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NOVA PERSPECTIVA DE CONSCIÊNCIA DE GRUPO
Poderíamos aprender a ver o mundo através de uma perspectiva diferente... A
perspectiva daquela consciência que vê uma unidade intrínseca e subjacente entre
todas as coisas, entre todas as formas e entre todos os aspectos da vida. Vê as
“diferenças” como manifestações enriquecedoras desta unidade, ao invés de
fragmentações dela.
Nessa consciência, toda a humanidade, toda a vida já existe como um todo,
porque para ela todos são uma família cujo comportamento deve refletir a
realidade deste relacionamento familiar. A exceção ou diferença é que na
consciência do grupo antigo o indivíduo estava perdido no grupo. Porém, a
consciência de grupo agora proposta seria construída da mistura qualitativa de
seus membros, cada um com uma forte sensação de realização individual e
identidade própria. Em vez do indivíduo se anular no todo, ele se revela através de
sua capacidade de se fundir com outros numa identidade mais intensa, realizandose desta forma, mais do que seria possível para ele como uma unidade separada
ou isolada.
Por exemplo: Quando duas ou mais pessoas juntam seus corpos de maneira a
criar uma pirâmide humana, um ato de trapézio ou uma demonstração de
ginástica. Então, eles têm que sentir não só seu próprio centro de equilíbrio, seu
próprio ritmo de movimento, seu próprio centro de gravidade, mas devem estar
conscientes dessas mesmas qualidades naqueles com os quais estão trabalhando
e tem que estar conscientes do que constitui o equilíbrio do grupo. Este exemplo é
uma analogia muito boa da consciência de integridade dessa nova perspectiva.
Você não pode ter uma demonstração acrobática em que só uma pessoa está
sustentando as outras. Uma pessoa pode ser um ponto de apoio, mas todas as
outras devem igualmente estar consciente de seu próprio equilíbrio e de sua parte
na unidade acrobática para que O TODO seja bem sucedido e não haja
desmoronamento. Cada pessoa deve se sentir integrada no todo e dar-se com
esta integração e força de consciência ampliada para criar o todo. Em outras
palavras, há um processo contínuo de criatividade e intercâmbio.
No estilo antigo de grupos, os membros só recebiam orientação do líder e muitas
vezes o grupo seria caracterizado por uma predominante “mão única” que levava
do líder para os seguidores, do mestre para as chefias, do guru para os discípulos.
Mas, na nova consciência de grupo, se uma verdadeira integração é para ser
desenvolvida, deve haver circulação. A consciência grupal não pode fluir em "mão
única" mas em ambas as direções.
Cada pessoa está criando o grupo a cada momento. Cada pessoa é importante e
todos têm alguma coisa para contribuir todos podem estar apoiados sobre os
ombros do homem que constitui a base do totem acrobático, porém todos, até a
pessoa que fica na ponta desse totem deverá sentir incrivelmente esse equilíbrio e
constantemente contribuir com o seu próprio equilíbrio para manter o todo, senão
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o totem desmorona.
Um ou mais indivíduos no grupo podem se tornar facilitadores ou focalizadores,
através dos quais a energia do grupo pode se mover e se focalizar para executar
vários projetos. Contudo, um focalizador não deve ser mau interpretado ou
confundido com o papel antigo do líder. O focalizador é aquele que, como uma
lente, junta os elementos e torna possível a síntese através da focalização desses
elementos numa unidade. É como uma lente que capta a energia do sol e focalizaa para criar calor. O focalizador pode ser o individuo ou grupo de indivíduos ou
uma idéia que age como um ponto sintetizador dentro do grupo, constituindo a
energia ou centro que permite ao todo se unir.
Na nova consciência de grupo não há uma pessoa que possa dizer: “Bem, eu não
sou totalmente importante. Posso me safar com esta ação ou este pouquinho de
desequilíbrio e isto não irá afetar o todo”. Mas irá. Isto impede o verdadeiro todo
de se manifestar. Se um órgão do seu corpo decidir que pode esquecer o fato de
que ele é um órgão num corpo e fazer seu trabalho independentemente então seu
corpo irá sofrer e com o correr do tempo aquele órgão irá sofrer também. No
entanto, paradoxalmente, a saúde de seu corpo é dependente de cada órgão
fazendo seu trabalho perfeitamente num relacionamento com todos os órgãos.
Esta é a chave.
Quando uma pessoa está inteira dentro de si e em paz consigo mesma pode
sempre abrir sua consciência mais completamente para os outros, percebendolhes as necessidades, a maneira de ser e assim por diante; dessa forma poderá se
relacionar mais criativamente com os outros.
Agora, por todo o mundo, sob o impacto da necessidade de desenvolver a
consciência de grupo, as pessoas estão começando a se juntar numa tentativa de
criar consciência grupal, mas de baixo para cima, como era antes. É como se
todos nós nos juntássemos numa sala. Vamos fingir que é uma casa enorme e
vamos viver juntos. Como resultado de viver juntos em comunidade, vamos criar
uma consciência de grupo. Agora isto pode ser assim, se conseguirmos ficar
juntos o tempo suficiente, então eventualmente criaríamos uma consciência de
grupo. Iniciando de baixo para cima. Mas as chances são que, muito antes de
alcançarmos este ponto, nós nos separaríamos através do atrito e da fricção dos
níveis da personalidade.
A maneira de criar uma consciência de grupo é começar individualmente a se
conscientizar de sua identidade mais profunda, seu nível mais interno. Você é a
consciência do grupo. A consciência do grupo não é feita de pessoas, é feita de
uma maneira de ser.
Cada um de nós é parte de um grupo em permanente expansão. Uma das
maiores alegrias de abertura é começar a reconhecer isto e começar a identificar
as pessoas com as quais você reparte estes laços. Desta consciência, sem dúvida,
crescerá um grupo que funciona agora como um organismo inteiramente
diferente, não mais simplesmente um grupo de pessoas juntas por uma
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necessidade econômica, física, emocional ou mental, mas um grupo de pessoas
que começa a funcionar com ritmo harmônico. Ainda que elas possam ser muito
diferentes e talvez bastante incompatíveis em nível de personalidade, elas
compartilham um fluir unificador que vem do nível mais profundo de cada um.
A política do futuro não irá girar em torno de indivíduos, líderes poderosos,
políticos, estadistas, figuras religiosas, economistas, etc., mas irá girar em torno
da habilidade dos indivíduos de juntar vidas, suas aptidões, seus talentos num
esforço grupal e criar uma consciência de grupo.
Talvez no futuro venhamos a eleger grupos que tenham demonstrado sua
harmonia juntos e com habilidade de trabalhar juntos em um estado de sinergia.
Uma boa ilustração disso é o fato de que um acorde é uma combinação
harmoniosa de distintos sons, também a cor branca é o resultado da fusão de
todas as cores do espectro.
Adaptação do texto" Consciência de Grupo" de David Spangler.
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