UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM CLÍNICA MÉDICA E CIRÚRGICA
DE PEQUENOS ANIMAIS
GASTROPEXIA NA SÍNDROME DILATAÇÃO-VOLVO GÁSTRICA
Fatima Baptista D´Alkimin
Londrina, set. 2008
FATIMA BAPTISTA D´ALKIMIN
Aluna do Curso de Especialização em Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos
Animais
Londrina da UCB
GATROPEXIA NA SÍNDROME DILATAÇÃO-VOLVO GÁSTRICA
Trabalho monográfico apresentado
ao Curso de CMCPA – Londrina.
TCC apresentado à UCB como
requisito parcial para obtenção do
Título de Licenciado em CMCPA –
Londrina-PR, sob a orientação do:
Prof. Dr. Alceu Gaspar Raiser.
Londrina, set. 2008
GASTROPEXIA NA SÍNDROME DILATAÇÃO-VOLVO GÁSTRICA
Elaborado por Fatima Baptista D´Alkimin
Aluna do Curso de Especialização em Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos
Animais – Londrina da UCB
Foi analisado e aprovado com
grau:_______
Londrina, ___ de ____________ de 2008
_______________________
Membro
_______________________
Membro
_______________________
Prof. Dr. Alceu Gaspar Raiser
Presidente
Londrina, set. 2008
ii
Dedicatória
Dedico este trabalho a minha família.
iii
Agradecimentos
Primeiramente a Deus, e a todos que, de
forma direta ou indireta, participaram na
formação deste trabalho.
iv
RESUMO
D´ALKIMIN, Fatima Baptista.
Gastropexia na síndrome dilatação-volvo gástrica.
A síndrome dilatação-volvo gástrica (DVG) caracteriza-se por um
incremento do volume gástrico por gás, fluidos e obstrução, com conseqüentes
alterações fisiopatológicas e sistêmicas. A DVG trata-se de uma enfermidade
aguda, que afeta predominantemente cães de raças grandes e gigantes. Sua
etiologia ainda é desconhecida, porém acredita-se que multifatores predispõe a
sua ocorrência, e estudos realizados sugerem que a dilatação precede o
vólvulo. O seu diagnóstico é fundamentado nos sinais clínicos, exame físico e
exame radiográfico. Nesta síndrome, mesmo que os animais recebam o
tratamento emergencial de maneira adequada, ocorre uma taxa elevada de
mortalidade. O tratamento emergencial de DVG consiste, na reposição rápida
de grandes volumes de líquido e eletrólitos através da fluidoterapia intravenosa,
descompressão gástrica e, assim, que o animal apresentar condições para ser
submetido à anestesia, realiza-se uma laparotomia para desfazer o volvo e
avaliar a viabilidade das vísceras abdominais, além de realizar a fixação do
estômago à parede abdominal por métodos de gastropexia, que reduzem a
probabilidade de recidivas. As técnicas incluem a gastropexia com sonda,
gastropexia, gastropexia circuncostal, gastropexia incisional e gastropexia de
alça de cinto. No presente trabalho coube a finalidade de descrever os
múltiplos fatores de predisposição ao quadro, considerações gerais e
fisiopatológicas e clínicas relevantes para esta enfermidade como também as
formas de diagnóstico, considerações anestésicas, métodos de tratamentos
clínico e cirúrgico, medidas de profilaxia e principalmente na descrição e
discussão quanto aos diferentes métodos de gastropexia.
PALAVRA CHAVE: gastropexia, dilatação volvo-gástrica, cão.
v
"A verdadeira viagem do descobrimento não
consiste em procurar novas paisagens, mas
em ver com novos olhos."
Marcel Proust
vi
LISTA DE FIGURAS
Página
Figura 1: Fatores desencadeantes da síndrome dilatação-volvo gástrica. ....... 14
Figura 2: Estômago dilatado por gás e fluido em um cão com síndrome
dilatação-volvo gástrica. ................................................................................... 15
Figura 3: Direção da rotação gástrica na maior parte dos cães com síndrome
dilatação-volvo gástrica. ................................................................................... 15
Figura 4: Rotação de 360º que ocorre no volvo................................................ 16
Figura 5: Diagrama ilustrando um cão com síndrome dilatação-volvo gástrica,
resultando em compressão dos grandes vasos (veia cava caudal e veia porta)
......................................................................................................................... 17
Figura 6: Efeitos fisiopatológicos locais e sistêmicos associados à síndrome
dilatação-volvo gástrica .................................................................................... 17
Figura 7: Cão macho da raça Shar pei com síndrome dilatação-volvo gástrica.
......................................................................................................................... 19
Figura 8: Cão macho da raça Dobermann com síndrome dilatação-volvo
gástrica. ............................................................................................................ 19
Figura 9: Exame Radiográfico de um cão macho da raça Dobermann com
síndrome dilatação-volvo gástrica. ................................................................... 20
Figura 10: Exame radiográfico de um cão macho da raça Dobermann com
síndrome dilatação-volvo gástrica. ................................................................... 20
Figura 11: Anatomia cirúrgica: o estômago pode ser dividido em cárdia, fundo,
corpo, antro pilórico, canal pilórico e óstio pilórico ........................................... 26
Figura 12: Gastrostomia temporária ................................................................. 28
Figura 13: Gastrostomia temporária ................................................................. 28
Figura 14: Remoção da curvatura maior gástrica ............................................. 30
Figura 15: Diagrama ilustra uma gastropexia com sonda em cão .................... 31
Figura 16: Sutura de uma gastropexia com sonda. .......................................... 32
Figura 17: Cateter de Foley .............................................................................. 32
Figura 18: Fixação externa do Cateter de Foley na parede abdominal externa 33
Figura 19: Fixação externa do cateter de Foley na parede abdominal ............. 33
vii
Figura 20: Imagem por endoscopia: verificação da gastrostomia e fixação
correta do cateter de Foley ............................................................................... 34
Figura 21: Tipos de tubo gástrico disponível em material de látex e silicone
além do cateter de Foley .................................................................................. 35
Figura 22: Remoção do tubo que pode promover uma sepse e peritonite ....... 35
Figura 23: Gastropexia circuncostal ................................................................. 37
Figura 24: Técnica de retalho ........................................................................... 37
Figura 25: Gastropexia de retalho muscular ..................................................... 38
Figura 26: Gastropexia incisional ..................................................................... 39
Figura 27: Gastropexia incisional ..................................................................... 39
Figura 28: Gastropexia incisional ..................................................................... 40
Figura 29: Gastropexia incisional ..................................................................... 40
Figura 30: Gastropexia incisional ..................................................................... 40
Figura 31: Gastropexia incisional ..................................................................... 41
Figura 32: Gastropexia incisional ..................................................................... 41
Figura 33: Gastropexia incisional completada .................................................. 42
Figura 34: Gastropexia de Alça de Cinto .......................................................... 43
Figura 35: Gastropexia de Alça de Cinto .......................................................... 43
Figura 36: Gastropexia de Alça de Cinto .......................................................... 44
Figura 37: Gastropexia de Alça de Cinto .......................................................... 44
Figura 38: Médico veterinário cirurgião realizando a Gastropexia Incisional
Laparoscópica .................................................................................................. 45
Figura 39: Gastropexia Incisional Laparoscópica completada .......................... 46
Figura 40: Exame histopatológico .................................................................... 48
Figura 41: Vasilha indicada para cães que se alimentam com rapidez,
diminuindo a aerofagia. .................................................................................... 54
viii
SUMÁRIO
Página
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................... 10
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ...................................................................... 12
2.1 EPIDEMIOLOGIA E MÚLTIPLOS FATORES DE RISCO ......................................... 12
2.2 CONSIDERAÇÕES GERAIS E FISIOPATOLOGIA CLINICAMENTE RELEVANTE ........ 14
2.3 DIAGNÓSTICO ............................................................................................. 18
2.3.1 APRESENTAÇÃO CLÍNICA ............................................................................ 18
2.3.2 EXAME RADIOGRÁFICO .............................................................................. 19
2.3.3 ACHADOS LABORATORIAIS ......................................................................... 21
2.3.4 DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL........................................................................ 21
2.4 TRATAMENTO CLÍNICO ................................................................................. 22
2.5 ANESTESIA PARA SÍNDROME DILATAÇÃO-VOLVO GÁSTRICA ............................ 23
2.6 TRATAMENTO CIRÚRGICO ............................................................................ 24
2.6.1 ANATOMIA CIRÚRGICA E POSICIONAMENTO .................................................. 24
2.6.2 TÉCNICA CIRÚRGICA .................................................................................. 26
2.6.2.1 Gastrostomia temporária ...................................................................... 27
2.6.2.2 Gastrectomia parcial e invaginação do tecido gástrico ........................ 29
2.6.2.3 Gastropexia com sonda ....................................................................... 30
2.6.2.3.1 Considerações sobre os tubos gástricos ........................................... 34
2.6.2.4 Gastropexia circuncostal ...................................................................... 36
2.6.2.5 Gastropexia com retalho muscular (incisional) .................................... 38
2.6.2.6 Gastropexia de alça de cinto ................................................................ 42
2.6.2.7 Gastropexia laparoscópica ................................................................... 44
2.6.2.8 Cicatrização do ferimento gástrico ....................................................... 46
2.6.2.9 Materiais de sutura............................................................................... 46
2.7 CUIDADOS E AVALIAÇÃO PÓS-OPERATÓRIA ................................................... 47
2.8 COMPLICAÇÕES PÓS-OPERATÓRIAS ............................................................. 47
2.9 PROGNÓSTICO ............................................................................................ 48
3. DISCUSSÃO SOBRE AS TÉCNICAS CIRÚRGICAS ENVOLVIDAS NA
SÍNDROME DILATAÇÃO-VOLVO GÁSTRICA ............................................... 50
4. MEDIDAS PROFILÁTICAS QUANTO A SÍNDROME DILATAÇÃO-VOLVO
GÁSTRICA ....................................................................................................... 54
5. CONCLUSÃO ............................................................................................ 55
6. REFERÊNCIAS .......................................................................................... 56
ix
1. INTRODUÇÃO
O sistema digestório dos cães é complexo, composto por órgãos de
diferentes estruturas anatômicas e funcionais que atuam coordenadamente na
execução do processo de digestão e absorção dos nutrientes e água,
necessários à manutenção da homeostase corporal (TOLEDO et al., 2004).
