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CURSO DE JORNALISMO
Disciplina: Radiojornalismo I
Professora: MSc Mariângela Torrescasana
E-mail: [email protected]
Semestre: 1º/2014
Apontamentos sobre o meio rádio:
suas características, história e técnicas de produção
I - Da importância do ato de ouvir
“Os engenheiros psíquicos do rádio são poetas que querem o bem
da humanidade, a ternura do coração, a alegria de amar, a fidelidade
sensual do amor. O rádio deve anunciar a noite às almas
desiludidas, às almas profundas: trata-se de não mais dormir sobre a
terra, trata-se de entrar no mundo noturno que cada um vai
escolher.” (Gaston Bachelard)
A gente já nasce ouvindo. Estudos realizados pela Universidade de Leicester
(Inglaterra) revelam que um feto já pode ouvir sons a partir da vigésima semana de
gestação.
A audição é, também, o último sentido a nos abandonar. São inúmeros os relatos
de casos em que pacientes terminais, internados em coma nos centros de terapia
intensiva dos hospitais, escutam tudo o que se fala próximo deles.
Em tempo: experimente, nos próximos 15 segundos, parar e refletir um pouco
como seria a vida sem sons?... Certamente seria pobre de sensações. Um filme de
suspense como os de Alfred Hitchcock ou de ação futurista como o Jornada nas Estrelas,
seriam os mesmos sem trilhas ou efeitos sonoros? Como seria a vida em pleno e absoluto
silêncio?
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Podemos até fugir da barulheira crônica de uma metrópole como São Paulo nos
escondendo no mais recôndito dos igarapés da Amazônia ou no Riacho do Navio, que
Luiz Gonzaga cantou - “sem rádio e sem notícia da terra civilizada” – mas, mesmo assim,
não estaríamos frente a frente, corpo a corpo, ouvido a ouvido com o silêncio.
Simplesmente porque o silêncio não existe na natureza. Ele é artificial.
Tudo que nasce, cresce e morre na natureza, produz som. O ser humano produz
sons desde a barriga da mãe até o último suspiro. Mesmo em coma, sem poder ver ou
falar, continuamos a produzir sons.
Ao longo de nossas vidas, vamos colecionando e catalogando cada som que
escutamos, identificando-os, correlacionando-os a pessoas, lugares, animais, ambientes.
Há outros que mexem com nossa subjetividade e, sempre que os ouvimos, os
associamos à sensação de medo, de angústia, de perigo, de alegria, de emoção, de raiva,
de prazer.
Na correria do dia-a-dia, muitas vezes, nem nos damos conta da importância e do
quão presente em nossa vida estão os sons. Até porque, como observa McLuhan, “não
podemos fechar a porta aos sons, não temos pálpebras auditivas”.
O rádio na vida da gente
Por que será que ouvimos rádio? “Em busca de diversão em entretenimento e, em
grau menor, de informação e cultura” (Sant’Anna, 1989). O rádio vive muito próximo da
gente, oferecendo-nos a trilha sonora para nossa vida. Às vezes nem percebemos. É
como se ele nem existisse, exceto quando ele sai do ar.
Se você observar o comportamento das pessoas ouvindo rádio, em sua casa ou no
seu trabalho, vai perceber algo de engraçado que você – como ouvinte – talvez nunca
tenha percebido. Muita gente conversa com o locutor e com o próprio rádio enquanto
escutam alguma transmissão.
Isso acontece porque o rádio estabelece uma relação de intimidade e de confiança
tal que o ouvinte chega mesmo a pensar que o locutor que lhe fala todos os dias, é um
velho amigo de tantos encontros. Prova disso é o tratamento carinhoso dispensado a
esses locutores por seus ouvintes. Eles são, quase sempre, chamados por seu primeiro
nome, o que indica uma idéia de intimidade que, na maioria dos casos, não existe na vida
real.
Dona Maria Xavier Duarte é um exemplo disso. Baiana de Jânio Quadros,
cidadezinha próxima de Vitória da Conquista, 50 e poucos anos, há mais de 30 vivendo
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em São Paulo, não sabe ler. Migrante, trabalha como empregada doméstica numa casa
de classe média na zona oeste da cidade de São Paulo.
Diariamente, tal qual Sísifo em seu castigo mítico, ela cumpre a rotina de toda dona
de casa pobre: arruma, lava, passa, cozinha, varre, limpa, cuida da casa, das crianças e
do que aparecer. E conforta-se ouvindo rádio. “Rádio é questão de intimidade, quase
como uma relação passional entre emissor e ouvinte”(Angel Faus Belau, 2001: 1). Para
ela, as pilhas de seu pequeno rádio-receptor portátil, companheiro do dia-a-dia, são tão
importantes quanto o pão e o arroz que ela considera essenciais para sua subsistência.
Os comunicadores do rádio são seus grandes amigos. E o que esses homens e
mulheres de voz firme e impostada dizem, de verdade ou de mentira, ganha força de lei
para Dona Maria e para milhões de brasileiros que têm no rádio, sua única fonte de
entretenimento e de informação.
Por isso, também, é que o rádio envolve as pessoas criando uma atmosfera de
intimidade e cumplicidade, como se estabelecesse conosco uma conversa de pessoa
para pessoa. Quantas vezes nos pegamos “dialogando” com a voz que vem do rádio? “O
poder que tem o rádio de envolver as pessoas em profundidade se manifesta no uso que
os adolescentes fazem do aparelho de rádio, durante seus trabalhos de casa, bem como
as pessoas que levam consigo seus transistores, que lhes propiciam um mundo particular
próprio em meio às multidões” (Mcluhan, 1989: 335).
Desde que surgiu no Brasil, há oitenta e poucos anos, o rádio expandiu-se
bastante, de certo modo, graças ao alto índice de analfabetismo, às longas distâncias que
separavam o interior dos centros urbanos e ao pouco hábito de leitura, tão presentes em
nosso país. Diferente dos meios impressos, o rádio não exige de seu público o
conhecimento de qualquer código semântico ou grau de leitura. Quem não sabe ler, pode
muito bem ouvir e compreender o que se fala no rádio.
Se, por um lado, esse fato é positivo, por outro representa um grande perigo:
quanto menor é o grau de instrução do ouvinte, menos crítico ele é. E, como aponta
Gilberto Mendonça Teles, “num país onde se lê pouco, o que se ouve tem uma
importância muito grande”. Mesmo assim, apesar de todo risco de manipulação que
permeia a relação rádio-ouvinte, patrocinada por interesses comerciais ou políticoeleitoreiros nem sempre altruístas, o papel de provedor de conhecimento exercido pelo
rádio e por seus comunicadores, principalmente, junto às populações mais pobres do
Brasil, é indiscutível.
E foi a própria TV que transformou o rádio, de “um meio de entretenimento numa
espécie de sistema nervoso da informação. Notícias, hora certa, informações sobre o
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tráfego e, acima de tudo, informações sobre o tempo, agora servem para enfatizar o
poder nativo do rádio de envolver as pessoas umas com as outras” (McLuhan, 1989:335).
O rádio, ao contrário da TV, que costuma transmitir uma mesma programação para
todo país, é um meio de comunicação eminentemente local. "Tenho mais retorno do
programa de rádio que faço em Brasília do que do programa nacional de TV", atesta o
apresentador da Rede Globo, Alexandre Garcia.
Salvo raras exceções – como as cadeias nacionais obrigatórias ou as poucas redes
de rádio com suas afiliadas em várias cidades do país –, a programação da grande
maioria das emissoras têm alcance e enfoques locais. São emissoras que falam para um
público circunscrito aos limites geográficos das comunidades alcançadas pelas ondas
emitidas por seus transmissores.
Essa relação de proximidade com a vida local, que é uma marca do meio rádio,
ganha força no Brasil justamente por conta do complexo sócio-cultural do homem
brasileiro, caracterizado por Zita de Andrade Lima como alguém que
gosta de ouvir sobre lugares e problemas que lhe são familiares. Gosta da
linguagem empregada pelo locutor que tem o seu mesmo sotaque, seu
mesmo jeito de dizer, e uma malícia que escapará aos estanhos, mas que
a deleita. Essa confiança e essa linguagem e que permitem sejam as
mensagens do rádio regional merecedoras de uma maior credibilidade, e
que possam ser compreendidas na tradução especialmente elaborada para
seu ouvinte, e que seria indecifrável se transmitida de longe, de fora, por
estranhos.(1969: 36-37).
Com os avanços tecnológicos, o rádio segue conquistando novos espaços. A partir
da invenção do transistor – que substituiu as válvulas, a partir de 1959 – os receptores se
livraram dos fios, deixaram de esquentar e passaram a consumir menos energia elétrica.
O rádio ganhou mobilidade: deixou o centro da sala de estar para se espalhar pela casa
(95% dos aparelhos) e pela vida de seus ouvintes, principalmente nos automóveis (93%),
rádios portáteis (43%), rádios-relógio (41%) e walkmans (22%).
O transistor também revolucionou a indústria eletrônica, que passou a produzir
equipamentos menores (um transistor é cem vezes menor do que uma válvula) e muito
mais baratos. Ele também permitiu, com sua interligação em circuitos integrados, o
surgimento de novas gerações de computadores, hoje tão presentes no processo de
produção e transmissão das emissoras de rádio.
Os impactos da tecnologia na linguagem e nos hábitos de audição do rádio foram
imediatos e, graças à informática e sua linguagem digital – que barateou ainda mais os
equipamentos – o rádio continua com seu espaço garantido no cenário midiático.
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No Brasil, a mobilização da sociedade e os movimentos em favor da
democratização dos meios de comunicação e, principalmente, do rádio indicam que,
mantida a pressão popular, brevemente, ouviremos nos quatro cantos do Brasil, a voz de
outros agentes sociais, apresentando suas idéias e sua verdade pelas ondas do rádio. Até
porque as questões técnicas e tecnológicas já foram superadas e é mesmo no campo da
linguagem e da atenção dispensada a seus ouvintes que reside o futuro do rádio.
Para Gary Fries, Presidente do Radio Advertsing Bureau (RAB-EUA), “o segredo e
o desafio para a sobrevivência e crescimento do radio, é continuar sendo relevante para
as pessoas. Enquanto o rádio entreter, informar, ajudar as pessoas, ele permanece
relevante e terá a atenção das pessoas e dos anunciantes”.
Qual é o futuro do rádio no mercado global? Para Michael Keith, “a resposta é a
programação local. O importante é concentrar-se no local, na informação local que o
ouvinte não poderá escutar em outras emissoras de grande alcance. A emissora de um
povo tem que refletir a vida desse povo e essa forte identidade local, num mundo cheio de
freqüências, é o que vai fazer com que uma emissora sobreviva”.
E, mesmo com todo avanço da TV sobre o mercado até então dominado pelo rádio,
ele
“continua
imbatível
tanto
no
mundo
desenvolvido
como
nos países em
desenvolvimento” como observa Alberto Dines, para justificar em seguida:

É absolutamente portátil e integra os equipamentos de 99%
dos automóveis.

Tem preço irrisório.

Veicula informações simultâneas ao acontecimento.

Prescinde de alfabetização por parte dos ouvintes.

