou seja, vimos e pensamos em algo, temos resultados do projeto/pesquisa e acreditamos profundamente (com todos os ossos do nosso esqueleto), que isso precisa ser comunicado ao mundo. Ao concluir que é isso mesmo, então sente-­‐se, pense e planeje! Visualize a totalidade do artigo – o início, o meio e o fim do “pedaço de arte” – antes de sentar-­‐se ao computador. Sugiro a todos que leiam o livro “The elements of style”, de E.B. White, 1959 (apesar do tempo ter passado, este é um clássico que permeia todas as particularidades da escrita científica). Nesse pensar criativo, considere o título como sendo temporário, já que certamente, o mudará múltiplas vezes, ao longo da redação. Em seguida, defina tópicos e sub-­‐tópicos, redija um ou mais esboços de como será o trabalho, pois estes são o esqueleto, cuja meta é colocar as idéias no papel. Mas lembre-­‐se – perfeição não é o objetivo! De sorte, que vamos lá....os detalhes a serem revisados são: • os tópicos e sub-­‐tópicos estão corretos? • a redação está de acordo com os tópicos? • apague frases fora do lugar; • existem palavras redundantes? Há muitas palavras? • Se sim, apague-­‐as!!!! Saiba distinguir aspectos importantes, tais como o “resumo” e as “conclusões” não são a mesma coisa. O primeiro contém as idéias do autor para “vender” o trabalho e a conclusão contém a interpretação dos resultados obtidos. A boa redação está sempre associada à boa editoração. Logo, revise o trabalho e escolha vocabulário científico, claro, objetivo e correto. Ao citar ou mencionar outros autores e dados, é importante respeitar as leis de “direitos autorais” . Ainda que se utilizem tabelas ou figuras modificadas, deve-­‐se atentar para as semelhanças ou discrepâncias, evitando situações do tipo "colocar um bigode em Monalisa" o que não será capaz de desviar a atenção de quem de fato foi autor dessa obra. Material do governo é público, ainda assim tem que ter a fonte citada e, o mesmo se aplica a dados disponíveis na internet, como este guia. Enfim, o trabalho está quase pronto. Então, vá para um lugar calmo e releia-­‐o. Envie-­‐o para os co-­‐autores que obrigatoriamente devem lê-­‐lo. Faça a edição final com os comentários deles. Por último, submeta o trabalho para a revista desejada. Começa o compasso de espera! Diferentemente de um livro ou capítulo, cuja decisão de publicação é de competência do editor, a submissão de artigos passa pela revisão dos pares. Isto significa, que em geral, esse trabalho será lido por, pelo menos, dois revisores que vão questionar, apontar falhas ou sugestões, para que o editor da revista tome a decisão final. Algumas dicas extras: • em português, numerais até nove devem ser escritos por extenso; • "Et al" é plural, logo conjugue os verbos de acordo; • cuidado com frases sem sequência relacionada, do tipo “A cura e a melhora dessas doenças associadas à obesidade podem ser observadas a curto prazo e mais estudos a longo prazo fazem-­‐se necessários para avaliar as suas reincidências”. Ou seja, esta frase não disse absolutamente nada, está confusa, tem erros de português, como "a curto prazo", que deveria ser "em curto prazo"e o pronome possessivo "suas"não deve ser usado em linguagem científica quando não se refere a alguém que tem posse de algo; • mencionar o que ainda não foi descrito, sem explicar adequadamente o que se deseja mencionar, pode ser falha grave; • siglas em excesso, principalmente quando usadas em locais distantes de onde foram inicialmente citadas pode ser muito desagradável para o leitor; • frases e parágrafos soltos dificultam o entendimento e podem ser redundantes; • a paginação do texto facilita a leitura do próprio autor e co-­‐autores; • entrar com bibliografia na ordem cronológica de tempo ou alfabética deve ser estimulado, pois denota cuidado na padronização de detalhes Enfim, há uma série de regras para ajudar aqueles que querem escrever, não vou me alongar, pois já dei uma referência que considero genial. 
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