PROJETO DE CONSOLIDAÇÃO DAS RUÍNAS DE SÃO BOAVENTURA
Itaboraí – RJ - Brasil - 2011/2012
Jaeger, Eduardo (1); Filizola, Geraldo (2); Braga, Márcia (3)
1.Quorumrio Consultoria e Projetos. Diretor
Av. Rio Branco 311/1302 – Centro – Rio de janeiro – RJ
[email protected]
2. Cerne Engenharia e Projetos. Sócio Diretor
Rua Teófilo Otoni 82, 6º andar – Centro = Rio de Janeiro – RJ
[email protected]
3. Decato Arquitetura e Restauro. Sócia Diretora
Av. Alm. Tamandaré 360, grupo 206 – Piratininga – Niterói – RJ
[email protected]
RESUMO
O Projeto de Consolidação das Ruínas do Convento de São Boaventura foi feito exclusivamente para
manutenção das estruturas existentes. O mais grave processo de deterioração é a possibilidade de
queda de dois arcos cruzeiros. Foram também projetadas metodologias para a conservação superficial
dos paramentos verticais, assim como o tratamento de seus topos. Situa-se dentro da área de
preservação do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro.
Palavras-chave: consolidação, ruínas, arquitetura religiosa
ORTOFOTO E MAPEAMENTO DE DANOS DA FACHADA PRINCIPAL
Ruínas nos remetem a um passado morto e ao mesmo tempo romântico. Nada mais
antagônico que as instalações de uma indústria pesada como o Comperj. Pois ali se
encontram as ruínas do Convento São Boaventura. Não há um contato visual entre esses
2
dois conjuntos. Ele é construído ao se percorrer os 45km que compõe o empreendimento. É
um salto no tempo. Por detrás das ruínas vê-se o perfil da Serra do Mar, incluindo o pico
Dedo de Deus de Teresópolis.
O projeto apresentado aqui destina-se à preservação das ruínas, mas as relações entre essa
estrutura e as instalações industriais ainda são inexistentes. A Petrobras pretende que as
ruínas sejam passíveis de visitação após a sua consolidação, certamente de acordo com
regras pertinentes de acesso ao complexo.
Esse contraste de construções é um exemplo raro para futuros debates sobre paisagem
cultural.
Introdução
O conjunto arquitetônico das Ruínas do Convento São Boaventura cobre uma área de
aproximadamente 800m2, com 75 de fachadas. Sua localização é 22º39’22’’S e 42º 53’ 26’’W.
Não há tetos ou qualquer tipo de cobertura. A fachada principal tem 75m de comprimento.
3° COLÓQUIO IBERO-AMERICANO PAISAGEM CULTURAL, PATRIMÔNIO E PROJETO - DESAFIOS E PERSPECTIVAS
Belo Horizonte, de 15 a 17 de setembro
A construção iniciou em 1660 e sua feição atual é do final do século XVIII, quando ocorre o
seu desuso. A técnica construtiva é de alvenaria mista, com cercaduras de vãos em pedra
Gnaisse e elementos decorativos em argamassa.
O local - Vila de Santo Antônio de Sá - era um entreposto de mercadorias via fluvial que, com
a chegada da ferrovia, entrou em decadência.
O conjunto é tombado pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Brasil) e
pelo INEPAC (Instituto Estadual do Patrimônio Cultural do Rio de Janeiro). Localiza-se dentro
da área preservada do COMPERJ (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro), que é de
propriedade da PETROBRAS (Empresa Brasileira de Exploração de Petróleo).
Este projeto teve como premissa a manutenção das estruturas existentes, sem qualquer
intervenção de complementação que não fosse exclusivamente de conservação.
O estado atual das fachadas é precário e o problema mais grave localiza-se nos dois arcos
cruzeiros com grandes rachaduras com risco iminente de desabamento. Atualmente esses
arcos encontram-se provisoriamente escorados.
As demais fachadas e seus topos possuem diversos tipos de perdas, rachaduras nas
alvenarias e nos revestimentos de argamassa, pátina biológica, presença de vegetação e
pichação.
