Anais do IX Seminário de Iniciação Científica SóLetras – CLCA – UENP/CJ - ISSN 18089216
UM ESTUDO APROFUNDADO SOBRE OTELO, O MOURO DE VENEZA, DE
WILLIAM SHAKESPEARE
Fernanda de Cássia Miranda
Mônica de Aguiar Moreira Garbelini
Ederson da Paixão
Arnaldo Nogari Júnior
Ana Carolina Von Ah Uliana
Larissa Fávaro de Oliveira Souza
Eva Cristina Francisco
Integrantes do Projeto de Pesquisa “Os Primeiros Dramas Elisabetanos” – GP “A
Arte Teatral: Conceituação, História e Reflexões” (UENP/CLCA).
RESUMO
Considerado o gênio do Teatro Elisabetano e reconhecido como um dos maiores nomes da
Literatura Universal, William Shakespeare nos apresenta em suas peças, que mais tarde se
transformaram em obras literárias, aspectos que nos levam a refletir sobre a natureza humana,
através de seus personagens ricos e complexos; alguns virtuosos, outros, com alguma
oscilação de caráter.
Nesse sentido, o presente minicurso pretende fazer uma análise
profunda da peça Otelo, O Mouro de Veneza, escrita por volta de 1603, ressaltando não
apenas o enredo e os personagens, mas outros pontos considerados pertinentes, que serão
esmiuçados e explanados.
Palavras-chave: William Shakespeare. Personagens. Análise aprofundada.
Introdução
Considerado o gênio do Teatro Elisabetano, William Shakespeare vem
sendo estudado por teóricos de todos os tempos, e observa – se que dependendo da década em
que ele é objeto de atenção, há sempre um novo aspecto considerado tão pertinente quanto
qualquer outro relacionado à sua vida e às suas produções.
Nascido em Stratford – upon – Avon, em 23 de abril de 1564, Shakespeare
consolidou sua carreira como um dos maiores dramaturgos de todos os tempos, ao escrever (e
reelaborar) peças teatrais, incluindo comédias, peças históricas, tragédias e também
belíssimos poemas e sonetos.
Ao retratarmos sobre os objetivos de Shakespeare, percebe – se que ele
escrevia peças para ganhar dinheiro e possuir propriedades, sem preocupação em deixar para
o futuro algum legado literário, exceto, talvez, pelos seus poemas.
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Nesse sentido, dois amigos dele, Heming e Condell, responsabilizaram – se
pela primeira edição de suas peças reunidas (First Folio), em 1623, sete anos após a sua
morte. Diante disso nota – se que Shakespeare também escrevia suas peças para serem
representadas e não para serem publicadas.
Outra preocupação de Shakespeare era em agradar e aproximar a plateia
elisabetana de suas peças, pois ele sempre procurava promover uma integração entre o mundo
real e o mundo idealizado, através de temáticas diversas.
No que se refere às condições nas quais Shakespeare trabalhou, sabe – se
que havia pouco cenário, e esse fato obrigava o ator a utilizar recursos para criá – lo na
imaginação do público, através de descrições muito realistas e vivas nos textos.
Em relação às cenas, Anthony Burgess considera Shakespeare como
cinematográfico, devido às suas rápidas mudanças de cena, sendo que esta sua agilidade
também aplica – se à sua linguagem, ao inventar palavras novas e escrever com facilidade,
além de preocupar – se com o som das palavras, e que efeito esse som deveria causar nos
ouvidos de seu público. Apesar de Shakespeare não ser bem visto devido às suas
reelaborações de peças através de histórias já existentes, e também pelo fato de ele atuar, é
notável a sua ousadia e superação diante de seus predecessores, conferindo às suas produções,
sua genialidade e sua poeticidade em elaborar palavras novas e de conferir às suas peças o
toque criativo e peculiar, com temáticas sobre a natureza humana, as quais podemos considerá
– las atemporais.