Dessa forma, a função disgetória adequada depende da atuação correta
e coordenada da cavidade oral, esôfago, estômago, intestino delgado e grosso,
assim como das glândulas salivares, pâncreas exócrino e fígado, além de uma
complexa
interação
com
os
outros
sistemas
corporais
como
músculoesquelético e neuroendócrino (TOLEDO et al., 2004).
O aumento do tamanho do estômago associado com a rotação em seu
eixo mesentérico é uma forma de atuação imperfeita da função digestória
denominada síndrome dilatação-volvo gástrica (DVG), que também é
conhecida como torção gástrica, timpanismo e empazinamento (FOSSUM et
al., 2002). Este aumento da pressão no interior do estômago, desencadeia
desordens fisiopatológicas locais e sistêmicas que podem induzir o animal ao
óbito (WARD et al., 2003).
Numerosos fatores ambientais podem favorecer ao quadro como sexo,
raça, idade, conformação corpórea, dieta e exercícios, tem sido implicado como
causa da DVG, que predispõe ao acúmulo de gás, fluido e alimento no
estômago, o qual com a obstrução do cárdia impede a eructação e emese e
com a obstrução do piloro impede a passagem do conteúdo gástrico para o
intestino (WARDI et al., 2003; McGAVIN et al., 2007). A causa do aumento de
gás gástrico não é bem conhecida, teorias incluem que o gás possa ser
produzido por Clostridium perfringens produzido por esporos presentes no
11
alimento, a formação de CO2 durante a digestão, e principalmente oriundos da
aerofagia (McGAVIN et al., 2007).
O diagnóstico de DVG é baseado, primeiramente no exame físico do
animal, que inclui abdome distendido, esplenomegalia devido a rotação passiva
do baço, excessiva salivação e sinais de choque hipovolumênico. A má posição
gástrica pode ser intermitente, ou crônica, assim, radiografias simples ou
contrastadas são diagnósticas, mas poderão ser necessárias radiografias
repetidas se o estômago se mal posicionar intermitentemente (FOSSUM et al.,
2002).
A síndrome DVG é uma enfermidade aguda, que requer tratamento
emergencial, o qual consiste na rápida reposição de grandes volumes de
líquido, e eletrólitos por meio da fluidoterapia intravenosa em veias de grosso
calibre craniais ao diafragma, descompressão gástrica e, assim, que o animal
apresentar condições para ser submetido à anestesia, realiza-se, uma
laparotomia para desfazer o volvo, e avaliar a viabilidade das vísceras
abdominais. Deve-se, realizar uma cirurgia de gastropexia, tão logo o animal
fique estabilizado, mesmo que o estômago já tenha sido descomprimido
(COSTA et a., 1999).
O método de gastropexia que consiste na aderência permanente do
estômago na parede abdominal, é fundamental para impedir a ocorrência de
futuras recidivas da síndrome DVG (FOSSUM et al., 2002). Ainda, a rotação de
um estômago não descomprimido, interfere no seu fluxo sangüíneo, e pode
potencializar necrose gástrica, e ainda sucessiva ocorrência de dilatação
gástrica, induzem, ao estiramento e relaxamento do ligamento hepatogástrico,
que combinada com o excesso de alimento, e exercícios pós-prandial, podem
levar a recidiva do quadro de DVG (McGAVIN et al., 2007).
O presente trabalho tem o intuito de abordar os múltiplos fatores
predisponentes, as considerações gerais, fisiopatológicas e clínicas relevantes
para esta enfermidade, como também as formas de diagnóstico, as
considerações anestésicas, os métodos de tratamentos clínico e cirúrgico,
principalmente quanto aos diferentes métodos de gastropexia.
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1
Epidemiologia e Múltiplos Fatores de Risco
Classicamente, a síndrome de DVG é uma afecção aguda, com taxa de
mortalidade de 30 a 45% nos animais tratados (FOSSUM et al., 2002).
Estudos feitos em animais não tratados a taxa de mortalidade descrita foi de
68% (PASS; JOHNSTON, 1973), e animais tratados cirurgicamente a taxa de
mortalidade registrada foi de 33% (MUIR, 1982). Já em outro estudo realizado
por Glickman et al. (1994), com 1.934 cães, a taxa de mortalidade foi de 28,6%
para cães com dilatação gástrica e 33,6% com síndrome dilatação-volvo
gástrica. Ainda, em um estudo conduzido por Brockman et al. (1995) em 295
cães com o diagnóstico confirmado, e posterior tratamento cirúrgico, a taxa de
mortalidade apresentou-se de 15%. Acredita-se, que um dos fatores que
contribui para a alta taxa de mortalidade do quadro sejam as alterações
celulares, que continuam a ocorrer após a correção cirúrgica do volvo, devido
às lesões de reperfusão nos tecidos anteriormente isquêmicos (COSTA et al.,
1999).
Segundo Davidson, (1992) usualmente os cães de raças grandes e
gigantes são os mais acometidos. Desse modo, cães de raças grandes e
gigantes tal qual Great Dane, Weimaraner, Pastores Alemães, São Bernardo,
Setter Gordon, Setter Irlandês, Rottweiler e Dobermans são raças de alto risco
à síndrome dilatação-volvo gástrica. Animais mestiços dessas raças grandes e
gigantes também possuem uma predisposição à enfermidade quando
comparados com cães mestiços de raças médias e pequenas, assim acreditase em predisposição genética (GLICKMAN et al., 1994; BROCKMAN et al.,
1995; BROOMI; WASH, 2003). Os Shar peis podem ter maior incidência em
13
comparação com outras raças de porte médio (FOSSUM et al., 2002). Aliás,
em um estudo dirigido por Glickman et al. (1994), relatou que os Basset hounds
apresentam alto risco de DVG apesar de seu porte relativamente pequeno.
Estudos controlados, com a dieta em cães, levando em consideração
como um dos fatores predisponentes a DVG, não se tem conduzido, mas
baseado nas observações clínicas e em laboratórios de experimentos, a
alimentação fornecida em menor em menos vezes ao dia, o consumo de
grande quantidade de alimento, o consumo rápido do alimento, a alta ingestão
hídrica, exercícios após a alimentação, e o consumo de alimentos ricos em
grãos tem sido implicado como etiologia da DVG (Fig. 01). O gás presente no
estômago na DVG, sua maior parte é ar atmosférico com composição diferente
do gás produzido pela microbiota gástrica, assim considera-se a aerofagia
como a principal causa do gás gástrico na DVG. A secreção gástrica normal, e
a transudação de fluidos no interior do lúmen gástrico, como resultado de
congestão venosa, concorrem para o acúmulo de fluido (Fig. 01) (GLICKMAN
et al., 1997).
A participação da gastrina, de desordens mioelétricas, e da motilidade
esofágica na DVG ainda é incerta (HOSGOOD, 1994).
Um achado significante, em cães com DVG é a distensão e relaxamento
do ligamento hepatogástrico (McGAVIN et al., 2007). Uma possível explicação
para esta associação, é que o ligamento hepatogástrico quando distendido em
condições de estômago dilatado (gás), predispõe a uma maior facilidade de
rotação gástrica. O prolongamento do ligamento hepatogástrico precede o
começo da DVG, isto ocorre com maior freqüência em cães com tórax profundo
e estreito. O tórax profundo e estreito, também está associado ao maior risco
de DVG (Fig. 01) (GLICKMAN et al., 1997).
A hipertrofia pilórica da mucosa ou da camada muscular pilórica,
também pode estar envolvida no processo de etiologia de DVG, em animais
mais velhos (WILLARD, 1995).
Glickman et al. (1997), estudaram cães com DVG e constataram que a
idade de maior ocorrência são animais de 3 a 6 anos com peso próximo de 17
a 39 kg, e que residem em ambientes urbanos; tem maior ocorrência em cães
14
machos acima do peso ideal, com temperamento tido pelos proprietários como
demasiadamente bravos.
Figura 1: Fatores desencadeantes da síndrome dilatação-volvo gástrica.
Fonte: COSTA et al. (1999)
Segundo Brourman et al. (1996) que avaliaram fatores associados com o
quadro clínico pré-operatório e a taxa de mortalidade de cães com DVG, em
137 casos, relataram que a necrose gástrica está associada com a alta taxa de
mortalidade em 46% dos casos, e que a presença de arritmias cardíacas está
associada a 38% da taxa de mortalidade em cães com DVG.
Outras causas contribuintes para a DVG incluem íleo paralítico,
traumatismo, vômito e estresse (FOSSUM et al., 2002).
2.2
Considerações Gerais e Fisiopatologia Clinicamente Relevante
Acredita-se, que o aumento do estômago, se associa à obstrução de
escoamento gástrico funcional e mecânica o estômago aumenta á medida que
15
se acumula gás e/ou fluido dentro de seu lúmen (Fig. 02) (FOSSUM et al.,
2002).
