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O vírus do ébola é perigosíssimo e tem de ser levado a sério, mas o
alarmismo de uma pandemia mundial, obriga a que antes da série de
respostas que preparámos neste caderno, se transcreva uma história de
sucesso publicada no jornal Público de 20.nov.2014. Também na mesma
linha de raciocínio, este apontamento termina com a opinião do médico
Manuel Pinto Coelho, publicada no mesmo jornal em 04 set.2014.
Pese embora o otimismo expresso nestes dois recortes, o ébola não é ficção, não tem a capacidade de
conduzir a uma pandemia mundial como a Gripe A, mas mata muitíssimo mais.
Barack Obama, sobre a possibilidade de interditar os voos provenientes de África, afirmou recentemente
que "Esta é uma doença perigosa, mas não podemos ceder à histeria do medo”.
“Uma espetacular história de sucesso”: como a
Nigéria ficou livre do ébola
reverter a epidemia neste cenário de potencial
contágio em enorme escala.
Tal como aconteceu em Espanha, o objetivo foi
isolar as pessoas infetadas e quem tivesse estado
em contacto com elas. As autoridades
localizaram todos os doentes com ébola no país,
todos eles relacionados com Patrick Sawyer que tinha sido isolado mal chegou a Lagos e os
médicos que o assistiram colocados em
quarentena mal a análise deu positivo.
Por outro lado, também para fazer face à
potencial epidemia, os doentes confirmados com
o ébola estavam numa nova ala de isolamento
num hospital do subúrbio de Lagos, Yaba.
Uma estratégia de sucesso: “O surto na Nigéria
foi contido”, como hoje anunciou Rui Gama
Vaz. “Mas deve ficar claro que só ganhámos
uma batalha. A guerra só terminará quando a
África ocidental também for declarada livre da
doença”, acrescentou este médico.
A Organização Mundial de Saúde (OMS)
declarou hoje a Nigéria livre do ébola, depois de
42 dias sem qualquer caso detetado de infeção
pela doença.
Em Agosto, o ministro da Saúde nigeriano fazia
o relato de 189 pessoas em observação em Lagos
e outras seis em Enugu, cidade no sudeste do
país.
Esta é “uma espetacular história de sucesso”
considerou o responsável da Organização neste
país, o moçambicano Rui Gama Vaz. Tinham
sido reportados 20 casos de ébola, dos quais
resultaram oito mortes – uma delas foi a do
“doente 0”, que viajou da Libéria por avião já
com sintomas e levou a doença para a Nigéria.
Os responsáveis da Organização Mundial de
Saúde explicaram como foi possível conter e
Trata-se pois de um vírus perigosíssimo que criou uma crise internacional com um desfecho em
aberto. O ébola envolve uma ameaça microscópica em movimento e tem de ser levado a sério por todos
nós, pelo que faz todo o sentido perguntar: O que é o ébola?
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O que é o vírus Ébola e a doença por vírus Ébola?
O vírus que causa a doença Ébola é do género Ebolavirus. O vírus foi detetado pela primeira vez em 1976
em dois surtos simultâneos ocorridos em Nzara (Sudão) e Yambuku (República Democrática do Congo).
Como a aldeia em que se registou um dos surtos está situada perto do rio Ébola, o vírus ficou com este
nome. É uma doença grave rara, causada pelo vírus Ébola, que quando contraído, provoca uma das
doenças mais mortais que existem. É um vírus altamente infecioso que pode matar mais de 90% das
pessoas que o contraem, causando por isso pânico nas populações infetadas.
Porque é que o Ébola é tão mortífero?
Os surtos de doença causados pelo vírus do Ébola têm
atingido taxas de mortalidade entre 50 a 90%.
O Ébola tem a sua incidência na Costa Ocidental de
África. Este surto epidémico teve início em fevereiro
de 2014 e já vitimou mais de 4 mil pessoas.
O Ébola tem cura?
A cura do Ébola depende do sistema imunitário de cada paciente porque não existem remédios ou
vacinas específicas para a doença, pelo que é considerada uma doença grave, com alta taxa de
mortalidade. Existe uma maior probabilidade de sobrevivência quando o paciente possui um organismo
resistente e bem nutrido, existindo casos de sucesso (e ainda inexplicáveis) em que os doentes, depois de
curados, se tornam imunes ao vírus.