Foi interativo antes mesmo de inventado o conceito.
Para Dines, “este poder de penetração doméstica confere-lhe [rádio] a capacidade
única de mobilizar as audiências para mensagens simplistas e emocionais. Não é por
acaso que grandes contingentes de telespectadores das camadas populares preferem
acompanhar as transmissões desportivas com o som do rádio - a narração é mais
explícita, envolvente e mobilizadora”.
O rádio também tem algumas características distintas, como a sensorialidade, a
penetração espacial e temporal, proximidade, intimidade, velocidade, instantaneidade,
imediatismo, simplicidade, interatividade e mobilidade, a flexibilidade, o baixo custo,
dentre outras que têm sido pouco aproveitadas.
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Para Mcluhan, o rádio é “uma extensão do sistema nervoso central, só igualada
pela própria fala humana”. E para Júlia Lúcia de Oliveira Albano Silva, “o rádio, ainda que
se expanda exteriormente de forma amplificada e se dirija ao consumo coletivo, convida o
seu receptor para uma comunicação, uma vivência a dois, mesmo que imaginariamente”.
(1999:42)
Para Daniel Flamberg, “o rádio é o teatro da mente”. Ele cria um diálogo mental
que envolve o ouvinte e despertar a imaginação pela emocionalidade das palavras e da
sonoplastia, criando nuances individuais, de acordo com as expectativas de cada um.
José Luis Leon (1992) também observa que a capacidade do rádio
para criar imagens auditivas faz com que o meio seja tão visual ou mais do
que a própria televisão. No rádio, a palavra é uma imagem e a voz é uma
pessoa. (...) O rádio, ao ter acesso total à imaginação do ouvinte e à sua
memória semântica, pode despertar nele inúmeras representações com
elementos aparentemente menos impressionantes do que as imagens da
televisão, como a voz, o som e a música.
O rádio é um veículo local de agenda flexível que pode modificar sua rotina e sua
programação rapidamente, adequando-se às necessidades e emergências de modo muito
mais simples do que a TV. Ele pode ser ouvido em qualquer lugar, em qualquer aparelho,
a qualquer hora do dia ou da noite, todos os dias do ano, sem que seja necessário ao
ouvinte deixar de lado a atividade que está fazendo para ouvir rádio.
Ele também é tecnologicamente mais simples e mais barato. Transmite mais
rapidamente, em tempo real e pode ser ouvido de forma coletiva ou individualmente, em
ambientes púbicos ou privados. Do ponto de vista da operação, o comunicador de rádio
pode fazer uma transmissão simultânea ao acontecimento, ao vivo, de um telefone
público ou celular, já que não exige o aparato da TV, nem a elaboração da mídia
impressa. Normalmente, ouvinte e locutor estão separados apenas por um transmissor e
um microfone (Chantler, Harris, 1998).
O rádio utiliza-se, basicamente, de sons para transmitir informações, o que torna a
produção de qualquer mensagem muito mais barata e rápida do que outros meios de
comunicação. Além disso, pela quantidade de emissoras e por seu baixo custo de
produção, o rádio é um meio ideal para a segmentação de suas mensagens por targets
(tipos e perfis de público diferentes).
Entre os pontos negativos do rádio, destacam-se a linearidade (começo e final da
mensagem são determinados pelo locutor, não pelo ouvinte), a irreversibilidade (não se
pode dar replay até ouvirmos e compreendermos uma mensagem transmitida pelo rádio)
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e a fugacidade (mensagem desaparece simultaneamente). O rádio também não consegue
representar, com eficiência, situações concretas e demonstrações de produtos.
A linguagem radiofônica
Qual é a matéria-prima do rádio? Som, música, ruídos, palavras, silêncio e...
imaginação. É da combinação desses elementos que nasce a linguagem utilizada pelo
rádio para transmitir suas mensagens. Juan Rey alerta que “a linguagem radiofônica não
é somente a palavra irradiada, nem tampouco que a palavra deve se sobrepor aos outros
elementos. A linguagem radiofônica é o resultado de uma integração harmônica,
adequada e coesa”.
A palavra é um elemento indispensável à transmissão de notícias, é o centro de
tudo. Ela cumpre duas funções durante a transmissão de uma informação: fornece a
estrutura redacional (lead: quem, que, quando, como, onde, por que) e a torrente verbal
(constrói o cenário).
A música é um condicionante clássico, que cumpre uma função abstrata, de criar a
ambiência, de sugerir o clima, de organizar a mensagem e conferir-lhe novos significados,
gerando estados emocionais diferentes (alegria, tristeza, ternura, medo, etc.).
Os ruídos e efeitos sonoros cumprem a função de ilustrar o texto ou de representar
uma situação dramática, conferindo verossimilhança e mais realismo à narrativa.
O silêncio pode ser lingüístico (quando representa a pausa nos textos, indicada
pelo ponto final ou outros sinais) e expressivo (cria expectativa e sugere suspense,
ansiedade, ambigüidade, curiosidade). O silêncio também pode ser utilizado com a função
de destacar certas palavras ou expressões, realçar determinados momentos, sublinhar a
tensão dramática.
Maurício Pandolphi Pereira observa que “o uso de sons através do rádio segue a
mesma codificação adotada no cotidiano, quando conversamos pessoalmente ou através
do telefone” (1982:16). Mas, para Eduardo Meditsch, essa fala do rádio é artificialmente
natural, porque se constitui num fenômeno da eletrônica, não da oralidade. Segundo
Walter Ong, ela é uma oralidade eletrônica, essencialmente “mais deliberada e autoconsciente, que prepara as coisas cuidadosamente para ter a certeza de quem saem
verdadeiramente espontâneas”.
Se você deseja se comunicar bem pelo rádio deve dizer algo interessante de
forma inteligível, como se estivesse frente a frente com o ouvinte – já que ele não pode
ver as expressões dos olhos e os gestos do locutor. Se não ouviu bem o que foi dito ou
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não está seguro da haver entendido o que ouviu, o ouvinte não poderá pedir (nem por
meio de palavras ou de gestos) que o locutor esclareça o que acabou de ser dito.
Para Chantler e Harris (1998), o bom comunicador de rádio deve combinar o
talento tradicional do repórter (escrever claro, compreender o idioma, sair-se bem em
situações complicadas, farejar notícias) com a fala que o rádio exige.
Existem três tipos de fala no rádio: Recitação (texto memorizado), Leitura em voz
alta (texto não memorizado) e Fala Instantânea (improviso). O bom comunicador deve
ser competente em todos os tipos de fala e, ao combiná-las, parecer natural –
artificialmente natural.
Existem algumas regras que precisam ser sempre observadas por quem deseja
falar bem no rádio:
O rádio não é lugar para quem fala empolado. O ouvinte de rádio não tem tempo
para complexidade, divagação, obscuridade, dúvida. Antes de falar ao microfone, é
preciso saber o que se vai dizer, para quem se vai dizer e, principalmente, como se vai
dizer.
Respeite a inteligência do ouvinte. Falar no rádio é contar uma história para
alguém que costuma não ser tão desinformado quanto você pensa.
Clareza no rádio é fundamental. No rádio também vale a lição de Stendhal – “se
não me faço entender, de nada vale o que sei” – até porque o aparelho de rádio não vem
equipado com tecla para replay. Antes de falar no rádio, pergunte-se sempre: essa é a
melhor forma de dizer isso para a pessoa com quem eu quero falar? Esse informação é
sobre o que? Isso interessa mesmo?
Ler apenas não é suficiente. Quem fala no rádio precisa sentir o que está sendo
lido e transmitir toda a emoção que a informação e o momento exigem. Ao ler um texto no
rádio, você precisa demonstrar segurança, autoconfiança e determinação. Sua
mensagem terá muito mais credibilidade aos ouvidos de quem lhe escuta.
Use sua própria voz, não uma voz imaginária. A emissão de sua voz não deve
ser forte ou fraca demais: use a intensidade média e uma boa colocação, com equilíbrio
de ressonância.
Cuidado com a dicção. É preciso pronunciar todos os sons das sílabas, todas as
sílabas das palavras e todas as palavras de uma frase.
Fala no rádio é música. Fale com ritmo, cadência, movimento. O ritmo deve ser
pulsante, nem tão monótono que provoque desinteresse do ouvinte, nem tão rápido que
possa prejudicar a compreensão do que você diz.
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A pressa passa, a dúvida fica. O objetivo maior de sua fala no rádio é ser
escutado e entendido pelo público à medida que você vai falando. Fale claro, seja
conciso, convincente, transmita calma e segurança.
Fale direto à pessoa secreta do coração de cada ouvinte. Você, certamente,
será ouvido, entendido e adorado por todos os seus ouvintes.
Artigo de CIRO PEDROZA1
II - Rádio
Meio de comunicação que utiliza emissões de ondas eletromagnéticas para
transmitir a distância mensagens sonoras destinadas a audiências numerosas. A
tecnologia é a mesma da radiotelefonia (ou seja, transmissão de voz sem fios).
Os
autores Rabaça e Barbosa (2005) acrescentam, ainda:
"Veículo de radiodifusão sonora que transmite programas de entretenimento,
educação e informação. Serviço prestado mediante concessão do Estado, que o
considera de interesse nacional, e deve operar dentro de regras preestabelecidas em leis,
regulamentos e normas”.
a) Origem e evolução
O rádio começou a surgir no mundo em 1884, quando o cientista alemão, Hertz,
preconizou os fundamentos teóricos da propagação das ondas eletromagnéticas, cuja
possibilidade de transmissão de sinais à distância, sem suporte material (cabos ou fio
condutores), espantava o mundo. O Brasil entrou na era do rádio no dia 7 de setembro de
1922, na Exposição Internacional do Rio de Janeiro. O êxito da iniciativa rapidamente se
estendeu a diferentes partes do país e o rádio se desenvolveu de modo acelerado nos
anos seguintes. As primeiras emissoras tinham em sua denominação as palavras “clube”
ou “sociedade”, porque – como ocorreu em outros países – surgiam como associações
formadas por entusiastas que acreditavam nas possibilidades do novo meio de
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Mestre em Jornalismo pela Escola
de Comunicações e Artes da USP, com Capacitação no Centro de Formação Radiofônica da Deutswelle
(Colônia/Alemanha) e Especialização em Telejornalismo pela ECA/USP-TV Globo de São Paulo. Professor Universitário
de Radiojornalismo e Produção Publicitária em Rádio. Capacitador e Consultor da Oboré Projetos Especiais para a área
do Rádio.
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comunicação.
Nos primeiros anos, a programação se destinava essencialmente às classes altas,
as únicas que tinham acesso aos aparelhos de rádio, e não incluía a emissão de
publicidade. A programação compreendia a apresentação de óperas, música clássica e
concertos ao piano. As emissoras atuavam como entidades sem fins lucrativos, mantidas
essencialmente pela contribuição econômica dos seus associados. Por isso, Murce (1976,
p. 19) afirma que o rádio estreou no Brasil como um meio sem programas, sem ouvintes e
sem dinheiro.
