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CURSO DE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA
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INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
EDUCAÇÃO
DO
CU
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EN
TO
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OT
O USO PEDAGÓGICO DO AUDIOVISUAL NA
Gisella Maria Soares Bezerra de Mello
Rio de Janeiro
2011
Gisella Maria Soares Bezerra de Mello
O USO PEDAGÓGICO DO AUDIOVISUAL NA
EDUCAÇÃO
Apresentação
da
monografia
Universidade
Candido
Mendes
à
como
requisito parcial para obtenção do grau de
licenciado em Pedagogia.
Orientadora: Profª Ms. Andressa Maria
Freire da Rocha Arana
Rio de Janeiro
2011
TERMO DE APROVAÇÃO
O USO PEDAGÓGICO DO AUDIOVISUAL NA
EDUCAÇÃO
Monografia defendida por Gisella Maria
Soares Bezerra de Mello, apresentada ao
curso de Licenciatura em Pedagogia do
Instituto a Vez do Mestre e aprovado em
(dia) de (mês) de (ano) pela banca
examinadora
constituída
professores:
_________________________________________________
Orientador: Professora Andressa Maria Freire da Rocha Arana
_________________________________________________
_________________________________________________
pelos
Aos educadores que, como artistas,
fazem de suas aulas e do ensino, com
sua
imaginação
verdadeiras
obras
e
que
dedicação;
divertem
levando sonhos, emoções, desejos,
consciência e Educação.
O cinema é um modo divino de contar a vida.
Frederico Fellini.
AGRADECIMENTOS
À Regina de Assis, pela sua trajetória como educadora e pela grande
contribuição com informações em seu curso sobre Mídia-educação que tive o
prazer de participar:
Ao Prof. Dr. João Luís de Almeida Machado, consultor pedagógico e redator do
“Curta na Escola” pelos ensinamentos e dedicação ao audiovisual na sua
prática pedagógica e profissional
Ao Fernando Gouveia, professor do IAVM, a quem não conheci pessoalmente,
mas me fez perceber outra forma de ensinar, cheia de irreverência, humor e
dedicação.
METODOLOGIA
A metodologia aplicada foi sendo criada a partir do próprio
desenvolvimento da pesquisa. Apesar dos poucos títulos disponíveis sobre o
tema deste trabalho, um primeiro passo foi dado à leitura de livros na área de
filosofia, semiótica e lingüística, além dos específicos da Arte cinematográfica.
Outras inúmeras fontes em diversas publicações atuais como cadernos de
informática,
matérias
sobre
educação
em
jornais
diários
e
revistas
especializadas, como Revista de Educação, Nova Escola, Filosofia, e as
semanárias: Veja, Época, Isto é. Atualmente o Brasil tem discutido muito e
eficácia de sua Educação gerando vários artigos esclarecedores.
A leitura de algumas teses publicadas na área de cinema e educação,
adquiridas em livrarias ou postadas por professores ao longo do curso; também
como em seminários promovidos pela Faculdade de Educação da UFRJ, foram
de bastante valia. Estes livros e textos diversos, apesar de se concentrarem
mais no Cinema, atividade mais nobre do gênero audiovisual, quase nunca
abrangiam os outros meios de comunicação como a TV e Internet.
Foi extensa a pesquisa iconográfica em observação e seleção de TVs
de cunho educativas, a programação em canais de televisão abertos e a cabo,
principalmente na TV Futura, Canal Multirio e TV Brasil. Os programas da TV
Globo citados foram vistos ao longo de minha infância e vida adulta e foram
revistos em sites na Internet e revistas da TV do Jornal O Globo.
As entrevistas com pessoas da área pedagógica e audiovisual de
escolas, sites e TV’s foram fundamentais para entender e diversificar o tema,
Diante da riqueza de informações práticas das entrevistas, que podem auxiliar
pessoas que venham a se interessar pelo tema, decidimos deixá-las na íntegra
para consulta nos anexos.
A pesquisa de campo em algumas escolas do Rio Janeiro como a CEI e
o projeto ligado a escola de ensino médio integral: NAVE foi também de
fundamental importância, para entendermos as aplicações práticas no Ensino
Fundamental e Médio.
Tive uma oportunidade de realizar um estágio no site “Curta na Escola”,
onde obtive preciosas informações da utilização de curtas metragens e seus
desdobramentos. Ali foi onde tomei conhecimento do programa “Cinema para
Todos”, que gerou uma longa entrevista com seus realizadores que não consta
no anexo, além de material bibliográfico para sustentar e orientar o projeto,
cujo teor é muito próximo ao que gostaria de demonstrar com este trabalho.
Por ser um tema muito atual, não me servi de teóricos da pedagogia
que são estudados à exaustão em nosso curso, pois se tratam mais da
educação infantil, um aspecto ao qual não me ative aqui. Tentei buscar fontes
nos teóricos mais contemporâneos que citam as novas tecnologias. Depois de
uma primeira consulta, porém, chega a ficar irônico o fato de alguns termos
citados como exemplos de novas mídias, já estarem em desuso pelo caráter
extremamente inovador e veloz da informática. A cada ano, novas modas e
manias de internautas vão mudando ou transformando, fazendo termos como
ICQ, por exemplo, nos parecer hoje antiquado.
Sendo assim, me ative mais no aspecto audiovisual; rememorando e
analisando bibliografia, programas de TV e, sobretudo, alguns singelos e
importantes filmes que tocam o tema da Educação, analisados com carinho
neste trabalho.
Por fim, minha vasta experiência no ramo Audiovisual, tendo participado
em 40 longas metragens nacionais e estrangeiros, dirigido curtas, medias e
longa metragem, minha formação em Comunicação pela PUC - Rio e na
extensão da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, onde também
trabalhei em filmes, me deu a intimidade com este tema cuja paixão pela arte
cinematográfica foi compartilhada com diversos autores aqui citados.
Pela minha formação pouco ortodoxa, certa informalidade no trabalho e
no seio familiar, peço desculpas por minha dificuldade no trato da linguagem
acadêmica, fato ressaltado por minha orientadora, sendo um aspecto muito
particular deste trabalho.
RESUMO
O objetivo do trabalho é mostrar aos estudantes, profissionais do Ensino e da
mídia em geral como o Audiovisual pode ser utilizado em sala de aula como
uma bela e significante linguagem para o aprendizado. A pesquisa apresenta
um painel da situação atual da educação a partir de algumas escolas do Rio de
Janeiro e tenta mostrar como as rápidas mudanças tecnológicas, que são
paulatinamente incorporadas por todos nós, a diferença entre gerações, já
nascidas
neste
novo
ambiente,
a
aplicação
de
novos
conceitos
e
transformação no uso de ferramentas atuais, que falam a mesma língua que os
jovens, podem interferir no resultado final do aprendizado. O entendimento
sobre o processo ensino-aprendizagem será realizado a partir da análise de
três filmes longa-metragem. Consideramos, ainda, as mídias eletrônicas, a
história da televisão e seus programas de entretenimento educativo. No âmbito
da internet procuramos ferramentas que aliam o audiovisual para educação no
formato de curta metragem, com disponibilidade gratuita em sites.
SUMÁRIO
1
INTRODUÇÃO ............................................................................
11
2
2.1
2.2
2.3
2.4
O USO DO AUDIOVISUAL PARA A EDUCAÇÃO ........................
MIDIA-EDUCAÇÃO .......................................................................
COMO MOTIVAR ALUNOS PARA NOSSAS AULAS ...................
BONS EXEMPLOS NA LITERATURA AUDIOVISUAL..................
FAZENDO NOSSA PARTE ..........................................................
19
22
23
26
30
3
3.1
3.2
3.3
MÍDIA-EDUCAÇÃO OU ENTRETENIMENTO? ............................
UM POUCO DE HISTÓRIA DA TELEVISÃO ................................
E O ESTADO, COMO FAZIA? ......................................................
ESTIMULANDO A LITERATURA NAS TVS ABERTAS
AS MINISSÉRIES .......................................................................
E NA INTERNET, NÃO VAI NADA? ...........................................
ESTIMULANDO O CINEMA VISTO NA TELA GRANDE.............
JÁ EM SÃO PAULO .....................................................................
MAIS HISTORIA, O CINE EDUCATIVO .....................................
32
32
33
34
36
37
42
43
4.1
4.2
4.3
4.4
4.5
4.6-
O PIONEIRISMO DO CINEMA COMO LINGUAGEM
AUDIOVISUAL ..............................................................................
A FABRICAÇÃO DAS IMAGENS PELOS ALUNOS ......................
ONDE SE PRATICA ESTAS NOVAS LINGUAGENS ....................
FESTIVAIS DE CINEMA QUE EXIBEM VÍDEOS MIRINS ...........
EVOLUÇÃO DOS PROGRAMAS INFANTIS NA TV PUBLICA......
NAS UNIVERSIDADES E SUAS ESCOLAS DE APLICAÇÃO ......
O CARATER ONÍRICO DAS NARRATIVAS AUDIOVISUAIS.........
45
48
49
51
51
52
54
5
CONCLUSÃO .................................................................................
57
6
APÊNDICE ......................................................................................
62
7
7.1
7.2
ANEXO ...........................................................................................
69
ENTREVISTA DE REGINA DE ASSIS ...........................................
69
ENTREVISTA DE COORDENADORES
PEDAGÓGICOS DO SITE ............................................................. 73
ENTEVISTA DOS DONOS OU COORDENADORES
DE ESCOLAS .................................................................................. 76
ENTREVISTA DO DIRETOR DA PROGRAMÇÃO
DA TV ESCOLA ............................................................................... 78
RELATO DE PROFESSOR ENVIADO AO SITE
“CURTA NA ESCOLA” ....................................................................
79
RANKING DE FILMES NO PROGRAMA.
“CINEMA PARA TODOS” ................................................................ 82
3.4
3.5
3.6
3.7
4
7.3
7.4
7.5
7.6
8
REFERÊNCIAS ................................................................................
84
1 – INTRODUÇÃO
1.1 - Uma imagem vale mais que mil palavras...
Segundo matéria publicada pela Revista Época (julho de 2010), o Brasil
é o segundo país do mundo em horas dedicadas a ver conteúdo audiovisual
através de aparelhos de TV, 3 horas por dia, só perdendo para os EUA em
razão de meia hora. Atualmente, jovens e crianças dispensam grandes
quantidades de horas diante de uma tela, seja de TV, celular ou computador,
em
casa
ou
em
lan-houses.
É
um
comportamento
típico
da
contemporaneidade, da falta de espaços ao ar livre, da insegurança, de pais
que trabalham fora de casa, enfim da violência em geral, sobretudo, em
grandes centros urbanos. Há, na mídia de hoje, inúmeros casos escabrosos de
perversões como a pedofilia e bullying, tanto em instituições públicas, religiosas
e escolas como dentro de casa. Se estas anomalias sociais são mais
freqüentes hoje, não sabemos. Talvez, como sinais dos novos tempos, sejam
mais divulgadas e atacadas socialmente quando antes eram abafadas. Decerto
sabemos que a internet é um meio para captura de pedófilos já que também a
utilizam para seus fins. As crianças hoje não têm mais tanta ingenuidade como
antes por terem todas estas informações. Apesar disto, a internet é a grande
fonte de diversão e socialização que elas preferem. Dificilmente as crianças
urbanas poderão brincar em quintais e ruas fora do ambiente da Escola, da sua
comunidade, no seu prédio ou apartamento. Sua rede de contatos vai muito
além de seus pares ou de amigos que se conhecem fisicamente. Ela se realiza
no âmbito mundial extrapolando bairros, cidades e países, se dando através
das tecnologias de informação e comunicação (Tics) como computadores,
celulares, jogos eletrônicos, TV, cinema e algum lazer de fim-de-semana com
parentes ou colegas.
Isto vem conseqüentemente acarretando um fosso entre gerações tanto
no âmbito corporativo, profissional como no familiar. É a chamada geração “Y”
como a própria mídia já cunhou. Adolescentes e mesmo crianças desprendem
horas em facilidades de comunicação como redes sociais, blogs, e-mail e SMS.
Na matéria publicada pela Revista Época esta mudança no comportamento é
verificada em vários lares que possuem computador, onde pais têm que forçar
filhos a socializar em família pelo menos nas refeições em comum, o que já
vem sendo uma dificuldade, sobretudo com adolescentes, viciados em internet
e games. O diálogo real e presencial tem sido cada vez mais difícil, sem falar
em pais que também se viciam através dos filhos para desespero de suas
esposas!
Além da ampliação das facilidades de comunicação e de pesquisa que
estas novas tecnologias oferecem, o uso destes elementos em sala de aula
como ferramentas no auxílio da aprendizagem e cognição tem se tornado uma
tendência, para não dizer quase uma obrigação, tendo em vista que os alunos
usufruem destas novas linguagens e têm dificuldades em lidar com ferramentas
tradicionais. É muito comum, nos dias atuais, o diagnóstico errôneo de que
tantas crianças sofram de hiperatividade ou de Síndrome de Déficit de Atenção,
as anomalias “da moda”. Sem desmerecer o excesso de energia que elas
possuem, sua capacidade em usar várias mídias ao mesmo tempo nos
surpreende e espanta nos levando a pensar que somos “jurássicos”.
Esquecemos, porém, que já fomos seres “multimídias” quando ouvíamos
vitrola, rádio e TV, lendo gibi.
Será que nós, educadores, é que não estamos atentos? Devemos refletir
até que ponto os recursos das aulas expositivas com o despejo de enormes
quantidades de conteúdo, cadernos, textos, cópias e apostilas são suficientes
para a real aprendizagem, ou seja, aquela que permanecerá sendo assimilada
e acionada na posterior construção dos diversos saberes ou práticas
profissionais.
A Pedagogia vem ao longo de décadas, acrescentando novos teóricos,
experiências e pesquisas mesmo quando ainda não existia como uma
disciplina estruturada e estudada. Porém, o modelo professor em pé, giz e
quadro negro, alunos sentados em fileiras com cadernos e apostilas vem há
algum tempo reinando como padrão, mesmo com tantas novas descobertas e
saberes da moderna psicologia, neurociência, biologia e psicopedagogia. Será
que não estamos conseguindo atrair a atenção destes alunos por estarmos
defasados em relação às constantes mudanças que o mundo vem passando?
O advento das novas Tics (tecnologias de informação e comunicação) vem
constituindo uma verdadeira revolução comparável à Revolução Industrial do
séc. XIX.
Nós vivemos hoje os estágios iniciais de uma revolução
tecnológica similar à da primeira Renascença, e talvez ainda
maior. O computador é infinitamente mais ‘amistoso’ do que o
livro impresso, especialmente para crianças. Sua paciência é
ilimitada. Não importa quantos erros o usuário possa cometer, o
computador está sempre pronto para outra tentativa. Ele está
sob o comando do aluno de uma maneira que nenhum professor
em sala de aula pode estar. Numa sala de aula movimentada,
um professor raramente tem tempo para uma criança em
especial. O computador, por sua vez, está sempre disponível,
não importando se a criança é rápida, lenta, ou normal para
aprender, não importando se ela acha essa matéria fácil e
aquela difícil, não importando se ela deseja aprender coisas
novas ou se deseja rever algo já visto anteriormente. E, ao
contrário do livro impresso, o computador permite uma variação
infinita. Ele é divertido. (DRUCKER. 1989. p. 213).
Por que não utilizar recursos audiovisuais como programas de TV, filmes
de curta ou longa-metragem, vídeo, celular e internet e seus desdobramentos
como: ferramentas de busca, textos colaborativos, blogs, sites de vídeos como
youtube, games, websites, redes sociais?
Dirigentes de escolas, educadores e professores podem ter em mente
que estes recursos já estão ao alcance das crianças em suas residências ou
lazer e que não são recomendáveis para a transmissão de conteúdo porém, o
poder público oferece, há algum tempo, recursos pedagógicos audiovisuais
para auxílio de professores em suas diferentes disciplinas, bem como vem
favorecendo a formação de platéias em centros culturais. Temos hoje TVs
públicas educativas com conteúdo exclusivo para sala de aula (TV ESCOLA) e
com programação totalmente voltada para o ensino, aliadas a projetos como o
da “Programadora Brasil” que agrega temas em filmes de longa, curta e
documentários em DVDs destinados às instituições culturais e pontos de
cultura. Há também iniciativas privadas como o site “Curta na escola”
(http//:www.curtanaescola.com.br),
embora
seja
realizado
pela
Oscip
(Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) Tamanduá, é totalmente
patrocinado pela empresa estatal Petrobrás. Estes são alguns exemplos de
fontes onde se encontram farto material praticamente gratuito para o professor
utilizar em sala de aula.
Mas há também a televisão e, com ela, todo um mundo de
pedagogia visual. Há mais horas de pedagogia comprimidas em
um comercial de trinta segundos do que a maioria dos
professores conseguem colocar em um mês de lecionar. O
assunto, ou matéria, de um comercial de TV é bastante
secundário; o que importa é a habilidade, o profissionalismo e o
poder de persuasão que nele existem. Portanto, as crianças
chegam hoje à escola com expectativas que fatalmente serão
desapontadas e frustradas. Elas esperam dos professores um
nível de competência muito além do que a maioria deles poderão
jamais oferecer. As escolas serão cada vez mais forçadas a usar
computadores, televisão, filmes, fitas de vídeo e fitas de áudio. O
professor será cada vez mais um supervisor e um mentor —
talvez aproximando-se bastante do que ele era na universidade
medieval vários séculos atrás. O trabalho do professor será
ajudar, orientar, servir de exemplo, incentivar. É bem possível
que o seu trabalho deixe de ser primordialmente transmitir a
matéria em si. (DRUCKER. 1989. p. 213).
O uso destas ferramentas é uma forma de falar a mesma linguagem que
o aluno utiliza no seu cotidiano e que o mantém atualizado com os novos
tempos, pois o giz, livro, a girafa com transparências, slides e outros recursos
que foram amplamente utilizados na educação das gerações passadas, já não
são mais suficientes para satisfazer este aluno contemporâneo. Em sua
dissertação de mestrado M. Eneida Fachini Saliba estudou um dos autores
pioneiros que, tendo sido também cineasta na sua juventude nos anos 20,
publicou em 1931 um livro sobre cinema educativo intitulado “Cinema contra
Cinema”, que advogava a favor de um bom cinema que fosse amplamente
utilizado na educação. Devemos salientar que naquela década, somente o
cinema era a atividade audiovisual conhecida e ainda bastante nova e
revolucionária para a época.
O cinema substitui as descrições verbais ou escritas de
quaisquer figuras concreta de coisas, fatos ou fenômenos.
Embora o faça com indiscutível superioridade porque é o melhor
processo de representações de imagens, ainda não exclui a
necessidade da palavra do professor... Nos casos em que o
cinema pode substituir o quadro negro, o mapa, as descrições
verbais é, também, indispensável o comentário do professor
para ajustá-lo as peculiaridades e disposições físicas da classe.
(ALMEIDA, 1931 apud SALIBA, 2003, p. 115).
A máxima “uma imagem vale mais que mil palavras” está diretamente
relacionada ao valor simbólico que uma imagem (foto, desenho, charge,
pintura) reflete. Palavras e textos, muitas vezes, não são capazes de traduzir o
que uma imagem é. No Canal Futura, TV a cabo de cunho educativo
capitaneado pela Fundação Roberto Marinho com empresas privadas, foi
transmitido um documentário produzido pela BBC versando apenas sobre a
força e poder de uma pintura que se tornou símbolo da França: “ A Liberdade”
de Delacroix. Trata-se da famosa figura da mulher com o seio descoberto e
empunhando a bandeira francesa em meio a destroços. A grande gama de
saberes e interpretações proferidas pelos intelectuais, historiadores e artistas
por esta imagem realizada em plena ebulição da Revolução Francesa, sem
contar com o quase desaparecimento desta obra de valor inestimável. Por ser
um tanto moderna e revolucionária para sua época, abriu assunto para um
documentário de uma hora de duração onde foram abordados temas
interdisciplinares como História, Estética, Sociologia, Filosofia, Artes e ainda
uma biografia do famoso pintor.
Delacroix, A liberdade. Fonte: Wikipédia.
Os recursos tradicionais se baseiam, em geral, na linguagem escrita,
incluindo gráficos e leitura, limitando desta forma, impressões e uma gama de
interpretações que a imagem poderia alcançar. Uma mesma imagem pode ser
interpretada e utilizada de diversas maneiras. O Cinema e a publicidade já
fazem uso dessa artimanha há tempos. Não é sem razão que as artes plásticas
e o cinema tenham tanto espaço na mídia ou, mesmo informalmente, entre
espectadores, pois cada um trará uma diferente visão sobre a mesma obra, o
que não é tão comum na literatura, artes dramáticas ou no jornalismo.
Vivemos numa era de grandes transformações tecnológicas que mudam
radicalmente a face do mundo e suas relações, sobretudo nas gerações mais
novas e na educação. Há um grande debate sobre o imediatismo da Internet,
seu lado raso e superficial que culmina na falta de leitura, e no baixo
rendimento escolar, principalmente para o aprendizado da língua portuguesa,
sua ortografia, gramática, sintaxe, léxico. Isto se reflete, obviamente, em outras
disciplinas que são ensinadas na tradição oral-escrita. Por outro lado, há
pesquisas que apontam para uma maior abrangência da leitura através da
internet pelo seu fácil acesso a inúmeras fontes gratuitas de publicações e
artigos, ao passo que antes, cada livro teria que ser comprado, ou fotocopiado,
dispensando alto custo financeiro, sem falar no tempo despendido em procurálos no mercado, quando havia. Podemos imaginar cidades tão remotas que mal
tenham uma escola, que dirá biblioteca. Desta forma, as novas tecnologias
democratizam o saber levando a pontos mais longínquos oportunidades de
informação e obras-primas da humanidade. Ou seja, para aqueles que querem
aprender, a internet será uma grande aliada como um dia já foram os livros e a
imprensa, rádio e TV com seus programas de alfabetização. Também os
romances já foram considerados alienantes e fantasiosos que levavam
imoralidades aos jovens leitores, sendo muitas vezes proibidos.
