Tem bullying na escola. E agora supervisor?
Zelani Borges Santana Lazarini 1
Shênia Soraya Soares Louzada2
Resumo: Após a constatação da existência de bullying em escolas públicas da Região
Metropolitana da Grande Vitória durante o trabalho de conclusão do curso de graduação, esse
artigo discute a atitude do supervisor escolar nessa realidade. Entrevistas com alunos e
profissionais da educação deram conta de que a escola precisa combater mais efetivamente
essa violência em seu meio. A presença desse fenômeno fica evidente entre estudantes, que
se tornam reféns de agressores e de seus próprios sentimentos. As escolas, de modo geral,
têm dificuldades na implementação de ações que minimizem o bullying, embora necessitem
enfrentar o problema. Nesse enfrentamento, o supervisor, como mediador dos processos
escolares, é um dos canais de intervenção para mudanças, contando com a legislação já
existente no país.
Palavras-chave: Violência. Bullying. Supervisor. Intervenção.
Abstract: After verifying the existence of bullying in public schools in the metropolitan region of
Victoria during the work of completing the undergraduate program, this article discusses the
attitude of the school supervisor in that reality. Interviews with students and education
professionals have realized that the school needs to more effectively combat such violence in
their midst. The presence of this phenomenon is evident among students who become
hostages of the aggressors and their own feelings. The schools generally have difficulties in
implementing actions to minimize bullying, yet need tackling the problem. In this confrontation,
the supervisor as a mediator of school processes, is one of the channels of intervention for
change,
with
the
existing
legislation
in
the
country.
Keywords: Violence. Bullying. Supervisor. Intervention.
Introdução
Nos tempos atuais, a violência tem avançado em todos os espaços da
sociedade. O ser humano que tem inteligência e criatividade para várias coisas,
quando está diante de situações adversas nem sempre consegue controlar os
instintos mais primitivos que estiveram presentes em seus antepassados. É
provável que as agressões sofridas pelo homem ao longo da história da
humanidade tenham influído na continuidade da violência que chegou até a
escola. Na pré-história, ele precisava vencer os inimigos naturais na luta pela
1
Pedagoga, aluna do curso de Pós- Graduação Lato Sensu -Especialização em Supervisão Escolar da
Faculdade Cenecista de Vila Velha/ES – FACEVV. [email protected]
2
Profª da Faculdade Cenecista de Vila Velha/ES – FACEVV. Psicóloga. Psicopedagoga. Dranda em
[email protected]
135
sobrevivência. Depois, seus descendentes foram desrespeitados durante as
colonizações, as catequizações e o terrorismo.
Hoje, a violência grassa até nos espaços escolares e os profissionais da
educação percebem a falta de companheirismo entre colegas de escola e um
individualismo que cresce cada vez mais, trazendo dificuldade para o trabalho
educacional. O próprio aluno demonstra por suas atitudes que tem dificuldade
de conviver, de aceitar as diferenças individuais e de lidar com elas. E, se não
há intervenções efetivas contra essa situação, o ambiente escolar tende a
apresentar várias formas de agressividade.
Para tratar desse assunto, objetivou-se discutir um tipo específico de violência
denominada bullying3 e a atuação do supervisor escolar, utilizando, as idéias
de Fante4 e de outros autores para analisar os dados que foram obtidos por
ocasião da realização do Trabalho de Conclusão de curso da graduação em
Pedagogia. Por meio de entrevistas semi-estruturadas, os sujeitos foram
estudantes e profissionais de duas escolas públicas no estado do Espírito
Santo. Foram apresentadas algumas alternativas que o supervisor pode lançar
mão para intervir nesses casos. Dos depoimentos e respostas obtidos nas
entrevistas realizadas nas escolas, destacaram-se duas realidades: a
constatação da violência em forma de bullying no ambiente escolar e a
necessidade de prevenir e combatê-lo.
Bullying, uma forma específica de violência
Para tratar o bullying de forma distinta é preciso reafirmar que existem várias
manifestações que se caracterizam como violência, sendo
3
Termo inglês que se refere a uma forma específica de violência, especialmente entre
crianças e adolescentes
4
Educadora, pesquisadora,conferencista, escritora e doutora em Ciências da Educação, desde
2000 investigando a questão da violência nas escolas.
136
[...] um erro fundamental, idealista e até histórico acreditar que definir
violência, ou qualquer outro sentimento que nos causam dor, consista
em nos aproximar o mais possível de um conceito absoluto, de uma
idéia que, de fato, tornariam idênticos a palavra e a coisa. A captação
de diferentes perspectivas possibilita uma infinidade de
compreensões de violência (LA TAILLE 1996, p.154).