Entretanto, gradualmente, as emissoras instituíram o “fundo de broadcasting”, uma
espécie de patrocínio aos programas. A publicidade consistia exclusivamente na alusão
ao nome das empresas que apoiavam as emissões e se realizava ao princípio e ao final
das transmissões. Com efeito, o patrocínio é o primeiro formato de anúncio do qual se
tem alguma referência documentada, o que constituiu uma questão-chave na história da
publicidade radiofônica no Brasil.
O primeiro passo para a constituição de um rádio com finalidade comercial se deu
entre os anos de 1925 e 1930, com os avanços técnicos nos sistemas de transmissão, a
popularização dos aparelhos e a inserção regular dos anúncios na programação. Com o
advento da publicidade, as emissoras mudaram a oferta programática, passando a
mesclar música popular, esportes e informação de atualidade. Surgia o conceito de
audiência no rádio.
Nesta época, a imprensa se sustentava com recursos publicitários reduzidos e, por
isso, enfrentava muitas dificuldades para a distribuição do produto em âmbito nacional.
Além disso, o país contava com um número elevado de analfabetos, o que tornava os
jornais um artigo de luxo. O rádio, por sua parte, tinha ouvintes distribuídos ao longo do
território nacional e se dirigia a todas as classes sociais. O aporte de recursos publicitários
começava a dar solidez aos negócios e o meio se desenvolvia através da iniciativa
privada, que administrava as emissoras com filosofia empresarial. (MEDEIROS; VIEIRA,
1999, p. 19).
O rádio cultural-educativo concebido por Roquette Pinto deu lugar aos programas
destinados ao entretenimento e, para manter um padrão de qualidade frente à
concorrência, o meio impulsionou o profissionalismo. Ao final da década de 20, já se
empregava a publicidade radiofônica sob diferentes formatos, que incluíam a
apresentação da mensagem de forma improvisada pelo condutor do programa, sem
qualquer preparação técnica anterior, a leitura do texto dos anúncios publicados na
imprensa, a leitura de textos especialmente preparados para o rádio, a emissão de
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anúncios durante o intervalo comercial e a emissão de anúncios musicais. (SIMÕES,
1990, p. 174). Portanto, nesta época, já se identificam os antecedentes históricos de
outros formatos de anúncio, além do patrocínio, citado anteriormente. Em concreto, se
pode relacionar ditas formas de apresentação da publicidade com a emissão de menções,
prescrições, spots e jingles.
Um dos compositores de jingles desta etapa foi Villa Lobos. Músicos ilustres como
Noel Rosa, Ari Barroso, Pixinguinha, Braguinha, Sílvio Caldas, Carmem Silva, entre
outros compositores e intérpretes de fama internacional, também trabalharam no rádio
anos mais tarde. Conforme Simões (1990, p. 175), os anunciantes do rádio nesta primeira
fase de desenvolvimento da publicidade eram quase todos do comércio varejista, mas
logo se somaram os fabricantes de refrigerantes, cervejas, café, tabaco e medicamentos.
A primeira empresa multinacional que se destacou na publicidade radiofônica foi a
General Motors, que em 1926 mantinha uma numerosa equipe de publicitários em suas
instalações no Brasil.
Santoro, ao falar sobre a enorme popularização desse meio, justifica o fato,
afirmando que o rádio é: "um meio de comunicação que possui excelente relação
custo/penetração, isto é, o rádio é relativamente simples de ser feito e pouco custoso no
que diz respeito à produção e transmissão de mensagens". O rádio está em toda parte.
De qualquer lugar do mundo se pode sintonizar alguma estação. É o meio de
comunicação de maior penetração popular, principalmente nos períodos da manhã e da
tarde, com 65% e 48% de audiência em relação à Televisão. O rádio possui um
imediatismo muito maior que os outros veículos, por dispensar muitas etapas industriais
de produção, existentes em outros veículos. A facilidade de operação permite que as
informações sejam veiculadas com uma rapidez não encontrada nos outros meios. O
aparelho receptor é de baixo custo, portátil, não depende de energia elétrica e é
extremamente fácil de se estabelecer contato direto com seu público, podendo o ouvinte
participar por carta ou, mais imediatamente, por telefone.
O rádio, ao contrário do jornal, está acessível às pessoas analfabetas, aumentando
assim sua penetração. A televisão e os jornais ainda exigem do seu público total atenção
para uma razoável compreensão do que é veiculado, desviando-os, dessa forma, de
outros afazeres para se dedicarem exclusivamente a esses meios. Já no rádio as
informações nos chegam através de sons, acompanhando as pessoas em quase todas
atividades, sem interferir na produtividade individual, de modo que se pode dirigir,
trabalhar, caminhar e desenvolver muitas tarefas, sem desviar a atenção da programação.
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b) A publicidade no rádio
O rádio inaugurou as suas emissões no Brasil em 7 de setembro de 1922, com
a histórica transmissão do discurso do presidente Epitácio Pessoa na festa do
Centenário da Independência, realizada no Rio de Janeiro. Do serviço de radiodifusão
se encarregaram as empresas Rio de Janeiro and São Paulo Telephone Company,
Westinghouse International Company e Western Electric Company, que empregaram
um transmissor de 500 watts fabricado pela companhia Westinghouse. Segundo Murce
(1976, p. 17), a demonstração teve uma intenção política e o objetivo do governo era
distrair a atenção da opinião pública, que questionava o resultado da última eleição
presidencial.
Depois das comemorações, os serviços se interromperam e o “telefone sem
fio” – como a imprensa batizou o rádio – começou as suas transmissões regulares em
20 de abril de 1923. A primeira emissora foi a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro,
fundada por Edgard Roquette Pinto e Henrique Morize. A emissora se dedicava a
programas educativos e culturais. Seu slogan era “trabalhar pela cultura dos que vivem
em nossa terra e pelo progresso do Brasil”.
O êxito da iniciativa rapidamente se estendeu a diferentes partes do país e o
rádio se desenvolveu de modo acelerado nos anos seguintes. As primeiras emissoras
tinham em sua denominação as palavras “clube” ou “sociedade”, porque – como
ocorreu em outros países – surgiam como associações formadas por entusiastas que
acreditavam nas possibilidades do novo meio de comunicação.
Nos primeiros anos, a programação se destinava essencialmente às classes
altas, as únicas que tinham acesso aos aparelhos de rádio, e não incluía a emissão de
publicidade. A programação compreendia a apresentação de óperas, música clássica e
concertos ao piano. As emissoras atuavam como entidades sem fins lucrativos,
mantidas essencialmente pela contribuição econômica dos seus associados. Por isso,
Murce (1976, p. 19) afirma que o rádio estreou no Brasil como um meio sem
programas, sem ouvintes e sem dinheiro.
Entretanto, gradualmente, as emissoras instituíram o “fundo de broadcasting”,
uma espécie de patrocínio aos programas. A publicidade consistia exclusivamente na
alusão ao nome das empresas que apoiavam as emissões e se realizava ao princípio e
ao final das transmissões. Com efeito, o patrocínio é o primeiro formato de anúncio do
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qual se tem alguma referência documentada, o que constituiu uma questão-chave na
história da publicidade radiofônica no Brasil.
O primeiro passo para a constituição de um rádio com finalidade comercial se
deu entre os anos de 1925 e 1930, com os avanços técnicos nos sistemas de
transmissão, a popularização dos aparelhos e a inserção regular dos anúncios na
programação. Com o advento da publicidade, as emissoras mudaram a oferta
programática, passando a mesclar música popular, esportes e informação de
atualidade. Surgia o conceito de audiência no rádio.
Nesta época, a imprensa se sustentava com recursos publicitários reduzidos e,
por isso, enfrentava muitas dificuldades para a distribuição do produto em âmbito
nacional. Além disso, o país contava com um número elevado de analfabetos, o que
tornava os jornais um artigo de luxo.
O rádio, por sua parte, tinha ouvintes distribuídos ao longo do território nacional
e se dirigia a todas as classes sociais. O aporte de recursos publicitários começava a
dar solidez aos negócios e o meio se desenvolvia através da iniciativa privada, que
administrava as emissoras com filosofia empresarial. (MEDEIROS; VIEIRA, 1999, p.
19)
O rádio cultural-educativo concebido por Roquette Pinto deu lugar aos
programas destinados ao entretenimento e, para manter um padrão de qualidade frente
à concorrência, o meio impulsionou o profissionalismo. Ao final da década de 20, já se
empregava a publicidade radiofônica sob diferentes formatos, que incluíam a
apresentação da mensagem de forma improvisada pelo condutor do programa, sem
qualquer preparação técnica anterior, a leitura do texto dos anúncios publicados na
imprensa, a leitura de textos especialmente preparados para o rádio, a emissão de
anúncios durante o intervalo comercial e a emissão de anúncios musicais. (SIMÕES,
1990, p. 174)
Portanto, nesta época, já se identificam os antecedentes históricos de outros
formatos de anúncio, além do patrocínio, citado anteriormente. Em concreto, se pode
relacionar ditas formas de apresentação da publicidade com a emissão de menções,
prescrições, spots e jingles.
Um dos compositores de jingles desta etapa foi Villa Lobos. Músicos ilustres
como Noel Rosa, Ari Barroso, Pixinguinha, Braguinha, Sílvio Caldas, Carmem Silva,
entre outros compositores e intérpretes de fama internacional, também trabalharam no
rádio anos mais tarde.
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Conforme Simões (1990, p. 175), os anunciantes do rádio nesta primeira fase
de desenvolvimento da publicidade eram quase todos do comércio varejista, mas logo
se somaram os fabricantes de refrigerantes, cervejas, café, tabaco e medicamentos. A
primeira empresa multinacional que se destacou na publicidade radiofônica foi a
General Motors, que em 1926 mantinha uma numerosa equipe de publicitários em suas
instalações no Brasil.
Beneficiado com o crescimento do setor publicitário, entre os anos de 1922 e
1930, o rádio se expandiu e se consolidou, e o investimento no meio rapidamente
superou os recursos destinados à publicidade exterior (SIMÕES, 1990, p. 177). Ao final
desta etapa de experimentação e de descoberta dos primeiros formatos de anúncio, o
Brasil somava um total de 40 emissoras.
O rádio e a publicidade radiofônica viveram o seu período dourado entre as
décadas de 1930 e 1960. O investimento publicitário cresceu, as emissoras criaram o
Departamento Comercial, a redação de anúncios incorporou os primeiros redatores
especializados em publicidade.
O êxito do rádio despertou o interesse do governo federal, que em 1° de
março de 1932 editou o decreto-lei 21.111, regulamentando a difusão de
publicidade no rádio e limitando o tempo total destinado à emissão dos
anúncios a 10% da programação diária. O decreto foi o primeiro
documento legal do qual se tem conhecimento no âmbito da publicidade
radiofônica e sua promulgação ocorreu em um momento em que o rádio já
estava comprometido com a emissão de anúncios, fonte de financiamento
que assegurava a sua sobrevivência. (ORTRIWANO, 1985, p. 15)
Em 1940, a Rádio Nacional emitiu a novela “Em Busca da Felicidade”
(produzida pela agência Standard) e o informativo “Repórter Esso” (ideado pela
agência McCann-Erickson). Segundo Federico (1982, p. 75), “Em Busca da Felicidade”,
que tinha o patrocínio de Colgate-Palmolive, incorporou o product placement –
conhecido no meio profissional como merchandising – na programação do rádio
brasileiro.