Geralmente, o estômago gira no sentido horário quando visto pela
perspectiva do cirurgião (o cão deitado de costas e o clínico de pé ao lado do
cão, olhando-o cranialmente [Fig. 03]). A rotação pode ser 90 a 360º, mas
costuma ser de 220 a 270º. O duodeno e o piloro, se movem ventralmente e
para a esquerda da linha média, ficando deslocados entre o esôfago e o
estômago. O baço se desloca para o lado ventral direito do abdome (Fig. 04)
(FOSSUM et al., 2002; McGAVIN et al., 2007).
Figura 2: Estômago dilatado por gás e fluido em um cão com síndrome dilatação-volvo gástrica.
Fonte: COSTA et al. (1999)
Figura 3: Direção da rotação gástrica na maior parte dos cães com síndrome dilatação-volvo
gástrica.
Fonte: FOSSUM et al. (2002).
16
Figura 4: Rotação de 360º que ocorre no volvo
Fonte: McGAVIN et al. (2007)
Esse diagrama confeccionado a partir de fotografias feitas à necropsia ilustra a rotação de 360º
que ocorre no volvo. O baço está dobrado e deslocado na parte direita cranial do abdome
A compressão das veias cava caudal e porta, pelo estômago distendido,
diminui o retorno venoso e o débito cardíaco, causando isquemia miocárdica.
Ocorrem, diminuições na pressão venosa central, no volume de ejeção, nas
pressões arteriais médias e no débito cardíaco (Fig. 05). O choque obstrutivo e
a perfusão tecidual inadequada afetam órgãos múltiplos, incluindo rins,
coração, pâncreas, estômago e intestino delgado (Fig. 06). Em muitos cães
com DVG (particularmente aqueles que apresentam com necrose gástrica),
aparecem arritmias cardíacas. As arritmias podem contribuir para a
mortalidade, e exigem monitorização e tratamento adequado. Também, se tem
reconhecido o fator depressor do miocárdio, em cães afetados. Tem-se
afirmado que uma lesão por reperfusão, causa boa parte dos danos teciduais,
que acarretam morte após a correção de DVG. Teoricamente, a lesão tecidual
permite que bactérias passem para a circulação sangüínea, o que poderia
resulta em choque endotóxico (DAVIDSON, 1992; WILLARD, 1995; McGAVIN
et al., 2007). Além disso, recentemente foram constatadas evidências de que
as lesões teciduais produzidas na síndrome dilatação-volvo gástrica são, em
grande parte, devidas à peroxidação lipídica, provocada por radicais livres
formados em grandes quantidades, logo após a reperfusão dos tecidos
isquêmicos pelo sangue oxigenado (COSTA et al., 1999). Lazaróides, que
inibem a superoxidação lipídica, parecem diminuir as lesões de reperfusão e
podem, eventualmente, aumentar a sobrevivência (FOSSUM et al., 2002).
17
Também foi demonstrado que o emprego de agentes farmacológicos com
atividade antioxidante, imediatamente antes da correção do volvo, diminui
significativamente a taxa de mortalidade e as lesões de reperfusão em um
grupo de cães com volvo gástrico experimental (MATTHIESEN, 1993).
Figura 5: Diagrama ilustrando um cão com síndrome dilatação-volvo gástrica, resultando em
compressão dos grandes vasos (veia cava caudal e veia porta)
Fonte: WILLARD, (1999)
Figura 6: Efeitos fisiopatológicos locais e sistêmicos associados à síndrome dilatação-volvo
gástrica
Fonte: COSTA et al. (1999)
18
Segundo Walker et al. (2004) que realizaram a mensuração de
marcadores do estresse oxidativo, como o malonaldeído, F2 - isoprostane e
antioxidantes endógenos como a vitamina E, vitamina C e enzima glutationa
peroxidase em oito cães, com a síndrome dilatação-volvo gástrica natural,
constataram, um desequilíbrio, entre oxidantes e antioxidantes, observando um
significante aumento de F2 – isoprostane, e a redução mais significativa ainda
da enzima glutationa peroxidase; encontraram também a redução nos níveis de
vitamina E e vitamina C, nesses animais. Resultados semelhantes foram
observados por Thomas et al. (2007).
Estudos realizados por Chan, (2008) com a suplementação de
antioxidantes, Omega 3ω, arginina e glutamina, observaram a redução do
estresse oxidação presente nas
enfermidades do sistema digestório,
principalmente na síndrome dilatação-volvo gástrica em cães.
2.3
Diagnóstico
2.3.1 Apresentação clínica
Um cão com DVG pode apresentar-se com o histórico de abdome
timpânico e distensão progressiva, ou o proprietário pode descobrir,
simplesmente, o animal em decúbito e deprimido, com o abdome distendido
(Fig. 06 e 07). O cão pode aparentar dor, e apresentar o dorso arqueado. São
comuns o esforço de vômito improdutivo, depressão, hipersalivação e
inquietação. Ainda, o proprietário pode relatar histórico de exercícios, ou
excitamento, após o consumo de grandes volumes de alimento e água
(DAVIDSON, 1992; WILLARD, 1995).
Os achados no exame físico incluem sinais de choque hipovolumênico,
pulsos periféricos fracos, taquicardia, aumento de tempo de preenchimento
capilar, hipotermia, membranas mucosas pálidas e/ou dispnéia. A palpação
abdominal revela graus de variáveis de timpanismo, ou aumento de tamanho
abdominal, com dor a palpação, pode-se ocasionalmente palpar uma
esplenomegalia (DAVIDSON, 1992; WILLARD, 1995; FOSSUM et al., 2002;
BRUCHIN et al., 2006).
19
Figura 7: Cão macho da raça Shar pei com síndrome dilatação-volvo gástrica.
Fonte: WINGFIELD, (1999)
Observa-se o animal em decúbito, com abdome distendido
Figura 8: Cão macho da raça Dobermann com síndrome dilatação-volvo gástrica.
Fonte: WINGFIELD, (1999)
Observa-se o animal em decúbito, deprimido, com abdome distendido
2.3.2 Exame radiográfico
A radiografia abdominal, não é necessária para o diagnóstico de DVG,
mas é utilizada para confirmação do diagnóstico clinico, e para a diferenciação
entre dilatação gástrica simples e DVG (DAVIDSON, 1992). Os animais devem
ser descomprimidos, antes de se retirar as radiografias. Recomenda-se
incidências radiográficas laterais direitas ou dorsoventais, para melhor
visualização e determinação da rotação do estômago. Em cães com DVG, na
20
vista lateral o piloro se apresenta cranialmente ao corpo gástrico e fica
separado do resto do estômago por um tecido mole, na vista dorsoventral, o
piloro aparece como uma estrutura preenchida com gás, à esquerda da linha
média (Fig. 08 e 09). Ar abdominal livre sugere ruptura gástrica e requer uma
cirurgia imediata (DAVIDSON, 1992).
Figura 9: Exame Radiográfico de um cão macho da raça Dobermann com síndrome dilataçãovolvo gástrica.
Fonte: WINGFIELD, (1999)
Observa-se, na vista lateral, o piloro que se apresenta cranialmente ao corpo gástrico e fica
separado do resto do estômago por um tecido mole
Figura 10: Exame radiográfico de um cão macho da raça Dobermann com síndrome dilataçãovolvo gástrica.
Fonte: WINGFIELD, (1999)
21
Observa-se na vista dorsoventral, o piloro que aparece como uma estrutura preenchida com
gás, à esquerda da linha média
2.3.3 Achados laboratoriais
O hemograma é raramente útil, a menos que uma coagulação
intravascular disseminada (CID) cause trombocitopenia. Embora, possa ocorrer
concentração de potássio normal, ou aumentada, é mais comum a
hipocalemia. A estase vascular pode provocar aumento na produção de ácido
láctico, resultando em acidose metabólica. No entanto, a alcalose metabólica
causada por seqüestro de íons hidrogênio no lúmen gástrico, pode compensar
a acidose metabólica, fazendo que o pH permaneça normal (um distúrbio
ácido-base misto). Acidose respiratória pode ser causada por hipoventilação
secundária á invasão gástrica no diafragma e diminuição na complacência
ventilatória. Por isso, o uso de bicarbonato de sódio é inadequado
(DAVENPORT, et al., 2000; DIBARTOLA et al., 2007).
Em cães, a síndrome de dilatação-volvo gástrica, foi associada à
alcalose respiratória e à acidose metabólica, na qual a alcalose respiratória
pode ser resultante de dor, sepse ou restrição à expansão pulmonar
(DIBARTOLA et al., 2007).
2.3.4 Diagnóstico diferencial
A dilatação gástrica simples, quase sempre ocorre em cãezinhos jovens
por superingestão, e raramente requer tratamento específico (McGAVIN et al,
2007). O estômago mesmo bastante aumentado de tamanho com ingesta e
gás, não fica mal posicionado. O volvo do intestino delgado é um diferencial,
pois resulta em abdome timpânico e aumentado de tamanho; no entanto a
dilatação do trato intestinal fica aparente em radiografias. A torção esplênica
primária causa uma dor abdominal aguda; porém, a distensão gástrica será
leve, se houver. Não se consegue diferenciar de DVG, de dilatação gástrica
sem volvo na passagem da sonda gástrica. Com freqüência, conseguem-se
passar sondas gástricas em cães com estômagos torcidos (FOSSUM et al.,
2002).
22
2.4
Tratamento Clínico
A estabilização do quadro de choque é o primeiro procedimento, após o
diagnóstico da DVG. Primeiramente, deve-se colocar um ou mais cateter
intravenoso de calibre grande na veia jugular, ou nas veias cefálicas.