Tal infinidade tornou-se bem evidente durante as várias visitas às escolas que
serviram de campo para a coleta de dados sobre o tema. A violência tem se
manifestado de várias maneiras. Os alunos relataram que sofrem com a
agressividade de alguns colegas, com a humilhação que sentem ao serem
chamados de apelidos depreciativos, geralmente, associados a alguma
característica diferente e mais perceptiva que eles possuem. Objetiva ou
sutilmente todos os alunos demonstraram que sentem raiva por viverem essa
situação. Alguns confessam que reagem com brigas e outros dizem que não
tomam atitude nenhuma diante do que sofrem. Sem falar da falta de
providência ou das providências equivocadas tomadas pela escola, o que, sem
dúvida também é um tipo de violência pelo desrespeito ao ser humano e à vida
digna que todos merecem.
Como a violência de modo geral, não fosse o objeto dessa discussão, acreditase ser necessário afirmar que o bullying se manifesta de forma diferente de
outros tipos de violência (FANTE,2005). As brigas que frequentemente
acontecem entre iguais não deveriam ser confundidas com o bullying. Elas
acontecem e acabam. O bullying permanece. A literatura que se dedica a esse
assunto denuncia que tal fenômeno apresenta características próprias e é difícil
de ser enfrentado por diversas razões. Os maus tratos que buscam intimidar
podem se prolongar por meses, e até por anos sem chegar à violência física.
Segundo vários estudiosos, esse comportamento pode trazer prejuízos para o
desenvolvimento dos alunos, seja na baixa auto-estima, no rendimento escolar,
nas relações interpessoais e no desejo ou realização de suicido.
O bullyng compreende, portanto, todas as formas de atitudes agressivas,
intencionais e repetidas, que ocorrem sem motivação evidente, adotadas por
uma ou mais crianças/adolescentes contra outras, causando dor e angústia,
137
executadas dentro de uma relação desigual de poder. “Portanto, os atos
repetidos entre estudantes e o desequilíbrio de poder são as características
essenciais, que tornam possível a intimidação da vítima” (FANTE, 2005, p. 30).
Outros autores que escrevem sobre essa problemática demonstram que, na
maioria das vezes, crianças e adolescentes são alvos dessa violência,
simplesmente, por terem características que os diferenciam dos demais. Quase
sempre esses comportamentos são praticados longe de outras pessoas,
causando danos diversos, inclusive, criando hierarquias dentro do grupo de
convivência.
Nesse processo, existem aqueles que acabam tornando-se
ressentidos, pouco valorizados pelo grupo e com muito medo.
Misturado ao medo, cresce naquele que sofre a violência, o ódio, o desejo de
vingança e as fantasias de destruir os agressores. Essas fantasias, um dia,
poderão se transformar em realidade fazendo das antigas vítimas os futuros
agressores. De modo geral, o alvo de bullying não sabe lidar com a situação,
pois se soubesse teria menos chances de se tornar uma vítima. Como vítima
ele sofre de várias maneiras: medo de denunciar os seus agressores, medo de
represálias, temor de não ser acreditado, intolerância e vergonha pelas
situações humilhantes (ele acredita que ser humilhado ecoa como uma
confissão de fraqueza ou impotência para a defesa).
Nessas circunstâncias, a vida do aluno que não tem coragem de denunciar
passa a ser uma mentira. Numa relação onde impera a mentira, a pessoa deixa
de ser o que é para viver papéis que nem sempre pode sustentar. As relações
tornam-se cada vez mais artificiais, a convivência pacífica deixa de existir e a
finalidade da educação5 de promover o pleno desenvolvimento do educando,
não acontece.
A intolerância, a ausência de parâmetros que orientem a convivência
pacífica e a falta de habilidade para resolver os conflitos são algumas
das principais dificuldades detectadas no ambiente escolar.
Atualmente, a matéria mais difícil da escola não é a matemática ou a
5
Art 2º LDB 9394/96
138
biologia; a convivência, para muitos alunos e de todas as series,
talvez seja a matéria mais difícil de ser aprendida (FANTE, 2005, p.
91)
Diante dessa realidade e levando-se em conta que a escola é um
espaço/tempo social e educacional, torna-se imprescindível que os educadores
estejam atentos, transformando a escola num lugar de relacionamentos
saudáveis, alegria, prazer e aprendizagem, estimulando o estudante a ser ator
principal na disseminação da paz.