Agências como J. W. Thompson, McCann-Erickson, Lintas e Grant destinavam
até 40% dos recursos de seus clientes para a publicidade radiofônica, o que dava
prova de que o rádio vivia um momento de intensa harmonia com as agências de
publicidade. (LEITE, 1990, p. 228)
Na realidade, as agências e os anunciantes exerciam uma grande influência na
oferta programática das emissoras. As agências criavam e produziam os programas,
enquanto as emissoras, basicamente, vendiam o espaço para a sua emissão. Muitas
vezes, os programas tinham o nome do patrocinador, como foi o caso do Teatro Good-
15
Year, Recital Johnson, Programa Bayer, Calendário Kolynos, Chá-Dançante Tabarra,
Rádio-Baile Castelões, entre outros.
Leite (1990, p. 228) estima que, ao final da década de 40, o rádio ocupava o
segundo posto no ranking dos investimentos publicitários, com uma quota de
participação de 26% na divisão dos recursos destinados aos meios. Em primeiro lugar
estavam os jornais, com 38% dos investimentos. A participação dos outros suportes
era a seguinte: marketing direto, 14%; revistas, 10%; publicidade exterior, 9%; outros
meios, 2%.
O rádio exerceu uma grande influência no mercado publicitário até e 1950,
quando a primeira emissora de televisão do Brasil, TV Tupi inaugurou as suas
transmissões em São Paulo. O novo meio atraiu os primeiros anunciantes, mas o
desconhecimento das suas características e a falta de receptores permitiram que o
rádio mantivesse sua posição no mercado até a Copa do Mundo de Futebol de 1958,
realizada na Suécia. Em 1958, o Brasil tinha 477 emissoras de rádio e 500 mil
aparelhos receptores. No entanto, a quota do rádio baixara de 26% para 23,6% de
participação na distribuição da verba destinada aos meios.
Nas décadas de 60 e 70, a televisão se popularizou, reduzindo a influencia, a
audiência e uma fatia significativa do bolo publicitário do rádio. A quota de participação
do rádio nos investimentos publicitários baixou dos 23,6% registrados em 1958 para
13,2% em 1970, enquanto a televisão subiu de 24,7% para 39,6% no mesmo período
(ORTRIWANO, 1985, p. 66). A perda de espaço provocou uma reação do rádio.
Em geral, as emissoras abandonaram as produções artísticas de grandes
orçamentos e ingressaram no formato de música e informação. Sem desfrutar da
mesma importância nos lares, a alternativa para o rádio foi a audiência nos carros e na
rua, beneficiada com o desenvolvimento das indústrias de transistores e de
automóveis.
Simões (1990, p. 192) afirma que os anos 60 foram o momento mais delicado
para a sobrevivência econômica do rádio, porque não se alteraram as tendências nos
investimentos publicitários. Ampliou-se a vantagem da televisão no ranking dos meios e
as emissoras de rádio custavam a vencer as dificuldades.
Para agravar ainda mais a situação, o país entrou em uma fase de estagnação
econômica e de grandes problemas políticos. Esta foi a etapa da propaganda
ideológica e o rádio, a exemplo dos outros meios, difundia mensagens de apoio ao
governo federal, enfatizando suas realizações administrativas.(PINHO, 1998, p. 32)
16
Em 27 de agosto de 1962, o governo implantou o Código Brasileiro de
Telecomunicações e fixou em 25% da programação diária o tempo máximo permitido
para a difusão de publicidade no rádio e na televisão. Apesar das diversas atualizações
da legislação, este índice continua em vigor até hoje.
Quanto ao rádio, surgiram as emissoras que transmitiam em FM e que se
popularizaram na década de 70. A programação era exclusivamente musical e se
constituía no acontecimento de maior impacto no negócio radiofônico desde o
surgimento da televisão.
As transmissões em FM produziram uma mudança profunda na oferta
programática do rádio brasileiro e também repercutiram no âmbito dos investimentos
publicitários, reanimados com as vantagens da segmentação da audiência que
proporcionava a oferta de conteúdos especializados.
O setor se reorganizou e deu sinais de recuperação. Entretanto, a reconquista
do espaço no mercado se produzia mais lentamente do que era esperado e o rádio
terminou os anos 70 com 8% de participação no bolo publicitário. (ORTRIWANO, 1985,
p. 66)
A década de 80 começou com uma série de eventos importantes no mercado
publicitário, entre os quais se destacam a criação do Conselho Nacional de AutoRegulamentação Publicitária (CONAR), em 1980. O rádio tentava se fortalecer com o
lançamento da Central do Rádio, um organismo encarregado de promover o meio junto
às agências de publicidade e os anunciantes, e dos Grupos de Profissionais do Rádio
de São Paulo e do Rio de Janeiro, que estimulam a valorização do meio.
A Central do Rádio deu o primeiro passo na conquista dos anunciantes de
âmbito nacional, que tinham se transferido para a televisão atraídos pela perspectiva
de se dirigir a grandes massas de telespectadores. Assim, organizaram-se as redes de
emissoras com atuação nacional, com o objetivo de conseguir uma ampla cobertura do
mercado. Por meio de tais redes e da segmentação da audiência, o rádio buscou outro
perfil publicitário.
Segundo Ortriwano (1985, p. 31), a formação de redes através da associação
de emissoras teve um objetivo unicamente econômico: fortalecer o rádio como um
suporte publicitário que consegue os maiores dividendos com o menor investimento. As
emissoras associadas às redes recebiam, ao mesmo tempo, programas e anunciantes.
Outra inovação foi a instalação das agências de produção radiofônica. Além dos
programas, as agências garantiam os patrocinadores e ofereciam às emissoras uma
quota de participação na receita publicitária de tais espaços.
17
Quanto ao investimento publicitário, a queda iniciada nas décadas de 60 e 70
se manteve durante os anos 80 e o rádio entrou na década de 90 com apenas 4,8% de
participação no mercado. Nenhum outro meio sofreu uma queda com a mesma
intensidade. De 1950 (ano em que surgiu a televisão no Brasil) até 1990, a participação
do rádio na distribuição dos recursos publicitários baixou 82%. A quota da publicidade
exterior diminuiu 70% e dos jornais, 32%.
Para tornar mais frágil a situação do rádio na distribuição das verbas, na década de
90 também se incrementa a competição com novos meios e formas de promoção
publicitária. Neste período, ganham espaço ferramentas como a televisão por assinatura,
a internet, o marketing direto, o marketing relacional, o marketing promocional, o
marketing esportivo, o marketing com causa social, etc.
Tudo isso produz uma mudança profunda no panorama dos meios e impõe um
desafio para o rádio: como frear o avanço da concorrência sobre a sua quota de
participação no bolo publicitário?
Como resultado do avanço das novas tecnologias de comunicação e para se
adequar à nova realidade do mercado, o negócio radiofônico inicia uma reorganização. As
redes de emissoras se fortalecem e se abre o capital das empresas à participação dos
investidores estrangeiros. Consolidam-se as centrais de rádio encarregadas de atrair o
investimento dos grandes anunciantes e os grupos de profissionais animam a discussão
sobre o futuro do setor.
O rádio comercial brasileiro entra no novo milênio marcado pela renovação e com
esperança de recuperar a quota de participação nos investimentos publicitários,
acompanhando a evolução dos demais meios de comunicação.
. Os dados do Projeto Inter-Meios, coordenado pelo grupo Meio & Mensagem
(M&M) em parceria com a PricewaterhouseCoopers (PwC) revelam que o mercado
publicitário brasileiro voltou a mostrar vigor em 2010 e movimentou R$ 35,9 bilhões, um
salto de 17,7% sobre os R$ 30,5 bilhões do ano anterior. A internet voltou a ser o meio
em que os investimentos publicitários mais aumentaram: 27,9% em comparação com
2009, fechando o ano com uma fatia de 4,64% do investimento total em mídia.Os
investimentos em rádio aumentaram 10,9%, para R$ 1,09 bilhão, ou 4,18% do total.
No rádio a imaginação de cada um é o limite. Criar para o rádio é viver a situação e
colocá-la no papel frio e branco. São palavras que irão adquirir vida nas vozes e efeitos
de grandes profissionais das produtoras de fonogramas. Torna-se possível então ouvir e
imaginar aquilo que verteu da imaginação do criador, que é você. O rádio é a mais criativa
das mídias porque não oferece nenhuma idéia acabada. A criação se completa na
18
cabeça, no coração do ouvinte. O ouvinte participa da criação e por isso é mais fácil
estimular alguém pelo o rádio do que por qualquer outra mídia.
c) Vantagens e limitações
VANTAGENS
1°- Fonte de entretenimento
-é um meio de entretenimento e diversão que o ouvinte tem à sua disposição a
qualquer hora.
2°- Impacto – pelo uso da música e da sonoplastia reforça o efeito da palavra,
dando maior impacto aos textos publicitários.
3°- Não absorve a atenção total – o ouvinte pode, ao mesmo tempo, executar
outras tarefas.
4°- Maleabilidade – permite cancelar, trocar ou inserir a mensagem publicitária em
poucas horas.
LIMIT AÇÕES
1°- Age exclusivamente pelo ouvido.
2°- É inadequado para a apresentação de temas complexos ou coisas técnicas que
demandam explicações mais ou menos longas.
3°- A mensagem radiofônica vive apenas no momento em que está no ar. Ao
contrário da imprensa não pode ser lida.
4°- É um veículo local.
CARACTERÍSTICAS COMO MEIO DE COMUNICAÇÃO:
Particularidades:
1- Audiência:
a) Ampla – atinge área enorme
b) Anônima – desconhecida (não sabe quem é)
c) Heterogênea – diferentes classes socioeconômicas
2 – Mensagem: média de gosto.
3 – Retorno: baixo
4 – Recepção: Simultânea
5 – Recursos financeiros: venda de espaços comerciais
19
6 – Forma imagens: estimula a imaginação
7 – Fala para cada indivíduo: algo pessoal que vem direto para o ouvinte
8 – Velocidade do rádio: acelera a disseminação de informações
9 – Não tem fronteiras: não respeita limites territoriais, culturais ou status
10 – Simplicidade do rádio: a unidade básica é formada apenas por uma pessoa e um
gravador. Flexibilidade na programação
11 – Veículo barato: custo pequeno de manutenção, custo baixo para aquisição de
equipamentos e preço acessível para ouvintes
12 – Natureza efêmera: informação dilui-se rapidamente.
13 – Pano de fundo: acompanha outras atividades
14 – Seletivo: é o próprio radialista que seleciona o que o ouvinte vai receber
15 – A personalidade do rádio: transmitir emoções, sensibilidade, confiança
16 – Educativo: meio de promover a educação
17 – Sofre interferência: ruídos
18 – Rádio para os indivíduos: desvia problemas, reduz solidão, conselheiro, satisfaz
necessidades de educação formal e informal, autoconhecimento, orienta comportamentos,
amplia contatos interpessoais, capacita o exercício da escolha.