Não se trata do uso indiscriminado de novas tecnologias e demonizando
técnicas didáticas tradicionais, mas sim afirmando uma complementação
interdisciplinar destas linguagens, levando um painel mais amplo para alunos
que têm, por exemplo, dificuldades de concentração com leitura de textos, mas
que apreendem melhor o conteúdo através de imagens. Os recursos
audiovisuais também despertam maior interesse pela obra escrita ou pelo
assunto tratado levando alunos a procurar em outras fontes de pesquisa. Não
seria o caso, portanto, de ensinar somente com o que o educando esteja
familiarizado, mas poder mesclar os recursos tradicionais como textos e
gráficos, dentro dos próprios meios tecnológicos recentes como Internet,
ferramentas colaborativas de texto, vídeos, artes gráficas, fotos, entre outros.
Seria como colocar um remédio amargo rejeitado pela criança em sua comida
predileta, o aluno terá contato com texto, mas de forma que ele saiba manejar
e apreciar, sem achar “chato” ou “maçante”. Não se pode deixar de mencionar
que inúmeros trabalhos acadêmicos são disponibilizados diariamente na rede,
auxiliando o professor em suas pesquisas e conseqüentemente, sua didática.
Então, se as tecnologias atuais são boas para quem ensina, porque não seria
para quem aprende?
Neste trabalho foram pesquisadas escolas que possuem um histórico de
longa utilização destas novas ferramentas e que já produziram resultados e
ainda projetos que lidam com o Audiovisual com fins educativos. Conforme o
título do trabalho, nosso foco será no Audiovisual, no entanto, não devemos
ignorar o fato que as Tics estão convergindo para os meios tradicionais de
comunicação, por exemplo: assistir um programa de TV na internet no horário
que desejar ou participar de debates online de mídias diversas e blogs,
comentando seus conteúdos.
Através de estudos de dois casos bem sucedidos, em escolas
tradicionais do Rio de Janeiro (Colégio CEI – Centro Educacional Integrado e o
CAP da UFRJ – Colégio de Aplicação da Universidade Federal do Rio de
Janeiro). Em outros projetos sociais de caráter profissionalizante como o NAVE
– Núcleo Avançado em Educação, no Colégio Estadual José Leite Lopes foi
pesquisado o aspecto de criação das imagens audiovisuais feito pelos alunos.
Da mesma maneira que podem elaborar textos para a educação tradicional,
podem também produzir, em linguagem audiovisual, documentários, vídeos e
filmes educativos.
E por último, a formação de platéia e de público para as mídias
educativas em diversos canais de TV, o programa governamental de exibição
gratuita de filmes “Cinema para todos” e o site de exibição de curtas metragens
nacionais, “Curta na Escola”, festivais e sessões para crianças e adolescentes
em diversos projetos que visam educar através do audiovisual.
Não há aqui, estudos sobre os didáticos “telecursos” em rádio e TVs e
nem do ensino à distância na internet, trata-se de uma complementação ao
ensino, seja ele presencial ou não. A intenção deste trabalho é apontar para
uma tendência e informar ao educador como pode encontrar boas ferramentas,
dentro do universo dos recursos audiovisuais, a serem utilizados na sua prática
pedagógica. Através de iniciativas que estão despontando cada vez mais para
esta vertente, é possível ampliar o uso destes recursos para maior
compreensão, amadurecimento e consciência dos alunos que aprendem
enquanto se divertem.
Instalações da NAVE – Núcleo Avançado em Educação. (Arquivo pessoal)
2 - O USO DO AUDIOVISUAL PARA A EDUCAÇÃO
A mídia, termo bastante difundido para significar os diversos meios de
informação: rádio, TV, jornais e revistas, internet, publicidade em suas variadas
formas: impressa ou eletrônica, está hoje em toda parte. Não somente nos
meios de comunicação: jornais e revistas, TV, rádio, computadores, celulares;
nos transportes: elevadores, ônibus, metro, além de bares e restaurantes. A
essência da mídia é a simplificação do fato à notícia e, pelo seu caráter urgente
e de grande abrangência, falar uma linguagem simples, objetiva e direta. É
essa linguagem que os jovens têm familiaridade.
A língua é uma entidade viva, mutante, variável e a mídia, em geral,
quando não é segmentada, tenta minimizá-la a um denominador comum para
atingir todas as classes sociais, diferenças regionais, culturais e de sotaques.
Gírias e dialetos são gerados em diferentes áreas ou guetos das metrópoles
denotando as origens de cada cidadão. É dever da Escola mostrar ao aluno
que o português corrente, bem falado e escrito, lhe trará mais oportunidade e
empregabilidade.
Alimentando-se de grandes audiências e da publicidade, a mídia nem
sempre se compromete com uma programação de qualidade ou com fatos
verdadeiros. Os assuntos priorizados serão sempre os mais populares, muitas
vezes sensacionalistas, mas que vendem, divertem, causam escândalos em
detrimento dos assuntos mais educativos. Neste aspecto, podem incluir
programas contendo cenas de extrema violência, linguagem de baixo calão,
sensualidade exacerbada para horários e audiências não recomendados. Os
criticados “enlatados” que nada informam e não têm vínculo com nenhuma
cultura, são produtos essencialmente voltados para consumo globalizado, ou
seja, promovem verdadeira “deseducação”.
São muitas as pesquisas que revelam que a violência na
televisão é uma fonte importante de aprendizagem de
comportamentos agressivos; constitui uma forma privilegiada de
difusão da normatividade deste tipo de comportamentos;
contribui para uma dessensibilização à violência e às suas
conseqüências; e facilita uma representação paranóide do
mundo - um mundo que não é possível confiar nos outros, onde
a probabilidade de ser vitimado é elevada, onde se justifica o uso
da força. (VALA; LIMA; JERÔNIMO. 1997, p. 15)
Neste sentido, se percebe a importância da mídia de qualidade, ou seja,
a que é voltada para os interesses de entretenimento educativo e com a
preocupação da boa informação de valores morais e éticos, do bem falar e do
conhecimento. Este lado “bom” tratará, prioritariamente, de temas menos
divulgados, mas que geram conhecimentos universais, não necessariamente
de fatos atuais que já são amplamente cobertos pela mídia tradicional. Canais
educativos nacionais a cabo como a TV Futura, cujo programa jornalístico
intitulado “Jornal da Futura”, em horário nobre, cobre assuntos gerais de temas
variados e não os do dia, como se espera de um jornalismo propriamente dito.
Na verdade, é um programa de variedades que contem diversos temas de
interesse relevante, quase sempre com a opinião ou entrevista de algum
especialista no assunto.
A mídia educativa tem um viés mais propositivo,
divulgando boas iniciativas, um caráter pró-ativo e empreendedorista, uma
consciência crítica e cidadã.
Esse tipo de programação prioriza um lado menos dramático e
escandaloso da vida sem, no entanto, deixar de mostrar certos assuntos tabus
e injustiças sociais. A grife internacional de programa infantil dos mais bem
sucedidos e longevos do mundo, Muppets, já visto em diversos canais abertos,
mas agora exibido no Brasil pela TV Futura tem critérios pedagógicos bastante
rígidos de conteúdo e de vendas alertando aos seus expectadores, por
exemplo, sobre os perigos da pedofilia na Internet
A partir do momento que conquistamos a liberdade de imprensa e que
os meios de comunicação visam grandes lucros, cabe ao Estado cuidar para
garantir canais de TV e rádio, publicações, eventos, filmes, peças, livros que
visem qualidade dos conteúdos e reflitam as diversas culturas, que muitas
vezes, não estão ao alcance do grande público. A massa de espectadores é
bombardeada cotidianamente com atrativos e marketing que lhes prende a
atenção, pois a mídia tradicional usa todas as formas de persuasão: da
religiosidade a temas picantes, violência gratuita e criação de desejos através
da publicidade. A Escola pode orientar e selecionar as boas iniciativas geradas
pelos produtores destes conteúdos audiovisuais de caráter educativo e cultural,
mesmo daqueles voltados para o entretenimento, mas que se relacionem com
temas transversais estudados nos projetos escolares.
Não ignoramos a pesquisa que ao longo de trinta anos tem
evidenciado os efeitos indiretos da televisão, como aqueles que
se relacionam com a violência. A pesquisa não só tem mostrado
estes efeitos como também tem mostrado que a televisão cria
um mundo imaginário, onde a seleção toma lugar do todo, e
onde a ficção é objetivada como realidade. A discussão deste
problema no nosso e em outros países tem sido enviesada por
interesses corporativos, por interesses econômicos, por teorias
implícitas fantástica sobre a psicologia dos humanos, pelo
cientismo ingênuo e até por valores morais conservadores.
(VALA; LIMA; JERÔNIMO. 1997, p 15)
O Brasil foi escolhido como local para sediar, em 2004, a Quarta Cúpula
Mundial de Mídia para Crianças e Adolescentes no Rio de Janeiro. Uma
iniciativa da Secretaria de Educação da Prefeitura, este evento trouxe todos os
grandes atores que fazem esta atividade, da BBC até produtores e educadores
da África, Austrália, Europa e EUA da América. Foi um interessantíssimo fórum
de discussão de inúmeros assuntos relacionados à mídia-educação com o
advento da participação ativa e política de adolescentes do mundo inteiro,
nesta versão carioca. (Vide DVD em anexo produzido pela prefeitura do Rio de
Janeiro).
A professora Regina de Assis, ex-Secretária Municipal de Educação do
Rio de Janeiro, criadora da TV Educativa Municipal do Rio de Janeiro e do
portal da Internet, Canal MULTIRIO (Empresa Municipal de Mídia e Multimeios)
foi a responsável pelo evento. Como um dos objetivos da criação do canal ela
cita, em entrevista concedida a este trabalho:
Criar e produzir audiovisuais e produtos impressos e digitais com
e para Crianças, Adolescentes seus Familiares e Professores de
modo a possibilitar diferentes concepções e formas de expressar
valores, conhecimentos, curiosidades, desejos, sonhos e
fantasias. Desta maneira, viabilizar através destes produtos,
meios de trabalhar as diferentes áreas de conhecimento nas
Escolas, ligadas à concepção de sociedade que desejamos, no
cenário da MULTIEDUCAÇÃO.
O Brasil possui uma mídia eletrônica bem estruturada e, portanto, é um
dos países onde há vários aspectos a serem estudados e pesquisados
levando-se em conta suas disparidades regionais que ora se assemelham a
países africanos, ora a países de primeiro mundo. A educação formal é
bastante precária em nossa cultura, no sentido da importância social e política.
Sendo assim, a mídia, como espaço de entretenimento bastante popular no
país, sobretudo a de radiodifusão, pode e deve cumprir uma agenda educativa
e esclarecedora, já que o padrão de programação é bastante controverso.
Nos anos sessenta, e de par com a difusão da televisão, assistese ao nascimento e expansão de uma corrente de
conceptualização crítica da relação entre os media e a
sociedade. Autores como T. Adorno, E. Morin, H. Marcuse, L.
Althusser, e, ainda hoje, N. Chomsky, olharam par os media
como instrumento de dominação social. E mais importante,
contribuíram para fundamentação de uma analise institucional
dos media, mostrando como este campo da vida social não pode
ser subtraído a reflexão problematizante de que tem sido objeto
outras instituições sociais como a família, a religião ou o sistema
político. (VALA; LIMA; JERÔNIMO. 1997, p. 22).
.
Nas escolas de Comunicação e Filosofia muito já se estudou e teorizou
sobre os malefícios da mídia comercial, portanto, não se trata aqui, de estudar
este aspecto e sim de mostrar e propor o que podemos encontrar ou produzir
hoje nos meios de comunicação e informação. Algumas novas pesquisas
demonstram que as audiências já não são tão manipuláveis ou passivas:
A partir do início dos anos 80 os estudos da recepção ou
interpretação de audiências começaram a questionar essa
concepção, alegando que, por trás de chamado receptor existe
um sujeito social dotado de valores, crenças, saberes, e
informações próprias de sua(s) cultura(s), que interage, de forma
ativa, na produção dos significados das mensagens. Pesquisas
realizadas nessa área mostraram que o espectador não é vazio,
nem muito menos tolo; suas experiências, sua visão de mundo e
suas referências culturais interferem no modo como ele vê e
interpreta os conteúdos da mídia. Sob este ponto de vista,
passou-se então, a tentar compreender os mecanismos sociais,
culturais e psicológicos que participam deste processo.
(DUARTE, 2002, p. 65)
2.1 - Mídia-Educação
A mídia-educação, como é cunhada nos termos da comunicação social,
não pretende substituir o educador nem o professor, mas despertar interesse,
complementar uma aula, ilustrar, justificar uma tese, provocar debate ou,
simplesmente, entreter de forma menos nociva. A criança hoje, quando
descobre um novo assunto e quer se aprofundar, tem à mão uma infinidade de
informações em várias fontes de conhecimento e pesquisa que poderão auxiliála em sua investigação. Falar que crianças não têm acesso à rede mundial de
computadores não se justifica, pois mesmo as que não possuem computador
em casa, sabem como acessá-la em lan houses, escolas, bibliotecas ou até
mesmo em celulares. A internet talvez seja o canal favorito deste seres da
chamada geração “Y”, tão distintos de nós, que fomos educados na base do
quadro negro e giz, lápis e papel, disciplina e cobrança. Através da internet as
crianças se correspondem com diversos amigos, jogam, lêem histórias e
notícias, vêem filmes, pesquisam, acessam suas fotos e dos outros, enfim, é
uma janela infindável visionada através da tela do computador, impossível
desprezar tal instrumento assim como foi o jornal, rádio, TV, Teatro e Cinema.
Não podemos somente demonizar a internet sob acusação de que há mais
interesse em redes sociais e sites pornográficos. Temos que admitir que a
internet é uma fonte infinitamente mais democrática do que as clássicas
enciclopédias. Cabe ao educador incentivar a pesquisa e ensinar como melhor
explorá-la: acessando sites valiosos em termos educacionais - além da
Wikipédia que não tem nenhum compromisso científico-acadêmico, criando
atividades, usando redes sociais, ferramentas colaborativas de Web 2.0, enfim,
usar sua imaginação para atrair o jovem ou criança para o estudo dirigido a
partir do seu mundo de interesses.
Para a professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Léa
da Cruz Fagundes, de 80 anos, pioneira do uso da Informática educacional no
Brasil, estamos vivendo uma revolução mundial, segundo ela:
Para as crianças é natural, pois nasceram nesta cultura. A
escola não pode querer atendê-las como atendia aos nossos
pais. Pelas nossas pesquisas eles criam pesquisam produzem,
temos de mudar os modelos de ensino. Não se pode dar aulas a
alunos com computador como se fazia quando tinha lápis e
caderno. (REVISTA TV ESCOLA, 2010, p 28)
2.2 - Como motivar alunos para nossas aulas?
Um bom filme adaptado de uma obra literária desperta o interesse do
espectador para transformar-se depois, no ‘leitor’ daquela mesma obra. O
professor pode usar as Tics como isca para prender a atenção do aluno e
desta forma passar o conteúdo de maneira que haja efetiva aprendizagem. Não
há nesta prática, nenhum problema moral ou ético. Os livros didáticos, literatura
e apostilas já faziam o mesmo, cabem a nós, educadores, acompanhar a
evolução dos tempos, principalmente aqueles que lidam com as novas
gerações. O professor que se recusa a usar novas tecnologias pode estar
fadado ao fracasso profissional, não que seja obrigatório usá-las, porém, o
professor tem que ter um carisma muito especial que não prescinda desses
“artifícios”. Neste aspecto há sempre em nossas memórias, professores que
nos marcaram na juventude, e que nunca esquecemos, devemos tentar
entender o porquê desse não esquecimento. Foi somente o professor ou
também sua matéria? Ou foram os dois? Será que poderemos separar um do
outro?
Os educadores podem encastelar-se no âmbito da escola,
indiferentes ao que se desdobra lá fora; devem, antes ter
permanentemente diante dos olhos a consideração das forças
psicológicas que surgem, crescem e agem espontânea e
inconscientemente na sociedade, em colaboração ou detrimento
da obra escolar. (ALMEIDA, 1931 apud SALIBA, p. 142-3)
O programa “Profissão Repórter”, da TV Globo, apresentado pelo
jornalista Caco Barcelos, mostrou, recentemente, o perfil de uma realidade
escolar vista na periferia de Florianópolis, em Santa Catarina. O programa
mostrou adolescentes rebeldes de baixa renda ridicularizando o professor que
era chamado de “branco” e “chato”, por uma sala vazia, quase sem alunos. Sua
aula era expositiva, com grandes conteúdos colocados no quadro negro. No
mesmo programa, havia uma senhora, negra e corpulenta, que subia na
comunidade onde a maior parte dos alunos morava e conhecia seus parentes,
vendo-os em seus afazeres e lazer fora do ambiente da Escola. Esta senhora
ensinava Artes e sua aula era muito freqüentada e participativa na mesma
Escola que o outro professor. Ela sabia o nome de cada aluno e um pouco da
suas vidas, mas não era do tipo “Tia”, ou seja, não os tratava como crianças
mas se dirigia a eles de forma direta e franca, comentando o que achava
errado e levando-os a refletir sobre suas atitudes. O repórter deixa a questão
para os alunos e espectadores: porque eles freqüentavam a aula desta
senhora enquanto faltavam ou faziam bagunça na de outros professores? É
comum, no meio pedagógico, uma crítica talvez um pouco maliciosa do
professor “Show”. O professor não precisa ser um apresentador de TV, nem
humorista ou carrasco, mas é conveniente ter poder de comunicação. Na
monografia baseada em mídia-educação para o curso de Comunicação Social
(PUC–Rio) de Bianca Berardo Nin, “Aprendendo a aprender, como as novas
tecnologias revolucionam a educação”, redigida em forma de matéria
jornalística para uma revista, destaca-se:
Na opinião de Ilana Eloá, doutorando em Educação e professora
do curso de especialização em Mídia, Tecnologias da
Informação e Novas Linguagens Educacionais da CCE – PUC –
Rio, os alunos de Comunicação Social deveriam ter uma
disciplina de mídia educação integrada ao currículo, mesmo que
eletiva. O currículo de Pedagogia da PUC–Rio já aderiu essa
idéia e a USP, inclusive já criou uma habilitação específica em
Educomunicação. Para ela, a oferta de cursos na pós–
graduação também precisa ser ampliada. (NIN, 2010. p. 11)
O professor deve ter interesse real no aprendizado dos seus alunos,
mesmo que não saiba o nome de cada um, já que as classes hoje estão cada
vez mais numerosas, fato constantemente denunciado pelos professores como
um agravante à qualidade de ensino. A falta de interesse profissional pelos
motivos expostos anteriormente, e a apatia poderão “minar” a sua prática
profissional. Esta é a pior “praga” que acomete alunos e professores, sendo em
nosso país, a regra, e não a exceção. São muito comuns infelizmente, alunos
desmotivados e professores faltosos, carentes de atenção e estímulo, seja
financeiro como moral. Será então que devemos creditar esta problemática
somente nas costas do Estado? Será que poderíamos, como educadores, fazer
alguma diferença? Poderíamos tentar, junto à direção da escola ou ao poder
público promover meios para que este quadro mudasse?
No filme “Pro dia nascer feliz“ de João Jardim, um documentário que nos
fornece um amplo painel sobre a educação brasileira, percebemos uma
realidade muito assustadora. Até quando iremos somente ver e constatar o que
já sabemos? Não podemos tentar quebrar estes paradigmas? Afinal não foi
assim que fizeram Vygotski, Piaget, Freinet, Freire, Montessori, Nietzsche,
Schopenhauer entre outros educadores, cientistas e pensadores que são
nossas referências?
Há um interessante caso do professor canadense David Gilmour que viu
seu filho abandonar a escola e a casa da mãe, onde morava, depois de perder
completamente o interesse em freqüentar as aulas. Este professor fez um trato
com seu filho como condição para morar com ele: veriam juntos três filmes por
semana, e depois os debateriam. David, o pai, fez uma bela seleção dos
melhores filmes de todos os tempos e, sendo roteirista e crítico, debatiam a
fundo o tema, a história e o trabalho do diretor, elenco e técnicos. O rapaz,
mesmo sem interesse a princípio, começou a tomar gosto pelas sessões e pelo
cinema acabando por regressar à escola. Este episódio acabou transformandose num belo livro, “O clube do filme”, onde o pai e autor relata a fundo esta
experiência que os aproximou e terminou por mostrar um possível caminho ao
filho, que hoje é cineasta.
2.3 - Bons exemplos na literatura audiovisual
Há, na literatura audiovisual, bons exemplos de filmes de longa
metragem que versam sobre algumas destas questões e que são filmes
absolutamente atuais. Dois destes filmes foram laureados com as premiações
máximas do cinema, o Festival de Cannes e o Oscar. O primeiro é francês e
chama-se “Entre os muros da Escola” (França, 2008). O filme mostra o dia-adia do professor de língua francesa de uma turma de adolescentes de escola
pública dos arredores de Paris; todos imigrantes, árabes, negros, latinos. A
história se transcorre no decorrer de um ano letivo com grandes conflitos entre
professores, alunos e coordenação; enfim, mostra um painel bastante realista
da profissão de quem pretende ensinar. Mais curioso é que ele foi escrito e
interpretado pelo próprio professor que viveu e escreveu estas experiências.
