3º DOMINGO DO ADVENTO – 15 de dezembro de 2013
“Alegre-se a terra que era deserta e
intransitável, exulte a solidão e
floresça como um lírio. Germine e
exulte de alegria e louvores”
Leituras: Isaías 35, 1-6a.10; Salmo 145 (146); Tiago 5, 7-10; Mateus 11, 2-11 (Jesus fala sobre João
Batista).
COR LITÚRGICA: ROXO OU RÓSEO.
Animador: Nesta páscoa semanal de Jesus, somos convidados a dar graças a Deus, por São João Batista, que veio
preparar o caminho de Jesus e o cumprimento das Escrituras. E o domingo da alegria da proximidade do Senhor. O
Advento é este tempo privilegiado de festa, alegria profunda e discreta, um tempo construído e vivido na
expectativa de um grande encontro com o próprio Deus, que se faz pessoa humana e habita entre nós.
1. Situando-nos brevemente
Ao aguardarmos a vinda de uma pessoa querida e identificando vários sinais que já confirmam sua
chegada, a esperança brilha com maior força e o empenho de preparação para sua vinda se transforma em
alegria. É o que experimentamos neste terceiro domingo do Advento, chamado de “domingo da alegria”,
ou Gaudete. Somos tocados por alegre júbilo pela proximidade da vinda do Senhor, já na antífona de
entrada: “Alegrai-vos sempre no Senhor. De novo eu vos digo: alegrai-vos! O Senhor está perto” (Cf. Fl 4, 45). Esta será a tônica motivadora de toda a celebração.
Aquele que esperamos, o Deus fiel que transforma o deserto em jardim, que exerce a justiça a favor dos
pobres e oprimidos, se aproxima. E mais ainda, Ele já está entre nós e com ele preparamos o advento do
seu Reino. Vida plena e feliz para todos, oprimidos libertados em festa, harmonia e solidariedade entre os
povos, natureza preservada, são sonhos de salvação ainda esperados por nós e alimentados pela nossa fé.
Já próximos do Natal, na terceira semana de preparação, é tempo de redobrar nossa esperança e,
contentes, irmãos ao encontro do Senhor que sempre vem. Nossas velas acesas, agora são três, em
crescente brilho, anunciam a certeza de sua chegada. Cada celebração deve ser um ensaio e uma
antecipação do Reino.
Hoje é dia da coleta da Campanha da Evangelização. Nossa generosidade brota de nosso compromisso de
levar, com alegria, a boa nova da salvação a todos.
2. Recordando a Palavra
No evangelho de hoje, Jesus fala sobre João Batista. No início do cristianismo, em algumas comunidades,
houve a preocupação sobre o lugar de João Batista com referência a Jesus. A perícope deste domingo
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reflete essa preocupação. Podemos dividi-la em duas partes: Na primeira parte os discípulos de João, que
já está na prisão de Herodes, vão perguntar a Jesus sobre sua identidade: “És tu o que devia vir, ou
devemos esperar outro?”
Jesus responde, definindo sua identidade messiânica: “Informem a João sobre o que vocês ouvem e vêem:
cegos recobram a visão, coxos caminham, leprosos são purificados, surdos ouvem, mortos ressuscitam, os
pobres recebem a boa notícia e feliz quem não tropeça por minha causa”. Nesta identificação do Messias,
ressoa a profecia de Isaías 35, 5-6 e 61,1.
Na segunda parte do trecho de Mateus, Jesus esclarece à multidão sobre a missão de João: O que foram
contemplar no deserto? Uma taquara fininha, delgada, agitada pelo vento? Um homem com roupas finas e
ricas? Quem se veste assim mora em palácio. Mas o que foram ver? Um profeta? Sim, e alguém que é mais
do que profeta.
Dele é que está escrito na sagrada Escritura: Eis que envio o meu mensageiro à tua frente para preparar o
teu caminho diante de ti. Jesus encerra dizendo que, de todos os que nasceram, nenhum homem é maior
do que João Batista. Porém, o menor no Reino dos Céus é maior do que ele. As palavras das profecias
confirmam a missão de Jesus.
A primeira leitura é do primeiro Isaías, profeta que atua entre 740-700 a. C. cujos ensinamentos e oráculos
encontram-se nos capítulos 1-39 de Isaías. Portanto hoje ouvimos o primeiro Isaias que mostra que a
classe dominante assumiu o culto da religião assíria e é infiel à Aliança com Deus. A começar pelo rei,
vivem sem fé, corrompidos e sem escrúpulos. O rei chegou a sacrificar o próprio filho ao ídolo Molok (2Rs
16, 3-4). O momento é de guerra e sofrimento para o povo.