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Belo Horizonte, de 15 a 17 de setembro
PLANTA BAIXA DO CONJUNTO E IGREJA DE SANTO ANTÔNIO
O levantamento do estado de conservação das fachadas foi feito através de ortofotos. O
Mapeamento de Danos identificou 13 patologias, que foram desenhadas no programa
AUTOCAD. Esse registro foi utilizado para os desenhos do Projeto de Consolidação, onde
todos os procedimentos foram quantificados, viabilizando a execução de uma planilha de
serviços para licitação.
Quanto aos processos de deterioração não estruturais, foram descritos e quantificados
métodos para:
- Lavagem com jateamento a baixa pressão somente nas áreas com revestimento de
argamassa, e remoção de pátina biológica de ornamentos com compressas de hipoclorito de
sódio estabilizado e detergente neutro
- Remoção cuidadosa de partes soltas e de vegetação
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Belo Horizonte, de 15 a 17 de setembro
- Consolidação de rachaduras com:
(I) costura (abertura 40cm longitudinal e inserção de tijolos e pedras de mão)
(II) com injeção de argamassa a base de cal hidráulica para locais com ornamentos
decorativos
- Consolidação interna de emboço e reboco através de injeção de argamassa de cal
- Tratamento do topo das alvenarias com embrechamento e recobrimento final de dois tipos:
(I) onde as paredes ainda mantinham a sua altura original e restos de telhas - foi projetada a
complementação com telhas de igual dimensão, em três fiadas
(II) onde a parede já se encontrava com perdas superiores - foi projetado um revestimento
em formato curvo com mosaico de peças cerâmicas, assentados sobre argamassa hidráulica.
Dessa forma não há impermeabilização de topos, o que garante melhor conservação das
partes superiores das paredes.
- Tratamento de bordas de argamassa de revestimento (cordão) com fechamento em
argamassa de cal, previamente analisada por laboratório
- Recomposição de frisos horizontais através de carrinho
- Tratamento de pichação (feitas com incisão e/ou tinta)
- A recomposição de partes pétreas estruturais de vãos (marcos e vergas) com pedra e/ou
concreto.
A consolidação estrutural dos arcos cruzeiros da Igreja da Ordem Terceira e da Capela Mor
foi projetada a inserção de um arco em concreto armado sob cada um dos vãos. Serão
removidas partes inferiores danificadas e será mantida a volumetria original. Como reforço,
também foi projetado um tirante metálico horizontal (não protendido), fixado na base dos
arcos de concreto. Os arcos em concreto serão separados da alvenaria mista através de
película plástica, permitindo a ancoragem nas estruturas originais. Desta forma, prescinde-se
de novos apoios verticais (pilares).
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Esse projeto finalizou em outubro de 2012, após 12 meses de trabalho. É composto de 221
desenhos e relatórios, dentre eles: identificação do método construtivo, mapeamento de
danos, projeto de consolidação estrutural, projeto de consolidação de superfícies, detalhes de
recuperação estrutural e de ornamentos decorativos, cadernos de especificações técnicas,
planilha com metragem quadrada de todos os serviços a serem executados, lista de materiais
recomendados, fichamento de coletas de amostras, análises laboratoriais de argamassas e
de rocha.
Análise do estado de conservação e recomendações técnicas para
sua preservação
- Quanto à vegetação
A vegetação presente nas estruturas é composta de árvores, arbustos, bromélias, avencas e
samambaias, trepadeiras e microflora. Algumas árvores e arbustos encontram-se no solo, ou
com suas raízes dentro das alvenarias. A remoção de toda a vegetação é recomendável
considerando aspectos de conservação, mas a recolonização é um processo que deverá ser
monitorado, uma vez que é inevitável. O monitoramento e a manutenção das ruínas a ser
feito pela Petrobras de acordo com o seu planejamento anual.
Os locais onde a vegetação é mais presente são os topos das alvenarias. A microflora,
denominada também de pátina biológica, está sobre todas as superfícies, e é mais facilmente
identificada sobre as argamassas de revestimento.
As árvores e arbustos deverão ter seus troncos cortados rente às estruturas das ruínas.
Especial cuidado deverá ser tomado na remoção da vegetação que está próxima a elementos
decorativos. Esta situação é existente principalmente nos tímpanos das fachadas das igrejas
e do campanário.
Em seguida deverá ser aplicado localizadamente um biocida nas raízes das árvores a serem
cortadas. A aplicação deverá obedecer à instrução do fabricante.