Por sorte, caiu nas mãos de um bom cineasta que o filmou como se fosse um
filme documentário e ao assisti-lo nos perguntamos se de fato não é um,
tamanha a veracidade das cenas. O diretor teve a felicidade de escolher os
próprios alunos como atores do filme, quebrando, assim, paradigmas de que só
atores profissionais podem interpretar; o que enfatiza a tênue linha que separa
ficção da realidade.
O resultado foi uma obra incrivelmente simples, mas de forte densidade
dramática, por se passar, como sugere o título, totalmente dentro dos muros da
escola, sem contar com nenhuma cena de contexto familiar. Muito menos
esperado foi um filme sem estrelas ou diretor famoso ganhar o Festival de
Cannes, o maior festival mundial da arte cinematográfica, que já nos premiou
em 1962, com o filme “O Pagador de promessas”, de Anselmo Duarte, baseado
na obra de Dias Gomes. Uma láurea neste festival atrai imenso interesse de
distribuidores do mundo todo, mas estes filmes ainda são exibidos em circuitos
de arte pouco divulgados, ao contrário dos famosos blockbusters (tradução
literal: arrasa-quarteirão), filmes de grande apelo de marketing dos estúdios
americanos. “Ente os muros da Escola”, porém, foi exibido exaustivamente nos
canais a cabo da Globosat, TV Futura e Telecine Cult.
O longa metragem americano Preciosa (Precious, 2009), de Lee Daniels
ganhador do Festival de Sundance, o maior festival de cinema independente do
mundo, não foi financiado por um grande estúdio, mas que contou com uma
grande mecenas: a apresentadora e jornalista Oprah Winfrey, hoje das
mulheres mais poderosas do mundo, que possui seu próprio canal de TV. Ela
ajudou a produzi-lo por ser, como a protagonista do filme, de origem
semelhante: negra, pobre e com problemas familiares e ainda brigando
eternamente com a balança... Os filmes nos EUA não são, como no resto do
mundo, financiados pelo Estado. Para quem não a conhece, Oprah Winfrey
tem um programa diário visto em dezenas de países do mundo e já fez
inúmeras doações para África em forma de projetos e programas para
educação de mulheres e crianças. Assim como seus entrevistados, desde o
cidadão comum até as maiores estrelas do showbizz, ela consegue arrancar
confissões das mais profundas, não uma simples a fofoca, mas aquelas que só
se contam ao terapeuta ou psicanalista, como estupros ou preferência sexual.
Talvez pela sua sinceridade em falar de si mesma como vítima de violação na
infância, seu programa se tornou um sucesso atingindo milhões de
espectadores no mundo. Oprah não se tornou uma apresentadora de gueto ou
étnica, em sua platéia há mais brancos que negros e no seu sofá passam todas
as grandes estrelas de Hollywood.
Não trouxemos este aparte ao acaso: em seu programa, muitas vezes
Oprah toca na questão que diz respeito aos perigos que concerne às crianças
como a pedofilia, o bullying e abuso sexual familiar, fazendo reportagens muito
profundas, pois não se trata somente de um talk show. Seu prestígio é tão
grande que a família de Michael Jackson: pais, sobrinhos e filhos; confiou-lhe
uma longa entrevista exclusiva.
Foto do filme “Precious”. Fonte: www.cinepop.com.br
Voltando ao filme, “Preciosa”, estamos falando de um personagem de
uma moça que aos 16 anos estuda, sem a menor vontade ou atenção numa
escola pública de gueto. Ela é chamada pela direção da escola, pois está
novamente grávida. A diretora tenta obter alguma confissão da protagonista já
que ela é uma garota incomum, muito gorda e de poucos atrativos femininos.
Precious, o nome da personagem em inglês, já tem um filho de pai
desconhecido e isto faz com que a diretora recomende uma escola especial,
pois desconfia que atrás da resposta dela à diretora: “estou grávida por que fiz
sexo”, há outras mazelas escondidas.
Desta forma, Precious vai para uma escola especial onde há somente
moças com problemas de aprendizagem e dificuldades de todas as espécies
desde drogas até relações conflituosas na família. Ao contrário do que se
passava na outra escola, onde ela sonhava acordada com belos professores
transformados em príncipes encantados, não poderá mais ficar à parte do
ensino, pois a sala conta com poucas alunas. Então, nós espectadores,
finalmente somos informados que Preciosa ainda não sabe nem ler, ou seja,
era uma analfabeta funcional como tanto ocorre aqui em nosso país. A amável
instrutora se interessa pelo caso dela tratando-a com dignidade, ao contrário de
sua família e consegue que ela tome gosto pela sua própria educação,
aumentando assim sua auto-estima. A professora e sua companheira convidam
Preciosa para freqüentar sua casa, tratando-a com um carinho que sempre lhe
foi negado. Desta forma, descobrem todo o passado da problemática moça
cujos filhos são do pai abusador, com a aquiescência de sua intratável e infeliz
mãe. Enfim, uma história trágica como a de muitas pessoas, mas nem sempre
com o final feliz e de superação como neste filme.
Relato estas duas obras por serem exemplos de filmes sobre educação
que podem fazer pensar a nós educadores, sobre nossas práticas
pedagógicas: em como um simples filme pode nos trazer todo um mundo de
emoções e conceitos que talvez nunca tivéssemos a oportunidade de
conhecer. Através deles, refletimos como podemos fazer uma mudança em
nossos alunos, inclusive levando uma saída para seus problemas de
aprendizagem que, muitas vezes, decorre de problemas na família. Não
podemos negar que, em certos casos, temos mais contato com a criança ou
adolescente do que seus próprios pais. Não somos responsáveis em cuidar e
conhecer todas as mazelas de nossos alunos, mas devemos sempre alertar
pais, coordenadores e supervisores daquilo que percebemos através do
comportamento deles, de seu estado físico através de nossa sensibilidade e
cuidado com as turmas. Ainda na tese de Saliba as palavras de Canuto
Mendes de Almeida, em 1931:
Sua missão (do professor) em face dos modernos postulados em
pedagogia, e resume em reforçar e sistematizar para o sentido
educativo, a ação destas forças psicológicas exteriores. Nunca
obstruí-las, opor-lhes diques, capazes antes, de provocar
inundações do que dominá-las e sempre em desperdício de
energia que as correntes impetuosas, devidamente canalizadas,
podem produzir. (ALMEIDA, 1931 apud SALIBA, 2003, p 89)
As obras dramáticas ajudam estudantes a se identificarem com
situações semelhantes vividas por eles, reveladas em filmes, peças ou em
aulas de teatro e apontam soluções para seus problemas reais, com ajuda ou
não de terceiros. A escola, portanto, quando é um local de conforto psicológico
e mental para alunos pode ser transformadora para suas vidas. Aquelas
situadas em áreas de risco e zonas de guerra, são um alento, embora alguns
alunos venham com atitudes violentas, por ser o padrão a que estão
acostumados em casa ou em suas comunidades. No curso ministrado
anualmente sobre mídia-educação por Regina de Assis no Pólo de
Pensamento Contemporâneo (POP) no Rio de Janeiro, ela nos mostrou uma
animação feita com alunos do complexo do Alemão nos idos de 90, onde todas
as histórias são repletas de tiros, sangue e morte, mesmo quando personagens
estavam sonhando.
Em nosso curso de Pedagogia vimos um filme chinês de longa
metragem chamado: “Nenhum a menos” de Zhang Yimou, de 1999. Num
pequeno vilarejo no interior paupérrimo da China, uma pré-adolescente é
requerida para tomar conta de uma classe de pequenos alunos, pois seu
professor terá que se ausentar por um breve período de tempo. O professor
ressalta o problema da evasão escolar e enfatiza que, quando ele voltar, não
poderá ter nenhum aluno a menos, como no título do filme. A menina, uma
pessoa ainda em formação, mas que já demonstra total desprezo pela sua
função, fica vendo o tempo passar, sem menor interesse pelas crianças e pela
responsabilidade de seu cargo. Numa certa ocasião, ao contar seus alunos, ela
percebe que falta um. Pela motivação do salário - não seria remunerada caso
algum aluno evadisse a escola - empreende uma jornada inacreditável para
uma pessoa com tamanha apatia que demonstrou ter no início do filme. O
périplo que ela vive para encontrar este aluno irá lhe ensinar uma grande lição,
dando-lhe maturidade que ainda não tinha alcançado.
2.4 - Fazendo a nossa parte
Seria uma utopia pensar que todos os professores são engajados e
dedicados ao que fazem ou que alunos serão grandes teóricos ou
revolucionários.
Educadores
e
escolas
que
realmente
possuem
um
compromisso com seu fazer pedagógico, fazem a diferença. Vemos alguns
destes exemplos em resultados de pesquisas de excelência em educação
oficiais. Além das tradicionalmente conhecidas, há surpresas em escolas
públicas em locais pobres, mas com resultados inesperados que deveriam ser
copiadas e divulgadas. Estas escolas, quando analisadas, mostram sempre um
diferencial, seja na leitura, numa solução criativa ou no compromisso de seus
funcionários ou dirigentes.
Na recente pesquisa do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano)
patrocinado
pela
PNUD
(Programa
das
Nações
Unidas
para
o
Desenvolvimento) e divulgado pelos jornais, o Brasil ficou em septuagésimo
terceiro lugar no ranking mundial. Este estudo leva em consideração acesso à
saúde, educação, renda e qualidade e expectativa de vida. Não é mistério que
nossa herança cultural nunca se primou pela boa formação escolar e educação
plena, como em outras partes da América, a não ser para uma elite privilegiada
econômica e culturalmente.
A Austrália e a Nova Zelândia, entre outros países, também sofreram
colonização, como no Brasil, mas suas taxas de analfabetismo são quase
nulas. A Europa sofreu inúmeras guerras devastadoras e se reergueu diversas
vezes das cinzas. Até a segunda grande guerra, países como Portugal e Itália
tinham enormes taxas de analfabetismo e pobreza. Pessoas trabalhavam por
um simples prato de comida. Mesmo que sejamos ainda um país em
desenvolvimento, não podemos mais fechar os olhos para esta situação. A
educação está na ordem do dia, todos falam, mas praticamente nada muda em
termos de políticas públicas de governo. Um dos pioneiros do manifesto da
Educação Nova, Fernando de Azevedo, nos comprova que o mesmo problema
nacional vem se arrastando há anos sem solução:
Um primeiro aspecto a ser ressaltado foi o reconhecimento cabal
da educação como o mais importante e decisivo problema do
país. A questão se configurava assim no Manifesto: “na
Hierarquia dos problemas nacionais, nenhuma sobreleva em
importância e gravidade o da educação. Nem mesmo os de
caráter econômico lhe disputam a primazia nos planos de
reconstrução nacional. (SALIBA, 2003. p. 48)
Desculpas não preencherão vagas de emprego nem farão do estudante
um trabalhador qualificado, um pesquisador, cientista ou um empreendedor.
Políticos não possuem interesse em educar e dotar de poder crítico uma massa
que pode ser manipulada conforme seus interesses, portanto, cabe a nós que
trabalhamos com educação, mídia e arte tentar fugir de uma situação crônica
para o bem das futuras gerações, quer sejam nossos filhos ou não.
3 - MÍDIA-EDUCAÇÃO OU ENTRETENIMENTO?
3.1 - Um pouco de História da televisão...
Como exemplo prático do uso de recursos audiovisuais na educação,
poderíamos enumerar alguns programas, além dos didáticos telecursos. Os
programas matinais como o saudoso “Vila Sésamo”, da franquia Sesame
Street, tem um alta preocupação com suas versões em países do mundo
inteiro, levando a seus franqueados extensas pesquisas na área de mídiaeducacão através de uma das instituições mais respeitadas no mundo, como
Unicef. Pode-se discordar que “Vila Sésamo” seja educativo, mas se o
comparamos com os programas vespertinos atuais, vemos que foi uma
iniciativa memorável e que marcou época, com seus personagens-bonecos
Garibaldi, Enio e Beto, ainda em atividade “artística” como Muppets até hoje,
sem falar nos atores protagonistas que habitaram a vila: Sonia Braga e o
saudoso Armando Bógus. A dupla mais tarde, protagonizou a telenovela
“Gabriela Cravo e Canela”, de Walter George Durst, que foi um marco na
teledramaturgia brasileira como adaptação da obra do escritor Jorge Amado.
A inserção extremamente bem sucedida da dramaturgia na TV, já
começou de uma incrível aceitação e estrondoso sucesso de rádionovelas que
detectaram o gosto dos brasileiros por este formato em capítulos que acabou
transformando-se nas telenovelas que hoje são o “carro-chefe” dos canais
abertos, grande case de sucesso de formato da TV brasileira. Nos idos de 50,
havia teatro ao vivo com Sérgio Brito e Fernanda Montenegro, dentre outros
grandes nomes, levando obras de consagrados autores clássicos do teatro
internacional, mas sem inovações na linguagem, apenas aproveitando
espetáculos já montados que já haviam entrado em cartaz. Um pouco mais
tarde veio o advento da fita de video-tape, em que se poderiam gravar as
cenas, repeti-las, cortá-las e montá-las. Desta forma, as gravações externas se
tornaram possíveis, como já vinha sendo feito pelo cinema com suas câmeras
mais portáteis, e assim foi formado o gênero predileto da nossa cultura
audiovisual, a telenovela. Sendo basicamente igual à novela radiofônica, em
forma de folhetim, foi tomando os corações e mentes dos brasileiros. Hoje a
telenovela pode ser vista sem sequer olhar para a tela, somente escutando aos
diálogos. Toda a cena é empreendida assim, pois é totalmente baseada na
trama falada e repetida, sendo uma obra aberta e de fácil compreensão para
atingir às múltiplas audiências. Devemos ressaltar que este é um gênero que
se afeiçoou ao gosto genuinamente latino e nosso país se especializou em
grandes produções, até com linguagens bastante arrojadas, que marcaram
época. “O Rebu”, cuja trama se passava toda numa mesma noite, “O
Casarão”, que contemplava três tempos distintos e três gerações de
protagonistas e ainda “Beto Rockfeller” um estrondoso sucesso com linguagem
muito moderna e jovial.
3.2 - E o Estado, como fazia?
Todas estas obras foram produzidas pela TV Globo, mas não podemos
esquecer as outras emissoras. Nos anos 70, na antiga TVE (Televisão
Educativa, 1967) hoje renomeada TV Brasil, houve uma bela dobradinha: “Os
Batutinhas” e “Daniel Azulay”. O primeiro era um programa em preto-e-branco
sobre uma turminha de crianças muito bagunceira e foi tão popular que
atravessou décadas encantando até aquelas que já nasceram com a TV
colorida. O segundo ensinava a brincar com dobraduras, materiais caseiros
como papel, tesoura e cola, numa linguagem despretensiosa, sendo ele o
apresentador, exibia novos e antigos programas infantis em seu programa de
fim de tarde.
A seguir, já na década de 80, vieram outros exemplos mais
dramatúrgicos, ainda na TVE com “Uma professora maluquinha” de Ziraldo e
na TV Cultura com “Castelo Rá-Tim-Bum”, este foi um dos programas mais
bem sucedidos de nossas TVs públicas que acabou gerando um belíssimo
filme de longa-metragem e hoje batiza um canal de TV específico para o
público infantil. Não sendo didáticos, estes programas citados usaram da
linguagem da ficção para exibir entretenimento de qualidade que era, ao
menos, uma opção ao programas infantis tradicionais. Se formos questionar
sua eficácia no quesito educação, ao menos não deseducavam...
Após o advento da transmissão via cabo e seus inúmeros canais
segmentados, inaugurou-se a TV Futura, em 1997 patrocinada por várias
empresas e capitaneadas pela Fundação Roberto Marinho com caráter
exclusivamente educativo-cultural. Nela encontramos variados programas “de
linha”, ou seja, fixos na grade de programação e uma vasta gama de assuntos
tratados por eles. “Língua Afinada”, apresentado pelo roqueiro-escritor Toni
Belloto, versa sobre língua portuguesa, literatura e música. Disciplinas como
Geografia associado à Sociologia, Antropologia e Política são tocadas através
de programas de viagens, destacamos o “Passagem para”, onde o
apresentador Luis Nachbin viaja sozinho mostrando suas impressões pessoais
entrevistando pessoas anônimas locais, ensinando ao final, dicas do ofício de
jornalista.
Ainda na TV Futura, na área de cinema, temos o programa “CineConhecimento”, que exibe filmes clássicos e cults. Estas obras nem sempre
possuem campanha de marketing, mas fizeram suas carreiras pelas suas
qualidades artísticas e temáticas. Na apresentação do programa é realizada
uma completa resenha do filme explicando sua história, aspectos técnicos e de
linguagem, informando características de seu diretor, carreira e premiações.
3.3 - Estimulando a literatura nas TVs abertas, as minisséries:
Em formatos mais enxutos para abraçar obras fechadas de renome foi
criado o formato minissérie, ou seja, uma, duas ou até 14 semanas de duração,
em capítulos diários. Diversas obras da literatura nacional foram adaptadas
para TV como “Grande Sertão Veredas”, de Guimarães Rosa, “O Tempo e O
Vento”, de Erico Veríssimo, “Memorial de Maria Moura” de Raquel de Queiroz,
todas entre as décadas de 70-80. Ainda hoje vemos algumas em iniciativas da
Rede Globo através de núcleos dos diretores Guel Arraes e Luis Fernando
Carvalho que adaptaram Ariano Suassuna, “A Pedra do Reino”, “Auto da
Compadecida”, e Machado de Assis “Capitu” baseado em Dom Casmurro e
ainda para não ficarmos somente no “bairrismo” da cultura brasileira, Eça de
Queiroz com “Os Maias”.
Na TV Globo, o diretor Luis Fernando Carvalho passou a investir em
grandes textos nacionais para fazer produtos de altíssima qualidade e
refinamento estético incomparáveis com qualquer outro no Brasil. No caso da
mini-série: “Hoje é dia de Maria”, de 2002, baseada em Luis Alberto Soffredini,
o diretor mostrou um lado mais ingênuo e rural da nossa ficção, mesmo que em
roupagem bastante arrojada, misturando diferentes linguagens.
”Hoje é dia de Maria”. Acervo Rede Globo.
A série alcançou uma enorme reputação no meio pedagógico sendo
estudada em Universidades como UCLA (Universidade da Califórnia – Los
Angeles).
Alunos americanos foram obrigados e vê-la por inteiro, segundo
exigência do professor Scott Randall, relatado no curso sobre a obra de Luis
Fernando Carvalho, ministrado na Casa do Saber, no Rio de Janeiro, em 2010.
Na série baseada em Machado de Assis, “Capitu”, mais uma vez a ousadia
resultou numa obra bastante moderna. Sendo praticamente toda gravada em
estúdio e no mesmo cenário; traz invenções estéticas e de linguagem como
elementos cênicos rabiscados em giz no chão, mistura de passado/presente ou
ainda o uso de documentários e cenários reais, com objetos de cena modernos
sem disfarçar, diferenciando das obras “de época”.
Estes produtos estão disponíveis para compra em DVD também pela
internet. Exibindo-os em aula, pedagogos e professores podem solicitar
trabalhos baseados na comparação da escrita literária com a audiovisual, por
exemplo, contrastando estas linguagens. Desta forma, incentiva-se à leitura de
clássicos nacionais, grande vilão dos adolescentes que hoje não tem paciência
para o português antigo e bem falado.
Séries e programas em canais exclusivamente educativos fazem
também uma programação diversificada para várias faixas etárias, como o
canal da Prefeitura do Município do Rio de Janeiro, MULTIRIO, que
recentemente inaugurou programas de minisséries de ficção, para alunos do
ensino médio, que tratam de assuntos curriculares como ciências, matemática
e português com linguagem visual moderna usando animação e blogs entre
outros recursos. O Canal Multirio não vende seus programas mas permuta ou
franqueia a instituições.
“Detetives da Ciência” série tv Multirio.(Acervo Pessoal)
3.4 - E na Internet, não vai nada?
A leitura parece ser um grande impedimento para o desenvolvimento
dos nossos jovens, o que resulta, invariavelmente, numa escrita pobre e repleta
de erros. Devemos, como educadores, tentar cobrir esta falha cultural brasileira
cujo povo se adapta muito bem ao audiovisual, em detrimento da escrita. Isto
gera inclusive, maus professores no sentido da má formação e não do seu
empenho. Em pesquisa no site “Curta na Escola”, que dispõe de enorme
acervo de curtas metragens educativos, existe uma sessão de relatos dos
professores que exibiram em sala de aula alguns filmes (via internet ou pelo
DVDs), das coleções de melhores curtas que o site desenvolve para
premiações e estímulos como concursos diversos.