Isaías traz dimensão messiânica da profecia que levava o povo a olhar para o futuro, esperar pela vinda do
Messias e a aguardar a realização do Reino de Deus. A profecia, em sua palavra crítica, clareia o presente e
esconde uma palavra de esperança que anuncia o futuro. Na denúncia do mal do presente, deve estar
também o anúncio da Boa Nova.
Isaías anuncia o júbilo da natureza, a cura dos enfermos, a volta dos exilados. A vinda salvadora de Deus
transforma o deserto em paraíso, vence todas as doenças e maldições; dá liberdade, alegria, felicidade.
Todos deprimidos criarão animo e coragem. As mãos ficarão fortes e firmes os joelhos.
A transformação da natureza é o símbolo que expressa a restauração do povo oprimido e libertado pelo
Senhor. Isaías 35 é um canto de esperança e um convite a celebrar antecipadamente a alegria da
libertação, do Reino que vem. O tema central da água no deserto suscita a memória de um novo êxodo.
O Salmo 145 (146) confirma que Deus é fiel para sempre e exerce a justiça em favor dos pequenos e fracos.
É feliz quem se apóia e põe sua esperança no Senhor! Não devemos confiar nos poderosos, porque seus
planos são planos de morte que produzem sete grupos sociais de excluídos da vida digna: oprimidos,
famintos, prisioneiros, cegos, encurvados, estrangeiros e diferentes, órfãos e viúvas. O projeto de Deus
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liberta, abre os olhos, endireita, protege, sustenta, mantém sua fidelidade para sempre, faz justiça, dá pão,
porque ama. A última ação de Deus é reinar: O Reino de Deus se traduz em um projeto de vida, de alegria
e liberdade para as pessoas que nada tem. Deus transforma o caminho, os planos dos poderosos injustos.
A exortação de Tiago, o irmão do Senhor, da comunidade mãe de Jerusalém, capitulo 5, 1-11 começa
contra as pessoas ricas que oprimem os pobres e se enriquecem às suas custas, pois lhes retêm o salário.
Tiago começa dizendo: “agora vós, os ricos, chorai e gemei, por causa das desgraças que estão para cair
sobre vós.” Repete assim, o grito dos profetas: Is 5, 8-10; Jr 5, 26-30: Am 2, 6-7;8, 4-8. O tesouro dos ricos,
já reduzido a nada pelos vermes e a ferrugem (Cf. Mt 6, 19) vai testemunhar contra eles no final dos
tempos. Nas comunidades primitivas, e3sperava-se que o Senhor voltasse em breve para o julgamento
final e definitivo.
Nos versículos 7 a 11, sua exortação abre-se para um horizonte escatológico e Tiago pede que se tenha
paciência, porque o Senhor está próximo. Paciência, como a de quem coloca uma semente na terra e fica à
espera da planta que virá e dos frutos que ela via produzir sem impacientar-se com a demora. Paciência,
Constancia, firmeza no tempo de provação que antecede a vinda do Reino. Paciência laboriosa no tempo
que prepara a Parusia, a segunda presença/vinda do Messias, segundo Advento do Senhor que
proclamamos em nossa liturgia.
Tiago propõe Jó como modelo de paciência. É a única vez que Jó é citado no Segundo Testamento. Esse
exemplo é conhecido no judaísmo e a comunidade de Tiago é composta de cristãos vindos do judaísmo. O
Senhor é rico em misericórdia, benevolente e compassivo como foi com Jó (cf. Ex 34,6; Sl 86, 15; Sl 103
(102); Sl 111 (110), 4). Esses são atribuídos litúrgicos de Deus.
3. Atualizando a Palavra
O Senhor não demora! Alegrai-vos! Deus quer renovar conosco sua aliança e nos promete novo vigor. Quer
transformar nosso sofrimento e nosso choro em prazer e alegria, fazendo-nos já apreciar um “aperitivo” da
realidade nova que desejamos para nós e para mundo. Por isso, ele mesmo vem para nos erguer de todo
tipo de acomodação e desânimo, vem fortalecer as mãos enfraquecidas e os joelhos cansados, vem animar
nossa esperança. Daí vem nossa alegria! Apesar da pobreza, corrupção, exclusão de tantos, das guerras, o
tempo do Advento desperta nossa esperança e nos chama a viver na alegria e na perseverança cotidiana.
Qual é nossa esperança?
João Batista, mesmo preso e prestes a ser martirizado, envia dois discípulos para ouvirem de Jesus os
motivos para manter viva a sua esperança: “Você é o Messias?” A resposta são testemunhas da pessoa,
das obras, do jeito de ser de Jesus com relação ao povo mais espezinhado e abandonado. Tudo o que ele é
e faz consiste em dar a vida. Ele é o Messias que está entre nós. A esperança se cumpriu. O Reino de Deus
por ele trazido se destina preferencialmente aos pobres e, através deles, a toda a pessoa. Os gestos de
amor ao próximo alimentam a esperança da chegada final do Senhor.