Apesar de não existir um remédio específico para curar o Ébola, alguns pacientes tratados com
medicamentos para aliviar os sintomas foram capazes de eliminar o vírus do seu organismo.
Como acontece a transmissão do Ébola?
A transmissão do Ébola ocorre através do contato direto com sangue, saliva, lágrima, suor ou sêmen de
pacientes e animais infetados, mesmo após a sua morte. A transmissão pode ainda acontecer quando o
paciente espirra ou tosse sem proteger a boca e o nariz. No entanto, ao contrário da gripe, é necessário
estar muito próximo e com contato mais frequente para contrair a doença.
Normalmente, indivíduos que estiveram em contato com um paciente do Ébola devem ser vigiados
durante 3 semanas através da medição da temperatura corporal, 2 vezes por dia e, caso apresentem febre
acima de 38,3º, devem ser internados para iniciar o tratamento. Portanto, não se fica infetado pelo ar, pela
água ou por picadas de insetos.
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Como se transmitiu o Ébola?
Os primeiros casos registados de vítimas mortais do Ébola
surgiram na África Central no ano de 1976, quando os humanos
foram contaminados através do contato com cadáveres de macacos.
Sabe-se que o vírus está presente em algumas espécies de morcegos
que não desenvolvem a doença, mas que a conseguem transmitir,
pelo que se considera que o reservatório natural do vírus em África
são algumas espécies de morcegos.
Estão ainda documentados casos de infeção em outros animais
(chimpanzés, gorilas, macacos, antílopes e porcos-espinhos),
encontrados mortos ou doentes na selva.
As investigações indicam que tudo começa quando os morcegos mordem a fruta e a contaminam com
saliva, fruta essa que depois é recolhida e comida por mamíferos terrestres Esta cadeia de eventos
constitui um possível meio de transmissão indireta entre o hospedeiro natural e as populações animais,
pelo que a investigação se tem focado na saliva dos morcegos. O contacto do vírus com a comunidade
humana faz-se geralmente através do contacto com sangue, secreções, tecidos, órgãos ou líquidos
orgânicos de pessoas doentes e mortas.
Quais os sintomas?
No início, os sintomas não são específicos, o que dificulta o diagnóstico, podendo aparecer entre os 2.º e
os 21.º dias após a exposição ao vírus.
Os primeiros sinais aparecem com a febre, a
inflamação na garganta, as dores musculares
articulares e de cabeça. Estes sintomas, semelhantes
aos de uma constipação, podem manifestarem-se entre
o 7.º e o 9.º dia
Na fase seguinte, entre o 10.º e o 11.º dia, o doente
costuma sentir um cansaço extremo, podendo também
surgir dores no estômago, alucinações, vómitos,
erupções na pele e hematomas, diarreia e hemorragias
(intestinais, pelo nariz, boca e olhos), diarreia,
deficiência nas funções hepáticas e renais. Em alguns
pacientes podem ainda apresentar erupções cutâneas,
olhos avermelhados, soluços, dores no peito e
dificuldade em respirar e engolir.
Numa terceira fase, entre o 12.º e 13.º dia, a doença
evolui para hemorragias internas, falência hepática e
renal, convulsões e perda de consciência.
Com é feito o diagnóstico?
A infeção só pode ser diagnosticada definitivamente em laboratório, após a realização de cinco diferentes
testes, que constituem um grande risco biológico e devem ser conduzidos sob condições de máxima
contenção.
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Como se processa o mecanismo da infeção?
1. Sintomas: a doença desencadeia-se de forma abrupta e
caracteriza-se por febres, dores de cabeça nos músculos e
articulações, garganta seca, olhos vermelhos e fraqueza geral;
2. Inundação de citoquinas: As células imunológicas entram em
colapso espalhando citoquinas (proteínas das células que
causam inflamação), atingindo o sistema imunológico;
3. Choque séptico: as células infetadas desligam-se dos vasos,
causando extensas hemorragias. A perda de sangue leva à
insuficiência renal e hepática.
A infeção de tantos tipos de células diferentes em vários órgãos é uma das razões para a alta mortalidade
causada pelo vírus Ébola uma vez que o genoma do Ébola contém quatro genes que impedem as células
detríticas – da pele, nariz pulmão e sistema digestivo – de enviarem mensagens para o sistema
imunológico.
O que fazer em caso de suspeita?