Destes relatos, a cada mês um é escolhido e premiado para ajudar na
divulgação e adesão ao site, incentivando o uso de curtas. Estes relatos são o
que mais interessa pela forma criativa que são elaboradas as aulas, mostrando
como cada um pode usufruir desta experiência, agregando atividades e temas
transversais. Segundo a gerente do site, Vanessa Souza, mesmo sendo escrito
por professores, pode-se notar inúmeras falhas ortográficas, gramaticais e de
concordância, o que faz com que os textos passem por uma revisão antes de
serem publicados. Neste caso, é o Prof. Dr. João Luís de Almeida Machado,
consultor pedagógico e redator do ‘Curta na Escola’ que se encarrega de todos
os assuntos relacionados ao aspecto educativo-pedagógico. Curadoria,
pareceres pedagógicos até a renovação semanal da homepage, ele indica
novos filmes, estimulando professores e usuários com concursos de relatos,
críticas e filmes. Machado é um militante do uso do audiovisual por já ter
utilizado-o tanto em sua pratica pedagógica. Contava para isso, com os curtas
do pioneiro ‘PortaCurtas’ - site somente de curtas brasileiros que surgiu muito
antes do fenômeno Youtube - onde teve origem o ‘Curta na Escola’. Ele atua
em diversas publicações via internet e seu entusiasmo pela causa é
incessante, como pode ser verificado na longa entrevista disponibilizada nos
anexos ao final deste trabalho.
Através de estatísticas disponibilizadas pelo site verificamos que o DVD
“Curta na Escola”, volumes I e II, com cerca de 15 curtas, é bem mais utilizado
do que os filmes disponíveis online. O uso desta ferramenta é dirigido pelo
professor que exibe o filme em sala de aula através de datashow ou monitor de
TV em detrimento da escolha dos alunos que poderiam assisti-los pelo
computador. Conclui-se então, que alunos pouco acessam o acervo de curtas
do site para fins didáticos ou de pesquisa escolar. Este enorme manancial de
temas e obras não é franqueado aos alunos com a intermediação do professor,
gerando pouco proveito desse acervo inestimável de filmes. Segundo João
Worcman, sócio do site, “não há um só dia que não se venda um DVD do Curta
na Escola”, para escolas públicas ou particulares, o que comprova o interesse
pelo formato audiovisual mais curto.
3.5 - Estimulando o cinema visto na tela grande.
Raramente os alunos e professores da rede pública de ensino
freqüentam salas de cinema. O sucesso em nosso país do DVD pirata, ou seja,
aquele que é copiado sem licença do detentor dos direitos autorais não é por
acaso. Devido aos avanços da tecnologia, existe no mercado dezenas de
softwares que copiam ou fazem download de filmes pela internet, o que
constitui crime previsto por lei, sem falar na facilidade de se encontrar tais
produtos à venda em bancas improvisadas pelas ruas das cidades. Em nosso
país, estas práticas não são vistas com maus olhos, mesmo que sejam
consideradas ilegais, vêm sendo usadas em casa por alunos e pais, em
ambientes acadêmicos e até em simpósios e seminários. A relação custobenefício entre comprar um ingresso para ver um filme no cinema é bem maior
se comparado ao custo do DVD pirata que pode ser utilizado inúmeras vezes.
Há várias formas de se ver um filme além da sala de cinema: por
download em computador mesmo antes da estréia, no aluguel de DVDs, pela
TV, disponíveis em vários canais abertos e pagos. É preciso considerar que
inúmeras salas de cinema foram fechadas no Brasil desde a década de 80
quando paulatinamente novas tecnologias como TV a cabo, internet, vídeo
cassete e DVD foram surgindo. O cinema teve que se sofisticar para atrair mais
público, o que acarretou em um aumento no valor do ingresso, transformando o
lazer popular em um hábito da classe média. Inovações técnicas como
surround, telas grandes e agora o 3D encareceram o espetáculo que começou
sua história na virada do século XX nos nickelodeons, aparelhinhos à base de
inserção de moedas para visualizar filmes de curta metragem mudos, em preto
e branco. Várias etapas foram cumpridas para se chegar ao alto nível
tecnológico que hoje temos nas salas mais sofisticadas.
Todas estas razões, a busca pela formação de público para cinema
nacional e principalmente seu uso pedagógico, foram as molas propulsoras do
projeto “Cinema para Todos”. Criado nas Secretarias de Educação e Cultura
do Rio de Janeiro a partir de 2000, o programa oferece bilhetes gratuitos para
alunos, professores e coordenadores da rede pública para que possam assistir
a filmes nacionais em salas de cinema. Cada aluno ganha dois bilhetes, válido
por um ano, e pode escolher o filme nacional que esteja em cartaz. Para
informá-los um animador cultural vai até a escola apresentando os filmes e
estimulando os professores e coordenadores a ver e empreender atividades
pedagógicas a partir dos títulos em questão. Por ser um programa da esfera
estadual, somente os alunos do ensino médio, e em cidades que possuem
salas de cinema, têm direito ao ingresso. Há possibilidade de se solicitar
sessões privadas para escolas nas salas e até para filmes que já saíram de
cartaz. Desta forma, mesmo as cidades que não possuem sala de cinema,
podem usufruir do programa, dependendo do agendamento escolar junto à
coordenação do programa. As sessões podem ser exclusivas de uma ou mais
escolas e em horários não comerciais da sala de exibição.
Foram feitas parcerias com cinemas independentes e cadeias de
exibidores e distribuidores em todo o Estado do Rio de Janeiro numa iniciativa
pioneira que gerou “certa desconfiança a princípio por parte de alguns destes
elementos-chave para o sucesso da empreitada”. Mas hoje, nos diz Renato
Herzog, do Instituto Cinema em Movimento e coordenador do Cinema para
Todos, “o programa tem agradado muito”. Contudo, há alguns casos de
cidades onde o programa encontrou mais dificuldade e algumas explicações
empíricas para tanto. Segundo entrevista gravada e concedida para este
trabalho, ele afirma:
Tivemos dificuldades em Petrópolis desde a adesão de salas de
exibição até a aceitação das escolas, e uma vez por causa de
um trailer de filme nacional, levamos um pito das professoras da
escola por ter sido proferido um palavrão pelo personagem.
Deve ser por um motivo de conservadorismo, mas já tentamos
de tudo em Petrópolis e infelizmente não é das nossas melhores
praças...entretanto há outras localidades que ninguém daria
nada e filmes super independentes e desconhecidos como
“Doce de Coco” fez um tremendo sucesso sem explicação.
Depois verificamos que a cidade sempre foi dada a atividades
culturais e folclóricas.
Herzog é bastante otimista quanto ao êxito do programa, considera que
em certos locais o dono do cinema diz que, se não fosse pelo programa, eles já
teriam fechado suas portas. Em certas cidades, o programa é uma benção para
todos os beneficiários: donos de salas, alunos e professorado, cineastas e
governo. Consideramos a iniciativa um acerto na formação de platéia, uma
vertente pouco visada pelas políticas públicas, mas fundamental a toda a
cadeia produtiva desta indústria tão dependente de verbas públicas. Nosso
cinema foi perdendo público por uma série de fatores que não vale aqui
enumerar, mas ainda é muito difícil concorrer com o produto estrangeiro,
sobretudo
o
norte-americano,
que
há
décadas
domina
o
mercado
cinematográfico no mundo inteiro.
Para os educadores é fundamental que o aluno se perceba em sua
própria cultura. E o cinema, principalmente o gênero documentário, aproxima o
aluno de sua realidade, ao contrário das telenovelas que, visando sucesso de
público, acabam por deturpá-la ao criar um mundo irreal. Desde a famosa
retomada, que se inicia no período pós governo Fernando Collor de Mello, o
cinema nacional fez as pazes com o grande público, destacando-se os títulos
“Cidade de Deus” de Fernando Meirelles e “Tropa de Elite” de José Padilha.
Não por acaso estes filmes, campeões de bilheteria no Brasil e com carreira
internacional, demonstram uma realidade que faz parte da vida de muito jovens
de periferia, mas que as novelas nunca mostraram, até então. Após estes
êxitos, a TV começou a retratar estas realidades, antes ignoradas. Filmes “de
favela” acabaram virando um gênero em si como um dia foi o cangaço, outra
de nossas mazelas históricas vividas pelos nordestinos, que geraram interesse
em todo o país e no mundo.
No rastro do enorme sucesso do clássico de nosso cinema “O
Cangaceiro”, sucesso no Festival de Cannes de 1953, vendido para vários
países do mundo, foram produzidos inúmeros filmes de cangaço. O
pesquisador e crítico de cinema Salvyano Cavalcanti de Paiva (1923-2000)
batizou este movimento de Nordestern, numa alusão ao gênero tipicamente
americano Western. Podemos dizer que até hoje, ele ainda é tema de filmes
recentes como “Corisco e Dada” e “Baile Perfumado”. Há também filmes
históricos que despertam interesse do público e de professores, como
“Canudos”, “Carlota Joaquina” e “Mauá, o Imperador e o Rei”, sem falar nos
mais antigos que foram grandes sucessos como “Independência ou Morte” ou
“Descobrimento do Brasil” de Humberto Mauro (conforme anexo).
No caso da violência do Rio de Janeiro, filmes como “Tropa de Elite1”,
vítima de extrema pirataria e tema de grandes debates nacionais. O programa
“Cinema para Todos” aproveitou este sucesso para fazer uma apostila de
referência aos educadores, com a temática do filme no segundo episódio.
Fazendo uso da conjuntura de guerra na cidade, o filme atraiu a maior adesão
ao programa, sendo responsável por uma ótima percentagem de ingressos no
total da bilheteria do mesmo. Nesta apostila, há várias formas de se tratar o
tema e empreender atividades pedagógicas. Pode ser chocante o fato de filmes
violentos estarem na programação do projeto, mas qualquer professor de
escolas de áreas de risco sabe que, a realidade, é ainda pior do que vista nos
filmes. Na cidade do Rio de Janeiro, conviver intimamente com a violência
urbana é uma rotina para muitos cidadãos como foi visto recentemente, ao vivo
para todo o Brasil, a reconquista do Complexo do Alemão.
O filme “Cinco vezes favela, agora por nós mesmos” (2010) de vários
autores moradores de comunidades do Rio de Janeiro também foi outro
sucesso do programa. Entretanto, o filme fez poucos ingressos na zona sul da
cidade, onde prevalecem as classes A e B, mesmo com comunidades
superpopulosas como a da Rocinha.
A maciça propaganda mundial e a
extrema eficácia técnica dos filmes norte americanos os impelem a investir
seus poucos recursos para assistirem aos blockbusters em detrimento dos
filmes nacionais. Já com um ingresso gratuito, o aluno e professor irão dispor
somente de seu tempo para tanto. Os professores podem escolher temas a
partir dos filmes em cartaz e desta forma ainda tirar mais proveito da
experiência única e individual que o cinema causa no expectador. Na apostila
elaborada pelo programa aos Educadores tem orientações:
Uma vez escolhido o tema o educador desenvolve com o grupo
de alunos uma atividade de problematização, suscitando uma
roda de conversa em que todos possam expressar livremente o
que sentem e o que sabem sobre o assunto. Depois se faz o
convite para assistir ao filme, individualmente ou em sessão
coletiva. Após e exibição o educador/mediador incentiva o grupo,
por meio de um roteiro de perguntas previamente elaborado, a
fazer uma leitura das imagens, do conteúdo assistido.
Inicialmente a função do educador é provocar a expressão dos
interesses e sentimentos despertados no grupo; como mediador,
ele estabelece conexões entre as idéias que vão sendo
apresentadas sem expor suas próprias opiniões e nem
apresentar teorias consagradas. (ESPIRITO SANTO; LINS;
CASTRO. 2010, p, 18).
O programa além de estar formando público, fomenta mais abertura de
salas, principalmente nas cidades que ainda não as possuem, propiciando
assim, uma maior periodicidade para o filme nacional. Parece então uma
equação onde todos saem ganhando e quem paga a conta é o Estado. Não é
um programa barato, pois demanda boa infra-estrutura, trabalhadores
qualificados e um alto investimento, da ordem de uns 3 milhões mensais,
dependendo do volume de ingressos usados. Porém, se não for o Estado a
fazê-lo, não tem concorrer com forças tão poderosas, e quem sai ganhando em
primeiro lugar são os alunos, além da indústria cinematográfica nacional. O
Estado está, portanto, cumprindo seu papel de fomentador de políticas públicas
que geram criatividade, conhecimento, cultura e educação.
Dar as costas ao cinema brasileiro é uma forma de cansaço
diante da problemática do ocupado e indica um dos caminhos
de reinstalação na ótica do ocupante. A esterilidade do conforto
intelectual e artístico que o filme estrangeiro prodiga faz da
parcela de público que nos interessa uma aristocracia do nada,
uma entidade em suma muito mais subdesenvolvida do que o
cinema brasileiro que desertou. (GOMES, 1996, p. 111)
3.6 - Já em São Paulo...
Embora este trabalho de conclusão de curso discorra sobre aspectos da
cidade do Rio de Janeiro, não podemos ignorar algumas iniciativas em outros
estados e, mesmo sem poder pesquisar a fundo, gostaríamos de citar um
programa semelhante ao “Cinema Para Todos”, mas localizado em São Paulo,
capital. O “Programa Cine-Educação” é uma vasta parceria com poder público
entre prefeituras, Ministério da Cultura e empresas particulares como
patrocinadores principais e outros apoiadores como empresas midiáticas,
envolvendo um vasto número de colaboradores. O programa consiste em ver
filmes na Cinemateca Brasileira onde há o maior acervo de filmes nacionais e
estrangeiros de todos os tempos no Brasil. Em parceria com várias Secretarias
Municipais de Educação do Estado e da Fundação Victor Civita e da Secretaria
do Audiovisual, um encarte dentro da revista Nova Escola informa sobre toda a
carreira e aspectos técnicos e artísticos do filme junto a outras atividades
pedagógicas possíveis. O programa se dá em 6 etapas distintas:
1. Seleção de filmes: somente 5 filmes nacionais de longa
metragem e 3 de curta com critérios pedagógicos e
cinematográficos
2. Encontro
de
formação
de
professores:
sensibilização,
entrega de material de apoio
3. Preparação de alunos: despertar interesse para as sessões
4. Sessões: experiência de ir ao cinema
5. Atividades
em
sala
de
aula:
atividade
interdisciplinar
proposta pelo professor
6. Encontro final: exposição de trabalhos, troca de experiências
Este programa, infelizmente, não foi uma política continuada, mas
somente pontual. Estas duas propostas, contudo, comprovam que o poder
público finalmente reconhece e importância tanto da qualidade do cinema
nacional como do uso pedagógico de ferramentas audiovisuais para atrair o
alunado e facilitar o processo ensino-aprendizagem.
3.7 - Ainda mais história: o cinema educativo.
O INCE (Instituto Nacional do Cinema Educativo), fundado em 1937
durante o governo Vargas, foi o órgão responsável pelo cinema educativo, pois
desde então já se podia prever a força e eficácia desta nova linguagem.
Só um instituto desse gênero nos dará, além da censura
educativa criteriosa, boas fitas educativas. E ante milhares de
telas em funcionamento em todo o país não dormirão mais
esquecidos nos arquivos de repartições públicas os rolos de
celulóide que tanto dinheiro custaram ao Tesouro. Por que o
governo terá aí, os meios positivos para divulgação do cinema
oficial. (ALMEIDA, 1931 apud SALIBA, 2003, p. 173)
Seu grande mestre e diretor mais profícuo na nossa história
cinematográfica, o mineiro Humberto Mauro, foi diretor do órgão junto a
Roquette Pinto, considerado pai da radiodifusão do país. Mauro era um
cineasta já de extensa carreira e foi pioneiro no sentido do uso de radioamador
- que era a internet da época - e por ter tido a audácia de construir estúdios em
sua terra natal, Cataguases, iniciativa hoje copiada em cidades com grandes
verbas de petróleo que investem no cinema como Paulínia, no estado de São
Paulo.
O INCE promoveu a produção de uma série de filmes educativos de
curta e longa-metragem. Foram feitos centenas de filmes entre institucionais,
curtas e longas metragens, hoje em poder da CTAV (Centro Técnico
Audiovisual) Este legado é uma fonte inesgotável de pesquisa iconográfica,
registrando com qualidade e beleza estética, uma infinidade de assuntos
brasileiros em 35 mm que hoje servem a inúmeros filmes como imagens de
arquivo. Uma pena que não tenhamos mais um órgão que promova o cinema
educativo, ficando este encargo hoje com as TVs educativas e seus programas
de linha ou a produção independente feita através de editais temáticos ou
aquisição normal de obras audiovisuais.
Um dos melhores filmes de Mauro remonta a esta fase, o curta: “A velha
a fiar”. Como bom mineiro, retratou muito bem as origens do seu estado natal,
Minas Gerais. No site “Curta na Escola” encontra-se este clássico além de ser
um dos filmes das coletâneas do DVDs produzidos pelo site, é dos mais vistos
e relatados por professores ainda que o curta seja em preto e branco e
remonta à vida rural. Apesar disto, os relatos dos professores demonstram que
o filme é ainda universal e atemporal, pois as crianças o adoram e sua exibição
rende belas aulas e depoimentos, conforme exemplo no anexo na página 79.
A seguir está a letra música do filme, considerado o primeiro vídeo-clipe
nacional! (fonte: www.wikipedia.org)
Estava a velha no seu lugar
Veio a mosca lhe fazer mal
A mosca na velha e a velha a fiar
Estava a mosca no seu lugar
Veio a aranha lhe fazer mal
A aranha na mosca, a mosca na velha e a velha a fiar
Estava a aranha no seu lugar
Veio o rato lhe fazer mal
O rato na aranha, a aranha na mosca, a mosca na velha e a velha a fiar
Estava o rato no seu lugar
Veio o gato lhe fazer mal
O gato no rato, o rato na aranha, a aranha na mosca, a mosca na velha e a velha a fiar
Estava o gato no seu lugar
Veio o cachorro lhe fazer mal
O cachorro no gato, o gato no rato, o rato na aranha, a aranha na mosca, a mosca na
velha e a velha a fiar
Estava o cachorro no seu lugar
Veio o pau lhe fazer mal
O pau no cachorro, o cachorro no gato, o gato no rato, o rato na aranha, a aranha na
mosca, a mosca na velha e a velha a fiar
Estava o pau no seu lugar
Veio o fogo lhe fazer mal
O fogo no pau, o pau no cachorro, o cachorro no gato, o gato no rato, o rato na
aranha, a aranha na mosca, a mosca na velha e a velha a fiar
Estava o fogo no seu lugar
Veio a água lhe fazer mal
A água no fogo, o fogo no pau, o pau no cachorro, o cachorro no gato, o gato no rato,
o rato na aranha, a aranha na mosca, a mosca na velha e a velha a fiar
Estava a água no seu lugar
Veio o boi lhe fazer mal
O boi na água, a água no fogo, o fogo no pau, o pau no cachorro, o cachorro no gato,
o gato no rato, o rato na aranha, a aranha na mosca, a mosca na velha e a velha a fiar
Estava o boi no seu lugar
Veio o homem lhe fazer mal
O homem no boi, o boi na água, a água no fogo, o fogo no pau, o pau no cachorro, o
cachorro no gato, o gato no rato, o rato na aranha, a aranha na mosca, a mosca na
velha e a velha a fiar
Estava o homem no seu lugar
Veio a mulher lhe fazer mal
A mulher no homem, o homem no boi, o boi na água, a água no fogo, o fogo no pau, o
pau no cachorro, o cachorro no gato, o gato no rato, o rato na aranha, a aranha na
mosca, a mosca na velha e a velha a fiar
Estava a mulher no seu lugar
Veio a morte lhe fazer mal
A morte na mulher, a mulher no homem, o homem no boi, o boi na água, a água no
fogo, o fogo no pau, o pau no cachorro, o cachorro no gato, o gato no rato, o rato na
aranha, a aranha na mosca, a mosca na velha e a velha a fiar!
4 - O PIONEIRISMO DO CINEMA COMO LINGUAGEM AUDIOVISUAL.
Raramente vi uma tão completa definição do cinema como a de Canuto
Mendes Almeida, descoberta recente, citado na tese de Saliba:
Domina o tempo e o espaço, o movimento e a extensão. Sabe
concentrar doze horas num só minuto, com a mesma perícia
com que estende um século num dia. Na mesma área da tela,
projeta micro organismos e cadeias de montanha. Acelera retrai
e até imobiliza o movimento. Diminui e aumenta o tamanho das
cousas. E nessas imagens mágicas coordena-as a vontade sem
restrições de espécie alguma. Porque o cinema está
sucessivamente em qual quer parte, possui o dom da
ubiqüidade, acha-se ao mesmo tempo em lugares diferentes,
tudo pode ligar, separar, juntar, intercalar, encadear, no sentido
mais útil ao ensino. Não é de admirar, pois que de há muito se
venha dando considerações ao ensino pelo cinema. (ALMEIDA
1931, apud SALIBA, 2003. p. 126)
O cinema ainda é a grande fonte de encantamento, emoções e magia para o
ser humano e sua fruição muitas vezes remonta aos sonhos, sendo uma fonte
de mensagens lúdicas, morais e educativas quando bem usado.
A imagem na base da linguagem cinematográfica tem a força de
fazer reviver um universo próximo ao estado de sonho, de
memória, bem como da nossa própria imaginação produtora.
Enquanto na percepção conhecemos os objetos a partir do
contato direto com eles, a imaginação (ou representação) evoca
objetos em sua ausência. Diante de uma produção simbólica de
um filme estas duas dimensões se complementam como forma
de conhecimento e ações ajustadas. Para um cineasta como
Pasolini, por exemplo, o cinema é de uma “qualidade onírica
profunda”. (ESPIRITO SANTO; LINS; CASTRO. 2010, p, 24).
