Era uma vez um polvo chamado Pô que estava cansado de viver no
fundo do mar. Pois estava farto de ver sempre as mesmas coisas; os
mesmos animais marinhos, as mesmas algas,... ou seja, gostaria de sair dali
e de conhecer coisas novas e abrir os seus horizontes!
Já tinha ouvido falar que ali perto da si existia uma vila chamada
Ferragudo, que é conhecida como uma das vilas mais belas à beira do mar
que se pode encontrar no Algarve. É rodeada de várias praias de mar mas
também atinge a foz do rio Arade, estendendo-se por uma das suas
margens. Nessa margem, ouviu dizer que, existem duas praias de rio, a
praia da Angrinha e a praia Grande, que os seus arreais são separados por
um antigo castelo conhecido como o Forte de São João do Arade, que é
muito bonito e o Pô queria conhecer. Também chegou-lhe aos ouvidos que
no ponto mais alto da vila existe uma igreja conhecida como a igreja da
Nossa Senhora da Conceição que dizem ter a mais bela vista de Ferragudo, e
os olhos de Pô estavam ansiosos de ver.
Nisto, após ter decidido mesmo viajar e de arrumar as suas malas, o
polvo Pô viu de longe os seus amigos peixinhos o Marafade e a Pitróle e foi
conversar com eles para saber como poderia sair do mar!
- Olá Marafade e Pitróle. – Cumprimentou.
- Olá, Pô.
- Olha, queria saber como conseguiria sair aqui do mar, poderiam ajudarme? – perguntou Pô.
- Mas para onde queres ir? – perguntou a Pitróle.
- Ouvi falar numa vila chamada Ferragudo e gostava de ir para lá.– Disse Pô.
Vocês poderiam me dar algumas dicas?
- Olha, ouvi dizer que nesta direção, a umas barbatanadas daqui, estão um
tipo de caixas de rede que entram e saem da água e isso deve-te ajudar! –
disse o Marafade.
- A sério!? Vou lá ver então! Deve ser a forma mais fácil de conseguir sair
daqui! – afirmou o Pô muito entusiasmado.
Após a conversa com os seus amigos peixes, o polvo Pô estava tão
encantado com a ideia que nadou o mais depressa possível para o sítio onde
o seu amigo Marafade lhe tinha indicado. E foi tão rápido que encontrou logo
uma caixinha de rede que lhe tinham dito. Andou à volta dela para encontrar
uma maneira de como podia entrar na caixa para ser mais fácil o seu
transporte, e assim que encontrou uma entrada, mesmo quando estava a pôr
os seus tentáculos na entrada, deu de caras com o seu amigo Pintas, o
caranguejo, que estava muito animado a recolher algas para o seu jantar em
cima da caixa de rede. Assim que o caranguejo viu o que o polvo Pô estava a
fazer, perguntou-lhe muito preocupado:
- MAS O QUE PENSAS QUE ESTÁS A FAZER?
O Pô ao ouvir a pergunta alarmada, respondeu muito atrapalhado:
Oo..laaa...! Desculpa estar a atrapalhar o teu trabalho, amigo Pintas. Sabes,
o que é!? Estou cansado de viver aqui debaixo de água, de ver sempre as
mesmas coisas, os mesmos peixes, as mesmas algas... Estou farto! E queria
conhecer coisas novas como a vila de Ferragudo aqui ao pé de nós... E
disseram-me que esta caixinha de rede me ia ajudar como transporte.
- Hum... E o que pensas que vais encontrar lá fora? - Uma imensidão de coisas novas e diferentes das que se encontra aqui –
disse o Pô.
- Realmente é verdade, lá fora há uma diversidade de coisas novas, mas lá
não vais encontrar a paz que existe aqui debaixo de água. - avisou
o
caranguejo Pintas.
- Porquê? – perguntou Pô.
- Porque lá não é habitat para ti, Pô. Nunca te irás habituar à vida fora de
água, além de que, é aqui que tu nasceste, onde vive a tua família e os teus
amigos... Podes acreditar em mim, eu sei o que estou a falar, lá em cima não
é lugar para ti!
- Mas eu queria mesmo muito ir! – disse o Pô triste.
- Ah, sim!!! Mas tu sabes mesmo o que é esta coisa? – perguntou o
caranguejo apontando com a sua pata para a caixa de rede e começando a
ficar chateado com o Pô.
- Mais ou menos.... Disseram-me que isso entra e sai de água e achei que
era a maneira mais fácil de sair daqui. – afirmou o Pô.
- Para já esta coisa chama-se COFRE, e sabes quem os faz entrar e sair de
água? – perguntou o caranguejo.
- Não.... mas quem é, Pintas?
- São os pescadores, Pô, e assim que souberem que algum polvo entrou
dentro do cofre, irão puxá-lo para fora de água e depois irão levá-lo para
casa para o comerem ao jantar!
- O quê? A sério? – perguntou o Pô assustado.
- É isso mesmo, Pô, claro que existem pessoas boas que pegam em alguns
de nós e levam-nos para viver em pequenos aquários, mas não chega nem
perto deste paraíso em que tu vives. Queres um conselho meu?
- Sim, diz Pintas! – exclamou.
- Aprende a dar valor ao teu lar, Pô. Não existe melhor lugar no mundo do
que a nossa casa, acredita em mim. Aproveita cada dia que aqui estás, na
companhia dos teus amigos e da tua família. Tu já és muito feliz aqui e não
sabes. Não esperes que aconteça algo mau para poderes valorizar o que tens
agora. Não acredites que além do mar existe um lugar melhor, porque não
há! – aconselhou o Pintas.
-
Bolas,
amigo
Leo,
agora
deixaste-me
sem
palavras
na
boca
e
envergonhado por estar tão ansioso por sair daqui. – confessou Pô.
- E tiveste muita sorte, Pô, em eu estar aqui a apanhar algas para o meu
jantar e te ter conseguido avisar!
- É verdade, Pintas, obrigado por me dares a compreender o valor do nosso
lar e o quanto é perfeito para nós. Obrigado por seres tão sincero e
verdadeiro. – admitiu Pô.
- Fico muito contente em saber que percebes o que te falei. Mas para não
ficares ainda com essa curiosidade dentro de ti, vai à superfície da água e vê
a vista! – disse o caranguejo.
- Hum... está bem amigo,
aceito o teu desafio! Adeus e obrigado por me
mostrares que não existe nada melhor para nós além do mar. – agradeceu
Pô.
- De nada, Pô, e até um dia destes! – retribuiu o caranguejo Pintas .
Logo de seguida, com a ansiedade de descobrir o que o seu amigo
caranguejo queria que ele visse, o polvo Pô nadou o mais rápido que pôde
até à superfície da água e ficou maravilhado com aquilo que vira! Estava a
ver a vila de Ferragudo... o castelo e a igreja.... era tudo tão bonito... e para
ver era só vir à superfície sem sair fora de água! O Pô estava tão contente
por ter visto a vila e ao mesmo tempo por estar ali no seu lar! Estava tão
agradecido ao caranguejo por lhe ter partilhado a vista da vila e por ter
concretizado o seu desejo de, pelo menos, poder observar Ferragudo.
Por fim, voltou para a sua casa para desfazer as suas malas e para
agradecer à sua família por tudo o que tem.
FIM!
Imaginário
O Conto
Herói
Pintas o Caranguejo
Lema
O Mar e as suas Maravilhas
Distintivo
Alcateia nº10 S.Francisco de Assis | 413 FERRAGUDO
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