TEXTO RETIRADO DO LIVRO:
RESILIÊNCIA – COMO SUPERAR PRESSÕES E ADVERSIDADES NO TRABALHO
O
QUE PODEMOS APRENDER
com a experiência de vida de pessoas
resilientes é que, para enfrentar situações difíceis, é preciso tirar o
problema do campo emocional e transferi-lo para o campo racional, no qual
podemos lidar objetivamente com ele. Uma prática muito eficiente para
isso é enunciar o problema por escrito, seja em uma folha de papel ou em
um arquivo de computador, para em seguida analisá-lo, definir soluções,
tomar a melhor decisão e então colocá-la em prática.
Vou agora transmitir a você, leitor, a utilização de uma técnica
recomendada por duas figuras emblemáticas da gestão administrativa e
comportamental. Uma delas é o já citado Dale Carnegie, autor do livro
“Como evitar preocupações e começar a viver”. Este livro, escrito em
meados do Século 20 continua sendo referência imprescindível para quem
busca uma fórmula eficiente para solucionar problemas. Tanto é assim que
outro pensador grandemente respeitado, o filósofo e economista americano
Peter Drucker, revisitou o método de Carnegie em um artigo intitulado “A
decisão eficaz”. Um detalhe curioso sobre o trabalho de Carnegie: ele tem
como base a maneira como o filósofo grego Aristóteles costumava resolver
seus problemas. Trata-se de um método muito simples, que consiste em
cinco passos.
Você talvez esteja questionando: “Mas como é que um método
simples, criado há tanto tempo, bastará para que eu resolva meus
problemas? Os problemas atuais são muito mais complicados que os do
tempo de Aristóteles e Dale Carnegie!” De fato, não só com relação a este
livro, mas também a minhas palestras, preocupa-me a hipótese de que as
pessoas possam achar “simples demais” o método que apresento neste
capítulo. E com o intuito de convencê-lo que da simplicidade podem
originar-se respostas para questões complexas, conto uma pequena
parábola que conheço.
Trata-se da história do professor de filosofia que coloca uma cadeira
sobre sua mesa e diz aos alunos: “Façam uma redação para provar que esta
cadeira não existe”. Perplexos, os alunos se agitam e comentam entre si o
absurdo solicitado pelo mestre. Mas este não se abala e repete
enfaticamente a ordem: “Façam uma redação para provar que esta cadeira
não existe “. Ao perceber que de nada adiantaria protestar, os alunos
iniciam a atividade. Passados apenas três minutos, um deles se levanta e
entrega seu trabalho. O mestre lê a redação e, satisfeito, carimba uma nota
10 na folha de papel, onde o aluno escrevera uma única frase: “Que
cadeira?”.
Como bem sugere essa pequena história, a solução dos problemas
mais desafiadores pode estar na simplicidade, em uma solução que consiste
em fazer o básico – e que, justamente por ser tão simples, muitas vezes
deixamos para trás ou sequer cogitamos. Homens brilhantes como Thomas
Edson também utilizavam o método de enunciar problemas no papel e
resolvê-lo por etapas, criado por Aristóteles, posteriormente resgatado por
Dale Carnegie e validado por Peter Drucker. Aí vai ele.
1º. passo - Escreva precisamente as causas de suas preocupações
Como diria o cientista e filósofo americano Charles Kettering, um
problema bem formulado é um problema meio resolvido. Em uma folha de
papel ou arquivo do editor de textos de seu computador, descreva da
maneira mais objetiva possível os fatos que lhe trazem preocupação ou
representam sua adversidade. Por exemplo: “meu projeto fracassou”,
“tenho uma dívida de 50 mil reais” ou “perdi o principal cliente de minha
carteira”.
Ao fazer isso, você terá, de imediato, um grande benefício. Quando
enuncia claramente seu problema, sai do estado de confusão mental típica
dessas situações e entra em um processo racional. O que ocorre é que
enquanto o problema está apenas no campo da mente, ele facilmente ganha
uma dimensão gigantesca. Uma adversidade como “meu projeto fracassou”
se desdobra em “vou perder o emprego” e depois “não vou conseguir pagar
minhas contas” e depois “vou perder o apartamento por falta de
pagamento”... No final você chega a acreditar que está completamente
arruinado! Agora, observe que o problema real é “meu projeto fracassou”,
nada mais. Todos os outros problemas são imaginários. Dessa forma, ao
escrever seu problema, você pode até ficar com a impressão de que ele
“diminuiu” um pouco.