O amor e a entrega da vida podem ser vistos, apalpados, testemunhados, porque são concretos: fazer ver,
andar, ouvir, curar as mãos e joelhos enfermos Jesus fez as obras do amor sem limite e nos deu a missão
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de continuar fazendo o mesmo. Hoje nossos gestos de solidariedade diante da fome e da pobreza devem
comunicar que o Reino está em nosso meio.
A esperança nos dá alegria confiante. A esperança fundamenta nossa firmeza permanente e a certeza de
que Deus vencerá o mal, que ainda persiste na humanidade. A esperança se manifesta na celebração,
expressão comunitária de nossa alegria e confiança.
4. Ligando a Palavra com ação litúrgica
A celebração eucarística, em torno das duas mesas da Palavra e do Pão constitui momento privilegiado em
que experimentamos a verdadeira alegria, uma feliz antecipação do Reino que esperamos.
Aclamamos esperançosos o Senhor, paciente, tolerante e misericordioso para conosco. Ele nos acolhe à
sua mesa apesar de nossas inúmeras fraquezas e desvios e nos convida continuamente a caminhar com ele
para a páscoa, participando com fé autentica em sua entrega total, em sua oblação pascal.
A vinda de seu Reino se dá lentamente, o que exige paciência, determinação e nos traz também cansaço.
Ao participarmos da mesa do corpo e sangue do Senhor, recebemos, já na antífona de comunhão, a missão
de dizer aos que estão desanimados: “Coragem, não temais; eis que chega a nosso Deus. Ele mesmo vai
salvar-nos”.
Nunca nos faltará coragem e alegre esperança de atingir a meta final. Sua Palavra nos indica o caminho,
como cantamos hoje, no salmo: fazer justiça aos pobres e oprimidos; erradicar a fome; dar lucidez à
consciência dos fracos; colocar de pé os que, pela humilhação e alienação, estão encurvados; proteger e
sustentar os pequenos e marginalizados, dando-lhes dignidade; cuidar amorosamente da natureza.
Isto deve constituir a verdadeira alegria que, brotando desta celebração, nos mantém mensageiros da boa
nova, preparando os caminhos do Reino, como seguidores daquele que vai à nossa frente.
Oração dos fiéis:
Presidente: Neste dia em que celebramos a alegria da proximidade do Senhor no seu Natal elevemos ao
Pai nossas preces.
1. Vem Senhor, e conserve e guarde a Igreja, fortalecendo-a na missão de continuar a nossa fé. Peçamos:
Todos: (Cantado) Ó vem, Senhor, não tardes mais, vem saciar nossa sede de paz!
2. Vem Senhor, e faça com que os governantes não se cansem de buscar a paz e o entendimento entre os
povos. Peçamos:
3. Vem Senhor, e ajude a nossa comunidade a se colocar cada vez mais a serviço dos outros, ajudando na
justiça e na caridade. Peçamos:
4. Vem Senhor, iluminai-nos nesta preparação do Natal, para que os encontros e celebrações suscitem em
nós uma verdadeira conversão na busca da paz. Peçamos:
(Outras intenções)
Presidente: Ó Deus, restaure nossas vidas para que sejamos evangelizados e evangelizadores em nossa
comunidade. Por Cristo, nosso Senhor.
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Todos: Amém
III. LITURGIA EUCARÍSTICA
ORAÇÃO SOBRE AS OFERENDAS:
Presidente: Possamos, ó Pai, oferecer-vos sem cessar estes dons da vossa devoção, para que, ao
celebrarmos o sacramento que nos destes, se realizem em nós as maravilhas da salvação. Por Cristo, nosso
Senhor.
Todos: Amém.
ORAÇÃO APÓS A COMUNHÃO:
Presidente: Imploramos, ó Pai, vossa clemência para que estes sacramentos nos purifiquem dos pecados
e nos preparem para as festas que se aproximam. Por Cristo, nosso Senhor.
Todos: Amém.
BÊNÇÃO E DESPEDIDA:
Presid.: O Senhor esteja convosco. Todos: Ele está no meio de nós.
Presid.: Que o Deus onipotente e misericordioso vos ilumine com o advento do seu Filho, em cuja vinda
credes e cuja volta esperais, derrame sobre vós as suas bênçãos. Todos: Amém.
Presidente: Que durante esta vida Ele vos torne firmes na fé, alegres na esperança, solícitos na caridade .
Todos: Amém.
Presidente: Alegrando-vos agora pela vinda do Salvador feito homem sejais recompensados com a vida
eterna, quando vier de novo em sua glória. Todos: Amém.
Presidente: (Dá a bênção e despede a todos).
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