CASA WASSEKO - O NOVO ARMAZÉM Parte V
Quando o último tonel de graspa do Sr Almeida estava chegando ao
fim, neste mesmo tempo começou normalizar as entregas dos pedidos
que meu pai tinha com os fornecedores de derivados da cana de
açúcar, inclusive da cachaça Predileta, destilada e engarrafada
pelas Indústrias Malucelli, na cidade de Morretes, PR, e que sem
duvida era a melhor e mais solicitada pela freguesia. Outras marcas
que foram surgindo e também tinham boa aceitação eram a Trevisan,
Costa (excelente para caipirinha), Cascatinha, Oncinha, Tatuzinho,
3 Fazendas, Barra Velha todas estas eram de boa qualidade porque
faziam rosário no cálice (pequenas borbulhas quando se despejava da
garrafa para o copo) comentavam os consumidores. Nesta época meu
pai já tinha uma boa freguesia formada e foi obrigado a ir alugando
mais algumas peças do velho casarão da Dona Eufruzina para guardar
mais mercadoria que ele vinha comprando dos antigos e de novos
fornecedores. Assim ele foi negociando neste local até 1959 quando
adquiriu uma área de terreno da Dona Maria Ferreira do outro lado
da linha férrea e construiu uma casa e um armazém de alvenaria.
Naquela época a energia elétrica era gerada por uma usina a óleo
diesel que ficava perto da ponte do rio Iguaçu ao lado do Estádio
Pedro Nolasco Pizzato (campo do Araucária FC) e fornecia esta
energia apenas ate as 22horas. No inicio de 1960 quando meu pai
mudou-se para a nova Casa Wasseko ainda não existia luz elétrica
daquele lado do bairro, então ele conseguiu uma licença com a Rede
Viação Paraná Santa Catarina (RVPR) para passar os fios que
transmitiam energia elétrica do outro lado da linha férrea,
contanto que fosse colocada uma rede de arame para proteger os
trilhos de ferro, caso viesse a arrebentar um destes fios elétrico.
Com esta tela de arame, postes e mão de obra para fazer a dita
proteção ele gastou um bom dinheiro que serviu por pouco tempo,
pois ainda em 1959 foi eleito para prefeito o Sr Inácio Kampa, que
em um ano mais tarde, após ele ter tomado posse, eletrificou todo o
bairro trazendo a mesma energia que servia Curitiba, a partir de,
começamos a receber luz elétrica 24 horas por dia. Ainda em 1960
meu pai comprou uma geladeira para servir cerveja gelada e não
apenas refrescada em um porão que tinha debaixo do assoalho do
armazém, também começou a fazer picolé de vários sabores de fruta
oque proporcionava um grande movimento de alunos na saída das aulas
de uma escola ali de perto. Muitos vizinhos, operários de duas
olarias e funcionários da RVPSC compravam no crédito mensal, oque
fazia dar um movimento muito grande no final de cada mês quando
eles vinham pagar a conta do mês anterior e fazer novas compras.
Alguns dias antes do final do mês, meu trabalho era confeccionar
cartuchos de papel, pois naquela época sal, açúcar, e farinhas eram
vendidas a granel. Também cabia a mim o serviço de encher
vasilhames com querosene que vinha em tambores de 200 litros. Com a
ajuda de uma bomba manual eu tirava um dia só para manusear com
querosene, pois pegar em outras mercadorias podia contamina-las com
o cheiro deste combustível. E assim meu pai comercializou ate o
inicio de 1980 quando requereu sua aposentadoria. Aposentou-se e
alugou o estabelecimento para o Sr Teodoro Kujbida e mais tarde
para o Sr Augusto Bertote que encerrou suas atividades em Março de
2014.
Em 1980 quando o meu pai se aposentou alugou o armazem para o Sr
Teodoro Kujbida (à esquerda na foto) e mais tarde para o Sr Augusto
Bertoti (no centro ao lado da sua esposa dona Ana) que encerrou as
atividades em Março de 2014
Postado por Paulo Rogério Jasiocha às 16:59 Nenhum comentário:
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quinta-feira, 6 de março de 2014
CASA WASSEKO - A NOVA CLIENTELA Parte IV
Foto: BemLegau!
