Carta ‐ Dor de Mãe Esta carta consta no livro de registro, possivelmente escrito por uma mãe ao deixar seu filho na Roda dos Expostos. Datado de 21 de Maio de 1922. Tradução da Carta: 21‐ 05‐1922 Dor de Mãe Filho não posso agasalhar‐te a vida Parece que a vida me vai finar Quem te pudesse, a ti Serafim Levar junto a mim, para a campa final A campa eu vou ai depois da morte Quem sabe a morte que minha alma tem Que anseios filho que assaz profundo Vai neste mundo a vida de tua mãe À todos perdôo que me deram E guarda os segredos que me ouviste aqui E se avistares do Senhor a sede Por mim lhe pede que eu também morri Vai filho que te deram seus cantos Por estes prantos que os meus olhos tem E se em mim perder maternal ternura A Virgem pura que seja sua Mãe Teu pai rogado por inglória surda Que vida orrenda viverá também Sem o destino nosso, não puder saber Se foi morrer, meu filho e tua Mãe Seu morrer de deixarei somente Hum beijo ardente de derradeiro adeus São os tesouros que eu para ti contenho Nada mais tenho que oferecer‐te os Céus Fim Pelas chagas de Cristo Lhe peço guardarem este papel Junto com meu filho que eu se deus Me der vida e saúde daqui alguns meses darei O que eu puder para encontrar meu filho peço não o darem sem que levem uma carta igual a esta e o retrato também Se morrermos sem nos vermos mais de Deus nos junte nos Céus Adeus Meu Filho pede a Deus por mim Adeus. *Tradução: Maria Nazarete de Barros Andrade – Coordenadora do Museu e Capela da Santa Casa de Misericórdia de SP Carta Recebam‐me Carta deixada com a criança Antonio Moreira de Carvalho na Roda dos Expostos. Datado de 27 de Junho de 1922
VERSO:
Tradução da Carta: FRENTE “Recebam‐me Chamo‐me Antonio Sou um Orphansinho De pae, porque elle abandonou minha mãe. Ella é muito boa e Me quer bem, mas Não pode tratar de mim. Estou magrinho assim Porque ella não tem leite É muito pobre e precisa trabalhar. Porisso elle me poz Aqui para a Irmã Ursula Tratar de mim. Não me entreguem a ninguém Porque minha mãe Algum dia vem me buscar O meu nome inteirinho é Antonio Moreira de Carvalho E o da m/ mãe é Angélica. Estou com sapinho e com fome. Minha mamãe não sabe tratar de sapinho e não Sabe o que me dar Para eu ficar gordinho. Minha mãe também agradece aos Srs. Pelo bom trato que me derem.”. 27‐6‐.1922 *Tradução: Maria Nazarete de Barros Andrade – Coordenadora do Museu e Capela da Santa Casa de Misericórdia de SP
Carta ‐ Dor de Mãe Esta carta consta no livro de Registro dos Expostos, possivelmente escrito por uma mãe ao deixar seu filho na Roda. Datado de 21 de Maio de 1922 FRENTE VERSO Tradução da Carta Dor de Mãe Tradução da Carta Dor de Mãe
21‐ 05‐1922 FRENTE 21‐ 05‐1922 VERSO
Filho não posso agasalhar‐te a vida Parece que a vida me vai finar Quem te pudesse, a ti Serafim Levar junto a mim, para a campa final A campa eu vou ai depois da morte Quem sabe a morte que minha alma tem Que anseios filho que assaz profundo Vai neste mundo a vida de tua mãe À todos perdôo que me deram E guarda os segredos que me ouviste aqui E se avistares do Senhor a sede Por mim lhe pede que eu também morri Vai filho que te deram seus cantos Por estes prantos que os meus olhos tem E se em mim perder maternal ternura A Virgem pura que seja sua Mãe Teu pai rogado por inglória surda Que vida orrenda viverá também Sem o destino nosso, não puder saber Se foi morrer, meu filho e tua Mãe Seu morrer de deixarei somente Hum beijo ardente de derradeiro adeus São os tezouros que eu para ti contenho Nada mais tenho que oferecer‐te os Céus Fim Pelas chagas de Cristo Lhe peço guardarem este papel Junto com meu filho que eu se deus Me der vida e saúde daqui alguns mezes darei O que eu puder para encontrar meu filho peço não o darem sem que levem uma carta igual a esta e o retrato também Se morrermos sem nos vermos mais de Deus nos junte nos Céus Adeus Meu Filho pede a Deus por mim Adeus. Matricula do Exposto José Sylvio.
Na página do livro de registro consta um Santinho Sagrado Coração de Jesus, partido ao meio e uma fotografia 10x7 possivelmente da mãe. Datado 22 de maio de 1922 Página de um caderno de culinária da Irmã Maria Luiza da Congregação de São José de Chambéry, com trabalho das crianças expostas. Datado 13 de Julho de 1954 
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Tradução: Maria Nazarete de Barros Andrade