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As samambaias, trepadeiras e bromélias e demais espécies vegetais deverão ser totalmente
removidas mecanicamente. Liquens e musgos deverão ser removidos manualmente com
espátula e escova de cerdas plásticas.
Em seguida todas as alvenarias e argamassas de revestimento devem ser lavadas através de
jato de baixa pressão (pressão até 4 Bars), com uma solução de detergente neutro numa
concentração de 10%, e posterior rinçagem.
Nova limpeza é feita com solução de hipoclorito estabilizado de sódio diluído a 15% em água.
Permanece na superfície ao menos 15 minutos para posterior rinçagem com remoção total de
resíduos.
No caso de incrustações de liquens mais resistentes à remoção mecânica, pode-se utilizar
compressas localizadas embebidas hipoclorito de sódio estabilizado nas concentrações
especificadas acima. O tempo de contato da compressa deve ser avaliado ‘in loco’.
- Quanto às argamassas de revestimento
O conjunto eram originalmente recoberto por argamassa. A maioria dos elementos
decorativos ainda existentes é feita de argamassa.
As argamassas de revestimento são compostas por: emboço, reboco e nata de cal. Análises
laboratoriais foram executadas para identificação de traço de cada uma delas e serão
utilizadas para complementos localizados. A argamassa de assentamento da alvenaria mista
é idêntica ao emboço.
Os principais danos são: recobrimento de pátina biológica, perdas, descontinuidade interna
entre as camadas, perdas superficiais parciais, pichações (feitas com incisão e em alguns
casos sobre pintura tipo PVA) e rachaduras superficiais.
- Quanto à consolidação interna das argamassas
A argamassa para consolidação interna tem traço compatível com as estruturas, mas sua
granulometria é mais fina do que as originais, propiciando melhor penetração.
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A identificação de partes em desprendimento do substrato, ou ocas, das argamassas é feita
através do teste de som cavo. O limite destas áreas deve ser desenhado com giz para
posterior consolidação e identificação no ‘as built’.
Após a demarcação dessas áreas são feitos furos com broca de diâmetro aproximado de
1,5cm, construindo uma trama ortogonal de vãos de 40cm. Primeiramente deve-se introduzir
um jato de ar a baixa pressão para limpeza de silte e demais partes soltas. Segue-se com a
injeção de uma solução de água e álcool (hidratado) na proporção de 50% para cada um
para diminuir a tensão superficial.
Segue-se com injeção de solução de água com resina acrílica ou polivinílica na proporção
máxima de 15% para consolidação superficial interna.
O traço poderá ter as seguintes proporções: 1:2 e 1:1 de cal e areia, ou ser somente de nata
de cal. O melhor traço é aquele com maior quantidade de areia. A introdução da argamassa
de consolidação interna poderá ser feita por gotejamento, por injeção manual ou injeção com
auxílio de uma bomba acionada manualmente. A consolidação é feita de baixo para cima.
Os furos preenchidos deverão ser temporariamente vedados com esponjas de alta
densidade. É um tamponamento, que só poderá ser retirado com 24 horas permanência.
- Quanto à consolidação superficial das argamassas
Os locais onde essa patologia é mais evidente são: (I) onde o emboço está exposto, (II) na
fachada posterior da empena do campanário e (III) no emparedamento com adobe da
fachada 11.
Observação: a metodologia para identificação das fachadas nos desenhos foi feita da
seguinte forma: aquelas paralelas à fachada frontal têm numeração ímpar, aquelas
perpendiculares têm numeração par. Cada lado das fachadas recebe a identificação A ou B.
Um dos produtos utilizados para esse fim é a água de cal. A aplicação da água de cal é
normalmente feita em muitas demãos (mínimo de três), porque sua concentração de
hidróxido de cálcio é baixa.
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- Quanto ao complemento de argamassas
Deverão ser utilizados os seguintes traços: para o emboço e assentamento (1:4), para o
reboco (1:3) e para o revestimento (1:1).
A consolidação de bordas de argamassa (cordão) deverá ser executada com um ângulo de
45˚ a superfície da parede e do revestimento. Esta argamassa de fechamento deve ser
adicionada de resina acrílica ou polivinílica na proporção de 10% em relação ao aglomerante
cal.
- Quanto à análise de traço das argamassas feito pelo NTPR (Núcleo de Tecnologia da
Preservação e Restauração) da Universidade Federal da Bahia:
N.