Referente Extratextual
O personagem Otelo, a exemplo de todos os heróis da épica e da tragédia
clássica, não foi inventado pelo autor da obra, mas inspirado numa história real que se passou
na Itália em 1508. Havia um capitão mouro muito corajoso e respeitado por suas habilidades
na arte da guerra que era casado com uma linda jovem por quem era muito apaixonado e de
quem sentia muito ciúmes, tanto que se fazia acompanhar da esposa mesmo na guerra. Numa
certa batalha, sentindo que a derrota era inevitável, o mouro preferiu matar sua esposa à
deixá-la à mercê dos inimigos. Em 1535, baseado nos fatos acima, o escritor italiano Giovanni
Batista Giraldo, mais conhecido como Cinthio, escreveu o conto (ou novela) Un capitano
mouro, que está contido em sua obra Hecatommi (que significa literalmente cento e dez
histórias). Cinthio apresentou o mouro como um homem de grande caráter, sendo muito
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respeitado pelos governantes pois sua grande habilidade na arte da guerra era muito necessária
para defender os territórios contra os exércitos inimigos. Porém, o capitão tinha ciúmes
doentios de sua linda esposa, e acreditando nas falsas insinuações de um alferes invejoso de
que a jovem o traía, ele a matou. Shakespeare, ao adaptar para o palco em 1605 a história do
mouro, se baseou no conto de Cinthio, conferindo ao personagem principal todas as
qualidades de um verdadeiro herói e também toda a desconfiança e ciúmes de um homem
inseguro e apaixonado. Ele usou na sua peça todos os ingredientes necessários para uma
verdadeira tragédia
shakespeariana, explorando temas variados como o racismo, amor,
ciúmes, traição, atração sexual, inveja, astúcia discórdia, poder e choque cultural, fazendo de
Otelo, o Mouro de Veneza, uma obra universal e atemporal.
Análise dos Personagens: Principais Características
Neste momento será empreendida uma análise breve, porém importante
acerca das principais características dos personagens presentes na peça Otelo, o Mouro de
Veneza, de William Shakespeare. Quando pensamos em personagens podemos mencionar os
apontamentos de Franco Junior (2003), que ressalta que os mesmos são seres constituídos por
meio de signos (verbais e visuais – peças de teatro, novelas), e que, portanto, são
representações dos seres que movimentam a narrativa por meio de suas ações e/ou estados.
Dessa maneira, ao estudar de maneira breve, mas de importância considerável tais
elementos referentes à obra em questão, propôs-se uma divisão com base nos Personagens
Protagonistas, Antagonista, Secundários bem como os demais, cuja participação não é de
extrema importância, mas que contribuem (mesmo que de maneira superficial), para com o
desenvolvimento da trama.
Personagens Protagonistas
•
Otelo: Otelo era um general mouro, de aparência rude, cujos sentimentos eram de
nobre. A idade não é revelada no desenrolar da obra, porém dá-se a entender de que já
era um homem de, idade um pouco avançada. De coração humilde, foi incapaz de
perceber a malícia e a maldade das pessoas ao seu redor às quais acreditava. Podemos
verificar tal aspecto no momento em que este acredita que a traição de Iago é fruto do
“inimigo”. Por não ter sido seguro em seu amor, acreditou na armadilha de Iago a
respeito de uma suposta traição por parte de sua esposa, Desdêmona.
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Otelo (A Iago): Não irei. Quero que me encontrem. Minha dignidade, meus feitos e
minha alma íntegra lhes mostrarão exatamente como eu sou. (SHAKESPEARE,
2009, p. 28)
•
Desdêmona: Esposa de Otelo, Desdêmona era uma jovem nobre muito desejada por
muitos rapazes tanto por sua beleza quanto pelo dote que possuía. Viveu em um
período em que os pais decidiam os casamentos dos filhos, porém esta teve autonomia
para escolher seu próprio esposo, o qual seu pai acreditava que teria ocorrido devido a
bruxarias. Sua vida terminou de maneira trágica sem o apoio de ninguém.
Desdêmona: Se amei o mouro o bastante para viver com ele, o desafio de minha
conduta e a tempestade enfrentada por minha sorte são proclamados ao mundo ao
som da trombeta. Meu coração aceita a profissão militar de meu marido. Em sua
alma, vi o semblante de Otelo e consagrei a minha vida e meu destino à sua honra e
sua valentia (...). (SHAKESPEARE, 2009, p. 38)
Personagem Antagonista
•
Iago: Iago era um personagem que odiava o mouro Otelo visto que este concedeu o
cargo de tenente a Cássio, visto que ele pretendia por se julgar mais experiente.
Egocêntrico, se submetia aos mandamentos, ordens e desejos de Otelo pensando
apenas em seus próprios interesses e necessidades. Enquanto traía a confiança de
Otelo, era visto por este como uma pessoa honesta.
Iago (A Rodrigo): Podes ficar tranquilo! Eu só continuo sob as ordens dele para
servir meus propósitos a seu respeito. Nem todos podem ser senhores, nem todos os
senhores podem ser fielmente seguidos. (SHAKESPEARE, 2009, p. 22)
Personagens Secundários
•
Cássio: O tenente Cássio foi escolhido para tal cargo de confiança por ter-se tornado
confidente do amor e relacionamento entre Otelo e Desdêmona, possuindo, assim, a
confiança do casal. Ingênuo, também não foi capaz de perceber a trama de Iago para
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com sua desgraça, que foi se embriagar e se envolver em uma situação que lhe custou
a perda de seu cargo.