Há uma cena no filme “O piano”, de Jane Campion, 1993, onde alunos
brancos fazem um espetáculo de teatro amador ao final de ano escolar
e convidam os aborígenes daquela terra, ainda recém colonizada, a Nova
Zelândia. Na cena, o espetáculo teatral tem um jogo de sombras de silhuetas
atrás de um grande lençol, como num pré-cinema, onde um personagem
“mata” o outro com um machado. Os nativos ficam inconsoláveis e começam a
protestar, confundindo dramatização com realidade, ainda através de sombras,
acreditando que um ser humano estivesse ali morrendo, ao vivo, já que ainda
não tinham contato com esta linguagem representativa.
Assim quando entramos em contato com um filme fazemos uma
espécie de pacto com o cinema, permitimos que sejam
apagadas temporariamente as fronteiras que separam verdade
de ficção. Não é que nos deixemos “enganar” pela técnica
cinematográfica, como sugerem alguns autores, apenas
consentimos em “fingir” que tudo aquilo é verdade (dentro de
certos limites, é claro) para que a experiência de assistir ao filme
seja prazerosa e, em última instância, bem sucedida. (DUARTE,
2002, p.70)
Da mesma forma, o cinema causa esta mesma impressão de ilusão, tal
qual o sonho onde vivenciamos uma realidade imaginada, quase como a
linguagem cinematográfica, dentro das nossas mentes, sentindo emoções
reais. A diferença é que em nos sonhos essas emoções são fruto de nosso
inconsciente, ao passo que na obra audiovisual a criação é alheia, embora
ambos nos causem o mesmo efeito. Cada indivíduo irá receber aquela
mensagem ou sensação de forma distinta e nunca igual. Como criadores
audiovisuais, podemos prever algumas reações, mas nunca saberemos como
uma obra será compreendida - amada ou rejeitada - ainda que fórmulas e
clichês comprovem os êxitos.
No que diz respeito ao cinema, identificar-se com a situação que
está sendo representada e reconhecer-se de algum modo, nos
personagens que a vivenciam é o que constitui o vínculo ente
espectador e a trama. Os cineastas costumam dizer que sem
identificação não há filme. ... para que a história faça sentido e
conquiste a atenção do espectador até o final, é preciso que haja
nela elementos dos quais o espectador possa reconhecer e\ou
projetar seus sentimentos, medos, desejos expectativas.
(DUARTE, 2002, p. 71)
Por isto, a importância de se exibir filmes para educação que saiam do
puro entretenimento. Filmes que retratem alguma dada realidade como
documentários ou ainda aqueles eminentemente educativos são em geral, de
difícil acesso.
Provou-se que o cinema é útil à educação. Utilíssimo. Provou-se
mais ainda: é necessário a fita como fator educativo. O cinema
mercantil é capaz às vezes, de educar: mas quase sempre
deseduca...É preciso assim que a Educação reaja com as
mesmas armas, “olho por olho, dente por dente”. “Contra o mau
cinema, só o bom cinema”. (ALMEIDA, 1931 apud SALIBA,
2003, p. 141)
Na apostila do programa “Cinema para Todos” é ressaltado o fato de
que o cinema é sempre visto como puro entretenimento assim como a TV,
ficando talvez somente o teatro livre desta concepção. Seus autores alertam
para o fato que um educador que saiba “tirar proveito das potencialidades
motivadoras de um texto imagético para além da fronteira do entretenimento
(...) encontrará caminhos para conciliar aspectos racionais e emocionais dos
conteúdos”.
Desde os seus primórdios, o cinema sempre usou de seu poder de
sedução para criar suas platéias. Não sem protestos, nos anos 30 há muitas
discussões sobre as regulamentações das audiências e censuras aos
produtores e até mesmo à má influência de cultura externa, principalmente a
norte-americana, na maioria das “fitas” que aqui chegavam. Na época o
cinema,
sem concorrência
direta de
outras fontes
audiovisuais,
era
extremamente popular. Neste mesmo contexto, continua a apostila ensinando a
seduzir para o aprendizado:
O uso de recursos Audiovisuais é um meio de apresentar
mensagens de forma atrativa e sedutora mas é preciso lembrar
que estes recursos são apensa um meio. De nada valerá utilizar
mensagens audiovisuais se o estilo de nossa ação comunicativa
não for adequado ao público a quem nos dirigimos. Precisamos
buscar uma sintonia com o interlocutor, estabelecer empatia com
ele e seduzi-lo com a mensagem transmitida, embutir nela
representações de seus interesses e desejos.(...) parte do
fascínio se relaciona ao fato de que ela, (...)que ela reflete
aspectos de nossa imagem, traz a tona nossas esperanças,
desejos e temores . (ESPIRITO SANTO; LINS; CASTRO. 2010,
p. 12).
É necessário pensar sempre na audiência que irá ser o receptor destas
mensagens. Não foi por acaso que o filme “Tropa de Elite 2” foi o maior
sucesso de bilheteria até hoje no Brasil, superando filmes que vieram com uma
máquina de promoção como “Avatar”, sucesso mundial de James Cameron, o
hitmaker, diretor de Titanic. O programa “Cinema para todos” se aproveitou
desta afluência de alunos e trabalhou exaustivamente o filme com seu públicoalvo, adolescentes da rede pública:
Precisamos partir de temas geradores, como propõe Freire,
temas que toquem a emoção dos sujeitos envolvidos e, assim
que os motivem para a reflexão e ação. . O mediador deve
buscar formas de incentivar a identificação dos espectadores
com as personagens da narrativa audiovisual. Promover esta
identificação do público através de uma dinâmica que, além do
dialogo, favoreça o “espelhamento”, a identificação entre o que
se vê na tela e os atores envolvidos na comunicação, contribui
para o processo educativo de forma que as pessoas façam
associações com a sua realidade e, a partir disso, percebam
alternativas de pensar e fazer diferente. (ESPIRITO SANTO;
LINS; CASTRO. 2010, p, 13).
4.1 - A fabricação das imagens pelos alunos.
O homem, portanto, sempre concebe a fita. Não
só no cinema dramático (...) mas também no
cinema documental. Enquanto o preocupa a
verdade, concebe-a fiel. Enquanto preocupa a
estética, concebe-a bela. (ALMEIDA, 1937).
Ainda na concepção de Canuto Almeida, nos anos 30, o cinema é
alçado à condição de Arte, mesmo sendo considerado inicialmente como uma
representação fotográfica da realidade, como nos primeiros filmes de seus
inventores, os irmãos Lumière onde vemos operários saindo da fábrica ou um
trem chegando às estações, o que na época provocou susto em seus
expectadores.
A mediação entre o homem e a máquina fotográfica ou cinematográfica,
uma evolução da primeira, segundo Saliba (2003, p. 88) “encerra apenas
propriedades físicas e químicas, não pensa, não tem inteligência nem vontade”,
há a concepção, a intencionalidade e a criação humana. Seja num filme
documental ou ficcional, as escolhas de atores, cenários, assuntos e
enquadramentos seguindo ou não uma história, enredo ou roteiro préestabelecido, consiste, em parte, da direção da obra.
Quem sabe fazer drama e quer realizar uma fita deve antes de
tudo, ser um bom cinematografista, o que quer dizer que não lhe
basta conceber um belo enredo (...) o cinema sonoro é
movimento, fotografia e fonografia.(...) cenas que não se
deslocam, não evoluem livremente, personagens que não se
mexem com desembaraço, nada disso pode dar boa fita.
(ALMEIDA, 1931 apud SALIBA, 2003, p. 100)
Hoje não se discute que a fotografia fixa e que filme, que é fotografia em
movimento, estão em pé de igualdade com outras artes e o fato do cinema
fazer parte de uma imensa indústria, não lhe tira suas qualidades estéticas e
educativas. No livro organizado por Adriana Fresquet destacamos:
Diversos Cineastas consideram o cinema como herdeiro de
todas as Artes (Aumont, 2004). Essa idéia do cinema como
superioridade, como síntese das Artes, (que podemos
considerar, representa o pensamento desde Einsenstein até
Godard,) foi justificada em razão de ele solicitar todos os
sentidos e todas as emoções e ser, por isso, considerado uma
arte múltipla, plural. Concebe-se como uma arte do espaço e
tempo, arte da narrativa e da descrição, arte do diálogo e da arte
musical, arte da dança e a postura escultural, do desenho e da
cor. (...) Podemos resumir o pensamento deste grupo de teóricos
do cinema com a seguinte afirmação: O cinema é uma arte total
que contém todas as artes. (FRESQUET, 2007, p. 39-40)
4.2 - Onde se pratica estas novas linguagens
A maior parte da literatura utilizada neste trabalho enfatiza a exibição e
discussão de filmes como atividade pedagógica. Não obstante, começa-se a
usar, devido aos avanços tecnológicos que fizeram a indústria eletrônica - o
vídeo como forma de expressão nas escolas, promovendo a leitura das
imagens pelos próprios alunos. Embora as facilidades técnicas sejam hoje
acessíveis a todos, as narrativas, conteúdos e concepções artísticas é que irão
dar estilo e consistência ao trabalho. Costumo dizer aos alunos que qualquer
criança pode fazer filmes, mas não é qualquer um que faz bons filmes. Não se
deve pedir aos alunos que façam vídeos como mais um meio de trabalho de
classe, mas para levar a eles noções de linguagem audiovisual, na qual eles já
foram educados, contudo, nunca antes analisados. Ainda da antiga, porém
válida concepção de Canuto Almeida, citado por Saliba.
Não imobilizar a objetiva, não é espetáculo teatral, isso torna a
fita monótona, (...) muitas vezes o cinema sincronizado, o autor
se deixa pelo efeito literário dos diálogos ou efeitos musicais se
esquece do valor da fotografia e movimento. (ALMEIDA, 1931
apud SALIBA, 2003, p. 88)
Escolas-modelo como a Nave – Núcleo Avançado em Educação, no
bairro da Tijuca no Rio de Janeiro, é uma parceria do Governo do Estado junto
à empresa de telefonia Oi, excelência de nível técnico e em ensino integral,
voltada para as comunicações, telecomunicações e artes em geral, sendo o
interesse da empresa diretamente na formação de mão de obra qualificada. A
escola é uma das mais modernas da cidade do Rio de Janeiro e é totalmente
voltada para as tecnologias de informação e profissões do futuro. Possui
instalações que compreendem estúdios de gravação, salas de informática,
computadores de primeira linha, corpo docente ligado as áreas de interesse e
não somente os titulados. Para entrar é bastante concorrido: em 2009 foram
6.000 alunos para 130 vagas. Segundo Nin (2010, p. 45), todo este
investimento acarretou na eleição da escola em vigésimo sétimo lugar de
escola mais inovadora do mundo pela Microsoft.
Estúdio gravação do projeto Nave(Acervo Pessoal)
Junto ao escritório de design de Jair de Souza, um dos mais notáveis de
nosso país, a escola promove nos finais de semana, concursos e projetos
extra-escolares que socializam com o jovem, principalmente o de baixa renda.
Como o bairro é cercado de favelas, o Nave lhes dá acesso a pessoas que são
profissionais de renome do mercado, acadêmicos e líderes de projetos sociais
bem sucedidos como Guti Fraga, do grupo e escola de teatro “Nós do Morro”,
da comunidade carioca do Vidigal. Os alunos do Nave têm oportunidades que
os da rede particular talvez nunca terão. Produzem programas, usam todas as
ferramentas de ponta e podem ser analisados e vistos por notáveis.
Também no grupo “Nós do Morro”, de onde saíram vários atores que
hoje estão na mídia e com carreiras sólidas, o ensino é todo voltado para o
fazer cinematográfico. Seus alunos, mesmo os pequenos, aprendem todas as
etapas de construção de um filme, e vários autores de curtas feitos lá são hoje
cineastas profissionais. Em geral são também atores e trabalham nestas duas
funções. A “escola” conquistou patrocínio fixo da Petrobrás, é concorridíssima e
atende crianças e adolescentes da comunidade do Vidigal e adjacências.
4.3 - Festivais de Cinema que exibem os vídeos “mirins”.
O grupo Estação, uma rede de cinemas de arte do Rio de Janeiro, tem
durante o Festival do Rio, um programa chamado “Mostra Geração”. Este
programa deu um aspecto educativo ao Festival que somou a sua extensa
programação uma pequena mostra de produções de alunos e confraternização
entre professores e educadores. A idéia nasceu de Felícia Krumholz e atinge
dezenas de crianças.
A mostra não é somente para exibir vídeos e filmes, mas também para
treinar, ensinar a fazer e trocar experiências. No ano passado a mostra foi
dividida em quatro vertentes: um programa Internacional, um encontro de
Educadores, Programa Vídeo Fórum e Oficina Geração.
Dentre os inúmeros festivais que brotaram por todo o país desde o
renascimento recente do nosso cinema chamado de “Retomada”, ressaltamos
o festival de Cinema Infantil, o FICI (Festival Internacional de Cinema Infantil)
que exibe filmes independentes infantis, geralmente excluídos da grande mídia.
O festival acontece no Rio de Janeiro e em Brasília. Dentro do festival acontece
o programa: “Tela na Sala de Aula” que leva crianças da rede pública para
assistir filmes, as sessões contam com 10.000 alunos, só na sua edição em
Brasília.
O programa “Cinema para Todos” também promove a exibição dos
vídeos dos alunos da rede estadual, em parceria com o site “Curta na Escola”,
foram exibidos, este ano, 56 obras de estudantes e foram premiados os
melhores através de votação online, estimulando-os a produzirem mais.
4.4 - Evolução dos programas infantis na TV pública
A TV Brasil, rede nacional de TV pública, subsidiária da EBC Serviços
(Empresa Brasileira de Comunicação) antiga TVE do Rio de Janeiro e hoje
mais conhecida como a “TV do Lula” está saindo na dianteira num programa
jornalístico feito por crianças chamado “TV Piá”, palavra indígena que significa:
menino. A emissora conta com uma programação infantil, mas este programa
difere dos demais, por ser totalmente apresentado por crianças. Um dos
episódios foi gravado no Instituto Benjamim Constant, tradicional instituição de
educação para deficientes visuais, fundado em 1854 por D. Pedro II. Por
incrível que pareça, estes alunos cegos jogam futebol com uma série de
inovações e artifícios eletrônicos para que possam se guiar em pleno gramado.
As crianças-entrevistadoras acabam jogando também em equidade de
condições, ou seja, com olhos vendados. Estão programados episódios no
Congresso Nacional e em todo o Brasil. O programa, além de dar voz aos
pequenos, ainda mostra um belo exemplo de inclusão, de aceitação do
diferente, temas muito mais presentes hoje na educação do que nas gerações
passadas. Isto é um exemplo de boa mídia-educação que faz o aluno querer se
aprofundar nos assuntos mostrados já que, crianças se comunicam na sua
linguagem, onde o vocabulário é mais acessível.
Não se pode negar que, quando crianças, adorávamos programas
infantis, repelindo os noticiários por se tratar de “coisa de gente grande”. São
assuntos, linguagens e fatos que não apetecem àqueles que ainda não tem
preocupações políticas sociais e econômicas, tornando o jornalismo enfadonho
tanto para crianças quanto adolescentes.
4.5 - Nas Universidades e suas escolas de aplicação (CAPs):
Um coletivo de aficionados por cinema e educação encontra-se
anualmente nos Seminários promovidos pelo Grupo de Pesquisa e Extensão
CINEAD da UFRJ. Junto a Faculdade de Educação da UFRJ, promovem
encontros em que tive a honra em participar de duas edições. São convidados
palestrantes de vários países que exibem suas experiências com o ensino do
Audiovisual com crianças, discutidos por cineastas, pedagogos, filósofos,
intelectuais até mesmo funcionários do governo dos órgãos de normatização e
fomento audiovisual.
Nestas ocasiões, foram exibidos filmes emocionantes sobre educação
na Índia, onde professores alfabetizam crianças em barracos-escolas em que o
quadro negro é o chão de areia; o apagador, o braço delas e o giz os dedos.
Os professores ditam e as crianças escrevem desta forma rapidamente
repetindo o alfabeto em voz alta. São filmes antigos, mas ainda eficazes para
sentirmos outras formas de ensinar em diferentes culturas, que contrastam com
nossa concepção ocidental, mesmo tendo pontos em comum.
A produção de afetos gera-se quase espontaneamente, ao assistir
a alguns filmes. Acontece o que denomina “experiência estética”.
Atualmente, assistimos à imposição de ideais estéticos
padronizados, globalizados, uniformes. Porém, a palavra estética
deriva de uma raiz temática do prego que significa sensação
(próprio dos sentidos). Diversas sensações despertam diante de
algumas cenas. As emoções e os sentimentos que se sacodem
frente à tela grande transcendem o momento presente. Levamnos de passeio a nosso próprio passado e, as vezes, perduram,
fazendo-nos pensar, sentir, e pré-sentir o futuro. (FRESQUET,
2007, pg. 45-46).
Vídeos bem elaborados de projetos extra-escolares com crianças em
Barcelona, Espanha foram exibidos. Dos Colégios de Aplicação da UFRJ,
vimos documentários realizados e apresentados pelos alunos sobre a vida de
pescadores mirins na Lagoa Rodrigo de Freitas, como vivem e trabalham.
Naturalmente as crianças falam entre si, entrevistador e sujeito, de forma mais
autêntica do que com um adulto, são mais naturais, sendo divertido e diferente
vê-las em ação, sem precisar imitar o padrão televisivo.
Nestes seminários são sempre exibidos e discutidos filmes estrangeiros
e nacionais como “Mutum”, de Sandra Kogut, baseado em Guimarães Rosa e
problematizados questões estéticas e pedagógicas num discurso bastante
filosófico. Deste grupo de pesquisa, destacamos da publicação organizada pela
professora que promove os seminários, Adriana Fresquet:
Entender o cinema como de pensamento libera-nos de pensá-lo
de modo determinado, como forma acabada. Trata-se,
simplesmente de uma de suas tantas formas possíveis. É
curioso que o cinema como pensamento, permite-nos refletir
sobre o verbo pensar e até brincar com ele. Diferentes sujeitos e
objetos. Assim, como sujeito do verbo pensar poderíamos propor
à mente, o coração, a memória, os sentidos ”pensando“ idéias,
cores, costumes, cheiros, valores, texturas, culturas,
sentimentos, vivências, presente, passado, futuro, lugares reais
e imaginários. (FRESQUET, 2007. p.45)
4.6 - O caráter onírico das narrativas audiovisuais
No conto de Julio Cortázar chamado “Instruções
para subir uma escada”, as dificuldades já
começam na descrição dos degraus, mas o
próprio autor nos avisa para não confundirmos pé
(direito) com pé (esquerdo), evitando “levantar o
mesmo pé e pé”. Este conto ilustra bem o que Max
Black outro filósofo norte americano quer dizer ao
afirmar que não se podem explicar verbalmente
todas as regras e que só nos resta ensiná-las
através de exemplos. (SARTORI, 2006, p. 25).
A humanidade tem uma preferência para retratar fatos e costumes,
desde as cavernas com as inscrições rupestres, como as chamamos hoje,
ilustravam cenas de seu cotidiano, dando-lhes asas à imaginação, recheando
paredes de pedra e transformando-as em “telas” e “livros” para outras
gerações. São as formas narrativas que formam as bases teológicas das
maiores religiões, com parábolas, contos, evangelhos, hai-kais, livros, as
escrituras sagradas enfim, que vem de milhares de anos até os dias de hoje. O
exemplo ou a mensagem, perpassado em outras vidas e outros seres, outras
eras e outros locais, são a forma mais usual de impor mitos, moralidades e
regras, tradições e costumes, as bases da civilização. As narrativas épicas de
guerras helênicas e do teatro grego estão na origem de qualquer dramaturgia
contemporânea.
O homem, desde criança, dorme ou faz adormecer contando histórias,
vendo novelas, filmes ou lendo romances. Nossos sonhos, embora por vezes
caóticos, também são formas narradas imageticamente. Somos animais que
têm nas linguagens e memória, pressupostos para narrativas diversas; sendo
fonte de prazer, conhecimento e normatização. Precisamos ver através do
outro, sentir como outro, espelhando-nos para apreender. Desta forma as
histórias são a melhor forma de vivermos outros personagens, reais ou
imaginários, fatos e situações pelos quais nunca passamos, mas que podemos
apreender com reações e desdobramentos, as mensagens e os exemplos. O
cinema é o que há de mais semelhante aos sonhos. Se “vivemos” o sonho,
também vivenciamos o filme, ao menos durante sua projeção. Na literatura
semiótica temos análises profundas desta relação em autores como Jung,
Cristian Metz, Aumont e Paulo Emílio Salles Gomes que seriam cabíveis num
trabalho em que pudéssemos nos estender. Destaco aqui uma observação de
Tânia Rivera, em Cinema, Imagem e Psicanálise:
[...] por vezes, é verdade, sabemos que estamos sonhando e
guardamos uma espécie de distância disso que nos apresenta.
Mas o sonho possui uma “fragilidade”, como diz Sartre, que faz
com que sequer possa ser tomado como uma percepção. Não
somos, em geral, espectadores de nossos sonhos como filmes
projetados em uma tela bidimensional. Há algo óbvio e, no
entanto, freqüentemente esquecido a respeito do sonho: seja ou
não nítido, o sonho é vivido.” (RIVERA, 2008 , p 32)
Sem aprofundarmos muito a questão psicológica, o que nos interessa
como educadores seria usar as narrativas como forma de atração ou como
artifício de aprendizagem, já que estas são tão caras ao ser humano. A
tragédia, a comédia, o épico, o lírico, todas as formas conhecidas são
instrumentos de sedução e moralização. O drama carrega a mensagem em seu
bojo.