Tipo de
Localização
Cal
Areia
Granulometria
1
4
0,25mm
1
3
0,25mm
1
0,35mm
argamassa
1
1
Argila e
silte
Emboço =
Fachada 4 A – interior Igreja 3ª
Assentamento
Ordem
Reboco
Fachada 4 A – interior Igreja 3ª
Ordem
1
Revestimento
Fachada 4 A – interior Igreja 3ª
2
1
Ordem
2
Emboço
Fachada lateral esquerda interior
1
5
0,25mm
2
Revestimento
Fachada lateral esquerda interior
1
4
0,25mm
3
Reboco +
Fachada 16 A
1
3
0,25mm
Fachada 4 interna –
1
1
0,25mm
revestimento
4
Revestimento
Torre Santo Antônio
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- Quanto ao restauro das pichações
As pichações encontradas nas ruínas são de nomes e datas, executadas como incisão na
argamassa de revestimento. Nesse caso as superfícies serão restauradas, pois não se
pretende conservá-las.
A restauração das pichações é feita com o preenchimento localizado de argamassa. O traço
a ser utilizado é o encontrado na argamassa de revestimento (1:1). Deve-se acrescer 10% de
resina acrílica ou polivinílica com relação ao montante da cal utilizado. Não se deve utilizar
somente nata de cal.
Em alguns locais de pichação foi encontrado recobrimento de tinta PVA ou acrílica como
base para as inscrições. Sua remoção deverá ser feita com uso de solventes, antes dos
complementos com argamassa. Devem ser testados: álcool, acetona, ou a mistura de nome
4A (água, álcool, acetona e amônia em iguais proporções). Também pode ser utilizado um
produto comercial decapante pastoso.
O preenchimento com argamassa deverá se restringir aos arranhões e evitar uma aplicação
de argamassa sobre a área da pichação. É aceitável que perpasse ligeiramente a borda da
incisão para garantir a adesão da argamassa ou mesmo um efeito estético mais apropriado.
- Quanto às alvenarias
As alvenarias do conjunto são em sua maior parte “Alvenarias Mistas” de pedra e tijolo de
barro cozido e tijolo cru. Há emparedamentos feitos posteriormente com tijolo maciço e
adobe. A técnica construtiva mostra arcos de descarga em tijolos maciços dentro das
alvenarias e sobre os vãos.
Hoje são existentes vazios correspondentes a estruturas de madeira que se perderam, tais
como barrotes de sustentação de pisos em madeira, guarnição de esquadrias e cambotas de
sustentação de forro em arco. Outros vazios são identificados como localização dos engastes
dos andaimes executados para a construção. A maioria desses vazios sofre com perdas nas
laterais, presença de vegetação, assim como são locais propícios instalação de casas de
insetos e, dependendo de seu tamanho, podem conter ninhos de aves de maior porte, como
urubus.
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Os elementos decorativos também estão presentes nas fachadas principais e são feitos em
tijolos e argamassa. Serão objeto de estudo específico.
- Quanto ao preenchimento de vazios de técnica construtiva
Deverá ser feito para evitar um contínuo processo de deterioração, mas de forma a não
descaracterizar esse registro. Deverão ser utilizados pedras e tijolos, assentados com
argamassa de traço 1:4. Há material no solo (pedras e tijolos) remanescente de perdas e
demolições que serão utilizados para esses complementos.
Para que essa intervenção não descaracterize o registro dessa técnica construtiva, o
preenchimento do vazio não deverá ser nivelado na superfície vertical onde se encontra,
tendo um distanciamento de 5 a 10cm dela. O recobrimento desse preenchimento deverá ser
feito com uma argamassa de coloração mais escura para que seja facilmente identificável.
Todas as argamassas a serem utilizadas para quaisquer preenchimentos deverão ser alvo de
testes para adequação cromática. Se forem utilizados pigmentos industrializados para esse
fim, o montante permitido é de 8% de pigmento em relação ao aglomerante. Pode-se obter
essa pigmentação também com o uso de inertes que devem se adequar ao traço proposto.
Os materiais para tal são: carvão, areia, tijolos triturados, pó de mármore ou de granito.
