BOLETIM DAS
ENERGIAS
RENOVÁVEIS
Outubro 2015
Eletricidade de origem renovável em Portugal
Continental
O mês de outubro de 2015 caracterizou-se por um aumento da pluviosidade (índice de
hidraulicidade mensal de 1,20), tendo-se verificado um pequeno incremento do índice de
hidraulicidade anual que atingiu 0,81, que compara com 0,78 de setembro passado. Contudo,
o aumento da produção hidroelétrica este mês não foi o suficiente para contrabalançar os
reduzidos valores acumulados ao longo do ano, continuando a ser baixa a produtibilidade
hídrica, com impacto na menor produção de eletricidade renovável na sua globalidade.
Assim, como ilustrado na Figura 1, a contribuição da eletricidade renovável até ao final de
outubro de 2015 foi de 48,7% do total da geração de eletricidade enquanto a produção de
origem fóssil foi responsável por 47,2%, sendo que os restantes 4,1% provieram do saldo líquido
importador de trocas com Espanha.
Grande Hídrica
Térmica Fóssil
4,1%
Saldo
Importador
10,0%
1,5%
37,2%
30,7%
1,6%
22,3%
5,0%
PRE não
Renovável
PRE Renovável
Eólica
Pequena Hídrica
18,0%
Solar
Biomassa
Figura 1: Peso das diferentes fontes na produção de eletricidade em Portugal Continental
entre janeiro e outubro de 2015
Fonte: REN, outubro 2015; Análise APREN
Especificando a contribuição das fontes renováveis salienta-se, em termos anuais acumulados,
a produção eólica com 22,3%, que tem mantido esta posição de destaque desde o início do ano,
demonstrando a sua estabilidade no médio e longo prazo. Seguidamente distingue-se a
produção hídrica com 19,5%, sendo que 18,0% corresponde à grande hídrica e 1,5% à pequena
hídrica. A repartição fecha com a contribuição da biomassa com 5,0% e da solar fotovoltaica
com 1,6%.
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A produção térmica convencional (carvão e gás natural) surge com uma contribuição de 37,2%,
valor que sobe um pouco face ao acumulado no final de setembro passado, uma vez que, apesar
da ligeira subida da pluviosidade, se registou um aumento no consumo de eletricidade, um
incremento dos níveis de armazenamento nas albufeiras e ainda um aumento significativo da
exportação. O saldo importador acumulado surge com uma ligeira descida apresentando uma
cota de 4,1%, sendo que este mês o volume de exportação foi três vezes superior ao de
importação.
A Figura 2 ilustra a produção de eletricidade por fonte nos últimos três anos entre janeiro e
outubro, salientando-se, sobretudo, a menor contribuição da tecnologia hídrica face aos
períodos homólogos anteriores (redução de 38,6% relativamente a 2014) e a subida da produção
de origem fóssil.
[GWh]
14 000
12 000
10 000
8 000
6 000
4 000
2 000
0
Grande
Hídrica
Eólica
Outras
Renováveis
Carvão
Gás Natural
PRE não
Renovável
2013
11 367
9 241
3 738
9 122
1 100
4 846
2014
12 307
9 547
3 913
8 860
1 119
4 407
2015
7 555
9 350
3 508
11 389
4 189
4 202
Figura 2: Evolução da produção de eletricidade por fonte entre janeiro e outubro
Fonte: REN, outubro 2015; Análise: APREN
Assinala-se a estabilidade da produção eólica nestes três últimos anos. Por sua vez, a classe das
“Outras Renováveis” apresenta uma pequena redução, sobretudo devido ao decréscimo de
produção das pequenas centrais hídricas que, contudo, foi parcialmente contrabalançado com
o sustentado incremento de produção das centrais solares fotovoltaicas.
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Como se verifica na Figura 3 o mês de outubro de 2015 apresenta uma distribuição da produção
de eletricidade por fonte diferente da dos períodos homólogos dos dois anos anteriores, onde
se destaca o saldo líquido exportador, suportado por uma maior produção de origem fóssil.
[GWh]
2 500
2 000
1 500
1 000
I
E
500
0
Renovável
Termica Fóssil
out-13
out-14
Importação
out-15
Exportação
Figura 3: Produção de eletricidade no mês de outubro por tipo de fonte
Fonte: REN, outubro 2015; Análise APREN
Este último mês é de realçar o registo do record de volume de exportação diário que se cifrou
em 48,7 GWh no dia 17 de outubro, o que correspondeu a cerca de 40% do consumo nacional
desse dia. O pico de exportação atingiu a potência máxima de 3.044 MW, entre as 12h e as 13h.
Este registo decorreu da conjugação da elevada produtibilidade eólica que chegou atingir a
potência de 4.000 MW e do ligeiro aumento da produção hídrica de fio-de-água, condições essas
que se traduziram por uma redução do preço da eletricidade no mercado diário em Portugal,
potenciando assim o aumento significativo da exportação.
Estas tendências demonstram a importância da produção renovável no mercado de energia e
da existência de uma adequada capacidade de interligação elétrica entre países, que
proporciona o aproveitamento mais eficaz do potencial dos recursos endógenos de cada região
e assim, aumenta a competitividade do mix energético.
De salientar ainda que, no final do mês de outubro, a capacidade de interligação elétrica entre
a Península Ibérica e França registou finalmente um aumento significativo (passou de 1200 para
2000 MW), decorrente da entrada em serviço comercial da primeira ligação em corrente
contínua em Muito Alta Tensão nos Pirenéus com 64,5 km de extensão totalmente subterrânea
e que, desde a data de inauguração em fevereiro de 2015, tem estado em provas técnicas.
Informação disponível em www.apren.pt
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