Planejamento de Aulas – Economia e Mercado
6ª Aula: A Revolução Industrial
1. Pensamento do dia:
"A maior covardia de um homem é despertar o amor de uma mulher sem ter a intenção de amá-la”
(Bob Marley)
2. Introdução:
A expressão Revolução Industrial tem sido utilizada para designar um conjunto de transformações econômicas, sociais e
tecnológicas que teve início na Inglaterra, na segunda metade do século XVIII. Em pouco tempo, essas mudanças afetariam outros países da
Europa e os Estados Unidos, alterando definitivamente as relações entre as sociedades humanas.
Os historiadores acreditam que a Revolução Industrial desempenhou um papel vital no desenvolvimento do capitalismo. Marcada por
intensa acumulação de capitais na Inglaterra e por profundas transformações nas formas de produção, na prática a revolução significou o
advento da indústria e da produção em série.
2.1. O surgimento das Fábricas
A Revolução Industrial foi o resultado de um longo processo que teve início no fim da Idade média, com o aparecimento das
Corporações de Ofício e o renascimento das cidades e do comércio na Europa ocidental. Nessa época, ganharam importância cada vez maior
as noções de lucro e de produtividade, fundamentais para o desenvolvimento de uma mentalidade voltada para o enriquecimento e para a
acumulação: a mentalidade empresarial capitalista.
Com as grandes Navegações, entre os séculos XV e XVI, as atividades econômicas se expandiram. Controlando vastos territórios
em quase todo o mundo, os europeus passaram a explorar o comércio em proporções mundiais, levando para o seu continente riquezas que
seriam aplicadas na fabricação de produtos destinados a alimentar um mercado cada vez maior.
As próprias formas de produção de mercadorias na Europa acabaram por se transformar. Para atender à demanda crescente,
sugiram métodos mais eficientes de produzir as mercadorias. Com isso, antigas corporações de ofício foram substituídas pela PRODUÇÃO
MANUFATUREIRA, dirigida por um comerciante que controlava a produção de vários artesãos. Estes artesãos trabalhavam por encomenda,
com a matéria-prima e as ferramentas necessárias cedidas pelo comerciante, e como forma de pagamento recebiam um salário.
A partir de meados do século XVIII, alguns comerciantes perceberam que podiam aumentar ainda mais a produção e os lucros. E,
em vez de espalhar ferramentas e matérias-primas entre os artesãos contratados, passaram a reuni-los num mesmo local para trabalhar:
ASSIM SURGIRAM AS FÁBRICAS OU O SISTEMA FABRIL.
As fábricas trouxeram muitas vantagens aos empresários. Ficou mais fácil controlar a produção, pois era possível reduzir a perda de
matérias-primas, por exemplo, e ao mesmo tempo fiscalizar de perto a qualidade do produto. A fábrica possibilitou ainda o incrementar a
produtividade, ao tornar mais eficaz o controle sobre a velocidade e o ritmo do trabalhador. Além disso, a produção foi reorganizada. A
fabricação de cada mercadoria passou a ser dividida em várias etapas, num processo conhecido como PRODUÇÃO EM SÉRIE. Concentrado
em uma única atividade, o trabalhador especializava-se e aumentava a produção. Essas características acabaram influindo no custo final do
produto. Com mercadorias produzidas por meios mais baratos, era possível aumentar a margem de lucro e o mercado consumidor.
2.2. As modificações causadas pelas Fábricas
As fábricas são o símbolo ideal da Revolução Industrial. Elas modificaram as sociedades de forma definitiva: além de introduzir a
produção em série de mercadorias (uma inovação no sistema produtivo) alteraram as relações de trabalho e a paisagem. Foram as fábricas as
principais responsáveis pelo desenvolvimento das grandes cidades, um novo cenário dominado por chaminés e por multidões de
trabalhadores, marcado também por sério desequilíbrio ambiental.
A transformação mais importante no modo de produção, porém foi causada pelo emprego de máquinas movidas a vapor nas
unidades fabris, o que selou a passagem da produção ARTESANAL DOMICILIAR para a produção em GRANDE ESCALA. Reproduzindo o
trabalho humano a exaustão, as máquinas ampliaram ainda mais a produção de mercadorias. Assim, surgiram as indústrias modernas,
reunindo centenas de trabalhadores.