2º. passo – Defina no mínimo três opções para resolver o problema
Antes que você possa perguntar-se “por que três?”, explico. Na
verdade, não há nada de “cabalístico” na utilização do número 3, e a
justificativa para ele é puramente lógica.
Veja bem: se você define uma única solução, terá a melhor ou a pior
alternativa para resolver seu problema. O número 1 não permite que você
pondere nem escolha. Não é para menos que as empresas, por exemplo, só
realizem
processos seletivos de novos funcionários com mais de um
candidato, pois uma única pessoa nessa condição poderia tanto ser o
melhor como o pior candidato.
Definir duas alternativas para o seu problema também não ajuda
muito, pois nesse caso você se coloca em um dilema: ou isso ou aquilo, ou
A ou B. Sua mente fica presa em uma escolha polarizada e se fecha a
outras possibilidades.
Já ao definir três alternativas, você deflagra o processo de
desenvolvimento de sua mente para soluções que vão além das
convencionais. Outra vantagem é que, a partir de três ou mais alternativas,
você muito provavelmente começará a combiná-las para gerar soluções
novas. Quando se der conta, poderá ter pensado em quatro, cinco, seis
alternativas.
E assim, pensando em alternativas e colocando-as no papel, você se
mantém no campo racional, organiza as idéias e vislumbra possibilidades
que facilitam a resolução do problema. Se antes tinha um problema que
parecia tão complicado e praticamente insolúvel, agora dispõe de várias
possibilidades para atacá-lo. Sua mente, anteriormente confusa, está agora
mais organizada e focada na solução.
3º. passo – Tome a sua decisão
Chega o momento crucial para a solução do problema: o de decidir
qual é a alternativa mais adequada. Para isso, você precisará analisar a
fundo todas as soluções que definiu e ter a coragem de escolher uma só. E
por que coragem? Porque toda escolha implica uma perda, algo de que
você terá de abrir mão – ou ainda, como diz o budismo, algo de que você
terá de se desapegar.
Vamos imaginar que seu problema seja “tenho uma dívida de 50 mil
reais” e, para solucioná-lo, decida que a solução mais adequada é ter uma
segunda atividade profissional, que permitirá aumentar seus rendimentos.
Com isso, evidentemente, passará mais tempo trabalhando: logo, terá
menos tempo para passar com as pessoas que ama, divertir-se e passear.
Agora imagine que seu problema seja “não suporto mais trabalhar
com um gestor despreparado”. Para solucionar a situação, você decide
mudar de emprego, o que implica abrir mão de um trabalho e um ambiente
conhecido para encarar algo que é totalmente desconhecido.
Por fim, suponha que seu problema seja “estou estagnado na carreira”,
e você decida investir no desenvolvimento profissional com alguns cursos,
o que lhe permitiria conquistar um cargo mais elevado no futuro. Para fazer
os cursos, porém, precisará desapegar-se da poupança que vem fazendo há
anos para aquela tão sonhada viagem internacional.
Entende porque eu digo que toda decisão implica uma perda? Você
terá de abrir mão de alguma coisa, e é importante que pondere isso muito
bem. Em seguida, decida, pois enquanto não tomar sua decisão continuará
dispendendo sua energia no problema e não na solução dele.
4º. passo – Planeje a execução de sua decisão
Assim que decidir a solução que colocará em prática, engavete as
outras. Quando falo em “engavetar”, refiro-me a dois tipos de gaveta: a
física, localizada num arquivo ou armário do escritório, e a mental, o que
significa deixar de lado as soluções descartadas para colocar seu foco na
escolhida.
Pode ser que você não consiga deixar de pensar nas alternativas
engavetadas. Se isso acontecer, é sinal de que ainda não está
suficientemente seguro de que a solução escolhida é a mais eficaz. Nesse
caso, volte ao passo 3, pondere os ganhos e perdas das soluções, compareas e tome sua decisão.
Depois de decidir o que irá fazer, é preciso planejar como irá fazer.
Considero este um passo crucial, pois muitas pessoas tomam a decisão mas
pecam na execução – não definem como colocar em prática a decisão ou
definem apenas parcialmente. Isso geralmente ocorre porque elas deixam a
decisão no plano mental e acabam dispersando. Mais uma vez, insisto que
não deixe nada no campo da mente: coloque o planejamento no papel,
trazendo-o para o plano concreto.
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O QUE PODEMOS APRENDER com a experiência de