Administram-se fluidos isotônicos (85-90 mL/kg/hora), solução salina a 7,0%
hipertônica (4 a 5 mL/kg por 5 a 15 minutos) ou heptamido (5 a 10 mL/kg, por
10 a 15 minutos). Usando solução salina hipertônica, é necessário o ajuste da
velocidade, de subseqüente administração de cristalóide (WILLARD, 1995).
Deve-se coletar sangue para análises de gases sangüíneos, hemograma e
perfil bioquímico. Devem-se administrar antibióticos de largo espectro (por
exemplo, cefazolina, ampicilina, mais enrofloxacina) e, possivelmente flunexina
meglumina (no caso de choque séptico 0,5 a 1,1 mg/kg, uso em única dose
devido seus efeitos colaterais gastrentéricos), em caso de dispénia, deve-se
ministrar oxigenoterapia, por insuflação nasal ou máscara (FOSSUM et al.,
2002). Os corticosteróides, também podem ser administrados, embora seu
papel no tratamento do choque hipovolêmico seja incerto, porém promove uma
estabilização de membrana vascular, reduzindo os efeitos do choque
hipovolêmico (dexametasona 2 a 4 mg/kg por via intravenosa, alternativamente
succionato de prednisolona 10 a 20 mg/kg por via intravenosa), também de
acordo com a concentração sérica de potássio, deve-se levar em conta sua
reposição (DAVIDSON, 1992; WILLARD, 1995). A utilização de antihistamínicos H-2, deve ser considerada por reduzir o dano na mucosa do
estômago (WILLARD, 1995).
Para o controle da lesão de reperfusão, como citado anteriormente,
alguns estudos demonstraram uma redução nas lesões teciduais, e também na
taxa de mortalidade de grupos tratados previamente com antioxidantes em
cães com DVG. Assim, o mesilato de deferoxamina é o fármaco mais indicado
para prevenir as lesões de reperfusão na DVG, devendo ser aplicada por via
intravenosa, na dose de 10 mg/kg, 10 minutos antes da descompressão
gástrica e duas horas após a aplicação (COSTA et al., 1999).
O próximo passo é o alívio da distensão gástrica; o estômago pode ser
descomprimido com a utilização de uma sonda gástrica (preferencialmente), ou
23
por punção percutânea, com vários cateteres intravenosos de calibre grande ou
um trocater pequeno (WILLARD, 1995). A sonda gástrica deve ser medida da
ponta do nariz até o processo xifóide, aplicando-se um pedaço de esparadrapo
nela para manter o comprimento correto. Pode-se, colocar um rolo de
esparadrapo entre os incisivos para manter a boca aberta e melhor permitir a
passagem da sonda. Tenta-se passar a sonda até o ponto medido à colocação
do paciente, em diferentes posições, para facilitar a introdução da sonda no
estômago, porém a sonda não deve ser avançada além do ponto medido
(DAVIDSON, 1992; WILLARD, 1995). Não perfure o esôfago com tentativas
vigorosas de passar a sonda. Ainda, em animais com difícil introdução da
sonda gástrica, pode-se sedar o paciente com oximorfona (0,2 a 0,44mg/kg)
(WILLARD, 1995). Falhando tais tentativas, experimenta-se a descompressão
percutânea. Isso poderá aliviar a pressão na cárdia, e permitir que a sonda
entre no estômago. Quando se remove o ar, lava-se o estômago com jatos de
água morna; na presença de sangue, justifica-se uma intervenção cirúrgica
imediata, pois isso pode indicar necrose gástrica. Não se conseguindo passar a
sonda gástrica, e não sendo possível uma correção cirúrgica imediata, poderse-á conseguir uma descompressão temporária, com a realização de
gastrostomia temporária. Não sendo possível uma cirurgia imediata, em animal
no qual se passou a sonda gástrica, mas que dilata rapidamente após a
descompressão, poder-se-á exteriorizar a sonda gástrica por uma abordagem
de faringostomia. Isso evitará que o animal a mastigue, até que possa realizar
uma cirurgia definitiva (DAVIDSON, 1992; FOSSUM et al., 2002). Deve-se
monitorar um ECG para detectar a presença de arritmias cardíacas que, se
forem significativas, deverão ser tratadas com lidocaína antes da cirurgia
(FOSSUM et al., 2002).
2.5
Anestesia para Síndrome Dilatação-Volvo Gástrica
A principal meta na estabilização destes animais é o tratamento do
choque hipovolêmico, mas, além da administração de fluido, o sucesso do
tratamento do choque em animais com síndrome DVG, depende da
descompressão gástrica. Caso ocorra a presença de arritmias cardíacas, como
taquicardia
sinusal
ou
contrações
ventriculares
prematuras,
que
são
24
freqüentemente observadas, devem ser diagnosticadas e tratadas antes da
indução da anestesia. O tratamento dessas arritmias pode ser realizado com
lidocaína (2 - 4 mg/kg, via intravenosa ou 20 a 80 µg/kg/min.) e procainamida
(0,5 a 2,0 mg/kg, via intravenosa, ou 20 a 40 µ/kg/min) separadamente ou
associadas. Os desequilíbrios hidroeletrolíticos, ácido-básicos e distensão
gástrica, devem ser corrigidos o quanto antes para que se promova a
estabilização do animal antes da cirurgia, porém como o estado metabólico é
dificilmente previsível, sugere-se a realização da mensuração do pH
sangüíneo, eletrólitos séricos e concentração de bicarbonato plasmático para
que possa fazer a correção adequada (AMBRÓSIO, 2002).
Inúmeros protocolos são descritos para cães com DVG. Inicialmente
antes da indução da anestesia, deve-se proceder a oxigenoterapia via máscara
facial. Se o estômago do animal já estiver sido descomprimido, e ele estiver
estável hemodinamicamente e não houver arritmias, ele pode ser pré-tratado
com analgésico, como morfina, tramadol ou butorfanol, associado ou não à
acepromazina (metade da dose) e induzido com edomidato e fentanil, propofol,
cetamina e midazolam ou cetamina e diazepam. O edomidato é a melhor
escolha, caso o animal não esteja ainda estável, pois é capaz de manter a
estabilidade hemodinâmica e o ritmo cardíaco. Deve-se evitar a administração
de agentes arritmogênicos, como barbitúricos e halotano, sendo, portanto, o
isoflurano e o sevoflurano os agentes inalatórios de escolha, por serem menos
arritmogênicos (DAVIDSON, 1992; AMBRÓSIO, 2002). A xilazina também deve
ser evitada, pois causa diminuição da pressão do esfíncter gastresofágico,
facilitando o refluxo gástrico, além de diminuir a motilidade intestinal, podendo
prolongar a recuperação da função normal após a correção cirúrgica
(AMBRÓSIO, 2002).
2.6
Tratamento Cirúrgico
2.6.1 Anatomia cirúrgica e posicionamento
O estômago pode ser dividido em cárdia (e óstio cárdico), fundo, corpo,
antro pilórico, canal pilórico, e óstio pilórico. O esôfago entra no estômago pelo
óstio cárdico. O fundo é dorsal ao óstio cárdico e, embora seja relativamente
25
pequeno nos carnívoros, é fácil de identificar em radiografias, pois fica
tipicamente preenchido com fluido. O corpo gástrico (ou terço médio) repousa
contra os lobos hepáticos esquerdos. O antro pilórico tem forma de funil e se
abre no canal pilórico. O óstio pilórico constitui o final do canal pilórico, que
esvazia no duodeno (Fig. 11). O estômago do beagle retém mais de 500 mL de
fluido, quando distendido (FOSSUM et al., 2002).
Nos cães com DVG, é comum uma ruptura das artérias gástricas
pequenas, e isso pode contribuir para perda sangüínea e infarto ou necrose
gástrica. Oitenta por cento do fluxo arterial correspondem à mucosa e o
restante corresponde às camadas muscular e serosa; portanto, a observação
da coloração da mucosa não é um indicador confiável da viabilidade da parede
gástrica. A mucosa quase sempre parece escurecida devido a um
comprometimento vascular, mesmo quando não existe necrose de espessura
completa (FOSSUM et al., 2002).
O cão deve ser posicionado em decúbito dorsal, e o abdome deve ser
preparado para uma incisão na linha média. A área preparada deve-se
estender do mesotórax ao púbis. Optando-se por uma gastropexia com sonda,
a área preparada deverá ser estendida cranial e dorsalmente para permitir que
a sonda seja exteriorizada atrás da costela direita caudal (FOSSUM et al.,
2002).
O baço usualmente segue o estômago durante a sua rotação, assim o
baço pode apresentar-se congesto, mas depois de restabelecida a posição
normal anatômica, usualmente em minutos se resolve esta congestão. A
esplenectomia é somente indicada quando ocorre avulsão e infarto seguido de
necrose tecidual (DAVIDSON, 1992).
26
Figura 11: Anatomia cirúrgica: o estômago pode ser dividido em cárdia, fundo, corpo, antro
pilórico, canal pilórico e óstio pilórico
Fonte: D´ALKIMIN (2008)
2.6.2 Técnica cirúrgica
Os objetivos do tratamento cirúrgico são: (1) inspecionar o estômago e o
baço de maneira a identificar e remover tecidos danificados ou necrosados, (2)
descomprimir o estômago e corrigir qualquer má posição, (3) aderir o estômago
a parede corporal para evitar um mau posicionamento subseqüente (WILLARD,
1995; FOSSUM et al., 2002).