19 – O rádio para a sociedade: multiplicador, informações de emprego, ajuda no
desenvolvimento de ações políticas, contribui para a cultura artistíca e intelectual, divulga
idéias, crenças e valores, facilita o diálogo, mobiliza recursos públicos ou privados.
O jornalismo Radiofônico compete com a velocidade da luz, portanto a mobilidade
é a palavra de ordem. Requer honestidade e precisão para que a credibilidade que temos
pôr parte do público seja retribuída com nosso esforço na busca de matérias e na
divulgação de suas constatações.
O radiojornalismo exige que os fatos divulgados sejam exatos e fiéis à realidade
porque, diferente de alguns tipos de jornais e revistas, o radiojornalismo busca evitar a
transmissão de notícias falsas ou boatarias inconsequentes. Para você desempenhar
qualquer tipo de função no rádio não basta apenas boas intenções. É preciso gostar do
rádio e ter competência para usá-lo corretamente e, principalmente, conhecer suas
especificidades. Confira abaixo.
20
IMAGINAÇÃO
Dos nossos cinco sentidos, o rádio utiliza apenas um: a audição. O som do rádio
faz com que o ouvinte exercite a imaginação, despertando a sua sensibilidade. Quantas
vezes já nos emocionamos com uma música, uma história ou uma notícia que escutamos
no rádio? O rádio permite que cada ouvinte crie imagens únicas, pessoais. Mas, um
locutor também pode emocionar a audiência apenas pela maneira de ler um texto ao
microfone e provocar o mesmo sentimento ou reação entre os ouvintes.
Os efeitos sonoros da sonoplastia estimulam a imaginação do ouvinte: músicas e
ruídos podem identificar personagens, “desenhar” lugares e criar situações. O som,
associado à fala, faz com que o público consiga “ver” o que está sendo transmitido. Cada
um imagina como quer: essa é a grande riqueza do rádio.
MOBILIDADE
Em relação aos demais veículos de comunicação de massa (jornal impresso e a
televisão) o rádio é destacado pela sua versatilidade, imediaticidade e abrangência social.
Ou seja, com a invenção do transistor, o rádio sai da sala de estar para ocupar os mais
inusitados lugares, inclusive as ruas; neste sentido, colado ao corpo dos pedestresouvintes. Este meio de comunicação intimista invade a paisagem urbana.
Também, devido a essa versatilidade, a Radiofonia traz como qualidade intrínseca
a possibilidade de estar em primeiro lugar nos fatos e eventos que movimentam o
cotidiano da cidade praticamente em tempo real, ou seja, no momento em que eles
acontecem. Tal imediaticidade confere agilidade e dinâmica a um meio que está presente
em praticamente todos os domicílios brasileiros. Segundo os números do Censo IBGE e
estimativas do Grupo de Mídia, em 1996, 89,3% dos domicílios têm pelo menos um
aparelho de rádio, sendo que a região Sudeste tem 93,7% de posse.
Aliado a esses dois aspectos, a imediaticidade e a versatilidade, temos o fato da
ampla penetração social que o rádio goza em detrimento dos demais. Pelo fato de não
exigir o domínio da escrita, a Radiofonia abrange todas as classes sociais, fato este
especialmente importante visto que em nosso país há grande número de analfabetos.
A reunião desses dados e características são importantes para delinearmos a
linguagem e a produção de um veículo essencialmente sonoro, ou seja, que não tem
imagem, e, que apesar de ser um veículo de massa, fala individualmente a cada ouvinte,
que por sua vez está sempre em movimento.
21
A linguagem clara, redundante, concisa e dinâmica, não abrange apenas a redação
(o texto verbal escrito para ser locutado), mas toda produção Radiofônica. É
imprescindível percebermos que toda produção Radiofônica está regida pelo tempo,
portanto, toda e qualquer peça produzida tem que estar previamente pensada em termos
de ritmo, dinâmica, melodia, que por sua vez deve estar delineada em função do perfil do
público-alvo.
Daí a importância de conhecermos o nosso ouvinte. Existem vários caminhos para
conhecê-lo: dados como classe social, poder aquisitivo, grau de escolaridade são as
primeiras pistas para elaborar uma programação ou um programa que, à medida que se
consolida pode sofrer alterações de acordo com o feedback de seus ouvintes. No entanto,
há dados que estão presentes em todos os perfis, tais como:
1)
atenção superficial: diferente da décadas de 40 e 50 - nenhum ouvinte pára
para escutar rádio, pois ele está sempre em movimento;
2)
interação individual entre ele (ouvinte) e o locutor: ainda que fale a uma
massa indistinta, o locutor e a sua mensagem tocam a cada receptor
individualmente
INSTANTANEIDADE
Quando o rádio foi lançado no Brasil, seus adversários diziam que as palavras ditas
no ar eram levadas pelo vento, não tinham efeito. Eles criticavam o rádio por não ter a
consistência do texto impresso, como os jornais e as revistas, que podem ser lidos e
relidos várias vezes. Com o tempo, o rádio mostrou que, o quê antes era apontado como
defeito, na realidade era uma das maiores qualidade: ser instantâneo.
O rádio é simples de operar; por isso, é um meio ágil, que consegue informar de
forma quase simultânea com a ocorrência de qualquer evento. A rapidez na informação
conquista o ouvinte, que pode acompanhar um fato pelo rádio no momento em que
acontece.
UTILIDADE PÚBLICA
Segundo pesquisa realizada em 1997, mesmo as famílias mais pobres, em todas
as regiões do Brasil, possuem pelo menos um aparelho de rádio em casa. Isso é
importante porque mostra como o rádio está presente no cotidiano da maioria das
pessoas e pode ser usado para ajudar o país a superar problemas graves como os altos
22
índices de analfabetismo, pobreza e falta de informação. O rádio, além de simples
companhia, pode contribuir para melhorar a cultura, saúde e educação no Brasil, dando
chance para que as pessoas, melhor informadas, consigam ter melhor qualidade de vida.
O radialista pode colaborar para essa melhoria promovendo campanhas de utilidade
pública como, por exemplo:
a)
Fazer campanha para que os pais matriculem os alunos na escola, para que
não haja nenhuma criança fora da sala de aula;
b)
Incentivar a formação de eventos culturais;
c)
Incentivar os pais a levarem os filhos aos postos de saúde em épocas de
vacinação;
d)
Ensinar de que modo a preservação do meio ambiente está relacionada a
uma vida saudável.
MAGNETISMO
O rádio possui um magnetismo próprio, característica única como veículo de
comunicação. Pôr não vermos nosso interlocutor, o imaginamos do nosso jeito, da forma
que gostamos. É nesta liberdade de pensarmos da nossa maneira, que ele nos conquista,
pois, como ouvintes abrimos nossa mente para receber suas mensagens.
O rádio entra sem pedir licença nas casas, nos automóveis, nos escritórios, enfim
em todos os lugares em que um simples receptor estiver ligado. Ao fazer rádio você verá
que seu trabalho fará parte do cotidiano das pessoas. Pessoas estas que você não
conhece, mas que se identificam com você. Portanto prepare-se de verdade.
PROGRAMAÇÃO RADIOFÔNICA
Toda a emissora, seja ela comercial ou voltada para à difusão da cultura ou
educação, para para conquistar uma identidade, para ganhar a confiança e a fidelidade de
seus ouvintes, bem como ampliar sua audiência, precisa apresentar um diferencial. Esse
diferencial ancora-se em quatro pilares e são eles que irão contribuir para a definição do
perfil da rádio AM ou FM.

Segmentação
Segmentar significa oferecer um serviço destinado definido, buscando também
anunciantes específicos. A prática da segmentação ganha força na segunda metade da
23
década de 80. Na efetivação dessa experiência, alguns critérios são
levados em
consideração, como por exemplo, aspectos socioeconômicos, demográficos, culturais,
etc.
Segmentação é um processo que, a partir dos interesses dos ouvintes e dos
objetivos da empresa de radiodifusão sonora, se adapta parte ou a totalidade de uma
programação a um público específico.
A Central Brasileira de Notícias – CBN, segundo Ferraretto, “constitui-se em um
bom exemplo de segmentação. O Sistema Globo de Rádio mantém emissoras populares
como a Globo AM do Rio e de São Paulo, enquanto que a CBN, do mesmo grupo, explora
o filão do jornalismo”.
O autor cita ainda o exemplo das rádios da Rede Brasil Sul de Comunicação, tradicional
parceira das Organizações Globo na região sul, que atuam no mercado radiofônico em
quatro segmentos:
 News
* Gaúcha AM (Porto Alegre)
* CBN 1340 AM ( Porto Alegre)
* CBN Diário AM (Florianópolis)
 Jovem
* Rede Atlântida FM (emissoras no RS e em SC)
* Cidade FM (Porto Alegre)
 Adulto contemporâneo
* Gaúcha 102 FM (Porto Alegre)
* Itapema FM (Florianópolis)
 Comunitário
* Farroupilha AM (Porto Alegre)
SEGMENTAÇÃO
Quando falamos em Programação de Rádio a primeira pergunta que se faz é: para
que público vamos falar? Qual a linguagem que vamos usar e em que tipo de emissora
será apresentado: Am ou Fm ?. Sabe-se que o rádio é a mídia das massas.
Falamos para inúmeros segmentos da população ao mesmo tempo. Pôr menor que
seja uma emissora, localizada lá no sertãozinho da Paraíba, ela estará falando para muito
mais gente ao mesmo tempo, pôr exemplo, do que o número de leitores da Gazeta da
cidade.
Segmentação vem de segmentar, concentrar algo para uma direção constante,
realizar uma ação sempre da mesma maneira. Existem emissoras de rádio que não se
segmentam nunca, não se firmam no mercado com um estilo próprio, estão sempre
24
mudando de programação e pôr conseguinte de público e de segmento.
Isto é muito negativo para a rádio pois ela não cria uma identidade com o ouvinte e
perde sua personalidade na programação. Pôr isso a importância de definir que direção
tomar. As pesquisas mostram que o maior índice de perda de audiência não está na
mudança de programação, mas sim na mudança de segmentação.
Uma emissora pode mudar sua programação e manter-se dentro do mesmo
segmento. É o caso da Rádio Jovem Pan 2 que mudou sua programação Pop Rock dos
anos 80 para o estilo Pop Dance dos anos 90. Ela manteve sua proposta de fazer rádio
para a segmentação jovem, mudando apenas o estilo musical. Já não foi a mesma
experiência vivida pela Rádio X (Sistema Globo de Rádio - SP) que tinha uma
programação voltada para o segmento popular. Do dia para a noite tornou-se uma rádio
news, transmitindo notícias nas 24h da sua programação, colocando no ar a programação
da Rádio CBN. Mudou a programação e a segmentação, ou seja, hoje a emissora não
tem os mesmos ouvintes de antes. O que aconteceu com sua audiência? – Caiu, porque
o universo de pessoas que gostam de ouvir notícias é muito menor das que gostam de
música e entretenimento.
Podemos concluir com isto que, devemos pensar muito antes de definir o
estilo da rádio. As constantes mudanças e indefinições custam muito caro a
audiência da emissora.