Cássio: (...) Não penseis, cavalheiros, que eu esteja bêbado! Este é meu alferes, esta
é a minha mão direita e esta a minha mão esquerda... Não estou embriagado agora;
posso ficar de pé muito bem e falar melhor ainda!
Todos: Perfeitamente bem! (SHAKESPEARE, 2009, p. 57)
Otelo (A Iago): Já sei, Iago, que tua honestidade e tua amizade te induzem a atenuar
o fato para que pese menos sobre Cássio. Gosto de ti, Cássio, porém nunca mais
serás meu oficial. (SHAKESPEARE, 2009, p. 61)
•
Brabâncio: Senador da República de Veneza e pai de Desdêmona. Não era favorável
para com o casamento de sua filha com o mouro Otelo.
Brabâncio: Foi seduzida, roubaram-na de mim, e corrompida com feitiços e drogas
compradas de charlatães, pois, por natureza, não sendo ela imbecil, cega e coxa de
sentidos, não poderia ter-se enganado tão loucamente, sem a ajuda da feitiçaria.
(SHAKESPEARE, 2009, p. 33)
•
Emília: Esposa do astuto e sábio Iago, serviçal de Desdêmona. Sua figura a princípio
parece de pouca importância na obra mas aos poucos vai adquirindo espaço. Acaba
entregando seu esposo a Otelo, Ludovico e Montano, tudo pela honra de Desdêmona.
Otelo: Era falsa como a água!
Emília: E vós, o fogo que queima sem pensar, dizendo que ela era falsa. Oh! Ela era
honesta! (SHAKESPEARE, 2009, p. 133)
Os demais personagens da obra, cuja participação não é tão importante para o
desenrolar da trama quanto os acima elencados são os seguintes:
•
Bianca: Amante de Cássio;
•
Montano: Governador antes de Otelo;
•
Ludovico: Parente de Brabâncio;
•
Graciano: Irmão de Brabâncio;
•
Rodrigo: Fidalgo apaixonado por Desdêmona;
900
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•
Bobo: Criado de Otelo;
•
Doge de Veneza.
A inveja presente na obra Otelo, o Mouro de Veneza, de William Shakespeare
A literatura é fundamental a todos os seres humanos. Como se sabe, a sua
produção e fruição se baseiam numa condição de necessidade universal de ficção e de
fantasia, que é coextensiva ao homem, pois aparece firmemente em sua vida, como indivíduo
e como grupo, junto da satisfação das necessidades mais primárias. Dessa forma, a literatura é
uma das classes que contribuem para essa necessidade universal, cujos exemplos mais simples
e espontâneos de contentamento são o provérbio, a adivinhação, o trocadilho entre outros.
Em seguida, com o desenvolvimento da civilização, as formas mais simples
deram origem aos textos impressos, anunciados pelo livro, o folheto, o jornal, e pela revista,
em forma de poema, conto, romance e narrativa romanceada. Recentemente, ocorreu a
expansão das modalidades ligadas à comunicação pela imagem e à redefinição da
comunicação oral, propiciada pela técnica: fita de cinema, histórias em quadrinhos,
telenovela, etc.
Dessa forma, por via oral ou visual, a necessidade de ficção se manifesta a
cada instante, pois ninguém consegue passar um só dia sem fantasiar e fazer uso sua
imaginação. No entanto, a fantasia nem sempre é pura, pois muitas vezes ela se refere a uma
realidade presente na nossa sociedade, podendo refletir um fenômeno da natureza, um
acontecimento histórico, nossas emoções, tradições, e até mesmo, novos problemas sociais.
Por esse motivo surge uma indagação a respeito da ligação entre fantasia e realidade, a qual
pode servir de princípio para pensar na função da literatura, como afirma Cândido:
A fantasia quase nunca é pura. Ela se refere constantemente a alguma realidade:
fenômeno natural, paisagem, sentimento, fato, desejo de explicação, costumes,
problemas humanos, etc. Eis por que surge a indagação sobre o vínculo entre
fantasia e realidade, que pode servir de entrada para pensar na função da literatura.
(CÂNDIDO, 2002, 80-81)
Por assim ser, as obras literárias por mais que sejam fantasiadas têm por
base a realidade. Ao apresentar a realidade da sociedade, a literatura pode atuar no
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subconsciente do homem, dando-o subsídios, os quais podem ajudá-lo a se relacionar com os
demais e a compreender o comportamento dos grupos sociais.