Descomprima o estômago antes do reposicionamento utilizando uma
agulha de calibre grande (14 ou 16 G) acoplada a um aspirador. Se a agulha
ficar ocluída com ingesta, peça a um assistente que passe uma sonda
orogástrica e realize uma lavagem. A manipulação intra-operatória do cárdia
permitirá que a sonda seja introduzida no estômago sem dificuldade. Ainda não
se conseguindo uma descompressão adequada, ou, não tendo um assistente à
disposição, poderá ser feita uma pequena incisão de gastrotomia para remover
o conteúdo gástrico, embora isso deva ser evitado, se possível. No caso de
rotação no sentido horário, quando o estômago já foi descomprimido, gire-o em
sentido contrário segurando piloro (geralmente encontrado abaixo do
estômago) com a mão direita e a curvatura maior com a esquerda. Empurre a
27
curvatura maior, ou o fundo, do estômago em direção à mesa enquanto levanta
simultaneamente o piloro (em direção a incisão). Certifique-se de que o baço
se encontra posicionado normalmente no quadrante abdominal esquerdo.
Ocorrendo necrose esplênica ou infarto significativo, realize uma esplenectomia
parcial ou completa. Remova ou invagine os tecidos gástricos necrosados.
Evite entrar no lúmen gástrico, se possível. Se não tiver certeza de que o tecido
gástrico permanecerá viável, invagine o tecido anormal. Verifique se o
ligamento gastroesplênico não se encontra torcido e, antes do fechamento,
palpe o esôfago intra-abdominal para se assegurar de que o estômago se
encontra na posição correta (FOSSUM et al., 2002).
Para evitar a recorrência de uma DVG, o estômago deve ficar aderido
permanentemente na parede corporal. Assim, a gastrostomia temporária pode
ser uma opção na tentativa de descompressão gástrica, já a gastrectomia
parcial e invaginação do tecido gástrico é a técnica empregada quando na
presença de tecido necrosado, e a gastropexia que sempre deve ser realizada
para acerto da posição do estômago, costumando também ser curativa em
cães com DVG parcial ou crônica (FOSSUM et al., 2002).
Existem vários tipos de gastropexia: gastropexia com sonda, gastropexia
circuncostal, gastropexia com retalho muscular (incisional), e gastropexia em
alça de cinto (WATSON et al., 2006).
2.6.2.1 Gastrostomia temporária
Usa-se a gastrostomia temporária para descomprimir o estômago e, ela
é indicada ocasionalmente em cães com DVG, até que se possa realizar
cirurgia mais definitiva, sendo recomendada somente se atrasar a cirurgia e as
técnicas alternativas de descompressão falharem em manter o estômago
descomprimido (FOSSUM et al., 2002).
Este procedimento pode ser realizado com um bloqueio local em “L”
invertido na região paracostal direita, com lidocaína 2,0% (Fig. 12-A)
(DAVIDSON, 1992). Faça uma incisão em espessura completa de 6 a 10 cm,
na parede corporal paracostal direita, identifique o estômago (Fig. 12-B). Antes
de incisar o lúmen gástrico, suture o estômago na pele, usando padrão de
sutura simples (Fig. 12-C). Depois, faça uma incisão no estômago (Fig. 12-D e
28
13). Certifique-se de que o estômago está suturado firmemente na pele para
evitar vazamento do conteúdo gástrico subcutaneamente. Coloque vaselina na
pele, para evitar queimaduras com o conteúdo gástrico (DAVIDSON, 1992).
Figura 12: Gastrostomia temporária
Fonte: FOSSUM et al. (2002)
A. Bloqueio local em “L” invertido ou infiltração direta sobre a incisão. B. Faça uma incisão em
espessura completa da parede corporal paracostal direita. C. Suture o estômago à pele padrão
contínuo simples. D. Depois, faça uma incisão no estômago
Figura 13: Gastrostomia temporária
Fonte: SHULLER et al. (2006)
29
Após a fixação do estômago à parede abdominal paracostal direita, a realização da incisão no
estômago entre a curvatura maior e curvatura menor
2.6.2.2 Gastrectomia parcial e invaginação do tecido gástrico
A necrose da curvatura maior se associa, primariamente, à DVG e pode
ser tratada por meio de ressecção ou invaginação (DAVIDSON, 1992). Avaliase a extensão da necrose, observando-se a coloração da serosa, a textura da
parede gástrica, a desobstrução vascular e o sangramento na incisão; no
entanto é difícil determinar a viabilidade tecidual em muitos casos com essas
técnicas (FOSSUM et al., 2002). O tecido necrosado pode variar de coloração
de verde-acinzentado, para preto, e é sentido freqüentemente como delgado
(DAVIDSON, 1992). Pode-se fazer uma incisão de espessura completa no
tecido necrosado suspeito, para avaliar o sangramento arterial. O corante de
fluoresceína intravenoso, ainda não provou ser um método preciso para
determinação da viabilidade gástrica em cães com DVG. Geralmente, se a
viabilidade do tecido gástrico for duvidosa, remova-o ou invagine-o (FOSSUM
et al., 20021). A não retirada do tecido necrosado, pode implicar em
perfuração, peritonite e morte (DAVIDSON, 1992).
Para remover a curvatura maior do estômago, ligue os ramos dos vasos
gastroepiplóicos esquerdos e/ou os vasos pequenos ao longo da seção do
estômago a ser removida (Fig. 14). Excise o tecido necrosado, deixando uma
margem de tecido ativamente sangrante, e normal para suturar. Feche o
estômago, com padrão de sutura inversor de duas camadas, usando um fio de
sutura absorvível (por exemplo, polidioxanona ou poligliconato 2-0 ou 3-0). Na
primeira camada, incorpore as camadas submucosa, muscular e serosa em
padrão contínuo de Cushing ou simples. Depois, use um padrão Cushing ou de
Lembert para inverter a serosa e a camada muscular sobre a primeira camada.
Alternativamente, pode-se usar um grampeador toracoabdominal para fechar a
incisão. Para invaginar o tecido necrosado, use o padrão de sutura simples,
seguido por padrão de sutura inversor. Coloque suturas no tecido gástrico
saudável em ambos os lados do tecido que deve ser invaginado, colocando o
tecido saudável sobre a parte superior do tecido necrosado. Certifique que as
30
suturas estejam colocadas em tecidos saudáveis para evitar deiscências
(FOSSUM et al., 2002).
Figura 14: Remoção da curvatura maior gástrica
Fonte: FOSSUM et al., (2002)
Para remover a curvatura maior gástrica, ligue os ramos dos vasos gastroepiplóicos esquerdos
e/ou dos vasos gástricos pequenos, excise o tecido necrosado. Feche o estômago com um
padrão de sutura inversor em duas camadas
2.6.2.3 Gastropexia com sonda
A gastropexia com sonda (gastrotomia) é rápida e relativamente simples
(Fig.15). Adicionalmente, ela permite descompressão gástrica pós-operatória e
colocação de medicações diretamente no estômago em animais inapetentes
(DAVIDSON, 1992).
31
Figura 15: Diagrama ilustra uma gastropexia com sonda em cão
Fonte: FOSSUM et al., (2002)
Faça uma incisão em
estocada na parede abdominal direita,
caudalmente à última costela e 4 a 10 cm lateralmente à linha média. Coloque
um cateter de Foley, através da incisão em estocada (Fig. 16-A). Escolha um
local em região hipovascular da camada seromuscular da superfície ventral do
antro pilórico, onde o balão do cateter não obstrua o escoamento gástrico.
Nesse local, coloque uma sutura em bolsa de tabaco de fio de sutura
absorvível 2-0 (polidioxanona ou poligliconato). Faça uma incisão em estocada
através da sutura em bolsa de tabaco e insira a ponta do cateter de Foley no
lúmen gástrico (Fig. 17). Infle o bulbo do cateter de Foley com solução salina
(não com ar) e aperte a sutura em bolsa de tabaco ao redor da sonda. Préposicione três a quatro fios de sutura absorvíveis entre o antro pilórico e a
parede corporal, onde a sonda sai (Fig. 16-B). Evite penetrar no cateter ou no
balão quando colocar os fios de sutura. Puxe o estômago até a parede corporal
por meio da colocação de uma tração no cateter, e amarre os fios de sutura
pré-posicionados (Fig. 16-C). Fixe a sonda na pele com um padrão de sutura
de alpargata romana, mas evite penetrá-la no fio de sutura. Aplique uma
atadura ao redor do abdome do animal sobre a sonda, para evitar sua remoção
prematura (use colar elisabetano). Deixe a sonda nessa posição por 7 a 10
dias, desinfle o balão e romova-a. Deixe a incisão cutânea aberta para facilitar
a drenagem, podendo colocar atadura no ferimento aberto (FOSSUM et al.,
2002).
32
Figura 16: Sutura de uma gastropexia com sonda.
Fonte: FOSSUM et al. (2002)
A. Insira uma ponta de cateter de Foley no interior do lúmen gástrico por uma sutura em bolsa
de tabaco. B. Pré-coloque quatro fios de sutura absorvíveis entre o antro pilórico e a parede
corporal, onde a sonda sai. C. Puxe o estômago até a parede corporal e amarre os fios de
sutura pré-colocados. Fixe a sonda na pele com um padrão de sutura de alpercata romana.
Figura 17: Cateter de Foley
Fonte: PIBOT et al. (2006)
Para formar uma aderência permanente, deve-se deixar o tubo gástrico
na posição por 7 a 10 dias (Fig. 18). Mesmo que isso possa aumentar o
período de pós-operatório de internação em comparação com outras técnicas,
pode-se tampar a sonda, fixá-la contra o tronco, e mandar o paciente para casa
com a alimentação via oral se desejar (Fig. 18 e 19). O risco de vazamento
33
será mínimo, usando-se uma técnica apropriada (Fig. 20); no entanto, a
colocação inadequada, pode resultar em peritonite (FOSSUM et al., 2002).
Figura 18: Fixação externa do Cateter de Foley na parede abdominal externa
Fonte: PIBOT et al. (2006)
Figura 19: Fixação externa do cateter de Foley na parede abdominal
Fonte: PIBOT et al. (2006)
Uso do colar elisabetano e a utilização de bandagens para melhor fixação e segurança do tubo.