O que pode fazer um supervisor escolar
Nas escolas visitadas, os alunos entrevistados foram convidados a darem
sugestões para tratar o problema. Da parte dos seis alunos que responderam,
voluntariamente, a essa questão, as propostas foram bastante convencionais:
três declararam que a escola deveria chamar a família para conversar, um
respondeu que o pessoal da escola precisava conversar com os alunos, outro
que deveria haver mais vigilância e três indicaram a suspensão das aulas para
quem humilhasse o colega na escola. Tais respostas parecem indicar que os
estudantes perpetuam as ações que presenciam e não têm sido chamados
para diálogos e discussões de propostas e soluções.
Nas conversas com os profissionais as respostas tiveram o mesmo enfoque
que os alunos deram. Um dos profissionais declarou: “Dentro da escola
tomamos as providências necessárias para o bom andamento da disciplina,
mas fora da escola não podemos fazer nada”. Ele não disse quais seriam
essas providências, embora um outro profissional tenha afirmado, em conversa
posterior, que o que se pode fazer é chamar o Conselho tutelar. Tais
declarações levam, pelo menos, a três hipóteses: 1) o que se pretende na
escola parece ser apenas a manutenção da disciplina (leia-se ordem) e não o
que sentem e vivem os alunos; 2) a responsabilidade da escola é tida como
segurar o comportamento dos alunos dentro dos seus muros. Daí em diante, o
139
problema já está entregue aos outros. Ou seja, o que se “aprende” na escola
não serve para ser vivido na sociedade.3) Os profissionais da escola, como a
maioria da sociedade, não aprenderam a lidar com tais situações e perdem a
grande chance de criar alternativas para um mundo melhor.
Segundo TIBA, [...] o ser humano tem inteligência e criatividade para superar
conflitos, encontrar soluções novas para os problemas, sofisticar a saciedade
dos instintos e transformar o meio ambiente em busca de melhor qualidade de
vida (2002, p..66-67). É necessário que os profissionais da escola utilizem esse
cérebro criativo para auxiliar nessa questão tão séria.
Entendendo que no ambiente escolar o supervisor é um mediador educacional
que precisa trabalhar na prevenção e na intervenção, chega-se à conclusão de
que é necessária a preparação dos profissionais para prevenir e intervir quando
houver a presença de bullying entre os alunos. Nessa perspectiva, torna-se
relevante a sensibilização desse profissional e de todos os outros que exercem
funções na escola para a compreensão de possíveis mudanças em relação aos
alunos; para a auto-reflexão e ainda, para o surgimento de propostas de
intervenções pedagógicas específicas para lidar com a presença do bullying no
ambiente escolar.É fundamental que aqueles que lidam com alunos sejam
auxiliados na tarefa de compreender e de agir. Compreender que tanto o que
sofre como o que faz a violência são vítimas. Agir sabendo que [...] lidar com o
provocador e com a vítima como se ambos fossem vítimas é a chave para o
sucesso. Ambos necessitam de parâmetros claros para estabelecer quem está
no controle [...] precisam saber que existe alguém preocupado com sua
situação. (TRAIN,1998, p.58).
Para lograr êxito, prevenir e intervir em tempo mais precoce, os educadores
devem observar se existe a presença de alguns desses sintomas (TRAIN,
1988) na vida de um ou mais alunos: ocorrência freqüente de dores de cabeça,
pouco apetite, dor de estomago, tonturas, sobretudo de manhã; mudança de
humor de maneira inesperada, apresentando explosões de irritação; desleixo
gradual nas tarefas escolares; aspecto contrariado, triste, deprimido, aflito ou
140
infeliz; falta de amigos ou amigo.
Ao observar, deve procurar ajuda
imediatamente.
Fante (2005) aponta para alguns desafios que os educadores fariam bem se os
aceitassem: desenvolverem nesses alunos atitudes que os auxiliarão a
conviver harmoniosamente com os outros, reconstruindo um mundo melhor,
estimulando também a solidariedade entre eles; alertarem os educandos para
uma visão ampla sobre esse comportamento que acarreta prejuízos
irreparáveis e ficarem abertos ao diálogo.
Não se pode esquecer que no contexto de violência escolar, a atuação dos
educadores deve levar em conta a história e as características pessoais, os
fatores sociais, culturais e emocionais dos alunos. Nos Parâmetros Curriculares
Nacionais-PCN (BRASIL,1997 p.97) encontra-se orientação para que a escola
trabalhe no sentido de resgatar a auto-estima dos alunos que demonstrarem tal
necessidade, para a garantia das condições de aprendizagem, buscando
implementar medidas que atendam à diversidade, que não considerem a
diferença como obstáculo e sim, como possibilidade de enriquecimento.