PROGRAMA - TIPOS
 Programas com Entrevista - A entrevista pode ser ao vivo, o que exige do
apresentador um maior preparo e domínio das técnicas, ou gravada com
antecedência permitindo ao produtor selecionar as passagens mais interessantes
segundo os interesses da produção e da emissora.
 Programa Radiojornalístico - Uma programação deste gênero tem como meta a
informação, a prestação de serviço e a credibilidade junto ao ouvinte; o aspecto da
imediaticidade e da penetração social tem ampla efetivação no programa de
Radiojornalismo, pois, tem como informar de “primeira mão” o que acontece na
cidade e no país para pessoas de todas as classes sociais sem distinção de
nenhuma espécie. Mas, ainda que sua ênfase recaia sobre a notícia, a produção
deste programa não deve perder de vista a dinâmica e o ritmo que não devem se
limitar ao texto, ou seja, vinhetas, chamadas, BG’s, que são elementos
25
fundamentais para vencer a monotonia de um veículo que não tem imagens.
No Radiojornalismo a entrevista tem como objetivo dinamizar a programação,
aprofundar um determinado tema, trazendo à baila profissionais que o dominem e pode
ser realizada ainda, ao vivo, com a pessoa no estúdio e/ou no telefone. Pode-se,
inclusive, trazer personalidades do assunto com diferentes pontos de vista a fim de
promover o debate, que pode incluir a participação do ouvinte ( ao vivo via fone/fax,
Internet, ou por cartas). A decisão de realizar a apresentação com dois locutores além de
ser uma estratégia para romper com a monotonia, pode incluir a figura do locutorcomentarista, que vai além da locução da notícia, levantando aspectos mais detalhados
sobre o fato, tornando o assunto mais compreensível para os ouvintes.
 Programa de Variedades - Também conhecido como revista radiofônica, este
formato de programa visa fornecer ao ouvinte uma mescla de informações e
músicas, e, dependendo da freqüência (FM ou AM), curiosidades. Na revista
radiofônica elaborada e produzida no AM, a palavra oralizada tem relevância
especial, ou seja, o locutor-apresentador assume a postura de amigo do ouvinte;
ainda que este aspecto esteja presente em toda produção Radiofônica, o aspecto
da cumplicidade torna-se mais patente nesta freqüência. Portanto, o diálogo
(imaginário) entre o locutor e o ouvinte é entrecortado por programetes ( Notícias,
Dicas de Saúde, Lazer, Astrologia, Receitas, Prestação de serviços, Espaços para
o ouvinte tais como o envio de cartas, curiosidades sobre pessoas da mídia...). A
revista radiofônica no, FM, teoricamente caracteriza-se pelo predomínio de
músicas, rápidos comentários e boletins informativos breves; a prestação de
serviços se resume ao trânsito, tempo e temperatura. No entanto, há programas
que têm adotado aspectos do AM, tais como a participação do ouvinte, seja através
de cartas, telefones, fax; a introdução de programetes de astrologia e curiosidades
de personalidades da mídia. No programa de variedades, a entrevista é geralmente
utilizada com vistas a discutir a respeito de uma tendência musical ou sobre o
trabalho de um determinado artista ou banda.
 Programas Documentários - Seja sobre um artista/personalidade (cantor/banda,
ator, artista plástico, cineasta, ...) ou sobre um determinado tema histórico ou atual
(copa do mundo, guerra, inflação, ditadura militar, corrupção...) é possível realizar
um documentário sonoro, o que é imprescindível é uma intensa pesquisa tanto
biográfica, histórica quanto discográfica e sonora, daí a importância do produtor
estar sempre bem informado. Ao realizar um documentário sobre um determinado
26
artista pode-se ilustrar com depoimentos que ele tenha realizado em outras
ocasiões e que tenham sido registrados sonoramente, e caso esteja vivo, uma
entrevista gravada ou ao vivo com o mesmo. No caso de um tema pode-se realizar
um levantamento do material sonoro disponível em órgãos estaduais/municipais
(Museu da Imagem e do Som, Centro de Multi-Meios do Centro Cultural, Rádio
MEC do Rio de Janeiro, Internet...) ou através de arquivos de pesquisadores do
assunto
e
realizar
uma
montagem
com
depoimentos e
entrevistas de
personalidades que dominem o assunto.
 Programas de Humor e as Radionovelas - As radionovelas praticamente não
encontram espaço entre as produções radiofônicas atuais; no entanto, como
observamos anteriormente, muito contribuíram para que se descobrisse a
linguagem da radiofonia brasileira, principalmente a partir da inclusão e exploração
dos elementos da sonoplastia. Por outro lado, os programas de humor estão
presentes em praticamente todas as programações FMs, o que tem rendido
significativos índices de audiência e consequentemente retorno financeiro.
Programa
Constitui-se em um todo coeso e independente dentro do conjunto das emissões.
Pode ser apresentado ao vivo, gravado, direto do estúdio, de local dos acontecimentos,
ou de qualquer outro lugar.
Quanto aos seus objetivos, divide-se em dois grandes grupos:
INFORMATIVOS
Noticiário
Programa de entrevista
Programa de opinião
Mesa-redenda
Documentário
DE
ENTRETENIMENTO
Programa humorístico
Dramatização
Programa de auditório
Programa musical
Radiorrevista ou programa de variedades
NOTICIÁRIO
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- Predomínio da difusão de notícias na forma de textos ou reportagens. Subdivide-se
em:
Síntese Noticiosa: síntese dos principais fatos ocorridos. Privilégio do texto
curto e direto, destacando o acontecimento mais importante ao final do
noticiário. Duração; entre cinco e dez minutos.
Radiojornal: a exemplo de um jornal impresso, o radiojornal reúne várias
formas jornalísticas (boletins, comentários, editoriais, seções fixas –
meteorologia, trânsito, mercado financeiro, .... - entrevistas, etc.
Edição extra: constitui-se em um mini-informativo, marcado por uma trilha forte,
levado ao ar a qualquer momento em razão do fato inesperado, cuja divulgação
não pode esperar o próximo noticiário da emissora.
Toque informativo: informativo típico de emissoras musicais (FM). É
transmitido, em geral, nas horas cheias, e composto por uma ou duas notícias.
Permite improvisos do comunicador.
Informativo especializado: concentra-se em uma área específica. Utiliza tanto
a forma de síntese noticiosa como a de um radiojornal. Os noticiários
esportivos são exemplos desse modelo.
b) PROGRAMA DE ENTREVISTA
- Boa parte da programação jornalística das emissoras é composta por ele. Nesse
espaço é fundamental a figura do apresentador que conduz as entrevistas, chama os
repórteres e, quando necessário, emite opiniões.
c) PROGRAMA DE OPINIÃO
- O lado opinativo do apresentador predomina, tornando-se a atração principal,
secundada por comentaristas, repórteres. Seu sucesso depende das polêmicas
levantadas pelo condutor do programa.
d) MESA-REDONDA
- A opinião de convidados ou participantes fixos constitui a base da mesa-redonda,
tradicional programa radiofônico que procura aprofundar temas de atualidade,
interpretando-os. Pode ser de dois tipos:
Painel:
Cada integrante expõe suas opiniões que vão se complementando.
Mesmo que haja divergência de posicionamentos, o objetivo principal é
fornecer um quadro completo a respeito do assunto.
28
Debate:
composto por pessoas com pontos de vista conflitantes, colocada-
as frente a frente, com o objetivo de proporcionar o confronto de opiniões.
e) DOCUMENTÁRIO
-Aborda um determinado tema em profundidade. Baseia-se em pesquisa de dados e de
arquivos sonoros, reconstituindo ou analisando um fato importante. Inclui ainda
recursos de sonoplastia, montagens e elaboração de roteiro prévio.
f) RADIORREVISTA OU PROGRAMA DE VARIEDADES
- Reúne aspectos informativos e de entretenimento. Engloba da prestação de serviços
à execução de músicas, passando por temas diversificados como notícias policiais
sensacionalistas, horóscopo ou entrevistas com atores e atrizes de telenovelas. Nas
emissoras dedicadas ao jornalismo, pode aparecer na forma de espaços voltados à
cultura e ao lazer, intercalados, algumas vezes, com orientações nas áreas de
Medicina, Direito, Economia.
g) PROGRAMA HUMORÍSTICO
h) DRAMATIZAÇÃO
i)PROGRAMA DE AUDITÓRIO
j) PROGRAMA MUSICAL
-Ligado mais à área do entretenimento, ele veio preencher o espaço deixado pelos
programas de auditório, humorísticos e de dramatização que saíram do ar a partir do
surgimento da televisão. Predominam em emissoras de freqüência modulada.
3.Programação
É o conjunto organizado de todas as transmissões de um emissora. Constitui-se
em fator básico de diferenciação de uma rádio em relação à outra. As forma de
planejamento das emissões mais comuns são:
Linear:
programação homogênea em que todos os programas seguem uma
linha semelhante. Ex: emissoras dedicadas ao jornalismo 24 horas por dia.
29
Em
mosaico: Apresenta um conjunto eclético de programas, extremamente
variados e diferenciados. Esse tipo é comum em emissoras com poucos
recursos econômicos. Há, de certo modo, uma segmentação de horários. Nas
primeiras horas da manhã são apresentadas informações para quem está
acordando, entremeadas por músicas. Na seqüência entram programas
jornalísticos abordando os principais fatos do município e região, voltados para
os formadores locais de opinião. Parte da manhã e da tarde é preenchida com
comunicadores popularescos com as emissoras procurando atingir as classes
C e D. Além disso também pode incluir transmissões esportivas locais.

Em fluxo: estruturada em uma emissão constante em que se encaixa toda a
programação como um grande programa dividido em faixas bem definidas. As
mudanças de uma para outra estão alicerçadas na troca do âncora ou do
comunicador do horário.
4.Formato
Representa uma espécie de filosofia de trabalho da emissora, identificando o seu
posicionamento mercadológico no campo das idéias. No Brasil, os principais formatos
adotados pelas AMs e FMs podem ser divididos em dois grupos:
PUROS
HÍBIDOS
Informativo
De participação do ouvinte
Musical
Música-esporte-notícia
Comunitário
Educativo-cultural
Místico-religioso
NOTÍCIA:
A todo o momento, milhares de pessoas nascem, morrem, casam, são diplomados,
etc. A cada instante, dezenas de parlamentares e governos deliberam sobre a vida em
sociedade. Rios transbordam, fábricas abrem e fecham. Trabalhadores entram em greve,
outros se aposentam. Remédios são descobertos, máquinas inventadas, produtos são
lançados no mercado.
30
Entre esses acontecimentos, muitos interessam, apenas, a pequeno círculo. Para a
esmagadora maioria dos habitantes da terra, não têm o menor significado. Outros, porém,
atingem, direta ou indiretamente, vão atingir populações inteiras de um país, de um
continente. Transformam-se em acontecimentos globais. Por estes é que se interessa o
jornalismo – porque eles são notícias.
Em busca da notícia é que se desenvolve toda a atividade jornalística, por quem
sofrem e vibram os mais humildes repórteres os mais bem sucedidos proprietários de
empresa.