Assim, como já fazem a arte e a literatura e seus desdobramentos há
anos, desde as pinturas rupestres, imagens religiosas que contam o calvário de
Jesus, por exemplo, até as telenovelas. Um bom filme permanece na memória
afetiva e tem o poder de transformação. A educação, para muitos teóricos, gera
uma mudança de comportamento, por sua capacidade de ir além do
consciente, como nos sonhos, uma obra dramatúrgica que perdura vale como
“espelho” para infringir valores éticos. Por isso, o cuidado com as escolhas das
obras exibidas para educação de ser redobrado.
A afirmação de que um sonho seria tão real que pareceria um
filme é, por outro lado, escandalosa, ao trazer como critério de
fidedignidade o cinema, e não a realidade. Como já vimos com
Ítalo Calvino, o cinema é, de fato, mais realista do que a própria
realidade. Merleau-Ponty já havia notado que “jamais no real a
forma percebida é perfeita, há sempre tremidos, rebarbas, e
uma espécie de excesso de matéria. O drama cinematográfico
possui, por assim dizer, um grão mais cerrado que os dramas da
vida real”.(RIVERA, 2008 , p 32).
Devemos ressaltar o caráter educativo e imprescindível do cinema
impressões, os resultados, levando à consciência o que está presente no
discurso do autor, seja fruindo, exibindo ou criando a obra.
O poder do filmes documentários advém deles serem baseados
em fatos, não em ficção. Isso não quer dizer que seja objetivos, A
exemplo de qualquer forma de comunicação, seja falada escrita
pintada ou fotografada, fazer filmes documentários envolve o
comunicador em uma rede de escolhas que devem ser feitas. Por
esta razão, ele é inevitavelmente subjetivo, não importa quão
equilibrada ou neutra seja a apresentação. (BERNARD, 2008, p.
4-5).
Quando vemos as obras-primas de Leni Riefenstahl, cineasta predileta do
Terceiro Reich, entendemos o poder das imagens e da estética para
propaganda de um Estado ou sistema político. Por isso, a importância da
discussão com educandos de todos os aspectos subjetivos de uma obra,
dando-lhes maior consciência crítica.
No âmbito dessa subjetividade, contudo, existem algumas
diretrizes básicas para a filmagem de documentários. O público
confia nos documentários- e essa confiança é a chave para o
poder e relevância do filme. Traia essa confiança, insinuando
que acontecimentos importantes aconteceram de forma que não
aconteceram, selecione apenas os fatos que venham a sustentar
esse argumento ou empreste aos fatos determinado viés, a
serviço de uma história mais dramática e você estará sabotando
o formato documental. (BERNARD, 2008, p. 5).
E recomendável iniciar os alunos no fazer audiovisual com o gênero
documental para depois se passar às narrativas mais sofisticadas como a
ficção. Não que um seja mais fácil que o outro, porém de realização mais
simples. Hoje há subgêneros, mistura de gêneros, falsos documentários,
reportagens, vídeos arte, reality shows, de modo que o rótulo está cada dia
mais abrangente.
5 - CONCLUSÃO
Se é função da educação preparar o indivíduo para uma vida
plena (...), o cidadão para o exercício de seus direitos e deveres,
e o profissional para o trabalho, se é inegável (...) que a
sociedade em que o indivíduo vai viver, exercer a sua cidadania
e trabalhar está permeada pela tecnologia, e se é fato que a
escola é o principal agente da educação na sociedade, parece
lógico esperar que a escola estivesse extremamente interessada
e envolvida nesses desenvolvimentos, pois, doutra forma,
correria o risco de rapidamente se tornar uma “fábrica de
obsoletos” (que é o que o jornalista Gilberto Dimmenstein diz
que ela já é 18). Por que a escola parece sempre tão disposta a
resistir a mudanças? Mesmo numa sociedade apenas
"emergente" como a nossa, não ainda plenamente desenvolvida,
a tecnologia entrou sem maiores resistências e sem grandes
dificuldades em quase todas as áreas em que normalmente se
divide a sociedade. Hoje temos produção industrial mediada pela
tecnologia, comércio mediado (...) pela tecnologia, serviços
bancários mediados pela tecnologia, atendimento médico
mediado pela tecnologia, comunicação mediada pela mais alta
tecnologia, e até entretenimento mediado pela tecnologia. No
entanto, estamos ainda muito longe de uma educação mediada
pela tecnologia — pelo menos no que diz respeito à educação
formal ministrada pela escola. (CHAVES. 1998, p. 19).
Recentemente foi divulgado com amplitude pela mídia pesquisas do
PISA (Programme for Internacional Student Assessment) onde o Brasil ficou
em lamentáveis índices, abaixo dos vizinhos latino-americanos e igualáveis a
países paupérrimos subdesenvolvidos. Esta é mais uma ferramenta para
verificar o descuido com a má formação e a conseqüente péssima
remuneração de professores do nosso país, principalmente no ensino básico.
Esta é uma realidade muito triste e séria que ainda não foi sanada pelos vários
governos de diferentes tendências que nos governaram, haja vista nossos
concursos domésticos e seus resultados. O Brasil está sempre em péssimas
posições no ranking de pesquisas mundiais de educação, uma lástima para um
país tão rico em sua diversidade cultural. Também já se começa a sentir
dificuldades de convencer jovens a seguir a carreira do magistério pela baixa
remuneração e incentivo. Há uma enorme dificuldade de atrair a atenção do
alunado em sala de aula com a concorrência com inúmeras atrações que lhes
apetece do mundo físico ou virtual, sem falar na luta da sobrevivência que leva
à evasão do aluno de baixa renda. Nietzsche, em seu tempo, já alertava
autoridades em seu país, pela apresentação de Noéli Correia de Mello
Sobrinho:
Uma alternativa viável para esta solução desoladora dos
estabelecimentos de ensino alemães de então exigiria uma nova
concepção da educação e uma nova orientação pedagógica que
desse a eles novos e diferentes objetivos e métodos, conteúdos
e formas. Na visão de Nietzsche, os parâmetros e diretrizes
educacionais que deveriam vigorar nas escolas e nas
Universidades não deveriam ter origem em estruturas
burocráticas nem ser matéria de discussão de burocratas antes
deveriam ser obras daqueles que ele chama “legisladores de
educação rotineira , isto é daqueles homens superiores porque,
dotados de grande cultura, maturidade e experiência, cuja
primeira atitude seria , portanto, colocar-se em oposição política
direta dos idólatras da atualidade, estes obedientes servidores
de demandas funcionais e utilitárias que não tinham
absolutamente nada a ver com a educação e cultura, mas que
eram os responsáveis pelo empobrecimento da educação e da
cultura vigente nos estabelecimentos de ensino alemães.
(SOBRINHO, 2009. p 16-17 )
Portanto inovar parece mister num país que ama as novas tecnologias e
é campeão em várias modalidades no uso das Tics, mesmo tendo disparidades
de renda absurdas, não somente regionais como na própria metrópole urbana.
Uma influência de concepção empirista podemos encontrar no
livro de Alfred North Whitehead, nos fins da educação, no qual o
matemático e filósofo inglês propõe um ensino baseado na
alegria da descoberta para combater o que chama de ensino das
idéias inertes, que nada mais é do que o conhecimento livresco
que muitas vezes ainda é ensinado em nossas escolas.
(SARTORI, 2006, p. 23).
A boa formação de jovens professores, bem como a reciclagem dos
mais antigos, fomentada pelas novas tecnologias como o Ensino à Distância,
está criando uma demanda para formação continuada e cursos de graduação
ou pós-graduação em Pedagogia seja presencial ou EAD. Não se pode mais
lecionar somente os grandes teóricos do ensino menosprezando o uso destas
novas ferramentas sob pena de prestarem um desserviço aos seus alunos.
Houve uma grande transformação nas tecnologias de comunicação e
informação e quem não acompanhar este movimento, estará em defasagem e
não mais encontrará lugar no mercado de trabalho. Em nosso curso,
aprendemos ferramentas como blogs, vídeos e sites, textos colaborativos entre
outras formas de apresentação de trabalhos. Mesmo diante das dificuldades
inerentes à nossa geração, que não foi criada com elas, fomos obrigadas a nos
informar, quebrando bloqueios e tabus.
Antes mesmo de aprender a ler e escrever, muitas crianças
aprendem a manipular o mouse e o teclado, a jogar joguinhos no
computador, a buscar brincadeiras na internet. Mesmo quando
são de classes menos favorecidas - o que antes era uma
barreira para o acesso às caras tecnologias - muitas já
estabeleceram contato com esse mundo digital desde cedo:
freqüentam lan houses, jogam videogames, fazem seu perfil no
Orkut. (REVISTA TV ESCOLA, 2010, pg.27)
O(a) pedagogo (a) hoje encontra campo de trabalho bem mais amplo
que apenas a escola ou a educação tradicional. Ele (a) poderá assessorar
inúmeras atividades e iniciativas não governamentais assim como programas
educativos empresariais, canais de TV e programas do governo. Podem
trabalhar em sites da internet, Organizações Não Governamentais e empresas
que estão cada vez mais voltadas para educação, já que o Estado é falho até
para assegurar a educação básica.
Iniciativas individuais de professores, associadas a instituições
governamentais e não governamentais que promovem
atividades de exibição e discussão de filmes para alunos da rede
de ensino fundamental e médio vêm ajudando a construir uma
cultura de valorização do cinema em instituições de ensino. Além
disso, o crescimento vertiginoso das tecnologias de informação
nas ultimas décadas acentuou o interesse pelos meios de
comunicação e trouxe a televisão, o videocassete e os
computadores dentro da prática pedagógica. (DUARTE, 2002, p.
86)
Portanto, a proliferação de novos empreendimentos que visam formar
jovens - principalmente os de situação de risco como os que habitam próximo
ou em favelas dominadas pelo tráfico de drogas - adultos e profissionais estão
na ordem do dia, uma vez que nosso país vem se desenvolvendo muito rápido
nas ultimas décadas, sem ter uma mão de obra qualificada e com boa
formação de base. Isto será certamente um gargalo que viveremos ainda por
uns dez anos, caso nada seja feito para mudar este estado de coisas desde
agora, no ano de 2010.
Segundo Pierre Lévy (1999) o futuro da Escola será mais para o que
hoje chamamos de museus, com várias linguagens concomitantes e
interatividade. Esta pergunta foi feita a todos os entrevistados deste trabalho,
que não desprezaram as novas tecnologias em suas respostas.
Infelizmente a maior parte dos professores e coordenadores que já
utilizam o cinema como ferramenta de aprendizagem ainda se serve de títulos
de filmes americanos, boa parte deles bastante conhecida do grande público e
encontrada nas locadoras. Há na nossa cinematografia inúmeros títulos
recentes e mais antigos que nos dão um painel da nossa história e cultura e
que nos diz muito mais respeito.
Cabe questionar ainda por que o desconhecimento de obras e
autores importantes da literatura é visto como um grave
problema a ser enfrentado pelos meios educacionais, enquanto
o fato de a maioria dos brasileiros ignorar a existência de
incontáveis obras da nossa cinematografia (algumas delas
incluídas entre as melhores do mundo). É tratado como algo
totalmente irrelevante mesmo por nós professores que muitas
vezes desmerecemos esta produção. (...) Precisamos estar
dispostos e atentos a pedagogia do cinema, suas estratégias e
os recursos de que ela se utiliza para seduzir de forma tão
intensa, um considerável contingente de pessoas, sobretudo
jovens. Para isso é necessário nos dispormos a conhecer o
cinema sua linguagem e sua história. (DUARTE, 2002, pg. 21)
Porém, pela própria falha no quesito distribuição e exibição de filmes de
ficção e de documentários brasileiros muitos professores desconhecem títulos
que um programa da Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura vem
tentado sanar através da “Programadora Brasil”. Nele há uma seleção de mais
de 200 filmes entre longas de ficção, documentários e curtas metragens que
vêm em coleções de DVDs temáticos, com preço bastante subsidiado para
escolas, centros culturais e afins. Há desde clássicos até os mais recentes da
já citada Retomada, onde o cinema nacional renasceu das cinzas chegando
hoje, na sua melhor fase de produção diversificada e reconhecimento
internacional, muito embora, ele sofra ainda com tantos preconceitos.
Mas o consumo mais ou menos regular de filmes por parte dos
alunos e professores e a existência de aparatos técnicos para
exibi-los não determina o modo como eles são utilizados.
Embora valorizado o cinema ainda não é visto pelos meios
educacionais como fonte de conhecimento(... ) mas temos
dificuldade de reconhecer como arte(...) pois estamos
impregnados da idéia de que cinema é diversão e
entretenimento, principalmente , o saber que acreditamos estar
contido em fontes mais confiáveis.se comparado as artes mais
nobres. Imersos numa cultura que vê a produção audiovisual
como espetáculo de diversão, a maioria de nós, professores, faz
uso dos filmes apenas como recursos didáticos de segunda
ordem, ou seja, para ilustrar de forma lúdica e atraente.
(DUARTE, 2002, p. 87).
Cabem então a nós, educadores, pesquisar estando mais atentos à
cultura e boa informação repassando aos nossos alunos, material de alta
qualidade. Não podemos estar alienados do mundo em que vivemos, nos
valendo de desculpas. Estar em conformidade com a atualidade, será o nosso
diferencial, caso quisermos crescer profissionalmente. Não basta ficar somente
resmungando a velha ladainha da falta de tempo e remuneração. Temos às
nossas mãos hoje, milhares de fontes de informações impressas, audiovisuais
e eletrônicas que podem nos reciclar, alimentando alma e espírito. O professor
deve sempre se desafiar a ir além, ensinando e aprendendo, sendo um ciclo
eterno e retroalimentado. Não há docente que possa comparar suas aulas
atuais às do início de suas carreiras. Caso não houve evolução, está mais que
na hora de rever seus conceitos ou preconceitos.
A primeira tarefa do professor é colocar seus alunos em guarda
contra si mesmos, tanto no que diz respeito à sua juventude,
quanto no sentido de livrá-lo de uma admiração prematura e
irrefletida em relação aos seus mestres e guias. Em outras
palavras, a tarefa do verdadeiro mestre é “purificar a cultura” e
despertar nos alunos a força da visão diante de novas
tendências que devem superar a mediocridade de então.
Nietzsche exige, além disso, rigor na relação pedagógica entre
professor e aluno: nem o primeiro deve ser tão complacente e
indiferente a ponto de se isentar na prática de sua tarefa
educativa nem o segundo deve ser conservado de sua jovem
tagarelice pretensiosa a propósito de qualquer coisa.
(SOBRINHO, 2009, p.33).
6 - APÊNDICE
Como um facilitador para aqueles que se interessem em aumentar seus
conhecimentos na área audiovisual, indicarei uma pequena amostra de títulos
que possam auxiliar, principalmente aos alunos do ensino médio, onde
encontramos maior parte de filmes interessantes. O filme documentário “Pro
dia nascer feliz”, de João Jardim, 2003, nos mostra uma dura realidade das
diferenças da educação no Brasil, desde o interior do sertão, onde jovens ficam
até duas horas dentro de um ônibus para estudarem à noite e nem sempre
encontram seus professores, até as melhores escolas de São Paulo onde
alunos, ansiosos, muito exigentes e exigidos, tomam calmantes temendo não
passarem nos exames e decepcionarem seus pais que pagam altas
mensalidades de suas escolas sofisticadas. O filme traça um painel bastante
complexo da educação brasileira atual e faz docentes e discentes, pedagogos
e políticos refletirem sobre nossa situação educacional. Poderíamos enumerar
alguns documentários nacionais que deveriam ser obrigatórios para o ensino
em nosso país. Alguns títulos são complementos para disciplinas como
História, Língua Portuguesa, Ciências Sociais, Antropologia, Pedagogia. A
saber:
- “Cabra marcado para Morrer”, de Eduardo Coutinho, versa sobre o período
militar desde a decretação do golpe até o início da democracia onde uma mãe
viúva de um sindicalista, perde contato com todos os seus nove filhos e o
cineasta vai ajudando-a a encontrar cada um após a abertura política brasileira.
- “Os Anos JK” & “Jango”, de Silvio Tendler. Filmes obrigatórios para
entender nossa recente história, tão escondida das escolas.
- “Palavra encantada”, de Helena Solberg, é um documentário sobre a poesia
em letras de música, com entrevistas de nossos grandes poetas-letristas
Caetano Veloso, Gilberto Gil e Chico Buarque
- “Juízo”, documentário de Maria Augusta Ramos, mostra a realidade de
encarceramento de jovens infratores e seus julgamentos pelas varas de direito,
uma verdadeira aula para pais de jovens, estudantes de direito e sociedade em
geral.
- “Conterrâneos velhos de guerra”, 1991, e "O Engenho de Zé Lins do Rego”
documentários de Vladimir Carvalho, o primeiro trata da memória traumática da
construção de Brasília e o segundo retrata a vida do escritor José Lins do
Rego.
- “Lages a força de um povo”, documentário de Tetê Moraes, que mostra
como uma cidade mobilizada resolveu diversos problemas estruturais e como
seu povo teve papel fundamental nestas conquistas.
- “Só 10% é mentira”, de Pedro Cezar, fala com muito humor e carinho do
poeta Manoel de Barros sendo um filme agradável e acessível assim como a
poesia do grande Mestre.
- “Janela da Alma”, de João Jardim e Walter Carvalho, fala de forma bastante
poética sobre ver e olhar
- “Ônibus 174”, documentário de José Padilha, investigação sobre o trágico
episódio real que parou o Rio de Janeiro.
- “Viva São João”, de Andrucha Waddington e Gilberto Gil, faz um painel da
festa e culturas juninas pelos diversos rincões do Nordeste.
- “Pro dia nascer feliz”, de João Jardim, filme relatado neste trabalho sobre
educação no Brasil até os idos de 2010
Em termos de cinema documentário, inúmeros títulos poderiam fazer
parte desta seleção. Há diversos filmes sobre personalidades brasileiras, seja
do mundo da arte, literatura, da história, política, ou mesmo o cidadão comum.
Outros são mais específicos e temáticos e neste trabalho, pretendo apenas
sugerir alguns exemplos para facilitar quem pretende usar audiovisual na
educação. O produtor Thomas Farkas produziu com grandes documentaristas
nos anos 50, a Caravana Farkas, que hoje se encontram a venda no mercado
de DVDs. São verdadeiras pérolas de registros históricos da nossa e história
audiovisual e cultura nacional como samba, capoeira e folguedos. Para quem
queira se aprofundar, sugerimos pesquisar no Arquivo Nacional do Rio de
Janeiro, Museu da Imagem e do Som, no Rio de Janeiro, Cinemateca Brasileira
em São Paulo, o site e publicações da agência reguladora: Ancine e da
Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura - MINC.
Já nos filmes de ficção, há clássicos de todas as décadas e de todos os
temas, citaremos alguns, com uma variedade estética e temática, com ênfase
educativa para gerar discussões e debates. Destacaremos, portanto, alguns
títulos com assuntos correlacionados para facilidade do educador. Quem se
interessar em usar filmes nacionais menos comerciais que nem sempre estão
disponíveis no mercado, sejam projetados ou em DVD, poderá encontrá-los na
Cinemateca do MAM, no CTAV e na coleção em DVDs da “Programadora
Brasil” do Ministério da Cultura. Há ainda distribuidoras especializadas com
bons catálogos como Videofilmes, Pipa produções e locadoras bastante
conhecidas dos cinéfilos como Cavídeo, Macedônia. Obviamente todos estes
programas, estabelecimentos e instituições podem não mais existir quando
este trabalho estiver sendo lido.
CAUSA INDIGENA
- “Tainá”, de Tânia Lamarca. Dificilmente as crianças não viram esta série que
já irá para o terceiro episódio, mas seria um belo exemplo para as turmas mais
novas.
SOCIAL- EXCLUSÃO
- “Pixote”, de Hector Babenco e “Quem matou Pixote”, de José Jofilly. O
primeiro foi um clássico que fez milhares de espectadores no Brasil e no
exterior e mostra uma situação que até hoje não foi sanada, o descaso com o
menor infrator na nossa cultura que gera casos como os deste personagem
que acabou levando seu ator a ter o mesmo destino de marginalidade e
conseqüentemente, assassinado.
- “Assalto ao trem Pagador”, de Roberto Farias. Obra-prima do Cinema
Nacional, que poderia ser o Cidade de Deus ou Tropa de Elite, mostra a vida
de um grupo de bandidos após o grande assalto
- “Quase Dois Irmãos”, de Lucia Murat. Saga de dois amigos que se
conhecem nas prisões da ditadura, um negro que se torna chefe de facção e
um guerrilheiro branco que se torna político
- “Maré, nossa história de amor”, de Lucia Murat. Adaptação livre e musical
com Hip Hop, street dance e ballet contemporâneo de Romeu e Julieta para a
realidade das favelas cariocas
- “Ônibus 174”, de Bruno Barreto, ficção do episódio do seqüestro do ônibus.
- “Bróder”, de Jefferson Dee.
- “O Contador de Histórias”, de Luiz Villaça. Vida de um menor infrator que
se tornou um dos maiores contadores de histórias do Brasil
REGIONALISMO
- “Barravento”, de Glauber Rocha, ficção, de 1963. Um dos primeiros filmes
deste cineasta que mostra a realidade de uma aldeia de pescadores da Bahia.
- “Narradores de Javé”, de Eliane Caffé. José Dumont faz o papel do
malandro mentecapto e seus seguidores do pequeno vilarejo que será
inundado.
- “Bye Bye Brasil”, de Cacá Dieques. Aventura da trupe mambembe
Caravana Hollidei pelos confins do Brasil.