Portanto, a literatura tem a função de formar, porém não como a ideologia
pedagógica que apresenta exclusivamente o Verdadeiro, o Bom e o Belo, acentuados de
acordo com os interesses dos grupos dominantes, mas educando como ela realmente é, com
altos e baixos, luzes e sombras, ou seja, “ela não corrompe nem edifica, portanto; mas,
trazendo livremente em si o que chamamos o bem e o que chamamos o mal, humaniza em
sentido profundo, porque faz viver”. (CÂNDIDO, 2002, p.85)
Dessa forma, a literatura apresenta a vida de fato como ela é, tanto com os
prazeres e alegrias que vivemos no nosso cotidiano, quanto os fatos ruins, os quais devemos
lidar. Sendo assim, a literatura acaba por influenciar a humanidade, pois nos expõe as mais
diversas situações e nos faz refletir sobre elas. De acordo com Cândido (2002, p.92):
...o leitor, nivelado ao personagem pela comunidade do meio expressivo, se sente
participante de uma humanidade que é a sua, desde modo, pronto para incorporar à
sua experiência humana mais profunda o que o escritor lhe oferece como visão da
realidade. (CÂNDIDO, 2002, p.92)
O drama Otelo, o Mouro de Veneza, de William Shakespeare, escrito por
volta de 1603, é exemplo de obra que chama a atenção do leitor para essa conformidade. Nele
o autor apresenta determinados comportamentos humanos, os quais são muito presentes na
sociedade atual e que são prejudiciais a todos, portanto impuros.
Uma das características que mais se faz presente no drama, o qual
certamente nos deparamos constantemente na nossa sociedade atual, é a inveja. Entendemos
por inveja um sentimento de tristeza perante o que o outro tem e a própria pessoa não tem.
Este sentimento gera o desejo de ter exatamente o que a outra pessoa possui, desde coisas
materiais como qualidades inerentes ao ser.
Analisando a obra, nos deparamos com o sentimento de inveja o tempo
todo. Logo no início do drama nos deparamos com um diálogo entre Iago e Rodrigo, onde
aquele se queixa por Otelo ter sido promovido a tenente e não ele:
RODRIGO - Cala-te! Não me fales. Aborrece-me demais verificar que justamente
tu, Iago, que dispunhas à vontade de minha bolsa, como se teus fossem seus cordões,
conhecesses isso tudo...
IAGO - Mas escuta-me, ao menos! Se eu já sonhei alguma vez com isso, podes
abominar-me.
RODRIGO - Dito me havias que lhe tinhas ódio.
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IAGO - Despreza-me, se não for assim mesmo. Três pessoas de grande influência
aqui vieram falar-lhe, chapéu na mão, com humildade, para que fizesse de mim o
seu tenente. E por minha fé de homem, tenho plena consciência do que valho; não
mereço posto menor do que esse. Ele, no entanto, consultando somente o orgulho e
os próprios interesses, furtou-se com fraseado bombástico, recheado só de epítetos
de guerra. Em conclusão: não entendeu aos meus intercessores. "Pois já escolhi meu
oficial", lhes disse. E quem é ele? Ora, por minha fé, um matemático, um tal Micael
Cássio, um florentino, um tipo quase pelo próprio inferno fadado a ser uma mulher
bonita, que nunca comandou nenhum soldado um campo de batalha e que conhece
tanto de guerra como uma fiandeira; erudição de livros, simplesmente, sobre o que
podem dissertar com a mesma proficiência que a dele os nossos cônsules togados;
palavrório sem sentido, carecente de prática: eis sua arte. No entanto, meu senhor,
foi o escolhido; ao passo que eu, que aos próprios olhos dele provas cabais já dera
em Chipre e Rodes e em muitos outros pontos habitados por cristãos e pagãos, terei
de, agora, ficar a sota-vento e calmaria, só por causa do dever-e-haver de um simples
calculista, que - oh tempos! - vai tornar-se tenente, enquanto que eu - Deus me
perdoe! - continuarei sendo do Mouro o alferes.
Podemos perceber no fragmento acima a inveja de Iago para com a
promoção de Otelo. Iago acredita que ele próprio deveria ter recebido tal promoção, pois
acredita ser melhor que Otelo e por isso, o critica e o discrimina de várias formas.
Por consequência dessa inveja, Iago tenta prejudicar Otelo, acusando-o para
Bradâncio, pai de Desdêmona, de ter casado com sua filha utilizando-se de bruxaria:
IAGO - Com mil diabos, senhor, fostes roubados; por vergonha, ide vestir a toga;
arrebentado tendes o coração; metade da alma já vos foi alienada. Agora mesmo,
neste momento, um velho bode negro está cobrindo vossa ovelha branca. Tocai o
sino, para que despertem os cidadãos que roncam; do contrário, o diabo vos fará
ficar avô. Despertai! E o que eu digo.
BRABÂNCIO - Mas que é isso! Perdestes o juízo?
RODRIGO - Venerável senhor, reconheceis-me pela voz?
