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Introdução a Filipenses
Introdução à Carta de Paulo aos Filipenses
Filipe Dunaway
1. O pequeno escrito que nós chamamos de Filipenses é uma das cartas1 que o apóstolo Paulo
escreveu para a Igreja na cidade de Filipos na região da Macedônia. Conforme os Atos dos
Apóstolos 16.9-40, esta foi a primeira igreja estabelecida por Paulo na atual Europa. Na sua
história do trabalho missionário de Paulo em Filipos, Lucas descreve a conversão de Lídia, uma
comerciante gentia que estava sob a influência dos judeus, e do carcereiro romano da prisão onde
Paulo e Silas haviam sido encarcerados. Contudo, Lucas dá poucas informções sobre a igreja como
tal, sugerindo apenas que ela se reuiniu na casa de Lídia (At 16.40). É interessante que dos quatro
membros da igreja em Filipos nomeados nesta carta, duas são mulheres, a saber, a Evódia e a
Síntique (Fil 4.2). 2 Portanto, podemos concluir que as mulheres tiveram um papel importante nesta
primeira igreja fundada por Paulo no solo europeu.
2. Características Salientes da Carta: Filipenses é a mais pessoal de todas as epístolas paulinas e
ela mostra que Paulo manteve com os filipenses relações frequentes e afetuosas. Esta é a única igreja
da qual o apóstolo aceitou auxílio material (4.15-16). Além disso, Filipenses contém um dos mais
reveladores trechos autobiográficos escritos por Paulo (3.2-11, “hebreu dos hebreus; quanto à lei um
fariseu”) e um dos mais importantes hinos cristológicos do Novo Testamento (2.5-11, Cristo
“esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo”). Finalmente, o tema de gozo no Senhor
permeia esta breve carta; o substantivo traduzido “gozo” ou “alegria” aparece cinco vezes e o verbo
“regozijar-se” se encontra nove vezes (cf. 1.18, 25; 3.1; 4.1, 4, 10).
3. Quanto ao lugar deonde o apóstolo escreveu “Aos Filipenses,” devemos levar em consideração
os seguintes fatores: (1) Paulo estava numa prisão quando escreveu (Fil 1.7, 13, 17); (2) ele estava
para ser julgado e, consequentemente, poderia ser executado (1.19-20; 2.17) ou absolvido (1.25;
2.24); (3) houve um praitórion3 onde Paulo foi preso (1.13), assim como membros da “casa de
César” (4.22); (4) Timóteo estava junto com Paulo (1.1; 2.19-23); (5) muitos irmãos neste local
estavam pregando o evangelho e evangelizando (1.14-17); (6) Paulo esperava ser absolvido para que
pudesse visitar os filipenses (2.24); e (7) aparentemente várias viagens tinham sido feitas entre este
local e Filipos por diversos mensageiros, durante o tempo em que Paulo estava na cadeia. Duas
cidades cumprem relativamente bem estes critérios: Cesaréia e Roma. Para o relato sobre a prisão
de Paulo em Cesaréia, veja Atos 23.31 até 26.32. Para sua prisão em Roma, veja Atos 28.16-31. Se
a carta fosse escrito em Cesaréia, a data seria entre 58 e 60 d.C. Se fosse em Roma, seria entre 60 e
63 d.C.
No século II, Policaro, bispo de Esmirna, mandou sua própria epístola aos filipenses em que afirma que
Paulo havia escrito “cartas” para eles (veja A Carta de Policarpo aos Filipenses 3.2).
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Os dois membros masculinos nomeados na carta são Epafrodito (2.25) e Clemente (4.3).
O termo grego praitórion pode ser traduzido: (1) “o pretório,” isto é, a residência oficial do governador
romano, ou (2) “a guarda pretoriana,” que se refere a um groupo especial de soldados romanos.
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Introdução a Filipenses
4. Os propósitos da Carta aos Filipenses. Pode-se argumentar que Paulo teve dos objetivos nesto
escrito: (1) ele quis agradecer aos filipenses pela ajuda financeira que eles haviam mandado para
ele na prisão por meio de Epafrodito, um membro da igreja de Filipos (4.14-20); e (2) Paulo quis
encorajar os membros da igreja a viverem em harmonia, seguindo o exemplo de Cristo, que
renunciou sua posição exaltada a fim de tornar-se nosso servo (1.17 a 2.11). Evidentemente, ao
retornar a Filipos, Epafrodito leveria esta carta do amado apóstolo à igreja que teve um lugar todo
especial no seu coração.
Esboço de Filipenses 1 e 2
I. Introdução (1.1-11)
A. Saudação (1.1-2)
B. Ação de graças e oração (1.3-11)
II. Notícias sobre a vida de Paulo na prisão (1.12-26)
A divisa da vida de Paulo: “Porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é lucro” (1.21).
III. Instruções para a Igreja (1.27 a 2.18)
A. Exortação sobre o comportamento digno do evangelho (1.27-30)
B. Apelo à harmonia e humildade (2.1-4)
C. Cristo, o exemplo supremo da humildade e altruísmo (2.5-11)
D. Várias obrigações do seguidor de Cristo (2.14-18)
IV. Notícias sobre Timóteo e Epafrodito (2.19-30)
A. Sobre Timóteo (2.19-24)
B. Sobre Epafrodito (2.25-30)
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