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confirmada a irregularidade, retiremos imediatamente o respectivo trabalho do site.
QUANDO VOCÊ NOTA
"Quando você nota, pela sua maturidade, que não existe absolutamente nada do
lado de fora que possa satisfazê-lo, então você olha "para dentro" pela primeira vez.
Enquanto você ainda acredita que existe chance, quando você ainda tem "esperança",
você ainda está olhando para o lado de fora. Quando você se "desespera", ou seja, não
mais espera por absolutamente nada de ninguém que apareça a sua frente, por saber,
retilineamente, com muito carinho e compaixão, que ninguém do lado de fora pode dar
a você o que você está buscando; aí sim, não existe mais conflito com o lado de fora.
Você não espera nada de ninguém. Você vê o outro com total serenidade - ele pode ou
não satisfazer você - você não se envolve. Isso é permanecer no momento: "eu não me
iludo com absolutamente nada. Porque tudo é passageiro". E é aí que começa a busca
verdadeiramente real. É aí que começa o Satsang. Porque aí você só vai precisar
encontrar aquele que sozinho encontrou, e vive em paz com essa Realização.
A sua natureza já é satisfeita em si. Você não precisa de nada! Tudo o que você precisa,
você já tem. É claro que você não acredita. É claro que o seu trabalho aqui é encontrar
sentido em tudo o que estou compartilhando, e experimentar no dia-dia. Quando você
sofre ou quando você se ilude com uma alegria extrema em relação a um objeto
qualquer que apareceu na sua consciência naquele instante, em pouco tempo você
descobre que não era nada daquilo que você estava pensando. Se você já teve essas
experiências, você pode criar um afastamento, esse afastamento é inteligente. Esse
afastamento
é
Meditação,
é
estar
no
mundo,
sem
fazer
parte
dele.
Você precisa ter muito zelo com as experiências que você tem, com todo esse hábito
que você tem as coisas se tornam automáticas, "inconscientes": "Eu faço assim, porque
eu já fiz ontem do mesmo jeito". Zelo! Atenção! Eu observo as árvores e elas não
choram porque os frutos caem de maduros, choram? Você já viu alguma árvore triste
porque caíram todas as folhas no inverno? Não, não é!? Sua tristeza é inventada!
O hábito nos diz que tem de ser feita alguma coisa. A voz do Silêncio diz que nada
precisa ser feito, que tudo está bem do jeito que está. Não faça nada! As coisas vão
acontecer por si mesmas. Note que todos os seus movimentos na vida têm sido
influenciados por algo transcendente, por algo maior que você. Note isso com atenção e
veja que nada precisa ser feito. Porque a idéia de que se precisa fazer algo é uma idéia
bem egóica: "eu preciso fazer algo, para depois dizer que eu fiz algo". Mas se você não
faz nada, você não vai ter como dizer que fez alguma coisa... Isso é desapego - inclusive
a idéia de quem faz. Dê-se conta disso e verá! "Sim! Eu não preciso fazer nada. Eu
posso permanecer silencioso. E posso, porque essa é a minha natureza. Eu apenas
tenho que notar! E isso não impede que eu pense". Os pensamentos irão existir...
Existe uma idéia, que é comum e equivocada, de que Meditação é nunca mais pensar.
Como é que você vai parar de pensar? Se eu sigo essa idéia à risca ("Eu preciso parar de
pensar"), supõe-se que eu, espontanemente, voluntariamente comecei a pensar. E se
for verdade que eu, voluntariamente, comecei a pensar, eu, voluntariamente, posso
parar de pensar. Mas, se vocês observarem verão que seus pensamentos não são
vontade de vocês. Que não é a sua vontade que decide quando é que você vai pensar
ou não. Os pensamentos existem. Quando você se dá conta de que os pensamentos que
ocorrem não foram voluntariamente trazidos à tona, você se dá conta de que é ineficaz
ou equivocado pensar que pode pará-los. "Se não fui eu que os criei, como posso
descriá-los?"