- “A marvada Carne”, de Andre Klotzel. Saga da menina caipira que quer
casar e seu pretendente que só pensa em comer carne um dia na cidade
- “Corisco e Dada”, de Rosemberg Cariri. Saga do casal de cangaceiros e
seus filhos no período que acompanharam o bando de Lampião.
- “Baile Perfumado”, de Lírio Ferreira e Paulo Caldas. Conta a saga do
fotógrafo que conheceu Lampião e foi o único a registrar imagens do bando.
METALINGUAGEM
- “Saneamento Básico”, ficção de Jorge Furtado. Além de ser uma aula de
cinema, é uma hilariante comédia sobre como usar do audiovisual para se
conseguir verbas políticas para sanear um vilarejo.
- “Cinema Aspirina e Urubus”, de Marcelo Gomes. Um sertanejo e um
alemão percorrem o sertão do Nordeste vendendo aspirinas através do cinema
ambulante, a mídia da época. Dali nasce uma forte amizade.
HISTÓRIA
- “Gaijin” e “Parahyba Mulher Macho”, de Tizuka Yamasaki, falam de
momentos significantes de nossa história, a imigração japonesa e o
coronelismo do Nordeste.
- “Carlota Joaquina”, de Carla Camuratti, mostra de forma humorística a
personagem título da nossa história numa grande atuação de Marieta Severo.
- “O cangaceiro”, de Lima Barreto, clássico que ganhou prêmios no festival de
Cannes e foi vendido a diversos países com a famosa música Mulher Rendeira.
- “A cor de seu destino”, de Jorge Duran. Um jovem, cujos pais foram
assassinados pela ditadura, vai a trás das verdades dos fatos
- “Canudos”, saga de Antonio Conselheiro no sertão da Bahia onde uma
comunidade seguia seu guia desafiando o Estado.
- “Mauá, o Imperador e o Rei”, de Sergio Resende, sobre o empresário que
trouxe a primeira linha férrea para o país e abriu o Banco do Brasil.
- “Independência ou Morte”, de Carlos Coimbra. Saga de D Pedro I na luta
pela independência do Brasil.
- “Ação entre amigos”, de Beto Brant. Filme relata o período da ditadura
militar entre um grupo de amigos.
- “Quando meus pais saíram em férias”, de Cao Hambúrguer. Um casal
fugitivo da ditadura deixa seu filho pequeno aos cuidados dos avós e um
senhor judeu lhe faz amizade.
- “Pra frente Brasil”, de Roberto Farias. Saga sobre os porões da ditadura
militar durante o período em que a seleção brasileira triunfava no terceiro
campeonato Mundial de Futebol.
SAÚDE MENTAL- ARTES
- “O Senhor do Labirinto”, de Gisella de Mello e Geraldo Motta Filho, conta a
vida e obra de Arthur Bispo do Rosário, esquizofrênico que viveu por 12 anos
na Colônia Juliano Moreira e fez toda sua obra a partir de sucata inaugurando
esta vertente na arte contemporânea. Sua obra é hoje vista nos melhores
Museus do mundo como Tate Modern e Guggenheim.
- “Bicho de 7 cabeças”, de Laís Bodanski, mostra um jovem cujo
comportamento rebelde faz com que seu pai lhe interne num hospício pelos
anos de sua terna juventude. O filme mostra a realidade manicomial do Brasil
antes da reforma.
LITERATURA & DRAMATURGIA
- “Ópera do Malandro”, de Rui Guerra, baseado na peça de Chico Buarque
de Holanda, gênero pouquíssimo explorado pelo nosso cinema, o musical.
Grande sucesso desde sua estréia no teatro, uma obra-prima.
- “Vidas Secas” e “Memórias do Cárcere”, de Nelson Pereira dos Santos,
nosso cineasta imortal, baseados na obra de Graciliano Ramos, o primeiro
relata a vida de retirantes e o último fala do período do integralismo quando
diversos intelectuais foram presos durante a ditadura de Getúlio Vargas.
- “Eles Não Usam Black-Tie”, de Leon Hirzmann, baseado numa peça de
Gianfrancesco Guarnieri, vencedor do Festival de Veneza, conta história de um
operário em greve e seu filho pelego.
- “O Pagador de Promessas”, de Anselmo Duarte, baseado no Dias Gomes.
Clássico do nosso cinema premiado no festival de Cannes de 1963, obra
indispensável para nossa cultura mostrando poder da Igreja e devoção do fiel.
- “Mutum”, de Sandra Kogut, baseado em Guimarães Rosa conta a vida de
dois meninos irmãos e seu rude pai no Vale do Jequitinhonha.
- “Vida de Menina”, de Helena Solberg. O primeiro trata de uma obra literária
clássica nacional que até hoje encanta “Diário de Helena Morley” e fala das
transformações de uma menina em mulher no interior de Minas Gerais de 1890
sendo que ler a obra e ver o filme seria bastante recomendado.
- “Memórias do Cárcere”, de Nelson Pereira dos Santos. Graciliano Ramos
relata suas vivências entre os porões da Ditadura Varas e seus companheiros
- “Brás Cubas”, de Andre Klotzel. Obra-prima de Machado de Assis adaptada
pelo cinema.
- “O enfermeiro”, de Mauro Farias. Conto de Machado de Assis muito bem
levado pelos atores: Paulo Autran e Mateus Nachtergaele.
- “Quincas Berro D´agua”, de Sergio Machado. Obra de Jorge Amado
recriada pelo cinema com grande elenco.
- “A hora e a vez de Augusto Matraga”, de Roberto Santos, baseado na obra
de Guimarães Rosa.
INFANTIL
- “Castelo Ra tim bum”, de Cao Hambúrguer.
- “A dança dos Bonecos”, de Helvécio Ratton, um clássico do cinema infantil
com bonecos do grupo mineiro Giramundo.
- “Menino Maluquinho”, de Helvécio Ratton, um sucesso nas histórias em
quadrinhos de Ziraldo transposto para as telas.
ADOLESCENTE
- “As melhores coisas do Mundo”, de Laís Bodansky.
- “Houve uma vez dois verões”, de Jorge Furtado. Discussão e amores
adolescentes, gravidez e maturidade.
- “Podes Crer”, de Arthur Fontes. Amigos de um mesmo colégio vivem
aventuras adolescentes.
Esta é uma pequena seleção de longas metragens de diversas épocas
que indicaríamos, a partir de nossa experiência com o cinema e a pedagogia,
para ter uma amostra variada entre clássicos de várias épocas que tratam de
diversos assuntos. Obviamente, o professor tem que atentar para temática e as
classificações etárias de cada um ao usá-los. Não há muitos títulos de filmes
infantis nesta seleção por este mercado ser bastante desprezado pelos nossos
produtores, ficando grandes estrelas de TV como Xuxa e Renato Aragão,
encarregados de explorar este filão, em geral. Em termos de curta metragem
seriam tantos títulos que a melhor solução é ver o site do “curta na escola”, já
citado, onde há um trabalho prévio, feito pela equipe de pedagogos, com a
classificação por temas, disciplinas e faixa etária, além de relatos de
experiências de professores.
Still do filme Assalto ao trem pagador, ator: Reginaldo faria
(fonte: www.telacritica.org)
7. ANEXOS
7.1 - ENTREVISTA DE REGINA DE ASSIS.
Como surgiu a idéia e efetuação do canal MultiRio? Já era uma
predestinação do Prefeito ou da Secretaria?
A MULTIRIO, Empresa Municipal de Multimeios, Ltda. não é um canal,
mas foi concebida como uma Produtora Pública de produtos de mídia para as
1061 Escolas Municipais do Rio, e como um Centro de disseminação de
conhecimentos sobre Educação e Mídia para os cerca de 37.000 Professores
Municipais.
Ao dirigir a MULTIRIO por oito anos (2001 a 2008), após criá-la em 1993,
pela Lei Municipal No. 2029 de 18/10/1993, publicada no Diário Oficial do
Município/ DOM Nº153, Ano VII de 22/10/1993 – quando fui Secretária
Municipal de Educação do Rio ( 1993 a 1996 ), já acreditava e trabalhava pelo
direito de acesso de estudantes e professores às linguagens das mídias
audiovisuais, digitais e impressas integradas às suas práticas pedagógicas nas
Escolas. Isto porque, como Professora, Pesquisadora e Produtora de Mídias, já
antevia o imenso potencial destas linguagens integradas aos Projetos
Político/Pedagógicos em nossas Escolas Municipais do Rio.
Qual era o objetivo?
Ao desenvolver com nossa Equipe do Órgão Central da SME e os
Professores da Rede Municipal, nosso Núcleo Curricular Básico
MULTIEDUCAÇÃO, em 1996 articulamos Princípios Educativos com Núcleos
Conceituais, para criar campos de intercessão entre as diferentes áreas de
conhecimento e nossa visão da responsabilidade política e social da Escola
Pública, como lugar de constituição de conhecimentos e valores para uma vida
cidadã.
Assim entendíamos os 200 dias letivos como um espaço e um tempo em
que os Princípios Educativos do Meio Ambiente, do trabalho, da Cultura e das
linguagens (expressivas, literárias, musicais, cênicas, plásticas e as das mídias
áudio/visuais, impressas e digitais) se entrecruzariam com os Núcleos
Conceituais do Espaço, do Tempo, da Identidade e da Transformação, para
contextualizar as noções, conceitos e conhecimentos das várias áreas das
ciências humanas, exatas e sociais, representadas pela Língua Portuguesa,
pela Língua Materna (para os povos indígenas e imigrantes), Matemática,
História, Ciências, Geografia, Educação Física e Espiritual, ou seja, o núcleo
básico do currículo.
A MULTIRIO é por isto, uma conseqüência desta perspectiva de política
educacional para a educação infantil, o ensino fundamental, a educação
especial e o programa de jovens e adultos.
Quando fui dirigi-la em 2001, propus como Política Pública de Criação e
Produção de Mídia, a nossas Equipes das áreas de criação e produção
audiovisual, impressa e digital o seguinte:
1. Aprender a trabalhar de maneira multi, inter e trans/disciplinar, isto é, os
profissionais da educação estudarem e entenderem as complexidades
da criação e produção de mídia e os profissionais de mídia estudarem e
entenderem as complexidades da constituição de conhecimentos e
valores entre crianças, adolescentes e seus professores. Imenso
desafio, gerador de tensões e de maravilhosas ações e produtos de
mídia, criados e desenvolvidos para e, muitas vezes, com nosso público
alvo nas Escolas Municipais do Rio!
2. Definir distintos gêneros de produção áudio visual, digital e impressa. No
caso da produção audiovisual criar e produzir os gêneros de
documentários,
docu/dramas,
animações,
vinhetas,
séries,
inter/programas e programas de entrevistas em interação com o público.
3. Definir distintas possibilidades de narrativas para diferentes
públicos/alvo, considerando as diversas faixas etárias, gêneros, etnias,
portadores de necessidades especiais, variedade e desigualdade de
situações familiares, sociais e econômicas, de modo a atingir a maioria
da população presente em nossas Escolas Municipais.
4. Criar e produzir audio visuais e produtos impressos e digitais com e para
Crianças, Adolescentes seus Familiares e Professores de modo a
possibilitar diferentes concepções e formas de expressar valores,
conhecimentos, curiosidades, desejos, sonhos e fantasias. Desta
maneira viabilizar através destes produtos , meios de trabalhar as
diferentes áreas de conhecimento nas Escolas, ligadas à concepção de
sociedade que desejamos, no cenário da MULTIEDUCAÇÃO.
5. Criar grupos focais com os distintos públicos para iniciar e testar
propostas de produtos audiovisuais. Isto nem sempre foi possível, mas
no caso do audio/visual Uni, Duni, TV, fizemos um início do intento com
as crianças entre 4 e 6 anos.
6. Avaliar os resultados do impacto dos produtos, junto ao público/alvo
para o qual se dirigia. Fizemos entre 2006/2007 uma pesquisa de
impacto mais amplo, com uma amostra representativa da rede: “Estudo
Analítico do Impacto dos Produtos da MULTIRIO sobre os Professores
da Prefeitura do Rio de Janeiro“ Mimeo, MULTIRIO, 2007. Os resultados
são valiosos, porém exigiriam desdobramentos de análises e estudos de
caso e isto não foi possível realizar pela premência do tempo. Mas,
esperamos que outras pesquisas possam investigar e avançar mais com
estes conhecimentos.
7. De todo modo, ao realizar a transição com a mudança de governo
municipal, recomendamos à nova administração da MULTIRIO, a partir
de 2009, que levasse adiante esta análise, o que, pelo que sabemos
ainda não foi feito. Constatamos ainda que grande parte do que foi
produzido foi descontinuado e no caso do Portal da MULTIRIO e do
RIOMÍDIA textos, pesquisas entrevistas, relatos foram deletados. Ainda
lutamos para restaurar este patrimônio, que pertence à Educação
Municipal do Rio de Janeiro.
8. Desenvolver um Seminário Interno para nossa Equipe Multidisciplinar, a
fim de aprofundar conhecimentos teórico/práticos mútuos e desenvolver
análise crítica sobre nossos produtos em todas as linguagens de mídia,
o que foi feito durante 2007 e 2008 com muito êxito.
Os resultados destes múltiplos esforços foram reconhecidos pela maioria
dos Professores e um grande número de Estudantes Municipais do Rio de
Janeiro e pela crítica de instituições e júris especializados no Brasil e no
exterior, como os da UNESCO, UNICEF, Prêmio do Japão, Anima Mundi, Prix
Jeunesse Ibero/Americano, entre outros, que foram outorgados a vários
produtos e ações que desenvolvemos.
Para registrar isso tudo produzimos em 2008 o livro “Nós da Escola criando
Mídia e Educação”, que é uma publicação da MULTIRIO/ RIOMÍDIA, Secretaria
Municipal de Educação e Prefeitura do Rio de Janeiro, ISBN 978 85 60354 047,
contendo encartado um DVD com relatos preciosos de Professores e
Estudantes da SME e de nossas Equipes da MULTIRIO / RIOMÍDIA, além de
clips sobre os produtos.
Houve resistência, qual foi a verba?
Resistência sempre há, seja por parte de alguns vereadores que, no
entanto, votaram a favor da criação, por unanimidade, com exceção do
Vereador Wilson Leite Passos, que alegava que o Prefeito Cesar Maia, o então
1º. Presidente da MULTIRIO, Walter Clark e eu, então Secretária de Educação,
iríamos privatizar a Empresa e vendê-la para a Globo; e por parte da imprensa
que desconfiava das intenções, mas depois se rendeu a seu bom trabalho .
Uma minoria de professores criticou no início, mas com o passar do
tempo, tornou-a e a seus produtos “objeto de desejo“ da Rede Municipal e
apoio para suas práticas pedagógicas.
O orçamento da MultiRio representa um pequeno fragmento, cerca de
1,5 % dos 25% do orçamento municipal que , constitucionalmente os Prefeitos
são obrigados a gastar com Educação.
Quando chegamos em 2001, o Prefeito da época gastava com
Educação abaixo do que devia e o orçamento encontrado naquele ano era de
R$ 11.000.000,00 (onze milhões de reais) , que conseguimos aumentar para
R$ 24 milhões a partir de 2002 e até 2008. Em 2004 tivemos um reforço de
mais R$ 2 milhões para realizarmos a 4ª. Cúpula Mundial de Mídia para
Crianças e Adolescentes, em parceria com a World Summit on Media for
Children Foundation/ WSMCF e a ANDI , Agência Nacional dos Direitos da
Infância em Brasília.
A Cúpula Mundial, realizada em Abril de 2004, projetou a MULTIRIO em
todo o mundo, pois tivemos representantes de 70 países e 150 adolescentes
dos cinco continentes, que durante cinco dias participaram de múltiplas
atividades, sob o tema “Mídia de Todos, Mídia para Todos”.
As avaliações feitas pelo Board Internacional da WSMCF foram de que esta foi
a melhor de todas as Cúpulas Mundiais já realizadas, por seu conteúdo,
qualidade dos participantes e keynote speakers, organização e resultados
compilados nas Cartas do Rio de Janeiro.
Estas cartas contiveram as conclusões do evento e foram encaminhadas
às autoridades nacionais e internacionais, para que se comprometessem com
os direitos de crianças, adolescentes, jovens e seus educadores a mídia de
qualidade.
Em que termos podemos aplicar as teorias de Vygotsky e Piaget para
mídia / educação?
Esta é uma pergunta muito ampla e até certo ponto, antagônica, porque
as teorias da psicologia genética de Piaget e da corrente histórico/social de
Vygotsky e seus companheiros Luria, Leontiev e em outra dimensão Bakhtin,
têm origens epistemológicas e até políticas distintas. Analisá-las levaria muito
tempo e espaço.
Mas posso dizer que Vygotsky e, em outras perspectivas, Walter
Benjamin, contribuem muito por suas reflexões teóricas sobre educação e
cultura, como fruto das relações entre pensamento e linguagem e o lugar da
arte e da cultura na constituição de conhecimentos e valores presentes, diria
eu, nas linguagens audiovisuais, digitais e impressas. Esta sua pergunta
merece alguns bons cursos....
Parece-me que dentre as mídias–educação você tem uma boa queda para
o audiovisual, por quê?
Aqui, novamente, há muito que dizer, mas tentarei resumir em dois
pontos: A. Mídia/Educação é um campo novo de aplicação das linguagens
audiovisuais, digitais e impressas às práticas pedagógicas nas escolas. A
linguagem audiovisual é talvez a mais rica e promissora, porque contem e pode
ser contida tanto pelas linguagens impressas, quanto pelas digitais. Ou seja, as
narrativas impressas sempre serão uma das matérias/primas das linguagens
audiovisuais, fazendo-as universais, atraentes e interessantes.
Os recursos digitais jamais prescindirão de narrativas audiovisuais,
mesmo que experiências táteis, olfativas e gustativas sejam possíveis.
O que quero clarificar é que ao apelar para olhos e ouvidos
trabalharemos com a imaginação, a criatividade, o raciocínio, a lógica, a
memória, o prazer e a curiosidade, entre outras possibilidades humanas.
É evidente que isto é essencial para o campo da educação que se
valendo das várias linguagens de mídia, em distintos suportes, transforma
corações e mentes de crianças, adolescentes, jovens e adultos, constituindo
conhecimentos e valores importantes e indispensáveis à vida cidadã, quando
bem aplicados.
Como vê o futuro da Escola?
Como um lugar bastante diferente do que temos agora ainda em nosso
País. Vejo que ela dependerá de menos Professores, porém muito mais
qualificados do que atualmente. Penso que as Teorias de Jogos terão grande
importância para as práticas pedagógicas e que as mídias e suas
convergências facilitarão a constituição de conhecimentos e valores, sempre
intermediados por professores competentes e comprometidos.
Espero que haja maior rigor do Ministério Público e dos conselhos de
educação, câmaras municipais e assembléias Legislativas para evitar o
abandono irresponsável de políticas públicas de educação e mídia, como as
que desenvolvemos e que atualmente estão paralisadas ou descartadas por
mesquinhas e medíocres razões político/partidárias ou de ambições menores.
Oxalá e vejamos este dia chegar em breve.
7.2 - ENTREVISTA DO COORDENADOR PEDAGÓGICO DO SITE
Responsável pelas respostas: Prof. Dr. João Luís de Almeida Machado,
Consultor pedagógico e redator do Curta na Escola.
Quais as séries que podem fazer uso destes conteúdos?
O “Curta na Escola” tem acervo amplo que possibilita o uso de curtasmetragens por estudantes de todas as faixas etárias, da educação infantil a
universidade, sendo possível e estimulado o seu uso também entre os
profissionais de educação, em seus momentos de formação e Hora de
Trabalho Pedagógico.
Como foi despertado o interesse de fazer um site exclusivo com
ferramentas e conteúdos audiovisuais para educação? Como foi recebida
a idéia pelo patrocinador?
O Curta na Escola surgiu a partir do Porta Curtas Petrobras, numa
iniciativa com finalidades educacionais pensada por seus realizadores como
sendo viável e necessária diante do rico acervo de informações contidas nestes
filmes e em sua possibilidade de utilização, por conta de suas características
principais (produções brasileiras, tempo de exposição curto e adequado a uma
hora-aula, possibilidade de disponibilizar pela web ou DVDs...) e também como
uma forma de promover e estimular ainda mais a ação de brasileiros nesta
seara cultural. Tem sido, desde então, um grande sucesso, estimulado pelo site
e por suas iniciativas, que a todo o momento tentam (e conseguem) atrair mais
e mais professores e estudantes a visualizar seus filmes. O principal
patrocinador do projeto é a Petrobras que é a maior financiadora de ações
culturais e educacionais do país e que, tendo se tornado parceira do Porta
Curtas, se interessou pela iniciativa do Curta na Escola pela possibilidade de
tornar o caminho entre a escola e a produção cinematográfica ainda mais
possível, rápido e curto.
E a recepção por parte dos coordenadores, proprietários de escolas e da
rede pública de ensino? E com o MEC/Inep?
Tem sido a melhor possível. O site tem uma grande quantidade de
acessos diários, está se integrando às redes sociais (Facebook e Twitter) para
tornar a interatividade uma de suas marcas. Aumenta mensalmente a
quantidade de filmes disponibilizados, oferece a assistência de assessoria
pedagógica qualificada e comprometida com o uso de filmes em sala de aula e
estimula os professores a usarem promovendo ações de divulgação e
concursos em que premia os melhores usos destacados através de relatos
enviados ao site.