- Quanto ao preenchimento de perdas e de laterais de vãos
As perdas de alvenaria, quando localizadas no interior do paramento vertical, são
relativamente pequenas (em torno de 30x30cm). Tendem a aumentar de tamanho quando
estão próximo a vãos, rachaduras e vazios de técnica construtiva.
Os vazios das laterais dos vãos deverão ser preenchidos para garantir um escoamento de
água mais eficaz. O mesmo raciocínio é considerado para os parapeitos e também para as
espessuras de paredes. Diferentemente dos vazios de técnica construtiva, o nivelamento
deste preenchimento deverá ser feito na mesma superfície da alvenaria mista, sem recobrir
os elementos originais.
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RACHADURA PRÓXIMA A ELEMENTO DECORATIVO
- Quanto aos elementos decorativos
Os elementos decorativos ainda existentes são em sua maioria feitos de tijolos maciços
revestidos com argamassa. Poucos azulejos decorados ainda estão presentes na fachada
interna da Igreja Conventual.
Foram selecionados 18 elementos decorativos das fachadas das igrejas (Ordem Terceira e
Conventual) e do Campanário para um estudo particular. Foram representados nos desenhos
de mapeamento de danos e projeto de consolidação em escalas de 1/20, 1/15, 1/10 e 1/5, de
acordo com a complexidade dos ornamentos.
O tratamento dos elementos decorativos é semelhante daquele descrito para as argamassas
de revestimento, ou seja: teste de som cavo, consolidação interna, preenchimento de lacunas
e fechamento de bordas. Porém, devido a situações particulares, algumas medidas devem
ser tomadas.
O preenchimento de lacunas não deve recompor a volumetria original. A intenção é de não
deixar vazios que possam acumular água ou serem apropriados para nichos que favoreçam a
instalação de ninhos de insetos ou de pequenas aves.
À exceção, a recomposição de frisos horizontais deverá ser feita para evitar a percolação de
água.
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A remoção de liquens mais incrustados deverá ser feita com compressas. Se após a remoção
da pátina biológica a superfície estiver friável, ou com porosidade aumentada, ela deverá
receber um consolidante superficial.
- Quanto à madeira
As madeiras ainda presentes nas ruínas são guarnições de esquadria e tacos para fixação
destas. Apresentam-se ressecadas, com rachaduras, deformações, perdas e localizadamente
com marcas de presença de xilófagos.
Numa análise preliminar não foi verificada a existência de cupins em atividade. Ainda assim,
todas as madeiras deverão ser imunizadas contra xilófagos. Há diversos métodos a serem
utilizados. Pode ser por pulverização, aplicação a pincel ou injeções. Se forem detectados
focos ativos, ou seja, com insetos ou larvas, é recomendável que o produto seja introduzido
com injeção. Caso seja apenas uma intervenção de prevenção, a aplicação poderá ser feita a
pincel ou por aspersão. É necessário observar as recomendações do fabricante para o uso
de EPI.
Partes ocas da madeira podem ser reforçadas com injeções ou aplicação com espátula de
pasta polimérica, sendo as resinas poliéster e epóxi aquelas recomendadas para
aglomerante. Deve-se escolher uma resina de baixa viscosidade para que a serragem possa
ser adicionada a ela. A proporção da serragem e da resina é alvo de testes a serem
executados ‘in loco’.
A resina de base acrílica de nome comercial F12 pode ser aplicada em perdas ainda menores
(em torno de 1 cm de largura). Esta resina tem a vantagem de ser pigmentada e deverá ser
escolhida a tonalidade que mais se assemelhar à madeira.
- Quanto à cantaria
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A cantaria é presente no arremate dos vãos das igrejas e também em outras fachadas, como
a do convento e fachadas laterais. O estado geral das peças é bom. A maioria das peças não
possui ornamentação, exceto o portal abaixo da Igreja da Ordem Terceira.
As pedras rachadas ou com alteração de posicionamento original, deverão ser consolidadas
através da inserção de pinos ou barras de aço, inseridos com resina epóxi, conforme descrito
para a fixação de elementos decorativos em argamassa. Quanto ao retorno da posição
original, essa avaliação deverá ser feita in loco, devido ao comprometimento com as
estruturas contíguas.
A rachadura presente no ornamento e na pedra lateral esquerda do vão central da Igreja da
Terceira Ordem é superficial e deverá ser preenchida com argamassa polimérica de resina
acrílica com adição de pó de pedra. A proporção de resina e pó de pedra deverá ser testada
no local para ajustes de viscosidade, coloração, granulometria e brilho.