Assim que sinta febre, vómitos, dores musculares ou de cabeça fortes depois de ter estado num país
afetado pela doença ou com alguém que estava doente, deve contactar sempre primeiro a Linha Saúde 24
(808 24 24 24) e referir os locais onde esteve nos últimos 21 dias para que seja encaminhado para um dos
hospitais de referência para os casos suspeitos. No hospital deve evitar o contacto com as outras pessoas,
cobrir a boca e avisar logo à entrada que poderá estar infetado, para ser encaminhado para a zona
apropriada. Se os sintomas surgirem ainda durante o voo de regresso, deve informar de imediato a
tripulação.
Como é feito o tratamento do Ébola?
Ainda não há vacina específica contra o vírus Ébola e os tratamentos existentes são todos experimentais.
Tendo em consideração que os doentes infetados são afetados por uma desidratação intensa, um dos
tratamentos passa por: Hidratar o paciente por via intravenosa ou oral com soluções que contenham
eletrólitos; Manter os níveis de oxigênio e pressão sanguínea; Tratar infeções.
Apesar das dificuldades em diagnosticar o Ébola nos estágios iniciais da doença, aqueles que apresentam
os sintomas devem ser isolados e os profissionais de saúde pública notificados e normalmente, devendose aliviar os sintomas do paciente, através do uso de remédios para a febre, vômitos e dores, até que o
organismo do paciente seja capaz de eliminar o vírus.
Quando começou o surto de doença?
O surto de doença por Vírus Ébola decorre desde fevereiro de 2014.
O risco para os países europeus é nesta data considerado baixo, desde que se imponham medidas de
prevenção. O fim de um surto de Ébola apenas é declarado oficialmente após o término de 42 dias sem
nenhum novo caso confirmado.
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Como o evitar risco de infeção pelo vírus Ébola?
O risco de infeção pelo vírus Ébola é muito baixo, exceto se houver exposição direta a fluidos corporais
de pessoas ou animais infetados, mortos ou vivos. O contacto com fluidos corporais inclui o contacto
sexual não protegido com doentes, até três meses depois de estes terem recuperado da doença.
O vírus Ébola é facilmente eliminado pela
Lave as mãos com sabão
utilização de sabão, lixívia, pela ação da luz
Faça isto muitas vezes. Também
solar e por temperatura elevada ou secagem.
pode usar um bom desinfetante
Este vírus sobrevive apenas por pouco tempo
para as mãos. Evite contatos
em superfícies que estejam expostas ao sol ou
desnecessários.
que tenham secado. Pode sobreviver por mais
Desinfete o seu meio ambiente
tempo em roupas ou tecidos que foram
O vírus não consegue sobreviver
manchados com sangue ou outros fluidos
a desinfetantes, calor, luz solar
corporais.
direta, detergentes e sabões.
Assim,
se viajar para a Guiné-Conacri,
Libéria, Serra Leoa, Nigéria e República
Não toque em cadáveres
Democrática do Congo (província do
Evite o contacto com animais
Equateur), deve adotar as seguintes medidas
selvagens, mortos ou vivos, e o
de prevenção:
consumo de carne desses
Saiba que existe um maior risco de infeção nas
animais;
instalações de cuidados de saúde. Por
Comunique
conseguinte, é prudente identificar as
Comunique imediatamente às
estruturas adequadas de cuidados de saúde no
autoridades
os
sintomas
país,
devendo
ainda
consultar
as
suspeitos que observe.
recomendações das autoridades nacionais
sobre deslocações aos países afetados. Em caso
de necessidade, pode ainda contactar a linha
telefónica do Gabinete de Emergência
Consular (961 706 472 ou 217 929 714), que
funciona em permanência para situações de
urgência ocorridas no estrangeiro.
Não coma carne de caça
A carne de caça pode ser
portadora de vírus. É melhor
restringir-se a comida caseira.
Fumigue se tiver pragas
Fumigue o seu meio ambiente e
elimine as carcaças dos animais
de forma adequada.
Se regressa de algum destes países, é
importante que vigie o seu estado de saúde
durante 21 dias após o regresso. Se tiver
algum dos sintomas anteriormente descrito ou
tiver tido contacto direto, sem proteção
adequada, com pessoa doente, contacte a
Linha Saúde 24 (808 24 24 24), mencionando a
viagem recente e relatando as queixas que
apresenta.
