Viva o povo grego, que rejeitou a austeridade
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Viva o povo grego, que rejeitou a austeridade
Date de mise en ligne : quarta-feira 4 de Fevereiro de 2015
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Viva o povo grego, que rejeitou a austeridade
O CADTM rejubila com o voto do povo grego e as primeiras decisões tomadas pelo governo
grego saído das urnas. Graças a um apoio popular de grande dimensão, o governo de
coligação dirigido pelo Syriza, empossado em 27/01/2015, tomou uma série de medidas muito
importantes para começar a melhorar as condições de vida da população grega mais afectada
desde 2010 pela política da Troika Troika A Troika é uma expressão de apodo popular que
designa a Comissão Europeia, o Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional. e das
autoridades gregas. O ministro Giorgos Katrougalos anunciou a readmissão de 3500 funcionários,
entre os quais 595 mulheres da limpeza do Ministério da Finanças, em luta desde 2013 contra o
despedimento. O ministro Panagiotis Lafazanis anunciou que o salário mínimo legal, que foi
drasticamente reduzido, passará brevemente de 580 Euros para 751 Euros.
O mesmo ministro anunciou a suspensão da privatização da empresa grega de electricidade DEI e o fornecimento
gratuito de electricidade a 300.000 famílias pobres. A ministra Nadia Valavani anunciou a dissolução do TAIPED,
organismo que concentra e privatiza o património do Estado. O ministro Thodoris Dritsas decretou a suspensão da
privatização dos portos do Pireu (Atenas) e de Tessalónica. O porto do Pireu, que tinha sido prometido a uma
sociedade chinesa, é o mais importante do país, cuja economia está muito ligada ao mar.
Outra decisão muito esperada nos meios de esquerda e entre a população de origem estrangeira foi anunciada pelo
governo: a concessão da nacionalidade grega a todos os filhos de imigrantes nascidos ou criados na Grécia.
Outras decisões positivas devem ser anunciadas e aplicadas brevemente, em cumprimento do programa
apresentado pelo Syriza em Tessalónica, em Outubro de 2014 (ver no sítio do CADTM [em francês]:
http://cadtm.org/Resume-des-proposi... ).
O CADTM rejubila em particular que o Governo grego tenha recusado dialogar com a Troika, que ele considera, com
toda a razão, ilegítima. Coerente com esta decisão, rejeitou os novos créditos que a Troika quer conceder-lhe com o
fim de agravar o programa de austeridade e privatizações. O CADTM apoia o pedido do Governo grego para que se
organize uma conferência europeia para reduzir radicalmente o peso da dívida.
O CADTM sublinha que os credores da Grécia previam reclamar, em 2015, um reembolso monumental de cerca de
20 mil milhões de euros. Para o CADTM, os reembolsos reclamados à Grécia são ilegítimos, e em grande parte
ilegais, odiosos ou insustentáveis. O CADTM apoia o direito da Grécia a desobedecer aos credores, nomeadamente
suspendendo os reembolsos.
O CADTM não tem a mínima dúvida acerca das verdadeiras intenções dos dirigentes europeus e dos antigos
governantes gregos, que fizeram da Grécia o laboratório das piores políticas neoliberais. É de esperar uma escalada
da sua ofensiva, pois seria para eles uma desgraça que o Syriza triunfasse e gerasse seguidores na Europa! De
facto, os dirigentes europeus e os governos em funções no resto da Europa estão assustados com o rápido
aumento do apoio popular ao Podemos em Espanha. Irão utilizar todos os meios ao seu dispor, pois estão
conscientes de que está em jogo o sucesso ou o fracasso da guerra social que levam a cabo contra a esmagadora
maioria das populações de toda a Europa! Sem dúvida, tentarão asfixiar o governo de esquerda saído das urnas,
porque o seu eventual sucesso seria interpretado como um formidável encorajamento à resistência dos povos da
Europa.
O CADTM, que esteve sempre ao lado da população grega em luta contra as políticas de austeridade e os graves
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atentados aos direitos sociais e democráticos, continuará a fazer tudo para alertar a esquerda e os movimentos
sociais na Europa e fora dela, a fim de os mobilizar num vasto movimento de solidariedade com a população grega,
que resiste e luta para se libertar do fardo de uma dívida que não só não é sua, mas também é na sua maior parte
ilegítima, ilegal ou odiosa. O CADTM propõe ao Governo grego a constituição de uma comissão (com participação
cidadã) de auditoria à dívida grega, encarregada de identificar a parte ilegal ou ilegítima ou odiosa dessa dívida, que
não deve ser reembolsada. Esta iniciativa reforçaria a posição da Grécia face aos credores e criaria seguidores;
traria à ordem do dia a anulação da dívida ilegítima ou ilegal de todos os países da periferia europeia ... O CADTM
está convicto de que a mobilização do povo grego e dos outros povos submetidos aos ditames dos credores é
condição sine qua non para pôr em prática uma política emancipadora.
Ser solidário com a população grega, assim como com a esquerda grega, que resistem e lutam para libertar o país e
os seus cidadãos do império dos credores e da ditadura dos mercados, é hoje um dever internacional elementar não
só dos militantes, mas também de todos os cidadãos europeus que recusam esta Europa da austeridade, geradora
de miséria, racismo e barbárie.
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