BRABÂNCIO - Não; mas quem sois?
RODRIGO - Rodrigo; assim me chamo.
BRABÂNCIO - Pior nome não podias revelar-me. Não te proibi de me rondar a
casa? Não me ouviste dizer, com leal franqueza, que para ti não era minha filha? Por
que me vens agora, transtornado pela ceia e os vapores da bebida, com tua
tratantagem maliciosa perturbar-me o repouso?
RODRIGO - Meu senhor, senhor, senhor...
BRABÂNCIO - Mas podes ficar certo de que minha coragem e meu posto na
república têm poder bastante para fazer-te amargurar por isso.
RODRIGO - Paciência, bom senhor.
BRABÂNCIO - Por que me falas em roubo? Estamos em Veneza; minha casa não é
uma granja.
RODRIGO - Venerável senhor, vim procurar-vos com lisura.
IAGO - Ora, senhor! Sois uma dessas pessoas que se negariam a servir a Deus, se
fosse o diabo que lhes ordenasse. Por que viemos prestar-vos um serviço e nos
tendes na conta de velhacos, quereis que vossa filha seja coberta por um cavalo
berbere e que vossos netos relinchem atrás de vós? Quereis ter cordéis como primos
e ginetes como parentes?
BRABÂNCIO - Quem és tu, miserável licencioso?
IAGO - Sou um homem, senhor, que vim revelar-vos que vossa filha e o Mouro se
acham no ponto de fazer o animal de duas costas”.
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No trecho acima nos deparamos com o resultado da inveja de Iago. Por não
ter sido promovido a tenente, Iago tenta prejudicar Otelo, acusando-o de ter seduzido
Desdêmona a se casar com ele por meio de bruxarias. No nosso cotidiano, nos deparamos
constantemente com situações semelhantes a esta, onde a crueldade do ser humano é evidente.
Como afirma Cândido, a literatura não trás só o belo “mas, trazendo livremente em si o que
chamamos o bem e o que chamamos o mal, humaniza em sentido profundo, porque faz
viver”. (CÂNDIDO, 2002, p.85)
Durante toda a obra, Iago tenta elaborar uma estratégia eficaz para de
alguma forma atingir Otelo. Tudo isso, como afirmado anteriormente, é resultado da inveja da
personagem para com o Mouro. Podemos observar tal sentimento no trecho abaixo, onde Iago
decide causar ciúmes em Otelo para com sua esposa Desdêmona:
IAGO - Que amor lhe tenha Cássio, é o que acredito; que ela o ame, é quase certo e
compreensível. O Mouro, embora eu suportar não o possa, por natureza é firme,
nobre e amável, tendo eu plena certeza de que ele há de ser o marido ideal para
Desdêmona. Mas eu também a amo, não por simples concupiscência, muito embora
eu seja também passível dessa grande falta. Não; é para saciar minha vingança, pois
suspeito que o Mouro luxurioso pulou na minha sela, pensamento esse que, como
mineral nocivo, me corrói as entranhas, sem que nada possa ou deva deixar-me a
alma aliviada antes de virmos nisso a ficar quites: é mulher por mulher. Falhando o
plano, farei tal ciúme despertar no Mouro, que não possa curá-lo o raciocínio. Para
obter isso - caso este sabujo de Veneza, que à trela sempre trago, saiba encontrar o
rasto correr firme - pegarei Miguel Cássio pelo flanco, pois temo que ele também
tenha usado meu gorro de dormir. Assim, o Mouro me amará, ficar-me-á
reconhecido, e um prêmio me dará por eu ter feito dele um asno completo, e o ter
privado da paz e do sossego, até nas raias ir bater da loucura. Aqui está tudo. Meio
confuso, é certo; mas, inteira, nunca se mostra, nunca, a bandalheira.
Dessa forma, percebemos o quanto o sentimento de inveja pode ser
prejudicial ao homem. Iago está decidido em utilizar do ciúme para com Desdêmona, com o
intuito de ferir Otelo, fazendo com que o mesmo cometa algum crime para destituí-lo de seu
posto.
O Ciúme de Otelo
Segundo consta no Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, “ciúme é um
sentimento doloroso causado pela suspeita de infidelidade da pessoa amada” (p. 238), mas
propomos nesse artigo analisar o ciúme através da literatura, para ser mais específico, através
do personagem Otelo, de William Shakespeare, pois “Literatura é a vida no papel”
(BARASH, David P. e BARASH, Nanelle , p. 22).