Constitui uma opção a administração da alimentação e medicação ao cão.
34
Figura 20: Imagem por endoscopia: verificação da gastrostomia e fixação correta do cateter de
Foley
Fonte: PIBOT et al. (2006)
2.6.2.3.1 Considerações sobre os tubos gástricos
Os tubos gástricos são construídos de látex ou silicone. Possuem vários
formatos, com flexibilidade que permite sua fixação na parede externa do
abdômen, e administração de medicamentos, água e alimentos (Fig.21). Sua
utilização em cães exige um monitoramento constante, pois complicações
como laceração esplênica, hemorragia gástrica, pneumoperitonite, peritonite
podem acontecer com certa freqüência (PIBOT et al., 2006).
Uma cirurgia cuidadosa é necessária para manutenção do tubo;
anormalidades incluem inflamação local, dor, eritema, formação de abscessos,
dependendo do tipo do tubo (Fig. 22). (PIBOT et al., 2006).
A remoção precoce do tubo promovida pelo cão também é um problema
a ser considerado. Segundo Ellioott et al. (2000) aproximadamente 20% dos
cães com tubo gástrico acabam retirando-o, assim sugere-se o uso do colar
elisabetano e uma fixação correta do mesmo. A remoção do tubo consiste em
uma emergência, que pode ser verificada através de exames radiográficos
contrastados (agente de contraste iodado), e pode-se evidenciar também uma
peritonite, exigindo uma laparotomia exploratória emergencial (PIBOT et al.,
2006).
35
Figura 21: Tipos de tubo gástrico disponível em material de látex e silicone além do cateter de
Foley
Fonte: PIBOT et al. (2006)
Figura 22: Remoção do tubo que pode promover uma sepse e peritonite
Fonte: PIBOT et al. (2006)
A imagem mostra uma remoção do tubo, que pode promover uma sepse e peritonite, desse
modo indicativo de correção cirúrgica de emergência.
Outra complicação freqüente é a obstrução do tubo, técnicas que
envolvem massagens devem ser feitas para desobstruí-lo, impelindo e
aspirando a solução, que pode ser a água, e enzimas pancreáticas (PIBOT et
al., 2006).
36
2.6.2.4 Gastropexia circuncostal
A gastropexia circuncostal forma uma aderência mais forte que maior
parte da outras técnicas, mas é tecnicamente mais desafiadora (DAVIDSON,
1992).
Faça
um
retalho
em
dobradiça
em
uma
ou
duas
camadas
(aproximadamente 5 a 6 cm de comprimento em cães grandes) por incisão
através da camada seromuscular do antro pilórico (Fig. 23-A). Não incise a
mucosa gástrica ou entre no lúmen gástrico (se isso ocorrer, suture a mucosa
com material de sutura absorvível). Levante o retalho por uma dissecção sob a
camada muscular. Fazendo-se um retalho em dobradiça, posicione esta na
direção da curvatura menor. Faça uma incisão de 5 a 6 cm sobre a 11a e a 12a
costela, no nível da junção costocondral (Fig. 23-B). Certifique-se, de que a
incisão não penetre nas ligações diafragmáticas da parede corporal, causando
um pneumotórax. Forme um túnel sob a costela, usando uma pinça de Carmalt
ou hemostática (Fig. 23-C). Coloque suturas de fixação no retalho (se estiver
usando uma técnica de dois retalhos, coloque as suturas no mais próximo da
curvatura menor). Passe o retalho antral gástrico craniodorsalmente sob a
costela (Fig. 23-D), e suture-o com material de sutura absorvível 2-0 na
margem gástrica original (técnica de um retalho; Fig. 24-A); ou em outro retalho
(técnica de dois retalhos; Fig. 24-B) (FOSSUM et al., 2002).
37
Figura 23: Gastropexia circuncostal
Fonte: FOSSUM et al., (2002)
Para uma gastropexia circuncostal. A. Faça um retalho seromuscular em dobradiça em um
a
a
duas camadas no antro pilórico. B. Faça uma incisão sobre a 11 ou 12 costela, no nível
junção costocondral. C. Forme um túnel sob a costela, usando uma pinça de Carmalt
hemostática. D. Introduza o retalho antral gástrico cranialmente sob a costela e suture-a
margem gástrica original ou no outro retalho (ver Fig. 24 A e B).
ou
da
ou
na
Figura 24: Técnica de retalho
Fonte: FOSSUM et al., (2002)
A. Na técnica de um retalho suture o retalho circuncostal na margem gástrica original. B. Na
técnica de dois retalhos introduza o seromuscular sob a costela e suture-o no segundo retalho
38
2.6.2.5 Gastropexia com retalho muscular (incisional)
A gastropexia com retalho muscular (incisional), é mais fácil que a
circuncostal, e evita as complicações potenciais associadas à gastropexia com
sonda (FOSSUM et al., 2002).
Faça dois retalhos semelhantes na camada seromuscular do antro
pilórico (como na gastropexia circuncostal). Depois, faça retalhos semelhantes
na parede abdominal ventrolateral direita, por incisão do peritônio e da fáscia
interna dos músculos reto abdominal ou abdominal transversal (Fig. 25-A).
Levante os retalhos por uma dissecção ventralmente à camada muscular (Fig.
25-B). Inverta-os e suture a borda dos retalhos abdominais nos retalhos
gástricos, usando um padrão de sutura contínua simples, de fio de sutura
absorvível ou não absorvível 2-0 (Fig. 25-C, 26, 27, 28, 29 e 30). Assegure-se,
que a camada muscular do estômago fique em contato com o músculo da
parede abdominal (Fig. 25-D). Suture primeiramente a margem cranial (Fig. 31,
32 e 33), seguida pela margem caudal. Certifique-se, de colocar suturas
suficientes de maneira que a alça do intestino não possa ficar encarcerada
entre os retalhos (FOSSUM et al., 2002).
Figura 25: Gastropexia de retalho muscular
Fonte: FOSSUM et al. (2002)
Para uma gastropexia de retalho muscular: A. faça retalhos em dobradiça na camada
seromuscular do antro gástrico e na parede abdominal ventrolateral direita. B. Levante os
retalhos por dissecção ventral à camada muscular. C. Inverta os retalhos e suture a borda dos
retalhos abdominais nos retalhos gástricos, usando um padrão de sutura contínuo simples. D.
Assegure-se de que a camada muscular gástrica esteja em contato com a musculatura da
parede abdominal.
39
Figura 26: Gastropexia incisional
Fonte: WATSON et al. (2006)
Gastropexia incisional: com o estômago em posição normal, faça uma incisão através da
camada seromuscular, localizada entre o corpo do estômago (A) e o antro pilórico (B).
Figura 27: Gastropexia incisional
Fonte: WATSON et al. (2006)
Gastropexia incisional: demonstração da realização da incisão na camada seromuscular do
antro pilórico ao meio entre a curvatura maior e curvatura menor do estômago.
40
Figura 28: Gastropexia incisional
Fonte: WATSON et al., (2006)
Gastropexia incisional: demonstração da camada muscular gástrica, após a incisão, observa-se
que não houve abertura do lúmen gástrico.
Figura 29: Gastropexia incisional
Fonte: WATSON et al. (2006)
Gastropexia incisional: com o auxílio de um pinça inverta a parede muscular direita, expondo a
face do peritônio.
Figura 30: Gastropexia incisional
Fonte: WATSON et al. (2006)
41
Gastropexia incisional: incisão no peritônio e da parede muscular abdominal de 6 a 8 cm de
comprimento sentido craniodorsal a caudoventral.
Figura 31: Gastropexia incisional
Fonte: WATSON et al. (2006)
Gastropexia incisional: certifique que a camada muscular do estômago fique em contato com o
músculo da parede abdominal, inicie a sutura com o padrão de sutura simples contínua ao
sentido cranial-caudal.
Figura 32: Gastropexia incisional
Fonte: WATSON et al. (2006)
Gastropexia incisional: realização do padrão de sutura simples contínua, gastropexia.
42
Figura 33: Gastropexia incisional completada
Fonte: WATSON et al. (2006)
2.6.2.6 Gastropexia de alça de cinto
A gastropexia de alça de cinto é semelhante àquela com retalho
muscular, exceto por se levantar um retalho único, e passá-lo por baixo de um
túnel criado na parede do abdome (FOSSUM et al., 2002).
Eleve um retalho seromuscular no antro gástrico. Faça duas incisões
transversais na parede abdominal ventrolateral, por incisão de peritônio e da
musculatura abdominal (Fig. 34-A; 35). As incisões devem ter 3 a 5 cm de
comprimento, e estar a intervalos de 2,5 a 4 cm. Com uma pinça, crie um túnel
por baixo da musculatura abdominal. Coloque suturas de fixação na borda do
retalho antral e use-as para passar o retalho da posição cranial para a caudal,
sob o retalho muscular (Fig. 34-B; 36). Suture o retalho em sua margem
gástrica original, usando um padrão contínuo simples, de material de sutura
absorvível ou não absorvível 2-0 (Fig. 34-C; 37). Podem-se colocar suturas
adicionais entre a parede corporal e o estômago, para diminuir a tensão na
gastropexia (FOSSUM et al., 2002).
43
Figura 34: Gastropexia de Alça de Cinto
Fonte: FOSSUM et al. (2002)
A. levante um retalho seromuscular no antro pilórico. B. Faça duas incisões transversais na
parede abdominal ventrolateral e crie um túnel sob a musculatura abdominal, com uma pinça.