Uma medida que não pode deixar de ser implementada é buscar a participação
da família na intervenção feita pela escola. A família pode trazer informações e
inteirar-se do que acontece com seus filhos; a família precisa saber como são
as atividades que a escola realiza, seja no acompanhamento em relação aos
estudos ou na convivência com colegas. A família e a escola podem cooperar
quando trocam suas impressões e idéias, assim como exercitam críticas e
sugestões.
A maneira mais democrática de prevenir e combater esse tipo de prática é a
cooperação por parte de todos os envolvidos: professores, funcionários, alunos
e pais: Todos devem estar de acordo com o compromisso de que o bullying
não será mais tolerado. As estratégias utilizadas devem ser definidas em cada
escola, observando-se suas características e as de sua população. O incentivo
141
ao protagonismo dos alunos, permitindo sua participação nas decisões, é uma
garantia ainda maior de sucesso.
Em relação ao Supervisor Escolar, entende-se que ele não fará nada sozinho
mas ter como meta ajudar a promover um ambiente seguro e sadio, onde haja
amizade, solidariedade e respeito às características individuais de cada um dos
alunos e dos outros profissionais. Enfim, é fundamental que se construa uma
escola que não se restrinja a ensinar apenas o conteúdo programático, mas
também se eduquem as pessoas para a prática de uma cidadania justa.
É imprescindível procurar estabelecer, entre profissionais e alunos, a diferença
entre o que é uma brincadeira e do que é bullying, valorizar o sentimento de
quem sofre bullying, respeitando -o e buscando soluções que amenizem ou
interrompam isso esse sofrimento. Não se pode esquecer que os autores de
bullying também precisam de ajuda, não só porque podem se tornar líderes
entre os alunos mas porque também precisam aprender a ser cidadãos. Eles
disseminam o medo e geralmente, sua afetividade é pobre e o que conhecem é
uma autoridade imposta por meio de atitudes agressivas ou violentas.
Portanto, assim que o Supervisor Escolar perceber os clamores, mesmo que
sejam indiretos, deve interagir com a família na busca de uma solução para
que esse aluno venha perceber que todos são diferentes e que a diversidade
enriquece a humanidade. É necessário trabalhar para o resgate da auto-estima
dos alunos como uma das possibilidades de ação apresentadas nos
Parâmetros Curriculares Nacionais.
Algumas ações concretas podem ajudar a minimizar os problemas. Elas podem
ser simples como ter um representante dos alunos, que se relacione bem com
todos, para atuar como pacificador no horário de recreio. Nas atividades
individuais ou coletivas, o supervisor escolar poderá dar suporte aos
professores com sugestão de brincadeiras, filmes e textos informativos que
mostrem as diferenças entre os seres humanos desencadeando momentos de
discussão sobre a diversidade e o respeito.
142
Como mediador, cabe ao supervisor incentivar e promover momentos de
diálogo na e com a família, respectivamente. O mesmo deve ser feito entre
professor e alunos, entre colegas e entre os próprios profissionais. Muitos
projetos podem ser desenvolvidos. Primeiro, para vencer a sua própria
resistência e a dos outros. Depois, para buscar uma mudança gradativa deste
comportamento das vitimas, visando à formação do individuo que faz parte da
sociedade e a ela pode influenciar com seu modo de ser. Ou seja, a própria
comunidade escolar pode identificar seus problemas e apontar soluções.
O bullying deveria ser evitado com ações de cunho social, de saúde e de
educação, por meio de políticas públicas, mas quando já está ocorrendo
precisa também de ações legais. Nesse caso, o supervisor e os outros
educadores como cidadãos ou como profissionais, contam com a Constituição
Brasileira a fim de sensibilizar as pessoas de que os estudantes precisam de
proteção.
A Lei maior do país estabelece a igualdade perante a lei, a proibição da tortura
e do tratamento desumano; consagra a prioridade do atendimento ás crianças
e os adolescentes para colocá-los a salvo de toda forma de violência,
crueldade e opressão. Como uma forma de reafirmação da Constituição, o
Estatuto da Criança e do Adolescente assegura em seu art 15 “[...] direito à
liberdade, ao respeito e à dignidade como pessoas humanas em processo de
desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos e sociais”
(BRASIL, 1990).
Nos artigos 16,17,18 o Estatuto da Criança e do Adolescente descrevem o que
significa o direito à liberdade e ao respeito. No que tange ao respeito, o
documento cita a inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral, a
preservação da imagem, dentre outros. Declara ainda que zelar por esses
direitos é dever de todos para que a criança ou adolescente não seja alvo de
qualquer tratamento desumano, violento ou constrangedor.