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A peça, como já vimos, traz uma história intensamente dramática de um
general mouro de Veneza, Otelo, que ao ser manipulado por seu alferes Iago, mata sua esposa
Desdêmona por ciúmes e ao descobrir o grande erro que cometeu se suicida. O rumo trágico
dos personagens está traçado desde o início da peça, Otelo, inseguro por sofrer preconceito
racial e ser tolerado somente por ser um grande líder militar, fica suscetível às intrigas do
astucioso Iago e passa a sofrer do “monstro dos olhos verdes” (p. 34) - a green-eyed monster,
brilhante definição de Shakespeare para o ciúme.
“O ciúme é uma emoção extremamente comum” (Kingham & Gordon,
2004), é um
complexo de pensamentos, sentimentos e ações que se seguem às ameaças para a
existência ou a qualidade de um relacionamento, enquanto estas ameaças são
geradas pela percepção de uma real ou potencial atração entre um parceiro e um
(talvez imaginário) rival (White, 1981c, p.129)
Quando o ciúme ultrapassa os limites da compreensão e a pessoa perde o
controle de seus atos, ele é considerado patológico. Popularmente conhecido por Síndrome de
Otelo, em referência a obra analisada, o ciúme patológico compreende várias emoções e
pensamentos irracionais e perturbadores, além de comportamentos inaceitáveis ou bizarros
(Leong et al, 1994).
Podemos, então, diagnosticar o mouro de Veneza como portador do ciúme
patológico, pois seu sentimento foi fundamentado em falsas ideias ou delírios, não sendo
abaladas pelas argumentações racionais da doce Desdêmona, como vemos nos trechos que
seguem:
DESDÊMONA - Contudo, sinto medo, pois terrível sois sempre, quando revirais os
olhos dessa maneira.
A causa desse medo, não sei dizê-lo, pois não sou culpada; porém sinto que tenho
muito medo.
OTELO - Pensa nos teus pecados.
DESDÊMONA - Só consistem no amor que vos dedico. (p. 64)
(...)
OTELO - O lenço que te dei que eu tanto amava, a Cássio o deste?
DESDÊMONA - Não, por minha vida, por minha alma, não o dei. Mandai chamá-lo
e interrogai-o. (p. 64-65)
Ao estrangular Desdêmona, Otelo, comprova ser portador do ciúme
patológico, pois como afirma Mukai (2003) os portadores dessa síndrome têm a tendência a
serem violentos com o cônjuge e em alguns casos podem chegar a cometer crimes.
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William Shakespeare é admirado até hoje, pois suas obras são atemporais. E
com Otelo não é diferente, pois casos como esse acontecem até hoje, são as tragédias da vida
real. Assim como Otelo assassina Desdêmona sem base em evidências concretas, vimos
recentemente em todos os noticiários que a enfermeira Elize Araújo Kiutano Matsunaga
matou e esquartejou o marido, Marcos Kitano Matsunaga, de 42 anos, dono da empresa de
alimentos Yoki, ao descobrir que ele a traia. Segundo o depoimento de Elize, o crime foi
motivado por ciúmes, provocado após a descoberta de uma traição por parte dele
(http://www.mundopositivo.com.br/noticias). Outro exemplo recente aconteceu no dia 30 de
junho desse ano, quando Um casal foi encontrado morto em um apartamento na zona leste de
São Paulo (...) segundo a Polícia Miliar, o homem teria descoberto uma traição da namorada e
a
matado
a
facadas.
Logo
em
seguida,
deu
um
tiro
na
cabeça.
(http://noticias.terra.com.br/brasil/noticias/)
A razão pela qual Otelo continua a ser lida e encenada quinhentos anos
depois de Shakespeare tê-la escrito é porque essa peça nos fala de algo eterno e universal...
não tanto sobre um sujeito chamado Otelo, mas sim sobre nós mesmos. Ela fala ao Otelo que
existe no interior de cada um de nós: nossa natureza humana comum. (BARASH, David P. e
BARASH, Nanelle, 13-14).
Tema da Astúcia
1ª Astúcia de Iago
Iago conversa com Rodrigo indignado, pois, Otelo escolhe Cássio para
ocupar o cargo de tenente. Iago então, dominado por ódio, planeja vingança: conta para
Brabâncio que sua filha Desdêmona havia fugido para se casar com Otelo às escondidas.
IAGO: Chama o pai dela; desperta-o; corre atrás do Mouro, põe-lhe veneno na
alegria [...] atormenta-o cm praga de mosquitos.
RODRIGO: Fica aqui mesmo a casa do pai dela; vou chamar em voz alta.
[...]
IAGO: [...] senhor, fôste roubado [...] Agora mesmo, neste momento um velho bode
negro está cobrindo vossa ovelha branca [...] o diabo vos fará ficar avô. (Ato I –
Cena I - p. 20 – 2)
2ª Astúcia de Iago
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Iago, ainda inconformado por não ter sido escolhido tenente, alimenta muito
ódio por Otelo, que não tendo conhecimento desse ódio, confia-lhe Desdêmona aos seus
cuidados. Iago aproveita-se da situação para forjar um falso caso amoroso entre Desdêmona e
Cássio.