As cantarias em gnaisse deverão passar por alguns processos de conservação descritos
para alvenarias, tais como lavagem e limpeza de microorganismos. A pátina biológica não
compromete seriamente as superfícies pétreas, porém, se alguma mancha não identificada
previamente não for possível ser removida com os processos descritos para as argamassas,
pode-se utilizar compressas localizadas da mistura química conhecida pelo nome de AB57,
cujo pH é próximo ao neutro. O AB57 pode se usado também para argamassas.
- Quanto às análises petrográficas
Foram feitas pela firma Queiroz e Mello Consultoria em Geologia e o sumário das conclusões
foi:
Caracterização da rocha: álcali biotita gnaisse
Local de coleta das amostras: Fachada Lateral Interna Esquerda
Estado de conservação: alterado, com aceleração da alteração dos minerais decorrentes
desse desgaste e com presença de micro fraturas.
- Quanto às telhas e topo das alvenarias
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Alguns topos de alvenarias ainda possuem remanescentes de telhas. O estado de
conservação desses locais é precário.
Todas as telhas e vegetação deverão ser retiradas. Os paramentos que ainda possuem
telhas também têm uma cimalha ou beira seveira na sua parte superior.
Seguindo o mesmo princípio para a recomposição de frisos e beira seveira mencionado no
item de elementos decorativos em argamassa, os topos de alvenaria onde são presentes
algumas telhas deverão ser integralmente por telhas novas de igual dimensão à original. As
telhas deverão ser assentadas e emassadas com argamassa de assentamento.
Quando o topo de alvenaria tiver lacunas, elas não deverão preenchidas com nivelamento
superior e, consequentemente, nesses locais não serão colocadas telhas novas.
Como toda a estrutura de alvenaria mista é permeável, a inserção de uma laje
impermeabilizante no topo das alvenarias acarretará num processo de deterioração na parte
superior dos paramentos. Desta forma, a proposta para o tratamento do topo das alvenarias
segue as seguintes ações:
(I) Retirada cuidadosa de vegetação
(II) Consolidação por meio de injeção de argamassa ou cal hidráulica de rachaduras
(III) Embrechamento de perdas
(IIII) Nivelamento superior com argamassa de cal hidráulica num formato arredondado,
provocando o escorrimento da água para as faces das paredes.
- Quanto às rachaduras e fissuras
A alvenaria mista do conjunto de ruínas e torre de Santo Antônio sofre com rachaduras e
fissuras de diferentes tipos e tamanhos. Não é possível estabelecer a causa precisa de todas
elas, pois o processos de deterioração a que nos estamos referindo ocorreram num espaço
de tempo de aproximadamente três séculos e os diferentes agentes intempéricos agem
sucessivamente para finalmente existir as patologias atuais.
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Os casos mais graves são os dos arcos cruzeiros que serão alvo de estudo específico. A
maioria das rachaduras tem direção relativamente vertical e estão localizadas sobre vãos ou
estão próximas às extremidades das paredes.
Há uma rachadura na fachada da Igreja Conventual que perpassa toda a espessura do
paramento, sendo reconhecida em ambos os lados e nos intradorsos dos vãos superiores e
inferiores.
Os procedimentos para recuperação das rachaduras estão mencionados a seguir, sendo de
dois tipos: um de costura e outro de injeção. Os arcos das paredes 5 e 7 serão tratados
separadamente.
– Quanto à consolidação por injeção
As rachaduras que se encontrarem próximo a elemento decorativo e nos intradorsos dos
vãos deverão ser consolidadas através de injeção de argamassa a base de cal hidráulica.
Inicialmente é injetado um jato de ar a baixa pressão para remoção de partes soltas internas.
Segue-se com a colocação da solução água a álcool hidratado na proporção de 50% cada. A
argamassa a ser inserida tem o traço de 1:3 de cal hidráulica com agregado de diâmetro
preferencialmente de 0,25mm. Caso a penetração dessa argamassa se torne dificultosa,
pode-se alterar o traço para 1:2,5, ou 1:2. Não se deve diminuir o diâmetro do agregado.
