A CONSTRUÇÃO DA ARGUMENTAÇÃO E A ADEQUAÇÃO DA PRODUÇÃO
ESCRITA EM LÍNGUA ESPANHOLA NO CURSO DE LETRAS / ESPANHOL
Renata Aparecida de FREITAS1
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FATEA – Faculdades Integradas Teresa D’Ávila – Lorena – SP
Mestranda em Lingüística Aplicada – Universidade de Taubaté
Em minha atividade como formadora de futuros professores de espanhol de uma
instituição particular de ensino superior localizada no Vale do Paraíba, São Paulo, Brasil,
durante os últimos três anos, tenho observado que a maioria dos alunos que procura a
habilitação em Espanhol, no curso de Letras, desconhece essa língua. Além disso, a
carga horária de aulas de espanhol durante o curso, que é de quatro horas semanais,
divididas entre dois professores, não contribui para o desenvolvimento adequado do
aluno na escrita, oralidade, compreensão auditiva e competência leitora dessa língua
estrangeira.
Concretamente, verifiquei que o aluno termina o curso com algumas carências,
especificamente na produção escrita. Uma amostra de redações, recolhida nos meses de
agosto e setembro de 2007 entre os alunos do último ano, revelou problemas graves de
desconhecimento de léxico, mau uso de tempos verbais e de conectores, problemas de
coesão e coerência na construção dos textos, transposição de estruturas do português
para o espanhol, pouco aprofundamento e dificuldade para desenvolver, encadear e
concluir idéias e desconhecimento do gênero “redação”, visto que, em dois casos, os
alunos entregaram uma resenha.
De acordo com os descritores da escala de “Expresión escrita en general” do
Marco Común Europeo de referencia para las lenguas, a produção escrita desses
estudantes pode ser classificada no nível A2, ou Usuário Básico, já que “escribe una
serie de frases y oraciones sencillas enlazadas con conectores sencillos tales como y,
pero y porque.” (Marco Común Europeo de referencia para las lenguas: aprendizaje,
enseñanza, evaluación, p. 64).
Considero que, para o aluno universitário, sobretudo para o futuro professor, é
fundamental escrever bem, saber argumentar e conhecer os gêneros escritos, de
maneira que possa dar prosseguimento a sua carreira, seja nos estudos ou no
desempenho de sua profissão.
São essas as motivações que desencadearam uma
pesquisa dirigida aos estudantes do curso de Letras Espanhol, para que, ao término do
curso, sua produção escrita possa ser classificada no nível C1, ou nível relativo ao
usuário Competente, o qual, de acordo de acordo com o Marco Común Europeo de
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Pesquisa Orientada pela Profa. Dra. Susana Echeverria Echeverria.
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referencia para las lenguas (p.64) “escribe textos claros y bien estructurados sobre temas
complejos relatando las ideas principales, ampliando con cierta extensión y defendiendo
sus puntos de vista con ideas complementarias, motivos y ejemplos adecuados, y
terminando con uma conclusión apropiada.”
Para alcançar esse objetivo,
minha prática docente foi organizada visando a
incrementar a produção escrita, tendo em vista a melhoria da qualidade do curso. E, a
partir dos resultados obtidos, buscar-se-á aplicar a metodologia desenvolvida nesta
experiência para o aprimoramento das outras destrezas.
O percurso da construção da habilidade escritora se fará a partir da elaboração de
gêneros simples, porém significativos para o aluno, como bilhetes, notas, listas etc., até
chegar aos textos argumentativos; os quais, de acordo com os descritores do Marco
Común Europeo de referencia para las lenguas, refletem a situação de usuário
competente na produção escrita (Nível C1). Os procedimentos incluirão uma proposta de
exercícios que, gradativamente, ajudem os alunos a organizar suas idéias e sua
produção escrita, e uma análise dessas produções feita por mim; leituras de textos em
espanhol peninsular e americano que enriquecerão o léxico do estudante, promovendo
seu contato direto com as estruturas sintáticas da língua-alvo, ao mesmo tempo que o
introduzem na cultura dos países falantes dessa língua e lhe fornecem elementos para a
construção da argumentação.
Os sujeitos da pesquisa serão 10 alunos do 4º ano de Letras da universidade já
mencionada.
Para a organização da prática docente, será tomado como referenciais teóricos o
Marco Común Europeo de referencia para las lenguas: enseñanza, aprendizaje,
evaluación (2002) e o Plan Curricular del Instituto Cervantes (2007), dois documentos
oficiais de referência para o ensino e a aprendizagem de espanhol.
O Marco común europeo de referencia para las lenguas descrevem tanto as
funções adequadas para uso dos estudantes de uma língua estrangeira na comunicação,
como os conhecimentos e habilidades que devem desenvolver para atuar de maneira
eficaz (enfoque dirigido à ação). Também considera o contexto cultural da língua e define
níveis de domínio que permitem comprovar o progresso do aluno em cada fase da
aprendizagem.
O Plan Curricular del Instituto Cervantes desenvolve e fixa os conteúdos dos
níveis de descritores do Marco de acordo com as recomendações do Conselho da
Europa para a aprendizagem de espanhol como língua estrangeira. Organiza conteúdos
e temas para o ensino da língua e de aspectos culturais, constituindo-se, desse modo,
em uma importante ferramenta para a programação de aulas e para o trabalho de
homogeneizar os níveis de conhecimento e competência dos estudantes.
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Esta pesquisa se justifica por sua contribuição para a formação dos futuros
professores de espanhol como língua estrangeira, na medida em que visa ao
aprimoramento de sua destreza escrita. Trata-se de uma pesquisa-ação com abordagem
qualitativa e acompanhamento longitudinal, que se insere na área de Formação de
Professores de Línguas.
Espera-se que os
textos produzidos pelos alunos ao longo do período de
investigação sirvam para, depois de analisados, comprovar a hipótese de que é possível
desenvolver a destreza escrita do futuro professor ao nível de usuário independente da
língua, por meio da organização da prática docente. A comprovação dessa hipótese
contribuiria na otimação da prática de outros professores, que poderão adotar minha
metodologia adaptando-a para as necessidades específicas de seus estudantes.
Referências:
ÁLVAREZ, M. Tipos de escrito II: Exposición y argumentación. Madrid: Arco Libros, 1997.
CONSOLO, D. A.; VIEIRA-ABRAÃO, M. A. (Org.). Pesquisa em lingüística aplicada.
Ensino e aprendizagem de língua estrangeira. São Paulo: Unesp, 2004.
FERNÁNDEZ, Sonsoles. Interlengua y análisis de errores en el aprendizaje del español
como lengua extranjera. Madrid: Edelsa, 1997.
GÓMEZ TORREGO, L. Nuevo manual de español correcto. Tomos 1 y 2. Madrid: Arco
Libros, 2002.
GRIFFIN, Kim. Lingüística aplicada a la enseñanza del español como 2/L. Madrid: Arco
Libros, 2005.
INSTITUTO CERVANTES. Plan curricular del Instituto Cervantes. Niveles de referencia
para el español. Madrid: Biblioteca Nueva, 2007.
MINISTERIO DE EDUCACIÓN, CULTURA Y DEPORTE DE ESPAÑA. Marco común
europeo de referencia para las lenguas: aprendizaje, enseñanza, evaluación. Madrid:
Instituto Cervantes, 2002.
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