IAGO: [...] Ora vejamos como posso alcançar o lugar dêle e enfeitar meu desejo
com patifaria. Como? De que modo? Reflitamos. (Ato I - Cena III - p. 45)
3ª Astúcia de Iago
Iago forja para que Cássio seja pego em flagrante bêbado e tendo um
comportamento violento, a fim de que fosse mais fácil acusá-lo a Otelo.
IAGO: Vamos tenente; tenho um quartal de vinho e aí fora um par de galantes
chipriotas que de bom grado beberiam à saúde do negro Otelo.
CÁSSIO: Não hoje à noite, meu bom Iago; tenho a cabeça muito fraca para bebidas
[...]
IAGO: Oh! São nossos amigos! Um copo, somente [...] (Ato I - Cena III - p. 61)
Cássio embriaga-se e mete-se numa briga com Rodrigo e Iago logo conta a
Otelo do ocorrido e Otelo decide desligar Cássio do cargo de tenente.
Após fingir lamentar a situação de Cássio, Iago aconselha-o a procurar por Desdêmona para
pedir-lhe que interceda por ele diante de Otelo.
IAGO: [...] Falai-lhe com franqueza; importunai-a, que ela vos ajudará a
reconquistar êsse lugar [...].
CÁSSIO: Dais-me um bom conselho. (Ato II – Cena III – p. 71)
4ª Astúcia de Iago
Cássio, seguindo o conselho do falso amigo, pede à Emília que lhe arranje
para conversar à sós com Desdêmona e trata logo de levar Otelo até os dois para que ele
flagrasse a mulher e o ex-tenente conversando.
Em seguida, Iago lança uma cizânia a Otelo: diz-lhe algo sobre a
honestidade de Cássio que fica subentendido, despertando a curiosidade de Otelo. Logo
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depois, Iago faz insinuações que deixam Otelo em dúvida quanto à honestidade e a fidelidade
de Desdêmona.
IAGO: Nobre senhor...
OTELO: Que queres Iago?
IAGO: Acaso Miguel Cássio estava a par de vossos sentimentos quando a corte
fizestes à senhora?
OTELO: Desde o início até o fim. Por que o perguntas?
IAGO: Para satisfazer o pensamento; não há malícia alguma.
OTELO: Como Iago! Que pensamentos? (Ato II – Cena III – p. 82)
5ª Astúcia de Iago
Iago havia pedido à sua mulher, Emília, que roubasse de Desdêmona um
lenço que Otelo havia lhe dado de presente. Emília não precisou roubá-lo porque Desdêmona,
num descuido deixa o lenço cair, e Emília logo recolhe e entrega ao marido que planeja entrar
no quarto de Cássio e deixar o lenço de Desdêmona, a fim de Otelo encontrar ali a prova de
que precisava contra a esposa.
IAGO: [...] não vistes por ventura na mão de vossa espôsa, algumas vezes, um lenço
com bordados de morangos?
OTELO: Dei-lhe um assim; foi meu primeiro mimo.
IAGO: Ignorava êsse fato; porém tenho certeza plena de ter hoje visto Cássio passar
na barba um lenço desses, que foi de vossa esposa.
[...]
OTELO: Que baixe para o inferno essa lasciva prostituta! Que baixe para o inferno!
[...] Doravante serás o meu tenente.
IAGO: E eu me declaro vosso pôr toda vida. (Ato II – cena III – p. 96 – 98)
6ª Astúcia de Iago
Após envenenar Otelo contra Desdêmona, dando continuidade ao seu plano,
Iago planeja a morte de Cássio. Para isso, induz Rodrigo, prometendo-lhe ajudá-lo a se casar
com Desdêmona. Porém, Iago planejava também a morte de Rodrigo para que não houvesse
testemunhas que poderiam chantageá-lo no futuro.
IAGO: [...] se na próxima noite não vieres a possuir Desdêmona, tira-me
traiçoeiramente deste mundo e inverta suplícios para fazer-me morrer [...] Veio uma
ordem especial de Veneza, para que Cássio fique no lugar de Otelo.
RODRIGO: Isso é verdade? Nesse caso Otelo e Desdêmona terão de voltar para
Veneza.
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IAGO: Oh, não! Êle vai para a Mauritânia e levará consigo a bela Desdêmona, a
menos que sua permanência aqui seja prolongada por algum acidente[...] (se Cássio)
ficar incapaz de ocupar o lugar de Otelo, por lhe terem estourado os miolos.