Para o trabalhador, esse processo significou a perda gradual do controle de suas atividades. Na época das corporações de oficio, ele
era dono de suas ferramentas e senhor de seu ritmo de trabalho. Por isso, podia cobrar pelo que produzia o preço que quisesse. Na
manufatura, sem suas ferramentas e matérias-primas, tornou-se dependente do comerciante, mas ainda exercia o controle sobre seu trabalho.
No sistema fabril, esse controle passou a ser feito por técnicos, sob o comando dos empresários. A atividade do trabalhador tornouse uma parcela da produção geral, e ele perdeu o domínio sobre o produto final de seu trabalho.
2.3. A Inglaterra – Primeiro País a desenvolver o sistema Fabril
A Inglaterra foi o primeiro país a reunir as condições necessárias para o desenvolvimento do sistema fabril. Entre os numerosos
aspectos que favoreceram esse processo destaca-se, em primeiro lugar, o controle de vasto mercado consumidor. As Grandes Navegações
possibilitaram a criação de um mercado mundial em constante expansão.
O comércio inglês ampliou-se também no plano interno. Durante o século XVIII, a população da Inglaterra cresceu muito, tornando
maior a oferta de mão-de-obra e o mercado consumidor. A ampliação do mercado, por sua vez, estimulou o aumento da produção, criando
condições técnicas favoráveis à invenção e ao aperfeiçoamento de novas técnicas capazes de intensificar a produtividade do trabalho humano.
Em segundo lugar, para o pioneirismo inglês foi importante a acumulação de capital. Entende-se por capital todos os recursos
utilizados com o objetivo de se obter lucro (dinheiro e equipamentos, por exemplo). Os países que mais concentram capital na Europa, a partir
das Grandes Navegações, foram a Inglaterra, a Holanda e a França, todos ligados ao comércio marítimo, ao tráfico negreiro e à exploração
colonial. A abundância de capital e a perspectiva de lucros estimulavam a produção e a ampliação dos negócios.
2.4. Mão-de-obra...
Academia de Comércio São José
Professor: Rodrigo Aurélio Cruvinel
Planejamento de Aulas – Economia e Mercado
Naquele momento, porém, de nada adiantava o acúmulo de capital se não houvesse também disponibilidade de mão-de-obra. Desde
o século XVII, existia na Inglaterra um grande contingente de mão-de-obra provocado principalmente pela expulsão dos camponeses da terra.
O principal motivo para essa expulsão foi a demanda por lã para abastecer a produção de tecidos, sobretudo de fábricas localizadas nos
Países Baixos. Para atender a essa demanda, os senhores de terras ingleses começaram a cercar áreas antes utilizadas na produção agrícola
com o objetivo de criar ovelhas. Sem terra para trabalhar, os camponeses tiveram de procurar outras atividades nos emergentes centros
urbanos, ou seja, tornaram-se mão-de-obra abundante para as fábricas.
Também os artesãos, não podendo competir com a produção fabril, transformaram-se, após muita resistência, em trabalhadores
assalariados. Na segunda metade do século XVIII, a Inglaterra possuía ainda outras características que explicam seu pioneirismo na
Revolução Industrial, como um sistema bancário eficiente, disponibilidade de matérias-primas, como carvão e minério de ferro, um grupo social
formado por empresários empenhados no desenvolvimento econômico e uma ideologia que valorizava o enriquecimento e o trabalho.
2.5. A evolução na Produção de Tecidos
Na Inglaterra, a produção de tecidos, por uma série de razões, foi um dos primeiros setores a desenvolver o sistema fabril, com forte
mecanização. Para começar, a produção de tecidos de algodão não era controlada pelas corporações de ofício, o que permitiu mudanças mais
rápidas na forma de fabricar o produto. Outro aspecto importante era o preço do tecido de algodão. Por ser mais barato que a lã ou a seda, seu
mercado se expandiu rapidamente. Só para se ter idéia, entre 1750 e 1770, as exportações inglesas de tecido de algodão aumentaram dez
vezes.
Até essa época, o produto comercializado pelos ingleses vinha da índia, e os principais mercados consumidores eram as colônias,
sobretudo as áreas de grande concentração de escravos. Com o tempo, pequenos produtores de tecidos de algodão começaram a se
estabelecer perto dos portos ingleses ligados ao comércio colonial. Mas, para competir com o produto indiano, mas barato e de melhor
qualidade, precisaram aperfeiçoar os métodos de produção.
