II – São Paulo, 125 (199)
sábado, 24 de outubro de 2015
Diário Oficial Poder Executivo - Seção I
Geraldo Alckmin - Governador
Volume 125 • Número 199 • São Paulo, sábado, 24 de outubro de 2015
USP estuda produção de
água de reúso potável
problema da escassez de água na
Região Metropolitana de São Paulo
(RMSP) agravou-se nos últimos
anos em decorrência da falta de
chuvas, evidenciando a urgência
na busca de alternativas para o
abastecimento público. Resulta
dessa situação um estudo inédito
no País, a ser realizado em parceria
pelo Centro Internacional de Referência em Reúso de Água (Cirra),
da Universidade de São Paulo
(USP), e a Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento (Sanasa), órgão responsável pelo fornecimento de água e tratamento de
esgoto de 1,1 milhão de moradores
de Campinas. A iniciativa visa à
criação do primeiro sistema de
produção de água de reúso potável
para abastecimento da população.
Centro da Universidade
de São Paulo participa
de iniciativa visando à
criação de sistema de
tratamento de efluentes
pioneiro no País
Iniciativa visa à criação
do primeiro sistema de
produção de água de reúso
potável para abastecimento
da população
Mierzwa esclarece que o mais caro num
sistema de abastecimento não é o tratamento da água, mas a estrutura e o funcionamento da rede de distribuição. “Estimamos que
essa etapa consome cerca de 80% do custo.
E, quando lidamos com o atendimento a um
grande centro, como é o caso de Campinas,
temos de ter em vista a criação de uma rede
paralela para a distribuição da água de reúso
não potável. Isso é viável financeiramente?
Claro que não”, afirma.
A opção, então, surgiu de uma proposta que os especialistas do Cirra – a mais
importante instituição de pesquisas na área
do Brasil – defendem há alguns anos. O
investimento no tratamento avançado de
efluentes, capaz de convertê-los em água
potável, ou seja, um produto seguro para
ser consumido. “Hoje temos tecnologias no
mercado que asseguram a obtenção de água
de qualquer qualidade a partir de qualquer
padrão. Então eu posso pegar desde esgoto
e produzir água para uso bastante nobre,
como a potável. Essas tecnologias são mais
baratas do que fazer duas redes”, garante.
De acordo com o pesquisador, o maior
propósito do estudo é demonstrar isso.
“Embora a água de reúso potável seja uma
realidade em vários países, como Estados
Unidos, Austrália, Namíbia e África do Sul,
entre outros, ainda é motivo de dúvida por
aqui. O principal entrave para a sua utilização é a aceitação pública”, esclarece.
Tecnologias – Em fase final de concepção, o projeto, previsto para ter duração de
cerca de sete meses, abrange a análise dos processos necessários ao tratamento num sistema
GENIVALDO CARVALHO
GENIVALDO CARVALHO
GENIVALDO CARVALHO
“A priori, se pensou em produzir água de reúso não potável, que pode ter várias aplicações, como, por exemplo, o uso
para descarga em bacias sanitárias, mas percebemos que essa
não seria uma solução viável”,
explica o engenheiro químico
José Carlos Mierzwa, professor
do Departamento de Engenharia
Hidráulica e Ambiental da Poli-USP e pesquisador do Cirra.
CLEO VELLEDA
O
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em escala piloto, que terá capacidade de tratar
700 litros de esgoto por hora. Ele será alimentado com água de reúso não potável produzida pela Estação Produtora de Água de Reúso
(Epar) Capivari II, da própria Sanasa.
As avaliações permitirão o estabelecimento de parâmetros para a utilização das
tecnologias mais avançadas de tratamento
de efluentes. São elas: a de membranas submersas, responsável pela remoção da matéria
orgânica, a de osmose reversa, usada para a
eliminação de contaminantes (hormônios, por
exemplo) e sais dissolvidos, e, ainda, a de carvão ativado de meio granular, que tem como
objetivo principal a redução de odores, coloração e gostos estranhos, incluindo o cloro.
Mierzwa informa que serão realizados
testes em dois períodos diferentes, o mais
crítico e o mais favorável, para que, ao final,
seja projetado um sistema em escala real de
reúso potável capacitado a operar em diferentes condições. “Isso é necessário porque
ao longo do ano a característica do esgoto
varia: por exemplo, no inverno as pessoas
gastam menos água, então o esgoto fica
mais concentrado. No verão, tomam muito
mais banhos, e o esgoto fica mais diluído.
As condições operacionais do tratamento
também devem ser alteradas para que se
obtenha água da mesma qualidade ao longo
do ano”, pondera o especialista.
Simone de Marco
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial
A partir do polímero, foi criada uma...
... solução que, após solidificada, ...
... origina a membrana, mostrada pelo engenheiro Mierzwa
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sábado, 24 de outubro de 2015 às 03:28:38.
(Continua na pág. IV)
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