O Silêncio do qual a Meditação fala é um destacamento, um desapego, é um ir para
um outro lugar onde os pensamentos permanecem ali, mas você não está pensando.
Simplesmente porque não é mesmo você, em essência, que está pensando. Os
pensamentos estão ocorrendo, e você os está observando. Mas você já leu e,
equivocadamente entendeu através de algumas pessoas, que tem de parar os
pensamentos. Mas esse "parar os pensamentos" implica (e de novo eu volto ao começo)
que alguém tem de fazer esse parar. Não tem de parar os pensamentos, só tem de ver
que
os
pensamentos
não
são
você.
Pergunte-se, com fidelidade, de Verdade: quem quer parar de pensar? Você não vai
encontrar um alguém. Você só vai encontrar um outro pensamento, que você tomou
como sendo você. De repente, é como se você desejasse que o mar parasse de fazer
ondas. Você está sempre atentando aos pensamentos, e gostaria de parar de pensar.
Quem é que gostaria? Quem é que pensa esses pensamentos? Ou, antes de mais nada,
esse pensamento não é apenas mais um pensamento dentro daquela tela de
pensamentos que você quer remover? Agora, como é que um pensamento pode
remover um outro pensamento? Você não pode. Você tem apenas que ver que o
pensamento está fazendo o papel dele, não se envolva. Descubra qual é o seu papel. Se
é que tem algum papel a ser feito por você... Ou melhor, existe apenas um papel a ser
feito
por
você:
não
faça
nada!
A sua mente precisa de luz, ela precisa sair da confusão em que se encontra.
Confusão de equívocos, porque você viveu até hoje num mundo onde as pessoas não
sabem nada disso. E o pior é que você entrou no caminho da Meditação e da Terapia, e
de novo encontrou pessoas confusas, que confundem certas coisas, que são
inadequadas. Por exemplo, tem gente que diz que pode haver a paz no corpo, e isso é
impossível. A paz no corpo pode acontecer, mas apenas temporariamente. É só marcar
uma massagem, você ficará "em paz" pós-massagem, mas depois vai embora aquela
paz. Tanto que você precisará marcar uma outra sessão. De tanto em tanto tempo, o
corpo precisará de uma massagem. O corpo precisa de uma massagem na medida em
que fica tenso com a tensão que ele percebe, com a tensão que ele vive. No momento
em que você não mais fica tenso com a tensão dos pensamentos, você está livre. Por si
só, o corpo e os pensamentos relaxam, você não fica mais tenso. Porque a tensão do
corpo e dos pensamentos é baseada numa idéia interna (que é um outro pensamento)
que diz que você não pode ficar "assim". Mas por que não poderia? Onde está escrito?! É
certo que você deseje que as coisas não sejam assim, mas você precisa levar esse
desejo a sério? Você precisa se envolver nesse desejo? O meu convite é para que você
deixe que todos os desejos venham e possam ir. Não se envolva! Permaneça como
observador. E você pode fazer isso, porque essa é a sua natureza.
Sente e fique quieto! Eu sei que vai vir o pensamento: "Ah! Eu poderia colocar uma
musiquinha, iria ficar mais agradável." Você ouve esse pensamento, esse desejo, e deixa
passar. Você não põe. Continua parado! Aí vem um outro pensamento: "Bem que eu
poderia tomar um chá, agora". Você novamente ouve, e não faz nada. Você vai ver um
monte de desejos surgindo, porque todos os desejos tentarão "tirará-lo dali" e, eles só
"o tiram", na medida que você faz alguma coisa, que você os atende. Se você não faz
nada, eles vão tentar, tentar, tentar, até que param. Mas a sua atenção, o seu zelo, tem
de ser total. Você tem de ficar "ali". Muitas coisas irão aparecer...
Satya Prem
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Quando você nota