As primeiras inovações na fiação começaram a surgir em 1767:
Criou em 1767 a máquina de fiar, que transformava as fibras de algodão em fios. Ainda pequena, e podendo ser
instalada em casa, a máquina multiplicou a produtividade da indústria têxtil.
Dois anos depois, patenteou o tear hidráulico. Também destinado a fiação, a máquina introduziu várias
novidades, como o uso da água como força motriz.
Em 1779 surgiu a máquina de fiar. O novo equipamento produzia um fio de qualidade superior e podia ser movido
a vapor, tipo de energia amplamente empregado nas fábricas da época.
Para completar o desenvolvimento técnico do setor têxtil, Edmund, em 1785, patenteou o tear mecânico, que
transformava os fios em tecidos.
James Hargreaves
Ricard Arkwright
Samuel Crompton
Edmund Cartwright
O Desenvolvimento da indústria têxtil incentivou outros setores. Para fabricar as máquinas, por exemplo, foi preciso melhorar a
metalurgia do ferro. Ao mesmo tempo, era possível associar a máquina a vapor a uma locomotiva colocada sobre trilhos, fazendo-a puxar
diversos vagões, ou adapta-la a uma embarcação, dando origem ao navio a vapor.
Portanto a mecanização iniciada no setor de fiação e tecelagem do algodão provocou uma reação em cadeia, afetando outros
setores (transportes, energia, metalurgia, mineração etc.) em meio a um processo global de invenções e aperfeiçoamentos.
2.6. Significados da Revolução Industrial
Durante o século XVIII, a Revolução Industrial consistiu num fenômeno inteiramente inglês. Mas a partir do século seguinte, começou
a se expandir para vários países, provocando grandes transformações na vida das pessoas. Do ponto de vista da produção, o sistema fabril
acabou se consolidando. Com máquinas cada vez mais sofisticadas, a fábrica tornou-se o local adequado para a produção, favorecendo a
divisão do trabalho, a imposição do horário e da disciplina ao trabalhador, além do aumento da produtividade.
No âmbito social, surgiu o proletariado, classe social formada pelos trabalhadores fabris e de transportes. Devido aos baixos salários,
mulheres e crianças também eram obrigadas a trabalhar, recebendo remunerações ainda menores que a dos homens. A Revolução Industrial
causou graves conseqüências na vida dos trabalhadores, pois não havia regras ou limites para o exercício do trabalho. Os donos das fábricas
impunham salários miseráveis e longas jornadas, que chegavam a dezoito horas diárias. Com essa condição subumana, os trabalhadores
lutaram de diversas maneiras, resistindo, por exemplo, à mecanização crescente da produção, considerada responsável pelo desemprego. Um
dos episódios que retrata bem a situação desesperadora dessa época foi a constante destruição de máquinas pelos trabalhadores,
principalmente entre 1811 e 1812, forma de protesto que ficou conhecida com o LUDISMO:
Movimento LUDITA
As ações de protesto contra as máquinas inventadas para economizar mão-de-obra já vinham acontecendo na Inglaterra há muito
tempo. Mas foi em 1811 que explodiu uma forma mais radical de protesto, o movimento ludita (nome derivado de Ned Ludd, que
teria sido um dos líderes do movimento). Os luditas invadiram as fábricas e destruíram a maquinaria, que não só tirava o trabalho
dos artesãos como impunha aos operários condições desumanas de trabalho. Os integrantes do movimento sofreram dura
repressão e foram condenados à prisão, à deportação e até a forca. Alguns anos depois, os operários ingleses adotaram métodos
mais eficazes de luta.
3. Trabalho Prático
Evolução:
Ferramentas Máquinas
Energia Humana Motriz
Produção doméstica Fabril
a)
Qual o sentido da expressão REVOLUÇÃO INDUSTRIAL?
b)
Como surgiram as Fábricas?
c)
Por que as Fábricas são consideradas o símbolo da Revolução Industrial?
d)
Qual foi o primeiro país a desenvolver o sistema fabril? Cite um fator que o levou a esse desenvolvimento:
e)
Quais foram as conseqüências da Revolução Industrial?
Academia de Comércio São José
Professor: Rodrigo Aurélio Cruvinel
Download

6ª Aula: A Revolução Industrial