143
Isso posto, o supervisor escolar, em qualquer canto do país deve ficar atento à
legislação; precisa ter uma visão crítica sobre essas desigualdades sociais,
consciência de suas responsabilidades diante de situações constrangedoras,
lutando contra todo tipo de exclusão, inclusive a que está relacionada aos atos
de bullying, fazendo assim valer a legislação brasileira.
Se o supervisor exercer sua função em escolas da rede pública em alguns
estados brasileiros ele ainda pode se valer da legislação regional sobre o
assunto. Na rede municipal de Vitória, ES, por exemplo, ele e todos os
educadores contam com uma lei sancionada em agosto de 2010, que institui o
Programa de Combate ao bullying na capital do Estado (ESPÍRITO
SANTO,2010). Essa lei foi divulgada na imprensa com a observação de que os
alunos seriam orientados em sala de aula sobre a diferença entre bullying e
brincadeiras e sobre as penalidades da lei enquanto as escolas teriam a seu
dispor os serviços de assistência médica, psicológica e jurídica para fazer o
encaminhamento das vítimas do fenômeno (COMBATE AO ..., 2010).
O desejável é que uma equipe multidisciplinar atue na prevenção e não apenas
no tratamento, o que pode trazer resultados, melhores e mais rápidos, na luta
contra qualquer tipo de violência. Mas o que se espera é que a vigência dessa
lei seja uma alternativa provisória e ser utilizada apenas enquanto o trabalho
preventivo ainda não tiver atingido seu objetivo. Ela poderá auxiliar à escola, à
família e à sociedade no que tange à preocupação e o dever de educar para a
vida em comunidade.
Considerações finais
A primeira consideração a fazer é que a discussão sobre bullying ainda é válida
e precisa continuar. A escola e a sociedade precisam de socorro. Proporcionar
a inclusão dos alunos alvos do fenômeno bullying no meio social não é tarefa
fácil, uma vez que a educação ainda passa por um processo de adequação no
que tange a qualquer tipo de diferenças e deficiências. Mas isso não deve ser
144
servir de motivo para não agir. Pelo contrário, ações devem ser implementadas
e novas alternativas devem ser experimentadas porque, ainda que difícil, a
missão não é impossível.
É indispensável que a escola, preocupada com o futuro das vitimas desse
fenômeno, coloque um novo olhar sobre as questões emocionais, educacionais
e legais que interferem no desenvolvimento daquele ser que está sob sua
responsabilidade profissional.
Em qualquer circunstancia é interessante sugerir que os profissionais que
trabalham como educadores sejam capacitados para lidar com as emoções
suas e dos outros, dando lugar a uma educação que realmente inclua a todos.
E nessa tarefa, o supervisor não pode fugir, uma vez que não é o único
responsável, mas seu lugar na escola do século XXI é de mediação e
promoção do desenvolvimento do aluno.
Reduzir o bullying nas escolas será uma ação transformadora se os
profissionais forem preparados para prevenir, investigar, diagnosticar e adotar
as condutas adequadas diante de situações de violências. Do mesmo modo, a
família e toda a sociedade podem e devem ser chamadas a participar, bem
como todo o sistema educacional precisa oferecer meios para ações
preventivas, circunstanciais e de intervenção nesses casos.
Uma coisa é certa, a sociedade e suas demandas mudaram. A escola precisa
acompanhar essas mudanças, sendo uma instituição que responda às
necessidades educacionais contemporâneas.
Referências
BRASIL.Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado
Federal, 1988.
145
______.Estatuto da Criança e do Adolescente. Lei Federal n. 8.069/90, de 13
de julho de 1990. Brasília: Presidência ad República, 1990.
______, Parâmetros Curriculares Nacionais. Introdução, Brasília: MEC, 1997.
COMBATE AO BULLYING NAS ESCOLAS MUNICIPAIS DE VITÓRIA AGORA É
LEI. In: Gazeta on line. Disponível em www.gazetaonline.com.br Acesso em 12
ago de 2010.
ESPÍRITO SANTO, Vitória. Lei nº 7952 de 11 de agosto de 2010.
FANTE, Cleo. Fenômeno Bullying. São Paulo: Verus, 2005.
LA TAILLE, Y. Os conceitos de humilhação e honra em crianças de 7 e 12 anos
de idade. In Z. TRINDADE & C. CAMINI (Eds), Cognição Social e juízo moral.
Coletâneas da ANPEPP, 1, (6), 137-154. São Paulo: 1996 .
TIBA, Içami. Quem ama educa. São Paulo: Editora Gente, 2002.
TRAIN, Alan. Ajudando a criança agressiva 2ª Edição. Série Educação
Especial. São Paulo: Papirus, 1998.
146
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Tem bullying na escola. E agora supervisor?