E quanto aos professores como foi e receptividade?Foi necessário algum
treinamento para os usuários- professores poderem lidar com novas
tecnologias?
A rapidez com que as novas tecnologias de informação e comunicação
estão adentrando a sociedade e a escola facilitou a incorporação e utilização
dos filmes do Curta na Escola em sala de aula. A experiência prévia dos
usuários, derivada do contato com o Porta Curtas e, depois com o YouTube e
outras ferramentas similares, facilita a compreensão e o uso dos filmes em aula
em laboratórios de informática ou projetados em telas ou paredes por
datashows acoplados a computadores e caixas de som (ou aparelhos de DVD,
no caso do uso dos filmes da coleção Curta na Escola). A metragem dos filmes
é igualmente um grande atrativo, além dos pareceres oferecidos no site e dos
relatos de outros professores, de todo o país, que os motivam muito a também
tentar criar suas práticas em aulas.
Houve alguma resistência por conta da demanda financeira para comprar
equipamentos e conteúdos audiovisuais?
As escolas públicas (e as privadas certamente) estão equipadas. Os
governos, federal, estaduais e municipais, têm provido as escolas com
computadores, aparelhos de TV e DVD, além de acesso a rede mundial de
computadores e isso está ajudando a mudar a realidade das escolas e da
educação no país. Projetos como o Curta na Escola vem reforçar esta nova
realidade oferecendo materiais de qualidade e assessoria de primeira.
Como você vê a pirataria escolar?
Ainda é uma realidade. Há camelôs com banquinhas vendendo filmes,
softwares, CDs e tantos outros produtos que são resultado de anos de
pesquisa, investimento, trabalho e suor de artistas, produtores e empresas
como se isso não representasse prejuízo algum para a sociedade e sabemos o
quanto isso pesa para que novas iniciativas surjam e talentos floresçam, uma
grande pena.
Você acha que haveria menos aceitação caso estes conteúdos não
fossem gratuitos?
Certamente que sim. Se houvesse cobrança pelo acesso ao acervo
diminuiria consideravelmente a procura. A cultura da internet tem sido
construída desde o seu surgimento associada a idéia de que os produtos tem
que ser oferecidos gratuitamente. É claro que há custos e a ação dos sites tem
que ser feita no sentido de associar-se a parceiros ou então fazer publicidade
de anunciantes para se manter.
Qual o critério para aquisição do acervo de filmes?
O principal critério é a qualidade. Além dele a possibilidade pedagógica
de utilização em sala de aula, associada a conteúdos escolares e a
necessidade de diferentes anos escolares e faixas etárias.
Como é feito o feedback da utilização da ferramenta por parte dos
usuários professores? Alunos? Autoridades? Patrocinadores?
O feedback tem sido feito através de e-mails, redes sociais, comentários
no site e também pelo envio de relatos de uso.
Pode-se comprovar a eficácia do uso do audiovisual para educação? E
para reforço de aprendizagem?
Advogo, pessoalmente, o uso dos filmes em sala de aula desde que
comecei a lecionar e isso resultou em livro, dissertação de mestrado, site
pessoal na internet, artigos, entrevistas e a criação de coluna especializada em
portal educacional (a mais acessada entre todas as oferecidas pelo portal) e
agora por minha participação no Curta na Escola. A eficácia pode ser
comprovada pela intensa procura e integração cada vez maior destas
ferramentas ao cotidiano escolar, depoimentos de alunos e professores e, em
nosso caso, pelo crescimento significativo dos acessos ao Curta na Escola.
Você acha possível hoje educar sem fazer uso destas novas tecnologias
de informação e ferramentas culturais?
Possível sempre é, mas ficaria muito mais difícil. Os estudantes do
século XXI e toda a sociedade estão integrando-se rapidamente ao cotidiano
tecnológico e o visual é extremamente marcante nesta nova realidade.
Não pensa que já existem em demasia estes conteúdos nos canais
educativos e diversões culturais?
Até existem, mas carecem da orientação especializada e trabalho
exaustivo por parte da equipe do Curta na Escola para oferecer materiais que
sejam destinados ao uso em sala de aula, com informações, dados, estratégias
e idéias focadas na realidade de nossas escolas.
Seria então papel da escola ou professor estimular o consumo destes
conteúdos?
Esperamos que os professores entendam o poder destes recursos e os
agreguem a sua prática, tornando-se parceiros desta iniciativa que pode serlhes muito útil.
Há alguma ênfase de critérios nos conteúdos escolhidos como
mensagens morais, temas transversais?
Contemplamos conteúdos, temas transversais e procuramos seguir
aquilo que o MEC/Inep espera e advoga para as diferentes faixas etárias.
Procuramos também valorizar a cultura e a identidade nacional sempre.
O uso destes conteúdos não prejudicaria o cumprimento das grades
curriculares?
Não devem ser utilizados na contramão do que a escola ensina e sim
como elementos que complementam, enriquecem, estimulam e reforçam as
grades curriculares e os temas transversais preconizados pelo MEC.
Ainda há lugar para o modelo professor- aluno-quadro- caderno?
Uma iniciativa não invalida ou anula a outra. A aula expositiva continuará
existindo e é necessária. Agregar novas tecnologias e recursos e, ao mesmo
tempo, estimular a leitura, por exemplo, é o que se espera nestes novos
tempos para a educação.
Como você vê o futuro da escola? E do professor?
A educação no país tem que realmente se tornar prioridade, caso
contrário, corremos o sério risco de sofrermos o temido apagão de mão de
obra. Há políticas públicas indicando que a médio e longo prazo teremos esta
valorização de fato. Isso significa aparelhar as escolas, oferecer educação de
qualidade e valorizar o professor, dando-lhe melhores condições de trabalho,
salários e dignidade.
7.3 - ENTREVISTA DOS DONOS OU COORDENADORES DE ESCOLA
Centro Educacional Espaço Integrado. Rua Prof. Ferreira da Rosa, 150 - Barra
da Tijuca. Site: www.cei.g12.br. Luciana Paschoal Soares, Diretora
Pedagógica.
Qual a faixa estaria dos alunos desta escola? Há inclusão?
Atendemos a alunos a partir de 2 anos de idade até o final do Ensino
Médio (por volta dos 18 anos). Há alunos de inclusão.
Como foi despertado o desejo de incluir ferramentas e conteúdos
audiovisuais nas aulas?
Entendemos que esta área é fundamental no mundo contemporâneo,
não só como acesso aos conhecimentos como instrumento para que os alunos
expressem aquilo que aprenderam. Assim, é comum nesta escola que após um
Estudo de Campo os alunos produzam um documentário ou um telejornal
sobre o tema. Uma escola realmente interessada em formar alunos
sintonizados com seu tempo precisa necessariamente incluir esta disciplina no
seu currículo.
E a recepção por parte dos professores, partiu deles também a demanda?
Houve alguma resistência?
Na verdade, a inclusão desta disciplina (Tecnologia da Comunicação e
da Informação - TCI), a partir do 1º ano, existia na escola desde a sua
implantação. Assim sendo, quando os professores iniciaram aqui isto já fazia
parte do nosso Projeto Pedagógico da escola.
Foi necessário algum treinamento para os professores poderem lidar com
novas tecnologias?
Sim, tínhamos um assessor para esta área que deu cursos para os
professores. Aos poucos, além dos professores de turma fomos tendo
professores especializados com uma experiência maior na área.
Por parte dos alunos, houve algum problema? E para crianças especiais,
conseguiram acompanhar?
De um modo geral não houve problema, ao contrário, os alunos
costumam gostar muito desta área. Para os alunos com necessidades
especiais, normalmente temos um currículo adaptado e dependendo do caso,
eles vão participar das atividades propostas da forma que puderem ou tiverem
condições.
Houve uma demanda financeira muito alta para comprar equipamentos e
conteúdos audiovisuais?
Sim, é claro que os equipamentos são caros e necessitam de
investimentos constantes.
Sua escola faz uso de algum conteúdo educativo oficial do Estado como
TV Escola, Programadora Brasil, e particular como Curta na Escola?
Não de forma regular, porém eventualmente um professor pode usar um
ou outro programa como recurso pedagógico para a sua aula.
Pode-se comprovar a eficácia do uso do audiovisual para educação? E
para reforço de aprendizagem?
Vivemos num mundo da imagem e é lógico que o audiovisual é um
recurso muito eficaz para promover a aproximação do aluno com o
conhecimento. Aqui todas as salas de aula a partir do 1º ano do Ensino
Fundamental têm televisores e aparelhos de DVD o que facilita muito a
utilização deles como recurso pedagógico.
Você acha possível hoje educar sem fazer uso destas novas tecnologias
de informação e ferramentas culturais?
Atualmente acho quase impossível.
Não pensa que já existem em demasia nos canais educativos e diversões
culturais?
Não em um país com as carências educacionais como o nosso, quanto
maior o número de oportunidades de acesso aos bens culturais, melhor!
Seria então papel da escola estimular o consumo destes conteúdos?
Claro, muitas vezes os professores daqui “encomendam” que os alunos
assistam determinado programa para que seja comentado e/ou trabalhado em
sala depois.
Como podem estas ferramentas estimular a leitura? O texto?
Acho que pode estimular na medida em que pode se trabalhar com a
intertextualidade, ou seja, como as diferentes linguagens expressam o mundo.
Por exemplo, é comum a professora de literatura trazer vídeos/filmes de livros
que estão sendo lidos pelos alunos.
O uso destes conteúdos não prejudica as grades curriculares?
É claro que não! Ao contrário, eles estão dentro do currículo.
Ainda há lugar para o modelo professor- aluno- quadro- caderno?
Há, mas cada vez mais em menor freqüência. Uma bela aula expositiva
ainda tem o seu lugar, mas sempre com a preocupação de incluir os alunos na
discussão do tema.
Como você vê o futuro da escola?
A escola no geral como instituição tem que se reformular e ficar mais
afinada ao seu tempo.
7.4 – ENTREVISTA DO DIRETOR DA PROGRAMAÇÃO DA TV ESCOLA
Qual seu nome, cargo e sua formação?
Eduardo Nunes, diretor de programas, formado pelo Curso de Cinema
da UFF. Trabalho na TV Escola, na mesma função, desde 1999.
Como surgiu a idéia e efetuação do TV ESCOLA? Em que governo, ano,
ministério? Dotação orçamentária? Está vinculado ao MEC certo?
Não saberia dizer como surgiu a idéia da TV Escola, mas – acredito –
que teve como modelo a proposta de educação a distância que já existia em
outros países. A TV Escola completa em 2011, 15 anos de existência. Surgiu
em 1996, durante o governo Fernando Henrique Cardoso. Não saberia dizer o
valor dos gastos anuais da TV Escola, mas a TV sempre foi vinculada e esteve
no orçamento do MEC.
Qual era o objetivo?
O objetivo da TV Escola é o de fornecer material audiovisual
(documentários, ficção e jornalismo) que funcionem como complemento ao
conteúdo dado em sala de aula, no Ensino Infantil, Fundamental e Médio. A
aplicação deste material audiovisual é sugerida pela revista e pelo site; e
também por programas e cabeças de apresentação que antecedem os
documentários e dão dicas de como o material pode ser usado em sala de
aula.
Como funciona?
As escolas públicas (federais, estaduais e municipais) recebem um kit da
TV Escola, com antena parabólica, TV e videocassete (agora DVD). No
principio a idéia era apenas a de fornecer – através da transmissão por satélite
– o audiovisual para que fosse gravado nas escolas e formasse uma videoteca
que pudesse ser usada pelos professores independente da programação do
dia. Mas, através de pesquisas, foi descoberto que a TV Escola era mais vista
como uma “TV normal”, ou seja, sua programação era acompanhada não só
nas escolas, mas também dentro de casa. Com isso, a programação foi
assumindo um caráter de faixas por horários, estréias, reprises, chamadas, etc.
Como uma programação de TV a cabo educativa.
Como é o critério de programação?
A programação é comprada em feiras internacionais e possui
documentários recentes exibidos pelas mais importantes TV’s educativas do
mundo. Também são produzidos audiovisuais de conteúdo brasileiro através
de editais. Boa parte da produção da TV Escola é terceirizada através dos
editais. A programação sempre visa cobrir as diferentes áreas de ensino nas
faixas de ensino infantil, fundamental e médio.
Como se verifica a utilização deste recurso?
O MEC realiza pesquisas anuais para saber a resposta de professores,
gestores e alunos. E a programação pode mudar conforme a demanda.
Como conseguir aplicar os recursos do audiovisual ao conteúdo
obrigatório?
Através de programas como “Salto para o futuro”, as dicas de aplicação
dos recursos audiovisuais ao conteúdo obrigatório são discutidas entre
professores e gestores de todo o país. O programa é diário e possui a
participação (por telefone ou internet) de escolas de todo o país.
Há algum indicador de melhoria na aprendizagem?
As pesquisas realizadas pelo MEC demonstram que as escolas que
usam a TV Escola, percebem ali, uma importante ferramenta de
complementação aos estudos e desperta o interesse dos alunos.
Como você vê o futuro da escola? E da mídia? Ou mídia-educação?
O futuro da escola, da TV Escola e da mídia educação está totalmente
vinculado a internet, em pouco tempo não poderemos falar de TV sem falar de
internet, será apenas uma única coisa. E acho que poderá ser usada como
uma ferramenta especial na educação.
7.5 - RELATO DE PROFESSOR ENVIADO AO SITE: CURTA NA ESCOLA
Título deste relato: Projeto Curta na Escola
Filme utilizado: A Velha a Fiar
Data da experiência: 01/10/2008
Autor do relato: ELIS FERNANDA DA SILVA
Ponto de contato responsável:
Instituição: APAE DE IGARACU DO TIETE
Município/Estado: IGARACU DO TIETE/SP
Rede: Particular
Localização: Urbana
Nível de ensino da turma: Educação de Jovens e Adultos
Faixa etária da turma: de 14 a 18 anos
Disciplina / Temas transversais: Artes, Cidadania, Ciências Sociais, Educação
Ambiental, Geografia, História, Língua Portuguesa, Matemática, Meio
ambiente, Música, Teatro
Como exibiu aos alunos pela Internet
Nº de alunos que assistiram a esta sessão: 30
Objetivos do uso do filme:
Utilizar de recursos audiovisuais como ferramenta para facilitar a
aprendizagem; integrar os alunos e professores no processo de
multidisciplinaridade; adquirir conhecimentos através de depoimentos,
pesquisas, rodas de conversas e filmes de curta metragem; diferenciar filmes
de curta metragem e filmes comum; proporcionar ambientes diferenciado para
o desenvolvimento e elaboração das práticas educativas; colaborar na
construção de conceitos de ética e cidadania; analisar e estudar o ambiente em
que se vive; conceituar a geração da vida animal; classificar os animais
mamíferos; despertar o interesse pela Arte e expressão corporal; desenvolver a
criatividade e coordenação motora; conscientizar sobre a importância da
qualidade de vida e da reciclagem; promover a inclusão social.
Sequência de atividades envolvendo o filme:
No desenvolvimento do projeto, fizemos uso da internet para a
apresentação dos filmes, transformamos o pátio da escola em um cinema onde
projetamos os filmes na parede e teve até pipoca. Trabalhamos os conceitos
de filme e curta metragem. Aproveitando o período eleitoral,apresentamos 4
curtas e os alunos puderam conhecer, votar e depositar seu voto na urna. O
mais votado foi A Velha a fiar. Fizemos um mural constando os nomes dos
personagens. Os alunos memorizaram muito rápido a letra da música e por
essa razão trabalhamos esse texto, circulando as palavras que os alunos
compreendiam. Fizemos o uso do alfabeto móvel para montar os nomes dos
animais. Dentre os personagens do filme, enfocamos o gato pois, os alunos
estão aprendendo e trabalhando com a letra G. Do personagem gato
trabalhamos seu cilclo de vida e habitat. Aproveitamos também para classificar
os animais mamíferos, construindo um painel de recortes e colagens dos
mesmos. Enfatizamos também a área rural e urbana, onde os alunos
construíram uma maquete representando cada área, ambas com materiais
recicláveis. Focamos também a questão familiar justamente pela personagem
Velha, fazendo um levantamento e montando um gráfico da árvore
genealógica. Trabalhamos a questão ambiental onde fizemos um passeio até a
praça, discutimos a importância da reciclagem e fizemos uma pequena coleta
de jornais e garrafas pets para a construção de fantoches. Contamos com a
participação da professora de artes que nos auxiliou no processo de
construção e apresentação do teatro dos fantoches. Como tivemos a
participação de quase 60 alunos, os dividimos em grupos onde um ficou
responsável pela encenação e o outro pelo acompanhamento musical, fazendo
uso da voz e utilizando Coquinhos como instrumento musical. Foi feita a
apresentação para todos os alunos da escola e, inclusive, tivemos convites
para estar apresentando em outras escolas!
Comente os resultados da experiência, inclusive mencionando aspectos lúdicos
de reações dos alunos:
Por ser uma escola de educação especial estendemos uma aula para o
desenvolvimento de um projeto, pois haveria mais tempo para o
desenvolvimento das atividades que por serem alunos especiais, e não
desenvolverem mais de 2 ou 3 tipos de atividades no dia. Durante 30 dias os
alunos participaram, elaboraram, desenvolveram e apresentaram tudo aquilo
que eles aprenderam nesse período. Muitos dos alunos "conheceram um
notebook", pois ele fez parte das nossas aulas nesse período. A inovação foi
um sucesso, alcançamos todos os nossos objetivos e já temos em nossas
metas para o ano de 2009 a realização do projeto Curta na Escola já no início
do ano. Esse tipo de projeto, além de incentivar o aluno, proporciona métodos
e técnicas diferenciadas que auxiliam no processo ensino-aprendizagem, além
de colaborar para a inclusão social. A participação dos alunos foi 100%,
coletaram materiais recicláveis para a construção dos seus próprios fantoches,
confeccionaram com todo o cuidado todos os personagens do filme, e como o
filme estava preto e branco, fizeram uso da imaginação dando cores e formas
aos personagens confeccionados. Foi um desfile de roupas e penteados até
chegarem ao definitivo! Como a turma era grande, nós os dividimos e mesmo
assim, trabalho não faltou. Quem não confeccionou os fantoches, fez parte do
coral, memorizando e cantando a música da velha, enquanto os outros alunos
e seus fantoches se apresentavam. Sobrou serviço até para os mais tímidos
que ficaram com a parte instrumental, construindo um instrumento diferenciado
feito com coquinhos de árvore seca. Com tudo pronto, fizemos a apresentação
para o restante dos alunos e para a equipe da escola, e com certeza, foi um
sucesso. Todos adoraram e pediram bis. No final da apresentação fomos
convidados a apresentar nosso projeto em outras escolas. É com satisfação
que pretendemos ir divulgar essas idéias, promovendo uma interação entre as
escolas e acabando com as barreiras do preconceito.
Imagem do Curta metragem: A VELHA A FIAR
(fonte: www.portaldoprofessor.mec.gov.br)
7.6 - Ranking de filmes no programa “Cinema para todos”.
8 - REFERÊNCIAS
FILMES
O PIANO. Direção de Jane Campion, 1993, Drama, França, son., color, 121’.
PRECIOSA. Direção de Lee Daniels, 2009, Drama, EUA, son., color, 110’.
NENHUM A MENOS. Direção de Zhang Yimou. 1999, Drama, China, son.,
color, 106’.
ENTRE OS MUROS DA ESCOLA. Direção de Laurent Cantet, 2007, Drama,
França, son., color, 128’.
TROPA DE ELITE. Direção de José Padilha. 2007, Drama, Brasil, son., color,
115’.
PRO DIA NASCER FELIZ. Direção de João Jardim.
Brasil, son., color, 88’.
2006. Documentário,
A VELHA A FIAR. Direção de Humberto Mauro. 1964. Documentário, Brasil,
preto e branco, 6’.
LIVROS
BERNARD, Sheila Curran. Documentário: técnicas para uma produção de alto
impacto. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008.
CHAVES, Eduardo O. C. Tecnologia e educação: o futuro da escola na
sociedade da informação. Mindware, São Paulo, Editora Campinas, SP 1998.
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DRUCKER, Peter. As Novas Realidades. São Paulo, Livraria Pioneira Editora,
1989.
FRESQUET, Adriana. Imagens do Desaprender, uma experiência de
aprender com o Cinema. Rio de Janeiro, UFRJ, CINEAD, LISE, 2007
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NIETZCHE, Friedrich. Escritos sobre Educação. Tradução, apresentação e
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RIVERA, Tania. Cinema Imagem e Psicanálise, Rio de Janeiro, Jorge Zahar
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GOMES, Paulo Emilio Sales. Cinema: trajetória no subdesenvolvimento.
São Paulo, Ed. Paz e Terra, 1996.
SALIBA, Maria Eneida Fachini . Cinema contra Cinema: o Cinema educativo
de Canuto Mendes (1922-1931), São Paulo, Annablume:FAPESP, 2003.
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Editor, 2006
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Matéria não assinada. Estudo Revela situação crítica do Ensino Médio, O
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Seção. RIBEIRO, Efrem. As lições da rua no lugar do dever de casa do
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Caderno de Informática. RÓNAI, Cora: Ensino, falam os Mestres, O GLOBO,
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Caderno de Economia. SCOFIELD, Jr., Gilberto. Nós vamos ficar cada vez
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Matéria. SOLER, Alessandro.: Atenção: crianças na telinha! Globinho,
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http://www.programadorabrasil.org.br/
www.oecd.org
http://multirio.rio.rj.gov.br/portal/
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Gisella Maria Soares Bezerra de Mello