O preenchimento poderá ser feito por gotejamento ou injeção manual. No caso dos
intradorsos, devido ao seu posicionamento horizontal e contra a gravidade, pode ser
necessário o uso de uma bomba manual que facilite a penetração da argamassa até as
partes mais profundas da rachadura.
– Quanto à consolidação por costura
A consolidação por costura será feita em todas as demais rachaduras. Iniciando-se de cima
para baixo, retira-se os tijolos e pedras nas laterais da rachadura, considerando 20cm para
cada lado de abertura. Essa medida pode ser alterada caso se depare com uma pedra de
maior dimensão, cuja remoção ocasione maiores riscos de danos.
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A abertura da rachadura deverá ser feita em toda a profundidade da rachadura. A
recomposição desse vazio deverá ser feita com os tijolos e pedras encontrados nas ruínas e
previamente lavados. A argamassa de assentamento é aquela descrita anteriormente, cujo
traço é 1:3 de cal e areia com diâmetro de 0,25mm. O nivelamento com o paramento vertical
deverá acompanhar a superfície, não devendo haver protuberâncias ou cavidades.
Se a rachadura se encontrar em local com revestimento de argamassa (emboço e/ou
reboco), esse deverá ser refeito conforme os traços especificados pelas análises
laboratoriais.
Resumo da consolidação estrutural dos arcos
Vista do arco da parede 5A com escoramento provisório
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As ruínas são remanescentes de uma construção em alvenaria mista de pedra e tijolo de
barro, provavelmente coberta com telhado de madeira, pisos intermediários também em
barrotes e assoalho de madeira.
Os arcos principais, um na Igreja Conventual e outro na Igreja da Ordem Terceira de São
Francisco, estão muito degradados. Principalmente o da Igreja Conventual, que tem dois
arcos de tijolos separados e com um fechamento de parede de tijolos separadas por uma
área oca.
Os arcos foram escorados provisoriamente em 2008, quando foi construído um equipamento
que permitiu que fosse aplicado um atirantamento de modo a prover a falta de reação
horizontal nas impostas.
A solução proposta prevê as seguintes fases:
a) Limpeza cuidadosa da vegetação existente nos arcos;
b) Pré-consolidação, que consistirá no preenchimento dos vazios hoje existentes em função
de trincas e carreamento de materiais por água de chuva, de modo a recuperar o
funcionamento de estruturas a compressão onde a transmissão dos esforços é feita pelo
contato entre as pedras vizinhas. Este preenchimento deverá ser feito com argamassa de cal
hidráulica, pedras e tijolos remanescentes originais, em traço aprovado pela Fiscalização;
c) Colocação de barras de aço presas em chapas instaladas provisoriamente ao longo do
topo da parede, que por sua vez sustentarão chapas atirantadas sob o arco principal de
modo a manter a integridade da estrutura durante a execução da obra;
d) Demolição do arco inferior bem como da tijoleira que se apoia nele servindo de
fechamento;
e) Execução de arco de concreto armado, com armaduras em aço galvanizado;
f) Atirantamento definitivo através de barras de aço horizontais, de aço especial com
resistência ao escoamento da ordem de 850 MPa, ancoradas no próprio arco de concreto.
Estas barras servirão como reforço estrutural, promovendo uma resistência aos esforços
horizontais que promovem o funcionamento da estrutura como arco e deste modo evitando
que a estrutura de alvenaria sofra esforços horizontais.
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A análise de estruturas antigas, de materiais frágeis como as alvenarias mistas, e com base
nas suas patologias é bastante complexa. Principalmente em estruturas de ruínas, que já não
têm o seu sistema completo, isto é, elementos que não exercem função estrutural, mas que
de algum modo fazem parte do conjunto (telhados, terças, cobertura) já não existem mais,
fragilizando todo o sistema.
As patologias ocorrem ao longo de anos e se superpõe, sendo todas “lidas” ao mesmo
tempo, quando na maioria das vezes, algumas podem ser o gatilho que provocou o
aparecimento de várias outras.
Os arcos encontram-se bastante fragilizados e que é difícil entender qual a causa inicial desta
fragilização. Pode ter ocorrido infiltrações que penetraram pelo topo das alvenarias e que
foram agravadas pela perda da reação horizontal provocada pela queda das paredes laterais.
Outra possibilidade, como causa principal, pode ter sido a queda das paredes e
posteriormente as fissuras tenham sido agravadas pela penetração de água pela alvenaria.