 É a divulgação oportuna de fatos e idéias de interesse para a humanidade e a melhor
notícia é a que interessa ao maior número de pessoas;
 É o novo interessante
 É a matéria-prima das atividades jornalísticas e dos meios de comunicação social
 É um pedaço do social que volta ao social
 É tudo o que o público necessita saber; tudo aquilo lque o público deseja falar; é a
inteligência exata e oportuna dos acontecimentos, descobrimentos, opiniões e
assuntos de todas as categorias que interessem aos leitores.
Notícia jornalística: informação atual, verdadeira, carregada de interesse humano e
capaz de despertar a atenção e a curiosidade de grande número de pessoas.
Atributos
 Atualidade – é um atributo principal da notícia. “Que há de novo”. A notícia jornalística
é a notícia do presente. O presente só interessa como complementação ou como meio
de interpretação do fato novo, nunca como informação em si.
 Veracidade – não sendo verdade, deixa de ser notícia e passa a ser boato. Não existe
nada pior do que o veículo divulgar boato, informação falsa.
 Interesse humano – É preciso que a notícia fale ao leitor, que prenda sua atenção. É
uma questão de identificação.
 Raio de influência – Quanto maior for o raio de influência da notícia, área de
abrangência, mais ela se caracteriza como notícia jornalística.

Curiosidade – fato interessante, diferente
31

Proximidade – interesse pelo que está mais próximo.
Elementos da notícia
Qualquer notícia deve responder as seis perguntas clássicas:
 Quem?
 Quê?
 Quando?
3Q + O + P + C = NA
 Onde?
 Por quê?
 Como?
Luiz Amaral, em “Jornalismo, matéria de primeira página”, cita o jornalista
carioca Clóvis Paiva . Para ele, o jornalismo adota a fórmula 3CV: clareza, correção,
concisão e vibração para fisgar e manter a atenção do ouvinte.
3CV
Clareza
Correção
Concisão
+
V
Vibração
REDAÇÃO DA NOTÍCIA RADIOFÔNICA
Há um padrão para a redação de una notícia que será lida no rádio. Quem redige
deve se lembrar sempre que o ouvinte estará desenvolvendo outras atividades enquanto
ouve o rádio. Poderá estar dirigindo, cozinhando, trabalhando, etc. Por isso, a notícia
deverá ser clara e objetiva. Não podemos trabalhar com a possibilidade de que o ouvinte
deduza algo, é fundamental que entenda de primeira.
Assim, quem escreve deverá redigir seu texto com a linguagem mais clara
possível, da maneira mais direta, para que o locutor possa transmitir da melhor maneira
possível, sem erros, nem tropeços. As notícias no rádio podem ser do tipo: estrita ou nota
ou com entrevista - com citação (com voz), e em reportagem.
32
MODELO DE NOTÍCIA ESTRITA (CONHECIDA COMO NOTA)
UNIVERSIDADE COMUNITÁRIA REGIONAL DE CHAPECÓ
RADIOJORNALISMO I
PROFESSOR MARIANGELA TORRESCASANA
Nome do aluno
Data
*Redija sempre na fonte Arial, corpo 12. Assim, você garante que cada linha de texto
vai ter em torno de 72 caracteres e aproximadamente 5 segundos.
Ordem
123456789012345678901234567890123456789012345678901234567890123456789012
+ Prefeitura inaugura primeiro ambulatório especializado no tratamento de doenças
infantis. A solenidade ocorreu no início desta manhã e reuniu mais de duzentas pessoas,
além da presença do prefeito de São Bernardo, César Magalhães e de todo o secretariado.
O ambulatório terá o nome de Miguel da Silva Rossi, em homenagem ao garoto de sete
anos que faleceu no mês passado, no Pronto Socorro Geral, enquanto esperava
atendimento médico. De acordo com o diretor geral da nova unidade de saúde, o clínico
Waldemar de Souza, esse novo espaço será fundamental para diminuir a mortalidade
infantil na cidade. A maioria da população apoiou a iniciativa, mas a comunidade
reclamou da demora da Prefeitura em concluir a construção do ambulatório. Segundo
vereadores de oposição, a obra custou aos cofres públicos cerca de novecentos mil reais
e levou mais de três anos para ficar pronta.
Horário
Redação
Fonte
Rubrica
Horário
Edição
Fonte
Rubrica
Número
de linhas
33
NOTÍCIAS COM ENTREVISTA
As entrevistas pode ser utilizadas de duas maneiras no radiojornalismo: através de
“notícias com citação” ou em “reportagens”.
A) NOTÍCIA COM CITAÇÕES “COM VOZ”
Similar à nota, a notícia com citação traz o diferencial de apresentar um trecho da
fala do entrevistado, entre os takes a serem lidos pelos locutores. A opção pela notícia
com citação tem um objetivo claro: aumentar a credibilidade da notícia. Isso porque o
ouvinte tende a confiar mais numa notícia que traz ao menos um trecho de fala de um
entrevistado que tem algo a ver com o fato alvo da matéria, do que somente ao ouvir os
locutores narrando uma nota.
A notícia com citação também é a única saída quando o repórter se depara com
situações inesperadas como: não há tempo no programa para apresentar a reportagem
completa, a qualidade de som da gravação não é das melhores, o entrevistado tem
dificuldade ao falar ou fugiu de todas as perguntas, etc.
Na produção desse tipo de notícia, a citação nunca deve ser incluída no início da
matéria e precisa necessariamente concordar com o contexto em uma sucessão lógica de
idéias. Não se deve anunciar o entrevistado (como por exemplo, “ouça o que disse o
presidente Fernando Henrique”). O correto é que o redator cite com suas palavras e de
forma superficial quem vai falar em seguida e o que o entrevistado vai dizer (exemplo: O
presidente Fernando Henrique afirmou que o Brasil teve claros avanços sociais nos
últimos anos”). Não é obrigatório que se utilize apenas um trecho da fala do entrevistado.
Caso haja dois bons trechos, eles podem ser utilizados, desde que entre eles seja
acrescentado um take que chamamos de “gancho”, viabilizando a próxima entrada. Essa
estrutura também vale para o caso de termos dois entrevistados e utilizarmos trecho da
fala de cada um.
A notícia também não pode, em hipótese alguma, terminar no trecho da fala do
entrevistado. É necessário sempre que o locutor apresente um último take, acrescentando
mais alguma informação.
34
MODELO DE NOTÍCIA COM CITAÇÃO
UNIVERSIDADE COMUNITÁRIA REGIONAL DE CHAPECÓ
RADIOJORNALISMO I
PROFESSOR MARIANGELA TORRESCASANA
Nome do aluno
Data
*Redija sempre na fonte Arial, corpo 12. Assim, você garante que cada linha de texto
vai ter em torno de 72 caracteres e aproximadamente 5 segundos.
Ordem
123456789012345678901234567890123456789012345678901234567890123456789012
+ Prefeitura inaugura primeiro ambulatório especializado no tratamento de doenças
infantis. A solenidade ocorreu no início desta manhã e reuniu mais de duzentas
pessoas, além da presença do prefeito César Magalhães e de todo o secretariado. O
ambulatório terá o nome de Miguel da Silva Rossi, em homenagem ao garoto de sete
anos que faleceu no mês passado, no Pronto Socorro Geral, enquanto esperava
atendimento médico. De acordo com o diretor geral da nova unidade de saúde, o clínico
Waldemar de Souza, esse novo espaço será fundamental para diminuir a mortalidade
infantil na cidade.
– Tempo: 30”
Deixa Inicial: este ambulatório nos possibilita ...
Deixa Final: ...evitarmos casos como esse.
A maioria da população apoiou a iniciativa, mas a comunidade reclamou da demora da
Prefeitura em concluir a construção do ambulatório. Segundo vereadores de oposição, a
obra custou aos cofres públicos cerca de novecentos mil reais e levou mais de três
anos para ficar pronta.
Horário
Redação
Fonte
Rubrica
Horário
Edição
Fonte
Rubrica
Número
de linhas
35
B) REPORTAGEM
A reportagem, como o próprio nome diz, é o tipo de produção radiojornalística que
mais privilegia a participação do repórter. Por conta disso, o locutor apenas abre a matéria
(apresenta o lide) e a divulgação do restante do material fica totalmente a cargo do
repórter.
A reportagem finalizada terá três partes fundamentais:
1) CABEÇA: início da reportagem onde o repórter vai situar o assunto antes de entrar
com o entrevistado;
2) ENTREVISTA: trechos principais da fala do entrevistado, entremeados por ganchos
apresentados pelo repórter;
3) PÉ: finalização da matéria em que o repórter dá uma última informação e assina a
reportagem.
No caso de reportagens gravadas, o repórter primeiramente grava a entrevista,
prestando muita atenção nas respostas do entrevistado (para já começar a visualizar os
possíveis pontos de corte para a edição). Em seguida, grava o que chamamos de “cabeça
da matéria” e os ganchos que separarão as falas do entrevistado. Por último, grava o pé
da matéria. Essa fita é levada para o estúdio e o sonoplasta colocará o material em
ordem, finalizando a produção da reportagem.
Já no caso de reportagens ao vivo, não há essa possibilidade. O repórter tem que
dominar as informações pois será obrigado a apresentar a “cabeça da matéria” ao vivo,
realizando a entrevista em seguida e finalizando com o “pé” da matéria, tudo isso dentro
do tempo estipulado pela coordenação do radiojornal.
MODELO DE REPORTAGEM GRAVADA
UNIVERSIDADE COMUNITÁRIA REGIONAL DE CHAPECÓ
RADIOJORNALISMO I
PROFESSOR MARIANGELA TORRESCASANA
Nome do aluno
Data
*Redija sempre na fonte Arial, corpo 12. Assim, você garante que cada linha de texto
vai ter em torno de 72 caracteres e aproximadamente 5 segundos.
36
Orde
m
123456789012345678901234567890123456789012345678901234567890123456789012
+ Prefeitura inaugura primeiro ambulatório especializado no tratamento de doenças infantis.
Outras informações com o repórter José de Assis.
TÉCNICA: RODA BOLETIM REPÓRTER..........................
Tempo: 1’45”
Deixa Inicial: Mais de duzentas pessoas...
Deixa Final: ... para o Panorama geral.
((((A matéria é finalizada pelo repórter. Se quiser, depois disso, pode ser inserido um
comentário a ser feito pelo locutor ou âncora))).
Horário
Redação
Fonte
Rubrica
Horário
Edição
Fonte
Rubrica
Número
de linhas
MODELO DE REPORTAGEM AO VIVO
UNIVERSIDADE COMUNITÁRIA REGIONAL DE CHAPECÓ
RADIOJORNALISMO I
PROFESSOR MARIANGELA TORRESCASANA
Nome do aluno
Data
*Redija sempre na fonte Arial, corpo 12. Assim, você garante que cada linha de texto
vai ter em torno de 72 caracteres e aproximadamente 5 segundos.
Ordem
37
123456789012345678901234567890123456789012345678901234567890123456789012
+ Prefeitura inaugura primeiro ambulatório especializado no tratamento de doenças infantis.
O repórter José de Assis está acompanhando a inauguração e traz mais informações ao
vivo. Bom dia José...