Passado alguns dias que a graspa não mais faltava no estoque do
armazém a noticia correu pela cidade e o interior de Araucária e a
partir dai começou surgir novos clientes a cada dia que passava. A
princípio este pessoal vinha para comprar graspa, mas acabavam
levando outras mercadorias que estavam expostas. Com o aumento do
movimento, meu pai foi aumentado às compras e sortindo mais o seu
estoque. Começou adquirir produtos que poucas casas comerciais de
Araucária possuíam como, por exemplo: Fogos de artificio, pólvora,
chumbo, espoletas, espingarda pica-pau (aquele tempo à caça era
permitida e não havia controle de material explosivo), bola de
futebol, material escolar, pregos e ferramentas. Até uma farmácia
com uma enorme gama de remédios popular ele tinha para atender sua
freguesia, onde era possível encontrar medicamentos como: Biotônico
Fontoura, Sadol, Regulador Xavier Nº 1, 2 e 3, Licor de Cacau (para
vermes), Xarope São João, Xarope de Limão Bravo, Licor de Ferro,
Phimatosan, Elexir Dória, Elexir Paregórico, Balsamo de Tolú,
Balsamo Bukru, Especifico Dr Humphreys (todos os números) Doses
Homeopáticas (Aconito, Allium Sativo, Beladona, etc.), Alicura,
Cibalena, Veramon, Cafiaspirina, Pílulas de Vida Dr Ross, Pílulas
Erva de Bicho, Pastilhas de Penicilina, Mercurio Cromo, Tintura de
Iodo, Tintura de Arnica, 1 Minuto (para dente cariado que doía),
Pomada Zig, Emplastro Sabiá, Manã Tamarindo, Chá de Sabugueiro,
Especifico Pessoa (para acidente com animais peçonhentos) Limonada
Purgativa, Sal Amargo, Óleo de rícino e muitos outros. Também uma
seção de perfumaria que nos finais de semanas atraia muita gente
onde se podiam comprar vários tipos de perfumes, sendo o Tabu mais
procurado de todos, ainda neste segmento eram muito procurados o
Rugol, Creme Pond´s, Anti Sardina nº 1,2 e 3, Talco Ross, Sabonete
Carnaval, Sabonete Eucalol, sabonete Vale Quanto Pesa, Pó de Arroz
e os de mais produtos CASHMERE BOUQUET, Ruge, Baton, Esmaltes para
unha, Brilhantina Colgate e Palmolive, Gumex, Óleo Glostora, Óleo
de Ovo (para evitar queda de cabelo), Óleo de Petróleo Quina
Sander, Loção Pindorama e muitos outros. Para os dias de Carnaval
tinha à disposição da clientela confetes, serpentinas, máscaras e
ate lança perfume em bisnagas de vidro e também as de latão dourado
que eram bem mais caras, mas eram seguras por serem inquebráveis.
Além desta freguesia de Araucária também os passageiros dos trens
se faziam presentes comprando principalmente a graspa e deixando
encomendados ovos, manteiga, requeijão e outros produtos que meu
pai adquiria dos colonos. Estes passageiros, na sua maioria eram
pescadores que iam ate Guajuvira, General Lúcio e Balsa Nova,
retornavam da pescaria no dia seguinte ou no máximo três dias após,
e na hora de atendê-los para lhes entregar a mercadoria encomendada
era muito grande a correria, pois o trem parava muito pouco tempo
na estação, somente para embarque e desembarque de passageiros.
Quando tinha algo para carregar ou descarregar do vagão que
transportava mercadorias o pessoal do deposito fazia corpo mole, e
assim o comboio ficava mais tempo parado dando condições para esta
freguesia comprar mais alguma mercadoria, mas mesmo com esse tempo
a mais, não foram poucos os fregueses que perderam o trem quando
faziam suas compras. Na plataforma da estação, dona Maria das
Dores, mantinha uma mesa onde ela vendia café, pasteis e uma
deliciosa rosquinha doce, e para atender aqueles passageiros que
não tinham pique para correr os 50 metros que separava e estação da
Casa Wasseko, para tomar um trago de graspa ou aguardente, ela
mantinha escondido um litro de baixo da mesa, mas só vendia para os
conhecidos. Certo dia desceu do vagão um passageiro e pediu um
cafezinho, café que ela mantinha em cima de um fogareiro a álcool
sempre aceso, estava borbulhando de quente, ao lado estava um velho
freguês com a xicarazinha cheio de graspa e a tomou num só gole sem
fazer careta para não chamar atenção que era bebida alcoólica, o
cidadão do cafezinho ao ver aquilo pensou que o café estava frio,
também tentou virar de uma vez só, mas acabou esborrifando a dona
Maria das dores.
Continua na próxima postagem----------A NOVA CASA WASSECO
As lanças Perfumes douradas que eram as mais caras meu pai fazia em
ate seis pagamentos.
Abaixo algumas mercadorias da época
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