Deste modo, a solução proposta foi a de se fazer uma primeira fase de pré-consolidação,
quando as trincas deverão ser tratadas ou por processos de costura com substituição parcial
das partes afetadas ou por embrechamento com argamassas. Após esta pré-consolidação,
serão colocadas cintas metálicas por baixo do arco superior ligada a barras metálicas que
suspenderão a estrutura de alvenaria do arco superior.
Depois desta primeira consolidação e da suspensão da carga, entende-se que o
escoramento poderá ser aliviado possibilitando o trabalho nos arcos inferiores. Deste modo,
as paredes de vedação entre os dois arcos de tijolos e o arco inferior de tijolos deverão ser
desmontados para a execução em seu lugar de um novo arco em concreto armado, com
armaduras galvanizadas. Este arco deverá assumir a responsabilidade de suportar as
estruturas superiores do conjunto de alvenaria.
Seu apoio será no maciço que suporta o arco atual, devendo o arco de concreto ter um
pequeno engrossamento no seu apoio para transmitir uma tensão de cerca de 5 kgf/cm2 ao
maciço.
Após reuniões com o Iphan, a proposta evoluiu para um atirantamento ligado ao próprio arco
de concreto, de modo que este não transfira nenhum esforço horizontal à parede e tampouco
atuassem tensões localizadas neste maciço provenientes da ancoragem.
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Deste modo, uma solução com atirantamento externo tem mais confiabilidade, e por isto foi
adotada no projeto ora proposto.
Resumo da intervenção:
Remoção de vegetação
Atirantamento provisório
Remoção do arco abatido e tijoleira decorativos
Construção de arco em concreto estrutural no local do arco abatido, resguardando a
volumetria original.
Atirantamento horizontal.
Remoção do atirantamento provisória e fechamento do vão
Nossa proposta foi desenvolvida de modo a fornecer uma alternativa viável para o reforço,
tentando levar em conta todos os parâmetros que intervêm no problema e pensando no
resultado futuro, de longo prazo, uma vez que se trata de estrutura de ruína exposta ao
tempo e de difícil manutenção.
O tirante foi colocado porque as estruturas em arco, para funcionar, mobilizam um empuxo
horizontal. Num caso como este o empuxo é de difícil avaliação, pois eventualmente o arco
não está limitado à tijoleira aparente, sendo também definido como parte da estrutura de
pedra superior, conforme se vê na figura que mostra as tensões principais no arco.
Questão sobre a aparência final
De acordo com essa proposta de consolidação, consideramos que essa intervenção deverá
ficar aparente.
A remoção do arco abatido inferior é um procedimento necessário para que nesse local seja
instalado o arco estrutural em concreto.
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Essa opção manterá a volumetria e desenho originais e identificará a sua pré-existência com
a substituição dos materiais: o arco abatido será em concreto e a tijoleira que recobre o vão
do arco abatido até o arco pleno original será recomposta com tijolos maciços, que podem
ser originais ou novos.
A remoção de material original não é um procedimento comum em restauração, mas nesse
caso específico, a prioridade é a estabilização das estruturas com manutenção e
monitoramento facilitados.
Acreditamos que dessa forma foram respeitados os princípios da restauração em deixar à
mostra as intervenções executadas e o sacrifício de determinados elementos se justifica pelo
conjunto exposto de avaliações das diferentes possibilidades de consolidação.
Bibliografia
ASHURST, J. ‘Conservation of Ruins’. Londres: Butterworth-Heinemann, 2007
BRAGA, M. ‘Conservação e Restauro – pedra, pintura mural e pintura sobre tela’. Rio de
Janeiro: Editora Rio, 2003
_________ Organização et al. ‘Conservação e Restauro – Arquitetura Brasileira’. Rio de
Janeiro: Editora Rio, 2003
_________, et al. ‘Ornatos em Madeira – Restauração e Conservação’. Rio de Janeiro: Infólio
- Coleção Artes e Ofícios, 2009
OLIVEIRA, M. M. ‘Tecnologia da Conservação e da Restauração – materiais e estruturas’.
Salvador: EDUFBA, 2002
PROSKE, D. e VAN GELDER, P. ‘SAFETY OF Historical Arch Bridges’. Nova Iorque:
Springer-Verlag, 2009
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