TÉC. – Entrevista ao vivo com repórter
Tempo previsto: 1’30”
Deixa Final: ... para o Panorama geral.
(A matéria é finalizada pelo repórter. Se quiser, depois disso, pode ser inserido um
comentário a ser feito pelo locutor ou âncora).
Horário
Redação
Fonte
Rubrica
Horário
Edição
Fonte
Rubrica
Número
de linhas
SÍNTESE NOTICIOSA
 É o resumo dos principais fatos ocorridos. Privilégio do texto curto e direto,
destacando o acontecimento mais importante ao final do noticiário. Tem a duração
variando entre cinco e dez minutes.
 As notícias, geralmente, são do tipo estritas, mas em alguns casos, onde o tempo é
maior, admite-se a inclusão de notícias com entrevista e o uso do boletim ao vivo.
MODELO DE SÍNTESE NOTICIOSA DE 10’
38
UNIVERSIDADE COMUNITÁRIA REGIONAL DE CHAPECÓ
RADIOJORNALISMO I
PROFESSOR MARIANGELA TORRESCASANA
Nome do aluno
Data
*Redija sempre na fonte Arial, corpo 12. Assim, você garante que cada linha de texto
vai ter em torno de 72 caracteres e aproximadamente 5 segundos.
Ordem
39
123456789012345678901234567890123456789012345678901234567890123456789012
TÉC. – CARACTERÍSTICA – RODA 10’ E VAI A BG
(01 MANCHETE - OPCIONAL)
TÉC. – CARACTERÍSTICA – SOBE E VAI A BG
LOC. – Notícias da Hora – (NÚMERO) Edição./ (HORA)./ (TEMPERATURA) Aqui no Campus
da Universidade Comunitária da Região de Chapecó./
TÉC. – CARACTERÍSTICA – SOBE E VAI A BG
(OITO A DEZ NOTÍCIAS EDITADAS POR SIMILARIDADE DE ASSUNTO E DA MENOS
IMPORTANTE PARA A MAIS IMPORTANTE – PODE INCLUIR VÁRIOS TIPOS DE NOTÍCIA E
ATÉ UM BOLETIM)
TÉC. – Entrevista ao vivo com repórter
Tempo previsto: 1’30”
Deixa Final: ... para o Panorama geral.
TÉCNICA: RODA BOLETIM REPÓRTER..........................
Tempo: 1’45”
Deixa Inicial: Mais de duzentas pessoas...
Deixa Final: ... para o Panorama geral.
TÉC. – CARACTERÍSTICA – RODA 10’ E VAI A BG
LOC. – Em uma hora, mais uma edição resumindo os fatos mais importantes do momento.//
TÉC. – CARACTERÍSTICA – SOBE, VAI A BG E CORTA
Horário
Redação
Fonte
Rubrica
Horário
Edição
Fonte
Rubrica
Número
de linhas
40
MODELOS DE TEXTOS DE ORIENTAÇÃO PARA A TÉCNICA
RODA VINHETA DE ABERTURA DO PROGRAMA, SOBE CARACTERÍSTCA E VAI A BG
RODA VINHETA DE ABERTURA DO PROGRAMA, SOBE CARACTERÍSTCA E CORTA
RODA VINHETA DO QUADRO PAPO DIRETO E SOBE TRILHA
RODA VINHETA DO QUADRO ......... E ENTRA REPÓRTER AO VIVO, CONVERSANDO COM
PÚBLICO
RODA BOLETIM REPÓRTER
DF: “ ..... O PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO, FLÁVIO MESQUITA
RODA SONORA FLÁVIO MESQUITA
DF: “ ..... O PROJETO IRÁ BENEFICIAR TAMBÉM A POPULAÇÃO DE CHAPECÓ”
RODA ENQUETE SOBRE PREÇO DO PÃO
DF: “ ..... E DESSE JEITO, O POBRE NÃO VAI MAIS COMER”
RODA VINHETA DO ENCERRAMENTO DO PROGRAMA, SOBE CARACTERÍSTCA, VAI A BG
A PAUTA
A pauta de rádio tem por objetivo oferecer o maior número de informações para o
repórter que irá fazer a matéria. Como todos sabem, o repórter muitas vezes chega na
redação para pegar as pautas e precisa sair correndo para produzir várias matérias.
Assim, tendo em mãos uma pauta bem elaborada não terá dificuldades de produzir uma
boa matéria.
A Pauta se constitui num dos grandes problemas para os estudantes de
Jornalismo, às vezes até para profissionais tarimbados. Imagina-se que, pelo que posso
41
observar no mercado, fazer uma Pauta nada mais é do que "CHUPAR" notícia de Jornal.
Outros veículos como as televisões, as revistas e mais recentemente a internet, com
todas as suas falhas, também entram na "CHUPANÇA". E isso não é verdade.
A CRIATIVIDADE do Repórter de Rádio acaba sendo jogada no lixo por preguiça,
falta de orientação ou má-fé, no duro. Saiba você que os outros veículos servem para
uma reflexão do Repórter de Rádio sobre tudo aquilo que está acontecendo no planeta nada mais.
A Pauta do Rádio tem que ter as características do veículo: texto claro, objetivo,
curto, direto, conciso e sem informações óbvias. O profissional responsável pela Pauta
precisa pensar numa abordagem diferente de um assunto que pode mudar o dia do
cidadão.
Uma boa pauta deve ter, no mínimo:
1 - Um resumo dos acontecimentos (idéias) que são objeto da Reportagem.
2 - O que o Repórter terá que conseguir, ou seja, o que interessa ao Ouvinte.
3 - Como a emissora vai se posicionar em relação ao assunto.
4 - Fornecer todos os dados necessários para o Repórter: nome, cargo ou função das
pessoas que serão entrevistadas, telefones, hora da entrevista, local, e-mail- sempre
fornecer mais de uma fonte.
Lembre-se de uma coisa, a Pauta é o ponto de partida de uma boa Reportagem,
nunca o meio ou o fim. Tudo o que foi planejado previamente na Pauta pode ser
"derrubado" pelo Repórter caso outros fatos mais importantes estejam acontecendo.
Por último: uma boa Pauta deve ter no máximo dez linhas, de preferência com texto
manchetado, para facilitar a vida do Repórter. A sugestão de Pauta apresentada aqui não
serve para programas jornalísticos (produção), apenas para Reportagem.
Atenção: como o Pauteiro já se tornou uma peça rara nas Redações, o Repórter é o
próprio Pauteiro.
As pautas devem conter os seguintes itens:
1) Cabeçalho: Onde devem estar contidos o nome do redator, a data em que foi
elaborada a pauta, a retranca (duas palavras que indiquem o tema da pauta) e a fonte
(de onde foram tiradas as informações para a pauta).
2) Tema: Sobre o que se trata a pauta.
42
3) Histórico/Sinopse: Você deverá escrever em poucas linhas (média de 15 linhas) em
linguagem radiofônica um resumo dos fatos que levaram esse tema a se justificar
como assunto de uma pauta jornalística. Esse material é muito importante para situar
o repórter e porque poderá ser utilizado por ele para o lide e/ou cabeça da matéria.
Para reportagens especiais pode-se inserir mais informação.
4) Enfoque/Encaminhamento: Qual será o direcionamento a ser dado na matéria, ou
seja, com base no histórico exatamente o que o pauteiro quer que seja desenvolvido
pelo repórter. Indique para o repórter. Este item é que irá definir as suas sugestões de
perguntas.
5) Fontes: Para se obter as informações sobre o tema da matéria é fundamental que o
pauteiro apresente as fontes para a reportagem, ou seja, as pessoas que serão
entrevistadas pelo repórter. Nesse caso, além do nome e do cargo/função da pessoa,
deve constar na pauta o endereço e todos os telefones possíveis para contato. De
acordo com o padrão fixado pela UMESP os entrevistados devem ser antes
contatados pelo pauteiro que deverá checar se aquela pessoa realmente tem
condições de falar sobre o assunto e se estará disponível no período em que tiver que
ser desenvolvida a reportagem.
6) Sugestões de perguntas: Como o nome já dia são sugestões a serem seguidas pelo
repórter. Mas lembre-se uma pauta não é uma camisa de força. O repórter tem toda
liberdade de questionar o entrevistado sobre outras questões que considerar
importante naquele momento.
7) Anexos: Caso o pauteiro tenha feito alguma pesquisa ou possua recorte de
jornal/revista ou texto retirado da internet poderá anexar na pauta.
43
MODELO DE PAUTA
Pauteiro: Rosana Valdez
Retranca: Inauguração/ambulatório Data: 27/04/2014
TEMA: Prefeitura inaugura primeiro ambulatório para atendimento especializado de
crianças.
SINOPSE: Depois de muitas reivindicações de toda a comunidade da cidade, a Prefeitura
finalmente vai inaugurar no próximo dia 20, às 10 horas, o primeiro ambulatório para
atendimento infantil, que terá o nome de Ambulatório Miguel da Silva Rossi, em homenagem
ao garoto de sete anos que faleceu no mês passado, na recepção do Pronto Socorro geral
enquanto esperava atendimento médico. A obra custou 890 mil reais e parte dessa verba foi
financiada pelo Governo Federal.
ENCAMINHAMENTO: Verificar junto à direção do ambulatório (ou com o secretário de
saúde) qual a capacidade de atendimento, quais as especialidades que serão atendidas, se
isso soluciona ou minimiza os problemas de saúde relacionados à criança na cidade, qual
será o horário de funcionamento, se há médicos para atender a população, e qual a opinião
da comunidade sobre essa obra.
FONTES:
Dr. Waldemar de Souza (diretor geral do ambulatório)
Rua Marechal Bormann, 86
Tel. 8875-2233 (falar com Vera – secretária da diretoria)
Emerson Vasconcelos (secretário de saúde do município)
Av. Getúlio Vargas, 445
Tel. 8864-1000 (falar com Sandra – secretária)
44
SUGESTÕES DE PERGUNTAS
(para o médico ou o secretário)
-
Qual a capacidade de atendimento do novo ambulatório?
-
Que especialidades médicas estão sendo oferecidas para a população?
-
Essa obra pode solucionar os problemas de saúde infantil da cidade?
-
Por que a Prefeitura demorou tanto tempo para inaugurar esse ambulatório?
(para a população)
-
O Sr. Acha que essa nova obra da Prefeitura é importante para a cidade?
-
Como tem sido o serviço de saúde prestado pela Prefeitura?
-
O Sr. Acha que essa obra vai melhorar o atendimento para as crianças?
MATERIAL DE APOIO ORGANIZADO A PARTIR DE APONTAMENTOS DOS
SEGUINTES AUTORES:
BELAU, Angel Faus. Reinventar la radio. www.comunica.org/chasqui/faus74.htm. Acesso:
21/04/2006.
CAMUS, Albert. O mito de Sísifo www.blocosonline.com.br/literatura/prosa/artigos/art023.
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http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/arq0510/dossie.htm. Acesso: 21/04/2006.
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Vídeos
Desvendando a História: http://www.youtube.com/watch?v=UMn_hik7Iw4. Universidade
Veiga de Almeida.
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Apontamentos sobre o meio rádio: suas