Introduza o retalho da posição cranial à caudal, sob o retalho muscular. C. Suture o retalho na
sua margem gástrica original
Figura 35: Gastropexia de Alça de Cinto
Fonte: DEGNER, (2004)
Faça um retalho seromuscular no antro pilórico.
44
Figura 36: Gastropexia de Alça de Cinto
Fonte: DEGNER, (2004)
Faça duas incisões transversais na parede abdominal ventrolateral e crie um túnel sob a
musculatura abdominal, com uma pinça.
Figura 37: Gastropexia de Alça de Cinto
Fonte: DEGNER, (2004)
Introduza o retalho da posição cranial à caudal, sob o retalho muscular e suture-o na sua
margem gástrica original.
2.6.2.7 Gastropexia laparoscópica
Recentemente, veterinários cirurgiões estão utilizando técnicas de
gastropexia laparoscópica com suturas com grampo. A técnica de laparoscopia
45
resulta em menor lesão tecidual, diminuição da dor pós-operatória e de rápida
duração no transcirúrgico (Fig. 38 e 39) (WATSON; KAREN; TOBIAS, 2006).
Faça uma incisão na linha média, próximo à cicatriz umbilical. A óptica
que geralmente é introduzida, é a de 5 mm de diâmetro junto com o trocarte.
Localize o antro pilórico, com o auxílio de uma pinça de preensão prenda-o e
dirija-se par ao lado direito, 2 cm do arco costocondral. Uma vez observada a
zona pilórica e o fundo gástrico, através da óptica rígida, agarre o estômago na
região fúndica, e avance passando pela região vascularizada, seguindo até a
zona mais proximal do corpo do estômago. Ao retirar o CO2, que mantêm o
pneumoperitônio, a parede muscular abdominal se aproximará com maior
facilidade da parede gástrica. Ocorrendo esta aproximação, exteriorize uma
pequena porção da parede gástrica, realizando uma gastropexia incisional, nas
camadas serosa e muscular gástrica com 5 cm de comprimento, respeitando a
camada submucosa e mucosa estomacal, com o padrão de sutura simples
contínua, com fio monofilamentoso reabsorvível 2-0, a serosa e a muscular
gástrica são unidas com os músculos transversos do abdômen. Os músculos
oblíquos internos e externos, se fixarão sobre a gastropexia com o padrão de
sutura simples contínua. Subcutâneo e pele devem ser suturados de forma
rotineira (MATZ, 2004).
Figura 38: Médico veterinário cirurgião realizando a Gastropexia Incisional Laparoscópica
Fonte: WATSON et al. (2006)
46
Figura 39: Gastropexia Incisional Laparoscópica completada
Fonte: WATSON et al. (2006)
2.6.2.8 Cicatrização do ferimento gástrico
O suprimento sangüíneo extraordinariamente rico, o número reduzido de
bactérias (como resultado da acidez gástrica), o epitélio de regeneração rápida
e os mecanismos de defesa proporcionados pelo omento permitem que as
incisões gástricas cicatrizem rapidamente. Como o estômago possui uma
parede mais espessa que o intestino, o controle de hemorragia é mais difícil,
pois os vasos sangüíneos sangrantes podem ser mais difíceis de localizar.
Uma pressão suave aplicada nos tecidos sangrantes costuma ser eficaz;
devem-se evitar pinças esmagadoras e bisturis elétricos (FOSSUM et al.,
2002).
2.6.2.9 Materiais de sutura
Para
cirurgias
gastrintestinais,
preferem-se
materiais
de
sutura
monofilamentares absorvíveis (polidioxanona ou poligliconato). Esses fios de
sutura são fortes, possuem arrastamento tecidual mínimo, e mantêm a força
tênsil por mais de 45 dias. O fio de sutura de categute cromado é removido
rapidamente por digestão e fagocitose, e deve ser evitado. Um material de
sutura não absorvível que penetre no lúmen, poderá fazer com que se formem
úlceras ao longo da linha de sutura, quando se usa um padrão de sutura
contínuo. Portanto, deve-se evitar material não absorvível no estômago. Para
cirurgia gastrintestinal, preferem-se geralmente agulhas de ponta afilada
moldadas e de diâmetro pequeno. No entanto, usam-se, algumas vezes,
47
agulhas de corte, pois elas penetram mais facilmente na submucosa e exigem
menos estabilização tecidual (o que pode resultar em menos sangramento)
(FOSSUM et al., 2002).
2.7
Cuidados e Avaliação Pós-Operatória
O estado hidroeletrolítico e ácido-básico deve continuar sendo
monitorado cuidadosamente, pois muitos cães apresentam hipocalemia no pósoperatório e requerem a suplementação de potássio, porém cuidadosa devido
ao risco de arritmia. Prevendo-se vômito prolongado ou anorexia, dever-se-á
fornecer uma hiperalimentação enteral por sonda, com planejamento anterior;
pode-se colocar sondas de alimentação durante a cirurgia inicial, para evitar
um segundo procedimento. Se não houver vômito, pode-se oferecer alimentos
12 horas após a cirurgia, em pouca quantidade de água e alimento leve e
escasso em gorduras, devendo observar a presença de vômitos, pois se for
intenso e profuso, faz-se necessária a administração de um antiemético de
ação central (Clorpromazina) (AMBRÓSIO, 2002; FOSSUM et al., 2002).
2.8
Complicações Pós-Operatórias
As arritmias ventriculares são ocorrências comuns em cães com DVG e
normalmente se iniciam 12 a 36 horas após o ato cirúrgico. Suas causas são
desconhecidas, mas a liberação do fator depressor do miocárdio, queda do
débito cardíaco e isquemia miocárdica podem contribuir. O tratamento dessas
arritmias, como dito anteriormente no pré-operatório, baseia-se na manutenção
da hidratação e na correção dos distúrbios eletrolíticos, pois alguns fármacos
antiarrítmicos, como lidocaína, são ineficientes na presença de hipocalemia. Se
as arritmias interferirem no débito cardíaco (notado pelo pulso periférico fraco),
são multiformes, possuem batimentos prematuros subseqüentes à onda do
complexo prévio (R sobre T) ou apresentam taquicardia ventricular sustentada
com freqüência superior a 160 bpm, deverão ser tratadas com agentes
intravenosos. Pode ser fazer um teste com a administração de lidocaína via
intravenosa na dose de 2,0 mg/kg em bolus para determinar a responsividade
48
do fármaco, se a arritmia diminuir ou cessar a lidocaína pode ser administrada
continuamente em um taxa de 50 a 75 µ/kg/min.
Outros antiarrítmicos potencialmente efetivos podem ser administrados
em bolus e em infusão contínua, por via intramuscular ou oralmente como a
procainamida e o sotolol (AMBRÓSIO, 2002).
Não se removendo adequadamente o tecido desvitalizado, necrose ou
perfuração gástrica poderão causar sepse e peritonite. Uma lavagem peritoneal
ajuda a diagnosticar a peritonite. Esta exige uma intervenção cirúrgica
imediata. Pode ocorrer coagulação intravascular disseminada em cães com
DVG ou peritonite. Pode ser necessária uma avaliação de parâmetros de
coagulação, mais um tratamento apropriado com fluidos e heparina (FOSSUM
et al., 2002).
Atenção no pós-operatório se deve dar também a possibilidade de
peritonite biliar e posterior colite necrosante associada à DVG. Hewitt et al.
(2005) acreditam que multifatores predisponentes ao quadro de DVG,
predispõem a obstrução do ducto colédoco e alterações vasculares na vesícula
biliar (Fig. 40).
Figura 40: Exame histopatológico
Fonte: HEWITT et al. (2005)
Exame histopatológico demonstra necrose de vesícula biliar em um cão de 7 anos de idade,
macho da raça Pastor alemão, com mucosa edemaciada e hemorrágica secundária ao infarto
e fibrose tecidual devido a colite necrosante, na síndrome dilatação-volvo gástrica.
2.9
Prognóstico
Com uma cirurgia oportuna, o prognóstico será razoável; no entanto,
têm-se descrito taxas de mortalidade de até 45% e maiores (MATTHIESEN,
49
1985). Um estudo recente relatou taxa de mortalidade de 15% entre cães com
DVG; a taxa de mortalidade foi de 0,9% com dilatação gástrica sem volvo
(BROCKMAN et al., 1995). O prognóstico será mau se ocorrer necrose ou
perfuração gástrica ou se a cirurgia for retardada. As taxas de recorrência de
DVG diferem, dependendo das técnicas usadas, mas a maioria dos autores
tem descrito taxas abaixo de 10% (FOSSUM et al., 2002).
Alguns cães com DVG respondem somente a uma descompressão com
sonda e estabilização clínica. Ás vezes, o estômago se posiciona normalmente
após o ar ser removido; ou havia apenas uma rotação parcial (menos de 180º)
ou ele se encontrava meramente dilatado. No entanto, esses cães ainda
apresentam alta probabilidade de recorrência. Portanto, deve-se recomendar
uma gastropexia mesmo quando o tratamento conservador alivia com êxito a
má posição gástrica. As taxas de recorrência descritas de cães operados de
DVG, nos quais o estômago foi reposicionado, mas não se realizou gastropexia
se aproximam de 80% (MEYER-LINDENBERG et al., 1993).