Caso os sintomas se desenvolvam ainda
durante o voo de regresso, no avião, deverá
informar a tripulação imediatamente. O
mesmo procedimento se aplica em viagens
marítimas.
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Proteja-se
Use equipamentos de proteção
se precisar aproximar-se de
alguém com sintomas de Ebola.
Partilhe a informação
Informe a seus vizinhos, colegas
e pessoal de casa. Estamos mais
seguros quando todos estão
informados sobre o Ébola.
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Vírus ébola: o embuste
administração de uma qualquer vacina ou
hipotético medicamento.
Como a solução contra a epidemia consiste
essencialmente em respeitar medidas simples
usando o bom senso – higiene, boa nutrição,
vitaminas C e D nas doses adequadas –, a
verdadeira prioridade nos países tocados pelo
flagelo deveria ser criar infraestruturas médicas
de forma a fornecer aos doentes os cuidados
médicos de base.
Seria bom que se soubesse que não há qualquer
transmissão por via aérea, ou seja, quando uma
pessoa fala ou tosse, não vai espalhar o vírus
pelo espaço aéreo circundante.
Assim sendo, ao contrário da ideia com que se
fica pela leitura da imprensa, não existe
qualquer razão para recear que o vírus ébola se
possa transformar numa pandemia à escala
mundial. Semear o pânico pode ser um negócio
muito lucrativo que importa desmontar. Veja-se
o que se passou ainda recentemente (2005) com
a “pandemia iminente” da “gripe das aves”[…]
À semelhança do que se passou com a “gripe
das aves”, importa não enviar camiões de
vacinas ou medicamentos para África ou para
onde quer que seja. Tal servirá unicamente para
enriquecer alguns laboratórios farmacêuticos.
A psicose informativa vigente, reprimindo as
populações e isolando dezenas de milhares de
infelizes criaturas, homens, mulheres e crianças,
postos em quarentena na Libéria com medo
dum contágio que nunca acontecerá, se não
houver contacto direto com os líquidos
orgânicos do portador da doença, tem de ser
urgentemente desmontado e desmascarado.
Não podemos aceitar a reedição dum negócio
das arábias à custa da boa-fé ingénua e da
desinformação
do
incauto
cidadão.
Ao contrário da ideia com que se fica pela
leitura da imprensa, não existe qualquer razão
para recear que o vírus ébola se possa
transformar numa pandemia à escala mundial.
Tem tanto de extraordinária como de caricata a
histeria que vai por esse mundo por causa da
“catástrofe” provocada pelo vírus ébola.
A imprensa internacional fala de 1229 mortos
entre Março e Agosto de 2014. Ora bem, se
consultarmos a página da OMS sobre este
assunto, veremos que na realidade foram 788 os
casos de óbito formalmente identificados como
causados pelo vírus ébola, um número bem
inferior aos 1,2 milhões de mortes causadas pela
malária (paludismo). O número remanescente
limitou-se a traduzir os casos “suspeitos” ou
“prováveis”.
As imagens televisivas com que fomos
recentemente presenteados, mostrando-nos
técnicos de saúde, quais marcianos, envergando
complexas máscaras junto de doentes suspeitos,
são totalmente insensatas e dignas de um mau
filme de ficção científica.
É importante saber-se que o vírus ébola não se
transmite
com
facilidade.
Para
haver
transmissão do vírus, tal como acontece com o
vírus da sida – o VIH –, é necessário um
contacto direto com um líquido biológico do
doente, como o sangue, as fezes ou o vómito.
O vírus ébola é sobretudo perigoso quando mal
acompanhado. Como os doentes infetados
morrem de desidratação ou de hemorragias,
então o tratamento consiste logicamente na
hidratação e/ou transfusão sanguínea, e não na
Fontes:
http://www.sol.pt/noticia/117002
http://www.tuasaude.com/como-surgiu-o-ebola/
http://www.msf.org.br/o-que-fazemos/atividades-medicas/ebola
http://www.dgs.pt/paginas-de-sistema/saude-de-a-a-z/ebola.aspx
http://www.redeangola.info/multimedia/como-enfrentar-o-ebola/
http://www.publico.pt/ciencia/noticia/virus-ebola-o-embuste-1668502
http://www.publico.pt/sociedade/noticia/sobre-a-epidemia-de-ebola-1668760
http://dererummundi.blogspot.pt/2014/10/porque-e-que-o-ebola-e-tao-mortifero.html
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