RODRIGO: É isso que desejais que eu faça.
IAGO: Sim [...] (Ato IV - Cena II - p. 127 – 128)
7ª Astúcia de Iago
A última astúcia de Iago vem a ser o conselho que dá a Otelo de que lavará
sua honra somente se matar Desdêmona. E Otelo, Como já está possuído por ódio porque
pensa ter sido traído, asfixia Desdêmona friamente sem lhe dar ouvidos às suas explicações ou
à defesa.
OTELO: Pensa nos teus pecados.
DESDÊMONA: Só consistem no amor que vos dedico.
OTELO: Pois por êle vais agora morrer.
[...]
DESDÊMONA: [...] Em tôda vida jamais vos ofendi. Nunca amei Cássio, só lhe
tenho dedicado essa amizade que o céu permite, e nunca o presenteei.
OTELO: Pelo céu, vi o lenço na mão dêle [...] Vi o lenço! Eu mesmo!
DESDÊMONA: Então, é que êle o achou. Nunca lho dei. Mandai chamá-lo, para vir
confessar o que há.
OTELO: Já confessou [...] que te possuiu.
DESDÊMONA: Absurdo! Não dirá isso.
OTELO: Não, porque tapada já tem a bôca.
[...]
OTELO: Para trás, prostituta! (Ato V - Cena II - p. 141-142)
Otelo : a adaptação para o cinema
Após as considerações feitas nos temas anteriores, vale discutir a
adaptação fílmica feita sobre mais essa obra shakesperiana. A pergunta reflexiva que instiga
os admiradores do dramaturgo: Por que transcodificar Shakespeare?
Como já mencionado, o dramaturgo poderia ser considerado
cinematográfico, devido à rapidez e a habilidade que tinha na troca de cenas durante a
apresentação de suas peças. Além disso, como se sabe, seus dramas foram feitos para serem
assistidos e não para mera leitura.
Nesse sentido, mesmo sem aperfeiçoamento acadêmico ou qualquer
tipo de especialização na área, o dramaturgo ultrapassa o papel de escritor para atuar como
diretor, roteirista e muitas outras atuações existentes na coletividade da arte do gênero
dramático.
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Assim, encontramos uma das respostas para a pergunta lançada e
consideramos algumas abordagens teóricas sobre a adaptação fílmica, pois, o teatro fica
aquém do que o cinema pode oferecer no que se refere à impressão de realidade transmitida
ao espectador.
Desde os primórdios da sétima arte, encontramos a relação entre cinema e
literatura. Esta relação, mais recentemente, passou a despertar um interesse particular por
parte dos estudiosos e críticos da arte, em relação à fidedignidade da obra.
A questão da transcodificação de linguagens da literatura para o cinema,
estabelecendo o contraste entre “contar” e “mostrar” é bem esclarecida por Hutcheon (2006),
sendo o primeiro próprio do modo literário e o segundo do fílmico. Ao assistirmos a um
filme, em uma única tomada, conseguimos absorver a descrição de uma personagem que seria
feita em várias páginas.
O diretor ou roteirista deve reestruturar as ações dramáticas existentes e
quando assistimos a uma obra transcodificada de um drama shakespeariano, conseguimos
comprovar a competência do artista em transmitir a história de um modo instigante e retórico.
Isso também acontece devido ao sincretismo da linguagem cinematográfica, ou seja, em uma
única sequência são encontrados diversos elementos ou informações que levariam, muitas
vezes, quase a obra toda em páginas escritas.
Ademais, ao assistirmos a um filme, é como se os fatos estivessem
ocorrendo diante dos nossos olhos, a preocupação é maior quanto aos elementos futuros da
trama do que com os passados, ansiamos pelo clímax da história. Vivemos a história junto
com o personagem, momento a momento, é a vivência em tempo real.
E, desse modo, torna-se possível entender que o filme se liberta da obra
original e passa a ser independente, ter vida própria, e é dessa forma que deve ser
compreendido: uma nova experiência com novas formas e significados, teoria essa que
comprova todas as atribuições dadas ao dramaturgo aqui estudado e ao merecimento à
transmutação de sua obra para o cinema.
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http://www.mundopositivo.com.br/noticias
http://noticias.terra.com.br/brasil/noticias
Para citar este artigo:
FRANCISCO, Eva C. et al. Um estudo aprofundado sobre Otelo, o Mouro de Veneza, de
William Shakespeare. In: IX SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA SÓLETRAS Estudos Linguísticos e Literários. 2012. Anais... UENP – Universidade Estadual do Norte do
Paraná – Centro de Letras, Comunicação e Artes. Jacarezinho, 2012. ISSN – 18089216. p.
896-911.
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Fernanda de Cássia Miranda(num2)