3. DISCUSSÃO SOBRE AS TÉCNICAS CIRÚRGICAS ENVOLVIDAS NA
SÍNDROME DILATAÇÃO-VOLVO GÁSTRICA
A gastrotomia é uma incisão através da parede gástrica, para o interior
do lúmen (FOSSUM et al., 2002). No caso da DVG utiliza-se a gastrostomia
temporária
para
descomprimir
o
estômago,
apresentando
severas
desvantagens que são: não corrige a rotação do estômago, o estômago deve
ser fechado quando se realiza a gastropexia permanente, assim esta técnica
cirúrgica aumenta o risco de contaminação peritoneal, e posterior peritonite, a
região para fixação do estômago na gastrostomia temporária não pode ser a
mesma utilizada para a gastropexia permanente, no entanto é um
procedimento que manterá a descompressão gástrica se outros métodos de
descompressão foram realizados sem sucesso e se o animal estiver em
consulta ou se a cirurgia atrasar (DAVIDSON, 1992).
Na presença de necrose gástrica na DVG, pode-se recorrer à
gastrectomia parcial e invaginação do tecido gástrico; este método, possui
baixo risco de contaminação e é realizado de modo rápido, quando feita a
invaginação tecidual, a mesma não implica em anormalidade no funcionamento
na parede gástrica, deve-se levar em consideração, quando a utilização deste
procedimento a possibilidade de ruptura gástrica e peritonite, dependendo do
grau de extensão de retirada do tecido comprometido (DAVIDSON, 1992).
Ressalta-se que a não remoção adequada do tecido desvitalizado, necrosado
poderá induzir a sepse e peritonite (FOSSUM et al., 2002). Bruchim et al.
(2006) estudaram 108 cães com síndrome dilatação-vólvulo gástrica, e
constataram que dos 108 cães, 27 apresentaram necrose gástrica, sendo que,
nos que foram submetidos à gastrectomia parcial a taxa de mortalidade foi
51
25%, e para animais não tratados com a gastrectomia a taxa de mortalidade foi
de 100%.
Métodos de gastropexia devem ser simples e rápidos, permitindo a
aderência do estômago na parede abdominal direita, sem interferir na função
gástrica e devem também envolver mínimas possibilidades de complicações
durante o transcirúrgico e pós-operatório (DAVIDSON, 1992). Este método
deve ser recomendando mesmo quando o tratamento conservador da DVG
apresente êxito (FOSSUM et al. 2002). A gastropexia com sonda, apresenta a
vantagem de permitir a descompressão gástrica durante o pós-operatório
quando isto for necessário. Suas desvantagens seriam o aumento do risco de
contaminação, com posterior peritonite e celulite, atenção se deve ao manejo
correto com o tubo gástrico (DAVIDSON, 1992). Outra desvantagem, segundo
Fox et al. (1984) é que a gastropexia com sonda, possui a maior recorrência de
recidivas, variando de 5 a 29%. Johson et al. (1984) relataram percentagens
semelhantes. Ainda, segundo Watson et al. (2006) a presença do tubo gástrico
aumenta as chances de peritonite.
Essas informações são contestadas por Raiser (2008) (informe verbal)
que utiliza a técnica de forma rotineira evidenciando apenas a presença de
celulite que pode ser contornada por manejo clínico. O autor fixa a sonda na
curvatura maior do estômago e exterioriza pela parede costal esquerda,
obtendo pexia eficiente e ausência de complicações especialmente quando
utiliza a sonda de Pezzer para a gastrostomia.
Já o método de gastropexia circuncostal, que é de mais difícil realização,
permite uma aderência muito forte, quando comparada com os demais
métodos, além disso, como não entra no lúmen gástrico o risco de
contaminação diminui e não exige cuidados pós-operatórios adicionais, quando
comparada com a gastropexia com sonda, porém apresenta um potencial de
complicações que incluem pneumotórax, fraturas de costelas iatrogênicas,
maior tempo de duração durante o transcirúrgico e, ainda não permite um
acesso ao lúmen gástrico, caso seja necessário uma descompressão pósoperatória (DAVIDSON, 1992; FOSSUM et al., 2002). Segundo Eggertsdóttir et
al. (2001) que comparam a recidiva de DVG em animais tratados com
52
gastropexia circuncostal durante 180 dias, observaram somente 9% de
recidiva, mostrando ser uma técnica eficaz e preventiva a recidivas do quadro.
Métodos como gastropexia incisional e de alça de cinto, apresentam as
vantagens de serem rápidas e de maior facilidade em realização, não abrem o
lúmen, reduzindo a possibilidade de contaminação e peritonite, porém suas
desvantagens são: a menor aderência do estômago quando comparada a
gastropexia circuncostal e também não proporciona acesso direto ao lúmen
gástrico caso seja necessária uma descompressão pós-operatória (FOSSUM et
al., 2002; WATSON et al., 2006). Hammel & Novo (2006) descreveram um
relato de caso de recidiva de síndrome dilatação-volvo gástrica em um
Rotteweiler macho após a gastropexia incisional. Já Wacker et al. (1998)
acompanharam o processo de aderência e fixação da gastropexia incisional em
16 cães tratados com o método após a DVG, e observaram que está técnica
promove uma aderência permanente, sendo que os 16 cães acompanhados,
durante o período de estudo nenhum apresentou recidiva.
Quanto ao método de gastropexia laparoscópica, complicações como
perfurações de vísceras abdominais e do subcutâneo, podem ocorrer com
formação de enfisema, promove também o aumento da pressão abdominal
durante o procedimento cirúrgico, sendo que esta técnica depende de um
equipamento de laparoscopia, e uma avançada experiência na utilização do
mesmo e do método cirúrgico, porém seus resultados são satisfatórios, com
boa fixação do estômago a parede gástrica e menor lesão tecidual (WATSON
et al., 2006).
Hardie et al. (1996) compararam a gastropexia laparoscópica utilizando
grampos com a gastropexia incisional convencional em relação à aderências
em um total de 20 cães. As complicações durante as cirurgias laparoscópicas
incluíram perfurações do baço e do estômago, e desenvolvimento de enfisema
subcutâneo. Contudo, não foram observadas complicações pós-operatórias em
ambos os grupos. Os autores afirmam que a gastropexia laparoscópica pode
ser realizada em cães que apresentam o risco de desenvolvimento de
síndrome dilatação-volvo gástrica.
Wilson et al. (1996) realizaram gastropexia em alça de cinto utilizando
cirurgia laparoscópica e compararam com a mesma técnica realizada por
53
laparotomia em um total de 08 cães. Com o método laparoscópico, foi
produzido um retalho seromuscular de estômago, que sob visão direta, foi
posicionado entre os músculos oblíquo abdominal interno e externo e foi
suturado na fáscia do músculo reto abdominal. A duração das cirurgias não foi
significantemente entres os grupos. Não ocorreram complicações durante os
períodos transcirúrgico e pós-operatório.
4. MEDIDAS PROFILÁTICAS QUANTO A SÍNDROME DILATAÇÃO-VOLVO
GÁSTRICA
Recomendações devem ser realizadas aos proprietários, principalmente
aos portadores de raças grandes, gigantes e seus mestiços, como: oferecer
várias refeições pequenas por dia, em vez de uma única refeição grande diária;
evitar o estresse durante a alimentação, separando os animais em ambientes
com muitos cães; restringir os exercícios antes e depois das refeições; para
animais que se alimentam com rapidez, pode ser aconselhado o uso de pedras
na vasilha, ou o uso de vasilhas especiais que dificultem o consumo rápido do
alimento (Fig. 41), reduzindo a aerofagia; outra opção seria o consumo de
ração pallets com 30 mm x 30 mm, que também reduzem a aerofagia,
considere a possibilidade de gastropexia profilática em raças predispostas; e
informar ao proprietário o monitoramento de sinais de timpanismo, na presença
destes, devendo o proprietário procurar cuidados veterinários (DAVENPORT,
et al., 2000; FOSSUM et al., 2002; MEYER-LINDENBERG et al., 1993).
Figura 41: Vasilha indicada para cães que se alimentam com rapidez, diminuindo a aerofagia.
Fonte: WATSON; KAREN; TOBIAS, (2006)
5. CONCLUSÃO
Pode-se concluir que a síndrome dilatação-volvo gástrica, compreende uma
emergência clínico-cirúrgica, que acomete cães machos, de raças grandes e
gigantes, de múltiplos fatores predisponentes, entre os principais a aerofagia,
que tem elevada taxa de mortalidade; o diagnóstico é feito pelo exame físico do
cão e histórico relatado pelo proprietário; a conduta terapêutica a ser
empregada depende da apresentação e evolução clínica do animal, sendo que
as primeiras condutas devem ser baseadas na estabilização do cão, seguido
de um procedimento anestésico seguro, para posterior realização de uma
correção da posição da víscera e gastropexia; das diferentes técnicas, a
gastropexia com sonda, merece destaque, por apresentar vantagens
relevantes sobre as demais técnicas, sendo uma técnica aplicável e segura,
porém, que exige cuidados minuciosos no pós-operatório
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[email protected].
UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM CLÍNICA MÉDICA E CIRÚRGICA DE
PEQUENOS ANIMAIS
AV ALIAÇÃO FINAL TCC
Nome do Aluno(a): Fátima Baptista D’Alkimin
Curso: Especialização em Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais
Coordenador(a): Domingos José Esturion
Tema TCC: Gastropexia na Síndrome Dilatação-Vóvulo Gástrica
Prof. Orientador: Prof. Dr. Alceu Gaspar Raiser
Tipo de TCC: teórico (X) teórico-aplicado ( ) aplicado ( )
Modalidade:
Monografia – Revisão de Literatura (X)
Levantamento/Causuística ( )
Relato de Caso ( )
Manual Técnico ( )
CONCEITO FINAL TCC:
_________________
campo para atribuição de nota final TCC:
7,0 – 10,0 = APROVAÇÃO
0,0 – 6,99 = REPROVAÇÃO
COMENTÁRIOS GERAIS:
Data: ___/____/_____
Orientador(a): __________________________ Assinatura: ________________
Este documento deve ser entregue em envelope lacrado.
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